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P ROJETO DE I NICIAÇÃO C IENTÍFICA (U NIVERSIDADE F EDERAL DE S ANTA C ATARINA )

Período: 2017-2/2018-1

Simulação de campo magnético quadrupolar ~Bx,y,z


para aplicação em armadilhas magneto ópticas de
duas e três dimensões.

Docente orientador: Prof. Dr. Jorge Douglas Massayuki Kondo


Orientando: João Victor Gomes Tunisse

Departamento: Departamento de Física


Unidade: Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM) - UFSC
E-mail: massayuki.kondo@ufsc.br
Página eletrônica: www.atomobrasil.com

Data: 17 de julho de 2017

Resumo: Este projeto tem como principal objetivo a montagem de um laser de diodo, no comprimento
de onda infravermelho de 894 nm, e representa a frequência (energia) de ressonância (transição)
entre o estado fundamental do átomo de Césio 6S1/2 e o primeiro estado excitado 6P1/2 na linha
espectroscópica D1 do átomo. O sistema deve possuir boa estabilidade mecânica, térmica e elétrica,
bem como emissão laser controlada. Este equipamento é parte fundamental do projeto de pesquisa
que tem como principal objetivo a exploração de processos interferométricos quânticos em amostras
atômicas, realizado no laboratório de física atômica ATOMO LAB, na universidade federal de Santa
Catarina (UFSC).

1 A RMADILHAS M AGNETO Ó PTICAS


O desenvolvimento de lasers sintonizáveis durante a década de 70 levou ao fortalecimento das
pesquisas com amostras atômicas, já que a criação de novos lasers preenchia o intervalo de radiação
eletromagnética que acopla os diversos estados atômicos. Em especial lasers de semicondutores, são
simples de construir e de sintonizar nos níveis energéticos adequados. Em conjunto com aplicação de
campo magnéticos, que quebram a degenerescência dos níveis de energia atômicos, criando uma regra
de seleção espacial é possível realizar tanto o resfriamento do átomo, bem como seu confinamento no
espaço. A junção entre a força de radiação do laser ressonânte e a regra de seleção espacial do campo
magnético pelo efeito Zeeman, levaram ao desenvolvimento das chamadas armadilhas atômicas
do tipo magnéto ópticas ou MOT ("Magnétic Optical Trap"). Tal armadilha permitiu criar condições
para a observação do chamada quinto estado da matéria ou de condensação de Bose-Eintein. Estado
este caracterizado pelo comportamento coletivo de uma amostra atômica, exibindo as propriedades
coletivas bosônicas, ou seja, em que toda amostra se comporta como uma única partícula [1, 2].
A evolução dessa tecnologia permitiu a obtenção de amostras degeneradas dos mais variados
elementos, como exemplo podemos citar o ódio, potássio, rubídio, césio, ytérbium, estrôncio [3] dentre

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muitos outros. Diversos ramos de pesquisa são criados a partir do estudo de amostras ultra-frias,
dentre elas as pesquisas em informação e computação quânticas, armazenamento de informação
na forma de fótons, o estudo de propriedades não clássicas da luz, são apenas alguns exemplos.
Essas armadilhas permitiram a exploração de uma física mais profunda, a medida que as taxas
colisionais entre os elementos podem ser controlados, permitindo a obtenção de moléculas no seu
estado fundamental.
Atualmente novas geometrias são utilizadas para aumentar a eficiência deste aprisionamento,
dentre eles estão a criação de armadilhas em chips, onde micro armadilhas magnéticas são usadas
para escalonar um sistema de átomos neutros em redes atômicas [4, 5]. Em três dimensões o perfil de
campo magnético que permite o efeito é do tipo quadrupolar, ou seja, é criado numa configuração de
quatro fontes de campo. Geralmente esta configuração é obtida através de um par de bobinas (espiras)
posicionadas numa geometria do tipo Anti-Helmholtz [6]. Recentemente as chamadas armadilhas
bidimensionais, ou seja, onde o aprisionamento ocorre apenas na direção longitudinal do sistema, são
utilizadas como eficientes fontes primarias de átomos pré-resfriados. Neste caso o campo magnético é
quadrupolar em duas dimensões [7].

