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AMOR EM SILÊNCIO
a ilha sinfônica
Entre o galho e as folhas,
Saboreio os frutos do lenho,
Adecir das Chagas Gomes, nasci-
do no dia dezesseis de setembro Na sombra das árvores,
de mil novecentos e oitenta e três, Refazendo-me no engenho.
(16/09/1983), na cidade de Pão No corpo do silêncio,
de Açúcar – AL. Filho de Maria
Sussurra a experiência;
Jose das Chagas Gomes e Jose adecir das chagas gomes
Vieira Gomes. É o sétimo filho de Do amor em audiência,
uma família de 15 irmãos. Publi- Entre a vida e o ofício. a ilha sinfônica
cou o seu primeiro livro “Sinfo-
nia no alvorecer” e em várias co-
letâneas, entre elas: Madrepérola
e Frequência Insólita da Editora
ANDROSS, Poesia Nova e Con-
ta Conto da Clipe; poetize 2019
e 2020 e Sarau Brasil da Vivara;
Poesia Verão, Inverno, Primavera
e Outono e Conto Brasil vols. 3,4 são paulo.sp
9 786558 510062
a ilha sinfônica
adecir das chagas gomes
a ilha sinfônica
1ª edição
São Paulo
Dedico esta obra a minha cidade Pão de Açúcar- AL
PREFÁCIO
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éticos... do bem viver! É verdade que há outro ritmo, que pode
desfazer essa ciranda da vida, mas, quando todos estão de mãos
dadas, a vida se torna mais forte, mantendo o ritmo da grata
memória, porque a “vida é um livro a ser lido!”
Desejo a todos leitores uma boa e agradável leitura da
sua própria Ilha Sinfônica, para que perceba o seu profundo
sentido de viver! Fique bem junto daquele que é o Sumo Bem!
Um abraço fraterno.
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POETA
11
O poeta é um angustiado de dúvida,
Carrega a sua ansiedade para o meio da praça;
Entristecido, sentado no banco da ociosidade,
Relendo as letras caídas dentro do balde da vida.
12
ERRO
13
CRIANÇA FELIZ
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UMA VOZ GRITANTE
Tenho fome,
Tenho sede;
Prenderam-me na rede,
Tirem-me daqui;
Não me matem,
Tenha compaixão de mim,
Ajudem-me,
Tenho um caminho a seguir.
Perdi o sossego,
Não tenho o enredo;
Tudo se tornou um segredo,
Amarrado nas cordas da rês;
Fatores da vida sumiram da lei,
Fizeram-me servidor de um rei,
Pequeno ser me fizeram parecer,
Sem direito a me defender.
Tenho frio,
Rasgaram os meus lençóis;
Mataram os meus caracóis,
15
Acabaram com o verde das margens do rio,
Tenho saudade de passar naquele trilho.
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DESFIGURAÇÃO
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A VOZ NO ECOAR
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A NOITE É UMA CRIANÇA
A noite se aproximou,
Pediu um beijo ao seu amor;
Ao chegar à luz do dia,
Em seus braços se jogou,
E logo descansou em seu grande ardor.
19
A noite é uma criança,
Despede-se do Sol para recolher a sua própria vida;
No seu esconderijo encontra sua casa varrida,
Agradece ao amigo porque esclareceu a sua obscuridade,
Caminhando na trilha para encontrar-se com a chama da
verdade.
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OUTRO ECO EM MIM
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MONTANHA
Aspirando às montanhas,
Subindo escadas estranhas;
Sonhando um mundo infantil,
Encantado por um doce olhar anil.
22
Da montanha vejo o pássaro a voar,
Em tamanha liberdade, peneirando o ar;
Embutido de alegria, dançando no luar,
Sobrevoando as belas nuvens do Guarujá.
Descendo da montanha,
No escorregar entranha,
Montado num burrinho
Segurando no Rubinho.
Na subida e na descida,
No rumo da vida;
Entre a dor e o trabalho,
Em progresso de atalho.
Derrapando na montanha,
Ralando-me entre manhas;
Nas pedras das entranhas,
Deixando no corpo as cicatrizes,
Com efeito dominó em suas raízes.
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Uma face revelou a brancura do amor,
Raiando os horizontes no sinal do Tabor.
Em qualquer elemento,
Há uma montanha de fermento;
Adubando bem a semente,
Dentro do coração da gente.
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Como incansável emaranhado;
De ritos, cores e danças,
Povo, culturas e plantas.
Na travessia da montanha,
Avistei uma estrada comprida;
Cheia de lama e buraco,
Preciso de alguém na partida,
Visando os passos da vida.
Em meio à floresta,
Andando na terra;
Sacudindo a poeira,
De cima da ladeira.
Entre os espinheiros,
Escorrega o bom vaqueiro;
Perdido na caatinga,
De madrugada, na cavalgada.
Enxugando o lençol,
Na brisa e no sol;
Trilhando a vereda,
Chega-se à eira.
