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GABRIEL LEAL FIORELLI

CARACTERIZAÇÃO DE COQUINAS E DOLOMITOS INTEGRANDO


TRÊS METODOLOGIAS DISTINTAS: RESISTIVIDADE ELÉTRICA,
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR (RMN) E POROSIMETRIA
POR INTRUSÃO DE MERCÚRIO (MICP)

CAMPINAS
2015

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Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura
Elizangela Aparecida dos Santos Souza - CRB 8/8098

Fiorelli, Gabriel Leal, 1987-


F512c FioCaracterização de coquinas e dolomitos integrando três metodologias distintas
: resistividade elétrica, ressonância magnética nuclear (rmn) e porosimetria por
intrusão de mercúrio (micp) / Gabriel Leal Fiorelli. – Campinas, SP : [s.n.], 2015.

FioOrientador: Osvair Vidal Trevisan.


FioDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de
Engenharia Mecânica e Instituto de Geociências.

Fio1. Resistividade elétrica. 2. Ressonância magnética nuclear. I. Trevisan, Osvair


Vidal,1952-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia
Mecânica. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Characterization of coquinas and dolomites using three different
techniques : electrical resistivity, nuclear magnetic resonance (nmr) and porosimetry by mercury
intrusion (micp)
Palavras-chave em inglês:
Electrical resistivity
Nuclear magnectic resonance
Área de concentração: Reservatórios e Gestão
Titulação: Mestre em Ciências e Engenharia de Petróleo
Banca examinadora:
Osvair Vidal Trevisan [Orientador]
Rosângela Barros Zanoni Lopes Moreno
Adolfo Puime Pires
Data de defesa: 27-02-2015
Programa de Pós-Graduação: Ciências e Engenharia de Petróleo

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente ao professor Dr. Osvair Vidal Trevisan, pelos


ensinamentos e por ter me dado essa oportunidade e esse voto de confiança para realizar este
trabalho. Pessoa na qual me espelhei e sempre terei como referência de profissionalismo. Ao
professor Dr. Antonio Carlos Bannwartt por ter me inspirado a realizar este curso.
À minha mãe Maria Raquel Lunardelli Leal por ter me guiado, modelado meu caráter e
índole, durante minha formação profissional e pessoal.
À Eng. Caroline Bezerra Rodrigues de Souza por ter me apoiado, sido meu pilar de
sustentação nas horas mais difíceis e ter sido minha alegria nas horas mais felizes.
Aos profissionais do Centro de Estudos do Petróleo (CEPETRO), em especial as
profissionais: Dra. Erika Tomie, Dra. Alessandra Winter e a Dra. Marta Chagas, por me guiarem
e aconselharem durante estes dois anos de curso. À UNICAMP por me proporcionar mais uma
oportunidade na minha vida profissional, ser uma universidade de grande importância no meio
científico mundial.
Aos amigos da Petrobrás Frederico Schuab e César Longui por mostrarem simplicidade,
humildade e companheirismo. Aos demais amigos do Departamento de Engenharia de Petróleo.
Obrigado a todos que contribuíram de forma direta e indireta para mais essa etapa da minha
vida.

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“A nossa maior fraqueza reside em que temos a
tendência a abandonar. A maneira mais segura de
conseguir os objetivos é sempre: tentar uma vez
mais”.

Thomas Edison

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RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo caracterizar rochas carbonáticas de afloramento, com
propriedades petrofísicas análogas às do pré-sal brasileiro, integrando três ferramentas distintas:
Resistividade Elétrica, Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e Porosimetria por Intrusão de
Mercúrio (MICP) em condições ambientes. As rochas são coquinas Coqueiro Seco da Formação
Morro do Chaves, Bacia Sergipe – Alagoas, Brasil, e dolomitos Silurian da Formação Thornton,
provenientes dos Estados Unidos. As amostras de rochas foram analisadas variando-se a suas
saturações de salmoura/ar/óleo e medindo-se a resistividade elétrica e o tempo de relaxação
magnética transversal (T2) em cada nível de saturação. As amostras foram também analisadas
quanto à distribuição de gargantas utilizando a técnica de Porosimetria por Intrusão de Mercúrio
(MICP). Os resultados de tempo de relaxação obtidos mostram que as estruturas porosas dos dois
sistemas rochosos têm características de distribuição de tamanho de poros multimodal. No
entanto, as curvas de MICP apresentaram comportamentos distintos. As coquinas e os dolomitos
apresentaram ser compostos na maioria por estruturas macroporosas, com uma pequena parcela
mesoporosa e microporosa. As curvas de índice de resistividade para o sistema de saturação água
– ar apresentaram comportamento linear para as duas rochas. Em contrapartida no sistema de
saturação água – óleo, não foi possível visualizar um comportamento linear. Para os dolomitos as
curvas apresentaram um desvio positivo em baixas saturações, justificado pela metodologia
empregada.

Palavras Chave: Resistividade Elétrica, Ressonância Magnética Nuclear (RMN), Porosimetria


por Intrusão de Mercúrio (MICP).

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xii
ABSTRACT

This study aims to characterize carbonate rocks outcrop rocks with similar petrophysical
properties of the Brazilian pre-salt by three different methodologies: Electrical Resistivity,
Nuclear Magnetic Resonance (NMR) and Porosimetry by Mercury Intrusion (MICP) at room
conditions. The rocks are coquinas Coqueiro Seco Formation Morro do Chaves, Sergipe Basin -
Alagoas, Brazil, and Silurian dolomites Formation Thornton, from the United States. The rock
samples were analyzed for varying brine saturations / air / oil by measuring electrical resistivity
and magnetic transverse relaxation time (T2) at each level of saturation. The samples were also
analyzed for throat size distribution using the technique of porosimetry by mercury intrusion
(MICP). The relaxation time results show that the porous structures of the two systems have pore
size characteristics of multimodal distribution. However the MICP curves showed different
behavior. The present coquinas and dolomites are composed mostly of macroporous structures
with a small portion of micropores and mesopores. The resistivity index curves for water/air
saturations – are typical, with a linear behavior. However, for water/oil saturations, the linear
behavior. For dolomites, the curves showed a positive difference, justified by the methodology
used.

Key Word: Electrical Resistivity, Nuclear Magnetic Resonance (NMR), Porosimetry by


Mercury Intrusion (MICP).

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xiv
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

1.1 Motivação e Objetivos ...................................................................................................... 3

1.2 Organização da dissertação ............................................................................................... 3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................... 5

2.1 Carbonatos ........................................................................................................................ 5

2.1.1 Coquinas .................................................................................................................... 7

2.1.2 Dolomitos .................................................................................................................. 7

2.2 Porosidade ......................................................................................................................... 8

2.3 Permeabilidade.................................................................................................................. 9

2.4 Resistividade Elétrica ..................................................................................................... 10

2.4.1 Fator de Formação (FF) e Fator de Cimentação (m) ............................................... 12

2.4.2 Índice de Resistividade (IR) e Expoente de Saturação (n) ...................................... 13

2.5 Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ........................................................................ 16

2.6 Porosimetria por Intrusão de Mercúrio (MICP) ............................................................. 22

2.6.1 Equação de Washburn. ............................................................................................ 23

2.7 Método da centrífuga ...................................................................................................... 27

2.8 Investigação do histórico da integração das técnicas de Resistividade elétrica, RMN e


MICP para caracterização de rochas .......................................................................................... 29

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................. 33

3.1 Materiais ......................................................................................................................... 34

3.1.1 Equipamentos .......................................................................................................... 34

3.1.2 Rochas ..................................................................................................................... 36

xv
3.1.3 Fluidos ..................................................................................................................... 36

3.2 Petrofísica Básica ............................................................................................................ 36

3.2.1 Porosidade ............................................................................................................... 36

3.2.2 Permeabilidade ........................................................................................................ 37

3.3 Preparação das Amostras ................................................................................................ 38

3.3.1 Limpeza das Amostras............................................................................................. 38

3.3.2 Preparação da Salmoura .......................................................................................... 40

3.3.3 Saturação das Amostras ........................................................................................... 40

3.4 Parâmetros Determinados ............................................................................................... 42

3.4.1 Densidade ................................................................................................................ 42

3.4.2 Cálculo de Saturação ............................................................................................... 42

3.4.3 Resistividade Elétrica .............................................................................................. 43

3.4.4 Fator de Cimentação (m) ......................................................................................... 45

3.4.5 Expoente de Saturação (n) ....................................................................................... 46

3.4.6 Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ................................................................. 46

3.4.7 Centrifugação........................................................................................................... 47

3.4.8 Porosimetria por intrusão de Mercúrio .................................................................... 49

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................... 51

4.1 Petrofísica básica ............................................................................................................ 51

4.2 Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ........................................................................ 54

4.3 Porosimetria por Intrusão de Mercúrio (MICP) ............................................................. 66

4.4 Integração das técnicas de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e Porosimetria por
Intrusão de Mercúrio (MICP). ................................................................................................... 68

4.5 Resistividade Elétrica ..................................................................................................... 71

4.5.1 Fator de Cimentação (m) ......................................................................................... 72

xvi
4.5.2 Expoente de Saturação (n) ....................................................................................... 73

5 CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 81

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................................. 83

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 85

APÊNDICE A – LIMPEZA DAS AMOSTRAS .......................................................................... 93

APÊNDICE B – SATURAÇÃO ................................................................................................... 95

APÊNDICE C – MEDIDAS PETROFÍSICAS ............................................................................. 99

APÊNDICE D – MEDIDAS DE RESISTIVIDADE ELÉTRICA .............................................. 101

xvii
xviii
LISTA DE FIGRURAS

Figura 2.1 – Classificação segundo Dunham (1962) (Adaptado de Dunham 1962 in Terra et al
2009) ................................................................................................................................................ 6
Figura 2.2 – Esquema de aplicação dos pulsos 90º e 180º Coates et al (1999)............................. 20
Figura 2.3 – Pontos de pressão capilar vs. Saturação obtidos pela centrífuga. (Adaptado de
Hassler e Brunner, 1945) ............................................................................................................... 28
Figura 3.1 – Fluxograma do procedimento experimental.............................................................. 34
Figura 3.2 – Permeabilímetro a gás Ultra-PermTM500 .................................................................. 38
Figura 3.3 – Esquema utilizado para limpeza das amostras. ......................................................... 39
Figura 3.4 – Esquemático da primeira etapa de saturação das amostras. ...................................... 41
Figura 3.5 – Esquemático de saturação das amostras. ................................................................... 41
Figura 3.6 – Densímetro ................................................................................................................ 42
Figura 3.7 – Sistema de Medidas Elétricas (TEP-701) ................................................................. 43
Figura 3.8 – Configuração de medição de resistência elétrica na forma de 4 eletrodos ............... 44
Figura 3.9 – Condutivímetro digital portátil Digimed, DM-3P..................................................... 46
Figura 3.10 – Centrífuga de alta rotação ....................................................................................... 48
Figura 3.11 – Porosímetro de Injeção de Mercúrio AutoPore IV 9500 ........................................ 50
Figura 3.12 – Penetrômetro (Adaptado de Manual de Operação AutoPore IV 9500) .................. 50
Figura 4.1 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de coquinas (GC-1) para o
sistema de saturação ar – água....................................................................................................... 55
Figura 4.2 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de coquinas (GC-3) para o
sistema de saturação ar – água....................................................................................................... 56
Figura 4.3 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de coquinas (GC-5) para o
sistema de saturação ar – água....................................................................................................... 56
Figura 4.4 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação das amostras GC-1, GC-3 e GC-5. .... 57
Figura 4.5 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de coquinas (GC-2) no sistema
de saturação óleo – água ................................................................................................................ 58

xix
Figura 4.6 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de coquinas (GC-4) no sistema
de saturação óleo – água ................................................................................................................ 59
Figura 4.7 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de coquinas (GC-6) no sistema
de saturação óleo – água ................................................................................................................ 59
Figura 4.8 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação das amostras GC-2, GC-4, GC-6 no
sistema de saturação óleo – água. .................................................................................................. 60
Figura 4.9 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de dolomito (GD-1) no sistema
de saturação ar – água .................................................................................................................... 61
Figura 4.10 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de dolomito (GD-4) no
sistema de saturação ar – água....................................................................................................... 62
Figura 4.11 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de dolomito (GD-7) no
sistema de saturação ar – água....................................................................................................... 62
Figura 4.12 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação das amostras GD-1, GD-4 e GD-7 no
sistema de saturação ar – água....................................................................................................... 63
Figura 4.13 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de dolomito (GD-2) no
sistema de saturação óleo – água ................................................................................................... 64
Figura 4.14 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de dolomito (GD-3) no
sistema de saturação óleo – água ................................................................................................... 65
Figura 4.15 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de dolomito (GD-8) no
sistema de saturação óleo – água ................................................................................................... 65
Figura 4.16 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação das amostras GD-2, GD-3 e GD-8 no
sistema de saturação óleo – água ................................................................................................... 66
Figura 4.17 – Distribuição porosa de raios de garganta da rocha de coquinas GC-1 .................... 67
Figura 4.18 – Distribuição porosa de raios de garganta da rocha de dolomito GD-7 ................... 67
Figura 4.19 – Ajuste das curvas de RMN vs. MICP da rocha de coquinas GC-1 ......................... 69
Figura 4.20 – Ajuste das curvas de RMN vs. MICP da rocha de dolomito GD-7 ........................ 69
Figura 4.21 – Resultados das curvas de RMN e MICP da rocha de dolomito (GD-7) ................. 70
Figura 4.22 – Resultados das curvas de RMN e MICP da rocha de coquina (GC-1) ................... 71
Figura 4.23 – Fator de cimentação das rochas de coquina ............................................................ 72
Figura 4.24 – Fator de cimentação das rochas de dolomito .......................................................... 73

xx
Figura 4.25 – Expoente de saturação das rochas de coquinas no sistema de saturação ar – água 75
Figura 4.26 – Expoente de saturação das rochas de coquinas no sistema de saturação óleo – água
....................................................................................................................................................... 75
Figura 4.27 – Expoente de saturação das rochas de coquinas nos sistemas de saturação ar – água e
óleo – água. .................................................................................................................................... 76
Figura 4.28 – Expoente de saturação das rochas de dolomito no sistema de saturação ar – água 78
Figura 4.29 – Expoente de saturação das rochas de dolomito no sistema de saturação óleo – água
....................................................................................................................................................... 78
Figura 4.30 – Expoente de saturação das rochas de dolomito nos sistemas de saturação ar – água
e óleo – água. ................................................................................................................................. 79

xxi
xxii
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Lista de equipamento utilizados para o presente projeto .......................................... 35


Tabela 4.1 – Dimensões e massa das amostras (antes e após a limpeza) ...................................... 52
Tabela 4.2 – Resultados da petrofísica básica ............................................................................... 53
Tabela 4.3 – Densidade dos fluidos ............................................................................................... 53
Tabela 4.4 – Rotações e Saturações das rochas de coquinas GC-1, GC-3 e GC-5 ....................... 54
Tabela 4.5 – Rotações e Saturações das rochas de coquinas GC-2 e GC-4 .................................. 57
Tabela 4.6 – Rotações e Saturações das rochas de dolomito GD-1, GD-4 e GD-7 ...................... 60
Tabela 4.7 – Rotações e Saturações das rochas de dolomito GD-2, GD-3 e GD-8 ...................... 63

xxiii
xxiv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

API American Petroleum Institute


θ Ângulo de contato
Área da secção transversal
Campo elétrico
Campo magnético de 90º
Campo magnético de 180º
CPMG Carr-Purcell-Meiboom-Gill
Comprimento
Corrente elétrica
GC Coquinas
Densidade de corrente
d Diâmetro
Diferença de pressão aplicada
Diferencial de potencial
GD Dolomitos
Gs Energia livre de superfície
Expoente de Saturação
Fator de Cimentação
FF Fator de Formação
a Fator de tortuosidade
FRIM Fast Resistivity Index Measurements
Frequência
Força de saída
Força de entrada
M (t) Intensidade do sinal
Índice de Resistividade
( ) Magnetização

xxv
Magnetização de equilíbrio
TAU Metade do tempo entre ecos
Momento magnético intrínseco
RMN Ressonância Magnética Nuclear
Permeabilidade
Porosidade
r Raio
Razão giromagnética
Resistividade da Rocha totalmente saturada
Resistividade da Salmoura
Resistividade da Rocha a uma determinada saturação
Resistência elétrica
Resistividade elétrica
Saturação de Salmoura
Saturação de Óleo
Tempo de relaxação longitudinal
Tempo de relaxação transversal
Temperatura ambiente
Temperatura de medição
Tempo de relaxação transversal bulk
Tempo de relaxação transversal de superfície
Tempo de relaxação transversal de difusão
σ Tensão superficial
t Tempo
Trabalho
Vazão
Variação de volume
ΔGs Variação de energia livre de superfície
Viscosidade

xxvi
Volume total
Volume poroso

xxvii
xxviii
1 INTRODUÇÃO

Classificar e denominar rochas carbonáticas sempre foi um grande desafio da sedimentologia


dos carbonatos. A complexidade e a variabilidade dessas rochas, além da forte ação da diagênese,
sempre dificultaram a criação de uma classificação que abrangesse todo o espectro de rochas
carbonáticas existentes (Terra et al 2009).
Antes da primeira descoberta comercial de petróleo na bacia de Campos, a produção de
petróleo no Brasil era exclusiva de reservatórios formados por rochas siliciclásticas. Em 1974, a
PETROBRAS descobriu uma reserva de petróleo em um reservatório de calcarenitos, que hoje se
conhece como o campo de Garoupa. Posteriormente, as descobertas dos campos Tubarão, Coral e
Caravela na bacia de Santos, em reservatórios de rochas carbonáticas, aumentaram as
expectativas de se encontrar uma importante bacia petrolífera na margem leste brasileira, o que
foi confirmado pela descoberta dos campos Mexilhão, Tupi e Júpiter (Bizzi et al 2003). Esta
grande bacia petrolífera, conhecida como pré-sal, é composta principalmente por reservatórios
carbonáticos e expande-se pelas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo (Costa e Poiate,
2008).
Em rochas siliciclásticas, a permeabilidade e porosidade são controladas principalmente pela
textura primária deposicional, enquanto nos carbonatos a textura diagenética é determinante para
a distribuição das propriedades petrofísicas, resultando em um sistema poroso com alta variação,
devido aos intensos processos de dissolução, recristalização e cimentação que afetam os
carbonatos desde a diagênese inicial (Lucia, 2007).
A saturação de fluidos em reservatórios é convencionalmente determinada pelas medidas de
resistividade elétrica, utilizando a lei de potência de Archie, com um expoente de saturação
padrão (n). No entanto, medidas em testemunhos mostram que os valores de n podem variar
significativamente e dependem da saturação de água, da molhabilidade e da morfologia da rocha.
O comportamento anormal das curvas de resistividade elétrica frequentemente está relacionado à
molhabilidade ao óleo ou à morfologia porosa (Toumelin e Verdín, 2005). Sendo assim, é
necessária uma avaliação mais detalhada do comportamento destas curvas, levando em

