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COLÓIDES E SUAS

PROPRIEDADES
COLÓIDES

HISTÓRICO
Thomas Graham: 1805-1869, escocês de Glasgow.
• Lei da velocidade de difusão dos gases (1829)
• Difusão entre líquidos
• “pai dos colóides”

Francesco Selmi: químico toxicologista italiano


• Escreveu sobre o estudo sistemático dos colóides inorgânicos (1845-
1850).
• Escreveu a primeira enciclopédia de química em italiano, 1868 a 1881.
Carl Wilhelm Wolfgang Ostwald (1883-1943): químico alemão.
• Divulgou a química dos colóides sobre suas propriedades elétricas e
ópticas.
• Fundador da Sociedade dos Colóides em 1909.
Escreveu o livro: “ O mundo das dimensões desprezadas”.
COLÓIDES

DISPERSÃO COLOIDAL: suspensão de partículas finamente divididas em


um meio contínuo.
- Tamanho das partículas: entre 1 m e 1 nm.
Uma esfera com 1,091 nm pode conter cerca de 27 moléculas de água.
- A dimensão das partículas é responsável pela maioria das características
físico-químicas dos colóides.
-Um sistema coloidal compreende duas fases: uma contínua, que é o meio
dispersor e outra descontínua, a fase dispersa.

- As partículas coloidais podem ser moléculas únicas como as


macromoléculas, ou agregados de partículas menores.
- Nos sistemas coloidais, a fase dispersa é representada por partículas
muito pequenas, as quais não se sedimentam sob a ação da gravidade.
- As partículas da fase dispersa são separadas da fase dispersora por
centrifugação ou filtração com filtros especiais.
COLÓIDES
COLÓIDES

Solução Coloidal de amido na água


COLÓIDES
COLÓIDES
COLÓIDES

Uma das gemas mais famosas e mais valiosas, o rubi é um coríndon de


cor vermelha, cor esta devida à presença de cromio. Forma geralmente
pequenos cristais hexagonais de brilho vítreo e dureza muito alta (9,0).
Quando não tem qualidade para uso como gema, é empregado em
relógios e outros aparelhos de precisão, bem como na produção de raios
laser.

O maior rubi conhecido foi descoberto nos Estados Unidos. No estado


bruto tinha 694,2g. Lapidado, forneceu várias gemas, a maior delas com
750 ct. Sua qualidade, porém, não era boa.

Antigamente, era usado para combater epidemias, pesadelos e melancolia


e para de aumentar a inteligência e curar desgostos amorosos. Acreditava-
se também que combatia a obesidade.

Ele é produzido principalmente na Tailândia e Vietnã. Outros produtores


importantes são Quênia e Tanzânia. É raro no Brasil, existindo na Bahia e
em Santa Catarina.
COLÓIDES

Safira e uma variedade da forma monocristalina de óxido de alumínio,


(Al2O3), um mineral chamado coríndon. Pode ser encontrada na natureza
sob a forma de gemas ou produzida de forma sintética para uma infinidade
de aplicações.
COLÓIDES
COLÓIDES

- Os sistemas coloidais podem ser classificados do ponto de vista da


natureza da fase dispersora e da fase dispersa.

- A classificação dos sistemas coloidais pode ser feita quanto a dois


critérios principais: natureza das partículas do disperso e afinidade entre
o disperso e o dispersante.
Classificação quanto à natureza das partículas do disperso
• Disperso micelar: constituído por aglomerados de átomos, íons ou
moléculas. Ex: dispersão de moléculas de enxofre em água.

• Disperso molecular: constituído de macromoléculas, normalmente


polímeros. Ex: dispersão de amido em água.

• Disperso iônico: constituído de macroíons. Ex: dispersão de proteína


em água.
Uma outra classificação dos sistemas coloidais é baseada na forma e na
estrutura de macromoléculas e partículas coloidais.
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Classificação dos colóides quanto à afinidade do disperso


relativamente ao dispersante

 Colóides reversíveis: (também chamados liófilos ou liofílicos) são


aqueles cuja fase dispersa tem uma grande afinidade com a fase
dispersante e que, portanto, se dispersa espontaneamente.
Quando o dispersante for a água, a dispersão coloidal é denominada
hidrófila.
Ex: sabão em água.

