Você está na página 1de 17

A CULTURA NAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2022

EM PORTUGAL
Manuel Gama1
Cláudia Dominguez2
Rui Vieira Cruz3
Joana Almada4

Resumo: Com as eleições legislativas de 30 de janeiro de 2022 em Portugal, o


Observatório de Políticas de Ciência, Comunicação e Cultura (PolObs/CECS-UM)
propôs-se uma pesquisa com o objetivo de identificar nos discursos partidários a
existência de propostas de políticas para o setor da cultura e a predominância da
temática cultural na cobertura noticiosa no período eleitoral. Neste sentido, procedeu-se
a uma análise documental dos respetivos programas, manifestos e compromissos
eleitorais; das notícias referentes à cultura divulgadas nos veículos de comunicação; e
dos debates televisivos realizados entre os líderes com assento parlamentar na
Assembleia da República. Para a operacionalização do conceito de cultura optámos por
basear-nos, essencialmente, nos domínios inscritos na Conta Satélite da Cultura de
Portugal. Os resultados do estudo revelam, por um lado, a fraquíssima presença das
políticas culturais em todo o processo das eleições legislativas de 2022 - o que por si só
já é muito controverso - e, por outro lado, o predomínio da temática da tauromaquia nos
debates televisivos e na imprensa em detrimento de outras temáticas contidas nos
programas eleitorais. Assim, com o exemplo das eleições legislativas que decorreram
em Portugal no ano de 2022, pretendemos sublinhar o pouco peso que a cultura ainda
tem nas políticas públicas em Portugal, mas também como algumas temáticas ainda são
particularmente controversas, de que a tauromaquia é apenas um exemplo.

Palavras-chave: Cultura. Políticas culturais. Eleições legislativas. Portugal 2022.

Introdução

Pensar e desenvolver políticas culturais em Portugal perpassa por caminhos nem


sempre lineares e contínuos (SANTOS, 1994; MELO, 1997; SANTOS, 1998; SILVA,
2003; CASQUEIRA, 2007; LOPES, 2009; LOURENÇO, 2010; GAMA, 2013,
MARTINHO, 2020). Os atores culturais – políticos, servidores públicos, agentes
culturais, artistas – são uma complexa engrenagem na implementação de diretrizes e

1 PolObs/CECS - Universidade do Minho; manuelgama@ics.uminho.pt


2 PolObs/CECS - Universidade do Minho; dominguez.clau@gmail.com
3 PolObs/CECS - Universidade do Minho; rmvcruz@gmail.com
4 PolObs/CECS - Universidade do Minho; joanaalmada22@gmail.com
ações governamentais que atendam ao interesse individual e da sociedade. Faz-se
premente considerar a necessidade do desenvolvimento de políticas culturais
“integradas e interministeriais” (SANTOS, 2010, p.33) partindo do ponto de que “uma
política cultural pública é um garante essencial da pluralidade normativa, identitária e
expressiva das complexas sociedades contemporâneas” (LOPES, 2003, p. 9).
Reconhecido constitucionalmente na vida e no desenvolvimento do Estado, “o
direito constitucional à cultura surge como um dos chamados direitos sociais, direitos da
pessoa situada na sociedade. O direito à cultura é um direito social típico, com uma
dimensão positiva a preencher pelo Estado” (GAMA & ALVES, 2018, p.51). A
reflexão acerca de estudos em torno das políticas culturais não se alargarem de forma
natural “aos vários sectores emissores de políticas que estão impregnados de cultura” e
“às outras instituições não estatais que são emissoras legítimas de produção e de
emissão de políticas culturais” (GARCIA, 2010, p. 222) é considerada fundamental
neste contexto de investigação.
Sendo assim, o interesse pela temática da Cultura nas eleições legislativas 2022
em Portugal mostrou-se pertinente em mais um ano eleitoral, com uma nova
oportunidade de conhecer e analisar as propostas em torno da Cultura de cada uma das
forças políticas candidatas à Assembleia da República.

Metodologia de investigação
O estudo integrou uma metodologia de abordagem qualitativa conjugada com
uma abordagem quantitativa. O percurso de investigação decorreu a partir da análise de
três objetos de estudo: i) programas, manifestos e compromissos eleitorais dos partidos
com assento parlamentar; ii) debates televisivos entre os líderes partidários com assento
parlamentar; iii) notícias no contexto cultural veiculadas em plataformas digitais pelos
media.
A recolha de dados realizou-se entre 20 de dezembro de 2021 e 28 de janeiro de
20225 – intervalo temporal compreendido entre a pré-campanha e o fim do período
oficial de campanha eleitoral.

