Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação.................................................................................................................................. 4
Introdução.................................................................................................................................... 7
Unidade I
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL....................................................................... 9
capítulo 1
Desordens da mucosa oral................................................................................................ 9
capítulo 2
Desordens gástricas......................................................................................................... 11
capítulo 3
Desordens intestinais.......................................................................................................... 16
capítulo 4
Desordens hepáticas e biliares.......................................................................................... 23
capítulo 5
Dispepsia................................................................................................................................ 34
Unidade iI
FITOTERAPIA EM DESORDENS CARDIOVASCULARES............................................................................... 36
capítulo 1
Doenças cardiovasculares degenerativas.................................................................... 37
capítulo 2
Doenças vasculares cerebrais e periféricas.................................................................. 40
capítulo 3
Distúrbios circulatórios.................................................................................................... 44
capítulo 4
Dislipidemia........................................................................................................................... 47
Unidade iII
FITOTERAPIA EM DESORDENS RESPIRATÓRIAS......................................................................................... 52
capítulo 1
Inflamações agudas e crônicas das vias respiratórias............................................... 53
capítulo 2
Gripes e resfriados............................................................................................................. 57
Unidade iv
FITOTERAPIA EM DESORDENS RENAIS, DAS VIAS URINÁRIAS E PRÓSTATA.................................................. 59
capítulo 1
Infecções das vias urinárias............................................................................................. 60
capítulo 2
Hiperplasia benigna de próstata........................................................................................ 62
Unidade V
FITOTERAPIA EM DESORDENS REUMÁTICAS E GOTA.............................................................................. 65
capítulo 1
Artrite reumatoide e gota.................................................................................................. 65
Unidade Vi
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO SISTEMA NERVOSO E PSIQUE.............................................................. 73
capítulo 1
Desordens do sistema nervoso e psique......................................................................... 73
Unidade VIi
FITOTERAPIA EM DESORDENS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS................................................................. 83
capítulo 1
Obesidade e Diabetes............................................................................................................ 83
capítulo 2
Distúrbios tireoidianos....................................................................................................... 92
Referências................................................................................................................................... 99
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
A fitoterapia constitui uma forma de terapia medicinal que vem crescendo notadamente neste
começo do século XXI. Segundo a Portaria no 971, de 3 de maio 2006, do Ministério da Saúde,
a fitoterapia é uma terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes
formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal.
De acordo com a Resolução RDC no 14, de 31 de março de 2010, emitida pela ANVISA, são considerados
medicamentos fitoterápicos os obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais,
cuja eficácia e segurança são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, de
utilização, documentações tecnocientíficas ou evidências clínicas. Os medicamentos fitoterápicos
são caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela
reprodutibilidade e constância de sua qualidade.
O Brasil, com seu amplo patrimônio genético e sua diversidade cultural, têm em mãos a oportunidade
para estabelecer um modelo de desenvolvimento próprio e soberano no Sistema Único de Saúde
(SUS) com o uso de plantas medicinais e fitoterápicos. Esse modelo deve buscar a sustentabilidade
econômica e ecológica, respeitando princípios éticos e compromissos internacionais assumidos e
promovendo a geração de riquezas com inclusão social.
Objetivos
»» Analisar, refletir e formar sólido conhecimento a respeito da utilização de plantas
medicinais e fitoterápicos em diferentes desordens orgânicas.
8
FITOTERAPIA EM
DESORDENS Unidade I
DO TRATO
GASTRINTESTINAL
capítulo 1
Desordens da mucosa oral
Desordens bucais
Uma das doenças orais mais comuns, a cárie é de etiologia multifatorial e pode desencadear a
uma destruição localizada nas estruturas dentais. A fermentação dos carboidratos na boca por
micro-organismos provoca uma queda acentuada no pH de 7.0 para menos de 5.5, ocorrendo
dismineralização da superfície do esmalte. A produção e liberação de endotoxinas e ativação de
monócitos e macrófagos, resultantes da destruição do tecido periodontal, provoca a liberação de
fatores inflamatórios que levam a reabsorção do osso alveolar e destrói o tecido conectivo (GATI;
VIEIRA, 2011).
9
UNIDADE I │FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL
Fontes: Koo et al., 2010; Bodet et al., 2008; Ferrazzano et al., 2009; Bugno et al., 2007; Al-bayatti, 2008; Chaudhry; Tarig, 2006;
Pai et al., 2010; Wanner et al., 2010; Romagnoli et al., 2010.
Adicionalmente, o própolis, apesar de não ser um fitoterápico e sim um subproduto produzido por
abelhas a partir da extração feita pelas mesmas de diversas plantas, existem estudos documentando
a ação antibacteriana do extrato de própolis. Segundo o perfil químico, mais de 12 tipos químicos
diferentes de própolis brasileira já foram identificados, sendo que os mais efetivos nas desordens
orais são o tipo 3, proveniente do sul do país, e tipo 12, proveniente do sudeste do Brasil. Dualibe et
al. (2007), observou que o uso da solução do extrato alcoólico de própolis utilizada em bochechos,
consegue reduzir em 81% a quantidade de S. mutans, sendo que esse efeito está relacionado à
redução da atividade da glicosiltransferase e consequentemente menor adesão bacteriana aos
dentes (DUARTE et al., 2003).
10
capítulo 2
Desordens gástricas
Gastrite e úlcera
Gastrite é uma inflamação da mucosa gástrica que pode ser desencadeada pelo uso de medicamentos,
ingestão de bebidas alcoólicas, fumo, situações de estresse. Geralmente tem curta duração e
desaparece, na maioria das vezes, sem deixar sequelas. Porém a gastrite também pode se apresentar
de forma crônica sendo caracterizada por atrofia crônica progressiva da mucosa gástrica (HUDSON
et al., 2000; KRAUSE et al., 2010).
A úlcera péptica é uma doença de evolução crônica, com surtos de ativação e períodos de remissão,
caracterizada por perda de tecido nas áreas do tubo digestório, que entram em contato com a
secreção de ácido péptico do estômago. O desenvolvimento de úlcera gastrointestinal está associado
com alta ingestão de álcool, avanço da idade, uso de tabaco ou relacionada com a presença de outras
patologias (SILVA, 2010; HUDSON et al., 2000).
Na gastrite e na úlcera ocorre um desequilíbrio entre fatores que agridem a mucosa e outros que
protegem, gerando uma lesão da mucosa. Outro fator importante é a presença de Helicobacter
pylori, uma bactéria gram-negativa que apresenta ação mucolítica, presente em grande parte
das úlceras gástricas. A colonização da mucosa gástrica com Helicobacter pylori resulta em no
desenvolvimento de gastrite crônica evoluindo para complicações como úlcera, neoplasia gástrica
e algumas enfermidades extra-gástricas (ZULLO et al., 2009). Estudos sugerem que o risco
de desenvolver câncer está associado ao alto consumo de alimentos preservados em sal e baixo
consumo de vegetais e frutas em especial, supostamente devido ao seu conteúdo de Vitamina C, que
agiriam como agentes protetores (TSUGANE et al., 2007). Estudo em ratos e humanos mostra que
a H.pylori estimula a proliferação de células epiteliais gástricas e sua apoptose (YANG et al., 2008).
O adequado fluxo de sangue e secreção de bicarbonato com tamponamento da superfície epitelial são
fatores fisiológicos protetores da mucosa gástrica. Uma vez lesionado, há uma secreção fisiológica
de prostaglandinas juntamente com a secreção de alguns hormônios e fatores de crescimento como
gastrina, colecistoquinina, secreção de células parietais, TNF-alfa e fator de crescimento epidérmico
(EGF), que promovem a recuperação da úlcera (NAYEB et al., 2009).
11
UNIDADE I │FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL
Estudos mostraram que o uso oral da espinheira santa exerce atividade citoprotetora por ter
capacidade de se ligar a superfície da mucosa funcionando como uma camada de proteção por
aumentar a síntese de muco e combater radicais livres (LEITE et al., 2001).
A presença de taninos e sua ação antioxidante protegem as células contra a oxidação celular,
incluindo a peroxidação lipídica e conferem à Espinheira Santa seus efeitos anticarcinogênicos
e mutagênicos. Os tipos de câncer em eu melhor se conhecem os benefícios preventivos são o
melanoma, carcinoma, adenocarcinoma, linfoma e leucemia (CIPRIANI et al., 2007; HATSUKO et
al., 2007; THALES et al., 2006; ).
Os principais responsáveis pelo efeito gastroprotetor das folhas de espinheira santa são os flavonoides
tri e tetra glicosídeos 1 e 3 (LEITE et al., 2010). Estes constituintes fenólicos são os responsáveis
pela interrupção da secreção ácida por inibir a bomba NA-K-ATPase e modulação da produção de
óxido nítrico (NO) pelos seus constituintes.
Doses recomendadas: para adultos na forma de tintura são 10ml, três vezes ao dia diluído em meio
copo de água ou na forma de infusão utilizar 2 g da erva em infusão até três vezes ao dia.
12
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL│ UNIDADE I
Mc Kay e Blumberg (2006), em estudo clínico realizado com 98 pacientes recebendo radioterapia e
quimioterapia o uso oral de solução de camomila, mostrou prevenir a mucosite secundária ao uso de
radioterapia e algumas medicações quimioterápicas como asparaginase, cisplatina, ciclofosfamida,
metotrexato e vincristina.
Em estudo realizado em ratos com ulcerações gástricas foi utilizado um extrato aquoso de
camomila em diferentes concentrações e os resultados revelaram que houve redução do índice
ulcerogênico proporcional à dose de camomila utilizada e houve aumento dos níveis de glutationa
após a administração das doses mais altas de extrato aquoso de camomila (HASHEM, 2010). Outro
estudo concluiu que o extrato hidroalcoólico de camomila pode ter efeitos nas lesões mucosas pelo
menos em parte devido ao seu efeito na redução da peroxidação lipídica e aumento da atividade
antioxidante (CEMEK et al., 2010).
13
UNIDADE I │FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL
atimicrobiana e ansiolítica, além de ser utilizada como ativador de memória, possivelmente pela
melhoria da transmissão colinérgica no cérebro (PARLE et al., 2004).
O Alcaçuz, na forma de extrato aquoso, é muito utilizado no tratamento de úceras, pois reduz a
adesão da H.pylori no tecido estomacal, P. gengivalis no tecido oral e seu efeito anti-inflamatório
também favorece o tratamento. (WITTSCHER et al., 2009). A fração anti-inflamatória é a 12-keto
triterpenosaponinas. Alguns estudos relatam ainda que a Glycyrrhiza glabra apresenta atividade
inibitória sobre a bactéria em função da presença dos flavonoides glabridina e glabreno (FUKAI et
al., 2002).
As frações de ácido cafeico (eisosanil cafeato e docosil cafeato), presentes no alcaçuz, pode ser
responsável por sua atividade antiúlcera, pois inibem a atividade da elastase e apresentam ação
antioxidante. Além disso, esse efeito pode ser potencializado quando em associação a outros
fitoterápicos. Khayyal et al. (2001) utilizaram em estudo realizado em ratos uma associação da
Glycyrrhiza glabra com Iberis amara, Melissa officinalis, Matricaria recutita, Carum carvi,
Mentha piperita, Angelica archangelica, Silybum marianum e Chelidonium majus. Os resultados
indicam que os efeitos são ainda melhores do que quando os fitoterápicos foram testados
isoladamente. Os ratos apresentaram uma redução da produção de ácido, aumento da produção
de mucina, um aumento da liberação de prostaglandinas E2 e uma redução dos leucotrientos. Os
autores associam os efeitos citoprotetores observados nos animais ao seu conteúdo de flavonoides e
as suas propriedades antioxidantes (KHAYYAL et al.,2001).
Dentre as bactérias que ele possui espectro de ação, está a H.pylori. Estudos sugerem que o consumo
do chá previamente à infecção pela bactéria pode prevenir a inflamação da mucosa gástrica e quando
o chá é ingerido após a infecção pode reduzir a magnitude da gastrite (STOICOV et al., 2009). Parte
desses efeitos se dá à presença de polifenóis que apresentam atividade antitumoral e propriedades
bactericidas.
14
FITOTERAPIA EM DESORDENS CARDIOVASCULARES│ UNIDADE II
Prabjone et al. (2006) mostraram que ratos tratados com uma solução de Aloe Vera apresentaram
uma redução na adesão leucicitária bem como menores níveis de NKκ-B, mostrando efeito positivo
na redução do processo inflamatório presente nas infecções pela bactéria H.pylori. Adicionalmente,
outro grupo de pesquisadores mostram que o Aloe Vera possui também efeito antiaderente sobre a
H.pylori in vitro (XU et al., 2010).
Shukla e Sing (2006) em uma revisão da literatura concluíram que diversos estudos apontam que o
uso de gengibre está relacionado à morte da bactéria H.pylori. Outros efeitos relacionados ao uso do
rizoma são: antipirético, analgésico, hipotensor, antioxidante, anti-inflamatorio devido à supressão
da ciclooxigenase (COX2), lipoxigenase (LOX5) e ácido araquidônico (AA) e, também, antitumoral
(MASUDA et al., 2004; SHUKLA e SING, 2006).
Os gingeróis são os compostos ativos mais conhecidos sendo que o principal é o 6 gingerol (WHITE,
2007; REIS et al., 2009; ALAM et al., 2009).
15
capítulo 3
Desordens intestinais
Inchaço e flatulência
As plantas carminativas (úteis para expelir gases com o objetivo de aliviar a flatulência) aceleram
o processo digestivo e de neutralizam os gases provenientes do trato digestivo, reduzindo cólicas e
desconforto abdominal (HAWRELAK et al., 2009).
Os compostos químicos responsáveis por esses efeitos são os óleos essenciais e flavonoides, estes últimos
relaxam a musculatura lisa do trato gastrintestinal e as vias biliares, conferindo uma ação espasmolítica.
Devem ser administrados no início das refeições ou logo após as mesmas (SCHULTZ et al., 2002).
