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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
PEN2219 – LABORATÓRIO DE QUÍMICA APLICADA A
ENGENHARIA
DOCENTE: ALINE MARA MAIA BESSA
DISCENTE: ALMIRO FRANCISCO DA SILVA NETO

RELATÓRIO DE PRÁTICA EXPERIMENTAL –


PILHAS OU CÉLULAS GALVÂNICAS.

PAU DOS FERROS – RN


FEVEREIRO/2024
Relatório

1. Introdução

Quando uma placa de zinco é imersa em uma solução de cobre, ocorre a transferência
de elétrons do zinco para os cátions de cobre. Contudo, a questão reside no fato de que os
elétrons são transferidos diretamente dos átomos de zinco para os cátions de cobre. Para efetuar
a geração de eletricidade, é imperativo direcionar os elétrons liberados pelo zinco por meio de
um circuito externo, como uma lâmpada, antes de atingirem os cátions de cobre.

Em 1836, John Frederic Daniell desenvolveu um dispositivo, posteriormente


denominado pilha, que viabilizava a utilização desse fluxo de elétrons. Esse dispositivo
interligava eletrodos, consistindo em sistemas compostos por um metal imerso em uma solução
de seus íons.

As pilhas voltaicas e eletrolíticas proporcionam a capacidade de aproveitar o potencial


gerado pela transferência de elétrons entre dois eletrodos compostos por diferentes metais, ou
pela discrepância na concentração de soluções, por meio de um fio condutor.

As pilhas presentes em dispositivos eletrônicos residenciais operam com base na força


eletromotriz, que é a diferença de potencial que a pilha consegue fornecer para seus polos.

A avaliação da força eletromotriz das pilhas de Daniell e das concentrações nos


experimentos mencionados será conduzida utilizando um multímetro, contribuindo para uma
compreensão mais aprofundada do funcionamento desses materiais amplamente empregados
em nosso cotidiano.

2. Objetivos

O propósito desta experiência é a montagem da pilha de Daniell, visando uma


compreensão abrangente de seu funcionamento. Tal compreensão inclui a identificação dos
compartimentos onde ocorrem os processos de oxidação e redução, conhecidos como ânodo e
cátodo, respectivamente. Além disso, destaca-se a relevância da ponte salina neste contexto e
como ela desempenha um papel fundamental na facilitação do fluxo iônico entre os
compartimentos, garantindo a continuidade da reação eletroquímica.
3. Materiais
- Placa de Zinco;
- Placa de Cobre;
- Sulfato de Cobre (CuSO4) 0,5M;
- Sulfato de Zinco (ZnSO4) 0,5M;
- Sulfato de Zinco (ZnSO4) 0,0001M;
- Multímetro.

4. Resultados e Discussões

Durante esta aula, conduzimos dois experimentos distintos. O primeiro consistiu na


construção da pilha de Daniell, empregando placas de zinco e cobre. O segundo experimento
envolveu a pilha de concentração, utilizando soluções de sulfato de zinco com concentrações
de 0,0001 M e 0,5 M. Ambas as práticas contribuíram para a compreensão dos princípios
fundamentais relacionados à eletroquímica, proporcionando insights sobre os fenômenos de
oxidação, redução e a influência da concentração nas reações eletroquímicas.

No decorrer da execução da pilha de Daniell, procedemos ao acondicionamento de 40


mL de uma solução de ZnSO4 0,5M em um Becker e, em outro recipiente, 40 mL de uma
solução de CuSO4 0,5M. Uma placa de zinco foi submersa na solução de sulfato de zinco
(ZnSO4), enquanto uma placa de cobre foi imersa na solução de sulfato de cobre (CuSO4).
Adicionalmente, preenchemos um tubo em forma de U com uma solução de NaCl, designada
ponte salina, cuja finalidade reside em equilibrar os íons presentes nas soluções.

A conexão entre ambos os recipientes foi efetuada por meio da interligação dos polos negativos
e positivos do multímetro nas placas de zinco e cobre, respectivamente. A observação do
multímetro revelou um valor de potencial de 1,089 V. Notavelmente, este resultado se
aproximou significativamente do valor teórico previsto. Vale ressaltar que, na teoria,
empregamos a fórmula para determinar o potencial, refletindo a eficácia do experimento em
replicar as condições teóricas previamente estabelecidas.