5 Recolha realizada até 12h00.


Especificamente para este estudo, socorremo-nos da Conta Satélite da Cultura
(CSC) que, na dimensão portuguesa, decorreu da necessidade de “desenvolver e
fortalecer metodologias estatísticas para medir o impacto e a contribuição da Cultura na
economia” (INE, 2016, p. 5). Em Portugal, a CSC também foi considerada o
instrumento mais adequado para “a obtenção de indicadores que permitissem conhecer e
caraterizar a estrutura de produção das atividades relacionadas com a Cultura” (INE,
2016, p.5). Os 10 domínios propostos na CSC incluem, genericamente, as seguintes
atividades económicas: 1) património cultural; 2) arquivos; 3) bibliotecas; 4) livros e
publicações; 5) artes visuais; 6) artes do espetáculo; 7) audiovisual e multimédia; 8)
arquitetura; 9) publicidade; 10) interdisciplinar.
O estudo ao longo da disputa eleitoral desenvolveu-se à luz destes 10 domínios
culturais. Aos quais se acrescentaram, por motivos diversos, mais quatro dimensões: i)
cultura - considerada de caráter inerente, essencial e específico para a investigação ii)
digitalização - tendo em vista o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), qual seja,
um programa de reformas e investimentos de âmbito nacional a ser executado até 2026,
orientado com um conceito de sustentabilidade inspirado nos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, sendo um dos pilares
estratégicos do PRR a transição digital; iii) redes (culturais) – estruturas organizacionais
policentradas caracterizadas, nomeadamente, pela horizontalidade do processo de
comunicação (GAMA, 2017), a exemplo da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses,
Rede Portuguesa de Museus, Rede de Bibliotecas Escolares etc.; iv) tauromaquia –
nomeadamente designada na CSC como artes do espetáculo, sendo esta temática
integrada à investigação a partir da análise dos debates televisivos, um dos objetos deste
estudo.
Recorreu-se ao software NVivo para a análise qualitativa de dados provenientes
dos programas eleitorais e das notícias divulgadas na imprensa. Conjugando os
resultados provenientes da análise foi possível reunir um conjunto de contributos
particularmente relevantes em cada um dos três objetos de estudo.