16
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL│ UNIDADE I
Fontes: Nalini et al., 1996; Sultana et al., 2010; Der Marderosaian e Beuter, 2002; Picon et al., 2010; Oravy et al., 2008; Baliga
& Rao, 2010; Rodriguez et al., 1999; Alun et al., 1984; Burkhard et al., 1999; Ferro, 2006; Teske et al., 2001; Iacobellis et al.,
2005; Samoujuk et al., 2010; Hawrelak et al., 2009, Klein et al., 1998; Shang et al., 2005; Zeng et al., 2001.
Obstipação intestinal
A constipação do intestino é um sintoma frequente que afeta entre 2% a 27% da população de países
ocidentais, dependendo do grupo estudado sendo mais frequente em mulheres e idosos (COFRE
et al., 2008). O critério mais utilizado para definição de constipação crônica são os critérios de
Roma II, com a presença de dois ou mais dos seguintes sintomas, por pelo menos 12 semanas (não
necessariamente consecutivas) nos últimos 12 meses (LOCKE et al., 2000):
17
UNIDADE I │FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL
Para tratamento da constipação a ingestão de água, uso de pré e probióticos para restauração da
microbiota intestinal e o consumo adequado de fibras é fundamental. A fitoterapia pode ser bastante
útil visto que diversas matérias primas vegetais possuem ação laxativa e prebiótica. Laxantes
fazem parte da lista de medicamentos mais utilizados pelos pacientes sem prescrição médica e,
portanto, frequentemente são utilizados maneira inadequada e de forma abusiva. O abuso no uso
de laxante, sendo eles compostos por plantas medicinais ou não, pode causar efeitos indesejáveis
como desequilíbrio eletrolítico e da composição bacteriana intestinal, desordens da motilidade e
pseudomelanosi coli, uma alteração colônica benigna (CASASNOVAS et al., 2011).
Os laxantes podem estimular o peristaltismo intestinal, como as espécies vegetais que contém
derivados antraquinônicos que alteram a motilidade colônica, acelerando o trânsito intestinal; e
alteram a absorção colônica e secreção resultando no acúmulo de fluidos.
É importante ressaltar que os antranóides provocam a destruição das células epiteliais por meio
de perdas celulares, reduzem as criptas mucosas e aumentam a proliferação celular, levando a
mudanças na absorção, secreção e motilidade. Portanto, não devem ser utilizados com freqüência
ou de forma crônica.
Tabela 2. Plantas medicinais utilizadas no tratamento da obstipação por efeito estimulante do peristaltismo
intestinal
18
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL│ UNIDADE I
Fontes: Casasnovas et al., 2011; Thompson et al., 1999; Morales et al., 2009; Lemli, 1988; Benedicte, et al., 2005; Alonso et
al., 2004; Picon et al., 2010;
Outros laxantes podem agir como formadores de massa. São constituídos pelas fibras naturais ou,
mais recentemente, as sintéticas e são a base para o tratamento inicial da constipação. Os agentes
formadores de massa e volume possuem efeitos laxativos suaves de baixo risco que estimulam os
efeitos fisiológicos de uma dieta rica em fibra (CARVALHO, 2005). Os laxantes formadores de
massa apresentam também capacidade de retenção de água, o que os torna úteis para tratamento
sintomático de diarréia em alguns pacientes. São amplamente reconhecidos por seu valor no
controle em longo prazo do cólon irritável e diverticulite crônical (CARVALHO, 2005).
É importante ressaltar que é necessário ingerir os agentes formadores de massa com uma quantidade
suficiente de líquidos, para que não haja obstrução intestinal. Seu efeito não é imediato e pode
demorar de 12 a 24 horas para ocorrer. Os principais constituintes desse grupo são as gomas e
mucilagens.
19
UNIDADE I │FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL
Tabela 4. Plantas medicinais com efeito laxante por aumentar o volume da massa fecal
Diarreias
Diarreia é caracterizada pela evacuação de fezes líquidas ou semilíquidas mais de três vezes ao
dia. Para o tratamento das diarreias recomenda-se a administração de fitoterápicos contendo boa
quantidade de taninos (PALOMBO, 2006).
A infusão das folhas do chá preto e o chá verde (Camellia sinensis) são fontes de taninos (5% a
20%). No chá verde o teor de tanino bem alto, conferindo sabor extremamente amargo (137). A dose
diária recomendada é de 3 a 10g da droga vegetal.
Outras fontes de taninos, que podem ser utilizadas em casos de diarreia são:
Os critérios de Roma III são utilizados para o diagnóstico. De acordo com esses critérios é considerado
SII quando há presença em 12 semanas (não necessariamente consecutivas), durante os últimos 12
meses, de desconforto ou dor abdominal acompanhado de duas das três características seguintes
(COFRE et al., 2008):
20
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL│ UNIDADE I
Outros sintomas podem ajudar a reforçar o diagnóstico da SII, tais como (COFRE et al., 2008):
Diversos pesquisadores sugerem que os pacientes com SII possuem alteração na composição da
microbiota. A microbiota intestinal de pacientes com SII parece ser diferente do que indivíduos
saudáveis, apresentando menor quantidade de bactérias coliformes, lactobacillus e bifidobacterias
e também de que produzem menos quantidade de ácidos graxos de cadeira curta (RODRIGUEZ;
RUIGOMEZ, 1999; ALUN et al., 1984; HAWRELAK; CATTLEY, 2009). Além disso, há evidências
de que há na SII uma inflamação de baixo grau, ativação imune no intestino grosso e prejuízos na
comunicação neural no eixo cérebro-intestino (OHMAN; SIMRÉN, 2010). Alterações na microbiota
intestinal como a disbiose e aumento da permeabilidade intestinal, por sua vez, podem ser as
causadoras dos mesmos (OHMAN; SIMRÉN, 2010).
De acordo com estudos recentes, os óleos essenciais mais promissores para o tratamento da disbiose
intestinal são: cominho, lavanda, semente de orégano e de laranja amarga.
De acordo com algumas meta-análises realizadas (LUI et al., 1997; KLINE et al., 2001) o uso
diário de 3 a 6 cápsulas revestidas de óleo de hortelã contendo de 0,2ml a 0,4ml pode melhorar
os sintomas de SII. Em um estudo duplo-cego, randomizado, controlado, 42 crianças com SII
receberam cápsulas de óleo hortelã-pimenta ou placebo. Após 2 semanas, 75% dos que receberam
óleo de hortelã haviam reduzido gravidade da dor associada com SII. Óleo de hortelã-pimenta pode
ser utilizado como um agente terapêutico, durante a fase sintomática da IBS (KLINE et al., 2001).
Cappello et al. (2007) em estudo onde 110 pacientes com SII receberam 4 cápsulas diárias por 4
21
UNIDADE I │FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL
semanas, mostram que os pacientes que receberam óleo de hortelã apresentaram 75% de melhora
quando comparados aos que tomaram placebo, com apenas 38% de melhora.
O efeito antiespasmódico das folhas e óleo de hortelã se deve à redução das contrações musculares
lisas por um efeito no bloqueio aos canais de cálcio e reduzindo o influxo de cálcio celular. O mentol,
cujo mais importante princípio ativo é antibacteriano, estimula o fluxo biliar, reduz o tônus do
esfíncter esofagiano, facilita a eructação e age como carminativo (BALIGA; RAO, 2010).
É importante ressaltar que os pacientes devem ser orientados a não mastigar a cápsula, que é de
revestimento entérico para prevenir refluxo gastroesofágico.
São efeitos adversos já registrados: queimação perianal e náuseas. Em pessoas sensíveis, podem
ocorrer irritabilidade e insônia paradoxal.
É contraindicado durante a gestação, pois seu uso nesse período não foi testado para avaliar possíveis
riscos e há relatos de que pode reduzir a produção de leite (TESKE; TRENTINI, 2001). Além disso,
o mentol ingerido em doses mais elevadas pode provocar, em crianças com menos de um ano de
idade, depressão respiratória e apneia ou espasmos laríngeos, sendo este risco grande para recém-
nascidos. Contraindicado nas obstruções de vias biliares, colecistite e dano grave ao fígado, pois o
mentol é quase que totalmente excretado pela bile.
22
capítulo 4
Desordens hepáticas e biliares
»» cirrose hepática;
»» carcinoma hepatocelular.
A cirrose, doença caracterizada pela presença de fibrose e formações nodulares difusas, é considerada
estágio próprio da evolução de diversas doenças hepáticas crônicas e pode evoluir, como produto de
uma agressão crônica do fígado. A cirrose resulta da inter-relação entre diversos fatores etiológicos,
como (MÜLLER et al., 1999):
»» virais: Hepatite C e B;
»» autoimune;
23
UNIDADE I │FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL
Detoxificação hepática
O conceito de detoxificação tem sido muito estudado devido ao problema de toxicidade nos alimentos,
no ar, na água. As toxinas causam danos ao organismo de maneira cumulativa e podem alterar
o processo metabólico normal. As fontes comuns de metais tóxicos, além das fontes industriais,
incluem chumbo das soldas das latas, canos de cobre, utensílios de cozinha, mercúrio das amálgamas,
peixes contaminados, tintas a óleo e cosméticos, materiais de limpeza (formaldeído, tolueno,
benzeno), medicamentos, álcool, pesticidas, herbicidas, aditivos alimentares, microrganismos,
contaminantes/poluentes, inseticidas, drogas.
O corpo humano tem um potencial enorme para desintoxicar compostos estranhos pelos
vários mecanismos fisiológicos. A detoxificação ocorre em todas as células de todos os tecidos,
principalmente: pulmões, epitélio, rins, trato digestivo (20%), fígado (60-65%), cérebro, células
imunológicas, adrenais e placenta. As principais vias de eliminação das toxinas são: urina, fezes,
suor.
O fígado exerce papel fundamental neste processo, neutralizando as toxinas produzidas internamente
e aquelas provenientes do meio ambiente. Esse processo ocorre em duas fases, chamadas fase I e
fase II.
Basicamente, existem duas vias importantes para a desintoxicação dentro das células do fígado, que
são chamados a Fase I (oxidação/redução) e Fase II (conjugação/hidrólise) vias de desintoxicação.
Resumidamente, as reações de oxidação transformam o fármaco em metabólitos mais hidrofílicos
pela adição ou exposição de grupos funcionais polares, como grupos hidroxila (-OH), tiol (-SH)
ou amina (-NH2). As reações de conjugação (fase II) modificam os compostos através da ligação
de grupos hidrofílicos, como o ácido glicurônico, criando conjugados mais polares. As reações de
conjugação ocorrem independentemente das reações de oxidação/redução e as enzimas envolvidas
nas reações de oxidação/redução e de conjugação/hidrólise freqüentemente competem pelos
substratos.
24
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL│ UNIDADE I
Fase I de desintoxicação
As reações de oxidação envolvem enzimas associadas às membranas, que são expressas no retículo
endoplasmático dos hepatócitos. As enzimas que catalisam essas reações de fase I são tipicamente
oxidases. Essas enzimas são, em sua maioria, hemoproteínas mono-oxigenases da classe do citocromo
P450. As enzimas P450 são também conhecidas como oxidases de função mista microssômicas. Em
seu conjunto, as reações mediadas pelo P450 respondem por mais de 95% das biotransformações
oxidativas. Outras vias também podem oxidar moléculas lipofílicas. Um exemplo pertinente de uma
via oxidativa não P450 é a via da álcool desidrogenase, que oxida os álcoois a seus derivados aldeído
como parte do processo global de excreção. Outra enzima não-P450 importante é a monoamina
oxidase (MAO). Essa enzima é responsável pela oxidação de compostos endógenos que contêm
amina, como as catecolaminas e a tiramina, e de alguns xenobióticos, incluindo fitofármacos.
De maneira simplificada, esta via converte um produto químico tóxico em um produto químico
menos nocivo. Isto é conseguido pelas diferentes reações químicas (por exemplo, oxidação, redução
e hidrólise), e, durante este processo ocorre a produção de radicais livres que, em excesso, podem
danificar as células do fígado. Antioxidantes (tais como vitamina C e E e carotenoides naturais)
reduzem os danos causados por esses radicais livres. Se os antioxidantes estão escassos e a exposição
a uma toxina é elevada, os produtos químicos tóxicos tornam-se muito mais perigosos. Alguns
podem ser convertidos em substâncias potencialmente cancerígenas.
Quantidades excessivas de produtos químicos tóxicos, tais como pesticidas, podem prejudicar o
sistema enzimático P-450, sobrecarregando esta via, o que resulta em produção de elevados níveis
de radicais livres. Substâncias que podem causar hiperatividade das enzimas P-450: cafeína, dioxina,
álcool, ácido sgraxos saturadas, pesticidas organofosforados, pintura fumaça, sulfonamidas, gazes
de escapador, barbitúricos. Substratos do sistema enzimático P-450: teofilina, cafeína, fenacetina,
lidocaína, eritromicina, ciclosporina, cetoconazol, testosterona, estradiol, cortisona, alprenolol,
bopindolol, carvedilol, metoprolol, propranolol, amitriptilina, desipramina, nortriptilina, codeína,
etilmorfina, ibuprofeno, naproxeno, S-varfarina, diazepam, imipramina, omeprazol, álcool.
Fase II de desintoxicação
As reações de conjugação e de hidrólise proporcionam um segundo conjunto de mecanismos
destinados a modificar os compostos para sua excreção. Os substratos dessas reações são acoplados
a metabólitos endógenos (por exemplo, ácido glicurônico e seus derivados, ácido sulfúrico, ácido
acético, aminoácidos e o tripeptídio glutationa) por enzimas de transferência, em reações que
freqüentemente envolvem intermediários de alta energia. Isto faz com que a toxina ou o fármaco
torne-se solúvel em água, e possa ser excretado do organismo através de fluidos aquosos, tais
como a bile ou a urina. Xenobióticos individuais e metabólitos geralmente seguem uma ou duas
vias distintas.
Para que a fase II ocorra de maneira eficiente, as células do fígado requerem aminoácidos que contém
enxofre como a taurina e a cisteína. Glicina, glutamina, colina e inositol são também necessários
para a fase II de desintoxicação. Ovos, vegetais crucíferos (por exemplo, brócolis, repolho, couve de
25
UNIDADE I │FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL
Bruxelas, couve-flor), alho cru, cebola, alho-poró são boas fontes naturais de compostos de enxofre.
