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FQE 19/10/2023

Prática 7 – Eletroquímica

Objetivo
Compreender o princípio das tabelas de potenciais de oxirredução, como também
verificar experimentalmente os detalhes e o funcionamento de uma célula galvânica
(espontânea).

Introdução
A Eletroquímica é o ramo da Química que trabalha com o uso de reações químicas
espontâneas para produzir eletricidade, e com o uso da eletricidade para forçar as reações
químicas não espontâneas acontecerem. Uma das contribuições mais familiares da Eletroquímica
para o nosso dia a dia é a bateria usada em equipamentos eletrônicos. As baterias são exemplos
de células eletroquímicas.
Existem duas classes de células eletroquímicas:
 células galvânicas, onde a circulação de corrente é espontânea;
 células eletroquímicas, para que a reação aconteça, deve-se aplicar uma fonte de energia
externa.

Células galvânicas
Uma célula galvânica é uma célula eletroquímica na qual uma reação química espontânea
é usada para gerar uma corrente elétrica.

Figura 1: célula galvânica com eletrodos de Cu e Zn, em soluções 1M de CuNO3 e ZnNO3, com
uma ponte salina de KCl saturado.

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A pilha deste exemplo é a pilha de Daniell. Ele inventou a pilha de Cu/Zn em ácido
sulfúrico em 1836. Essa pilha levou a um grande progresso no desenvolvimento de baterias, que,
entre muitas aplicações, foi usada nos primeiros telégrafos.

Telégrafo

As reações que acontecem (figura 1) são:

Cátodo: Cu2+(aq) + 2e-  Cu(s) E°= 0,337 V (potencial de redução)


Ânodo: Zn(s)  Zn2+(aq) + 2e- E°= -0,763 V (potencial de redução)

O potencial da célula é
E° = 0,337 – (-0,763) = 1,100 V

O esquema da pilha é

Zn(s)| Zn2+(aq)(1M), NO3-(aq) (1M) || NO3-(aq) (1M), Cu2+(aq) (1M) |Cu(s)

Ânodo (-) Solução aquosa Ponte Solução aquosa Cátodo (+)


salina

oxidação redução

Numa reação espontânea, o G°<0. Na pilha de Zn/Cu, a reação é espontânea devido a


que E° = 1,100 V, que é maior que zero. A relação entre G° e E° é
∆𝐺° = −𝑛𝐹∆𝐸°

Onde 𝐹 = 96485 C mol-1 = 𝑁 𝑒 onde 𝑒 é a carga de um elétron = 1,602×10-19 C e 𝑁 =


6,023×1023 partículas mol-1. Portanto, para esta pilha,

∆𝐺° = −2𝐹∆𝐸° = 212,2 × 10 𝐽 𝑚𝑜𝑙 = −212,2 𝑘𝐽 𝑚𝑜𝑙


e a reação é espontânea!

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Potenciais de referência
Para se obter potenciais de eletrodos se atribui um valor arbitrário a um deles, que se
toma como referência. Os demais são medidos verificando-se a diferença de potencial que
adquirem quando ligados ao eletrodo de referência. O sinal depende do sentido em que ocorre
a reação do eletrodo.
Por convenção, os potenciais de eletrodo se referem a semi-reação de redução.
O potencial é considerado positivo quando a reação que ocorre no eletrodo ( em relação
ao de referência ) é a redução.
E é considerado negativo quando acontece a oxidação.
O eletrodo mais comum que se toma como referência para tabular os potenciais de
eletrodo é o par H+(aqu., 1M) / H2 (1 atm), que se denomina eletrodo de referência ou normal de
hidrogênio, o qual se atribui o valor = 0 V (figura 2).

Figura 2: Esquema de potenciais de redução dos pares Cu2+/Cu e Zn2+/Zn, usando como
referência o eletrodo de H+/H2 (0V).

O eletrodo de H+/H2 não é muito conveniente


experimentalmente, no que se refere a deseno experimental
(tamanho e disponibildade). Por isso, que é necessário utilizar
outros eletrodos de referência que cumpram com a condição
de manter o potencial constante durante o experimento.
Um dos mais usados é o eletrodo de calomel:

Hg|Hg2Cl2(sat)|, KCl(x M)||


A reação de redução é
Hg2Cl2(s) + 2e-  2Hg(l) + 2Cl-(aq) E°=0,2444 V a T = 298 K.

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Equação de Nernst
O potencial de uma pilha depende das concentrações das espécies ativas (ânions ou
cátions) na reação de óxido-redução:
𝑅𝑇 |𝐶𝑢 |
∆𝐸 = ∆𝐸° − 𝑙𝑛
𝑛𝐹 |𝑍𝑛 |
Onde 𝑅 = 8,314 J mol-1 K-1.
Para o caso de |𝐶𝑢 | = |𝑍𝑛 | = 1 𝑀, ∆𝐸 = ∆𝐸° = 1,100 𝑉.

Materiais

1 Multímetro

1 Pipeta graduada de 20 mL

1 Fita durex ou grampos

2 Tubos em forma de U, de vidro ou silicona

4 Bequer de 50 mL

1 Pedaço de algodão

Fios de Cu

Conectores jacaré

8 Placas de Cu (10 x 50 mm, aproximadamente)

8 Placas de Zn (10 x 25 mm, aproximadamente)

50 mL Solução de CuSO4 1,0 mol/L

50 mL Solução de CuSO4 0,1 mol/L

50 mL Solução de ZnSO4 1,0 mol/L

50 mL Solução de ZnSO4 0,1 mol/L

Solução de KCl saturado

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Procedimento
1. Adicionar 25 mL de solução de sulfato de cobre (1,0 ou 0,1 M) em um béquer de 50 mL e 25
mL de solução de sulfato de zinco (1,0 ou 0,1 M) em outro béquer;
2. Colocar as placas de zinco e cobre, nas soluções de seus íons respectivamente;
3. Conectar os fios dos eletrodos a um voltímetro e verificar a diferença de potencial;
4. Colocar a ponte salina, verificando que as suas extremidades estão mergulhadas em ambas
soluções;
5. Conectar outra vez os fios dos eletrodos a um voltímetro e verificar a diferença de potencial;
6. Repita outra vez o experimento utilizando eletrodos iguais depois registre a diferença de
potência.
7. Para verificar a equação de Nerst, se farão medições dos potenciais da pilha para
|Cu2+|: 1 M, 0,1 M e 0,01 M para |Zn2+| = 1 M em todos os casos.

|Zn2+| / M |Cu2+| / M E / V

1 1

1 0,1

1 0,01

8. Repetir o procedimento com |Zn2+|: 1 M, 0,1 M e 0,01 M para |Cu2+| = 1 M em todos os


casos.

|Zn2+| / M |Cu2+| / M E / V

1 1

0,1 1

0,01 1

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Bibliografia recomendada
1. SKOOG, D.A.; WEST, D. M.; HOLLER, F.J.; CROUCH, S. R. Fundamentos
de Química Analítica. Tradução da 8ª ed., S. Paulo: Cengage Learning, 2009.

2. ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: Questionando a vida moderna e o meio


ambiente, Editora Bookman, 2001.

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