Programas, Manifestos e Compromissos Eleitorais


A análise dos programas, manifestos e/ou compromissos eleitorais centrou-se na
divulgação feita nos sites oficiais de cada um dos 20 partidos que concorreram às
eleições Legislativas 2022 no círculo eleitoral de Lisboa, em Portugal. A data de
lançamento dos programas foi muito diversa, havendo partidos que lançaram o seu
programa, manifesto e/ou compromisso ainda em dezembro de 2021, a exemplo do BE
e do LIVRE. No entanto, a maioria esperou o mês de janeiro para a sua publicação com
a campanha em andamento. Tendo em conta que algumas forças políticas de menor
dimensão não apresentaram qualquer programa eleitoral, optou-se pela análise dos nove
partidos com representação parlamentar, excluindo da análise os partidos não
representados no parlamento. No caso do PCP, o partido manteve a atualidade do seu
anterior programa de 2019 adicionando um compromisso eleitoral para 2022. Assim,
foram analisadas as informações do documento mais recente. Para o desenvolvimento
da análise, criou-se uma grelha com os 10 domínios da CSC e suas designações, com o
acréscimo das palavras cultura; digital; redes, e tauromaquia (e suas respetivas
derivadas) em que foram analisadas as secções relativas à cultura.
Dos nove programas objetos de análise – à exceção do partido CHEGA – todos
apresentam uma secção dedicada à Cultura, com o termo designado de várias formas: o
PCP apresenta num dos seus compromissos eleitorais “O Direito à Educação Cultura e
Desporto”; já o LIVRE refere o capítulo como “Cultura e Arte”, o CDS opta pela
designação “Cultura e Património”, o PSD por “Cultura e Conhecimento”, o PAN
denomina o capítulo de “Arte Cultura e Educação” e o BE nomeia-o de “Direito à
Cultura às Artes e ao Património”. Os partidos PS e IL, têm a secção denominada
apenas por “Cultura”.
Analisando estas secções dedicadas à Cultura nos programas eleitorais dos
partidos com assento parlamentar, observou-se o predomínio geral da palavra cultura
em todos os partidos, com a exceção do partido CHEGA, que não possui secção de
Cultura no seu programa, e o CDS a dar maior destaque também a património (40,0%),
comparativamente à cultura (30,0%). Por fim, é de destacar que o PAN e o PCP/PEV
foram os que proporcionalmente fizeram mais uso da palavra cultura nesta secção dos
seus programas eleitorais, com 79,1% e 69,2%, respetivamente.
Outra forma de analisar a distribuição das dimensões permitiu-nos perceber que,
excluindo a palavra cultura, as palavras digital, redes, espetáculo, livros e património
foram as mais mencionadas pelos diferentes partidos políticos. Assim, e atendendo às
diferentes dimensões da secção de cultura dos programas partidários, percebeu-se o
peso da palavra digital para partidos como o PCP/PEV, o PPD/PSD, o PS e o Livre, e o
peso de património para o CDS, o PAN, o IL, o BE e o PS. É também de salientar a
importância da palavra espetáculo para o PCP/PEV e de livros para o IL, diferenciando-
se assim da distribuição geral.
A tauromaquia não aparece em todos os programas eleitorais que a ela se
referem, situada no capítulo dedicado à cultura. Para o PAN, esta matéria está integrada
no capítulo de bem-estar animal, e no programa do CHEGA, que não têm uma secção
para cultura, a tauromaquia é citada como arte performativa, e está presente no capítulo
“Mundo rural e ambiente”. Também para o CDS a medida que defendem para o setor
“Tauromaquia: IVA 6% (espetáculo cultural) e reverter limite idade de entrada”,
aparece no compromisso 4, dedicado ao Mundo Rural, Mar e Natureza. Decidiu-se
incluir, no entanto, estas três visões, já que, apesar de contextualizadas em outras
secções se referiam ao mesmo assunto.
Salienta-se que as atividades tauromáquicas destacam-se em 5 dos 9 programas
eleitorais. Abolir a tauromaquia e a secção de Tauromaquia do Conselho Nacional de
Cultura é uma medida partilhada pelo PAN e LIVRE, já o BE não explicita a abolição
da tauromaquia, mas refere a eliminação de todos os apoios públicos diretos ou
indiretos aos espetáculos tauromáquicos. Por oposição, o CDS assume querer descer o
IVA das Touradas para 6% beneficiando deste imposto como todas as artes
performativas, assim como reverter a idade de entrada nas touradas. O CHEGA refere
uma gestão sustentável destas atividades que considera como tradicionais, e opõe-se a
uma imposição proibicionista. Os programas eleitorais do PS, PSD, CDU-PCP/PEV e
IL não mencionam a tauromaquia nem atividades correlatas.
Na secção dedicada à cultura dentro do programa de cada partido, centramo-nos
ainda nas dimensões dominantes encontradas nos documentos, a saber: património,
digitalização e livros.
O património é tema transversal aos vários partidos sendo que a sua preservação,
identificação e classificação acaba por ser ideia comum entre os partidos BE, LIVRE,
CDS, PS, PSD, IL, ainda que os modos de execução destas medidas sejam diferentes de
partido para partido. Neste campo, a IL, é a única que apresenta uma proposta de fundir
as quatro direções regionais (a extinguir) e a Direção Geral do Património Cultural num
Instituto Nacional do Património Cultural dotado de autonomia administrativa e
financeira.
A digitalização no setor cultural foi abordada na generalidade pelos partidos. As
referências mais relevantes sobre o digital na cultura aparecem, sobretudo, no programa
do PS, ao mencionar, por exemplo, a incrementação da taxa de digitalização de obras
artísticas ou a taxa de digitalização do Património Cultural (no âmbito do PRR), ou a
transição digital das livrarias entre outras referências. O PSD refere a palavra digital
/digitalização 7 vezes e focada, sobretudo, na digitalização de obras musealizadas,
fundos arquivistas e visitas virtuais a museus, e bibliotecas. A IL também expõe a
necessidade de promover uma exaustiva digitalização do património cultural, tanto de
obras de arte como processos e acessos, contribuindo assim para uma transição digital.
O programa eleitoral do BE, traz 6 incidências da palavra digital no seu capítulo
referente à cultura, ao mencionar oferta e sinal aberto da Televisão Digital, a
transposição das diretivas relativas a direitos de autor e direitos conexos em streaming e
no Mercado Único Digital; e na Promoção da produção e fruição da cultura: presença de
produção nacional na web, com disponibilização gratuita de todas as obras nacionais em
domínio público”, enquanto o LIVRE refere também o incentivo à digitalização da
cultura.
As políticas para o setor do livro são transversais a vários programas, como
exemplo, a proposta do BE é de rever a lei do preço fixo do livro. Por outro lado, o PS
refere a promoção do livro e a leitura, aparecendo como um dos seis tópicos que
considera fundamentais, enquanto o PAN se propõe apoiar as editoras e o setor livreiro
com vista a incentivar a reutilização do livro e apostar na transição digital nesta área. A
IL dá um grande destaque nas suas medidas ao setor do livro com o objetivo de
promover a eficiência do mercado livreiro português, em benefício dos leitores e da
literacia, propondo, tal como o BE, a revogação da Lei do preço fixo do livro. O LIVRE
dedica vários parágrafos a este tema, tendo propostas para a área, nomeadamente: travar
a criação de monopólios e de grupos editoriais com concentração excessiva de poder de
mercado; melhorar a regulação da edição e do livro; reestruturar a Direção-Geral do
Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) e criar novos programas de
intercâmbio literário e editorial.
Outros dois aspectos foram analisados: o orçamento para a Cultura, situação
laboral dos trabalhadores da Cultura. O orçamento para a Cultura é um ponto
convergente entre várias forças partidárias. A atribuição de 1% do orçamento do Estado
para o setor está explícita em vários programas partidários, como PCP/PEV, CDS, BE,
PAN.
A criação de uma Lei de Bases para a Cultura é uma das propostas do BE e do
PSD, já o PAN refere uma Carta de Compromisso para as artes e para a cultura,
enquanto o LIVRE quer dotar o setor com legislação específica, e o PCP propõe criar
um serviço público de cultura.
Um dos setores mais afetados pela pandemia foi, sem dúvida, o do setor cultural.
Segundo dados do INE, o número de pessoas empregadas em 2020 no setor era de
141.200 pessoas, número que tem vindo a crescer desde 2016. Neste sentido, importante
será perceber quais as medidas propostas nos programas eleitorais para os trabalhadores
da cultura.
No tocante aos trabalhadores da cultura, verifica-se uma maior incidência do
tema no programa do BE, em que as 6 primeiras propostas do partido referem: i)
alteração do estatuto dos profissionais da área; ii) combate ao trabalho informal; iii)
vinculação dos trabalhadores precários dos organismos públicos e autonomia de
contratação; iv) garantia do cumprimento da legislação laboral; v) criação de uma
plataforma online com recursos e materiais úteis aos trabalhadores da cultura; vi)
programa excecional de recuperação do tecido cultural. O LIVRE também se propõe
rever o estatuto dos profissionais da cultura de forma a eliminar a precariedade do setor,
medida partilhada e expressa também pelo PAN no seu programa. Já o PS propõe a
implementação do estatuto. O PCP menciona a erradicação da precariedade com
mecanismos eficazes de acesso a prestações sociais e a uma carreira contributiva
estável. Já o PSD vê necessidade de criar um quadro legal que dê resposta à natureza, às
necessidades específicas e ao modus operandi dos criadores, artistas, produtores,
associações culturais, companhias, teatros, orquestras, empresas de produção artística
etc.