Assim, estes alimentos podem ser considerados como agentes de limpeza.
Fase I Fase II
Oxidação
»» Cytochrome P450 monooxygenase system
»» UDP-glucuronosyltransferases
»» Flavin-containing monooxygenase system
»» N-acetyltransferases
»» Alcohol dehydrogenase e aldehyde
»» Amino acid N-acyltransferases
dehydrogenase
»» Sulfotransferases
»» Monoamine oxidase
»» Co-oxidação por peroxidases
Redução
»» NADPH-cytochrome P450 reductase
»» Reduced (ferrous) cytochrome P450
Hidrólise
»» Esterases e amidases
»» Epoxide hydrolase
26
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL│ UNIDADE I
A abordagem clínica da eliminação de compostos acumulados geralmente envolve três etapas: (1)
prevenção, (2) eficácia dos mecanismos endógenos de detoxificação, (3) intervenções para facilitar
a remoção de substâncias tóxicas acumuladas. A desintoxicação endógena de produtos metabólicos,
bem como de substâncias tóxicas exógenas é uma função fisiológica primária, que requer energia
considerável. Quando substâncias tóxicas são identificadas por processos fisiológicos, as vias de
excreção são mobilizadas para diminuir a toxicidade e para eliminar os compostos xenobióticos.
As vias específicas utilizadas para excretar substâncias específicas dependerão das propriedades
químicas do agente específico em questão.
Também tem sido observado que apesar da competência bioquímica, o organismo humano não é
capaz de excretar alguns agentes tóxicos químicos de forma eficaz. Uma das principais razões para a
falha na eliminação de alguns compostos é a reabsorção via circulação entero-hepática ou reabsorção
nos túbulos renais. Consequentemente, alguns agentes tóxicos são conjugados e levados dos tecidos
para a corrente sanguínea para que haja excreção, mas são então reabsorvidos pelo organismo. Além
disso, alguns compostos retidos são depositados em tecidos específicos, tais como ósseo, adiposo
e muscular, no qual irão se acumular e alterar o funcionamento destes tecidos. Alguns compostos
também permanecem no sangue, frequentemente ligados às proteínas plasmáticas. Intervenções
para aumentar a excreção de compostos retidos podem ser inestimáveis para diminuir a morbidade
associada ao acúmulo de substâncias tóxicas. Por exemplo, a vitamina D (essencial na regulação da
expressão genética, e facilita a absorção de cálcio a partir do intestino) pode potencializar a absorção
de elementos tóxicos tais como o chumbo, o cádmio, o alumínio, que por sua vez podem afetar o
metabolismo da vitamina D. A contaminação com mercúrio pode alterar a absorção gastrointestinal
de nutrientes resultando em deficiências e, assim, impedir a fisiologia normal. Alguns poluentes
orgânicos liberados do tecido adiposo durante a perda de peso, a restrição calórica ou o exercício
podem suprimir a função da tireóide. Os efeitos adversos da bioacumulação de agente tóxicos pode,
por exemplo, alterar a função imune, que pode por sua vez leva a doenças autoimunes.
Segundo pesquisas empíricas, várias estratégias podem ser utilizadas para auxiliar a remoção
eficaz de algumas substâncias tóxicas acumuladas. A investigação científica sobre essas estratégias,
no entanto, permanece em um estágio inicial uma vez que o problema da bioacumulação tóxica
é um fenômeno recentemente reconhecido pela medicina clínica. Assim, pesquisa baseada em
evidências suficientes para confirmar ou refutar objetivamente a eficácia das variadas “estratégias
27
UNIDADE I │FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL
Fitoterápicos destoxificantes e
hepatoprotetores
A atividade das enzimas envolvidas no processo de detoxificação hepática é influenciada por alguns
fatores, como: genética, gênero, idade, estado de saúde e nutricional, ingestão de xenobióticos.
Desequilíbrios e disfunções hepáticas ocorrem podem ser causadas ou agravadas pelo excesso de
xenobióticos, paralelamente à falta de substrato para metabolização. Existem diversos ativos de
plantas que agem como destoxificantes e como hepatoprotetores. Muitas plantas são utilizadas
popularmente para tais fins, mesmo sem comprovação científica que embase essa conduta.
A seguir serão destacadas algumas plantas medicinais que apresentam ação detoxificante e/ou
hepatoprotetora.
O cardo mariano tem sido utilizado como medicamento desde o século IV a.C para tratar náuseas,
mordidas de serpentes, problemas menstruais e indutores da lactação. Relatos encontrados na
28
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL│ UNIDADE I
literatura indicam que no século XVI o cardo mariano passou a ser utilizada no tratamento de
doenças hepatobiliares, sendo hoje indicada para esse fim em todo o mundo (FERREIRA, 2011).
Estudos científicos revelaram que o Silibium marianum apresenta ação antioxidante, antiperoxidação
lipídica, antifibrótica, anti-inflamatória da membrana, além de estabilizar mecanismos
imunomoduladores de regeneração do fígado. Atualmente suas principais aplicações referem-se
ao tratamento da hepatite, cirrose e proteção hepática contra substâncias tóxicas (LOGUERCIO;
FESTI, 2011).
Dentre os isômeros da silimarina estão a silibina, que é o composto mais ativo e o que apresenta
maior quantidade (60% - 70%), seguida da silicristina (20%), silidianina (10%) e a isosilibidina
(5%) (PRADHAN; GIRISH, 2006).
É importante destacar que a silibina interage com algumas enzimas do grupo enzimático P450, o que
pode interferir no metabolismo de determinados fármacos, dependendo da enzima necessária para a
metabolização deste. Portanto, é fundamental que o profissional prescritor verifique se o fitoterápico
e os outros fármacos utilizados concomitantemente pelo paciente fazem uso da mesma via.
Em outro estudo, Bonifaz (2009) analisou o efeito da silimarina sobre o vírus da hepatite C e a
expressão gênica de células de hepatoma humano. Os resultados sugerem que a silimarina
29
UNIDADE I │FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL
exerceu um efeito benéfico, porém enfatizaram que ainda é necessário mais estudos prospectivos,
randomizados e controlados para se comprovar esse benefício.
Além disso, outros pesquisadores mostraram os benefícios da silimarina como protetor contra a
lesão hepática grave após envenenamento pelo cogumelo Amanita phalloides e como agente protetor
contra a medicação utilizada no tratamento da tuberculose (SALHANICK et al., 2008; BEDI et al.,
2009).
Küçukgergin et al. (2010), em estudo utilizando extrato de folha de alcachofra em ratos alimentados
com uma dieta rica em gordura e colesterol, durante um mês, demonstrou que Após o tratamento
observou-se que houve diminuição dos níveis séricos de colesterol e triglicérides, porém não no
fígado, mas ocorreu redução significativa da disfunção hepática e níveis de malondialdeído cardíaco,
além de aumentar a vitamina E no fígado e a atividade da glutationa peroxidase.
Mehmetçik et al. (2008), em um modelo de estresse oxidativo induzido em ratos por tetracloreto
de carbono (CCI4), avaliou a capacidade hepatoprotetora do extrato de folha de alcachofra. Os
ratos tratados com o extrato de Alcachofra apresentaram reduções significantes nas atividades das
transaminases plasmáticas, melhoria das alterações histopatológicas no fígado, diminuição dos
níveis de malondialdeído e dieno conjugado e aumento na atividade da glutationa peroxidase e
glutationa redutase. Os resultados sugerem que a administração in vivo de extrato de alcachofra
pode ser útil para a prevenção de hepatotoxicidade induzida pelo estresse oxidativo.
30
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL│ UNIDADE I
É importante ressaltar que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) adverte que o
uso da Cynara scolymus deve ser feito com cautela em pacientes com doenças da vesícula biliar,
hepatite grave, falência hepática e câncer no fígado.
A alicina é o principal composto bioativo encontrado no alho e exerce ação antiviral, antifúngica e
antibiótica, seguido da aliina que exerce efeito hipotensor e hipoglicemiante. O alho também contém
selênio agindo como antioxidante.
Iciek et al. (2011), em modelo de ratos, mostraram que os componentes ativos do alho reduzem as
espécies reativas de oxigênio e malonialdeído, com aumento na glutationa S-transferase, sugerindo
uma ação hepatoprotetora, pela indução de enzimas de fase II.
O extrato de alho pode alterar as enzimas citocromo P450 no fígado, sendo essas responsáveis pela
metabolização de compostos químicos exógenos, como medicamentos. Estudos mostraram que a
ingestão de um suplemento de alho em pó reduziu as concentrações sanguíneas de Saquinavir e
Ritonavir (medicamentos utilizados no tratamento antirretroviral de pacientes portadores do vírus
HIV) e esse efeito foi atribuído à estimulação das isoenzimas P450 e toxicidade gastrointestinal
grave. Por outro lado, estudos realizados com os compostos ativos dialui sulfeto e dialil disulfeto,
derivados do alho, não apresentaram estímulo das isoenzimas P450 e nem toxicidade gastrointestinal
grave (GALLICANO et al., 2003).
Cox et al. (2006), em estudo que avaliou a influência da suplementação de alho sobre a farmacocinética
do docetaxel, fármaco utilizado no tratamento de câncer, revelou que, apesar de alguns estudos
terem mostrado que a alicina pode interferir na atividade da enzima CYP3A4, o alho não afetou
significativamente a disposição de docetaxel.
A ANVISA adverte que o alho na forma de fitoterápico não deve ser utilizado por indivíduos menores
de três anos e pessoas com gastrite e úlcera gástrica, hipotensão, hipoglicemia, hemorragia e em
pessoas que fazem uso de anticoagulantes.
31
UNIDADE I │FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL
Choi et al. (2010), em estudo realizado com coelhos alimentados com uma dieta hipercolesterolêmica,
demonstraram que o uso da folha e raiz de Taraxacum officinale aumenta atividade da glutationa,
da glutationa peroxidase e a superóxido dismutase. Por outro lado, a atividade da enzima glutationa
S-transferase diminuiu com o uso da raiz, bem como da catalase. No que diz respeito à peroxidação
lipídica no fígado, o tratamento com a raiz do dente de leão resultou em redução significativa no
nível de TBARS (um produto da peroxidação lipídica), mas o mesmo não ocorreu com a folha.
Outros estudos confirmam o efeito do dente-de-leão sobre o aumento da atividade da glutationa,
com consequente diminuição da peroxidação lipídica hepática (PARK et al., 2010).
O efeito protetor do extrato de raiz de dente-de-leão foi testado em lesões hepáticas induzidas por
álcool in vivo e in vitro. Em células hepáticas tratadas com etanol 39% na presença do extrato
aquoso de raiz de dente-de-leão (TOH) nenhum dano foi observado, enquanto que o extrato alcoólico
de dente-de-leão (TOE) não apresentou atividade hepatoprotetora potente. No mesmo estudo,
os camundongos que receberam TOH (lg/kg de peso corporal/dia) apresentaram uma redução
significativa de transaminases hepáticas e aumento das atividades antioxidantes das enzimas
catalase, glutationa S-transferase, glutationa, glutationa peroxidase e glutationa redutase, além
de apresentarem melhora nos níveis de malondialdeído. Os autores concluíram a administração
de TOH protegeu contra a hepatotoxicidade induzida pelo etanol. Esses resultados sugerem que o
extrato aquoso de dente-de-leão tem ação hepatoprotetora contra a toxicidade induzida pelo álcool,
elevando o potencial antioxidante e diminuindo a peroxidação lipídica (YOU et al., 2010).
Por outro lado, outros estudos em linhagem de hepatoma humano Hep G2, relatam evidências de
citotoxicidade e produção de citocinas (fator de necrose tumoral (TNF)-alfa e interleucina (IL)-
1 alfa) em comparação aos controles. Além disso, a apoptose de células Hep G2 foi fortemente
induzida, pelo aumento da quantidade de TNF-α e IL-lα (KOO et al., 2004).
32
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL│ UNIDADE I
Estudos revelam que a boldina apresenta baixa toxicidade, não exerce efeito sobre a atividade do
citocromo P450, mas sim promove forte inibição da peroxidação dos microssomas de fígado humano,
a boldina por ser considerada um valioso antioxidante, agente hepatoprotetor (KRINGSTEIN et al.,
1995), e anti-inflamatório agudo (LANHERS et al., 1991).
Apesar dos efeitos benéficos em alguns casos, mediante outros resultados obtidos na literatura
a respeito da toxicidade do extrato hidroalcoólico de folha seca de boldo, sugere-se moderação e
cuidado na administração de boldo, principalmente quanto ao uso prolongado e também durante
o primeiro trimestre da gravidez, principalmente pela falta de conhecimento de mecanismos
(ALMEIDA et al., 2000).
Em acordo com esses estudos a ANVISA orienta que uso desse fitoterápico deve ser cauteloso e
monitorado, principalmente em pessoas com doença hepática aguda ou severa, colecistite séptica,
espasmos do intestino e íleo e câncer no fígado. E contraindicada para indivíduos que apresentem
obstrução das vias biliares, doenças severas no fígado e gestantes.
33
capítulo 5
Dispepsia
Condição clínica caracterizada por náusea, pressão gástrica, inchaço, flatulência e dor abdominal
espasmódica, que ocorre devido à deficiência na secreção de ácido gástrico, na produção biliar com
prejuízo no enchimento e esvaziamento da vesícula biliar ou deficiência na secreção pancreática
exócrina. O tratamento farmacológico da dispepsia frequentemente é feito com antagonistas dos
receptores H2 e inibidores de bomba de prótons, com resultados limitados (HOLTIVIANN et al.,
2003).
34
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO TRATO GASTRINTESTINAL│ UNIDADE I
De acordo com uma revisão da literatura produzida por Thompson e Ernst (2002), 9 estudos
randomizados usaram a hortelã (Mentha piperita) e o cominho (Carum carvi) em combinações
fitoterápicas que foram capazes de reduzir os sintomas em 60% a 95% dos pacientes, especialmente
quando esses fitoterápicos foram associados a outros (efeitos sinérgico). A hortelã promove inibição
das contrações do músculo liso devido à interação direta entre o óleo de hortelã e os canais de
cálcio do músculo liso de humanos. O mesmo trabalho de revisão apontou que a cúrcuma (Curcuma
longa), em estudos realizados com humanos, promove aumento na produção e secreção da bile,
promoção da contração da vesícula biliar, efeito carminativo e antiespasmódico.