1
consideração outros fatores que influenciam seus resultados e integrando outras ferramentas de
caracterização, diminuindo o número de incertezas relacionadas aos fenômenos físicos do fluido
no meio poroso.
Desde a descoberta do fenômeno no final da década de 40, a Ressonância Magnética
Nuclear (RMN) vem se consolidando como um dos métodos indiretos mais importantes para a
caracterização de propriedades petrofísicas de rochas reservatório, e também de seus fluidos de
saturação (Kleinberg e Jackson, 2001).
Parte da importância da perfilagem por RMN na avaliação de formações reside na grande
quantidade de respostas que a ferramenta é capaz de fornecer, principalmente quando comparada
aos perfis tradicionais (Ellis e Singer, 2008). Essa característica, aliada à simplicidade, rapidez de
execução e ao caráter não destrutivo da análise, explica parte do seu notável crescimento como
ferramenta laboratorial.
A porosimetria por intrusão de mercúrio (MICP) foi proposta por Washburn (1921), que
sugeriu obter a distribuição de poros a partir da intrusão de um determinado volume de mercúrio
no meio poroso em determinadas pressões. Com base nesta sugestão, vinte e quatro anos depois,
Drake e Riter (1945) publicaram os primeiros trabalhos referentes à porosimetria de mercúrio,
descrevendo a construção e operação do equipamento e apresentando um grande número de
dados experimentais. Estas publicações são referências para todos os desenvolvimentos de
trabalhos posteriores que empregaram a técnica de porosimetria de mercúrio (Mata, 1998).
A MICP fornece como dados de saída, diversos parâmetros, como permeabilidade,
porosidade, fator de tortuosidade, fator de condutividade, volume de poros totais, entre outros,
tendo como um dos mais importantes, a distribuição de garganta de poros.
A principal contribuição deste trabalho de pesquisa é a integração dos resultados obtidos a
partir das técnicas de resistividade elétrica, RMN e MICP, permitindo uma melhor avaliação e
compreensão da estrutura porosa das rochas carbonáticas, alvo deste estudo. As rochas foram
dessaturadas em dois sistemas de saturação: ar – água e óleo – água, nos quais foram realizados
passos de dessaturação utilizando uma centrífuga de alta rotação. A cada passo de dessaturação,
testes de RMN e medidas de resistividade foram realizados. Como última etapa das análises, as
rochas foram submetidas a testes de MICP. Os resultados de RMN em paralelo com os de MICP
e as curvas geradas a partir da resistividade elétrica, forneceram uma melhor avaliação do sistema

2
poroso das rochas, fornecendo dados complementares e fundamentais à petrofísica básica e
avançada.

1.1 Motivação e Objetivos

Atualmente, o conhecimento das propriedades petrofísicas das rochas carbonáticas para a


engenharia de petróleo é um grande desafio, tornando-se imprescindível a caracterização
detalhada destas rochas. Diversas técnicas e ferramentas estão sendo exploradas para
compreender a estrutura porosa dos carbonatos. Rochas carbonáticas possuem grande
complexidade em sua estrutura porosa, dificultando as estimativas de suas reservas. Devido à
variação da estrutura porosa em carbonatos, algumas propriedades tais como a resistividade,
sofrem muitas variações em seus resultados, uma vez que este parâmetro está diretamente
relacionado à estrutura porosa do meio. Diante deste contexto, o desafio da presente pesquisa foi
investigar a particularidade de diferentes tipos de rochas carbonáticas, uma vez que é alvo de
interesse no cenário atual. O objetivo principal do presente trabalho é caracterizar rochas de
afloramento de coquinas e dolomitos com características petrofísicas semelhantes às do pré – sal
brasileiro, integrando três metodologias: a Resistividade Elétrica, a Ressonância Magnética
Nuclear (RMN) e a Porosimetria por Intrusão de Mercúrio (MICP). O trabalho apresenta
resultados a partir da integração de três metodologias distintas para compreender a estrutura
porosa de rochas carbonáticas; uma vez que são ferramentas robustas capazes de auxiliar a
compreensão da estrutura porosa e minimizar assim, as incertezas nas estimativas das reservas de
óleo.

1.2 Organização da dissertação

A dissertação está dividida em seis capítulos. O Capítulo 1 refere-se a introdução,


motivação, objetivos e organização do trabalho. O Capítulo 2 aborda os fundamentos teóricos
envolvidos e aplicados para o desenvolvimento da pesquisa. A abordagem envolve a descrição

3
das rochas carbonáticas e das propriedades petrofísicas, bem como as diferentes técnicas
empregadas: Resistividade Elétrica, RMN, MICP e Centrífuga de rochas. O Capítulo 2 apresenta
uma abordagem da evolução histórica da integração das técnicas apresentadas. No Capítulo 3
encontram-se os materiais e a metodologia empregados na realização dos experimentos. Os
resultados e discussões obtidos a partir da condução do trabalho experimental são mostrados no
Capítulo 4. Já o Capítulo 5 traz as conclusões. O Capítulo 6 as sugestões de trabalhos futuros.
Para finalizar a dissertação as referências bibliográficas utilizadas como apoio para o
desenvolvimento deste trabalho.

4
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo são apresentados aspectos teóricos sobre os diferentes tipos de rochas
carbonáticas, a descrição das propriedades petrofísicas e das diferentes técnicas de medição
empregadas, bem como os trabalhos relevantes sobre as metodologias de Resistividade Elétrica,
Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e Porosimetria por Intrusão de Mercúrio (MICP) que
foram utilizadas neste experimento para a caracterização das rochas carbonáticas. O capítulo é
finalizado com uma abordagem histórica do emprego das três técnicas como forma de integrá-las
de modo a auxiliar a compreensão do meio poroso dos carbonatos.

2.1 Carbonatos

As impressionantes descobertas de petróleo em rochas carbonáticas na denominada seção


Pré – Sal e também em carbonatos albianos na margem continental brasileira criaram a
necessidade do desenvolvimento de uma classificação que melhor denominasse essas ocorrências
(Terra et al 2009).
Em rochas siliciclásticas, a permeabilidade e porosidade são controladas principalmente
pela textura primária deposicional, enquanto nos carbonatos a textura diagenética é determinante
para a distribuição das propriedades petrofísicas, resultando em um sistema poroso com alta
variação, devido aos intensos processos de dissolução, recristalização e cimentação que afetam os
carbonatos desde a diagênese inicial (Lucia, 2007).
As rochas carbonáticas se diferem dos arenitos em quase todos os aspectos: origem dos
sedimentos, deposição, diagênese, reatividade química, preenchimento de óleo e evolução. Os
carbonatos são formados no interior da própria bacia de deposição (são autóctones, enquanto os
arenitos são alóctones), e isso acontece principalmente como consequência da ação biogênica e
da precipitação de material a partir de águas superficiais. Assim, mais de 90% dos sedimentos
carbonáticos têm origem biológica e são formados em ambiente marinho, com distribuição

5
diretamente controlada por parâmetros ambientais que favorecem o crescimento de organismos
(Rompato, 2013).
Outro sistema de classificação toma como base a textura deposicional da rocha carbonática,
isto é, o tipo e a relação entre os grãos que a compõem. Porém, como essas rochas são
heterogêneas e suscetíveis a alterações de ordem física e química (chamados processos
diagenéticos), muitas vezes pode ser difícil identificar sua categoria. Dunham (1962) divide os
carbonatos em sedimentos organicamente consolidados (ligados) e sedimentos não consolidados
(não ligados); as rochas são classificadas primeiramente em suportadas pela matriz ou por grãos e
a segunda classificação é suportada pela quantidade de lama na matriz. A Figura 2.1 mostra a
classificação detalhada segundo Dunham (1962) apud Terra et al (2009).

Figura 2.1 – Classificação segundo Dunham (1962) (Adaptado de Dunham 1962 in Terra et al
2009)

A seguir é apresentada uma breve descrição de dois tipos de rochas carbonáticas: coquinas
e dolomitos.

6
2.1.1 Coquinas

Reservatórios formados por coquinas não são frequentemente encontradas no registro


geológico. As coquinas são rochas essencialmente formadas por estruturas reliquiares,
fragmentadas ou preservadas, de organismos invertebrados secretores de carbonato, como
moluscos, corais e artrópodes (Schaffer, 1952).
A Formação Morro do Chaves é composta por espessas camadas de coquinas, rochas
essencialmente formadas por estruturas reliquiares de organismos bivalves. Reservatórios
constituídos destas rochas ocorrem na margem leste brasileira e na margem oeste da África, com
deposição relacionada à fase rifte das bacias durante a abertura do Oceano Atlântico, no Cretáceo
Inferior. Com as recentes descobertas de reservatórios barremianos/aptianos pertencentes à fase
rifte da Bacia de Santos, observa-se a necessidade de estudos que contribuam para a interpretação
e caracterização destes reservatórios (Belila, 2014).

2.1.2 Dolomitos

Os Dolomitos empregados no presente trabalho são rochas sedimentares carbonáticas


compostas por cristais de dolomita e calcita, da formação Silurian, originárias da região de
Thornton nos Estados Unidos. Segundo Carvalho (2012), estes dois minerais formam misturas
naturais e contínuas, no qual, petrograficamente se reúnem na série denominada calcário –
dolomito; sendo que seus cristais apresentam um formato romboédrico.
De modo geral, quando os carbonatos são compostos predominantemente pelo mineral
calcita (CaCO3), são denominados calcário; se o mineral predominante for dolomita
(CaMg(CO3)2), os carbonatos recebem a denominação de dolomitos. Cabe ressaltar que a
dolomita é produto de alteração, não sendo depositada primariamente (Rompato, 2013).
Pettijohn (1975) apud Chilingarian et al (1992) classificam a mistura de calcita e dolomita
em: calcário puro (quando a rocha contém mais de 90% de calcita); calcário dolomítico (quando
contém entre 10 a 50% de dolomita); dolomito calcítico (quando contém de 50 a 90% de
dolomita) e dolomito (quando a rocha possui mais de 90% de dolomita).

7
Segundo a classificação apresentada por Dunham (1962), os dolomitos se enquadram na
classificação de rocha carbonática totalmente dolomitizada, não sendo possível identificar sua
textura deposicional.
Os diferentes tipos de rochas carbonáticas apresentam uma grande variação em termos das
propriedades petrofísicas tais como, porosidade e permeabilidade. A seguir aspectos teóricos
referentes à porosidade e permeabilidade são apresentados.

2.2 Porosidade

Segundo Rosa et al (2006) a porosidade é uma das mais importantes propriedades das
rochas na engenharia de reservatórios, já que ela mede a capacidade de armazenamento de
fluidos. A porosidade é definida pela equação (2-1) como a relação do volume poroso ( ) pela
porosidade total ( ).

(2-1)

A porosidade pode ser classificada como absoluta ou efetiva. Porosidade absoluta


contempla todos os poros da rocha (poros interconectados e poros isolados), já a porosidade
efetiva apenas os poros interconectados. No entanto, a porosidade efetiva vai ser menor ou igual à
porosidade total dependendo da quantidade de poros isolados na rocha. Do ponto de vista da
engenharia de reservatórios, o que importa é a porosidade efetiva não a porosidade total.
A porosidade também pode ser classificada em primária ou secundária. A porosidade
primária é aquela que se desenvolveu durante a deposição do material sedimentar. Exemplos de
porosidade primária é a porosidade intergranular dos arenitos e as porosidades intercristalína e
oolítica de alguns calcários. A porosidade secundária é aquela resultante de alguns processos
geológicos subsequentes à conversão dos sedimentos em rochas. Exemplos de porosidade
secundária ou induzida são dados pelo desenvolvimento de fraturas, como as encontradas em

8
arenitos, folhelhos e calcários e pelas cavidades devido à dissolução de parte da rocha,
comumente encontradas em calcários (Rosa, 2006).
Em carbonatos, a porosidade primária é aquela resultante da deposição original da rocha
(acumulações de conchas e recifes e calcários oolíticos). Há ainda os calcários e dolomitos
clásticos, resultantes da acumulação de grãos provenientes de rochas carbonáticas mais velhas.
Devido à deposição de calcita ou dolomita de soluções e à recristalização, essa porosidade
original é grandemente reduzida.
A porosidade em rochas carbonáticas geralmente é secundária devido aos processos de
solução, dolomitização e fraturamento. O mais importante deste processo é a solução, no qual a
calcita ou a dolomita é lixiviada por águas subterrâneas, resultando em cavidades com dimensões
variando desde minúsculos poros até gigantescas cavernas.
Os fatores que influenciam na variação da porosidade das rochas são: a forma dos grãos
(esfericidade e arredondamento), grau de seleção (quanto melhor a seleção das partículas, maior
será a porosidade), empacotamento, compactação (reduz a porosidade), cimentação (reduz a
porosidade), dissolução (aumenta a porosidade secundária), e grau de conectividade dos poros.

2.3 Permeabilidade

A permeabilidade é a capacidade de um fluido fluir em um meio poroso. Pode-se pensar


de forma análoga a condutores elétricos, a permeabilidade representa o inverso da resistência que
o material oferece ao fluxo de fluidos (Rosa, 2006).
Pode-se caracterizar a permeabilidade como absoluta, efetiva ou relativa. A primeira
simbolizada por k, que consiste numa característica intrínseca do meio poroso, sendo o parâmetro
empregado para calcular a vazão quando há um único fluido saturando a rocha. No caso em que
dois ou mais fluidos saturam o meio poroso, a capacidade de escoamento de uma fase fluida em
presença das outras é denominada permeabilidade efetiva do meio ao fluido considerado. Por
causa dessa definição, a permeabilidade efetiva a um determinado fluido assume valores de zero
(ausência de fluxo) a k (quando o meio poroso está 100% saturado com esse fluido). Por último, a

9
permeabilidade relativa é a razão entre a permeabilidade efetiva e a permeabilidade absoluta do
meio, podendo variar de 0 a 1.
A equação que rege esta propriedade foi desenvolvida por Henry Darcy (1856) que fez
algumas considerações como a de simplificar o meio poroso, considerando-o como um feixe de
capilares. O escoamento viscoso e laminar através de um capilar é regulado pela equação de
Poiseuille, que trata o fluido como um conjunto de superfícies cilíndricas concêntricas movendo-
se com velocidades distintas e, por conseguinte, exercendo forças viscosas umas sobre as outras
Pelo equacionamento apresentado por Darcy tem-se:

(2-2)

Assim, segundo equação (2-2), Q é a vazão do fluido, μ a viscosidade do fluido, L o


comprimento do meio poroso, A área da seção transversal ao escoamento e ΔP é a diferença de
pressão aplicada.

2.4 Resistividade Elétrica

Em condutores metálicos, a condução de corrente elétrica ocorre devido ao deslocamento


de elétrons, partículas carregadas negativamente, quando um campo elétrico é aplicado. No solo e
em rochas a condução elétrica pode ocorrer devido a diferentes fenômenos de condução: (i) a
eletrônica, (ii) a eletrolítica e (iii) a dielétrica. A condução eletrônica ocorre em condutores e
obedece à lei de Ohm, por esse motivo também recebe a denominação de condução Ôhmica
(Miranda Neto, 2002).
A condução eletrolítica ocorre pelo deslocamento de carga originada pela migração de
íons. Esse tipo de condução ocorre em soluções eletrolíticas na presença de um campo elétrico.
Como existem íons dissolvidos nos interstícios do solo, a condução eletrolítica é, em geral, a que
tem mais influência sobre a condutividade total do solo (Weemes, 1990).
O último tipo de condução elétrica que pode ocorrer em um meio poroso é a dielétrica que
ocorre em materiais pouco condutores quando é aplicado um campo elétrico variável no tempo.

10
Essa condição pode promover a polarização de algumas moléculas ou então de pequenos
conglomerados de solo (Weemes, 1990).
A resistência (R) é uma característica do meio como um todo, ou seja, depende do
comprimento, da espessura e do material de que a rocha é constituída. Por outro lado, a grandeza
resistividade (ρ) é uma propriedade específica dos materiais e depende de características
microscópicas intrínsecas. Essa grandeza informa como é a resposta microscópica do meio, ou
seja, qual é a densidade de corrente J quando o meio é sujeito a um campo elétrico (E) (Hayth, e
Buck, 2001).
A aplicação de uma diferença de potencial elétrico (V) em uma rocha resulta em uma
corrente elétrica (I). A resistência elétrica R entre dois pontos quaisquer de um condutor é
definida pela equação (2-3).