 Colóides irreversíveis: (também chamados liófobos ou liofóbicos) são


aqueles onde não existe afinidade entre as fases dispersa e
dispersante. A sua estabilidade pode ser aumentada com a adição de
um colóide reversível.
Sistemas liofóbicos são muito sensíveis à presença de eletrólitos, os
quais provocam a coagulação do sistema.
Ex: Al(OH)3 em água, AgCl em água.
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PROPRIEDADES DOS COLÓIDES

Massa molecular
- A maioria dos colóides obtidos pelo homem é polidispersa. Os sistemas
com partículas de um mesmo tamanho são monodispersos.

- Para substâncias simples estrutura química definida, como etanol, a


massa molecular apresenta um valor unívoco, que é determinado com
relativa facilidade.

- Para macromoléculas e polímeros, a massa molecular corresponde a


um valor médio, representativo de uma distribuição de massas
moleculares, e cuja magnitude depende, do método de determinação
utilizado.
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Ex: Supondo um polímero composto de 80 % de uma fração com massa


molecular 50.000 g/mol e 20% de outra fração com massa molecular de
20.000 g/mol. O cálculo do valor médio pode ser realizado pela seguinte
equação:

xi M i
Mn 
xi
onde xi é o número de moléculas da fração em estudo e Mi a massa
molecular da fração. A massa molecular média é igual a:
Mn = [(80*50000)+(20*20000)]/100 = 44.000 g/mol.

Métodos de determinação da massa molecular podem ser realizados por


pressão osmótica, espalhamento da luz.
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Propriedades Cinéticas (Movimento Browniano, Difusão)

O movimento browniano e o movimento aleatório de partículas


macroscópicas num fluido como consequência dos choques das
moléculas do fluido nas partículas.
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Esse movimento está diretamente ligado com muitas reações em nivel


celular, como a difusão, a formação de proteínas, a síntese de ATP e o
transporte intracelular de moléculas.

Sendo a difusão (D) uma propriedade inversamente proporcional à


viscosidade () e ao raio da partícula ou macromolécula coloidal (r), a
mesma é fortemente afetada por ambos os fatores, mostrada pela
equação de Sutherland-Einstein:

RT
D
6rN A
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Efeito Tyndall
Efeito Tyndall - Tyndall, em uma de suas experiências, percebeu o
espalhamento de um feixe de luz num meio contendo partículas em
suspensão, ele observou que uma sala cheia de fumo ou poeira, tornava
visível um feixe de luz que entrasse pela janela.

As partículas que compõem os sistemas coloidais são muito pequenas para


serem identificadas a olho nu, mas o seu tamanho é maior do que o do
comprimento de onda da luz visível. Por isso, uma luz que atravesse um
sistema coloidal irá ser refratada pelas partículas.

Baseado nessa observação, basta apontar um feixe de luz para um sistema


para identificá-lo.
COLÓIDES
COLÓIDES

Pressão osmótica
Pressão osmótica provocada pelas partículas coloidais é muito pequena.
Isso se deve ao grande tamanho das partículas.

O número de partículas coloidais provenientes de uma dada massa de


substância é muito menor que o número de partículas produzidas por
uma solução molecular qualquer, contendo igual massa de soluto.
Para soluções ideais, a relação entre pressão osmótica () e a
concentração molar do soluto (c) é dada pela equação de Van’t Hoff:

= icRT

No caso de soluções não dissociáveis, i é igual à unidade.


Quando esta equação é aplicada à dispersões coloidais de
macromoléculas, observa-se que os valores obtidos experimentalmente
são maiores que os teóricos.
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A correção da equação de Van’t Hoff é dada por McMillan e Mayer:

 RT
  RTBcg
cg M n

onde B é uma constante de interação, específica ao sistema fase


dispersa-fase dispersante.

Determinação gráfica da massa


molecular de macromoléculas coloidais
por meio da pressão osmótica.
COLÓIDES

O Efeito Gibbs-Donnan
Consiste na difusão desigual de íons e água, através de uma membrana
de diálise (permite a passagem de íons e de água, mas impede a
passagem de macromoléculas) e da presença de um colóide, com a sua
carga eletrostática, aliada a impossibilidade de atravessar a membrana,
afeta a neutralidade eletrônica em ambos desta.
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Dupla Camada Elétrica


Na atmosfera da partícula existem duas regiões distintas:

 Camada de íons quase imóvel, que adere firmemente à partícula coloidal


e que pode incluir partículas de água. O raio da esfera que captura esta
camada rígida é chamado raio de cisalhamento e é o fator principal na
determinação da mobilidade das partículas.