Debates televisivos entre os líderes partidários com assento parlamentar


A análise de 30 debates televisivos entre os cabeças de lista de partidos com
assento parlamentar na Assembleia da República (AR) também integrou o conjunto de
objetos de estudo escrutinados nesta investigação científica. Estes debates decorreram
em direto, entre os dias 02 e 15 de janeiro de 2022, ancorados em seis canais de
televisão: RTP1, RTP3, SIC, SIC Notícias, TVI e CNN Portugal. Os líderes partidários
mantiveram-se fixos ao longo do período, com a exceção de Jerónimo de Sousa (PCP),
afastado, no segundo debate, por motivos de doença. Para além disto, o secretário-geral
recusou-se a participar em debates senão aqueles que se realizassem em canal
generalista ou outros conjuntos, como o da RTP. O líder do PCP acabou por ser
substituído por João Oliveira (PCP) no confronto com Rui Rio (PSD). O debate coletivo
dos partidos com assento parlamentar completa a análise deste objeto de estudo.
A princípio, aplicou-se a grelha de análise pré-definida a partir das palavras
cultura, digital, redes e dos 10 domínios da CSC descritos na metodologia adicionaram
observadas as palavras “cultura” e “digitalização”, “redes”. Observou-se neste objeto de
estudo o surgimento da temática “tauromaquia. Por outro lado, as designações dos 10
domínios da CSC e os temas “cultura” e “digitalização” mostraram-se ínfimos
consoante as propostas de políticas culturais. Explorou-se residualmente o tema pelos
representantes partidários, porém identificaram-se as seguintes abordagens:
a) Dimensão Cultural
O candidato Rui Tavares (LIVRE) suscitou o assunto cheque-cultura em debate
com o oponente António Costa (PS), ao destacar o exemplo da vizinha Espanha que
recentemente aprovou o Orçamento do Estado 2022 que inclui um cheque-cultura no
valor de 400 euros para jovens de 18 anos. O primeiro-ministro António Costa,
candidato à reeleição pelo PS referiu a crise no setor da Cultura em debate com a líder
partidária Catarina Martins (BE). O candidato João Cotrim Figueiredo (IL) em debate
com Francisco Rodrigues do Santos (CDS) falou sobre cultura do cancelamento em
resposta ao líder do CDS:
Cultura de cancelamento? Na Iniciativa Liberal? Estamos a falar de
uma pessoa que já nem sequer está na comissão executiva (…) se há
alguém que tem cultura de cancelamento é o CDS e a sua atual direção
que cancelou um grupo parlamentar inteiro, de pessoas que foram
censuradas pelas posições que assumiram de tal maneira que já nem
sequer fazem parte das listas. (informação verbal) 6