(2-3)

Para o caso de uma rocha com comprimento l e seção reta de área A, tem-se:

(2-4)

(2-5)

A resistividade elétrica é uma propriedade dos materiais que quantifica a relação que
existe entre o campo elétrico E a densidade de corrente que percorre a unidade de volume
desse material, de acordo com a Lei de Ohm:

(2-6)

11
Combinando-se as equações as equações (2-4), (2-5) e (2-6) tem-se a relação
representada na equação (2-7):

(2-7)

Esta relação está diretamente relacionada à temperatura como pode ser visualizada na
equação (2-8).

(2-8)
( )

Como já apresentado anteriormente, a rocha é um material heterogêneo constituído por


uma fase sólida (matriz) e por uma fase líquida ou gasosa que preenche seus poros. Desta forma,
o comportamento elétrico da rocha vai depender de fatores como resistividade intrínseca da
matriz, a porosidade, a textura e distribuição dos poros, a resistividade do líquido intersticial e os
processos que ocorrem nas superfícies de contato entre a matriz e as fases fluidas.

2.4.1 Fator de Formação (FF) e Fator de Cimentação (m)

Archie (1942) apresentou em seu trabalho a equação para determinação do fator de


formação (FF), na qual mostra a relação entre a resistividade da formação totalmente preenchida
com salmoura ( ) e a resistividade desta mesma salmoura ( ), como pode ser verificada na
equação (2-9). A partir da relação entre o Fator de Formação e a porosidade é possível obter o
Fator de Cimentação (m), apresentado na equação (2-10). Esta equação apresenta também o fator
de tortuosidade (a), uma constante utilizada para corrigir os efeitos da estrutura porosa, tamanho
de grãos e compactação da rocha. Segundo Archie (1942), o fator de tortuosidade é fixado em 1
para simplificações nas equações matemáticas e os valores determinados para os arenitos foram
de m=2. Na indústria de óleo e gás assume-se como padrão valores de m=2, no entanto, esta
padronização pode gerar estimativas errôneas de reserva de óleo e água nos reservatórios.

12
(2-9)

(2-10)

O parâmetro m está relacionado à conectividade dos poros, forma dos grãos, espessura da
superfície da rocha, tortuosidade, entre outros fatores. O fator de cimentação (m) apresenta
efeitos significativos na condução de corrente elétrica em meios porosos. Esta propriedade
depende da forma, do tipo e do tamanho de grãos; do tamanho de gargantas de poros e do
tamanho e número de poros isolados (poros sem conexão). O fator de cimentação não é uma
constante e sim uma variável dependente de vários parâmetros físicos, indicando redução no
número e tamanho de poros abertos, ou redução da conectividade destes poros (Salem e
Chilingarian, 1999).
Focke e Munn (1987) realizaram testes de resistividade elétrica com diversas rochas
carbonáticas, comparando os valores de fator de cimentação das amostras. Os resultados obtidos
a partir desta pesquisa mostraram que rochas com porosidade mais baixas e com maiores valores
de tortuosidade apresentaram uma menor conectividade entre seus poros com valores de m
superiores a 2.
Salem e Chilingarian (1999) apresentaram em seu trabalho o estudo da resistividade elétrica
em diversos tipos de rochas, inclusive rochas carbonáticas, encontrando valores diferentes para o
fator de cimentação, justificando que o fator de Archie possui forte dependência da estrutura
porosa e de sua tortuosidade (que está relacionada à conectividade dos poros).

2.4.2 Índice de Resistividade (IR) e Expoente de Saturação (n)

Em 1942, Archie desenvolveu uma equação que correlacionava a porosidade de uma rocha
com sua capacidade de condução de corrente elétrica, sendo que esta correlação poderia ser usada

13
para estimar a saturação de água dentro de uma rocha porosa. Segundo Archie (1942), o estudo
da resistividade das formações é a base para detectar as quantidades de óleo ou gás em um
reservatório. O Índice de Resistividade (IR) é a relação entre a resistividade elétrica da rocha a
uma determinada saturação de salmoura ( ) e a resistividade elétrica desta rocha 100% saturada
com salmoura ( ), apresentado na equação (2-11). A partir desta relação, o autor apresentou
outra correlação, em que, a partir da relação entre o Índice de Resistividade com a saturação da
rocha, encontrou-se o Expoente de Saturação (n). Este parâmetro representa a interação da rocha
com o fluido, isto é, apresenta a tendência que a rocha tem em ser molhável ao óleo ou molhável
à água como pode ser verificada na equação (2-12).

(2-11)

(2-12)

Anderson (1986) estudou o efeito da molhabilidade nos parâmetros de Archie, o expoente


de saturação (n) e fator de cimentação (m) experimentalmente. Em rochas molháveis a água, os
valores de expoente de saturação (n) foram próximos a 2,0, já em rochas com forte tendência a
serem molháveis ao óleo os valores foram superiores a 2,0, chegando até valores de 10,0. O autor
conclui que, em baixas saturações, o expoente de saturação - para rochas molháveis ao óleo - teve
aumento significativo, pois o óleo isola a água, interrompendo o fluxo de corrente elétrica pela
rocha.
Worthington et al (1989) realizaram o estudo do efeito da microporosidade na estimativa da
saturação em rochas e chegaram à conclusão que os valores do expoente de saturação
determinados em sistema de saturação ar – água são influenciados pelo tamanho de poros e sua
distribuição. Esta variação é mais pronunciada em estruturas microporosas.
Longeron et al (1989) realizaram experimentos com rochas de arenito e carbonatos de
quatro reservatórios diferentes, analisando as curvas de índice de resistividade. As medidas foram
realizadas em condições de reservatório. O processo de dessaturação foi realizado segundo a
técnica da membrana porosa. Os eletrodos foram utilizados na configuração de 4 eletrodos. Os
fluidos deslocantes utilizados neste experimento foram óleo refinado e óleo cru. O expoente de

14
saturação apresentou alterações anormais devido à molhabilidade da rocha e de sua estrutura
porosa.
Sprunt et al (1990) apresentam resultados das medidas de resistividade elétrica realizados
por 25 laboratórios. As rochas utilizadas nos experimentos foram arenitos e carbonatos com
grande variação de porosidade e permeabilidade. A dessaturação foi realizada em uma centrífuga
de alta rotação para o sistema de saturação ar – água. A solução salina utilizada foi a salmoura
sintética de NaCl. As operações foram realizadas tanto em condições ambientes, como em
condições de reservatório. As curvas de resistividade elétrica foram obtidas na configuração de 2
eletrodos e 4 eletrodos.
De Waal et al (1991) apresentam as medidas de resistividade elétrica comparando
diversas técnicas de dessaturação das rochas para obtenção das curvas de índice de resistividade
versus saturação. Este estudo afirma que a técnica da membrana porosa garante resultados
válidos, porém é mais sensitiva e demanda alto tempo para sua execução.
Sharma et al (1991) apresentaram, em seus experimentos, medidas de resistividade elétrica,
no qual os autores afirmam que a molhabilidade das rochas tem uma profunda influência no
comportamento das rochas parcialmente saturadas. Rochas com molhabilidade ao óleo têm altos
valores do expoente de saturação (n). Melhores conectividades entre os poros tendem a
minimizar os efeitos da molhabilidade.
Purpich et al (1992) apresentaram resultados das curvas de índice de resistividade em
rochas de arenito em condições ambiente e em condições de reservatório, utilizando uma solução
salina de NaCl e empregando a técnica da membrana porosa, na configuração de 4 eletrodos. Os
autores inferem que a descontinuidade causada nas curvas de IR vs. Sw ocorre devido ao ar
romper o filme de água que conduz a corrente elétrica dentro da rocha durante a dessaturação.
Além disso, os autores afirmam que as descontinuidades causadas nas curvas (comportamento
não linear na escala log – log) não possuem relação com suas estruturas porosas.

15
2.5 Ressonância Magnética Nuclear (RMN)

A ressonância magnética nuclear é um fenômeno físico utilizado para investigar


propriedades dos materiais. Trata-se de uma técnica não destrutiva, que se baseia na irradiação
sobre o núcleo atômico empregando ondas de rádio em um ambiente com um campo magnético
constante. Hoje, equipamentos de RMN possuem aplicações diversas, como na medicina, em
ciência dos materiais, na química orgânica e na caracterização de reservatórios de petróleo.
A aplicação de RMN para a exploração de óleo é recente. O início das atividades nesse
ramo teve um começo acanhado nos anos 50, por cientistas pioneiros de empresas como Mobil,
Exxon, Shell, Texaco e Chevron. Já na década de 60, ferramentas de registro de RMN foram
construídas, mas não ganharam grande popularidade devido a várias limitações, uma delas em
decorrência da utilização do próprio campo magnético da Terra para gerar os sinais de
ressonância. Apenas no início de 1990, ferramentas de registro de RMN pulsado foram
introduzidas no mercado e ganharam uma ampla aceitação pela indústria do petróleo. Desde
então, numerosas aplicações evoluíram junto com melhorias significativas dos instrumentos,
possibilitando aos usuários a obtenção de informações não só sobre os fluidos nas rochas, mas
também sobre a malha porosa: estimativas de porosidade, determinação da saturação irredutível
de água, previsão de permeabilidade, tipo de hidrocarboneto, estimativa de viscosidade do óleo,
estimativa de óleo residual e a distribuição do tamanho de poros, entre outros (Treitel e Helbig,
2002).
Medidas de RMN podem ser feitas em qualquer núcleo que possua um número ímpar de
prótons ou nêutrons ou ambos, como o hidrogênio (1H), o carbono (12C) e o sódio (23Na). Para a
maioria dos núcleos encontrados nas formações de reservatórios, o sinal de RMN induzido por
um campo magnético externo é muito pequeno para ser detectado, exceto para o hidrogênio, que
possui apenas um próton e nenhum nêutron. Este elemento produz uma resposta forte porque é
abundante na água e nos hidrocarbonetos, além de possuir um momento magnético relativamente
elevado (Coates et al 1999).
Em linhas gerais, além de massa e carga elétrica, muitos núcleos atômicos também
possuem outras duas propriedades fundamentais: um momento magnético intrínseco (μ) e um

16
momento angular intrínseco (spin), ambos grandezas vetoriais. Um exemplo abundante na
natureza que pode ser modelado dessa forma é o átomo de hidrogênio.
Quando muitos átomos de hidrogênio estão presentes e não há influência de nenhum campo
magnético externo, os eixos de spin estão aleatoriamente distribuídos. Assim, segundo Coates et
al (1999), primeiramente para realizar uma medida de RMN é necessário submeter os núcleos
dos átomos a um campo magnético externo constante (B0), alinhando-os.
Quando B0 é aplicado em um núcleo magnético, este exerce um torque na partícula (μ x
B0), o qual atua no sentido de alinhar o eixo de spin com o eixo de B0. O eixo de spin irá
precessar ao redor do eixo do campo magnético B0, assim como o movimento de giro de um pião
ao redor do campo gravitacional da terra.
A frequência de precessão (f) é chamada de frequência de Larmor. A frequência de Larmor
da precessão em torno de B0 é uma função direta da intensidade do campo magnético, dada pela
equação (2-13):

(2-13)

Onde γ é a razão giromagnética dos núcleos de hidrogênio, que é uma medida da força do
magnetismo nuclear, sendo uma constante intrínseca de cada isótopo. Para o hidrogênio, γ/2π =
42,58 MHz/Tesla.
A aplicação de RMN pulsada de baixo campo para analisar núcleos de rocha baseia-se na
absorção de energia de rádio frequência (RF) dos spins nucleares dos núcleos de hidrogênio (dos
prótons) em uma amostra, na presença de um campo magnético fixo ou estatístico (B0).
O primeiro passo para a medida de RMN é o alinhamento dos prótons com o campo
magnético externo (B0). Nesta etapa, diz-se que os núcleos estão polarizados. Esta polarização
não ocorre imediatamente, mas sim, cresce exponencialmente com o tempo T1 característico,
conhecido como o tempo de relaxação longitudinal da estrutura de rotação, de acordo com a
expressão apresentada na equação (2-14).

(2-14)
( ) ( )

17
Onde ( ) é a magnetização no tempo t e Mo é a magnetização de equilíbrio.
Ainda, segundo Coates et al (1999), o segundo passo para uma medida de RMN é fazer
com que o vetor de magnetização Mo mude de direção. Assumindo um campo B0 longitudinal,
isso significa mudar Mo para a direção transversal, após a polarização. Esse efeito é obtido pela
aplicação de um campo magnético oscilante (B1), perpendicular a B0. Para que essa mudança de
direção ocorra de maneira eficiente, a frequência de B1 deve ser igual à frequência de Larmor
para os prótons submetidos à B0.
A aplicação de B1 após a polarização faz os prótons precessarem em fase ao redor do eixo
de B1. Essa mudança de estado de energia, dada pela precessão em fase, é chamada de
ressonância magnética nuclear. Em outros termos, a ressonância magnética nuclear é o fenômeno
que ocorre quando os núcleos de certos átomos são imersos em um campo magnético estático e
expostos a um segundo campo de oscilação magnética (Hornak, 2014). Sendo assim, a condição
de ressonância é atingida quando um campo magnético linearmente polarizado B1, aplicado
perpendicularmente a B0, oscila com mesma frequência de Larmor (nB1=nL).
Quando o campo B1 é suspenso, a população de prótons começa a defasar (perde a
coerência de fase) e, conforme esse fenômeno acontece, a magnetização transversal retorna a sua
condição de equilíbrio inicial.
Durante este processo, conhecido como relaxação nuclear, o fluxo magnético produzido
pela componente transversal da magnetização induz uma corrente elétrica numa bobina
posicionada perpendicularmente ao campo B0. O registro da intensidade desta corrente ao longo
do tempo é o sinal de RMN (Machado, 2010). Esse decaimento é usualmente exponencial e é
chamado de free induction decay (FID).
Cada um destes decaimentos FID possui uma constante de tempo característica, chamada
tempo de relaxação spin ou tempo de relaxação transversal (T2), conforme a equação (2-15). A
constante de tempo desse decaimento é muito pequena, da ordem de dezenas de microssegundos.

( ) ( ) (2-15)

18
Onde ( ) é a intensidade do sinal no tempo t e Mo representa a intensidade do sinal no
tempo zero.
Praticamente, um verdadeiro FID pode ser um único exponencial ou uma combinação de
várias curvas de decaimento exponencial. O tempo de relaxação transversal é afetado por muitos
fatores, mas, principalmente, pelo movimento dos átomos e moléculas. Em outras palavras, T2 é
uma medida da mobilidade molecular.
A técnica mais utilizada para a medição do tempo de relaxação T2 é a CPMG, que leva o
nome dos seus inventores Carr-Purcell-Meiboom-Gill. Esta técnica utiliza o mesmo princípio da
refocalização da magnetização.
Segundo Machado (2010), a fim de minimizar o efeito indesejado da heterogeneidade de
Bo utiliza-se um recurso denominado refocalização da magnetização transversal. Neste
procedimento, um pulso 180º, aplicado após o tempo TAU ( ), gira os vetores 180° ao redor do
eixo y. Uma vez que o sentido de rotação e a velocidade angular permanecem inalterados, as
componentes transversais da magnetização recuperam sua coerência de fase num tempo 2TAU,
ou seja, a diferença entre os ângulos de defasagem constituída ao longo de TAU se reduz a zero
(Δɸ=0). A amplitude deste sinal é denominada eco de spin (ou eco de Hahn).
Sendo assim, na técnica de CPMG, depois de aplicar um pulso B1 90° e fazer com que os
prótons se orientem no plano transversal, aplica-se um pulso B1 180°. Se um vetor de
magnetização transversal possui um ângulo de fase alfa, quando o pulso 180° é aplicado, o
ângulo de fase se torna (-) alfa. O efeito disso é que, após a aplicação do pulso 90°, os prótons
começam a precessar em discordância de fase, de modo que os mais rápidos tenham ângulos de
fase maiores e fiquem à frente dos prótons mais lentos. Quando o pulso 180° é aplicado, esses
ângulos de fase se modificam, e os prótons mais lentos passam para uma posição à frente dos
mais rápidos. Assim, com o passar do tempo, essas partículas com maior velocidade alcançam as
demais, aumentando o sinal de magnetização, cujo pico ocorre no instante em que todos os
núcleos voltam a se movimentar em fase. Esse sinal, que é obtido no pico de concordância
recuperada após o pulso 180° é o eco de spin.
Pulsos 180° podem ser aplicados repetidamente para fazer com que os componentes da
magnetização transversal precessem em fase, gerando uma série de sinais de eco de spin. Se um
tempo τ passa entre a aplicação do pulso 90º B1 e o pulso 180º B1, então o mesmo tempo τ irá

19
ocorrer entre a aplicação desse pulso 180º e o pico do eco de spin. Ou seja, o tempo para perder a
fase é igual ao tempo para recuperá-la, e o eco de spin ocorre a 2τ, conforme pode ser observado
na Figura 2.2.

Figura 2.2 – Esquema de aplicação dos pulsos 90º e 180º Coates et al (1999).

Apesar dessa técnica, a perda de fase causada pelas interações moleculares e pela difusão
é irreversível. Assim, a amplitude dos ecos de spin cairá ao longo do tempo, formando um sinal
que pode ser modulado por uma nova curva exponencial, como também pode ser visto na Figura
2.2, por meio da curva em azul. Essa exponencial de decaimento possui constante de tempo T2,
chamada de tempo de relaxação transversal.
Baldwin e Yamanashi (1989) realizam medidas de Ressonância Magnética Nuclear em
passos de dessaturação, no sistema de saturação água – ar em carbonatos e arenitos molháveis a
água. A salmoura utilizada foi uma solução salina sintética de NaCl. Os autores apresentam em
seus resultados a influência da distribuição do fluido dentro da rocha nas medidas de resistividade
elétrica através da metodologia da centrífuga.