°E = Ecátodo – Eânado

Ao efetuarmos o cálculo teórico, obtivemos um valor de 1,10 V para o potencial da pilha


de Daniell. Este resultado é consistente com a análise das reações que ocorreram durante o
experimento, onde o zinco sofreu oxidação, representada pela equação:
𝑍𝑛→𝑍𝑛2+ + 2𝑒 −
Enquanto o cobre passou por um processo de redução, conforme a equação:

𝐶𝑢2+ + 2𝑒− → 𝐶𝑢

Essas reações evidenciam a transferência de elétrons do zinco para o cobre, resultando na


geração de uma diferença de potencial elétrico de 1,10 V, como corroborado pelo cálculo
teórico.

Ao manter o circuito fechado por um período prolongado, observamos alterações nas


placas de zinco e cobre. Nota-se que a placa de zinco inicia um processo de corrosão, enquanto
a placa de cobre manifesta um aumento em seu tamanho, indicando uma expansão. Estes
fenômenos são atribuídos à natureza das reações químicas subjacentes: o zinco sofre oxidação
ao passar de Zn para Zn2+, enquanto o cobre é reduzido de Cu2+ para Cu0, assumindo o estado
metálico. Essas transformações refletem a dinâmica das reações eletroquímicas envolvidas,
resultando em mudanças físicas observáveis nas placas dos eletrodos.

Na pilha de concentração, a diferença de concentração das soluções de Sulfato de Zinco


(ZnSO4) gera potencial. Observamos no multímetro o valor de 0.95 V, muito próximo da
realidade teórica que diz que deveria ser 0,1184 V. Para este cálculo utilizamos a equação de
Nernst:

0,0592
E = 𝐸°𝑐𝑒𝑙 - logQ
𝑛

Considerando 𝐸°𝑐𝑒𝑙 como o potencial padrão da célula, o qual é nulo devido à natureza
da reação envolvendo a mesma substância, onde 𝑛 representa o número de elétrons participantes
na reação e log 𝑄 denota o logaritmo da razão entre as concentrações dos produtos e dos
reagentes.

Em pilhas dessa natureza, as concentrações têm a propensão de se igualar em cada


compartimento. Consequentemente, a solução mais concentrada tende a atuar como agente
redutor, reduzindo-se, enquanto a solução mais diluída age como agente oxidante, oxidando-
se. Este fenômeno é notável na equação da reação apresentada abaixo, evidenciando o equilíbrio
dinâmico estabelecido pela transferência de elétrons entre as espécies químicas presentes.

Zn (s) + Zn2+(0,5M) → Zn2+ (0,0001 M) + Zn (s)


5. Conclusão

As pilhas de Daniell e de Concentração desempenham um papel fundamental no


desenvolvimento de conceitos e práticas relacionados à eletricidade. Isso se deve ao fato de que
as primeiras aplicações significativas nesse campo derivam do aprimoramento das pilhas
voltaicas, notavelmente desenvolvidas por John Daniell. Vale destacar que a remoção da ponte
salina resulta em uma leitura de zero no multímetro, uma vez que a ausência desse componente
leva a uma falta de equilíbrio na reação. Em tal cenário, a geração de corrente elétrica é
comprometida, evidenciando a importância crucial da ponte salina para o funcionamento
eficiente dessas pilhas eletroquímicas.

Através dos experimentos realizados, obtivemos uma fundação sólida e uma


compreensão mais aprofundada do funcionamento da geração de potencial elétrico. Estes
experimentos proporcionaram insights sobre como diferentes materiais, quando dispostos de
maneiras específicas, influenciam a produção de eletricidade.

Assim, foi possível validar de maneira envolvente e cativante que os conceitos teóricos
transmitidos durante a disciplina de Química Aplicada encontram respaldo prático. Ao
conduzirmos essas observações por conta própria, experimentamos um progresso palpável em
nosso entendimento e aprendizado.
6. Referências Bibliográficas

ATKINS, Peter; JONES, Loretta. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o


meio ambiente. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.

BROWN, T. L., LEWAY JR., H. E., BURSTEN, B. E., BURDGE, J. R., Química: A Ciência
Central, Capítulo 20, 9ª Edição, Pearson, 2007.

KOTZ, J. C., TREICHEL JR., P. M. Química Geral 2 e Reações Químicas, Capítulo 20,
Tradução da 9ª Edição americana, Cengage Learning, São Paulo, 2009.

KRÜGER, Verno; LOPES, Cesar Valmor Machado; SOARES, Alexandre


Rodriges. ELETROQUÍMICA: PARA O ENSINO MÉDIO. 1997. Disponível em:
<http://www.iq.ufrgs.br/aeq/html/publicacoes/matdid/livros/pdf/eletroquimica.pdf>. Acesso
em: 05 fev. 2024.

