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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

DEPARTAMENTO DE TEORIAS LINGUÍSTICAS E LITERÁRIAS


LITERATURA BRASILEIRA GÊNERO LÍRICO II
Discente: Fernanda Favaro Bortoletto - RA: 99620

ANÁLISE DO VÍDEO DA ENTREVISTA COM ELIANE POTIGUARA

Durante a interessante entrevista, Eliane Potiguara está sentada em


uma posição que indica que ela está fechada, talvez nervosa com a entrevista.
Quando suas mãos são filmadas, podemos ver que ela está quase tremendo e
mexendo os dedos inquieta. Ela inicia explicando o que significa ser Potiguara,
que seria “ser do lugar”, mais especificamente “ser da terra do camarão”. Essa
questão de terra, pertencer ao local de nascimento é muito importante para os
povos indígenas, que possuem uma relação especial com a sua terra.
Eliane Potiguara explica que houve um processo de apagamento da
cultura indígena no nordeste com a colonização brasileira, sobretudo em
relação à língua. Assim, com o interesse nesse aspecto linguística, a autora
iniciou um projeto, juntamente com outros professores Potiguaras, de uma
espécie de cartilha para resgatar palavras do Tupi antigo. Isso é muito
interessante pois a documentação de línguas e dialetos é muito importante,
sobretudo como uma maneira de mantê-los vivos, e sabe-se que somente na
cultura indígena existem inúmeras particularidades linguísticas que, muitas
vezes, nascem e morrem com seu próprio povo.
Continuando a explicar sobre cultura, a autora ressalta a importância da
dança para os povos indígenas, trazendo-a como grande marco da cultura. Ela
descreve que a dança é a maior expressão de espiritualidade para os
indígenas, é nela que se reforça a identidade indígena. É certamente muito
bonito que os povos indígenas possuem essas tradições nas quais podem
relembrar seus ancestrais, refletir sobre sua condição, sobre o que sofrem,
sempre reforçando sua cultura. Isso mostra um grande conhecimento histórico
e até mesmo político, pois estão cientes do que acontecem com eles e usam a
dança para expressar isso. Isso mostra que não são povos passivos e que não
aceitam as injustiças as quais são submetidos.
Contando sobre sua história, Eliane Potiguara conta que sempre foi
reservada e que foi educada em casa, vivendo com suas avós e tias-avós
numa comunidade indígena muito violenta, com população muito pobre e
prostitutas. Dessa forma, ela foi conhecer a sociedade tardiamente por conta
desse meio que suas avós queriam protege-la. Isso é interessante pois ela
afirma que por causa disso, essa proteção que teve, ela teve uma educação
voltada para si, para sua família e suas tradições.
Mesmo passando pela escola, universidade, pela experiência de ser
professora, ela afirma não ter perdido sua essência, sua identidade indígena. O
que mostra novamente o que foi mencionado anteriormente, esse
reconhecimento e conhecimento de sua condição social. Ela e o povo indígena
sabe de sua história, sabe o quanto lutou, sofreu, foi oprimido e sabe também o
quanto resistiu. A maior prova de resistência é isso. Estar ciente de todas as
dificuldades, mas ainda assim manter e fortalecer cada vez mais suas origens,
crenças e tradições. E assim vivendo, não apenas com resistência, mas
também com orgulho infinito de serem quem são, serem indígenas. Para mim,
esse é o mais poderoso e bonito sentimento que alguém pode ter e, em geral,
a população não-indígena brasileira não compartilha, pois não tem a cultura de
sentir orgulho pelo país, muito menos toma consciência de sua história.

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