Na montanha da vida,
Um carrossel de alegria;
Vitalidade cheia de energia,
Sorrindo dentro do dia.
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No meio da relva,
Varedo entre pedras;
Saliência da serra,
No verde das florestas.
Chegando no topo,
Refazendo o universo;
Sonhos que voam no tempo,
Cumprimentando o inverso.
No estender da montanha,
Contemplando a viagem das nuvens;
No sorriso felizardo das estrelas,
Onde estrondam vozes de muitas léguas.
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De lá da montanha avistei o florir das plantas,
Em sua folhagem, o canto dos pássaros,
Na longa jornada, o povo a sorrir,
Entre pedras e espinhos, a vida a seguir.
Releiamos a montanha,
No compasso das alturas;
Sincronizando as coisas vindas do alto,
E refazendo o interior, erguendo os braços.
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FEL
Na contramão da negação,
Entrelaça-se a esperança,
Emendada na reconciliação,
Resulta na vida a confiança.
Na contramão do ódio,
Ultrapassa a beleza do lírio;
Em folhas charmosas de perdão,
Expulsando o ressentimento do coração.
Na contramão da cobiça,
Em direção à partilha;
Conduzindo o barco da ilha,
Reacendendo a chama da vida.
O amargo da vida,
Em noite não dormida;
Lida a dor da partida,
No fel embebida.
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LINGUAGENS
29
Que a tonalidade de sua linhagem toma cor,
Em seu parentesco não há pretexto;
Todo o seu contexto harmônico tem o preço,
Da arte sinfônica dedilhada mostrando o seu esplendor.
30
VIAGEM NÃO DESCARTA MEMÓRIA
31
A viagem do vagão não dá emoções a ninguém,
Deixa o seu condutor amarelado na janela;
Descontraído, escorrendo da primavera,
Trancado e seco, coberto de flores,
Sem verde e abarrotado no engenho;
Descendo no trilho de alguém,
Termina o seu percurso na morada do além.
32
EDUCAR É ENSINAR A PENSAR
33
Educar é ensinar o ser humano a ser diligente,
Não gavetas para guardar documentos.
34
DANÇA DAS LETRAS
No fonfom da sanfona,
As letras se reúnem no salão;
Sambando, formando plateia,
Dando show a uma multidão.
Em jogo de brincadeiras,
Cada letra põe suas cadeiras;
Organizando os ambientes,
Esperando os dançantes.
No princípio da festa,
O A é o senhor da abertura;
Entre o tom dos brincantes,
O Z investiga o barulho dos picantes.
35
O samba compõe seu enredo,
Bem equipado nas ruas da cidade;
Com carro alegórico enfeitado,
Blindado de fantasias no comando do mestre.
36
A BARCA
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A COLHEITA
Na colheita da seleção,
Jogando bola, montado a cavalo;
Bem protegido com o seu gibão,
Em clima de campeonato no gramado.
38
Na colheita final,
Numa pedra de sal;
Bem-aventurado o aprisco,
Fora é queimado o rabisco.
39
AMOR EM SILÊNCIO
No corpo do silêncio,
Sussurra a experiência;
Do amor em audiência,
Entre a vida e o ofício.
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RAZÃO INSÓLITA
41
Uma razão sem sentimentos, sem emoções,
É comparável a um vaso sem flores;
Tem sua existência, porém não tem a sua beleza,
Tem a sua essência, mas não tem o seu encanto,
A essência da razão está na força da sua expressão.
42
REFAÇO-ME
Refaço-me acordado,
Erguido, levanto os braços;
Embebido em cima do lenço,
Sonhando entre os meus laços.
43
Leio a minha vida,
Refaço a minha ida;
Repenso uma síntese,
Em rascunho de uma antítese.
44
UMA LÁGRIMA
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Uma lágrima faz barulho como badalo,
Na sua silhueta que desperta o galo;
Acorda o mundo, lamentando um refrão,
Tirando do ser um menino chorão.
46
A CASA SEM PAREDE
47
Nas brincadeiras da cidade,
Numa alegria de verdade;
Todo o povo anima a cultura,
Mostrando a cidadania e a boa postura.
Tempestades e procelas,
Cruzes e espinhos;
Tristezas e alegrias,
Na casa sem teto,
Em um conjunto de afeto.
Permanecer no amor,
Como uma telha de valor,
No cumprimento do Senhor,
Diante da saudação do irmão,
Confraternizando-se ao partir o pão.
48
Uma casa de vidro,
Onde mora a fragilidade;
Tudo se expõe na varanda,
Nada se esconde entre drama,
A vida é o livro a ser lido.
Tudo se vê,
Nada se esconde;
Como quê?
Como a privacidade,
De verdade,
Quero aprender a viver.
49
O AMOR É A DIGNIDADE DA FÉ
No caminho da verdade,
O homem se dirige na bondade;
Abrindo a porta das virtudes,
Dando oportunidades as suas atitudes.
