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Química Inorgânica Experimental

Prof. Dr. Francisco Araújo

Andreia Essi

Gabrielle Oliveira

Giuliana Ferrari

Maria Carolina

Relatório 4

Síntese e Caracterização do V2O5 n H2O

SERTÃOZINHO

2019
1. RESUMO

O presente experimento teve como intuito praticar a síntese do óxido de vanádio por meio
do uso da coluna de troca iônica, compreender a variação do Nox dos metais de transição
em diferentes concentrações e também estudar as propriedades dos óxidos dos metais de
transição. Com a coluna preparada, lavou-se esta com solução ácida 2M (HCl) até ela obter
uma coloração amarelo claro,depois lavou-se com água até o liquido sair da coluna,
obtendo-se um pH = 4, acompanhou-se o pH do líquido até este chegar ao pH inferior a 3
trocando-se o frasco da coleta, pois este será usado para a produção de pentóxido de
vanádio. FTIR, TGA e Voltametria clinica para discutir a caracterização do produto
formado.
2. INTRODUÇÃO
Vanádio é um metal de transição pertencente ao grupo 5 da tabela periódica e foi
descoberto em 1801 por André Manuel Rio, porém foi reconhecido como elemento apenas
em 1831, quando foi nomeado vanádio devido à grande gama de cores que seus compostos
possuíam, fazendo referência à deusa mitológica escandinava Vandis (BOLSONI, 2011).
A mudança na coloração dos compostos é devido ao vanádio possuir vários estados
de oxidação, assim, na presença de oxigênio é possível a formação de V 2O3, VO2, V6O13,
V4O9, V3O7 e V2O5, sendo o último o mais estável.
O pentóxido de vanádio (V2O5) é o mais estável dos óxidos de vanádio e
tem sido estudado principalmente devido a seu desempenho eletroquímico. Utilizado
principalmente na forma de gel, este material apresenta condução iônica e eletrônica, que
o torna um potencial material para baterias secundarias de íons de lítio de alta densidade
de energia, devido a sua alta performance na inserção de íons lítio. Outra
característica deste material é que as reações de redução e oxidação eletroquímicas podem
levar a coloração/descoloração (eletrocromismo) do material devido à intercalação de
pequenos íons em sitos do material. Trabalhos recentes na literatura demonstraram
que, o pentóxido de vanádio também se cristaliza em estruturas semelhantes à
nanotubos de carbono, porém os nanotubos de vanádio são acessíveis a um custo
reduzido e podem ser preparados em condições químicas brandas. Outras nanoestruturas
derivadas do óxido de vanádio também estão sendo publicadas, como exemplo,
nanofitas de pentóxido de vanádio estão sendo usadas para inserção eficiente de lítio.
(JÚNIOR, 2012).

2.1 SÍNTESE
Grande parte da química inorgânica sintética, inclusive a química de coordenação
dos metais e a química organometálica, envolve a conversão de moléculas, por exemplo,
pela substituição de um ligante por outro. Estas reações geralmente envolvem rearranjos
moleculares ou a substituição de um grupo ou ligante por outro. Geralmente, processos
deste tipo tem energias de ativação relativamente pequenas e podem ser feitos em baixa
temperaturas, tipicamente entre 0 e 150˚C, e em solventes que auxiliam a difusão das
espécies reagentes. (ATKINS, 2008).
De acordo com ATKINS, a formação de matérias sólidos envolve reações um tanto
diferentes, uma vez que é necessário superar as altas energias de rede das suas estruturas
estendidas, e a difusão de íons no estado sólido normalmente é lenta, exceto em
temperaturas muito elevadas.