 Atmosfera de íons móveis, atraídos pela unidade carregada e com sinal


de carga oposto ao da partícula. A camada interna de carga e a atmosfera
iônica externa constituem a dupla camada elétrica.
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Essa dupla camada divide-se em duas


regiões:

- uma região interna que inclui íons fortemente


ligados à superfície.

- uma região externa, onde a distribuição dos


íons é determinada pelo equilíbrio entre forças
eletrostáticas e movimento térmico.

Dessa forma, o potencial nessa região decai


com o aumento da distancia da superfície até,
a uma distância suficientemente grande,
atingindo o potencial da solução.
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 Em um campo elétrico, cada partícula e os íons mais fortemente ligados


à mesma se movem como uma unidade, e o potencial no plano de
cizalhamento, entre essa unidade e o meio circundante, é chamado de
potencial zeta.
 Dessa forma, o potencial zeta é função da carga superficial da partícula,
e da natureza e composição do meio que a circunda.

 Esse potencial pode ser determinado experimentalmente e, como ele


reflete a carga efetiva nas partículas, ele se correlaciona com a repulsão
eletrostática entre elas e com a estabilidade da suspensão.
 O potencial zeta pode ser usado para prever e controlar a estabilidade
de suspensões ou emulsões coloidais.
 Quanto maior o potencial zeta mais provável que a suspensão seja
estável, pois as partículas carregadas se repelem umas às outras e essa
força supera a tendência natural à agregação.
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Estabilidade dos Colóides-Teoria DLVO

 A teoria da estabilidade das dispersões liofóbicas foi desenvolvida por


Derjaguin, Landau, Verwey e Overbeek, e é conhecida como a teoria
DLVO.

 Este modelo admite que há um equilíbrio entre a interação repulsiva


das cargas das duplas camadas elétricas sobre as partículas vizinhas e
as interações atrativas das forças de Van der Waals entre as moléculas
nas partículas.

 A estabilidade dos sistemas coloidais se deve, na maior parte, ao fato


de as partículas com a mesma carga se repelirem umas às outras,
quando o colóide é liófobo.
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 A adição de eletrólitos ao sol suprime a dupla camada difusa. A repulsão


eletrostática diminui drasticamente entre as partículas e precipita o
colóide.

 Os íons são incorporados na porção fixa da dupla camada, reduzindo a


carga total da partícula e a repulsão entre as mesmas.

 Segundo a Lei de Faraday, a força de repulsão entre as partículas é


diretamente proporcional ao produto da magnitude das cargas elétricas
de superfície (q) e inversamente proporcional ao quadrado da distância (r)
que se separa das partículas:

q1 q 2
F 2
k
r
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COLÓIDES HIDROFÍLICOS E HIDROFÓBICOS

COLÓIDES MAIS IMPORTANTES

Aqueles nos quais o meio dispersante é a água.

HIDROFÍLICOS: interagem com a água.

HIDROFÓBICOS: não sofrem interação com a água.


COLÓIDES

COLÓIDES HIDROFÍLICOS

Grupos hidrofílicos na superfície de uma molécula gigante


(macromolécula) que ajuda a manter a molécula suspensa em
água.
COLÓIDES

Estabilização de um colóide hidrofóbico em água por íons adsorvidos.


COLÓIDES

As partículas coloidais apresentam uma carga negativa na água. Elas se


repelem mutuamente e se mantém em suspensão.
COLÓIDES
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EMULSIONAR
Significa “formar uma emulsão” uma suspensão de um líquido no
outro.
AGENTE EMULSIFICADOR: substância que ajuda na formação de
uma emulsão
EMULSÕES
Óleo e água não se misturam. Agitando-se vigorosamente um óleo em
água, o óleo se dispersa em minúsculas gotículas. Em pouco tempo, as
gotículas de óleo se unem para formar uma camada que bóia sobre a
água.

Adição de um agente emulsificante: os dois líquidos imiscíveis podem


formar um tipo de colóide chamado emulsão. O agente emulsificante
consiste de moléculas que possuem regiões polares e não polares.
Ele mantém o óleo disperso na água e impede as gotículas de óleo de se
unirem.
Gema de ovo é um bom agente emulsificante.
COLÓIDES

SUSPENSÕES

São misturas de partículas ainda maiores do que as partículas dos


colóides

As partículas de uma suspensão são suficientemente grandes para serem


vistas a olho nu. As suspensões são heterogêneas (sua composição não
é uniforme), sedimentam quando deixadas em repouso, e podem ser
separadas pelo uso de papel de filtro.
COLÓIDES

Micelas
As micelas são grupos de moléculas de tamanho coloidal, pois suas
caudas hidrofóbicas tendem a se reunir uma às outras, enquanto as
cabeças hidrofílicas proporcionam película externa protetora.