O povo peregrino,
Guiado pelo divino;
Desata os seus nós,
Para enxergar a luz do sol.
50
O QUASE NADA
Na compreensão da Trindade,
O Filho é o coração do Pai,
No Espírito da Verdade,
O homem é a réstia da luz.
51
Diante da graça sou o quase nada,
Ouço o chamado da profundidade;
Na voz para conhecer sua morada,
E permanecer na sua intimidade.
52
DIANTE DA CRUZ
Diante da cruz,
No sondar a voz
Só posso escutar,
O grito a ecoar,
Ao olhar a cruz,
Vejo o sinal da luz;
Desejo dar um abraço,
Nos pais, irmãos e amigos.
Contemplando a cruz,
Em meio ao devaneio,
Exponho tudo que passei,
Na vida de quem me conduz.
53
Diante do lenho seco,
Galho estendido sem folhas;
Em livres escolhas,
Na árvore da vida.
54
ENTRE CRUZ E ESPADA
55
Entre o questionamento e o argumento;
Faço um jogo de cintura, criando cultura;
Estabelecendo o testamento da plateia.
56
FAZER-SE NOVO
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A BÍBLIA
A Palavra da inspiração,
Num conjunto de textos;
Revelada na obra da ação,
Sem tom de quaisquer pretextos.
A voz da tradição,
No magistério da paixão;
Manifestada na sagrada escritura,
Restabelecendo o coração da criatura.
Narradores e copistas,
Evangelistas e cartistas;
Na pista da evangelização,
Transportando a semente do pão.
58
ILHA DO AMOR
Na sinfonia do nascimento,
Uma criança rindo no jardim;
Olhando os pássaros nos galhos das flores,
Experienciando o requebrado dos beija-flores.
59
A ilha, em volta as águas,
Entre o jardim das lágrimas;
Na paixão de uma linda fala,
Por um olhar que não se instala.
Na ilha do amor,
O sonho se revelou;
Concretizou-se em paixão,
Num doce olhar ao estender a mão.
Em ilha sinfônica,
Misturam-se cores e sons;
Vozes e silêncio em todos os tons,
Rios e ventos numa ação sincrônica.
60
Grande beleza passeia na ilha,
A natureza cantando na íntegra,
Na passarela, fermentando a vida,
Num fascinante encontro de acolhida.
No ilhado da paz,
Num olhar que refaz,
Respinga lágrimas do coração,
Revelando ao outro uma nova paixão.
61
Na ilha memorial,
O homem está no mural;
Refletindo a grande harmonia,
Com que o mundo se extasia.
62
SONHOS
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Festejando as núpcias do cordeiro,
Entre amigos e vizinhos,
Numa entrada triunfal no santuário,
Com sons de flautas e de cítaras,
Ao degustar os melhores vinhos.
64
MISTÉRIOS
Em escavação de mistério,
Está a chave do verdadeiro tesouro,
Desnudando um mundo vestido de ouro,
No começo e no fim, num compromisso sério.
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O POVO
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A ESTÉTICA DA CRUZ
O amor é derramado,
No madeiro, sustenta o belo;
De braços abertos mostra sua majestade,
Uma rocha molhando o verdadeiro cajado.
A relação da paixão,
Revelada na encarnação;
Esvaziando a glória divina,
Redesenhando o coração da vida.
67
O NADIFICAR
68
Tudo e nada são os pilares da criação,
Em toda a natureza há sempre uma indagação;
Como tudo vem do nada, se o nada é uma negação?
Tudo só é fruto do nada porque não havia matéria antes da
criação.
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LOUCURA
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SINAIS
Um risco na varanda,
Um miado entre a grama;
Num sorriso extravagante,
Na aparência de um rosto brilhante.
71
P oemas
7 Prefácio
11 Poeta
13 Erro
14 Criança feliz
15 Uma voz gritante
17 Desfiguração
18 A voz no ecoar
19 A noite é uma criança
21 Outro eco em mim
22 Montanha
28 Fel
29 Linguagens
31 Viagem não descarta memória
33 Educar é ensinar a pensar
35 Dança das letras
37 A barca
38 A colheita
40 Amor em silêncio
41 Razão insólita
43 Refaço-me
45 Uma lágrima
47 A casa sem parede
50 O amor é a dignidade da fé
51 O quase nada
53 Diante da cruz
55 Entre cruz e espada
57 Fazer-se novo
58 A bíblia
59 Ilha do amor
63 Sonhos
65 Mistérios
66 O povo
67 A estética da cruz
68 O nadificar
70 Loucura
71 Sinais
editor responsável
Wellington Souza
produção editorial
Kalyne Vieira
capa
Luyse Costa
projeto gráfico
Editora Trevo
diagramação © Adecir das Chagas Gomes
Editora Trevo © Editora Trevo
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Esta obra foi composta em adobe caslon e impressa sobre o papel polém bold no outono de 2021