2.2 ESTRUTURA
Podem-se obter matérias por dois métodos principais: o primeiro é a quebra de uma
ou mais estruturas contínuas ou das chamadas redes estendidas, seguida pela difusão lenta
de íons e a cristalização de uma nova estrutura, e a segunda é a conexão de unidades
estruturais poliédricas em solução e a deposição do sólido recém-formado. (ATKINS,
2008). De acordo com AVANSI, 2010, o V2O2 n H2O é composta por partículas em forma de fitas
que possuem moléculas de agua H2O intercaladas entre as camadas de V 2O5. A presença de
moléculas de água (n) intercalada faz com que ocorra um aumento das distancias entre as camadas
V2O5, aumentando assim a capacidade de intercalação de outros elementos nessa estrutura.

2.3 PROPRIEDADES
Estabilidade térmica: materiais mesoporosos cristalinos exibem uma área grande e
o tamanho do poro bem definido, bem como uma alta estabilidade térmica e composição
estrutural flexível.
Electrocrômico : Ao ser aplicada uma diferença de potencial entre os eléctrodos o
material electrocrómico alterna entre um estado colorido ou descolorido conforme o sinal
da polarização aplicada.
Semicondutor: Os semicondutores são caracterizados por terem a banda de
condução (BC) vazia no zero absoluto, enquanto a banda de valência (BV) está preenchida
por elétrons. Entre estas bandas há um espaçamento chamado de banda proibida ou mais
comumente “band gap” (6). Se for fornecida energia igual ou maior do que a energia de
band gap os elétrons podem ser excitados da BV para a BC, deixando buracos na banda de
valência para o balanço eletrônico de cargas.

2.4 APLICAÇÕES
Estrutura lamelar: são sólidos com estrutura em folhas, quer dizer seus átomos
estão ligados fortemente em duas direções formando lâminas contínuas, e fracamente
ligados (forças de interações tipo Forças de van der Waals) na direção perpendicular a
estas lâminas. O xerogel possui una estrutura lamelar que possibilita a entrada de íons ou
moléculas no espaço interlamelar através da expansão perpendicular aos planos lamelares
da matriz hospedeira, com variações que podem alcançar 50 Å sem destruir o arranjo
lamelar.
Compostos de intercalação: A capacidade de intercalação do xerogel é explicada
pela sua natureza, isto é, assegurada pelas cargas negativas presentes nas ligações de
vanádio-oxigênio, distribuídas ao longo da estrutura. A intercalação é um processo no qual
as espécies convidadas são inseridas em espaços vazios, de tamanhos nanométricos, que
existem entre as camadas da matriz hospedeira.

3. MÉTODO DE SÍNTESE
A terminologia sol-gel é utilizada para descrever uma larga classe de processos de
síntese de materiais no qual uma fase sólida (denominada gel) é formada por meio da
gelificação de uma suspensão coloidal (denominada sol). A secagem deste gel pode então gerar
um gel seco e um subsequente tratamento de aquecimento/calcinação é utilizado para remover
resíduos de síntese, estabilizar o gel, densificar ou cristalizá-lo
A síntese via técnica de sol gel se deu a partir da dissolução de óxido de
vanádio (V2O5) em concentração de 0,1 M. A caracterização dos óxidos foi feita através das
técnicas de difração de raios (DRX), espectroscopia no infravermelho (FTIR) e
termogravimentria (TGA).

4. RESULTADOS
4.1 FTIR ( ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO)
Através da espectroscopia de infravermelho é possível atribuir os picos respectivos
de cada ligação. De acordo com o gráfico abaixo, pode-se observar que o primeiro pico em
1010 cm-1 representa a vibração da ligação V=O . O pico de 863 cm-1 corresponde aos
modos de vibração das ligações da estrutura O-V-O. O pico em torno de 500 cm-1
corresponde ao oxigênio triplamente coordenado d ligação V3-O.