Algumas substâncias amargas também são muito empregadas no tratamento da dispepsia, agindo
por estímulos originados na boca, induzindo um reflexo no aumento da secreção gástrica e biliar,
especialmente quando consumidas antes de uma refeição. São exemplos de plantas ricas em
amargas: a genciana (Gentiana lútea L.), losna (Artemisia absinthium L.), cardo santo (Cynara
cardunculus L.), casca de quina (Cinchora calisaya Wedd), lúpulo (Humulus lupulus L.) e ruibarbo
(Rheum palmatum L.) (SCHULTZ et al., 2002).
São efeitos adversos comuns ao uso de plantas amargas: dores de cabeça, náuseas ou vômitos em
indivíduos susceptíveis, devido ao aumento na produção de enzimas digestivas. O seu uso não é
recomendado em pacientes com úlcera gástrica ou duodenal (SCHULTZ et al., 2002).
A alcachofra (Cynara scolymus) é outra opção com grande potencial terapêutico. Sannia (2010)
em estudo realizado em pacientes com diagnóstico de dispepsia funcional que receberam por dois
meses um produto contendo extrato de folhas de alcachofra (15% de ácido clorogênico – 150mg/
cápsula), extrato de dente-de-leão (2% de inulina), rizoma de Curcuma longa (95% de curcumina) e
óleo essencial de alecrim microencapsulado, verificou que 38% deles apresentaram redução de 50%
de todos os sintomas em 30 dias de tratamento. Após 60 dias de tratamento a redução dos sintomas
foi de 79 %. Além disso, os indivíduos apresentaram redução do colesterol total, LDL, triacilgliceróis
em 6% a 8%. Esses resultados foram confirmados por outro estudo realizado em 244 pacientes com
dispepsia funcional (HOLTIVIANN et al., 2003)
35
FITOTERAPIA EM
DESORDENS Unidade iI
CARDIOVASCULARES
Atualmente as doenças cardiovasculares representam uma das causas mais frequente de morte no
mundo industrializado. Apesar dos avanços da medicina moderna, ainda há reflexos sobra a melhora
na morbidade. Isto se deve, sobretudo, no fato de a prevenção não merecer a devida atenção durante
décadas e, apenas recentemente, vir sendo discutida de maneira mais frequente.
36
capítulo 1
Doenças cardiovasculares
degenerativas
Atualmente, a doença coronariana é a forma mais frequente dentre todas as doenças cardíacas.
Principalmente no mundo ocidental civilizado, ela tem um significado de destaque e é quase uma
expressão da vida moderna. A insuficiência cardíaca é normalmente consequência de doenças
cardíacas degenerativas, em especial da doença cardíaca coronariana. As miocardiopatias ocupam
as causas principais de insuficiência cardíaca, as quais podem ser decorrentes de inflamações ou
cardiotoxicidade.
A dedaleira (Digitalis purpurea L.) é uma planta medicinal de elevada atividade; porém não é
mais utilizada como fitoterápico. Atualmente é utilizada a substância ativa isolada, em sua maior
parte obtida por semissíntese, como a digitoxina ou a digoxina e raramente as substâncias ativas da
dedaleira são obtidas a partir da própria planta.
37
»» melhora da contratilidade do músculo cardíaco (leve efeito inotrópico positivo);
1. redução da capacidade de trabalho cardíaco com relação aos estágios I e II, segundo
a NYHA (New York Heart Association);
Muitas pesquisas in vitro e in vivo comprovaram uma atividade do extrato de crataego no aumento
do fluxo sanguíneo coronariano estimulante da irrigação coronariana, redução da pressão sanguínea,
aumento do fluxo sanguíneo periférico (cabeça, músculo esquelético e rins) e resistência periférica
(RÁCZ-KTILLA et al., 1980; AMMON et al., 1981; PETKOV, 1979).
Ao contrário dos glicosídeos digitálicos, as pesquisas demonstram que o espinheiro-branco não afeta
o sistema contrátil do miocárdio, mas influencia seu metabolismo energético. Foram observadas
ações cronotrópicas negativas e inotrópicas positivas (in vivo) atribuídas às frações flavonoídicas e
proantocianidínicas (LEUKEL, 1986).
38
FITOTERAPIA EM DESORDENS CARDIOVASCULARES│ UNIDADE II
Revisões sistemáticas na literatura concluem que os extratos de Crataegus são benéficos como
tratamento adjuvante em pacientes com insuficiência cardíaca, mas não existem dados suficientes
para justificar seu uso isolado para o tratamento da doença.
A folha com flor pode ser utilizada para o tratamento de insuficiência cardíaca correspondendo ao
estágio funcional II da New York Heart Association (nyha), 160 a 900 mg de extrato hidroalcólico
(etanol 45% v/v ou mentol 70% v/v; proporção droga-extrato 4 a 7:1, com teor definido de flavonoides,
calculados como hiperosídeo, e 30 a 168,7mg de procianidins , calculadas como epicatequinas),
diariamente, em 2 a 3 doses divididas ao dia (BLUMENTHAL et al, 1998).
39
capítulo 2
Doenças vasculares cerebrais e
periféricas
Além das doenças cardíacas degenerativas, as doenças vasculares cerebrais e periféricas constituem
outro grande grupo de doenças do mundo moderno.
O uso do alho é justificado pela literatura científica atual que o relaciona com efeitos
anti-hipertensivos, antiaterogênicos, antitrombóticos, antimicrobianos, fibrinolítico, prevenção de
câncer e redutor de lipídeos (barners, livro). O bulbo do alho é composto por folhas espessadas e
carnudas na parte inferior do caule, denominadas gomos do bulbo. O que o diferencia em relação à
cebola consiste no fato de o alho ser constituído por 6-15 bulbos parciais, chamados de “dentes” que,
juntos, formam a cabeça do alho, apoiados sobre uma base axial de brotamento (FINTELMANN,
2010).
A cebola é o representante mais conhecido do gênero Allium, muito utilizada em culinária (Allium
cepa). Assim como a cebolinha (Allium schoenoprasum) e o alho-poró (Allium porrum) também
pertencem a esse gênero. Diversos efeitos benéficos sobre a saúde também estão relacionados ao
uso da cebola, os quais, no entanto, diferem parcialmente daqueles do alho, de modo que ambos se
complementam (FINTELMANN, 2010).
A sua utilização é indicada principalmente nos estágios iniciais da arteriosclerose agindo tanto na
prevenção quanto em estágios finais da arteriosclerose. Em monografia elaborada pela Comissão E
especifica relaciona o uso do alho como auxiliar nos casos de hiperlipidemias e para prevenção de
alterações vasculares causadas pelo envelhecimento.
Estudos científicos in vitro e in vivo atribuem ao alho e suas bases de enxofre efeitos sobre a
biossíntese de colesterol (QURESHI et al., 1983; GEBHAR; BECK, 1996). O mecanismo dessa ação
ainda não foi totalmente esclarecido, porém algumas etapas dessa rota já foram propostas, como, por
exemplo: inibição da atividade das enzimas envolvidas na síntese de colesterol hidroximetilglutaril-
CoA (HMG-CoA) redutase e lanosterol-14-demetilase; redução na biossíntese de triacilglicerol
através da redução da concentração de NADPH nos tecidos; Aumento da atividade da enzima lípase
resultando em aumento da lipólise (KOCH , 1996; LAU et al., 1983; ADOGA, 1987).
40
FITOTERAPIA EM DESORDENS CARDIOVASCULARES│ UNIDADE II
Gupta e Porter (2001 – REF 32), demonstraram que o extrato de alho fresco e os compostos
S-alilcisteína, dialil trissulfeto e adialil dissulfeto inibem a esqualeno monoxigenase humana,
enzima que está envolvida na síntese de colesterol.
Além disso, a atividade antitrombótica do alho já está bem documentada. É conhecido que um
aumento na concentração sérica de fibrinogênio, juntamente com uma redução no tempo de
coagulação do sangue está relacionado aoefeito trombótico. O alho exerce efeito benéfico em todos
esses parâmetros e inibe a agregação plaquetária (BOULLIN et al., 1981; GAFFEN et al., 1984)
pela inibição da síntese de tramboxana pela inibição das enzimas ciclo-oxigenases e lipoxigenases,
inibição da enzima fosfolipase de membrana e incorporação do ácido araquidônico nos fosfolipídios
da membrana da plaqueta (WAGNER et al., 1987), além de inibir a absorção de cálcio nas plaquetas
(SRIVASTA et al., 1986).
As doses mais comuns para adultos indicadas pela literatura científica são:
»» Bulbo seco de 2 a 4g, 3 vezes ao dia (Bradley, 1992) ou alho fresco, 4g ao dia
(BLUMENTHAL et al., 1998);
Os ensaios clínicos que investigaram o efeito do alho sob diversos parâmetros relacionados ao
desenvolvimento de doenças vasculares cerebrais e cardiovasculares degenerativas, utilizaram
doses de 600-900mg ao dia por um período de 4 a 24 semanas (SCHULZ et al., 2000).
41
UNIDADE II │FITOTERAPIA EM DESORDENS CARDIOVASCULARES
O alho é considerado abortivo, além de afetar o ciclo menstrual e exercer efeito na contração uterina.
Portanto, preparações fitoterápicas que contenham alho são contraindicadas durante a gestação e
lactação (FARNSWORTH, 1975, JOSHI et al., 1987).
Atualmente sua principal aplicação terapêutica é para deficiência cognitiva, claudicação intermitente
(em geral resultante de doença arterial oclusiva periférica), vertigem e zumbido de origem vascular
(BARNES, 2012).
Pesquisas in vitro e in vivo indicam que, a capacidade de fluidez do sangue é melhorada através
do uso de EGB, além de proteger a membrana dos eritrócitos contra a hemólise (FINTELMANN,
2010).
42
FITOTERAPIA EM DESORDENS CARDIOVASCULARES│ UNIDADE II
Além disso, o extrato padrozinado de Ginkgo (EGb-761 – veja Posologia), exerce efeito de
vasorregulação (vasodilatação e vasoconstrição) (DEFEUDIS, 1998; PAPADOPOULOS et al., 1997);
cardioprotetor (23), inibição competitiva a ligação do fator de ativação de plaqueta (PAF) ao seu
receptor de membrana (DEFEUDIS, 1998; HOSFORD et al., 1988).
»» As doses mais utilizadas para deficiência cognitiva são de 120 a 240 mg de extrato
seco da folha, via oral, dividido em 2 ou 3 doses (BLUMENTHAL et al., 1998).
Geralmente, os ensaios clínicos utilizam o extrato padronizado de folhas de Ginkgo biloba EGb-761
(glicosídeos flavonoídicos de 22 a 27% determinados como quercetina, campferol e isorramnetina;
lactonas terpênicas de 5 a 7%, incluindo de 2,8 a 3,4% de ginkoglídeos A, B e C; 2,6 a 3,2% de
bilobadina, emenos de 5 ppm de ácidos ginkgólicos) (BLUMENTHAL et al., 1998; SCHULZ et al.,
2000). De acordo com a farmacopéia britânica e européia, o ginkgo consiste de folhas secas da
planta, contendo não menos que 0,5% de flavonoides expressos como glicosídeos da flavona.
43
capítulo 3
Distúrbios circulatórios
Hipertensão arterial
Weiss classificou o visco como um típico fitoterápico, o qual apresenta um leve efeito hipotensor,
porém não imediato. Entretanto, devido aos efeitos benéficos sobre os sintomas subjetivos, tais
como dores de cabeça, sensação de tontura, diminuição da capacidade produtiva, irritabilidade e
outros sintomas, os quais se desencadeiam em associação à hipertensão, ele foi aprovado na prática
médica, especialmente por não ocasionar efeitos colaterais indesejáveis.
O mecanismo de seu efeito hipotensor ainda é incerto, no entanto, evidências apontam para
um caráter principalmente de reflexo, exercendo efeito normalizador sobre os estados tanto de
hipertensão quanto de hipotensão (PETKOV, 1979).
As principais referências científicas sobre plantas medicinais sugerem as seguintes doses (BRITISH
HERBAL PHARMACOPEIA, 1983):
44
FITOTERAPIA EM DESORDENS CARDIOVASCULARES│ UNIDADE II
Seu uso tradicional está relacionado ao tratamento de varizes, hemorróidas, flebite, diarréia, febre e
aumento da próstata. A German Commission E aprovou o seu uso para o tratamento da insuficiência
venosa crônica nas pernas (BLUMENTHAL et al., 1998).
45
UNIDADE II │FITOTERAPIA EM DESORDENS CARDIOVASCULARES
46
capítulo 4
Dislipidemia
Desordens do metabolismo das lipoproteínas em conjunto com dietas ricas em gordura, obesidade
e sedentarismo têm resultado em crescente incidência e prevalência de doença aterosclerótica
em adultos moradores de países desenvolvidos ou em desenvolvimento, em especial a doença
coronariana aterosclerótica. Há sólida evidência de que altas concentrações séricas de colesterol
predispõem a doença arterial coronariana, bem como que a sua redução diminui a incidência.
A dislipidemia define várias situações, como elevação isolada de LDL-colesterol (colesterol ligado
à lipoproteína de baixa densidade), elevação elevada de triglicerídeos séricos, redução isolada de
HDL – colesterol ou combinações entre estes.
Evidências indicam que a oxidação da lipoproteína de baixa densidade (LDL) exerce papel
fundamental no desenvolvimento da arteriosclerose são apoiadas por um numero crescente de
indicadores epidemiológicos e estudos experimentais (PARTHSARATHY et al., 1992).
O papel da fitoterapia nas dislipidemias é justificada pela ação antioxidante, evitando a oxidação
de lipoproteínas, e ações coleréticas e colagogas. Nas tabelas abaixo estão descritas as principais
plantas medicinais que apresentam essas ações.