Medidas de RMN

Sistemas porosos saturados com fluidos possuem um complexo mecanismo de relaxação,


cujos efeitos se superpõem na exponencial de decaimento. Distinguem-se três mecanismos

20
principais: (i) Relaxação Bulk, equivalente à relaxação intrínseca das moléculas de cada tipo de
fluido; (ii) Relaxação Superficial, equivalente à relaxação das moléculas do fluido que estão
próximas da interface rocha fluido; (iii) Relaxação Difusiva, resultado do movimento difusivo
das moléculas na presença de um gradiente de campo magnético. Estes diferentes mecanismos de
relaxação agem em paralelo sobre a curva de decaimento, seus efeitos sobre o T2 são obtidos pela
equação:

(2-16)

A importância relativa dos três mecanismos depende das características do fluido e do


tamanho dos poros (Machado, 2010). Informações petrofísicas, como porosidade, distribuição de
tamanho de poros, água irredutível e permeabilidade podem ser extraídas das medidas de
relaxação RMN.
Como já exposto, sequências específicas de pulso são usadas para gerar um sinal chamado
de eco de spin, os quais são medidos pela ferramenta de RMN e mostrados num gráfico da
amplitude do sinal vs. tempo. Esse gráfico possui comportamento de decaimento exponencial e a
amplitude inicial é proporcional ao número de núcleos de hidrogênio associados aos fluidos
contidos no espaço poroso dentro do volume analisado pela ferramenta de RMN. Assim, essa
amplitude pode ser calibrada para revelar a porosidade da amostra.
Além disso, em rochas saturadas com água, pode ser provado matematicamente que a
curva de decaimento associada a um único poro será uma exponencial com uma só constante de
decaimento T2 determinada. Essa constante é proporcional ao tamanho do poro, de modo que
poros menores tenham menores valores de T2, enquanto poros maiores têm maiores valores de
T2. Como consequência, o decaimento do eco de spin para uma amostra de rocha pode ser
ajustado muito bem por um conjunto de exponenciais, cada uma com uma constante de
decaimento T2. Esses vários valores de T2 formam o espectro do tempo de relaxação transversal.
Utilizando o processo matemático de inversão, a curva de eco de spin vs. tempo é
convertida para a distribuição de T2. A área sob essa segunda curva é igual à porosidade da
amostra. Essa distribuição irá refletir a porosidade quando a rocha está 100% saturada com água.

21
Se hidrocarbonetos estiverem presentes, a distribuição de T2 será alterada, dependendo do tipo do
fluido, viscosidade e saturação.
Cai et al (2013) realizaram testes de RMN em rochas carbonáticas, avaliando o
comportamento estrutural destas rochas a partir dos resultados obtidos. Em função dos diversos
testes realizados, padronizaram-se alguns limites de T2 para classificar as estruturas porosas das
rochas carbonáticas. Valores de T2 > 100 ms são classificados com estruturas macroporosas, 10
ms > T2 > 100 ms estruturas mesoporosas e T2 < 10 ms estruturas microporosas.

2.6 Porosimetria por Intrusão de Mercúrio (MICP)

O comportamento de um líquido, que apresenta a característica de não molhar um objeto


poroso imerso neste líquido, foi primeiro descrito por Washburn em 1921 e a equação básica que
governa este comportamento leva seu nome. A equação é diretamente aplicada ao mercúrio, o
único líquido conhecido que apresenta a característica citada acima (Webb & Orr, 1997).
A maioria dos líquidos penetra nos poros do material poroso devido à capilaridade, que está
relacionada com a geometria da interface líquido-sólido e com o ângulo de contato que o líquido
forma com o sólido. O mercúrio não penetra nos poros de um sólido por ação capilar, para
penetrar nos poros é necessária a aplicação de uma pressão proporcionalmente inversa ao
tamanho dos poros. O mercúrio líquido possui uma alta tensão superficial, ou seja, as forças
moleculares na sua superfície tendem a contrair seu volume dentro de uma forma com menor área
superficial possível (Webb & Orr, 1997).
Na ausência da gravidade ou de outra força externa, os líquidos tendem a assumir uma
forma esférica que possui o menor valor possível da relação área/volume. Se a esfera de um
líquido é deformada por alguma força externa, as moléculas do líquido são conduzidas do interior
da esfera para a sua superfície, de modo a proporcionar um aumento da sua área superficial. Este
processo requer a realização de um trabalho para aumentar a energia potencial das moléculas do
líquido. A variação da energia livre resultante é equivalente à energia livre de superfície (Gs). O
trabalho líquido requerido para alterar a área superficial de uma substância é igual à variação da
energia livre de superfície ΔGs. Uma vez que os processos espontâneos estão associados com a

22
diminuição da energia livre, na ausência de forças externas, o líquido assume espontaneamente
uma forma esférica para minimizar sua área exposta e desta maneira minimizar também sua
energia livre de superfície (Lowell e Shields, 1991).
A tensão superficial σ de uma substância é idêntica à sua energia livre de superfície por
unidade de área, que é igual ao trabalho requerido para alterar a área superficial da esfera do
líquido em 1 cm2. Portanto, σ tem a dimensão de energia por unidade de área e é usualmente
expressa em ergs/cm2 (N/m2 em unidades do S.I.).

2.6.1 Equação de Washburn.

A forma geral da equação de Washburn é apresentada na equação:

( ) (2-17)

Onde r é o raio do poro, é a tensão superficial do Mercúrio, θ é o ângulo de contato


entre o mercúrio e o sólido e P é a pressão.
A equação (2-17) é utilizada nas análises de porosimetria por intrusão de mercúrio. Para
ângulos de contato menores que 90º, o termo cos (θ) é positivo e é negativo, indicando que a
pressão externa deve ser menor que a pressão interna do capilar para que o líquido possa sair
desse capilar. Para ângulos de contato maiores que 90º, o termo cos (θ) é negativo e é
positivo, indicando que uma pressão maior que a pressão ambiente deve ser aplicada no líquido
presente na superfície do sólido para que este penetre nos capilares do sólido (Lowell e Shields,
1991).
De acordo com a equação de Washburn, uma diferença de pressão superior a uma
atmosfera deve ser aplicada sobre os líquidos que não “molham” as superfícies dos materiais para
que este líquido penetre dentro de um capilar de raio suficientemente pequeno. O método de
porosimetria por intrusão de mercúrio requer um vácuo eficiente na amostra para a penetração do
mercúrio nos poros. Como a diferença de pressão através da interface sólido – mercúrio é igual à
pressão aplicada sobre o mercúrio, à equação (2-17) se reduz à equação:

23
( ) (2-18)

Para um poro de seção transversal circular e de raio igual a r, e considerando um líquido


que não “molha” o material, a tensão superficial atua forçando o líquido para fora dos poros do
material. A força desenvolvida devido à diferença das tensões interfaciais, equação (2-19), é o
produto da tensão superficial do líquido pela circunferência do poro (2πr).

(2-19)

Como a tensão interfacial atual tangencialmente ao ângulo de contato θ, a componente da


força empurra o mercúrio para fora dos poros, resultando equação:

( ) (2-20)

A força que dirige o mercúrio para dentro dos poros (Fin) pode ser expressa como o
produto de uma pressão aplicada P e a área transversal do poro em direção oposta a Fout,
conforme:

(2-21)

Em condições de equilíbrio, as equações (2-20), (2-21) são igualadas resultando na


equação de Washburn, representada pela equação (2-18).
Outra forma de se obter a equação de Washburn é a partir do trabalho requerido para
retirar o mercúrio dos poros do material. Devido à sua alta tensão superficial, o mercúrio tende a
não molhar a superfície dos materiais e deve ser forçado a entrar nos poros dos mesmos. Quando
o mercúrio é forçado a penetrar em um poro de raio r e comprimento l, uma quantidade de
trabalho é querida. Esta quantidade de trabalho é proporcional ao aumento da superfície de
parede de poro que entra em contato com o mercúrio. Portanto, assumindo que o poro possui uma
forma cilíndrica, esta quantidade de trabalho é igual a:

24
(2-22)

Como o mercúrio forma um ângulo de contato superior a 90º e menor que 180º com a
maioria dos sólidos, o valor do trabalho requerido é reduzido pelo termo cos (θ), obtendo-se:

( ) (2-23)

Quando um volume de mercúrio ΔV é forçado para dentro de um poro devido a uma


pressão externa P, uma quantidade de trabalho Tr é realizada e pode ser calculada por meio da
equação:

(2-24)

Onde, o sinal negativo implica em um decréscimo do volume de mercúrio. Em condições


de equilíbrio, as equações (2-23) e (2-24) podem ser combinadas e resultar em:

(2-25)
( )

Como o produto P.r é constante, e assumindo que θ e σ também são constantes, a equação
(2-25) mostra que com o aumento da pressão o mercúrio entra progressivamente nos poros do
material. Rearranjando a equação (2-25), obtém-se:

( ) (2-26)

Novamente representa a equação de Washburn (Lowell e Shields, 1991). A equação de


Washburn mostra que poros maiores que 360 μm de diâmetro serão preenchidos com mercúrio
sob uma pressão de 0,0034 MPa quando a tensão superficial do mercúrio for adotada como 0,485

25
N/m a 20ºC e com um ângulo de contato de 130º. Através de pressões maiores os poros menores
podem ser preenchidos (Webb e Orr, 1997).
Abojafer (2009), em seu trabalho estuda a aplicação da técnica do MICP na caracterização
e determinação de diversos parâmetros de reservatórios de rochas carbonáticas localizadas no
norte da África. A distribuição de gargantas de poros e o entendimento destas estruturas também
foram investigados. Outras propriedades petrofísicas destes reservatórios também foram
examinadas por esta metodologia como os diferentes tipos de estruturas porosas (Macroporos,
Mesoporos e Microporos) que puderam ser comparados com os outros resultados petrofísicos
assim podendo ser classificadas.
Ausbrooks et al (1999) apresentaram a caracterização de carbonátos vugs da bacia de
Bohai na China e integrou as metodologias de RMN e MICP. O autor pode comparar a
distribuição porosa de gargantas e de poros apresentado bons resultados e uma boa proporção
entre os mesmos.
Beiranvand (2003) em seu trabalho apresentou o uso da técnica de porosimetria por
intrusão de mercúrio (MICP) na caracterização de rochas carbonáticas de reservatório
determinando a distribuição porosa destas rochas e classificando-as segundo a classificação de
Dunham (1962).
Glorioso et al (2003) apresentaram uma metodologia para integrar duas técnicas distintas,
a Ressonância Magnética Nuclear (RMN) com a Porosimetria por Intrusão de Mercúrio (MICP).
De acordo com a equação (2-27), quando os fluidos que estão na rocha não são gases nem
óleos leves, é possível negligenciar o parâmetro da difusividade, desta forma a equação será
regida apenas pela parcela bulk e surface. Em baixas saturações, próximas ao Swi, o efeito
predominante da equação é o T2Superfície, podendo-se desta forma negligenciar o efeito T2bulk,
assim o equacionamento assume a relação apresentada na equação (2-28):

(2-27)

Como se sabe que:

26
(2-28)
( )

Desta relação pode-se tirar:

(2-29)

Existe uma relação direta entre o tempo de relaxação transversal e o diâmetro de poros
apresentado na equação (2-29). Portanto, segundo Glorioso et al (2003), é possível realizar um
ajuste gráfico e qualitativo entre estas duas técnicas a partir de uma constante para converter T2
em diâmetro de poros (d).

2.7 Método da centrífuga

O método da centrífuga é um dos métodos mais utilizados para a determinação de curvas


de pressão capilar de amostras de rocha reservatório. Por ele, uma amostra porosa inicialmente
saturada com fluido é submetida a regimes de rotação a velocidade angular constante. A ação da
força de campo produzida pela rotação provoca a expulsão do fluido contido na amostra através
de uma das faces e o ingresso de outro fluido pela outra face.
Após transcorrer um lapso de tempo, atinge-se um estado de equilíbrio local entre a força
centrífuga e a força devido à pressão capilar e o deslocamento dos fluidos cessa. Nessa situação
de equilíbrio, no interior da amostra estabelece-se certa distribuição dos fluidos, a qual pode ser
aproximada por um perfil unidimensional de saturação (Hassler e Brunner, 1945).
O ensaio experimental completo compreende uma sequência de etapas como a descrita,
nas quais a velocidade de rotação é incrementada gradativamente. Como resultado do ensaio
dispõe-se de um conjunto de pontos experimentais (pressão capilar, saturação do fluido), sendo
que cada ponto corresponde a uma dada velocidade de rotação considerada no experimento. A
Figura 2.3 apresenta uma curva de pressão capilar típica com a representação dos pontos
experimentais e a curva de pressão capilar. A curva de pressão capilar relaciona valores locais de

27
saturação e de pressão capilar para a amostra de rocha reservatório utilizada em experimentos
(Hassler e Brunner, 1945).

Figura 2.3 – Pontos de pressão capilar vs. Saturação obtidos pela centrífuga. (Adaptado de
Hassler e Brunner, 1945)

Durand & Lenormand (1997) apresentam resultados de medidas de resistividade elétrica


durante a centrifugação. No experimento foi utilizada uma centrífuga de alta rotação adaptada
para operação em condições de reservatório na configuração de 4 eletrodos. As rochas utilizadas
no trabalho foram arenitos Fountainebleau. Segundo os autores, a metodologia de dessaturação
pela centrífuga é válida para obter os parâmetros extraídos das medidas de resistividade elétrica.

28
2.8 Investigação do histórico da integração das técnicas de Resistividade
elétrica, RMN e MICP para caracterização de rochas

Dixon e Marek (1990) apresentaram a integração das técnicas de Resistividade Elétrica e


MICP para estudar os efeitos da estrutura porosa de rochas carbonáticas bimodais nas curvas de
índice de resistividade versus saturação. Os autores concluíram que os baixos valores de n em
baixas saturações estão relacionados à influência de estruturas microporosas.
Agut e Levallois (2000) apresentam a integração das técnicas de RMN e MICP na
caracterização de rochas carbonáticas utilizando a centrifugação como técnica de dessaturação
das rochas. Os autores utilizam para o ajuste das curvas de RMN com MICP o coeficiente de
relaxatividade.
Fleury et al (2002) apresentam em seu trabalho a integração da metodologia de RMN, do
MICP e da resistividade elétrica na caracterização de rochas carbonáticas tanto molháveis à água
quanto ao óleo. O sistema de saturação utilizado neste procedimento foi o sistema de saturação
água – ar e água – óleo, dessaturadas empregando a metodologia Fast Resistivity Index
Measurements (FRIM), em condições ambientes e condições de reservatório. Os autores afirmam
que o comportamento não linear das curvas de IR vs. Sw das rochas pode ser influenciado pela
microporosidade. No entanto, esta estrutura porosa estudada representa apenas 10 % da
porosidade total da rocha no experimento, sendo assim, não influencia diretamente na alteração
das curvas. O comportamento não linear das curvas de IR versus Sw está relacionado à corrente
elétrica seguir caminhos paralelos.
Cerepi et al (2002) apresentam em seu trabalho a integração dos resultados referentes às
medidas de Resistividade Elétrica, RMN e MICP em rochas carbonáticas, utilizando o FRIM
como técnica para obtenção das curvas de índice de resistividade, justificando o comportamento
anormal das curvas em baixas saturações devido a influência da estrutura porosa destas rochas,
no sistema de saturação água – ar.
Glorioso et al (2003) apresentam uma metodologia para integrar o tempo de relaxação
transversal (T2) obtidos a partir do RMN com a distribuição porosa obtida pelo MICP. Esta

29
metodologia converte T2 em diâmetro de poros de gargantas, sendo possível integrar os dois
resultados de forma gráfica.
Han et al (2007) apresentaram a classificação de algumas rochas de arenito e carbonato
integrando as metodologias de Resistividade Elétrica, RMN, MICP, no sistema de saturação água
– ar, dessaturando as amostras através de uma centrífuga de alta rotação adaptada para operar em
condições de reservatório. Em arenitos, os resultados apresentaram um expoente de saturação (n)
próximo a 2 em saturações superiores a 20%. Para baixas saturações um leve desvio na curva de
IR vs. Sw na escala log – log é apresentado em alguns casos. Em carbonatos de porosidade
granular simples, foi observado um comportamento linear das curvas de IR vs. Sw na escala log –
log, com expoente de saturação na faixa de 1,6. Para rochas porosas, geralmente os parâmetros
como o expoente de saturação, são obtidos usando a lei da potência de Archie, com um valor
padrão de expoente de saturação de n=2. No entanto, este expoente varia significativamente e
muitas vezes as curvas de índice de resistividade apresentaram um comportamento não linear na
escala log – log. Para uma amostra molhável à água, a configuração da fase condutiva é função
da porosidade, assim em baixas saturações a água forma caminhos condutivos paralelos para a
corrente elétrica, desta forma, causando desvios negativos nas curvas de índice de resistividade.
O transporte de propriedades, tais quais, condutividade elétrica e permeabilidade, não dependem
apenas da porosidade, mas também, são fortemente sensíveis à conectividade do espaço poroso e
sua micro geometria.
Fleury et al (2007) apresentam a integração das metodologias de ressonância magnética
nuclear (RMN) e porosimetria por intrusão de mercúrio (MICP) para caracterizar rochas
carbonáticas. Através dos resultados obtidos das curvas de RMN e MICP, os autores apresentam
alguns valores de tempo de relaxação transversal (T2) como limites entre as diferentes estruturas
porosas, caracterizando estas rochas de acordo com as suas composições estruturais, sendo elas,
macroporosas, mesoporosas ou microporosas.
Vincent et al (2011) apresentam a integração de várias metodologias inclusive a de RMN e
MICP para classificação da estrutura porosa de rochas carbonáticas com distribuição porosa
multimodal definindo valores de tempo de relaxação transversal (T2) padrões para separar as
estruturas porosas destas rochas. Os autores também afirmam que existem discrepâncias entre os

30
resultados dos ajustes entre o RMN e o MICP, devido a não proporcionalidade entre a
distribuição de poros de gargantas e a distribuição de poros.
Schuab et al (2014) apresentam a caracterização de rochas carbonáticas integrando as
técnicas de RMN e MICP, separando e classificando as estruturas porosas destas rochas.
A integração de diferentes metodologias para compressão da estrutura porosa de
carbonatos tem sido objeto de muitos estudos. O presente trabalho complementa os resultados já
atingidos, e contempla um estudo experimental integrando três metodologias capazes de fornecer
dados relevantes a serem aplicados na engenharia de reservatórios.