No debate que reuniu todos os líderes partidários com assento parlamentar com a
duração de duas horas, a cultura esteve mais uma vez praticamente ausente, não
obstante o moderador ao mudar de tema dizer que os candidatos poderiam escolher
entre vários temas e cultura foi uma das sugestões, mesmo assim e com o facto do
debate se ter realizado no Cineteatro Capitólio fez o elenco candidato lembrar-se de
abordar a temática. Neste debate, Catarina Martins, coordenadora do BE, refere a
palavra cultura no seguimento do tema benefícios fiscais e fuga de impostos: “que
retiram ao país milhões de euros e que serviriam para aliviar quem vive do trabalho e
financiar melhores serviços públicos incluindo a educação a cultura, a ciência...".
Também neste debate, Inês Sousa Real (PAN) referiu, mais uma vez, o fim da
tauromaquia: “Não podemos torturar um animal na arena e procurar elevar isso a
espetáculo”.
b) Dimensão Audiovisual e Multimédia
A privatização da TAP esteve em discussão entre os candidatos Rui Rio (PSD) e
João Cotrim Figueiredo (IL). Os protagonistas apresentaram opiniões diferentes sobre o
assunto. Rui Rio ponderou:
a RTP, pelo menos nos dois últimos anos deu lucro (…) eu acho que é
útil um canal público de televisão, um de rádio e a Lusa, eu acho que
são úteis, são canais mais sóbrios, são canais que têm obrigação de ser
isentos (…). Neste momento nos dois últimos exercícios já teve lucro
apesar de ter capitais próprios negativos, mas já foi tendo lucro, se
continuar nesse caminho, não há necessidade de privatizar.
(informação verbal)7

Por outro lado, João Cotrim de Figueiredo rebateu ao salientar “diz que dá lucro
porque recebe 220 milhões de euros (se não estou em erro) de indemnizações
compensatórias, pagas pelas pessoas na sua fatura da eletricidade, para todos, vejam ou
não vejam”.
c) Dimensão Artes do Espetáculo

6
Informação fornecida por João Cotrim Figueiredo (IL) durante debate realizado na RTP3, em 05 de
janeiro de 2022.
7
Informação fornecida por Rui Rio (PSD) durante debate realizado na SIC, em 10 de janeiro de 2022.
O líder do partido CHEGA, André Ventura, confrontou a candidata Catarina
Martins (BE) ao referir inúmeras vezes a classe artística: i) “Eu não sou tão bom ator
como a Catarina Martins é”; ii) “a diferença, Catarina Martins, é que quando Catarina
Martins era atriz - e bem - e eu era inspetor tributário…”; iii) “de facto, percebe-se
porque Catarina Martins era atriz…porque é uma excelente atriz, tenho que lhe dizer
isso. Por acaso nunca vi nada seu, mas tenho que lhe dizer isso: é uma excelente atriz”;
iv) “a Catarina Martins veio aqui dizer assim: ah, eles na verdade não fazem nada. Está
a mentir. E sabe que está a mentir, mas como é uma ótima atriz, passa”.
O candidato Rui Rio (PSD) fez referência ao teatro em debate com António
Costa (PS). A palavra teatro surge no contexto em que o líder do PS acusa Rui Rio de
querer aumentar o custo da saúde. Em resposta, o líder do PSD reagiu: “Não vale a pena
fazer teatro”.
d) A temática tauromaquia
A tauromaquia, por outro lado, foi explorada por diferentes líderes partidários
como Francisco Rodrigues dos Santos (CDS), Inês Sousa Real (PAN) e João Cotrim
Figueiredo (IL). O líder partidário do CDS e a representante do PAN trouxeram aos
debates as práticas das atividades tauromáquicas em Portugal. A porta-voz salientou ao
líder do CDS que
(…) só no caso da tauromaquia estamos a falar de mais de 16 milhões
de euros ao ano. Só no Campo Pequeno beneficiam de uma isenção de
12 milhões de euros da Praça de Touros do Campo Pequeno. E
quando olhamos para outros setores da nossa economia, em particular
no setor cultural, há aqui uma grande injustiça social de estarmos a
canalizar verbas para uma atividade absolutamente anacrónica, cruel
para com os animais que já não deveria de ter lugar na nossa
sociedade em pleno séc. XXI. (informação verbal)8

Francisco Rodrigues dos Santos (CDS) diante de Inês Sousa Real (PAN)
confrontou a líder partidária de, por um lado, defender a liberdade de imprensa e, por
outro, querer proibir as estações de TV privadas de transmitir touradas em sinal aberto:
“sabe que Inês Sousa Real no programa que defende, diz exatamente isto: as estações
privadas devem ser proibidas de transmitir touradas em sinal aberto, onde é que está o
seu respeito pela liberdade de imprensa?"