A região azul representa as caudas hidrofóbicas e em vermelho as


hidrofílicas.
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Formação de Micela

As micelas só se formam acima da concentração micelar crítica (CMC).


Esta concentração é percebida pela descontinuidade pronunciada nas
propriedades físicas da solução, em particular da condutividade molar.

 Moléculas surfactantes não-iônicas podem se aglomerar em grupos de


1000 ou mais, mas as espécies iônicas tendem a se aglomerar em grupos
de 100 ou menos, em virtude das repulsões eletrostática entre os grupos
das cabeças.
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Sem a adição de produtos químicos as partículas coloidais podem levar


até 20 anos para decantar em uma profundidade de 1m, se ficar apenas
pela força da gravidade.

Coagulante: É a substância capaz de remover as impurezas coloidais


através de um mecanismo de aprisionamento ou atração.

Coagulantes Populares
- Sulfato de Aluminio
- Cloreto Ferrico
- Sulfato Ferrico
- Sulfato Ferroso
- Polimero Catiônico
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Flocação/Coagulação

Durante a coagulação, as cargas das partículas em solução são


neutralizadas. As cargas negativas coloidais e as positivas do
coagulante atraem umas as outras, e uma grande partícula neutra é
formada. Esta partícula pode ser removida ou filtrada.
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Preparação de uma dispersão coloidal

Os sistemas coloidais liófobos apresentam dois métodos gerais de


preparação: dispersão e condensação. No método de dispersão, agregados
grandes de matéria são desagregados até o tamanho das partículas
coloidais.
Método de Dispersão -Técnicas utilizadas:
-Desintegração mecânica: realizada em moinho coloidal.
-Desintegração eletrolítica: usa-se arco voltaico. Mergulha-se no
dispergente dois fios de material que constitui o disperso. Aplica-se uma
diferença de potencial nos fios, provocando a liberação das partículas do
disperso.

-Método de Condensação:
-Reações em solução: Ex: óxidos hidratados, que são frequentemente
preparados pela hidrólise de um sal de metal em solução aquosa, em
temperatura relativamente alta.
- Substituição do solvente: A adição de solventes apropriados à uma
solução contendo o soluto a ser condensado pode levar à formação de sol.
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Purificação de um Sistema Coloidal


Os três principais métodos de purificação:

- Ultrafiltração: utiliza-se uma membrana (material plástico ou de celulose)


com os poros estreitos o suficiente para barrar a passagem de partículas de
diâmetro entre 10 e 1000 Å e permitir a passagem de partículas com
diâmetro inferior a 10 Å.

-Ultracentrifugação: este sistema é utilizado para separar partículas de


maior porte ou partículas coloidais de tamanhos diferentes.

- Diálise e Eletrodiálise: utilizado para separar impurezas altamente solúveis


no dispergente.
COLÓIDES
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Aplicações dos Colóides


Conversão do látex em artefatos de borracha:

(a) Desidratação: imersão direta de um molde seco no composto de látex e


retirado lentamente.
Ex: Brinquedos, artefatos rígidos e semi-rígidos.

(b) Coagulação iônica encontrada na imersão com coagulante: consiste da


imersão de um molde seco em um agente coagulante, que pode ser uma
solução de nitrato de cálcio em água, e em seguida retirado lentamente.
Ex: fabricação de luvas, balões, bexigas, etc.

(c) Coagulação ácida encontrada na manufatura de fios e esponjas:


consiste na desativação do sistema de estabilização coloidal do látex pela
redução do pH.
Ex: fabricação de espumas moldadas.
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Aplicações dos Colóides

-Industrias Farmacêuticas e de Cosméticos: suspensões de antibióticos,


suspensões de preparados para revestimento de comprimidos pelo
sistema spray, pomadas e cremes.

-Indústrias Alimentícias: fabricação de pastas e cremes à base de frutas,


legumes, carnes, gorduras, emulsões a base de gorduras, óleo, etc.
Homegeneização de base para bebidas, concentrado de suco de frutas,
geléias, balas, bombons, leite e produtos derivados do leite, maionese.

- Indústrias Químicas: fabricação de produtos sintéticos para limpeza,


colas, polidores, tintas para impressão de têxteis, tintas para couro, pasta
de PVC para tampas metálicas e de vedação, etc.

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