31
32
3 MATERIAIS E MÉTODOS

Este capítulo descreve o aparato experimental, detalhando os equipamentos envolvidos e o


procedimento experimental adotado. O desenvolvimento do trabalho foi realizado no laboratório
de métodos miscíveis de recuperação (LMMR), localizado no Centro de Estudos do Petróleo
(CEPETRO), situado na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Como as rochas utilizadas foram 6 plugues de rochas de coquinas Membro Morro do
Chaves, formação Coqueiro Seco, Bacia Sergipe – Alagoas, Brasil, e 6 plugues de rochas de
dolomito Silurian da formação Thornton, provenientes dos Estados Unidos. As coquinas
receberam o prefixo GC e os dolomitos GD.
O procedimento experimental foi realizado segundo as etapas apresentadas no fluxograma
da Figura 3.1, que fornece uma visão geral da execução dos experimentos.
As rochas foram cortadas em formato cilíndrico com dimensão média de 4,6 cm de
comprimento e 3,8 cm de diâmetro. Em seguida as amostras foram limpas, secas e pesadas.
Utilizando-se um permeabilímetro a gás, foi determinada a permeabilidade de cada amostra.
Preparou-se uma solução salina de NaCl de 200 Kppm e as amostras foram saturadas por
embebição espontânea. Com as amostras 100 % saturadas, foram realizadas as primeiras medidas
de resistividade elétrica, e em seguida as primeiras leituras de RMN. Através dos testes de RMN,
foi possível realizar as medidas de porosidade das rochas. Seguindo o fluxograma, as amostras
foram centrifugadas no primeiro passo de dessaturação. Após a primeira centrifugação, as rochas
foram levadas ao resistivímetro e ao RMN e novamente as medidas foram conduzidas nestes
equipamentos. As velocidade de rotação da centrífuga, no decorrer das etapas de dessaturação
variaram de 500 a 7.000 rpm. Ao fim das etapas de dessaturação, as rochas foram limpas, secas e
cortadas em plugues cúbicos com dimensões média 1 x 1 x 1 cm (largura, comprimento e altura)
para posterior investigação da distribuição porosa por meio da porosimetria por injeção de
mercúrio.
A seguir os materiais empregados e uma descrição detalhada de cada etapa do
procedimento experimental são apresentados.

33
Figura 3.1 – Fluxograma do procedimento experimental

3.1 Materiais

Neste item são apresentados os materiais (equipamentos, rochas e fluidos) que foram
utilizados para a condução do trabalho experimental desenvolvido.

3.1.1 Equipamentos

Os equipamentos utilizados neste projeto, bem como suas especificações técnicas estão
listados na Tabela 3.1.

34
Tabela 3.1 – Lista de equipamento utilizados para o presente projeto
Limites de
Equipamentos Marca Modelo
Operação
Máx = 4100 g
Balança Digital Adventurer TM OHAUS Mín = 0,5 g; e =
±0,1 g
Densímetro Anton Paar DMA 4500
Paquímetro Digital Digimess 0,01 mm
Bomba de Injeção Schlumberger 100117101
Estufa Marconi
Agitador Magnético Fisaton
Máx = 99.999Ω
CORETEST
Resistivímetro TEP-701 Mín = 0,00001Ω
SYSTEMS, INC
e=±0,2%.
Dessecador
Máx=200 mS/cm
Condutivímetro Digimed DM-3P Mín=0,01μS/cm
e= ±0,05%
Permeabilímetro CoreLab Instruments Ultra-PermTM500
Garrafa de Pressurização
Bomba de vácuo Leybold Vacuum Oerlic Trivac
Ressonância Magnética GeoSpec 2/Maran DRX OxfordInstruments
Nuclear (RMN) HF (2,2MHz) UK

Máx=60.000 psi
Injetor de Mercúrio Micromeritrics AutoPore IV 9500 Mín=0 psi
e =±0,1%
Máx = 15.000
CORETEST
Centrífuga URC 628 rpm
SYSTEMS, INC
Mín = 0 rpm

35
3.1.2 Rochas

Foram utilizados dois conjuntos de amostras, o primeiro conjunto foi constituído por 6
amostras de coquinas e o segundo, por 6 amostras de dolomitos. As coquinas foram identificadas
como: GC-1, GC-2, GC-3, GC-4, GC-5 e GC-6 e os dolomitos GD-1, GD-2, GD-3, GD-5, GD-7
e GD-8. Duas combinações de fluidos foram estudadas: ar-água (salmoura) e água (salmoura)-
óleo.

3.1.3 Fluidos

A salmoura empregada nos testes experimentais foi de 200kppm de NaCl. O óleo


parafínico sintético utilizado foi o EMCA fornecido pela Empresa Carioca. Foi utilizado o Ar
como fluido deslocante no sistema de saturação água – ar.

3.2 Petrofísica Básica

A descrição da metodologia utilizada neste projeto é descrita a seguir.

3.2.1 Porosidade

As medidas de porosidade foram realizadas por Ressonância Magnética Nuclear (RMN).


As medidas são obtidas por meio da equação (3-1), que relaciona os resultados fornecidos pelo
equipamento para as amostras 100% saturadas com salmoura, e para a amostra de calibração
(CAL38D).

(3-1)

36
Da equação (3-1), obtém-se a porosidade ( ), empregando-se os seguintes parâmetros: a
área normalizada da amostra ( ), a área normalizada da amostra de calibração
( ), o volume bulk da amostra ( ), o volume bulk da amostra de calibração
( ) e a porosidade da amostra de calibração ( ).
A sequência utilizada para a realização da Ressonância Magnética Nuclear (RMN) foi
desenvolvida por Carr-Purcell-Meiboom-Gill (CPMG).

3.2.2 Permeabilidade

As medições de permeabilidade foram realizadas no equipamento permeabilímetro Ultra-


PermTM500 da CoreLab Instruments, que tem como princípio teórico de operação a lei de Darcy.
A permeabilidade é calculada através de medidas de vazão e da variação de pressão. A equação
(3-2) representa a equação utilizada pelo equipamento.

(3-2)
( )

A partir da equação (3-2) tem-se a permeabilidade ( ), a partir da viscosidade ( ), da


vazão ( ), do comprimento da amostra ( ), da área da secção circular ( ), da pressão de
entrada ( ) e da pressão de saída ( )
A Figura 3.2 mostra o equipamento utilizado para este procedimento.

37
Figura 3.2 – Permeabilímetro a gás Ultra-PermTM500

3.3 Preparação das Amostras

3.3.1 Limpeza das Amostras

Sabendo-se que os plugues são originários de afloramento optou-se por realizar a limpeza
apenas com água deionizada, seguindo procedimento adaptado da norma API 40. Primeiramente,
colocou-se no interior de um dessecador, uma placa cerâmica composta de orifícios; e logo
abaixo se depositou uma barra magnética de agitação. Os plugues então foram dispostos sobre a

38
placa cerâmica, e imersos em 5 litros de água deionizada. Utilizou-se água deionizada, a fim de,
garantir que não existissem íons livres na água. O sistema foi submetido à agitação magnética (7
rpm e 30°C), empregando-se um agitador magnético Fisaton conectado a uma bomba de vácuo
da marca Oerlic Trivac, modelo Leybold Vacuum para desaerar a solução. Além disso, cada ciclo
de limpeza foi de duas horas aproximadamente, sendo que ao fim desse período, retirou-se a água
do vaso, limpou-se o dessecador e adicionou-se novamente 5 litros de água deionizada para
iniciar o próximo ciclo de limpeza. Ao todo, essa sequência descrita foi repetida 7 vezes, isto é,
as amostras foram submetidas a 7 ciclos de limpeza consecutivos. Outro aspecto importante
desta etapa de limpeza foi a aferição da condutividade elétrica da salmoura e da temperatura.
Utilizou-se um condutivímetro digital da marca Digimed, modelo DM-3P para monitorar a
temperatura do líquido no interior do dessecador e realizar medidas de condutividade e
concentração de sólidos totais dissolvidos (STD) na água destilada e nas soluções geradas ao
final de cada banho. A Figura 3.3, apresenta o esquema utilizado para a limpeza dos plugues. Os
resultados e acompanhamento estão apresentados no APÊNDICE A – LIMPEZA DAS
AMOSTRAS

Figura 3.3 – Esquema utilizado para limpeza das amostras.

39
3.3.2 Preparação da Salmoura

Pesou-se 200 g de sal de cloreto de sódio (NaCl) em uma balança digital da marca
TM
Adventurer modelo OHAUS, em seguida, foram medidos em uma proveta, 1.000 ml de água
deionizada e adicionados junto com o sal em um vaso dessecador, obtendo-se a concentração de
200g/l (200Kppm) de solução salina de NaCl. A barra magnética foi inserida no vaso e o mesmo
foi submetido à agitação magnética a uma velocidade de 7 rpm e temperatura de 30ºC. Em
seguida, conectou-se o dessecador a uma bomba de vácuo Oerlic Trivac da Leybold Vacuum
durante 30 minutos. Realizou-se o vácuo na solução salina até a total desaeração da salmoura.

3.3.3 Saturação das Amostras

As rochas foram saturadas com a solução salina de 200 Kppm (200g/l) por embebição
espontânea.
As amostras foram acondicionadas em uma garrafa de alta pressão sendo em seguida
submetidas ao vácuo por 24 horas, com a bomba de vácuo Oerlic Trivac da Leybold Vacuum,
como mostrado na Figura 3.4. Após, na outra extremidade, esta garrafa foi conectada à garrafa
contendo salmoura. O deslocamento da salmoura para o interior da garrafa de 750 ml contendo as
rochas foi realizado com a bomba de deslocamento positivo da Schlumberger modelo 100117101
apresentado na Figura 3.5. A pressão foi de 2.000 psi e a vazão constante de injeção foi de 0,01
cm3/min.

40
Figura 3.4 – Esquemático da primeira etapa de saturação das amostras.

Figura 3.5 – Esquemático de saturação das amostras.

41
3.4 Parâmetros Determinados

3.4.1 Densidade

As medidas de densidade dos fluidos (ar, salmoura 200 Kppm e óleo EMCA) utilizados
neste procedimento experimental foram realizadas pelo densímetro da marca Anton Paar modelo
DMA 4500 em triplicata. Primeiramente o equipamento foi ligado e calibrado para operação na
temperatura de 20ºC. Em seguida as amostras foram introduzidas no equipamento e suas medidas
realizadas. A Figura 3.6 apresenta o densímetro utilizado no procedimento experimental.

Figura 3.6 – Densímetro

3.4.2 Cálculo de Saturação

A saturação foi calculada segundo duas metodologias distintas, pelo RMN e pelo balanço
de massas. O cálculo da saturação pelo RMN é apresentado no APÊNDICE B – SATURAÇÃO.

42
3.4.3 Resistividade Elétrica

As medidas de resistividade elétrica foram realizadas no equipamento composto por um


sistema de determinação de propriedades elétricas (TEP-701), da marca CORETEST SYSTEMS,
INC. O equipamento é composto pelos eletrodos de tensão e de corrente, responsável por injetar
corrente elétrica e realizar o diferencial de potencial, um subsistema responsável por conectar o
AEP – 701 ao SR715 e medir a temperatura (Switchbox) e o Leitor de Capacitância e Resistência
Elétrica (LCR meter - SR715). O equipamento como um todo pode ser visualizado na Figura 3.7.

Figura 3.7 – Sistema de Medidas Elétricas (TEP-701)

As medidas de resistividade elétrica foram realizadas segundo a configuração de 4


eletrodos, na frequência de 1.000 Hz, tensão de 1,0V. O subsistema LCR meter (SR715) opera em
corrente alternada, fornece como dados de saída: indutância, capacitância e resistência elétrica.
Para o presente trabalho foram utilizados apenas os valores de resistência elétrica, com limite de
operação de 0,00001 Ω até 99.999 kΩ ±0,2%.

43
Inicialmente, após o equipamento ser ligado, aguardou-se 30 minutos para aquecimento.
Em seguida, foi realizada a calibração do equipamento da seguinte forma: um dispositivo
cilíndrico vazado de cobre foi posicionado entre os eletrodos de corrente elétrica do AEP-701, e
logo após, posicionou-se os eletrodos de tensão circundando o copo de cobre e configurou-se a
opção de calibração no SR-715. Por fim, através de um curto circuito, eliminaram-se possíveis
resistências externas.
O aparelho fornece o valor da temperatura (utilizando-se um termostato conectado ao
Switchbox) e o valor da resistência elétrica. Conforme apresentado anteriormente, foi utilizada a
configuração de 4 eletrodos, desta forma, os eletrodos de tensão estão localizados na parte lateral
do equipamento. Os eletrodos de tensão distam 1,9 cm um do outro, sendo que esta distância já é
padrão de fábrica. Na Figura 3.8, observa-se a configuração de medição de resistência elétrica de
uma amostra na forma de 4 eletrodos.

Figura 3.8 – Configuração de medição de resistência elétrica na forma de 4 eletrodos

44
3.4.4 Fator de Cimentação (m)

As medidas do fator de cimentação foram realizadas após o procedimento de calibração e


aquecimento do equipamento conforme apresentado anteriormente. As amostras das rochas 100%
saturadas com salmoura de 200 Kppm foram inseridas entre os eletrodos de corrente elétrica
(eletrodos superior e inferior), e em seguida aproximaram-se os eletrodos de tensão circundando
a amostra. Através do diferencial de potencial medido por meio dos eletrodos laterais, foram
conduzidas as medidas de resistência elétrica. A temperatura foi medida por meio do termostato
conectado ao Switchbox. Empregando-se a equação (2-7), os valores de resistência elétrica foram
transformados em resistividade elétrica.
A resistividade elétrica da salmoura foi determinada no condutivímetro digital da marca
Digimed, modelo DM-3P apresentado pela Figura 3.9. O equipamento foi calibrado utilizando-se
uma solução salina padrão de condutividade elétrica conhecida de 1412 μS/cm. O equipamento
forneceu como dado de saída a resistividade elétrica da salmoura. Conhecendo-se a resistividade
elétrica das rochas 100% saturadas com salmoura e a resistividade elétrica desta mesma
salmoura, encontrou-se o fator de formação (FF). Utilizando-se o software Microsoft Excel,
traçou-se um gráfico na escala log – log, sendo que no eixo y encontra-se o logaritmo do fator de
formação e no eixo das abscissas o logaritmo da porosidade. Traçou-se uma linha de tendência
linear para os pontos do gráfico e o método de ajuste adotado foi o método dos mínimos
quadrados. Desta forma, determinou-se o fator de cimentação (m); o mesmo procedimento foi
adotado para as rochas de coquinas e para as rochas de dolomito.

45
Figura 3.9 – Condutivímetro digital portátil Digimed, DM-3P.

3.4.5 Expoente de Saturação (n)

Conforme foram realizadas as etapas de dessaturação, as medidas de resistividade elétrica


foram conduzidas. A partir dos valores de resistividade elétrica das rochas em determinadas
saturações, foi possível encontrar o Índice de Resistividade (IR) relativo a cada saturação, por
meio da equação (2-11). Através da relação da equação (2-12) e empregando-se o gráfico na
escala log – log, os valores do expoente de saturação (n) de cada rocha foram determinados.

3.4.6 Ressonância Magnética Nuclear (RMN)

As medidas de RMN foram realizadas a, aproximadamente, 35°C utilizando o equipamento


de Ressonância Magnética Nuclear Modelo GeoSpec 2-53/Maran DRX HF (2,24 MHz) fabricado

46
pela Oxford Instruments, Reino Unido, equipado com sonda de 53 mm. Os testes foram
realizados logo após os testes de resistividade elétrica. Assim, as amostras eram enroladas em um
pano com baixa absorção com uma revolução completa, apoiando-se em seguida a face superior e
a face inferior sobre o mesmo tecido. Este procedimento foi realizado para retirar o excesso de
fluido na área externa da rocha. As amostras foram envolvidas em papel filme garantindo-se que
todas as partes das mesmas estivessem completamente cobertas.
Em seguida, para a calibração do equipamento, utilizou-se um tubo calibrado para
posicionar a amostra simetricamente em relação ao campo magnético gerado pelo equipamento.
Um detalhe importante apresentado pelo fornecedor do equipamento é que as amostras devem ter
no máximo 5 cm de comprimento. Assim garante-se que a amostra estará submetida a um campo
homogêneo durante a sequência de pulsos usada no experimento. A amostra permaneceu por um
período de 15 minutos para estabilização e em seguida iniciou-se a sequência de calibração.
Com o equipamento devidamente calibrado foi iniciada a sequência CPMG por meio do
software de aquisição de dados denominado RINMR. Em seguida, os dados foram tratados com o
WinDxp realizando a transformada inversa de Laplace e calculando os valores de T2. As
calibrações foram realizadas em todas as etapas de dessaturação, isto é, logo após as medidas de
resistividade. Escolheu-se um valor de tau padrão de 0,1 ms para todas as amostras. Assim, foi
possível negligenciar os efeitos de difusão e excluir o termo 1/T2Difusivo apresentado pela equação
(2-16) e razão sinal ruído (SNR) > 100, garantindo-se um bom SNR.

