Este documento apresenta uma resenha sobre duas entrevistas com o poeta Glauco Mattoso. Mattoso discute como usou sua deficiência visual para fazer poesia vanguardista e como a literatura o salvou da "cegueira da morte". As entrevistas fornecem informações sobre a vida e obra do polêmico autor e como ele transformou suas dores em literatura marginal.
Este documento apresenta uma resenha sobre duas entrevistas com o poeta Glauco Mattoso. Mattoso discute como usou sua deficiência visual para fazer poesia vanguardista e como a literatura o salvou da "cegueira da morte". As entrevistas fornecem informações sobre a vida e obra do polêmico autor e como ele transformou suas dores em literatura marginal.
Este documento apresenta uma resenha sobre duas entrevistas com o poeta Glauco Mattoso. Mattoso discute como usou sua deficiência visual para fazer poesia vanguardista e como a literatura o salvou da "cegueira da morte". As entrevistas fornecem informações sobre a vida e obra do polêmico autor e como ele transformou suas dores em literatura marginal.
DISCIPLINA: LITERATURA BRASILEIRA: GÊNERO LÍRICO II
DISCENTE: Fernanda Favaro Bortoletto - RA: 99620
RESENHA A PARTIR DAS ENTREVISTAS DE GLAUCO MATTOSO
As entrevistas feitas com Glauco Mattoso nos programas Jogo de Ideias e
Interferências trazem um pouco da essência e obra deste autor tão polêmico e talentoso. Pode-se dizer que a entrevista no programa Interferências possui um tom mais informal, que é evidenciado ao considerar que foi gravado em um bar. Glauco Mattoso usa de uma deficiência que lhe ocorreu para fazer sua poesia e fazer vanguarda. Como o próprio autor diz em sua entrevista, fazer vanguarda é também quando algo que foi parado de ser feito por um tempo é retomado, mas de maneira diferente. Um exemplo disso é o modo que o autor lida com os sonetos, que mesmo utilizando a forma fixa, inova nos temas, não trazendo o típico romance, mas, sim, formas mais sexuais ou escatológicas, ou como o próprio autor menciona: formas sujas. Ao descutir literatura marginal, o autor menciona que toda literatura feita no Brasil é marginal. Ao se considerar o cânone europeu, seu pensamento reflete a realidade. Porém, deve-se considerar que dentro do Brasil existem literaturas de várias formas, umas que são mais consumidas e tratadas como importantes e canônicas, e outras mais marginalizadas. Inclusive, a própria obra de Glauco Mattoso pode ser inserida nesse lado marginal. Isso é evidenciado na entrevista pois o autor afirma que utiliza da literatura para se “vingar” dessa marginalização que sofreu por toda sua vida. É muito interessante e bonito a metáfora que Glauco cria sobre a morte e toma para sua vida: “Morrer é a cegueira”. Ele acreditava que sua vida ia acabar quando ficasse cego, porém como modo de escapar desse destino ele se utilizou da literatura. Assim, a literatura para ele teve um papel fundamental de salvação, por mais que muitas frentes críticas desaprovam o conceito de a morte salvar vidas. Isso é muito bonito pois ele passou pela maior dificuldade de sua vida e a maneira que ele encontrou para enfrentar esse período foi por meio da arte literária, pela cultura. E dessa forma, transformando sua dor em literatura, ele também cria a possibilidade de ajudar outros sujeitos passando por experiências difíceis e até mesmo similares às que ele passou. A segunda entrevista de Mattoso, no programa Jogo de Ideias traz uma atmorfera mains característica de entrevista e, nela, o poeta conta um pouco da sua trajetória de vida, sua infância, um pouco de sua doença que o tornou cego e sobre como se tornou escritor. Essa entrevista é interessante pois ele explica melhor o que fala brevemente na outra entrevista analisada, a ideia de a literatura ter o salvado. Ele explica como a deficiência na visão o impediu de realizar atividades infantis e isso fazia com que outras crianças caçoassem e o descriminasse. Ele explica que todas essas experiências, juntamente com a dor e dificuldade que passou no processo de perder a visão por completo, fizeram que ele se voltasse para a literatura como um meio de escapar dessa realidade. Como dito, é também nessa entrevista que conhecemos a trajetória de Glauco Mattoso como escritor, sobre o momento que começa a ganhar notoriedade, citando sua fanzine Jornal Dobrabil, produzida durante o período de censura da Ditadura Militar no Brasil. E também ele conta de seu poema famoso Spik (Sic) Tupinik, o qual tece uma crítica ao modo de ser brasileiro no sentido de tentar imitar a cultura e padrões estrangeiros, o famoso somplexo de vira-lata. Glauco Mattoso é bastante polêmico tanto em sua poesia quanto em seu discurso, mas ninguém pode negar que ele foi um brilhante vanguardista que nunca teve medo de escrever o que sentia ou fazer sua poesia característica. Conhecer um pouco da vida do autor e entender sua personalidade é fundamental para compreender seu conjunto de obra e seu estilo literário, que, no seu caso, é muito espelhado em sua realidade, em vários momentos, já que, como Mattoso faz questão de enfatizar, foi por meio da literatura que ele foi capaz de se expressar e transformar suas angústias e dificuldades em arte.