Mariana Klafke
A partir destes estmulos diversos, Gustavo acaba por elaborar uma espcie
de panorama que ultrapassa a memria individual ou familiar e tem uma dimenso
de memria coletiva de um perodo da histria brasileira, passando pela agitao
social, cultural e poltica pr-Golpe, pelos anos de chumbo e sua carga de medo e
paranoia reinantes e pela desagregao nacional que sucede este perodo. O
testemunho
sobre
uma
catstrofe
histrica
passa
necessariamente
pelo
priso e da tortura, notamos que a questo est sempre espreita, pronta a emergir
e balizando toda a narrativa. O tema aparece logo na segunda pgina:
Vejam ento. Fui torturado, dizem que denunciei um companheiro que
morreu logo depois nas balas dos militares. No denunciei, quase morri na
sala em que teria denunciado, mas no falei. Falaram que falei e Armando
morreu. Fui solto dois dias aps sua morte e deixaram-me continuar diretor
da escola (BRACHER, 2004, p. 8).
do que fazia. Mas como negar apoio? Exatamente, como negar apoio nos
tempos em que vivamos? Fomos entregues. Houve rumores (BRACHER,
2004, p. 113).
REFERNCIAS
BRACHER, Beatriz. No falei. So Paulo: Ed. 34, 2004.