3.4.7 Centrifugação

A centrifugação das rochas foi realizada na centrífuga de alta rotação da CORETEST


SYSTEMS, INC modelo URC628 (Figura 3.10) com limite de operação de 0 a 15.000 rpm e com
capacidade de operar com três amostras ao mesmo tempo.
As rochas foram acondicionadas dentro dos seus respectivos recipientes (copos), que foram
escolhidos segundo suas massas para que todos os conjuntos (rocha + copo) apresentassem a

47
mesma massa, gerando um erro máximo de ± 0,1 g. Estes copos foram arranjados em suas
respectivas posições do rotor, conforme apresentado na Figura 3.10. O conjunto (rotor + copo +
rocha) foi inserido na centrifuga para início da operação e as rotações foram estabelecidas,
variando de 500 a 7000 rpm.
Ao final do procedimento experimental, os fluidos produzidos pelas rochas no sistema de
saturação água – óleo foram acondicionados em provetas de 15 ml. Os volumes de salmoura e
óleo produzidos foram utilizados para realização do cálculo de correção da saturação para esse
sistema de saturação. Os cálculos estão apresentados no APÊNDICE B – SATURAÇÃO.

Figura 3.10 – Centrífuga de alta rotação

48
3.4.8 Porosimetria por intrusão de Mercúrio

Duas amostras de rochas (coquinas e dolomito) provenientes do sistema de saturação ar –


água, após serem submetidas às análises de caracterização já descritas e ao processo de limpeza
final, foram submetidas a análise de porosimetria por intrusão de mercúrio. A injeção de
mercúrio foi realizada no porosímetro da marca Micromeritics, modelo AutoPore IV 9500
apresentado na Figura 3.11.
A amostra foi introduzida no penetrômetro escolhido (volume 15 cm3), Figura 3.12, e este
inserido primeiramente no compartimento de baixa pressão, no qual é realizado o vácuo na
amostra. A faixa de operação adotada nesta etapa foi de 0,5 a 20 psi. Após o preenchimento de
mercúrio desta primeira etapa, o penetrômetro é removido do compartimento de baixa pressão e
então submetido ao compartimento de alta pressão, cuja faixa de pressão varia de 20 a 60000 psi.
Para cada valor de pressão, o volume de mercúrio intrudido é registrado. O conjunto das medidas
fornece uma curva do volume cumulativo de mercúrio para sucessivos aumentos de pressão
(curva de intrusão). A partir daí, é possível obter informações sobre o tamanho e a distribuição
dos poros, bem como do raio de garganta dos poros.

49
Figura 3.11 – Porosímetro de Injeção de Mercúrio AutoPore IV 9500

Figura 3.12 – Penetrômetro (Adaptado de Manual de Operação AutoPore IV 9500)

Para as rochas utilizadas no sistema de saturação água – óleo não foi realizado o
procedimento experimental do MICP em função das rochas apresentarem características
resultados petrofísicas semelhantes como será apresentado em RESULTADOS E DISCUSSÕES.

50
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados e discussões do trabalho são apresentados neste capítulo.

4.1 Petrofísica básica

Neste item são apresentados os resultados e discussões referentes à petrofísica básica das
rochas estudadas. A Tabela 4.1 apresenta as dimensões e a massa das amostras (antes e após a
limpeza). A
Tabela 4.2 mostra os resultados de porosidade e permeabilidade. As coquinas apresentaram
valores de porosidade variando de 16 a 19 % e valor médio de 17% com permeabilidade de 939 a
2090 mD e valor médio de 1353 mD. Os dolomitos apresentaram valores de porosidade variando
de 10 a 12 % e valor médio de 11 % com permeabilidade de 5 a 15 mD e valor médio de 11 mD.
Segundo Gomes (2002), as rochas podem ser classificadas segundo suas porosidades e
permeabilidades. A porosidade e a permeabilidade das coquinas foram classificadas
respectivamente em Boa e Excelente, os dolomitos em porosidade Boa e permeabilidade Regular.
As rochas analisadas possuem características similares entre si, isto é, as coquinas possuem
valores de porosidade e permeabilidade próximos, assim como os dolomitos. Porém, a porosidade
da coquinas é mais alta que a do dolomito, bem como a permeabilidade. Esta classificação
apresenta que as coquinas são bem conectivas, já os dolomitos, apresentam ser menos conectivos.

51
Tabela 4.1 – Dimensões e massa das amostras (antes e após a limpeza)
Massa Antes Massa depois da Comprimento
Amostra Diâmetro [cm]
limpeza [g] limpeza [g] [cm]

GC1 109,17 108,92 3,77 4,65

GC2 105,13 105,00 3,75 4,56

GC3 109,41 109,19 3,76 4,60

GC4 104,96 104,65 3,74 4,54

GC5 106,87 106,73 3,78 4,59

GC6 105,94 105,73 3,75 4,55

GD1 128,45 128,45 3,78 4,53

GD2 125,93 125,91 3,77 4,53

GD3 125,72 125,71 3,68 4,45

GD4 128,04 128,02 3,77 4,51

GD7 126,62 126,60 3,77 4,46

GD8 126,81 126,78 3,77 4,42

52
Tabela 4.2 – Resultados da petrofísica básica
Amostra Porosidade [%] Permeabilidade [mD]
GC1 16 1055
GC2 19 1003
GC3 16 939
GC4 17 2035
GC5 18 996
GC6 16 2090
GD1 10 11
GD2 12 8
GD3 11 5
GD4 10 10
GD7 10 15
GD8 11 15

Os valores de porosidade calculados segundo resultados do RMN e por balanço de massas


estão apresentados no APÊNDICE C – MEDIDAS PETROFÍSICAS.
A Tabela 4.3 apresenta a densidade dos fluidos utilizados nos dois sistemas de saturação,
sistema ar-água e água-óleo nos experimentos executados.

Tabela 4.3 – Densidade dos fluidos


Salmoura 200 Kppm
Óleo [g/cm3] Ar [g/cm3]
[g/cm3]
0,8435 0,0012 1,1318
Densidade 0,8432 0,0012 1,1318
0,8431 0,0012 1,1318
Desvio Padrão 2,0E-04 1,15E-06 1,53E-05

53
4.2 Ressonância Magnética Nuclear (RMN)

Os resultados obtidos nas análises de RMN estão descritos a seguir.


À medida que foram sendo realizados os passos de dessaturação das amostras na centrífuga
de alta rotação, estas foram submetidas às análises de RMN. A Tabela 4.4 apresenta as rotações
utilizadas na centrífuga e o valor obtido da saturação de água das rochas de coquinas GC-1, GC-3
e GC-5 no sistema de saturação ar-água.

Tabela 4.4 – Rotações e Saturações das rochas de coquinas GC-1, GC-3 e GC-5
GC1 GC3 GC5
RPM Sw [%] Sw [%] Sw [%]
0 100 100 100
500 51 53 54
700 34 37 38
1200 24 23 28
3000 14 13 17
7000 8 9 11

A Figura 4.1, Figura 4.2 e Figura 4.3 apresentam respectivamente, os resultados das curvas
de RMN nos passos de dessaturação das rochas de coquinas GC-1, GC-3 e GC-5 no sistema de
saturação ar – água. Na Figura 4.4 foram plotadas todas as curvas de RMN nos passos de
dessaturação das amostras GC-1, GC-3 e GC-5 em um mesmo gráfico e observou-se um
comportamento semelhante para todas as amostras.
A partir das curvas que representam as amostras 100% saturadas (Sw=1) com salmoura
sintética de 200 Kppm foi possível notar que estas rochas apresentam distribuição porosa
multimodal, sendo compostas por macroporos, mesoporos e microporos. Os resultados obtidos a
partir da RMN fornecem a distribuição porosa destas rochas a partir dos tempos de relaxação
transversal (T2) e a saturação de fluido (Sw) através do cálculo da área abaixo da curva.
Conforme foram realizadas as etapas de dessaturação, as curvas apresentaram valores de T2
inferiores aos valores quando as amostras estavam 100% saturadas. Neste caso, o comportamento

54
apresentado indicou distribuição do fluido em regiões com diâmetro de poros menor. A partir
destes gráficos, foi possível visualizar a distribuição do fluido dentro das estruturas porosas nos
passos de dessaturação conforme a métrica de Cai et al (2013), padronizou-se alguns valores de
tempo de relaxação para rochas carbonáticas, no qual, T2 < 10 ms representam estruturas
microporosas, 10 ms < T2 < 100 ms representam estruturas mesoporosas e T2 > 100 ms
representam estruturas macroporosas. Assumindo estes valores como referência, foi possível
visualizar a evolução do fluido dentro da amostra. Conforme as rochas foram sendo saturadas
com ar, a salmoura se deslocou de estruturas macroporosas, para estruturas mesoporosas até
atingir a saturação de água irredutível (Swi) em regiões microporosas. A saturação das rochas no
sistema de saturação ar – água foi calculada segundo resultados das curvas de RMN nos passos
de dessaturação.

300

250
Amplitude do Sinal de RMN

200
GC-1, Sw=1
GC-1, 500rpm
150
GC-1, 700rpm
GC-1, 1200 rpm
100
GC-1, 3000 rpm
GC-1, 7000 rpm
50

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000
T2 - Tempo de Relaxação [µs]

Figura 4.1 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de coquinas (GC-1) para o
sistema de saturação ar – água

55
250

200
Amplitude do Sinal de RMN

GC-3, Sw=1
150
GC-3, 500rpm
GC-3, 700rpm
100
GC-3, 1200 rpm
GC-3, 3000 rpm
50
GC-3, 7000 rpm

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000
T2 - Tempo de Relaxação [µs]

Figura 4.2 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de coquinas (GC-3) para o
sistema de saturação ar – água

300

250
Amplitude do Sinal de RMN

200
GC-5, Sw =1
GC-5, 500rpm
150
GC-5, 700rpm
GC-5, 1200 rpm
100
GC-5, 3000 rpm
GC-5, 7000 rpm
50

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000
T2 - Tempo de Relaxação [µs]

Figura 4.3 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de coquinas (GC-5) para o
sistema de saturação ar – água

56
GC-5, Sw =1
300
GC-1, Sw=1

GC-3, Sw=1

250 GC-1, 500rpm


Amplitude do Sinal de RMN

GC-3, 500rpm

GC-5, 500rpm
200
GC-1, 700rpm

GC-3, 700rpm
150 GC-5, 700rpm

GC-1, 1200
rpm
100 GC-3, 1200
rpm
GC-5, 1200
rpm
GC-1, 3000
50 rpm
GC-3, 3000
rpm
GC-5, 3000
rpm
0 GC-1, 7000
rpm
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000 GC-3, 7000
rpm
T2 - Tempo de Relaxação (µs) GC-5, 7000
rpm

Figura 4.4 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação das amostras GC-1, GC-3 e GC-5.

A Tabela 4.5 apresenta as rotações e os valores encontrados de saturação para o sistema


de saturação óleo – água. Devido a perdas significativas de massa para a amostra GC-6 não foi
possível determinar a saturação de água.

Tabela 4.5 – Rotações e Saturações das rochas de coquinas GC-2 e GC-4


GC2 GC4
RPM Sw [%] Sw [%]
0 100 100
700 99 84
900 79 58
1200 46 23
3000 29 9
7000 9 7

A Figura 4.5, Figura 4.6 e Figura 4.7 apresentam o comportamento das curvas de RMN
das rochas de coquinas (GC-2, GC-4, GC-6) nos passos de dessaturação para o sistema de

57
saturação óleo – água. As curvas de RMN nos passos de dessaturação das amostras GC-2, GC-4,
GC-6 no sistema de saturação óleo – água foram também representadas em um único gráfico
apresentado na Figura 4.8.
O comportamento das curvas no sistema de saturação óleo – água foi diferente, se
comparado ao sistema de saturação ar – água, uma vez que, conforme foram realizados os passos
de dessaturação, houve uma diminuição nos valores de T2 e um aumento dos valores de
amplitude eixo das ordenadas. A partir da curva do óleo sintético parafínico EMCA foi possível
notar este fenômeno, como pode ser observado na Figura 4.8. À medida que os passos de
dessaturação foram sendo executados, os valores de T2 da salmoura e do óleo parafínico sintético
EMCA foram se sobrepondo. Este fenômeno foi decorrente do tempo de relaxação transversal
bulk do óleo (T2bulk) ser próximo ao tempo de relaxação de superfície da salmoura (T2superfície). A
ocorrência desta sobreposição, não permitiu separar em que regiões os fluidos se localizavam e
também não foi possível determinar os valores de saturação por meio deste método.
Os cálculos utilizados para a correção da saturação são abordados no APÊNDICE B –
SATURAÇÃO.

400

350
Amplitude do Sinal de RMN

300

250 GC-2, Sw=1


GC-2, 700rpm
200
GC-2, 900 rpm
150 GC-2, 1200 rpm
GC-2, 3000 rpm
100
GC-2, 7000 rpm
50

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000
T2 - Tempo de Relaxação [µs]

Figura 4.5 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de coquinas (GC-2) no sistema
de saturação óleo – água

58
350

300
Amplitude do Sinal de RMN

250
GC-4, Sw=1
200
GC-4, 700rpm
GC-4, 900 rpm
150
GC-4, 1200 rpm
100 GC-4, 3000 rpm
GC-4, 7000 rpm
50

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000
T2 - Tempo de Relaxação[µs]

Figura 4.6 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de coquinas (GC-4) no sistema
de saturação óleo – água

350

300

250
GC-6, Sw=1
Amplitude

200 GC-6, 700rpm


GC-6, 900 rpm
150
GC-6, 1200 rpm

100 GC-6, 3000 rpm


GC-6, 7000 rpm
50

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000
T2 - Tempo de Relaxação(µs)

Figura 4.7 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de coquinas (GC-6) no sistema
de saturação óleo – água

59
400 900
GC-2, Sw=1

350 800 GC-4, Sw=1

GC-6, Sw=1

700 GC-2, 700rpm


Amplitude do Sinal de RMN

300
GC-4, 700rpm

600 GC-6, 700rpm


250 GC-2, 900 rpm
500 GC-4, 900 rpm
200 GC-6, 900 rpm
400 GC-2, 1200 rpm

150 GC-6, 1200 rpm


300
GC-4, 1200 rpm

100 GC-2, 3000 rpm


200
GC-4, 3000 rpm

50 100 GC-6, 3000 rpm

GC-6, 7000 rpm

0 0 GC-4, 7000 rpm

1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000 GC-2, 7000 rpm

Óleo Parafínico
T2 - Tempo de Relaxação(µs)

Figura 4.8 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação das amostras GC-2, GC-4, GC-6 no
sistema de saturação óleo – água.

A Tabela 4.6 apresenta as rotações e as saturações dos dolomitos (GD-1, GD-4 e GD-7)
no sistema de saturação ar – água.

Tabela 4.6 – Rotações e Saturações das rochas de dolomito GD-1, GD-4 e GD-7
GD1 GD4 GD7
RPM Sw [%] Sw [%] Sw [%]
0 100 100 100
500 94 91 93
700 85 81 86
900 75 71 76
1200 63 61 67
3000 47 47 50
7000 38 38 40

Os gráficos a seguir apresentam os resultados do RMN das rochas de dolomito nos


sistemas de saturação ar – água e óleo – água.

60
A Figura 4.9, Figura 4.10 e Figura 4.11 apresentam os resultados do RMN das rochas de
dolomito, GD-1, GD-4 e GD-7, respectivamente, no sistema de saturação ar – água. As três
curvas apresentam comportamentos semelhantes ao longo dos passos de dessaturação, como pode
ser visualizado na Figura 4.12.
Os perfis das curvas indicaram que estas rochas são multimodais, compostas por
estruturas macroporosas, mesoporosas e microporosas.
Conforme foram realizadas as etapas de dessaturação, diferentemente dos resultados
apresentados para as coquinas, os valores de T2 não sofreram grandes variações, indicando que o
fluido dessaturou majoritariamente a região constituída por estruturas macroporosas. Da mesma
forma que nas coquinas, segundo Cai et al (2013), a partir dos valore de T2, é possível visualizar
o comportamento do fluido conforme seu deslocamento no interior da amostra.