8 Informação fornecida por Inês Sousa Real (PAN) durante debate realizado na RTP3, em 04 de janeiro de 2022.
O assunto tauromaquia dominou o debate entre CDS e PAN. O líder Francisco
Rodrigues dos Santos referiu a tauromaquia como "uma arte performativa com raízes
culturais profundas”. Em outro momento do debate, Inês Sousa Real respondeu à
Francisco Rodrigues dos Santos sobre os postos de trabalho na tauromaquia: “Não
houve perdas de trabalho com a pandemia no setor da tauromaquia" e continua a dizer
os únicos postos que se extinguem com o fim da tauromaquia são de
meia dúzia de pessoas que estão ligadas ao lobby da tauromaquia e
que beneficiam destes milhões de euros, os portugueses gostariam
com certeza de saber para onde foram os 90 milhões de euros para o
Campo Pequeno para que lá fossem realizadas touradas e que
desapareceram no processo de insolvência. Ele insiste que o CDS, “se
for governo vai baixar novamente o IVA da tauromaquia para 6%.
(informação verbal)9

A temática tauromaquia esteve também em discussão entre Inês Sousa Real


(PAN) e André Ventura (CHEGA), abordada diversas vezes ao longo do debate. A
porta-voz do PAN, expôs seu ponto de vista sobre a tauromaquia e a cultura:
Acabar com as touradas e com os 16 milhões de euros que são dados
anualmente para este setor e se canalizem por exemplo para a
verdadeira cultura do nosso país, porque os nossos artistas, os
profissionais do setor da cultura, do cinema, da música, os técnicos de
apoio, por exemplo, a todas estas atividades passaram por uma
situação muito complexa no nosso país, e que foram absolutamente
arrasadas durante a pandemia. (informação verbal)10

Em nova discussão, o posicionamento do partido acerca das touradas foi


suscitado por Francisco Rodrigues dos Santos (CDS) ao oponente João Cotrim
Figueiredo (IL): “O João Cotrim Figueiredo era diretor na TVI e assistia a touradas.
Não ouvimos uma única palavra do João Cotrim Figueiredo dizer que é contra este
contrato da RTP que proíbe as touradas”.
Noutro confronto, o candidato do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, referiu
a tauromaquia em resposta à Rui Tavares (LIVRE) - que critica o facto do CDS querer
reverter a idade das crianças que assistem a touradas, e de querer o IVA da tourada a
6%.

9 Informação fornecida por Inês Sousa Real (PAN) durante debate realizado na RTP3, em 04 de janeiro de 2022.
10Informação fornecida por Inês Sousa Real (PAN) durante debate realizado na SIC Notícias, em 14 de janeiro de
2022.
Se estudar a lei perceberá que a tauromaquia está enquadrada como
uma arte performativa com raízes culturais profundas na sociedade
portuguesa e todos os espetáculos culturais na lei têm exatamente o
mesmo IVA que é 6%. A tourada era o único que está excecionada por
perseguição ideológica. (informação verbal)11

Os debates, enquanto objeto de estudo desta investigação, apresentaram a


ausência dos demais domínios da Conta Satélite. Das dez dimensões a serem analisadas,
oito foram ignoradas pelos debatedores. Também não foram encontradas referências à
digitalização e às redes.

Notícias no contexto cultural veiculadas em plataformas digitais pelos media


A amostra utilizada neste estudo foi composta por 106 peças jornalísticas que
abordaram a temática cultura durante o período temporal de 20 de dezembro de 2021 a
28 de janeiro de 2022 (até 12h), distribuídas por sete fontes jornalísticas: Correio da
Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Lusa, Público, Sábado e Visão. De notar
que o jornal Expresso fez parte inicialmente da amostra, contudo, devido ao ataque
cibernético de que foi alvo, a pesquisa e o acesso às notícias para este período temporal
foi impossibilitado. A pesquisa incluiu os termos “cultura”, “digitalização”, “redes”,
“tauromaquia” e os 10 domínios da CSC.
A análise temporal registou um pico noticioso na semana de 24 a 28 de janeiro,
registando aproximadamente um terço do total de notícias produzidas (32,1%), no qual
se destaca o dia 21 de janeiro com 14,2% da amostra.
A distribuição da amostra demonstra um predomínio da agência Lusa (24,5%),
seguindo-se o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias (17%, cada), sendo de realçar
que estes três meios de comunicação ultrapassam os 50% do total de notícias recolhidas
(58,5%). Se o foco incidir unicamente nos meios noticiosos comerciais (e, portanto, a
agência Lusa for excluída da análise), o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias
(22,5%, cada) e o Público (17,5%) registam combinadamente um valor superior a 50%
da amostra, assinalando 62,5%.