47
UNIDADE II │FITOTERAPIA EM DESORDENS CARDIOVASCULARES
48
FITOTERAPIA EM DESORDENS CARDIOVASCULARES│ UNIDADE II
49
UNIDADE II │FITOTERAPIA EM DESORDENS CARDIOVASCULARES
50
FITOTERAPIA EM DESORDENS CARDIOVASCULARES│ UNIDADE II
51
FITOTERAPIA EM
DESORDENS Unidade iII
RESPIRATÓRIAS
As doenças respiratórias são muito frequentes. Podem caracterizadas por inflamações agudas e
crônicas de origem bacteriana, viral e tóxica ou doenças crônicas, como a asma brônquica.
Basicamente, são distinguidas as doenças das vias respiratórias “superiores” e “inferiores”, das quais
a laringe forma o limite anatômico (RIECHELMANN; KLIMEK, 1997). A utilização de fitoterápicos
nesses casos é orientada principalmente pelos sintomas e, de acordo com estes, são classificados e
empregados de forma diferenciada sob o ponto de vista terapêutico.
capítulo 1
Inflamações agudas e crônicas das
vias respiratórias
O uso de antibióticos são indicações primárias em casos de infecções bacterianas das vias
respiratórias. Sabe-se que a prescrição de antibióticos de forma excessiva conduz a uma progressiva
resistência microbiana. Por isso, o crescente interesse em considerar um tratamento de suporte do
processo de autocura, por exemplo, com fitoterápicos. A prevenção nos casos de suscetibilidade a
infecções é uma área na qual os fitomedicamentos também são particularmente adequados.
Drogas vegetais podem agir como mucilaginosos mucolíticos, expectorantes, os quais promovem a
expulsão das secreções, e os antitussígenos, inibidores do estímulo da tosse.
Mucilaginosas
São adequadas, principalmente, para o tratamento de doenças inflamatórias agudas das vias
respiratórias. Elas amenizam as mucosas irritadas e suavizam a sintomatologia.
52
FITOTERAPIA EM DESORDENS CARDIOVASCULARES│ UNIDADE II
A raiz e folhas da alteia foram aprovadas pela German Commission E para irritação da mucosa oral e
faríngea com tosse seca associada, e da raiz para inflamação leve de mucosa gástrica (BLUMENTHAL
et al., 1998).
As principais referências científicas sobre plantas medicinais sugerem as seguintes doses (BRADLEY,
1992; BRITISH HERBAL PHARMACOPEIA, 1983):
Não há relatos de que seu uso da gestação e lactação ocasione problemas à mãe e ao bebê, porém o
uso deve ser moderado.
Estudos in vitro e em animais revelaram sua atividade antibacterina contra várias bactérias Gram-
negativas, como a Staphylococcus aureus, Proteus hauseri, Bordetella pertussis, Pseudomonas
aeruginosa e Proteus vulgaris (DIDRY et al., 1982; DIDRY; PINKAS, 1982; LEVEN et al., 1979).
53
UNIDADE III │FITOTERAPIA EM DESORDENS RESPIRATÓRIAS
Porém, não existem estudos clínicos randomizados controlados que avaliem os efeitos da tussilagem
em humanos. A German Comission E menciona sua indicação em afecções catarrais agudas das vias
respiratórias com tosse e rouquidão.
A tussilagem não deve ser utilizada Durant a gestação e lactação devido a seu conteúdo de alcaloides
pirrolizidínicos. É possível que seja abortiva (FARNSWORTH, 1975).
As principais referências científicas sobre plantas medicinais sugerem as seguintes doses (BRADLEY,
1992; BRITISH HERBAL PHARMACOPEIA, 1983):
Expectorantes
Liquefazem a secreção brônquica viscosa e espessada, de modo a promover o aumento da secreção
e, desse modo, facilitam a eliminação do catarro, ou seja, a expectoração. A dissolução do muco
e a lise das secreções são estimuladas principalmente pelo conteúdo de saponinas e por alguns
óleos essenciais. A redução da viscosidade do muco e o aumento do conteúdo de água da secreção
brônquica são requisitos importantes para uma expectoração satisfatória (FINTELMANN, 2010).
54
FITOTERAPIA EM DESORDENS RESPIRATÓRIAS│ UNIDADE III
»» fruto seco para adultos e crianças acima de 4 anos, utilizar 1,0 a 5,0g de frutos
triturados em 150 ml de água, na forma de infusão, várias vezes ao dia;
Antitussígenos
São utilizados principalmente nas tosses convulsivas (“tosse irritativa”), que ocorrem frequentemente
em adultos, em associação com infecções virais, nas quais as mucosas aparentam estar ressecadas.
55
UNIDADE III │FITOTERAPIA EM DESORDENS RESPIRATÓRIAS
As principais referências científicas sobre plantas medicinais sugerem as seguintes doses (BRITISH
HERBAL PHARMACOPEIA, 1983):
56
capítulo 2
Gripes e resfriados
Infecções gripais são predominantemente causadas por vírus. Uma vez que a maioria dos vírus
patogênicos à espécie humana não é capaz de proliferar-se com o aumento da temperatura
corporal, a febre alta é a terapia causal das infecções virais. Atualmente, as infecções gripais ou
resfriados geralmente são tratados apenas sob o ponto de vista sintomático. A superação real da
doença é deixada por conta das defesas do organismo, em que as defesas naturais inespecíficas são
de grande importância. A planta indicada por excelência, neste caso, é a equinácea (Echinacea)
(FINTELMANN, 2010).
Plantas imunomoduladoras
A Equinácea é reconhecida por sua ação imunomoduladora. Diversos estudos clínicos exploram
formulações de equinácea na prevenção ou tratamento do resfriado comum e outras infecções do
trato respiratório superior. Vários, mas não todos os estudos, relatam efeitos superiores ao placebo.
Entretanto, as evidências de sua eficácia não são conclusivas, visto que os estudos incluíram grupos
diferentes de pacientes e testaram diversas formulações e regime de doses diferentes (BARNES,
2012).
As principais referências científicas sobre plantas medicinais sugerem as seguintes doses (BRADLEY,
1992; BRITISH HERBAL PHARMACOPEIA, 1983):
»» extrato líquido de 0,5 a 1,0ml (1:5 em álcool a 45%), 3 vezes ao dia ou 0,25 a 1,0 ml
(1:1 em álcool a 45%), 3 vezes ao dia.
O uso excessivo da equinácea durante a gestação e lactação deve ser evitado, visto que seu uso nesse
período ainda não foi claramente estabelecido.
57
UNIDADE III │FITOTERAPIA EM DESORDENS RESPIRATÓRIAS
As principais referências científicas sobre plantas medicinais sugerem as seguintes doses (BRADLEY,
1992; BRITISH HERBAL PHARMACOPEIA, 1983):
A segurança do uso do sabugueiro durante a gestação e lactação ainda não foi completamente
esclarecido, portanto, o uso durante este período deve ser evitado.
58
FITOTERAPIA EM
DESORDENS
RENAIS, DAS Unidade iv
VIAS URINÁRIAS E
PRÓSTATA
Os fitoterápicos utilizados em doenças do parênquima renal, nefrites, apresentam diversos efeitos,
tais como espasmolíticos, anti-inflamatórios e antisépticos das vias urinárias, além de diuréticos.
Apesar disso, nesse caso, os fitomedicamentos não alcançam efeito comparável ou aproximado
dos modernos diuréticos sintéticos. Porém, os fitoterápicos podem ser utilizados na profilaxia de
recidiva de litíase urinária.
capítulo 1
Infecções das vias urinárias
Infecções das vias urinárias são frequentemente assintomáticas ou com sintomas leves. O índice de
recidiva é alto e a progressiva resistência aos germes pode ocorrer. A cistite aguda e não complicada,
a bacteriúria assintomática e a terapia adjuvante durante uma cateterização transuretral,
particularmente de longa duração, são as principais indicações para a utilização de fitoterápicos
(STAMMWITZ, 1998). Neste caso, a uva-ursi (Arctostaphylos uvae ursi) destaca-se.
59
UNIDADE IV │ FITOTERAPIA EM DESORDENS RENAIS, DAS VIAS URINÁRIAS E PRÓSTATA
»» Contraindicações e advertências:
Estudos clínicos controlados precisam ser realizados para avaliar os efeitos da raiz-forte em
humanos.
»» Contraindicações e advertências:
›› Pode deprimir o funcionamento da tireóide e, portanto, seu uso deve ser evitado
por indivíduos co-hipotireoidismo ou medicados com tiroxina.
›› O uso na gestação e lactação deve ser evitado visto que o alil isotiocianato é
extremamente tóxico.
60
capítulo 2
Hiperplasia benigna de próstata
É importante destacar que não existem fitoterápicos que possam atuar sobre as causas da
adenomatose benigna da próstata, mas sim sobre os sintomas que acompanham a hiperplasia da
próstata.
O estágio mais favorável ao uso de fitoterapia é o primeiro, porém, também podem ser utilizados
nos casos mais leves do segundo estágio. Os fitoterápicos utilizados em HBP apresentam atividade
farmacológica é descrita sob diferentes formas, por exemplo, com a inibição da síntese de
prostaglandinas, redução dos níveis de colesterol, diminuição da globulina ligada aos hormônios
sexuais, além das atividades anti-inflamatória, antiedematogênica e antiandrogênica, e, finalmente,
a inibição dos complexos enzimáticos da 5-α-redutase ou da aromatase. Todos esses relatos baseiam-
se normalmente em pesquisas in vitro (SÕKELAND e cols., 1992; ENGELMANN, 1997).
Estudos in vitro e in vivo apontam que o saw palmetto atua inibindo a atividade da enzima
5-α-redutase, que catalisa a conversão de testosterona em 5-α-di-hidrotestosterona (DHT) em
tecidos alvo de andrógenos, incluindo a próstata. A DHT é mais potente que a testosterona e
acredita-se que está envolvida no desenvolvimento da HBP.
61
UNIDADE IV │ FITOTERAPIA EM DESORDENS RENAIS, DAS VIAS URINÁRIAS E PRÓSTATA
Diversos estudos randomizados. Controlados, duplos cegos foram realizados com o objetivo
de investigar os efeitos do extrato de saw palmetto em HBP. Uma revisão sistemática realizada
incluindo 21 ensaios clínicos randomizados e controlados, sendo 18 estudos duplos-cegos,
utilizando extrato de saw palmetto com um total de 3.139 homens. Os resultados apontam que, em
comparação com o grupo controle, o extrato de saw palmento foram associados a uma diminuição
na pontuação dos sintomas urinários, noctúria e volume residual, mehora no pico de fluxo urinário
e sintomas urinários avaliados por médicos e autoavaliados (WILT, 2002). Porém, os extratos não
apresentaram efeito sobre o tamanho da próstata.
Os ensaios clínicos avaliaram o efeito de extratos lipofílicos de saw palmetto habitualmente usados
em doses de 160mg, 2 vezes ao dia.
»» Não há informações de segurança sobre o uso de saw palmetto por mulheres, por
exemplo, em tratamento de acne.
»» Gestantes e lactantes devem evitar o uso de saw palmetto, pois não existem dados
fitoquímicos, farmacológicos e toxicológicos nesses casos.
»» Planta seca de 2 a 4g, na forma de infusão, 3 vezes ao dia ou 8 a 12g ao dia segundo
Blumenthal et al.
62
FITOTERAPIA EM DESORDENS RENAIS, DAS VIAS URINÁRIAS E PRÓSTATA │ UNIDADE IV
»» Contraindicações e advertências:
›› Seu uso não é indicado na gestação visto que pode ser abortiva.
63
FITOTERAPIA EM
DESORDENS Unidade V
REUMÁTICAS E
GOTA
capítulo 1
Artrite reumatoide e gota
Artrite reumatoide
Doença inflamatória crônica sistêmica, que afeta cerca de 6% das mulheres e 2% dos homens, e os
sintomas surgem geralmente após a quarta década de vida. Por ser uma doença sistêmica, além das
articulações, pode acometer outros órgãos como pulmão, medula óssea e olhos.
Sua causa ainda é desconhecida, e se caracteriza pela presença de imunocomplexos nas articulações,
com a presença de autoanticorpos direcionados a proteínas do tecido conjuntivo articular. O
autoanticorpo, denominado fator reumatoide (FRe), pode ser identificado na circulação, sendo o
título diretamente relacionado ao prognóstico da doença. Esses anticorpos atraem os leucócitos
para o espaço articular, que por sua vez desencadeiam respostas inflamatórias, pela liberação de
mediadores químicos da inflamação, como leucotrienos, prostaglandinas e tramboxanos, além da
formação de radicais livres oxidativos.
Trata-se de uma doença com significativo impacto social devido a sua elevada morbimortalidade.
Boa parte dos pacientes terá sua independência afetada em graus variáveis, incluindo limitações
nas atividades sociais, de lazer e profissionais. Além disso, a mortalidade também é alta, sendo
proporcional à gravidade do quadro - pacientes com formas poliarticulares podem ter sobrevida de
apenas 40% em 5 anos (CHEHATA et al., 2001).
Nas últimas décadas, houve notável evolução nos conhecimentos da fisiopatogenia da doença, o que
acarretou mudanças na forma de abordagem e na terapêutica. Considera-se a possibilidade de que
um agente exógeno, como um antígeno alimentar, seja capaz de iniciar um processo imunopatolígico
em indivíduos geneticamente predispostos (PANUSH, 1990). São diversos os relatos de casos
de agudização de diversas doenças reumatológicas associadas a alimentos específicos, sugerindo
alguns autores o envolvimento da alergia alimentar em até 30% dos casos de artrite reumatoide
(DARLINGTON, 1991). Um dos mecanismos envolvidos poderia ser o efeito que certos alimentos,
FITOTERAPIA EM DESORDENS REUMÁTICAS E GOTA │ UNIDADE V
como chocolate, álcool e morango, têm em estimular a secreção de aminas vasoativas, como
histamina e serotonina.
Alguns alimentos que tem altas concentrações de histamina, como carne de porco, tomate, salsicha
e espinafre estão descritos como agravantes do quadro de artrite. O café poderia desencadear crises
pela liberação de adrenalina e noradrenalina, bem como frutas cítricas, especialmente a casca que
contém consideráveis concentrações de derivados de fenilefrina (MIKULS et al., 2000). Um estudo
prospectivo finlandês, com aproximadamente 7.000 indivíduos, demonstrou um maior risco de
soro positividade para o fator reumatóide, bem como de desenvolvimento de DRe em indivíduos
com maior consumo de café, principalmente, quando o consumo se excedia em 4 xícara ao dia
(MIKULS et al., 2000).