LUZ, Luiz Molina. Pilha de Daniell (pilha eletroquímica). 2006. Disponível em:
<http://www.infoescola.com/quimica/pilha-de-daniell-pilha-eletroquimica/>. Acesso em: 05
fev. 2024.

ROCHA, Maria Valderez Ponte. Apostila do Laboratório de Química Aplicada à


Engenharia. UFERSA: 2012.

RUSSEL, J. B. Química Geral, McGraw-Hill do Brasil, 1981.


7. Respostas Do Pós-Laboratório

1)
Pilha de Daniell
Semi-oxidação: Zn (s) → Zn2+ + 2 e –
Semi-redução: Cu2+ + 2 e - → Cu(s)
Equação Global: Cu2+ + Zn (s) → Cu + Zn2+

Pilha de Concentração
Semi-oxidação: Zn (s) → Zn2+ (0,0001M) + 2 e –
Semi-redução: Zn2+ (1M) + 2 e –- → Zn(s)
Equação Global: Zn (s) + Zn2+(1M) → Zn2+ (0,0001 M) + Zn (s)

2)
Pilha de Daniell (Valor Teórico)
°E = Ecatodo – Eanado  °E = ECu-EZn  °E = 0,34 – (-0,76)  °E = 1,10 V
∆G = -FnE  ∆G=-96500*2*1,10 = -212.300 Kj/mol

Pilha de Daniell (Valor Experimental para potencial apresentando no multímetro de 0,743 V)


∆G = -FnE  ∆G=-96500*2*0,743 = -143,399 Kj/mol.

A reação é considerada espontânea devido ao fato de apresentar um potencial padrão


positivo, resultando em uma Energia de Gibbs negativa. Dessa maneira, a ocorrência da
reação se dá de forma natural, sem a necessidade de fornecimento externo de energia.
Pilha de Concentração (Valor Teórico).

0,0592 0,0592
E=ºEcel - logQ  0 - (-4)  E = 0,1184 V
𝑛 2

∆G = -FnE  ∆G=-96500*2*0,1184 = -22.851,20 Kj/mol

(Valor Experimental ∆G de para potencial apresentando no multímetro de 0,08 V)


∆G = -FnE  ∆G=-96500*2*0,08 = -15,440 Kj/mol

A reação é espontânea, pois o potencial padrão é positivo e consequentemente, a Energia


de Gibbs é negativa, o que explica essa característica da reação.

3) A ponte salina, constituída por um tubo em formato de U e preenchida com uma solução de
eletrólito cujos íons não reagem com os materiais dos eletrodos, desempenha o papel crucial
de facilitar a migração de íons entre as soluções. Isso assegura que o número de íons positivos
e negativos permaneça equilibrado em cada solução eletroquímica. Ao removermos a ponte
salina da pilha, observamos que a voltagem tornou-se nula. Isso se deve à falta de equilíbrio
nos eletrodos, resultando em uma carga excessiva positiva e negativa que impede o
funcionamento adequado da pilha.

4) Quando o circuito é fechado, inicia-se o processo de oxidação nos átomos de zinco que
compõem a placa. Nesse processo, os átomos de zinco perdem elétrons, passando de Zn para
Zn2+. Esses elétrons movem-se ao longo da lâmina, transferindo-se para a placa de cobre. Os
cátions Zn2+ formados dissolvem-se, elevando a concentração desses íons na solução. Com o
decorrer do tempo, observa-se a corrosão gradual da placa de zinco.

No eletrodo de cobre, ocorre o processo de redução. A placa de cobre, imersa na solução


contendo cátions Cu2+, recebe os elétrons liberados durante a oxidação do zinco. Nesse
contexto, os cátions Cu2+ são reduzidos para Cu0, resultando no depósito de cobre metálico na
lâmina e, consequentemente, no aumento de seu tamanho.

Figura 1: representação de uma ponte salina.

Fonte: iq.ufrgs. (2024).


5) A pilha em questão é classificada como uma pilha de concentração, uma vez que envolve
soluções do mesmo elemento, porém com uma disparidade em termos de concentração. Nesse
contexto, o cálculo do potencial da pilha segue a equação de Nernst da seguinte forma:

0,0592 0,0592 0,0592


E=ºEcel - logQ  E=0 - log0,20  E = 0 - (-0,699)  E = 0,0206904 V.
𝑛 2 2

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