11Informação fornecida por Francisco Rodrigues dos Santos (CDS) durante debate realizado na CNN Portugal, em 10
de janeiro de 2022.
50%

40%

30%

20%

10%

0%
20 a 26 dezembro 27 dezembro a 2 3 a 9 janeiro 10 a 16 janeiro 17 a 23 janeiro 24 a 28 janeiro
janeiro

Gráfico 1: Distribuição temporal da amostra

Correio da Manhã 9,4%

Diário de Notícias 17,0%

Jornal de Notícias 17,0%

Lusa 24,5%

Público 13,2%

Sábado 8,5%

Visão 10,4%

Gráfico 2: Distribuição da amostra por fontes jornalísticas

Figura 1: Nuvem das 30 palavras mais mencionadas pela imprensa portuguesa


Os procedimentos aplicados na análise com recurso ao NVivo envolveu a
criação de nuvens de palavras com as 30 palavras mais mencionadas, com 3 ou mais
letras (escolha justificada pelas siglas dos partidos deterem, geralmente, três letras), em
que as buscas foram codificadas para agrupar palavras similares (e.g. cultura, cultural).
Assim, sabendo a distribuição das peças jornalísticas, procedemos à análise das palavras
contidas nos títulos das peças jornalísticas, de onde se destacam legislativas (3,98%),
motivado principalmente pelos cadernos que os meios de comunicação criaram nos seus
sítios online, de que serve de exemplo o seguinte título da Visão de 22 de janeiro:
“Legislativas: Património, estatuto e 1% do orçamento para Cultura nas propostas
eleitorais”. Outras palavras dignas de destaque foram PAN (3,20%), cultura (2,54%),
aposta, constituição e programa (0,77%, cada).
Relativamente às figuras públicas, o nome de (António) Costa e (Rui) Rio
figuram em primeiro lugar com 1,44% do total das palavras, seguindo-se (Rui) Tavares
(1,22%) e Jerónimo (Sousa, com 0,66%). Analogamente, as forças políticas mais
mencionadas foram o PAN (3,20%), o Livre (0,88%) e o CDS (0,77%).
Um dos temas destacados pela imprensa nos referidos títulos enfatizou os
direitos e animais (0,66%, cada), em particular a tauromaquia (0,55%), temática
incluída na Conta Satélite da Cultura no domínio das Artes do Espetáculo, e provinda
dos debates entre os partidos e também das notícias relacionadas com o CDS e o PAN,
iniciando no dia 5 de janeiro com a notícia do Diário de Notícias: “"Mundo rural” e
touradas dividiram CDS-PP e PAN no frente-a-frente televisivo”, tendo culminado com
o evento de 20 de janeiro em Beja (0,55%), de que é exemplo o título da Sábado: “Líder
do PAN insultada por grupo ligado à tauromaquia em Beja”.
Tendo já conhecimento das palavras mais mencionadas nos títulos e de forma a
aferir a presença dos termos de pesquisa no enquadramento procedemos ao
levantamento através do NVivo para perceber a distribuição desses mesmos termos nos
títulos jornalísticos. Desta forma, registou-se o predomínio geral da palavra cultura,
juntamente com digital e património, totalizando estes 56,1%, 9,8% e 7,3%,
respetivamente. Por sua vez, a temática emergente da tauromaquia representou 24,4%,
tornando-a a segunda palavra mais pesquisada deste rol.
Na mesma sequência, a pesquisa das palavras pelos títulos das 106 notícias
recolhidas registou um predomínio da palavra cultura, estando esta presente em 21,7%
do total de títulos, seguindo-se tauromaquia (9,4%) e redes (3,8%), referindo-se estas
sobretudo às redes sociais e não à composição de redes e parcerias.

Gráfico 3: Distribuição da amostra por termos de pesquisa

Considerações finais
Ao contrário do que aconteceu nos debates televisivos em que a discussão de
propostas de políticas culturais ocupou um espaço muito residual, nos programas,
manifestos e/ou compromissos dos partidos representados na Assembleia da República,
na sua generalidade, a cultura esteve presente em secções dedicadas ao tema.
Das 106 peças jornalísticas agregadas e distribuídas pelas sete fontes noticiosas
analisadas, que abarcaram a temática da cultura e a sua relação com a campanha
eleitoral das eleições legislativas 2022, registou-se um crescente interesse da imprensa
(ainda que residual) da temática da cultura ao longo da duração da campanha. A
tauromaquia assumiu principal destaque, catalisada pelos discursos e cobertura noticiosa
do PAN e do CDS. Destaca-se o interesse mediático suscitado pelos confrontos na
cidade de Beja, a 20 de janeiro, em torno da tauromaquia.
Nos debates televisivos, a Cultura foi reduzida à tauromaquia, excluindo
propostas concretas de políticas públicas culturais contidas nos programas eleitorais
partidários, reduzindo ao segundo plano esta importante área estratégica de governo.
Ficou evidente que as políticas culturais, nos meios de análise utilizados, não
estiveram nas prioridades do debate político, embora que da direita à esquerda muitas
foram as páginas escritas sobre a cultura nos programas eleitorais.
A vigilância no cumprimento da Constituição e das (poucas) promessas de
campanha deve ser uma constante na ordem do dia para que as propostas e debates de
políticas culturais não fiquem relegados para segundo plano em favor de temáticas mais
mediáticas ou populistas que, apesar de totalmente legítimas, não podem ou devem
abafar os desafios que todo setor cultural tem pela frente nos próximos anos.