Na avaliação laboratorial o fator reumatoide pode ser encontrado em cerca de 75% dos casos já no
início da doença. Anticorpos contra filagrina/profilagrina e anticorpos contra peptídio citrulinado
cíclico (PCC) são encontrados nas fases mais precoces da doença, mas apresentam um custo maior.
As provas de atividade inflamatória como o VHS e a proteína C reativa correlacionam-se com a
atividade da doença.
Os principais objetivos do tratamento de um paciente com artrite reumatoide são: reduzir a dor, o
edema articular e os sintomas constitucionais, como a fadiga, melhorar a função articular, interromper
a progressão do dano ósseo-cartilaginoso, prevenir incapacidades e reduzir a morbimortalidade
(ALBERS et al., 2001).
65
UNIDADE V │ FITOTERAPIA EM DESORDENS REUMÁTICAS E GOTA
Quanto ao tratamento medicamentoso, varia de acordo com o estágio da doença, sua atividade e
gravidade, devendo ser mais agressivo quanto for a doença. De uma forma geral os anti-inflamatórios
são a base do tratamento seguidos de corticoides para as fases agudas e drogas modificadoras do
curso da doença, a maior parte delas imunossupressoras. Em alguns pacientes há indicação de
tratamento cirúrgico, dentre eles cita-se a sinovectomia para sinovite persistente e resistente ao
tratamento conservador, artrodese, artroplastias totais etc.
Segundo Fintelmann:
Gota
A gota representa uma forma especial de doença reumática, pelo fato de ser uma doença típica de
depósito e ao mesmo tempo uma doença metabólica. Produto final do metabolismo das purinas,
cerca de um terço do ácido úrico provém da alimentação e o restante da própria síntese endógena
hepática. A hiperuricemia pode ser consequente à redução da capacidade de excreção urinária ou à
hiperprodução endógena.
A gota é mais prevalente no sexo masculino e ocorre com mais frequência após a terceira década
da vida, sendo marcante a história familiar. Dietas ou doenças, com restrição calórica excessiva e
reduções ponderais aceleradas, podem acarretar crises de gota, pelo hipercatabolismo proteico.
66
FITOTERAPIA EM DESORDENS REUMÁTICAS E GOTA │ UNIDADE V
A gota é intimamente influenciada por aspectos ligados à dieta, que incluem a obesidade, a síndrome de
resistência à insulina, a dislipidemia e o abuso de álcool (VUORIENE-MARKKOLA, 1994). A obesidade
está associada tanto à hiperprodução como à hipoexcreção do ácido úrico. Apesar disso, uma dieta
rica em purinas promove um incremento ao redor de 1 a 2 mg/dL nos níveis séricos de ácido úrico,
enquanto dietas livres de purina promovem quedas de apenas 1 a 2 mg/dL. (EMMERSON, 1996).
É importante destacar que o consumo de bebidas alcoólicas guarda forte relação com a hiperuricemia
e as crises de gota (EASTMOND, 1995). Entre os mecanismos descritos, destacam-se: estímulo
à produção hepática de purina pelo metabolismo do etanol, inibição da conversão da droga
hipouricemiante alopurinol em seu metabólito ativo, o oxipurinol, pelo etanol; a baixa adesão de
etilistas crônicos às dietas e tratamento de longo prazo; e a redução da excreção renal induzida
pela acidose láctica, secundária à intoxicação alcoólica aguda. A cerveja merece destaque entre as
bebidas alcoólicas, pois é a que parece ter maior efeito negativo sobre a hiperuricemia, em parte
pelo seu grande conteúdo purínico (YU et al., 2008).
Uma vez diagnosticada a hiperuricemia, é importante investigar outros distúrbios que acompanham
a síndrome metabólica, já que a hiperuricemia apresenta nítida relação com a síndrome metabólica.
A insulina promove a reabsorção renal do urato, o que em parte explicaria esta associação com a
hiperinsulinêmica. (FACCHINI et al., 1991)
O efeito anti-inflamatório da urtica é comprovado por estudos científicos in vitro e in vivo. O extrato
hidroetanólico e o ácido cafeoilmálico inibem parcialmente a biossíntese de ácido araquidônico
(MONOGRAPHS ON THE MEDICINAL USES OF PLANTS DRUGS, 1996). O extrato de urtiga (0,1
mg/ml) e ácido cafeoilmálico isolado (1mg/ml) inibiram a biossíntese de leucotrieno B4 derivado de
5-lipoxigenase em 20,8% e 68,2%, respectivamente, e inibiram a síntese de prostaglandinas derivadas
de cicloogixenase. Além disso, o mesmo extrato reduziu significativamente a concentração do fator
de necrose tumoral-α (TNF- α) e de interleucina 1β, estimulado por LPS (lipopolissacarídeos) em
sangue humano (MONOGRAPHS ON THE MEDICINAL USES OF PLANTS DRUGS, 1996). Outro
estudo utilizando um extrato de urtiga (IDS 23) inibiu de forma potente o fator de transcrição NFκB,
responsável pela expressão de determinados genes pró-inflamatórios (RIEHEMANN et al., 1999).
Um estudo aberto e randomizado com 37 pacientes com atrite aguda divididos em dois grupos, um
recebeu 50mg de diclofenaco mais 50g da planta urtiga cozida e o outro grupo recebeu 200mg de
67
UNIDADE V │ FITOTERAPIA EM DESORDENS REUMÁTICAS E GOTA
diclofenaco. Os pesquisadores observaram melhora clínica semelhante nos dois grupos, sugerindo
que a administração de urtiga pode intensificar a eficáca do diclofenaco em estados reumáticos
(CHRUBASIK et al., 1997).
»» planta seca de 2 a 4g, na forma de infusão, 3 vezes ao dia ou 8 a 12g ao dia segundo
blumenthal et al. (1998).
Contraindicações e advertências:
»» seu uso não é indicado na gestação visto que pode ser abortiva.
»» Contraindicações e advertências:
›› Devido à falta de dados sobre a toxicidade e por ter sido relatada in vivo ação
estimulante do útero, o uso da bardana durante a gestação e lactação não é
recomendado (G30).
68
FITOTERAPIA EM DESORDENS REUMÁTICAS E GOTA │ UNIDADE V
Estudos in vitro e in vivo têm relatado resultados conflitantes, porém, parece que a atividade
difere dependendo da rota de administração e do modelo de inflamação, se agudo ou subagudo. A
German commission E formulou, como áreas de indicação, “perda de apetite, sintomas dispépticos,
adjuvante em doenças degenerativas do aparelho locomotor”.
Cerca de 20 estudos clínicos com pacientes com doenças reumáticas e atríticas, avaliaram a
efetividade e eficácia da garra do diabo. Não é possível chegar a uma conclusão a respeito da sua
eficácia geral, pois as formulações testadas em ensaios clínicos, geralmente, foram padronizadas por
seu teor de harpagosídeo e, embora seja provável que esse componente contribua para a atividade,
não ficou claro em que extensão e quais outros componentes podem interferir nesse efeito.
Chrubasik (2002) realizou uma revisão sistemática da qualidade dos ensaios clínicos envolvendo a
guarra do diabo descobriu que, embora os resultados de alguns estudos tenham fornecido evidências
para a efetividade de certas formulações, a qualidade da evidência não foi suficiente para apoiar
o uso de qualquer um dos produtos disponíveis. Os resultados encontrados até o momento são
promissores, porém são necessários mais ensaios controlados, randomizados e bem caracterizados
para avaliar formulações de Harpagophytum procumbens.
Raiz tuberosa seca de 1,5 a 3g, na forma de decocto, 3 vezes ao dia; 1 a 3g da droga ou o equivalente
como extratos aquoso ou hidroalcoolico; extrato líquido (1:1 etanol a 25%) 1 a 3 mL, 3 vezes ao dia.
69
UNIDADE V │ FITOTERAPIA EM DESORDENS REUMÁTICAS E GOTA
A salicina é um pró-fármaco típico e, como tal, é inativo, não causando, portanto, alterações na
mucosa gástrica. Ela é hidrolisada enzimaticamente apenas no intestino delgado e absorvida na
forma de saligenina. Esta é oxidada no fígado pelo citocromo P-450 e dá origem ao ácido salicílico
como a principal substância ativa. Ele impede o surgimento da dor nos nociceptores através da
inibição da cicloxigenase (MEIE; LIEBI, 1990).
Schmid et al. (2001) em estudo randomizado, placebo controlado e duplo-cego, utilizou o extrato da
casca de salgueiro (equivalente a 240mg de salicina/dia) com 78 pacientes com osteoartrite durante
2 semanas. Os autores observaram diferenças na dimensão de dor no grupo tratado.
Outros estudos clínicos revelaram que o efeito analgésico foi significativamente maior do que
no grupo placebo e, em um dos estudos, este efeito foi correspondente ao efeito de um inibidor
recentemente descoberto da COX-2 (CHRU-BASIK, 2000). Lardos et al. (2004), em estudo
randomizado, duplo-cego, controlado por placebo observou um efeito analgésico equivalente ao do
diclofenaco em pacientes com artrose/osteoartrite nas articulações do quadril e do joelho.
70
fitotErAPiA EM dESordEnS rEuMÁtiCAS E gotA │ unidAdE v
» Devido a falta de segurança para o uso dessa planta na gestação e lactação, deve ser
evitado nesse período.
Em estudos realizados em ratos o extrato aquoso da unha de gato demonstrou atividade anti-
inflamatória e o princípio ativo relacionado ao efeito parece ser o ácido quinóvico (AQUINO et al.,
1991). Em outro estudo em ratos com inflamação induzida por endometacida, o extrato aquoso da
casca da Uncaria tomentosa protegeu contra o estresse oxidativo in vitro e atenuou a inflamação
crônica intestinal (SANDOVAL-CHACÓN et al., 1998). Além disso, os autores relataram que o
extrato evita a ativação do fator de transcrição NFκB.
Faltam ensaios clínicos randomizados e controlados para avaliar os efeitos da unha de gato.
» Seu uso não é aconselhável durante a gestação e lactação, pois não existem dados
suficientes de segurança para esse período, assim como para crianças menores de
3 anos.
Amplie seus conhecimentos! Após o término do presente capítulo leia esta revisão
descreve os papéis da leptina e da adiponectina no sistema imune e suas atuações
no LES e na AR.
BARBOSA, Vitalina de Souza; REGO, Jozelia and SILVA, Nílzio Antônio da. Possível
papel das adipocinas no lúpus eritematoso sistêmico e na artrite reumatoide. Rev.
Bras. Reumatol. [on-line]. 2012, vol.52, n.2, pp. 278-287. ISSN 0482-5004.
71
FITOTERAPIA EM
DESORDENS DO Unidade Vi
SISTEMA NERVOSO
E PSIQUE
capítulo 1
Desordens do sistema nervoso e psique
As desordens do sistema nervoso e doenças emocionais ocupam cada vez mais espaço nas
pesquisas médicas, devido, principalmente, ao aumento de sua incidência na população adulta.
Os principais sintomas físicos, mentais e problemas sociais que acometem os indivíduos que
apresenta doenças psicossomáticas são: taquicardia, insônia, irritação, ansiedade, intolerância,
isolamento social e fobias.
A tensão nervosa extrema está associada ao aumento da frequência cardíaca, elevação da pressão
arterial, distúrbios gastrointestinais e tônus muscular em excesso. A palpitação também é um distúrbio
psicossomático muito, causada por excitação, ansiedade ou outros estados emocionais. Além disso,
os efeitos psicossomáticos também podem desencadear anormalidades no funcionamento de um
órgão de forma isolada como, por exemplo, a estimulação simpática pode deprimir a atividade
gastrointestinal, que resulta na obstipação. Em contraste, uma estimulação parassimpática excessiva
pode aumentar a atividade gastrointestinal, levando à diarreia grave (GOODWIN et al., 2007).
Transtornos do humor são classificados como unipolar ou bipolar. Indivíduos com transtorno
unipolar apresentam episódios de depressão, enquanto aqueles com transtorno bipolar apresentam
episódios alternados de mania e depressão (NIVOLLI et al., 2011). Estas doenças geralmente
surgem na segunda década de vida, embora possam começar mais cedo. A depressão unipolar é
mais comum na meia-idade e entre os idosos (NIVOLLI et al., 2011).
sendo responsável por um terço dos encaminhamentos de crianças americanas a unidades de saúde
mental. Este transtorno é caracterizado por níveis de atividade evolutivamente inadequados, baixa
tolerância à frustração, impulsividade, organização do comportamento insatisfatória, distração e
incapacidade de manter a atenção e concentração.
Outro distúrbio muito conhecido é a Síndrome do Pânico, que é nitidamente diferente de outros
tipos de ansiedade, caracterizando-se por crises súbitas, sem fatores desencadeantes aparentes e,
frequentemente, incapacitantes. A síndrome ocorre como uma manifestação orgânica contra um
gatilho externo que gera sinais de medo, sendo ele evidente ou não. Os mecanismos de fuga são
acionados, com aumento no fluxo sanguíneo cerebral e liberação de adrenalina, provocando elevação
da frequência cardíaca e respiratória e o aumento da frequência respiratória (hiperventilação). O
tratamento do transtorno tradicional do pânico inclui medicamentos antidepressivos, ansiolíticos e
estimulação magnética transcraniana repetitiva, além de psicoterapia (MCCUTCHEON et al., 2010;
GURGEL et al., 2007). As classes de antidepressivos comumente utilizados são inibidores seletivos
da recaptação de serotonina e inibidores da MAO.
Atualmente, há uma grande busca de novos agentes terapêuticos para doenças psiquiátricas,
sobretudo devido aos efeitos colaterais provocados por medicamentos tradicional-mente utilizados.
Diversas plantas medicinais têm historicidade de emprego para transtornos de ansiedade, fobia e
depressão na medicina popular. Porém, como ocorre em outras áreas, os trabalhos com humanos
ainda são escassos, nesse caso por dificuldades em manter alguns pacientes sem medicação de uso
tradicional.