FTIR
14
12
10
8
Intensidade

6
4
2
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
-2
Número de Onda - cm-1

Figura 1. Espectroscopia Infravermelho


4.2 TGA (TERMOGRAVIMENTRIA)
A estabilidade térmica e a quantidade de água presente na estrutura do material
foram analisadas através das curvas de Termogravimetria. A análise termogravimétrica
nos permite determinar a quantidade e o tipo de água presente, bem como analisar a
estabilidade térmica dos materiais e suas respectivas transições de fase. DSC/(mW/mg)
e DTG/(%/min)

Figura 2. Curva de TGA

De acordo com o gráfico, para 100% do composto, aproximadamente 14% foi de


água que se perdeu, sendo o restante de 85,87% de Vanádio. Através dos cálculos, obtém-
se: Massa V2O5 =
181,83g/mol:
Então:

85,83g de V2O5 ______________14,17g de H2O

181,80 g de V2O5 _____________ X

X = 30,01 g de H2O

30,01 g / 18 = 1,66 moléculas de H2O

Encontrou-se então a fórmula mínima, que para cada V 2O5 tem-se 1,66
moléculas de água, que se dá por V2O5.1,66 H2O.

4.3 DRX (DIFRAÇÃO DE RAIOS-X)


Com a finalidade de identificar as fases cristalinas presentes nas amostras assim
como a existência de uma possível orientação preferencial, foi utilizada a técnica de
difração de raios X (DRX). Esta técnica utiliza o espalhamento coerente da radiação X,
por estruturas organizadas (cristais), permitindo realizar estudos morfológico em
materiais, determinando sua estrutura cristalina e sua fração (percentual) cristalina.
(JÚNIOR, 2012). As condições para que ocorra interferência construtiva dos feixes
espalhados pelos planos do cristal é dada pela Lei de Bragg, conforme figura 3.

Figura 3. Condições para que ocorra interferência construtiva entre os feixes espalhados.

É possível calcular a distância interlamelar utilizando a equação da Lei de Bragg



dada por: d=
2 senθ

2 θ=7 ,62 θ=3 , 81

1 ,54
d= d= 11,58 Å
2 sen 3 ,81
Onde λ é o comprimento de onda, d é a distância entre dois planos, θ é o ângulo
entre o raio X incidente e o plano da rede e n é um numero inteiro (n = 1, 2, 3.), chamado
de ordem de reflexão.

DRX
2500

2000

1500

1000

500

0
5.04 8.96 12.88 16.8 20.7224.6428.5632.48 36.4 40.3244.2448.1652.08 56 59.9263.8467.76

-500

Figura 4. Difração de Raio-X

CONCLUSÃO

Concluiu-se que a metodologia utilizada é viável, particularmente devido a


facilidade e seu sucesso na produção do V2O5. E com esses e outros experimentos foi
possível notar que este composto vem sendo muito estudado por ter uma aplicabilidade em
tecnologias e por ter uma capacidade alta de armazenamento de energia, através das
baterias contendo lítio principalmente, e além do pentóxido ser abundante, ele oferece
vantagens, como o baixo custo e sintetização facilitada.

5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

AVANSI, W.J. Síntese de nano partículas de oxido de vanádio obtidas pela


decomposição de peroxido. São Carlos: 2010.
BOLSONI, A. T. Síntese, caracterização e estudos das propriedades cataliticas de
compostos formados por óxidos de tungstênio e pentóxido de vanádio. Ribeirão Preto.
2011.
JUNIOR, J.B.C. Efeito dos precursores na formação do gel de pentóxido de vanádio e
caracterização de materiais mistos com argilas esmectitas. 2012. 86f. Dissertação
(mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Química Aplicada, Universidade Estadual do
Centro-Oeste. Guarapuava, 2012
RUSSEL, J.B. Química Geral. 2ª ed. vols. 1 e 2. São Paulo: Makron Books, 1994
SHRIVER, D. ATKINS, P. Química inorgânica.4.ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.

https://docplayer.com.br/50189819-Efeito-dos-precursores-na-formacao-do-gel-de-
pentoxido-de-vanadio-e-caracterizacao-de-materiais-mistos-com-argilas-esmectitas.html

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