200

180

160
Amplitude do Sinal de RMN

140
GD-1, Sw=1
120 GD-1, 500rpm
100 GD-1, 700rpm

80 GD-1, 900rpm
GD-1, 1200 rpm
60
GD-1, 3000 rpm
40
GD-1, 7000 rpm
20

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000
T2-Relaxacao (µs)

Figura 4.9 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de dolomito (GD-1) no sistema
de saturação ar – água

61
200

180

160
Amplitude do Sinal de RMN

140
GD-4, Sw=1
120 GD-4, 500rpm
100 GD-4, 700rpm

80 GD-4, 900rpm
GD-4, 1200rpm
60
GD-4, 3000 rpm
40
GD-4, 7000 rpm
20

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000
T2-Relaxacao [µs]

Figura 4.10 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de dolomito (GD-4) no
sistema de saturação ar – água
200

180

160
Amplitude do Sinal de RMN

140
GD-7, Sw=1
120 GD-7, 500rpm
100 GD-7, 700rpm
80 GD-7, 900rpm
GD-7, 1200 rpm
60
GD-7, 3000 rpm
40
GD-7, 7000 rpm
20

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000
T2-Relaxacao [µs]

Figura 4.11 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de dolomito (GD-7) no
sistema de saturação ar – água

62
GD-1, Sw=1
200
GD-4, Sw=1

180 GD-7, Sw=1

GD-1, 500rpm
160 GD-4, 500rpm
Amplitude do Sinal de RMN

GD-7, 500rpm
140
GD-1, 700rpm

120 GD-4, 700rpm

GD-7, 700rpm
100 GD-1, 900rpm

GD-4, 900rpm
80
GD-7, 900rpm
60 GD-1, 1200 rpm

GD-4, 1200rpm
40
GD-7, 1200 rpm

20 GD-1, 3000 rpm

GD-4, 3000 rpm


0 GD-7, 3000 rpm
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000 GD-1, 7000 rpm

T2-Tempo de Relaxacao [µs] GD-4, 7000 rpm

GD-7, 7000 rpm

Figura 4.12 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação das amostras GD-1, GD-4 e GD-7 no
sistema de saturação ar – água

A Tabela 4.7 apresenta as rotações e as saturações das rochas de dolomito do sistema de


saturação óleo – água.
Da mesma forma como foi apresentada para as coquinas, nos dolomitos também foi
realizado um ajuste matemático para correção dos valores de saturação para este sistema de
saturação e estão apresentados no APÊNDICE B – SATURAÇÃO.

Tabela 4.7 – Rotações e Saturações das rochas de dolomito GD-2, GD-3 e GD-8
GD2 GD3 GD8
RPM Sw [%] Sw [%] Sw [%]
0 100 100 100
900 97 94 88
1200 81 77 70
3000 44 48 44
5000 37 40 32
7000 32 37 31

63
A Figura 4.13, Figura 4.14 e Figura 4.15 apresentam os resultados referentes às curvas de
RMN dos dolomitos GD-2, GD-3 e GD-8, respectivamente, no sistema de saturação óleo – água.
À medida que a rocha foi sendo dessaturada, os valores de T2 se sobrepuseram,
impossibilitando a separação dos dois fluidos e a obtenção dos valores de saturação utilizando-se
RMN, como já mencionado para as coquinas. A Figura 4.16 apresenta os resultados de todas as
amostras de dolomito no sistema de saturação óleo – água e o tempo de relaxação transversal
bulk do óleo EMCA.

250

200
Amplitude Sinal do RMN

GD-2, Sw=1
150
GD2-900 rpm
GD2-1200 rpm
100 GD2-3000 rpm
GD2-5000 rpm

50 GD2-7000 rpm

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000
T2-Relaxacao [µs]

Figura 4.13 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de dolomito (GD-2) no
sistema de saturação óleo – água

64
200

180

160
Amplitude do Sinal de RMN

140
GD-3, Sw=1
120
GD3-3000 rpm
100
GD3-5000 rpm
80
GD3-7000 rpm
60 GD3-900 rpm
40 GD3-1200 rpm
20

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000
T2-Relaxacao [µs]

Figura 4.14 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de dolomito (GD-3) no
sistema de saturação óleo – água

200

180

160
Amplitude do Sinal de RMN

140
GD-8, Sw=1
120
GD8-900 rpm
100
GD8-1200 rpm
80
GD8-3000 rpm
60 GD8-5000 rpm
40 GD8-7000 rpm
20

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000
T2-Relaxacao [µs]

Figura 4.15 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação da rocha de dolomito (GD-8) no
sistema de saturação óleo – água

65
GD-2, Sw=1

GD-3, Sw=1

GD-8, Sw=1
250 900
GD2-900 rpm

800 GD3-900 rpm

Amplitude Sinal do óleo EMCA


200 700
GD8-900 rpm
Amplitude Sinal do RMN

GD2-1200 rpm

600 GD3-1200 rpm


150 GD8-1200 rpm
500
GD2-3000 rpm

400 GD3-3000 rpm


100
GD8-3000 rpm
300
GD2-5000 rpm

50 200 GD3-5000 rpm

GD8-5000 rpm
100
GD2-7000 rpm
0 0 GD3-7000 rpm
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000 GD8-7000 rpm

T2-Tempo de Relaxacao [µs] Óleo Parafínico

Figura 4.16 – Curvas de RMN nos passos de dessaturação das amostras GD-2, GD-3 e GD-8 no
sistema de saturação óleo – água

4.3 Porosimetria por Intrusão de Mercúrio (MICP)

A seguir são apresentados os resultados e discussões referentes à metodologia de


Porosimetria por Intrusão de Mercúrio (MICP).
A partir dos resultados obtidos na análise de MICP foi possível construir histogramas de
distribuição de tamanho de gargantas de poros que são apresentados na Figura 4.17 e Figura 4.18
para as rochas GC-1 e GD-7 (coquinas e dolomitos). As análises foram realizadas somente para
estas amostras, pois conforme resultados já apresentados anteriormente, observou-se o mesmo
comportamento em relação à distribuição da estrutura porosa. Os gráficos mostram a fração de
volume poroso na ordenada e na abscissa o raio de garganta de poros. De acordo com a
classificação adotada para raios de garganta de poros apresentado nos estudos de Cantrell e
Hagerty (1999), observou-se que estes dois tipos de rochas na sua maioria são compostas por
estruturas macroporosas. A coquina é composta de 83 % macroporos, 14 % mesoporos e 3% de

66
microporos. O dolomito é composto de 64% de macroporos, 21% mesoporos e 14 % microporos.
A parcela microporosa foi muito baixa quando comparada à porção macroporosa.

25
MICRO (003 %)
MESO (014 %)
20
Fração do Volume Poroso (%)

MACRO (083 %)

15

10

0
0.025
0.01

0.05

0.25

0.75

100
0.005

0.075

> 100
1

5
< 0,003

0.0075

0.1

0.5

2.5

7.5
10
25
50
75
Raio de garganta de Poros [µm]

Figura 4.17 – Distribuição porosa de raios de garganta da rocha de coquinas GC-1

25
MICRO (014 %)
MESO (021 %)
20
Fração do Volume Poroso (%)

MACRO (064 %)

15

10

0
100
0.01
0.025
0.05

0.25

0.75

> 100
0.005

0.075
< 0,003

0.0075

5
0.1

0.5

2.5

7.5
10
25
50
75

Raio de garganta de Poros [µm]

Figura 4.18 – Distribuição porosa de raios de garganta da rocha de dolomito GD-7

67
4.4 Integração das técnicas de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e
Porosimetria por Intrusão de Mercúrio (MICP).

A seguir são apresentados os resultados e discussões apresentados pela integração das


técnicas de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e Porosimetria por Intrusão de Mercúrio
(MICP).
As Figura 4.19 e Figura 4.20 apresentam respectivamente o ajuste dos resultados de RMN e
MICP para a GC-1 e GD-7 empregando-se a metodologia apresentada por Glorioso et al (2003).
Para a rocha de coquinas GC-1, de acordo com o comportamento dos gráficos é possível
visualizar que os poros e as gargantas são proporcionais, isto é, poros com diâmetros grandes se
conectam por gargantas com diâmetros grandes, gargantas com diâmetros pequenos se conectam
por gargantas com diâmetros pequenas, obtendo-se um ajuste similar, as curvas praticamente se
sobrepõem. Já para a amostra GD-7, o mesmo comportamento não fica evidente. Na Figura 4.20,
notou-se que não existe uma proporcionalidade entre os diâmetros dos poros e das gargantas da
amostra em sua maioria, e pode ser observado que os poros com diâmetros grandes se conectam
com poros de diâmetros pequenos. Fleury et al (2007) apresentam os resultados de RMN e MICP
de rochas carbonáticas. Algumas rochas apresentaram não proporcionalidade entre seus
resultados de RMN e MICP integrados. O autor justifica este fenômeno às rochas serem
compostas por mesoporos conectados por microporos, em que nos resultados de RMN são visto
apenas os microporos, já no MICP é vista a parcela mesoporosa. Os autores destacam a
necessidade de mais experimentos avançados com o RMN para precisão nos resultados. Agut e
Levallois (2000) apresentam a integração das técnicas de RMN e MICP com o objetivo de
caracterizar rochas carbonáticas do oeste africano, sendo composta por diversas estruturas
rochosas como calcitas, inclusive carbonatos dolomíticos. Rochas com distribuição porosa
bimodal apresentaram nos resultados integrados de RMN e MICP possível não proporcionalidade
entre os diâmetros de poros e os diâmetros de gargantas de poros durante o ajuste das técnicas.
Baseado na metodologia apresentada em Lowden e Porter (1998) utilizou-se uma constante
K[μm/s] para a conversão dos valores de T2 em diâmetro de poros de garganta. Para a rocha de
coquinas GC-1 o valor foi de 100 μm/s e para o dolomito GD-7, 120 μm/s. Segundo Lowden e

68
Porter (1998) os valores de K encontrados em seus trabalhos com arenitos variaram de 11 μm/s a
228,8 μm/s tendo como principais variações da constante K à heterogeneidade das rochas e de
suas diferenças petrofísicas. Deve-se ressaltar que o ajuste é um tanto qualitativo, realizado
segundo interpretação do autor em função das curvas de RMN e MICP.

0% 100%

10% 90%
Volume acumulado de RMN [%]

20% 80%

Volume Acumulado de Hg [%]


30% 70%

40% 60%

50% 50% MICP


60% 40% RMN

70% 30%

80% 20%

90% 10%

100% 0%
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Diâmetro de poros [μm]

Figura 4.19 – Ajuste das curvas de RMN vs. MICP da rocha de coquinas GC-1
0% 100%
10% 90%
Volume Acumulado de RMN [%]

20% 80%
Volume Acumulado de Hg [%]

30% 70%
40% 60%
50% 50%
MICP
60% 40%
RMN
70% 30%
80% 20%
90% 10%
100% 0%
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 10000
Diâmetro de Poros [μm]

Figura 4.20 – Ajuste das curvas de RMN vs. MICP da rocha de dolomito GD-7

69
A Figura 4.21 e Figura 4.22 apresentam os resultados da integração da RMN e da MICP
dos dolomitos e das coquinas, respectivamente. Segundo Cantrell e Hagerty (1999) e Schuab et al
(2014), foram definidos alguns limites de diâmetro de gargantas para separar as diferentes
estruturas porosas. Estes limites foram definidos em diâmetro (d) >10 µm para estruturas
macroporosas, 10 µm < d < 1 µm para estruturas mesoporosas e d < 1 µm para estruturas
microporosas. Fleury et al (2007) em seu trabalho integrando RMN e MICP para rochas
carbonáticas, apresentou alguns limites de diâmetro de poros de gargantas com d >10 µm para
estruturas macroporosas, 2 µm < d < 10 µm para estruturas mesoporosas e d < 2 µm estruturas
para microporosas. Os limites apresentados por Cantrell e Hagerty (1999), Schuab et al (2014) e
Fleury et al (2007) são condizentes com os resultados apresentados na Figura 4.21e Figura 4.22.

7%
2%
6%
Volume Incrementado de Hg [%]

Amplitude Sinal RMN [%]


5%
2%

4%

1% PcHg_Dolomito
3%
RMN_Dolomito
2%
1%
1%

0% 0%
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Diâmetro de Poros [μm]

Figura 4.21 – Resultados das curvas de RMN e MICP da rocha de dolomito (GD-7)

Avaliando o comportamento das curvas é possível visualizar não proporcionalidade entre


os diâmetros de gargantas e os diâmetros de poros. Possivelmente as estruturas porosas das
rochas estudadas são compostas por macroporos conectados por mesoporos.

70
5%
2%
Volume Incrementado de Hg [%]

4%

Amplitude Sinal RMN [%]


2%
3%

1% PcHg_Coquina
2%
RMN_Coquina

1%
1%

0% 0%
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Diâmetro de Poros [μm]

Figura 4.22 – Resultados das curvas de RMN e MICP da rocha de coquina (GC-1)

Através dos resultados da MICP e da RMN, é possível diferenciar os dois tipos de rochas
e entender a estrutura porosa de cada uma delas. Tanto as coquinas como os dolomitos são
constituídas majoritariamente por estruturas macroporosas, apresentando menores parcelas de
estruturas mesoporosas e microporosas, podendo ser caracterizadas como estruturas multimodais,
no entanto, a parcela macroporosa é a estrutura predominante nas duas rochas. Em termos de
conexões entre seus poros, os dois tipos de rochas são divergentes, as coquinas possuem uma
proporção entre diâmetro de gargantas e diâmetro de poros definida, já os dolomitos não
apresentam esta proporcionalidade.

4.5 Resistividade Elétrica

A seguir serão apresentados os resultados e discussões referentes às medidas de


resistividade elétrica.

71
4.5.1 Fator de Cimentação (m)

O fator de cimentação segundo Salem e Chilingarian (1999) é afetado por fatores como:
forma dos grãos e poros, tipo de grãos, tipo de poros, anisotropia e área superficial específica.
Segundo Focke e Munn (1987), os carbonatos no geral são considerados pouco cimentados e
relativamente pouco compactados. Segundo Kwader (1986) carbonatos geralmente apresentam
valores de m próximos a 2,0; e dolomitos variando de 2,2 a 2,4. As rochas utilizadas no
desenvolvimento deste trabalho, não apresentam argila ou outro composto que pode impedir a
conectividade entre os poros. A partir dos gráficos apresentados na Figura 4.23 e Figura 4.24,
calculou-se o fator de cimentação para as rochas de coquinas e dolomitos, respectivamente
utilizando-se a regressão linear do software Microsoft Excel 2010. Os valores encontrados foram:
1,9 para as coquinas e 2,3 para os dolomitos. Já os valores do fator de tortuosidade foram de 1,0.
O fator de cimentação obtido no trabalho foi utilizado na classificação das rochas em
estudo e seus valores estão coerentes com os da literatura.

100

y = 1,0127x-1,876
R² = 0,9959

10
FF

FF x Porosidade
m=2

1
0,1000 1,0000
Porosidade

Figura 4.23 – Fator de cimentação das rochas de coquina

72
1000

y = 1,0041x-2,288
R² = 0,9992
100
FF

FF x Porosidade
m=2
10

1
0,10 1,00
Porosidade

Figura 4.24 – Fator de cimentação das rochas de dolomito

4.5.2 Expoente de Saturação (n)

A Figura 4.25 apresenta as curvas na escala log – log do IR vs. Sw para as rochas de
coquinas utilizadas no sistema de saturação ar – água. Os valores do expoente de saturação (n)
indicam a molhabilidade das rochas. Os valores de n variaram de 1,7 a 1,8. Os valores do
expoente de saturação foram obtidos realizando a regressão linear pelo software Microsoft Excel
2010. Segundo Toumelin & Verdín (2005) valores menores ou iguais a 2,0 indicam que a rocha
tem tendência a ser molhável à água e que valores maiores que 3,0 indicam que a rocha tem forte
tendência a ser molhável ao óleo. De acordo com os resultados apresentados por Anderson
(1986), rochas molháveis ao óleo apresentaram valores de expoente de saturação superiores a
10,0. Sabendo-se que as amostras avaliadas na dissertação são rochas de afloramento e
apresentaram valor médio de 1,9 de expoente de saturação, pode-se supor que estas rochas têm
forte tendência a serem molháveis pela água, justificando os valores encontrados do expoente de
saturação.

73
A Figura 4.26 apresenta as curvas na escala log – log do IR vs. Sw para as rochas de
coquinas no sistema de saturação óleo – água. Os valores de n para este sistema de saturação
variaram de 1,5 a 1,7. Estes valores foram diferentes dos encontrados no sistema de saturação ar
– água. O comportamento apresentado para as curvas do sistema óleo-água pode ser devido a
água ter uma distribuição não uniforme em função da metodologia empregada nos passos de
dessaturação (centrífuga) ou devido ao trapeamento da água em estruturas microporosas pelo
óleo. Segundo Han et al (2007), o comportamento anormal das curvas de IR vs. Sw em seus
estudos pode ser causado devido a presença de estruturas microporosas. No caso do presente
trabalho o expoente de saturação teve uma queda. De acordo com a Figura 4.17, é possível
visualizar que a rocha GC-1 apresenta, em sua maioria, estruturas macroporosas (83%), com uma
pequena parcela mesoporosa (14%) e uma parcela irrelevante de microporosidade (3%). A
parcela microporosa não tem contribuição significativa na porosidade total desta rocha. Segundo
Grattoni e Dawe (1994), a equação de Archie leva em conta apenas a porosidade, que é um
parâmetro da estrutura macroporosa, assim, pode-se supor que o fenômeno observado nas curvas
de IR vs. Sw do sistema de saturação óleo – água não teve influência significativa da estrutura
microporosa. A partir dos resultados de RMN, não foi possível determinar em que região
referente à estrutura porosa da rocha, a salmoura se localizava nos passos de dessaturação. Desta
forma, as curvas de IR vs. Sw no sistema de saturação óleo – água para as rochas de coquinas
provavelmente apresentaram tal comportamento devido a influência da metodologia empregada
(método da centrífuga) nos passos de dessaturação, tornando a distribuição do fluido não
uniforme. Devido a perdas significativas de massa da amostra GC-6 não foi possível traçar a
curva correspondente de IR vs. Sw e encontrar o seu valor de n.
A Figura 4.27 apresenta as curvas de IR vs. Sw de todas as rochas de coquinas, utilizadas
no experimento e seus respectivos valores de n.