No Brasil diversas plantas têm sido usadas tradicionalmente por seus efeitos sedativos e calmantes,
por exemplo, Passiflora incarnata, Valeriana officinalis, Humulus lupulus, Matricaria chamomilla,
entre outras, que serão abordadas a seguir.
Seus principais constituintes são alcaloides, iridoides (valepotriatos), esteroides, óleos voláteis (0,5
a 2%), além de aminoácidos (arginina, ácido γ-aminobutirico, glutamina, entre outros), ácido cafeico
e clorogênico, colina, taninos, entre outros (UPTON, 1999; LAPKE et al., 1997). São mais de 150
constituintes identificados, porém nenhum deles apresenta os efeitos da Valeriana isoladamente,
sugerindo que seus compostos atuam sinergicamente (HOUGHTON, 1999; HENRDRIKS, 1981).
Estudos indicam que a Valeriana officinalis interage com neurotransmissores como o Ácido
Gama Aminobutírico (GABA), o principal neurotransmissor inibitório no nosso organismo, e
inibe a degradação da enzima que degrada o GABA no cérebro, aumentando sua disponibilidade
(NEUHAUS, 2008; CAVADAS, 1995).
73
UNIDADE Vi │ FITOTERAPIA EM DESORDENS DO SISTEMA NERVOSO E PSIQUE
Um estudo duplo-cego realizado com 48 adultos colocados em uma situação social de estresse, a
valeriana reduziu as sensações subjetivas de ansiedade e não causou sedação. (CROPLEY et al.,
2002).
Outro estudo transversal, duplo-cego, randomizado e placebo controlado foi realizado com 16
indivíduos que apresentavam insônia psicofisiológica estabelecida de acordo com critérios de
Classificação Internacional de Transtornos de Sono (ICSD) e confirmada por polissonografia. Os
pacientes receberam 600mg de extrato etanólico a 70% de raiz de valeriana, ou placebo, 1 hora
antes de dormir por 14 dias. Os resultados revelaram uma diferença estatisticamente significativa
no parâmetro de sono de ondas lentas, em comparação com valores basais, o que não ocorreu com
o grupo placebo. Porém, não houve efeitos estatisticamente significativos sobre os parâmetros
objetivos nem subjetivos do sono após a administração única de vaeriana.
Por outro lado, outro ensaio duplo-cego e randomizado, realizado com 75 indivíduos com insônia
não orgânica ou psiquiátrica, utilizando 600mg de do extrato de raiz de valeriana (razão droga
vegetal e extrato 5:1) ou oxazepam 10mg, administrados 30 minutos antes de dormir durante 28
dias. Ao final do tratamento a qualidade do sono havia melhorado significativamente em ambos os
grupos, em comparação com valores basais.
Outro estudo que comparou Diazepam® (2,5mg três vezes ao dia) e uma preparação de Valeriana
(50 mg três vezes ao dia, padronizado a 80%) mostrou uma significante redução nos sintomas de
ansiedade após 4 semanas (ANDREANTINI et al., 2002). As evidências permitem considerar a
Valeriana officinalis como alternativa potencial para ansiolíticos tradicionais (MURPHY et al.,
2009).
Doses citadas na literatura de referência (MILLS; BONE, 2000; BLUMENTHAL et al., 1998)
»» Tintura de 3 a 5 ml (1:5; etanol 70%), até 3 vezes ao dia (g6, g50); ou 1 a 3 ml de uma
a várias vezes ao dia.
A dose usualmente utilizada em estudos clínicos que avaliam o efeito dos extratos de raiz de valeriana
sobre os parâmetros do sono é de 400mg/dia (razão 3:1) e 1215 mg/dia (razão 5 a 6:1).
74
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO SISTEMA NERVOSO E PSIQUE│ UNIDADE VI
Estudo realizado com ratos avaliando os efeitos in vitro de um extrato seco de Passiflora incarnata
(Pascoflair® 425 mg) sobre o sistema gabaérgico, concluiu que o extrato inibia a recaptação do
GABA, aumentando a sua disponibilidade na fenda sináptica, mas alterou sua liberação.
Em um experimento, durante quatro semanas, 36 pacientes (18 em cada grupo) com transtorno de
ansiedade geral foram designados para receber 45 gotas/dia de Passiflora mais um comprimido de
placebo ou 30mg/dia de Oxazepam® mais gotas de placebo. Ao final do estudo os participantes dos
dois grupos apresentaram redução significativa na pontuação de ansiedade (Escala de Ansiedade
Hamilton) em comparação com os valores basais. Contudo, talvez o referido estudo não tenha
amplitude suficiente para detectar diferenças entre os dois grupos de tratamento. Outros estudos
clínicos realizados com semelhantes estruturas metodológicas revelaram resultados parecidos,
porém muitos não realizaram cálculo formal do tamanho da amostra, fragilizando os dados obtidos
(BARNES, 2012). Portanto, há a necessidade de novos estudos com extrato de P incarnata com um
melhor delineamento metodológico, mas já podemos considerar que esse fitoterápico é capaz de
modular o sistema gabaérgico.
»» Contraindicações e advertências:
75
UNIDADE Vi │ FITOTERAPIA EM DESORDENS DO SISTEMA NERVOSO E PSIQUE
»» Contraindicações e advertências:
Seus principais constituintes são cumarinas, flavonoides (apigenina, luteolina, quercetina, rutina e
outros), óleos voláteis ((-)-α bisabolol – até 50% - e chamazuleno de 1 a 15%).
Em estudo que examinou seu efeito sedativo (Matricaria chamomilla) a apigenina foi capaz de
inibir competitivamente a ligação de flunitrazepam ao receptor benzodiazepínico, resultando em
efeitos ansiolíticos e levemente sedativos. Em outro estudo uma infusão liofilizada de camomila,
administrada intraperitonealmente em camundongos promoveu efeitos depressores no SNC
(LOGGIA et al., 1982).
São necessários ensaios clínicos randomizados e controlados para avaliar os efeitos da camomila,
pois atualmente estudos em humanos são limitados, assim como ensaios clínicos analisando suas
propriedades sedativas. Apesar disso, seu uso tradicional tem demonstrado ser uma planta segura,
indicada na primeira infância e idosos (MARQUES, 2011).
»» Contraindicações e advertências:
›› Seu uso excessivo deve ser evitado na gestação e lactação (BARNES, 2012).
76
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO SISTEMA NERVOSO E PSIQUE│ UNIDADE VI
Um estudo clínico realizado com 24 voluntários saudáveis, examinou o efeito de uma dose única
(600 mg, 1200 mg ou 1800 mg) de uma combinação de Melissa/Valeriana (80 mg Melissa/120
mg de Valeriana por comprimido) ou placebo em dias separados por um período de sete dias sem
a administração. Os resultados indicam efeitos sobre o humor e a ansiedade, avaliados antes de
receberem a droga, e após uma, três e seis horas da administração. Além disso, foi constatado que
enquanto a dose de 600mg melhorou o estresse, a dose de 1.800mg parecia aumentar a ansiedade
(KENNEDY et al., 2006).
Um estudo realizado em crianças com inquietação e problemas de sono examinou a ação da Valeriana
e Melissa. No início do estudo, 61,7% das crianças relataram sintomas. Após quatro semanas de
administração da combinação de plantas, os sintomas estavam ausentes ou classificados como leves
na maioria das crianças.
»» Erva seca de 1,5 a 4,5g na forma de infusão, com 150ml de água, várias vezes ao dia
(BLUMENTHAL et al., 2000).
»» Contraindicações e advertências:
›› Nenhuma documentada.
77
UNIDADE Vi │ FITOTERAPIA EM DESORDENS DO SISTEMA NERVOSO E PSIQUE
outros (BARNES, 2012). Entre esses, os constituintes ativos responsáveis por seus efeitos são
hiperforina (floroglucinol) e a hipericina (naftodiantrona).
Estudos in vitro e in vivo comprovaram que a hipericina é um inibidor da captação de 5-HT, dopamina,
noradrenalina, GABA e L-glutamato. Estudos realizados em modelos experimentais de depressão,
incluindo formas aguda e crônica de déficit de fuga induzido por estressores, demonstrou-se que o
extrato de hipérico protege os ratos das consequências do estresse inevitável.
Uma outra metanálise foi realizada com apenas 6 ensaios randomizados, cegos e controlados com
a Erva-de-São-João envolvendo 651 pacientes com transtornos depressivos. A duração dos estudos
foi de 4 a 6 semanas e as doses utilizadas do extrato da Erva-de-São-João foram de 200 a 900mg
ao dia. Os autores da metanálise concluíram que a resposta ao tratamento foi significativamente
maior no grupo tratado com a erva e semelhantes aos resultados encontrados com antidepressivos
tricíclico, porém mais estudos devem ser realizados para resolver problemas metodológicos antes
de concluir que a Erva-de-São-João é um eficaz antidepressivo.
»» Contraindicações e advertências:
78
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO SISTEMA NERVOSO E PSIQUE│ UNIDADE VI
Um ensaio clínico, duplo-cego, placebo controlado, foi realizado em 29 pacientes tratados durante
quatro semanas com 100 mg de extrato de Kava Kava padronizado (70% de lactonas), três vezes
ao dia. O grupo que recebeu o extrato experimentou significativo decréscimo nos sintomas de
ansiedade (KINZLER et al., 1991). Outro estudo duplo-cego realizado com dois grupos de 20
mulheres que receberam o extrato em mesma dosagem do estudo anterior, revelou um efeito do
Kava kava em diminuir a ansiedade associada à menopausa (WARNECKE, 1991). Além desses
estudos, muitos outros analisaram o extrato de Piper methysticum comparando-os favoravelmente
aos medicamentos como benzodiazepínicos e antidepressivos tricíclicos (KINZLER et al., 1991).
Diversos estudos apontam sua possível toxicidade (TESCHKE; SCHULZE, 2010; TESCHKE et al.,
2009; TESCHKE; WOLFF, 2009). Embora as evidências atuais considerem o uso de kava para a
ansiedade, são necessários mais ensaios clínicos controlados para avaliar a eficácia e a segurança
(no fígado, a cognição, dirigindo, e os efeitos sexuais) comparadas aos fármacos que apresentam
seus efeitos adversos e benéficos bem estabelecidos (MARQUES, 2011).
»» Não existem evidências de que o uso Piper methysticum cause dependência, porém
os estudos realizados tiveram curta duração (máximo 24 semanas).
79
UNIDADE Vi │ FITOTERAPIA EM DESORDENS DO SISTEMA NERVOSO E PSIQUE
Estudos realizados em ratos observaram que o pré-tratamento com Panax ginseng preveniu o
aumento nos receptores dopaminérgicos no cérebro decorrente do estresse.
Um ensaio clínico duplo-cego, placebo controlado, realizado com 30 pessoas saudáveis que
receberam extrato de Panax ginseng de 200 ou 400mg em dose única antes de serem submetidos a
uma bateria de testes projetados para avaliar o desempenho cognitivo. Os pesquisadores concluíram
que houve uma melhora significativa com ambas as doses nos escores de fadiga mental.
Não somente o uso isolado de Panax ginseng foi testado, mas também o uso combinado ao Ginkgo
biloba apresentam resultados positivos. Outro ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlados
por placebo foi realizado com 64 indivíduos saudáveis com queixas neurostênicas que receberam
uma combinação contendo extrato de raiz de Panax ginseng e extrato de folhas de Ginkgo biloba.
As doses utilizadas foram de 50 e 30mg, respectivamente, 100 e 60mg, respectivamente, e 200 e
120mg, respectivamente, ou placebo, duas vezes ao dia por 12 semanas. Os autores concluíram que
o grupo que recebeu as doses mais altas alcançaram scores significativamente maiores em testes
delineados para avaliar a função cognitiva.
»» Terapia de curto prazo (15 a 20 dias) para jovens e pessoas saudáveis – 0,5 a 1,0g de
raiz ao dia, dividida em duas doses. O horário ideal para utilização da droga vegetal
é pela manhã 2 horas antes da refeição, e à noite duas horas após a refeição.
»» Terapia de longo prazo para idosos e pessoas com saúde comprometida – 0,4 a 0,8g
da raiz diariamente.
»» Contraindicações e advertências:
80
FITOTERAPIA EM DESORDENS DO SISTEMA NERVOSO E PSIQUE│ UNIDADE VI
Em um estudo clínico realizado com idosos que apresentavam disfunção cognitiva leve, foi
administrado o chá verde em pó contendo uma concentração alta de theanina (equivalente a
47,5mg/dia). Os resultados apontaram um declínio significativamente menor na função cognitiva
em comparação ao grupo placebo, sugerindo que a theanina pode ter melhorado a disfunção
cognitiva leve em pessoas idosas.
Outros estudos realizados em animais indicam que a administração de theanina facilita a neurogênese
no hipocampo em desenvolvimento e aumento da memória de reconhecimento, sugerindo que sua
ingestão possa ser benéfica para o desenvolvimento da função do hipocampo pós-nata, uma região
considerada a principal sede da memória e importante componente do sistema límbico.
Mais estudos clínicos devem ser realizados a fim de esclarecer os mecanismos de ação e as doses
mais adequadas.
81
FITOTERAPIA EM
DESORDENS Unidade VIi
ENDÓCRINAS E
METABÓLICAS
capítulo 1
Obesidade e Diabetes
Obesidade
Patologia multifatorial considerada um dos maiores problemas de saúde pública, além de ser
uma das doenças crônicas não transmissíveis que mais cresce epidemiologicamente no mundo. A
obesidade é um fator predisponente à diminuição da longevidade (em média, 13 anos) e aumento da
mortalidade. A associação com o Índice de Massa Corporal (IMC) revela que o risco de mortalidade
e comorbidade, associados a doenças como Diabetes mellitus tipo II, hipertensão, neoplasias,
dislipidemia, doenças cardiovasculares, aumenta proporcionalmente ao aumento dessa medida.
