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James Cameron, diretor do ‘blockbuster’ Titanic, tece nas telas uma história
arrebatadora, vibrante e muito atual. Quando em todo o Planeta a maior preocupação do
Homem é a destruição crescente do meio ambiente, somada à distância cada vez maior
da humanidade em relação às forças da Natureza, Avatar conquista um espaço
fundamental no imaginário humano e também uma invejável coleção de indicações ao
Oscar 2010.

Nesta requintada produção, que em termos de bilheteria já ultrapassou o ex-campeão


Titanic, o diretor retrata a tentativa desesperada de dominar Pandora, um dos satélites
do Planeta Polifemo – curioso perceber a escolha dos nomes destas esferas cósmicas,
não por acaso originários da ancestral mitologia grega -, com o objetivo de extrair de
seu solo os recursos naturais esgotados na Terra.

Próspera companhia multinacional, a RDA financia a permanência de equipes militares e de


cientistas nesta esfera alienígena, de olho justamente nestas riquezas minerais, as quais detêm
o potencial de gerar lucros colossais. Sob o comando do Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang,
vivendo um vilão perfeito), fuzileiros navais se convertem em mercenários, lutando contra os
humanóides que aí habitam, as tribos Na’vi.

Enquanto os humanos ambicionam o tesouro escondido nas florestas, os nativos se


esforçam para manter a integridade de seu território, principalmente dos recantos
sagrados, e a própria existência. Neste jogo estratégico, o ex-fuzileiro naval Jake Sully,
representado por Sam Worthington, é uma peça fundamental. Um mero soldado, ele
se vê na iminência de substituir o irmão gêmeo, cientista morto recentemente,
pouco antes de completar a experiência denominada Avatar. Como ambos têm
o mesmo genoma, Jake é convidado para concluir este projeto, no qual um
organismo geneticamente modificado, meio humano, meio humanóide, é
produzido a partir do mapa genético do humano que lhe dá origem. Com este
corpo é possível se relacionar com os nativos.

Confinado a uma cadeira de rodas e a uma esfera desconhecida, Jake é


obrigado a enfrentar a hostilidade inicial da supervisora do projeto Avatar,
Doutora Grace Augustine, a sempre genial Sigourney Weaver, e também os
desafios quase intransponíveis de seu novo meio ambiente.
Acidentalmente, em uma de suas primeiras visitas ao território dos Na’vi, Jake
fica preso na floresta, sendo assim obrigado a enfrentar uma terra perigosa e
desconhecida. É quando ele conhece a nativa Neytiri (Zoë Saldaña), princesa
do clã Omaticaya, filha de Mo'at, líder espiritual do clã, e de Eytucan, rei desta
tribo.

Prestes a matá-lo, ela recebe uma revelação da divindade conhecida como


Eywa ou a Grande Mãe, e o mantém vivo. Mais que isso, ele é conduzido até
sua tribo e, com a aprovação de seus pais e da deusa, ele é apresentado a
todos os costumes, hábitos, tradições, crenças e mistérios dos Na’vi. A partir
deste momento, Jake se divide entre dois mundos – a lealdade que deve ao
seu Coronel, a quem deve transmitir todas as suas descobertas, e a que o
mantém cada vez mais ligado ao universo de Neytiri.

A tecnologia 3D, utilizada por James Cameron na elaboração deste filme, que
também foi produzido em 2D, permite que não só o protagonista tenha a
oportunidade de, gradualmente, descobrir os encantos e o verdadeiro
significado do território na’vi, mas também o público, que é levado para dentro
do cenário desta película, e tem assim a chance de aprender a ver o interior da
floresta, e compreender, desta forma, o sentido real que os nativos atribuem a
este local sagrado.

Cameron se preocupou com os mínimos detalhes da produção, construindo


uma outra dimensão, um outro olhar, com o auxílio de câmeras confeccionadas
especialmente para a realização desta obra, o que garante o verdadeiro
espetáculo visual que compõe Avatar. Mas ele não se empenha apenas nestes
aspectos tecnológicos. O diretor vai mais longe, e cria uma linguagem e uma
cultura próprias dos humanóides.

Não é difícil, portanto, se deixar envolver pela magia deste filme, por seus
encantos visíveis e invisíveis. Não é por acaso que ele ganhou o Globo de
Ouro como melhor filme dramático e melhor diretor, e que está concorrendo em
nove categorias no Oscar 2010. E não é só pela novidade da versão em 3D,
pois os méritos do roteiro são incontáveis, e sua mensagem é certamente
inquestionável e, mais que nunca, imprescindível.

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