REFERÊNCIAS

CASQUEIRA, Natália (2007). Políticas Culturais, Turismo e Desenvolvimento Local


na Área Metropolitana do Porto. Tese de doutoramento não publicada, Faculdade de
Letras, Universidade do Porto, Portugal.
GAMA, Manuel (2021). E se começarmos por cumprir a Constituição da República
Portuguesa? In M. Gama & P. R. Costa (Eds.), Políticas culturais municipais: Análise
de documentos estruturantes em torno da cultura (pp. 15–35). CECS.
________ (2017). Formação em Teatro e Formação de Públicos. [Dissertação de
mestrado. Instituto Politécnico de Viana do Castelo].
________ (2013). Políticas culturais: um olhar transversal pela janela-ecrã de Serralves.
Tese de Doutoramento em Estudos Culturais, Universidade do Minho, Braga, Portugal
GAMA, Manuel; ALVES, Dora (2018). Cultura e Direitos Humanos no Espaço
Cultural Ibero-Americano. Trabalho apresentado em IV Congresso Internacional
Dimensões dos Direitos Humanos: "Direitos Humanos de 2ª Geração", Porto.
GARCIA, Orlando (2010). Contradança. in M. Santos & J. Pais (org.), Novos trilhos
culturais: práticas e políticas (pp.219-236). Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais.
Instituto Nacional de Estatística (2016). Conta Satélite da Cultura – 2010- 2012 - notas
metodológicas. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística.
LOPES, João Teixeira (2009). Da democratização da Cultura a um conceito e prática
alternativos de Democracia Cultural. Revista Saber (e) educar, nº 14, Caderno de
Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores.
________ (2003). Escola, território e políticas culturais. Porto: Campo das letras.
LOURENÇO, Vanda (2010). Cultura e educação: desafios de uma política partilhada. In
M. L. L. Santos & J. M. Pais (org.), Novos trilhos culturais: práticas e políticas, (pp.
237-242). Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais.
MARTINHO, Teresa Duarte (2020). Cultura, Política, Trabalho: Profissionais
Desocultados Procuram Direitos e Cuidados. Em Suspenso. Reflexões Sobre o Trabalho
Artístico, Cultural e Criativo na Era Covid-19. Cadernos da Pandemia, nº5, (6-13).
Universidade do Porto: Faculdade de Letras.
MELO, António (1997). Política Cultural: acção ou omissão. Boletim OBS, nº 2, (8-10).
Lisboa: Observatório das Actividades Culturais.
SANTOS, Maria Lourdes Lima. (2010). Uma panorâmica com três vertentes e duas
dimensões. In M.L. L. Santos & J. M. Pais (Eds.), Novos trilhos culturais: Práticas e
políticas (pp.29–35). Imprensa de Ciências Sociais.
________ (coord.) (1998). As Políticas Culturais em Portugal. Lisboa: Observatório das
Actividades Culturais.
SANTOS, Boaventura Sousa (1994). Pela Mão de Alice. O Social e Político na Pós-
modernidade. Porto: Edições Afrontamento.
SILVA, Augusto Santos (2004). As redes culturais: Balanço e perspectivas da
experiência portuguesa, 1987-2003. in R. Gomes (coord.), Os Públicos da cultura
(pp.241-283). Lisboa: Observatório das Actividades Culturais.
________ (2003). Como Classificar as Políticas Culturais? Uma nota de pesquisa.
Boletim OBS, nº12, (10-20). Lisboa: Observatório das Actividades Culturais.

Documentos dos partidos políticos:


BE (2022). Programa Eleitoral do Bloco de Esquerda 2022-2026. Disponível em
https://programa2022.bloco.org/
CDS (2022). CDS - Compromisso Eleitoral Legislativas 2022. Disponível em
https://pt.scribd.com/document/551785976/CDS-Compromisso-Eleitoral-Legislativas-
2022
CHEGA (2022). Programa Eleitoral Legislativas 2022. Disponível em
https://partidochega.pt/programa-eleitoral-legislativas-2022/
IL (2022). Programa Eleitoral – Iniciativa Liberal. Disponível em
https://iniciativaliberal.pt/legislativas-2022/programa-eleitoral/
LIVRE (2022). Legislativas 2022. Disponível em
https://partidolivre.pt/legislativas2022/
PAN (2022). Programa eleitoral do PAN. Disponível em
https://pan.com.pt/eleicoes/eleicoes-legislativas-2022/programa-eleitoral-legislativas-
2022/
PCP (2022). Compromisso Eleitoral do PCP | Eleições Legislativas 2022. Disponível
em https://www.cdu.pt/2022/compromisso-eleitoral-do-pcp
PSD (2022). Programa Eleitoral 2022. Disponível em https://www.psd.pt/pt/programa-
eleitoral-2022
PS (2022). Programa Eleitoral do PS às Legislativas. Disponível em
https://ps.pt/programa-eleitoral-do-ps-as-legislativas-de-2022-2/

Você também pode gostar