2 G EOMETRIA E ANISOTROPIA DO CAMPO ~B


O espectro atômico se modifica com a aplicação de um campo eletromagnético, esse fenômeno
é bem conhecido e é descrito pela quebra de simetria ao se introduzir um campo Magnético (efeito
Zeeman) ou um campo elétrico (efeito Stark). Para campos magnéticos fracos essa perturbação é linear
fazendo com que ocorra uma dessintonização para o vermelho, ou azul da frequência de ressonância
natural do átomo. Essa quebra de degenerescência faz com que uma regra de seleção apareça no
sistema, fazendo com que fótons de uma determinada polarização troquem momento com os átomos
numa determinada posição dentro do gradiente de campo ∇ B.
De forma a tornar o sistema mais eficiente, é preciso um bom controle da anisotropia do campo
magnético ao longo da região de aprisionamento. Ou seja, como exemplo podemos citar o gradiente
de campo da ordem de 30 G.cm−1 , típico de armadilhas magneto ópticas de Rubídio. Essa variação
é uniforme ao longo dos eixos x, y e z de duas bobinas na configuração Anti-Helmoltz, porém não
é uniforme em outras dimensões. Isso faz com que o sistema não seja esféricamente simétrico com
relação ao gradiente de campo em direções compostas. Para isso não é suficiente bobinas circulares ou
quadradas colocadas em certas posições. Para aumentar a eficiência, ou seja, tornar a distribuição de
gradiente de campo isotrópico numa determinada região, é preciso alterar a forma da fonte de campo.
Propomos para este projeto de iniciação científica a simulação de geometrias distintas, na busca
da isotropia de campo magnético. Para isso técnicas de Machine Learning e algoritmos genéticos
podem ser utilizados. O aluno terá contato com linguagens de programação como Python, Labview
e mathematica, além de desenvolver interfaces GUI para usuários. O modelo teórico poderá ser
impresso numa impressora 3D (usinagem aditiva) e o campo resultante poderá ser medido com uma
sonda Hall. O software resultante terá uso expressivo no recém criado laboratório de física atômica e
molecular (ATOMO LAB) do departamento de física da universidade federal de Santa Catarina UFSC.

3 C RONOGRAMA DO PLANO DE TRABALHO


Este plano de trabalho contempla um período de projeto de doze meses com início no mês de agosto
de 2017. Abaixo segue um cronograma das atividades propostas, dividido em quatro intervalos
trimestrais, e seus respectivos objetivos específicos.
• Agosto, Setembro, Outubro → Pesquisa e levantamento das principais referências bibliográficas
sobre o estado da arte atual com relação ao desenvolvimento armadilhas magnéticas e magneto
ópticas.
• Novembro, Dezembro, Janeiro → Simulação do campo criado por bobinas quadradas e circulares
na configuração Anti-Helmholtz, resultados teóricos de anisotropia e inomogeneidade para
dimensões da ordem de armadilhas tradicionais, de alguns milímetros.

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• Fevereiro, Março, Abril → Implantação de algoritmo dinâmico para busca de geometrias alter-
nativas, com objetivo de melhorar a isotropia do campo em duas e três dimensões. Desenvolvi-
mento de interface GUI de usuário.

• Maio, Junho, Julho → Simulação de bobinas para campo magnético quadrupolar de uma
armadilha tridimensional. Com isotropia maior que 99% dentro de um volume esférico de 5 mm
de raio. Impressão do suporte na impressora 3D, montagem da bobina e medidas do gradiente
do campo com a sonda Hall.

R EFERÊNCIAS
[1] K. B. Davis, M. O. Mewes, M. R. Andrews, N. J. van Druten, D. S. Durfee, D. M. Kurn, and
W. Ketterle. Bose-Einstein Condensation in a Gas of Sodium Atoms. Physical Review Letters,
75(November):3969–3973, 1995.
[2] Tilman Esslinger, Immanuel Bloch, and Theodor W. Hänsch. Bose-Einstein condensation in a
quadrupole-Ioffe-configuration trap. Physical Review A, 58(4):2664–2667, 1998.
[3] Hidetoshi Katori, Tetsuya Ido, Yoshitomo Isoya, and Makoto Kuwata-gonokami. Magneto-Optical
Trapping and Cooling of Strontium Atoms down to the Photon Recoil Temperature. Physical
Review Letters, 82(6):6–9, 1999.
[4] J. D. Weinstein and K. G. Libbrecht. Microscopic magnetic traps for neutral atoms. Physical Review
A, 52(5), 1995.
[5] S Wildermuth, P Krüger, C Becker, M Brajdic, S Haupt, A Kasper, R Folman, and J Schmiedmayer.
Optimized magneto-optical trap for experiments with ultracold atoms near surfaces. Physical
Review A, 030901:1–4, 2004.
[6] C. J. Foot A. M. Steane, M. Chowdhury. Radiation force in the magneto-optical trap. J. opt. Soc.
Am. B, 9(12):2142–2158, 1992.
[7] J. T. M. Walraven K. Dieckmann, R. J. C. Spreeuw, M. Weidemuller. Two-dimensional magneto-
optical trap as a source of slow atoms. Physical Review A, 58(5):3891–3895, 1998.

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