74
1000 y = 0,8819x-1,776
R² = 0,9956

y = 0,8269x-1,765
R² = 0,9905
100
y = 0,8934x-1,657
R² = 0,9931
IR

10 n=1,5
GC1
GC3
GC5
1
0,01 0,1 1
Sw

Figura 4.25 – Expoente de saturação das rochas de coquinas no sistema de saturação ar – água

1000 y = 1,3062x-1,687
R² = 0,9826

y = 0,8579x-1,482
R² = 0,9719
100
IR

n=1,5
10
GC-2

GC-4

1
0,01 0,1 1
Sw

Figura 4.26 – Expoente de saturação das rochas de coquinas no sistema de saturação óleo – água

75
y = 0,8819x-1,776
1000 R² = 0,9956
y = 0,8269x-1,765
R² = 0,9905
y = 0,8934x-1,657
100 R² = 0,9931
y = 1,3062x-1,687
IR

R² = 0,9826

10 y = 0,8579x-1,482
R² = 0,9719
n=1,5
GC-1
GC-3
1
GC-5
0,01 0,1 1 GC-2
Sw GC-4

Figura 4.27 – Expoente de saturação das rochas de coquinas nos sistemas de saturação ar – água e
óleo – água.

A Figura 4.28 apresenta as curvas de IR vs. Sw das rochas de dolomito, no sistema de


saturação ar – água. Os valores do expoente de saturação variaram de 2,0 a 2,1. Segundo
Anderson (1986) e Toumelin e Verdín (2005), os valores apresentados no presente estudo
indicam que estas rochas têm tendência a serem molháveis à água. Assim como as coquinas, os
dolomitos são rochas originárias de afloramento, e de acordo com a avalição do comportamento
das curvas de IR vs. Sw, pode-se supor forte tendência da molhabilidade das rochas à água.
A Figura 4.29 apresenta as curvas de IR vs. Sw dos dolomitos no sistema de saturação
óleo – água. Os valores do expoente de saturação variaram de 1,5 a 2,0 para saturações superiores
a 45%, indicando que estas rochas tem tendência a serem molháveis a água de acordo Toumelin e
Verdín (2005). No entanto, em saturações superiores a 45 % o expoente de saturação variou de
6,0 a 8,0 indicando forte molhabilidade ao óleo. Segundo Han et al (2007) em baixas saturações,
o aumento significativo dos valores do expoente de saturação é justificado pelo efeito de
estruturas microporosas. Através da Figura 4.18, é possível visualizar que as rochas de dolomito
são compostas em sua maioria por estruturas macroporosas (64%), pequena parcela mesoporosas
(21%) e outra parcela de microporos (14%). Possivelmente, a estrutura microporosa não teve

76
efeito significativo no comportamento das curvas de IR vs. Sw. O comportamento das curvas
provavelmente apresentou tal característica em decorrência da metodologia de dessaturação
empregada (centrífuga). Segundo Sprunt et al (1990), a metodologia de dessaturação empregando
o método da centrífuga pode causar não uniformidade na distribuição do fluido, influenciando
nas medidas de resistividade elétrica. No entanto, para as rochas de dolomito e coquinas no
sistema de saturação ar – água não foi apresentado um fenômeno físico expressivo em função da
metodologia empregada (método da centrífuga), apresentando expoentes de saturação coerentes
para as rochas e estão de acordo com a literatura abordada.
No sistema de saturação óleo – água a curva apresentou um leve aumento positivo nos
valores de IR, indicando que o óleo pode provocar o aprisionamento das moléculas de água em
determinadas regiões da estrutura porosa da rocha, justificando assim, o aumento dos valores de
IR. No último passo de dessaturação, referente à rotação de 7000 rpm, a curva apresentou um
desvio negativo, com tendência ao comportamento inicial da curva. Da mesma forma que o
comportamento apresentado no sistema de saturação ar – água e em decorrência da origem das
rochas, assumiu-se que estas rochas possuem tendência a serem molháveis à água. Sendo assim,
de acordo com os estudos de Han et al (2007) e Fleury (2002), em baixas saturações, a salmoura
fica aderida na superfície do poro da rocha e das gargantas criando caminhos paralelos para a
corrente elétrica fluir. Analogamente aos circuitos elétricos, várias resistências em paralelo
resultam em uma resistência equivalente reduzida, várias resistências em série implicam no
aumento da resistência elétrica. Este fenômeno físico é aplicado para o caso no qual as
resistências elétricas estiverem em paralelo, diminuindo assim, os valores de IR. Desta forma,
comparando os resultados das curvas de IR vs. Sw para as rochas de coquinas e dolomito pode-se
inferir que existe forte tendência do comportamento das curvas estar relacionado à influência do
óleo isolar a água ou dificultar a condução de corrente elétrica em sua presença.
Os valores dos índices de resistividade e seus respectivos valores de saturações estão
apresentados no APÊNDICE D – MEDIDAS DE RESISTIVIDADE ELÉTRICA

77
y = 0,9647x-2,055
100 R² = 0,9751

y = 1,0678x-1,951
R² = 0,9923

y = 0,937x-2,026
R² = 0,9967
10
IR

GD-1

GD-4

GD-7

n=2
1
0,10 1,00
Sw
Figura 4.28 – Expoente de saturação das rochas de dolomito no sistema de saturação ar – água

y = 0,892x-2,079 y = 0,02x-6,991
100 R² = 0,9875 R² = 0,883

y = 1,0549x-2,227 y = 0,0163x-7,987
R² = 0,996 R² = 0,9586

y = 0,8949x-1,525 y = 0,0221x-5,972
R² = 0,967 R² = 0,9889

10 GD-2
IR

GD-3

GD-8

n=2

1
0,10 1,00
Sw

Figura 4.29 – Expoente de saturação das rochas de dolomito no sistema de saturação óleo – água

78
y = 0,9647x-2,055 y = 1,0678x-1,951
R² = 0,9751 R² = 0,9923
100
y = 0,937x-2,026
R² = 0,9967

y = 0,892x-2,079 y = 0,02x-6,991
R² = 0,9875 R² = 0,883

y = 1,0549x-2,227 y = 0,0163x-7,987
R² = 0,996 R² = 0,9586

10 y = 0,8949x-1,525 y = 0,0221x-5,972
IR

R² = 0,967 R² = 0,9889

GD-1
GD-4
GD-7
GD-2
GD-3
1 GD-8
0,10 1,00
n=2
Sw

Figura 4.30 – Expoente de saturação das rochas de dolomito nos sistemas de saturação ar – água
e óleo – água.

79
80
5 CONCLUSÕES

O presente estudo permitiu caracterizar dois tipos de rochas carbonáticas, com textura
deposicional e características petrofísicas distintas, em dois sistemas de saturação, ar – água e
óleo –água, empregando-se três metodologias distintas e ainda realizar a integração das mesmas.
A partir da análise de RMN das amostras de coquinas 100% saturadas, observou-se um
comportamento estrutural multimodal, dividido em três sistemas porosos: macroporos,
mesoporos e microporos. Após a saturação das amostras, o resultado do valor médio do fator de
cimentação foi próximo a 1,9, indicando que as coquinas possuem boa conectividade entre os
poros, e baixa cimentação. Este valor está de acordo com o encontrado na literatura, em que, para
carbonatos, próximo a 2,0. Os dolomitos apresentaram um valor um pouco mais elevado, de 2,3,
indicando conectividade pobre entres os poros, sendo este fenômeno evidenciado na literatura
com variação de 2,2 a 2,4.
As características observadas nas amostras de coquinas empregadas nesta pesquisa
qualitativamente foram semelhantes àquelas utilizadas no trabalho de Belila (2014). As coquinas
foram classificadas como rochas intergranulares com textura deposicional grainstones segundo
Belila (2014) e Dunham (1962). Os dolomitos foram classificados segundo Dunham (1962),
como intercristalinas com textura deposicional não definida.
As curvas de índice de resistividade das coquinas para o sistema de saturação ar-água
apresentaram um comportamento na escala log – log linear com valor médio de m de 1,9 e de n
de 1,8. No entanto, para o sistema de saturação óleo – água não foi possível visualizar o mesmo
comportamento. O valor médio de n foi de 1,6.
Os dolomitos apresentaram curvas de índice de resistividade para o sistema ar – água na
escala log – log com comportamento linear e expoente de saturação médio de 2,0. Para o sistema
de saturação óleo – água o valor médio de n em saturações superiores a 45 % foi de 1,9. No
entanto para saturações inferiores houve um aumento significativo com valor médio de 7,0 que
possivelmente ocorreu em função do óleo isolar a água como um tampão aumentando os valores
da resistência elétrica e consequentemente do expoente de saturação. Na metodologia da
centrífuga, o fluido assume uma distribuição não uniforme no interior da rocha, apresentando

81
possíveis medidas de resistividade elétrica sem coerência. Outra hipótese para o comportamento
das curvas de IR vs. Sw seria a água ficar isolada em estruturas microporosas, como apresentado
por Han et al (2007). No entanto, como a parcela microporosa destas rochas é muito pequena,
provavelmente este fenômeno físico não apresenta influência significativa para o caso em estudo.
A integração das três técnicas empregadas, IR, RMN e MICP, permitiu compreender a
distribuição porosa de diferentes tipos de rocha e classificá-las segundo estas metodologias.
Deve-se levar em conta que no sistema água – óleo para as coquinas e dolomitos foram
realizados ajustes matemáticos para correção de erros de procedimento experimental, podendo
ocasionar em erros significativos nos valores de saturações. Os resultados atingidos nesta
pesquisa são de grande valia para posteriores trabalhos a serem desenvolvidos nessa área,
especialmente, por fazer uso de três diferentes técnicas para compreender a estrutura de rochas
carbonáticas, alvo de interesse das indústrias petrolíferas. O trabalho de pesquisa abriu novos
caminhos para serem explorados no que ser refere a um melhor entendimento e estudar
detalhadamente o meio poroso de carbonatos.

82
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como proposta para trabalhos futuros, recomenda-se a realização deste mesmo


procedimento experimental utilizando rochas com estruturas porosas bem definidas como
exemplo arenitos ou rochas com estruturas porosas bimodais. Além disso, sugere-se a utilização
de um óleo parafínico sintético com T2 diferente do T2 da salmoura, como exemplo o óleo
parafínico sintético UNIPAR. E para finalizar, é recomendado que após a centrifugação e antes
da medida de resistividade deve-se aguardar um tempo (podendo se estender até por alguns dias,
dependendo da amostra) para a redistribuição do fluido na amostra.

83
84
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92
APÊNDICE A – LIMPEZA DAS AMOSTRAS

A Figura A.1 apresenta o controle o gráfico do controle da concentração de sólidos totais


dissolvidos nas amostras durante o procedimento de limpeza. A Tabela A.1 apresenta os valores
obtidos durante a limpeza.
16 35

14 30

12
Condutividade [μS/cm]

25
Concentração [ppm]

Temperatura [°C]
10
20 Condutividade Inicial
8
Condutividade Água
15
6 Concentração Final
10 Temperatura Final
4

2 5

0 0
0 5 10 15
Tempo [h]

Figura A.1 – Gráfico da Condutividade Elétrica da Água vs. Tempo

Tabela A.1 – Tabela dos valores do acompanhamento da limpeza das amostras


Conduti Tempe Concen Conduti Tempe Conduti Conduti Tempe Concen
vidade ratura tração vidade ratura vidade vidade ratura tração
inicial Inicial Final Final Final Água inicial Inicial Final
[µS/cm] [°C] [ppm] [µS/cm] [°C] [µS/cm] [µS/cm] [°C] [ppm]
10,6 20,5 14,7 41,8 29,6 6,0 10,6 20,5 14,7
7,1 21,2 11,45 36,8 29,3 5,6 7,1 21,2 11,4
6,6 21,5 9,83 33,3 29,4 5,9 6,6 21,5 9,8
5,9 20,4 8,63 30,6 29,4 5,3 5,9 20,4 8,6
5,3 20,4 7,88 29,2 29,1 6,0 5,3 20,4 7,8

93
94
APÊNDICE B – SATURAÇÃO

Neste item são abordados os equacionamentos utilizados para a obtenção da saturação nos
sistemas de saturação ar – água e óleo - água.

B.1 - Sw pelo RMN – Sistema (ar – água)

A seguir, é apresentada a equação utilizada para o cálculo dos valores de Sw através dos
resultados de RMN (equação B.1). Esta equação foi utilizada tanto para os dolomitos quanto para
as coquinas no sistema ar – água.

(B.1)

Na equação B.1 a saturação é dada pela razão entre a área normalizada da curva de T2 da
amostra no passo de dessaturação ( ) e a área normalizada da
curva de T2 da amostra 100% saturada com o fluido de saturação ( ).

B.2 - Sw pelo Balanço de Massas – Sistema (óleo – água)

O cálculo utilizado para encontrar a saturação do sistema óleo - água foi obtido a partir do
equacionamento apresentado abaixo. Partindo-se da equação B.2, e substituindo-se os termos,

95
obtém-se a equação B.9. A massa total no passo de dessaturação e a massa da rocha seca foram
obtidas pela pesagem da amostra.

(B.2)

(B.3)

(B.4)

(B.5)

(B.6)

(B.7)

[ ( )] (B.8)

Isolando-se da equação B.8, tem-se a equação B.9, que é usada para calcular a
saturação do sistema óleo – água tanto para os dolomitos como para as coquinas.

( )
(B.9)

[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]

96
[ ]

[ ]
[ ]
[ ]

B.3 - Correção de Sw para o sistema (óleo – água)

O cálculo utilizado na correção dos valores de saturação para o sistema de saturação óleo
– água das rochas de coquina e dolomito foi definido em função das perdas de massa, ocorridas
no manuseio das rochas durante o procedimento experimental, para cada uma das etapas de
dessaturação (totalizando cinco rotações). A descrição do procedimento de cálculo e da
metodologia adotada é apresentada a seguir.
Ao final do último passo de dessaturação, a água produzida pelas rotações da centrífuga
foi acondicionada em uma proveta de 15 ml. Conhecendo-se o volume total produzido de
salmoura da proveta (Vproduzido) e subtraindo-se do volume poroso da rocha (Vp) foi possível
determinar o volume de salmoura esperado dentro da amostra ( ).

(B.10)

Através da equação B.9 e da densidade da água encontrou-se a massa de salmoura


esperada na amostra (Mw_esperado) no passo de dessaturação (equação B.9).

Mw_esperada = Vw_esperado * (B.11)

97
A partir do cálculo da saturação da amostra pelo balanço de massa (equação B.9) foi
possível encontrar a massa de água na amostra, substindo-se a Sw na equação B.4. Conhecendo-se
o valor de mw no último passo de dessaturação foi possível encontrar a massa perdida (Mperdida),
pela diferença entre a massa de salmoura esperada na amostra (Mw_esperada) e a massa determinada
no último passo de dessaturação (mw).

Mperdida = Mw_esperada – Mpesada (B.12)

Conhecendo-se a massa perdida (Mperdida) calculou-se o fator de correção (FC) para cada
passo de centrifugação.
FC = Mperdida/ 5 (B.13)

O valor do fator de correção é calculado pela razão entre a M perdida e as 5 rotações de dessaturação
do sistema de saturação. Como já mencionado anteriormente, considerou-se um conjunto de perdas em
cada etapa de dessaturação. O FC foi adicionado às massas das rochas determinadas nos passos de
dessaturação.

98
APÊNDICE C – MEDIDAS PETROFÍSICAS

As Tabelas C.1 e C.2 apresentam respectivamente os valores das porosidades encontradas


pelas metodologias de RMN e balanço de massas das rochas de coquinas e dolomito.

Tabela C.1 – Tabela das porosidades pelo RMN e pela Porosidade por Massa das amostras de
coquinas
Amostra Porosidade por RMN [%] Porosidade por Massa [%]
GC1 16 17
GC2 19 19
GC3 16 17
GC4 17 17
GC5 18 19
GC6 16 16

Tabela C.2 – Tabela das porosidades pelo RMN e pela Porosidade por Massa das amostras de
dolomitos
Amostra Porosidade por RMN [%] Porosidade por Massa [%]
GD1 11 10
GD2 12 12
GD3 11 11
GD4 10 10
GD7 10 10
GD8 12 11

99
100
APÊNDICE D – MEDIDAS DE RESISTIVIDADE ELÉTRICA

Tabela D.1 – Tabela dos valores de Índice de Resistividade das amostras de dolomitos
GD1 GD4 GD7 GD2 GD3 GD8
Água – Água – Água – Água – Água –
Sistema de Saturação Água – ar
ar ar óleo óleo óleo
RPM IR IR IR IR IR IR
0 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
500 1,11 1,17 1,23 - - -
700 1,32 1,27 1,45 - - -
900 1,74 1,93 1,93 0,91 1,30 0,95
1200 2,79 3,26 2,50 1,19 1,92 2,67
3000 5,08 4,12 3,92 5,04 5,46 3,40
5000 - - - 57,05 29,50 16,85
7000 8,35 7,18 6,72 61,66 44,50 26,91

Tabela D.2 – Tabela dos valores de Índice de Resistividade das amostras de coquinas
GC1 GC3 GC5 GC2 GC4 GC6
Água – Água – Água – Água – Água –
Sistema de Saturação Água – ar
ar ar óleo óleo óleo
RPM IR IR IR IR IR IR
0 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
500 2,38 2,24 2,72 1,38 1,28 1,37
700 4,51 4,44 5,39 2,13 1,65 2,15
1200 10,30 11,18 9,86 4,67 5,38 7,36
3000 38,61 16,71 25,22 14,62 25,76 42,95
7000 60,95 78,82 91,59 66,80 69,28 237,61

101

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