Estas comorbidades relacionam-se com o estado de inflamação crônica sistêmica de baixo grau
observada na obesidade, resultado do aumento das concentrações plasmáticas de proteínas de fase
aguda e de várias citocinas. (RAMALHO et al., 2008)
Diabetes
Diabetes mellitus é a mais frequente doença do metabolismo dos açúcares. Trata-se de uma
síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de ela exercer
adequadamente seus efeitos, resultando em resistência insulínica. Caracteriza-se pela presença
de hiperglicemia crônica, frequentemente, acompanhada de dislipidemia, hipertensão arterial e
disfunção endotelial - Sociedade Brasileira de Diabetes.
FITOTERAPIA EM DESORDENS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS│ UNIDADE VII
Algumas adipocitocinas, como a leptina e a adiponectina, exercem efeitos benéficos sobre o balanço
energético, a ação insulínica e a proteção vascular. Contrariamente, a produção excessiva de outras
adipocitocinas pode tornar-se deletéria ao organismo. TNF-alfa, IL-6 e resistina podem deteriorar
a ação da insulina, enquanto PAI-I e angiotensinogênio envolvem-se em complicações vasculares
associadas à obesidade.
A obesidade ocorre como resultado de um aumento do tecido adiposo branco, causado por uma
hiperplasia e/ou hipertrofia dos adipócitos O tecido adiposo é um órgão secretório ativo que produz
fatores conhecidos como adipocinas, que são polímeros produzidos pelos adipócitos que agem de
maneira autócrina, parácrina e endócrina para controlar várias funções metabólicas. As adipocinas
influenciam a resistência à insulina sistêmica e têm papel na fisiopatologia da síndrome metabólica
e de doenças cardiovasculares, além de contribuírem para o estado inflamatório local e sistêmico
característico da obesidade. (INADERA, 2008)
83
UNIDADE VIi │FITOTERAPIA EM DESORDENS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS
84
FITOTERAPIA EM DESORDENS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS│ UNIDADE VII
Durante a vida fetal, a nutrição inadequada pode alterar um ou mais aspectos do desenvolvimento
morfológico e fisiológico, aumentando a predisposição do indivíduo para desenvolvimento de
doenças metabólicas, como a Diabetes mellitus e problemas cardiovasculares na vida adulta.
(GODFREY et al, 2001)
A partir dessas informações da literatura, pode-se concluir que, durante o período de gestação e
lactação, a redução na ingestão energética e modificação na composição dos macronutrientes da
dieta podem alterar a programação metabólica da prole, causando maior predisposição para o
aumento de adiposidade e desenvolvimento de resistência à insulina.
A saciedade resulta da liberação de sinais neurais e humorais que emanam do intestino em resposta
à propriedade mecânica e química dos alimentos ingeridos. Esses sinais de saciedade produzidos
no trato gastrintestinal precisam ser integrados com o sistema nervoso central, sobretudo com o
hipotálamo, para garantir uma eficiente homeostasia energética.
85
UNIDADE VIi │FITOTERAPIA EM DESORDENS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS
O LPS age sobre receptores da família Toll Like Receptor (TLR), em particular o TLR4, ativando a via
do NF-κB, favorecendo a expressão gênica das adipocinas pró-inflamatórias (TAKEUCHI; AKIRA,
2001; LEE et al., 2001). A transmissão do sinal mediado pela ligação do LPS com o TLR4 constitui
um fenômeno altamente complexo e variado, mediado por meio de reações envolvendo fosforilação
e ubiquitinação de proteínas-alvo. Em resumo, ocorre ativação da proteína MyD88 que, por sua
vez, ativa o complexo IRAK (Kinase associated IL-1 receptor)-TRAF 6 (TNF receptor-associated
factor). Esta última pertence à classe das ubiquitina ligases (E3 ligases) e parece ser essencial para
o desacoplamento do NF-κB da sua proteína inibidora (Iκ-B). O NF-κB, uma vez liberado, migra
para o núcleo, ligando-se ao DNA e iniciando a amplificação gênica das proteínas relacionadas à
inflamação. (TAKEDA; AKIRA, 2004)
Nas últimas três décadas, vêm sendo estudada a relação entre o estado pró-inflamatório na obesidade
e a microbiota intestinal. O intestino dos mamíferos possui uma comunidade microbiana, conhecida
como microbiota intestinal, composta por trilhões de micro-organismos e sua composição pode
variar de acordo com alguns fatores como: nutrientes da dieta, doenças e uso de antibióticos. (LEY
et al., 2008)
O intestino dos mamíferos tem uma microbiota pertencente a três filos de bactérias: Bacteroidetes
gram-negativa, Actinobacteria gram-positiva e Firmicutes (que compreende 200 gêneros,
incluindo Lactobacillus, Clostridium, Bacillus e Mycoplasma). (DENG et al., 2008)
Segundo Ley (2005), ratos geneticamente obesos ob/ob (leptina deficiente), após tratamento
com dieta rica em polissacarídeos, apresentaram mais Firmicutes e 50% menos Bacteroidetes no
intestino distal quando comparados com o tipo selvagem. Nesse sentido, ratos tratados com dieta
hiperlipídica e hiperglicídica apresentaram aumento da razão Firmicutes/Bacteroidetes comparado
com ratos tratados com dieta pobre em gordura/rica em polissacarídeos, com baixo índice glicêmico.
(TURNBAUGH, 2008)
86
FITOTERAPIA EM DESORDENS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS│ UNIDADE VII
Na tabela a seguir serão descritos os principais fitoterápicos que apresentam função benéfica no
tratamento dessas desordens.
87
UNIDADE VIi │FITOTERAPIA EM DESORDENS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS
1) Infusão:
- 1,5 g (3 col de café) em 150 ml de
água.
Serisier et al. (2008) comprovou em seus estudos - Tomar 1 xícara de chá de 2 a 3x ao
que o consumo de chá verde pode melhorar dia. (Adaptada)
a sensibilidade à insulina e o perfil lipídico de
animais e alterar a expressão de genes envolvidos
a homeostase de glicose e lipídios. Tsuneki et al. 2) Extrato seco (3:1):
(2004) apresentou provas da eficiência do chá
Chá verde/ Cammelia sinensis verde em relação a sua atividade anti-diabética. - Tomar 1 cápsula de 375 mg, 2 a 3x
As catequinas diminuem a atividade da proteína ao dia.
IKK, envolvida na fosforilação do IKB-α induzida (Tabela de equivalência)
pela ativação mediada pelo TNF- α. Como
consequência, temos novamente a inibição do
fator de transcrição NF-kB. As catequinas também 3) Tintura 20%:
reduzem a expressão gênica da proteína JNK e do
fator de transcrição AP-1, ativados pelo TNF- α . - Tomar 40 gotas 2 a 3x ao dia, em
água.
(Tabela de equivalência)
1) Infusão:
- 3 g (1 col de sopa) em 150 ml (1
xícara de chá).
- Utilizar 1 xícara de chá 3x ao dia.
(Adaptada)
88
FITOTERAPIA EM DESORDENS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS│ UNIDADE VII
1) Infusão:
Poder adoçante, aproximadamente 250 vezes
- 0,5 g (1 col de café) em 150 ml (1
maior que a sacarose (ALONSO, 1998; GEUNS,
xícara de chá).
2003).
- Utilizar 1 xícara de chá ao dia.
Em um grupo de ratas submetidas a um regime
hiperhidrocarbonado, a adição de 0,5% de 2) Extrato seco (3:1):
esteviosídeo (principio ativo da estevia) provocou
- Tomar 1 cápsula de 150 mg ao dia.
Estevia – Stevia rebaudiana um decréscimo na glicemia e nos níveis de
(CURI et al., 1980)
glicogênio hepático (SUZUKI et al., 1977).
Em humanos demonstraram que as curvas de 3) Tintura 20%:
tolerância a sobrecarga de glicose pós-prandial
- Tomar 15 gotas ao dia, em água.
resultaram ser melhores nos pacientes diabéticos
(Tabela de equivalência)
obesos que tinham sido tratados previamente com
130-140mg de extrato de estévia (CURI et al.,
1986).
A dose pode ser menor se o paciente
fizer utilização de hipoglicemiantes
orais.
Em provas de sobrecarga de glicose em roedores,
o extrato de alho envelhecido (AGE) demonstrou
diminuir os níveis iniciais de glicemia elevada
(NAGAI K. et al., 1975). A partir destes ensaios
preliminares, investigadores do Departamento
Alho – Allium sativum
de Agricultura dos Estados Unidos puderam
demonstrar em animais que a administração de
AGE determinava aumento nos níveis de insulina
no sangue, comparadas com o grupo controle
(CHANG e JOHNSON, 1980).
89
UNIDADE VIi │FITOTERAPIA EM DESORDENS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS
90
capítulo 2
Distúrbios tireoidianos
Tireoide
Mais de 200 milhões de pessoas em todo mundo apresentam algum distúrbio da tireóide. Cerca de
50% das mulheres com mais de 50 anos, de acordo com recentes pesquisas científicas, apresentam
nódulos tireoidianos e aproximadamente 10% das mulheres em idade adulta apresenta algum
distúrbio no metabolismo tireoidiano.
»» iodo;
»» selênio;
»» zinco;
»» glúten;
»» soja;
»» tiocianatos;
»» flavonoides.
»» Tiroxina (T4).
»» Tri-iodotironina (T3).
»» T3 reverso.
»» Calcitonina.
91
UNIDADE VIi │FITOTERAPIA EM DESORDENS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS
Gasto energético produção de calor e gasto energético, pelo aumento do número de atividade das
proteínas desacopladoras na mitocôndria.
O TSH (thyroid-stimulating hormone) é o hormônio estimulador da tireoide, que, por sua vez, é
estimulado pelo hormônio liberador de tireotropina (THR, thyrotropin-releasing hormone).
Distúrbios da tireoide
Hipotireoidismo
Caracterizada pela baixa produção de hormônios tireoidianos, o hipotireoidismo tem como principais
sintomas: pele seca, letargia, fala lenta, edema palpebral, sensação de frio, pele fria, língua grossa,
edema facial, perda de memória, constipação e ganho de peso.
»» Causas do hipotireoidismo:
›› autoimune;
›› tireoidectomia;
92
fitotErAPiA EM dESordEnS EndÓCrinAS E MEtABÓliCAS│ unidAdE vii
› malformação;
› idade avançada;
› infecção bacteriana;
Existe a hipótese de que os surgimentos desses anticorpos estejam relacionados com reações
cruzadas com alimentos.
<http://www.scielo.br/pdf/rpp/v28n4/a18v28n4.pdf>
Hipertireoidismo
Síndrome resultante do excesso de T4 e/ou T3. Sua sintomatologia é oposta ao do hipotireoidismo:
» perda de peso;
» tremor;
» nervosismo;
» diarreia;
» taquicardia;
» insônia.
93
UNIDADE VIi │FITOTERAPIA EM DESORDENS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS
Causas do hipertireoidismo
»» Autoimune.
»» Tumor hipofisário.
»» Nódulos tireoidianos.
»» Infecção bacteriana.
Fitoterapia
»» Contraindicações e advertências:
›› Não se deve prescrever para pessoas que estejam fazendo tratamento com
hormônios toreoidianos.
94
fitotErAPiA EM dESordEnS EndÓCrinAS E MEtABÓliCAS│ unidAdE vii
Outras plantas medicinais que já foram citadas como moduladoras da função tireoidiana em estudos
científicos, porém as evidências clínicas ainda são insuficientes para sua aplicação terapêutica:
» Rhodiola rósea
» Commiphora mukul
» Annona squamosa
» Piper nigrum
» Butea monosperma
Mais estudos devem ser conduzidos, em especial aqueles randomizados, controlados e cegos, para
desvendar os seus mecanismos de ação e efeitos. Amplie seus conhecimentos lendo os artigos que
relatam os efeitos dessas plantas.
Rhodiola rósea
Zubeldia JM, Nabi HA, Jiménez del Río M, Genovese J. Exploring new applications
for Rhodiola rosea: can we improve the quality of life of patients with short-term
hypothyroidism induced by hormone withdrawal? J Med Food. 2010 Dec;13(6):1287-
92.
Commiphora mukul
Annona squamosa
Piper nigrum
95
UNIDADE VIi │FITOTERAPIA EM DESORDENS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS
Butea monosperma
96
Para (não) finalizar
Ao final da década de 1970, a OMS criou o Programa de Medicina Tradicional, que recomenda aos
Estados-membros o desenvolvimento de políticas públicas para facilitar a integração da medicina
tradicional e da medicina complementar alternativa nos sistemas nacionais e atenção à saúde,
assim como promover o uso racional dessa integração. A Portaria Ministerial MS/GM no 971, de 3 de
maio de 2006, aprovando a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC)
no Sistema Único de Saúde (SUS), que prevê a incorporação de terapias como a homeopatia, o
termalismo, a acupuntura e a fitoterapia nesse sistema.
Além disso, em 22 de junho de 2006, o Decreto no 5.813, aprova a Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e dá outras providências. Essa Política estabelece diretrizes e
linhas prioritárias para o desenvolvimento de ações pelos diversos parceiros em torno de objetivos
comuns voltados à garantia do acesso seguro e do uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos
em nosso país. Também traça diretrizes para o desenvolvimento de tecnologias e inovações, assim
como o fortalecimento das cadeias e dos arranjos produtivos. A política orienta também para o uso
sustentável da biodiversidade brasileira e o desenvolvimento do complexo produtivo da saúde (MS,
2007).
Tendo em vista esses fatos, considerando a rica biodiversidade brasileira e sua enorme potencialidade
no que diz respeito às plantas medicinais, o alto custo dos medicamentos alopáticos e alta tendência
mundial para a substituição de medicamentos sintéticos por fitoterápicos, o curso de pós-graduação
em fitoterapia torna-se um requisito fundamental para formação de profissionais especializados e
capacitados para atender a essa nova necessidade do mercado.
Diariamente, novas pesquisas se iniciam e novas descobertas surgem a respeito da ação de diversas
plantas medicinais. A leitura de artigos científicos, o desenvolvimento de pesquisas e a observação
clínica fazem parte do dia a dia desse profissional.
97
Referências
AGUIAR, A.; EUBIG, P.A.; SCHANTZ, S.L. Attention Deficit/Hyperactivity Disorder: