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João Vicente Ferreira Rodrigues

Integração Energética dos Processos de Stripping e de


Secagem de uma Unidade de Produção de PVC em
Suspensão
Dissertação em Engenharia Química do Mestrado Integrado em Engenharia Química apresentada
ao Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra

Fevereiro 2012
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Integração Energética dos Processos de


Stripping e de Secagem de uma Unidade de
Produção de PVC em Suspensão

João Vicente Ferreira Rodrigues

Dissertação em Engenharia Química do Mestrado Integrado em Engenharia Química


apresentada ao Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade de Coimbra

Fevereiro 2012
Resumo

Neste trabalho foi efectuado um estudo da integração energética dos processos de


stripping e de secagem de uma unidade de PVC em suspensão na CIRES, S.A.
Foram considerados vários cenários de integração energética e concluiu-se que a
configuração mais promissora é a do Cenário B2, que proporciona uma redução de 20% no
consumo de energia comparativamente à situação actual. Esta configuração não contempla a
unidade de separação flash, nem a corrente de ar a passar pelas unidades de transferência de
calor do processo.
São propostas linhas orientadoras de trabalho futuro, tendo em vista o
desenvolvimento de um modelo matemático mais detalhado e uma análise económica da
solução de integração energética.

i
Abstract

In this work address an energy integration study of the stripping and drying processes
of a suspension PVC production unit at CIRES, S.A.
Several energy integration scenarios have been considered in this study. It has been
concluded that the most promising energy integration configuration is the one corresponding
to the scenario B2, which provides an energy consumption reduction of 20% in comparison to
the current situation. The flash separation unit, as well as the air stream across the process
heat transfer units, is not considered in this configuration.
Future work directions are indicated, namely regarding the development of a more
detailed mathematical model and the economic analysis of the proposed energy integration
solution.

iii
AGRADECIMENTOS

Gostava de agradecer muito ao Engº Arnaldo Tomás pelo permanente apoio e


orientação que me prestou ao longo deste trabalho, assim como a total disponibilidade que
sempre demonstrou no esclarecimento de dúvidas, mesmo quando o trabalho não parava de
aparecer.
Ao Professor Lino também gostava de agradecer imenso quer pela total
disponibilidade que sempre teve comigo, quer pelos conselhos/sugestões muito úteis que me
ofereceu nestas últimas semanas de trabalho.
Também gostava de agradecer ao Engº João Santos e ao Engº Alexandre Henriques
pelas inúmeras boleias que me concederam na deslocação até à CIRES, S.A.
Claro está, também gostava de agradecer aos meus amigos pelos momentos de lazer e
descontracção que me proporcionaram no decorrer deste trabalho.
E em especial, queria agradecer aos meus pais e à minha família por tudo o que
fizeram por mim até hoje, podendo afirmar que se hoje cheguei até onde cheguei foi por eles.

v
Índice

Resumo...................................................................................................................................................... i
Abstract ................................................................................................................................................... iii
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................. v
Índice ...................................................................................................................................................... vii
Lista de Tabelas ...................................................................................................................................... ix
Lista de Figuras ....................................................................................................................................... xi
1 – Introdução ..........................................................................................................................................1
1.1 – Poli(cloreto de vinilo) .................................................................................................................1
1.1.1 – Aplicações finais ..................................................................................................................4
1.1.2 – Processo industrial de produção de PVC em suspensão ......................................................6
1.2 – Objectivos e organização da tese ..............................................................................................11
2 – Integração Energética .......................................................................................................................13
2.1 – Conceitos ...................................................................................................................................15
2.2 – Metodologia ..............................................................................................................................16
2.3 – Ferramentas de cálculo ..............................................................................................................17
3 – Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem (S-PVC) ........................................19
3.1 – Processo actual ..........................................................................................................................20
3.2 – Cenário A ..................................................................................................................................25
3.2.1 – Recolha de dados................................................................................................................25
3.2.2 – Determinação do consumo mínimo de energia ..................................................................26
3.2.3 – Determinação do número mínimo de permutadores de calor .............................................32
3.2.4 – Projecto da rede de permutadores de calor.........................................................................33
3.2.5 – Cenário A1 .........................................................................................................................38
3.2.6 – Cenário A2 .........................................................................................................................47
3.3 – Cenário B ..................................................................................................................................54
3.3.1 – Cenário B1 .........................................................................................................................61
3.3.2 – Cenário B2 .........................................................................................................................65
4 – Conclusões .......................................................................................................................................71
vii
4.1 – Trabalho futuro..........................................................................................................................73
Bibliografia ............................................................................................................................................75
Apêndices ...............................................................................................................................................77
Apêndice A – Programas para o cálculo do consumo energético ......................................................79
A.1 – Coluna de stripping ..............................................................................................................79
A.2 – Tanque flash .........................................................................................................................83
A.3 – Tanque de balanço ................................................................................................................86
A.4 – Unidade de secagem .............................................................................................................88
A.5 – Determinação do consumo energético .................................................................................90
Apêndice B – Determinação de propriedades físico-químicas ..........................................................97
Lista de Tabelas

Tabela 1 – Mecanismo genérico da reacção de polimerização por radicais livres. ................................ 3


Tabela 2 – Protocolo típico de uma polimerização em suspensão. ........................................................ 7
Tabela 3 – Dados do processo actual. .................................................................................................. 22
Tabela 4 – Consumo de energia do processo actual. ............................................................................ 24
Tabela 5 – Propriedades das correntes do processo para o Cenário A. ................................................ 26
Tabela 6 – Determinação das temperaturas corrigidas das correntes do processo para o Cenário A... 30
Tabela 7 – Consumo mínimo de energia para o Cenário A.................................................................. 32
Tabela 8 – Consumo de energia do Cenário A e uma análise comparativa com o processo actual. .... 38
Tabela 9 – Valores de ΔTmin característicos na troca de calor entre os fluidos presentes no processo de
integração energética ..................................................................................................................... 39
Tabela 10 – Consumo mínimo de energia para o Cenário A1.............................................................. 42
Tabela 11 – Consumo de energia do Cenário A1 e uma análise comparativa com o Cenário A e com o
processo actual. ............................................................................................................................. 46
Tabela 12 – Propriedades das correntes do processo para o Cenário A2. ............................................ 47
Tabela 13 – Consumo mínimo de energia para o Cenário A2.............................................................. 50
Tabela 14 – Consumo de energia do Cenário A2 e uma análise comparativa com o Cenário A e com o
processo actual. ............................................................................................................................. 53
Tabela 15 – Propriedades das correntes do processo para o Cenário B. .............................................. 54
Tabela 16 – Consumo mínimo de energia para o Cenário B. ............................................................... 57
Tabela 17 – Consumo de energia do Cenário B e uma análise comparativa com o processo actual. .. 60
Tabela 18 – Consumo mínimo de energia para o Cenário B1. ............................................................. 62
Tabela 19 – Consumo de energia do Cenário B1 e uma análise comparativa com o Cenário B e com o
processo actual. ............................................................................................................................. 65
Tabela 20 – Propriedades das correntes do processo para o Cenário B2. ............................................ 66
Tabela 21 – Consumo mínimo de energia para o Cenário B2. ............................................................. 67
Tabela 22 – Consumo de energia do Cenário B2 e uma análise com o Cenário B e com o processo
actual. ............................................................................................................................................ 69
Tabela 23 – Resumo final dos cenários estudados. .............................................................................. 72

ix
Lista de Figuras

Figura 1 – Representação dos processos de formulação e de processamento final do PVC. ................. 4


Figura 2 – Diagrama do processo de produção de PVC em suspensão. ................................................ 6
Figura 3 – Diagrama do processo actual. ............................................................................................. 21
Figura 4 – Representação gráfica da curva composta quente. ............................................................. 27
Figura 5 – Representação gráfica da curva composta fria. .................................................................. 28
Figura 6 – Representação das curvas compostas quente e fria para o Cenário A. ............................... 29
Figura 7 – Determinação da cascata de calor para o Cenário A........................................................... 32
Figura 8 – Representação inicial do diagrama de rede do processo. .................................................... 34
Figura 9 – Diagrama da rede de permutadores de calor (RPC) para o Cenário A. .............................. 35
Figura 10 – Flowsheet do Cenário A. .................................................................................................. 37
Figura 11 – Representação das curvas compostas quente e fria para o Cenário A1. ........................... 40
Figura 12 – Determinação da cascata de calor para o Cenário A1....................................................... 41
Figura 13 – Diagrama da rede de permutadores de calor (RPC) para o Cenário A1. .......................... 42
Figura 14 – Flowsheet do Cenário A1. ................................................................................................ 45
Figura 15 – Representação gráfica da curva composta fria.................................................................. 48
Figura 16 – Representação das curvas compostas quente e fria do Cenário A2. ................................. 48
Figura 17 – Determinação da cascata de calor para o Cenário A2....................................................... 49
Figura 18 – Diagrama da rede de permutadores de calor (RPC) para o Cenário A2. .......................... 50
Figura 19 – Flowsheet do Cenário A2. ................................................................................................ 52
Figura 20 – Representação gráfica da curva composta quente. ........................................................... 55
Figura 21 – Representação das curvas compostas quente e fria para o Cenário B. ............................. 56
Figura 22 – Determinação da cascata de calor para o Cenário B. ........................................................ 57
Figura 23 – Diagrama da rede de permutadores de calor (RPC) para o Cenário B. ............................ 58
Figura 24 – Flowsheet do Cenário B.................................................................................................... 59
Figura 25 – Representação das curvas compostas quente e fria para o Cenário B1. ........................... 61
Figura 26 – Determinação da cascata de calor para o Cenário B1. ...................................................... 62
Figura 27 – Diagrama da rede de permutadores de calor (RPC) para o Cenário B1. .......................... 62
Figura 28 – Flowsheet do Cenário B1.................................................................................................. 64
Figura 29 – Representação das curvas compostas quente e fria para o Cenário B2. ........................... 66
Figura 30 – Determinação da cascata de calor para o Cenário B2. ...................................................... 67
Figura 31 – Diagrama da rede de permutadores de calor (RPC) para o Cenário B2. .......................... 67

xi
Figura 32 – Flowsheet do Cenário B2.................................................................................................. 68
1 – Introdução

Neste capítulo é apresentada uma descrição sucinta do produto principal do processo


que foi alvo de estudo neste trabalho, o poli(cloreto de vinilo), bem como do monómero
utilizado para a sua produção, o cloreto de vinilo. É apresentada também uma breve
perspectiva histórica da descoberta deste polímero e são dados exemplos da sua aplicação no
mercado.
Na Secção 1.1.2 são descritas as principais etapas do processo industrial de produção
de PVC em suspensão. São elas, a polimerização, a desabsorção ou stripping e a secagem.
Estas duas últimas etapas, a de stripping e a de secagem, são particularmente relevantes no
contexto da presente dissertação, uma vez que é nelas que se centra o estudo de integração
energética desenvolvido.
Finalmente, na Secção 1.2 são apresentados os objectivos e organização da tese.

1.1 – Poli(cloreto de vinilo)

O poli(cloreto de vinilo), denominado genericamente pelo acrónimo PVC da


expressão inglesa poly(vinyl chloride), é um polímero que ocupa a segunda posição mundial
no mercado dos polímeros termoplásticos. Na liderança desse mercado encontra-se o
poli(propileno) (PP), considerando que o poli(etileno) (PE) está dividido em diversos tipos
como de alta densidade (High Density PolyEthylene) e de baixa densidade (Low Density
PolyEthylene) (Tomás, 2009).

1
2 Introdução

O cloreto de vinilo, principal matéria-prima na produção de PVC, designado por


VCM, que são as iniciais da expressão inglesa (vinyl chloride monomer), foi descoberto em
1835 por Justus von Liebig (Wilkes et al., 2005). O VCM é um gás incolor nas condições
normais de temperatura (25 ºC) e pressão (1 atm), com uma temperatura de ebulição de -13,4
ºC. O seu armazenamento é feito normalmente, sob pressão, no estado líquido (Wilkes et al.,
2005).
Em condições normais de temperatura e de pressão, o VCM apresenta uma
solubilidade na água de 0,276% (m/m) enquanto a água apresenta uma concentração de
equilíbrio no VCM de 0,0983% (m/m) (Wilkes et al., 2005).
O PVC foi descoberto na Alemanha, em 1872, por Eugen Baumann quando este, numa
das várias experiências que decorriam no seu laboratório, notou que após deixar um tubo
fechado com cloreto de vinilo no seu interior em contacto prolongado com a radiação solar,
um pó fino de cor branca precipitava no fundo desse tubo (Schildknecht, 1959).
Em 1912, Fritz Klatte (Alemanha) apresentou uma tecnologia pioneira para a
produção industrial de VCM, através da reacção do acetileno com o ácido clorídrico. Passados
três anos, em 1915, começaram-se a utilizar peróxidos orgânicos como iniciadores da reacção
de polimerização do VCM por um mecanismo de iniciação por radicais livres (Wilkes et al.,
2005).
A Tabela 1 ilustra, de forma genérica, o mecanismo de reacção de polimerização por
radicais livres (Ravey et al., 1974). Inicialmente dá-se a decomposição do iniciador (I)
originando a formação de radicais livres (I•). Posteriormente, estes reagem com o monómero
(M) formando assim os primeiros radicais poliméricos (R•). Segue-se a etapa de propagação,
durante a qual a cadeia dos radicais poliméricos aumenta de tamanho através da contínua
reacção dos radicais poliméricos (Rn•) com o monómero, mas mantendo o terminal radicalar
de adição (Rn+1•). Por fim, ocorre a terminação da reacção que pode ser de duas formas. Pode
ocorrer por combinação, se as duas cadeias em crescimento (Pn• e Pm•) se agregarem formando
uma cadeia de maior tamanho (Pn+m), ou por dismutação, quando duas cadeias em
crescimento formarem duas cadeias poliméricas independentes (Pn e Pm).
1.1 Poli(cloreto de vinilo) 3

Tabela 1 – Mecanismo genérico da reacção de polimerização por radicais livres (Ravey et al., 1974).

Em 1926, o norte-americano Waldo Semon chegou à conclusão que a adição de


ftalatos (plastificantes) no PVC tornava possível o seu processamento tendo como aplicações
finais materiais de características flexíveis, como por exemplo, o revestimento de cabos
eléctricos. É de mencionar que até esta data o PVC era somente processado para aplicações
rígidas, como por exemplo, perfis de portadas e de janelas. Em 1934, surgiram os primeiros
estudos sobre a adição de estabilizantes térmicos ao PVC, nomeadamente por compostos
organometálicos (Wilkes et al., 2005).
Embora a produção industrial do PVC tivesse o seu início nos anos 30 na Alemanha
por parte da empresa I. G. Farbenindustrie, somente no final dessa década, é que se assistiu a
um impulso no crescimento desta indústria a nível mundial, que se tem mantido até aos dias
de hoje (Zaioncz, 2004).
Em 2003 a capacidade mundial de produção de PVC situou-se nos 32 milhões de
toneladas, das quais 85% era proveniente de indústrias sediadas na América do Norte, na
Europa Ocidental e na Ásia Oriental. Este valor tem tendência para subir, com base em
previsões que apontam para uma produção anual de PVC em 2012 na ordem dos 50 milhões
de toneladas (Wilkes et al., 2005; Brien, 2007).
4 Introdução

1.1.1 – Aplicações finais

Tal como referido anteriormente, o PVC é um dos polímeros mais usados pela
sociedade contemporânea devido, em parte, ao seu baixo preço de mercado mas
principalmente, devido à sua enorme versatilidade na vasta gama de produtos finais. Esta
versatilidade deve-se sobretudo à capacidade que o PVC tem em incorporar na sua matriz
outros compostos químicos, nomeadamente plastificantes, pigmentos, estabilizantes, entre
outros (Wilkes et al., 2005).
Na indústria dos plásticos, o processo de inclusão e mistura daqueles compostos
químicos no PVC é designado por formulação (Figura 1). No final deste processo de
formulação, o polímero resultante tem a designação de composto, já com as propriedades
específicas para um determinado tipo de aplicação rígida, semi-rígida ou flexível (Wilkes et
al, 2005).
Por fim, o composto passa por uma etapa de processamento final, como por exemplo,
a extrusão ou a moldação por sopro, produzindo um material apto para ser introduzido no
mercado. Na Figura 1 são apresentados alguns exemplos de aplicações do PVC consoante o
tipo de processamento final escolhido (Wilkes et al., 2005).

Figura 1 – Representação dos processos de formulação e de processamento final do PVC (Tomás, 2009).
1.1 Poli(cloreto de vinilo) 5

As principais áreas de aplicação dos materiais de PVC são a construção civil, o sector
da indústria alimentar, a área médico-hospitalar e a indústria automóvel (Wilkes et al., 2005).
Em termos percentuais, o sector da construção civil é aquele que mais consome PVC a
nível mundial. Utiliza cerca de 50% da produção mundial de PVC, e tem tendência para vir a
aumentar nos próximos anos, uma vez que se está a optar cada vez mais por materiais em
PVC em substituição dos materiais típicos de construção, como a madeira, o betão ou a argila
(Martins, 2009). Este comportamento de mercado é explicado pelo facto de facilmente se
conseguir ajustar as suas propriedades finais, como por exemplo, a sua flexibilidade ou
rigidez e/ou a sua opacidade ou transparência, em função da aplicação final que é pretendida.
Dos materiais feitos em PVC mais usados na construção, salientam-se as conexões e tubos
para os sistemas de canalização e esgotos, os perfis para janelas e o isolamento de fios e cabos
eléctricos (Zaioncz, 2004; Martins, 2009).
Outros exemplos de áreas de aplicação do PVC são a área alimentar e médico-
hospitalar. No caso da área médico-hospitalar, são exemplos de aplicação de PVC os
cateteres, os sacos flexíveis para o armazenamento de sangue e de soro e blisters para
comprimidos. No sector da indústria alimentar, são exemplos de aplicação de PVC as
embalagens para resguardar líquidos e alimentos, tais como, por exemplo, as garrafas de água.
Estes materiais têm uma especificação final diferente dos demais materiais que usam PVC,
uma vez que são materiais que intervêm no domínio da saúde humana, devendo, por isso,
conter no máximo 1 ppm de VCM residual no seu peso final, em vez dos 5 ppm estipulados
para os restantes materiais (Rodolfo Jr. et al., 2006).
Por fim, as restantes aplicações do PVC estão distribuídas por diversos sectores da
sociedade, como o da indústria automóvel, o de bens próprios ou o da indústria do calçado.
São exemplo disso, equipamentos tais como o tablier dos carros, os cartões de crédito,
brinquedos, mangueiras de jardim e sandálias e diversos acabamentos presentes no calçado
(atacadores, solas, entre outros) (Zaioncz, 2004; Wilkes et al., 2005).
6 Introdução

1.1.2 – Processo industrial de produção de PVC em suspensão

Actualmente o PVC é produzido por três processos industriais diferentes,


nomeadamente em suspensão (80% de toda a produção mundial), em emulsão (12%) e em
massa (restantes 8% da produção mundial) (Alsopp et al., 2003).
O processo de produção alvo de estudo neste trabalho é o processo de produção de
PVC em suspensão, pelo que, seguidamente, é apresentada uma breve descrição das principais
etapas processuais que nele estão envolvidas. Na Figura 2 é apresentado um diagrama
simplificado do processo industrial de produção de PVC em suspensão.
O processo compreende basicamente três etapas: a polimerização, a desabsorção
(stripping) e a secagem (Wilkes et al., 2005).

Figura 2 – Diagrama do processo de produção de PVC em suspensão (Adaptado de Saeki et al., 2002).
1.1 Poli(cloreto de vinilo) 7

Polimerização

O reactor de polimerização constitui a unidade central de todo o processo de produção


de PVC. É carregado, na ausência de ar atmosférico, conforme o procedimento descrito num
protocolo de polimerização que varia consoante as propriedades finais desejadas. Na indústria
é comum fazer referência ao grade de PVC desejado, que traduz um conjunto de propriedades
características do polímero de PVC. É de salientar que o procedimento de carga do reactor
também depende, por exemplo, do tamanho do reactor (Wilkes et al., 2005).
Num protocolo típico de polimerização em suspensão há quatro ingredientes
indispensáveis na sua composição (Tabela 2): água desionizada, VCM, agentes de suspensão
e iniciadores. A temperatura da reacção e a percentagem de conversão de VCM em PVC
também devem vir indicados no protocolo (Burgess, 1982). Podem ser também utilizados
outros ingredientes no protocolo, conforme a aplicação final que for dada ao PVC, tais como,
reguladores de pH, antioxidantes, agentes de transferência de cadeia, entre outros (Alsopp et
al., 2003).

Tabela 2 – Protocolo típico de uma polimerização em suspensão (Alsopp et al., 2003).


Ingredientes Massa de ingrediente / Massa de VCM

Água 90 – 130 %
VCM 100 %
Agentes de Suspensão 0,05 – 0,15 %
Iniciadores 0,03 – 0,08 %

Depois de o reactor estar carregado, é essencial existir uma boa agitação para que o
VCM, que se encontra no estado líquido, se disperse na água em gotículas muito reduzidas
com cerca de 30-50 μm de diâmetro médio. A água, para além de actuar como fase contínua
para que o VCM se disperse, também tem um papel importante na transferência de calor da
mistura reaccional, para a manutenção de uma temperatura uniforme em todas as gotículas
presentes no reactor (Wilkes et al., 2005).
Sem os agentes de suspensão, as gotículas de VCM iriam coalescer devido à baixa
solubilidade do VCM na água (cerca de 3% em massa), daí a importância desses agentes que
8 Introdução

criam uma espécie de filme, em torno de cada gotícula, de modo a que estas fiquem suspensas
na água (Wilkes et al., 2005).
Os agentes de suspensão utilizados podem ser do tipo primário, com a função de
suspenderem as gotículas de VCM na água e controlarem a granulometria das partículas
primárias de PVC formadas ao longo da polimerização e do tipo secundário, que actuam no
interior dessas partículas controlando a sua morfologia (Wilkes et al., 2005).
Os iniciadores usados na polimerização devem, obrigatoriamente, ser solúveis no
VCM, de modo a migrarem para o interior das gotículas suspensas na água que se comportam
como múltiplos micro-reactores na polimerização de PVC. Outro aspecto importante nos
iniciadores é o seu tempo de semi-vida, que controla a velocidade à qual estes se decompõem
em radicais livres de forma a iniciarem a polimerização (Wilkes et al., 2005).
O processo de polimerização tem início quando a temperatura da mistura reaccional
atinge a temperatura especificada no protocolo (entre os 45 e os 75 ºC), originando a
dissociação térmica dos iniciadores. O elevado calor reaccional gerado (1540 kJ/kg) é então
removido por equipamentos de transferência de calor presentes no reactor, como a camisa de
arrefecimento que envolve o reactor, o condensador de refluxo, as serpentinas internas, entre
outros, tornando o funcionamento do reactor isotérmico (Saeki et al., 2002).
Por fim, o processo de polimerização termina quando a pressão interna do reactor
começa a diminuir bruscamente. Essa diminuição de pressão deve-se ao facto de quase todo o
VCM presente na fase líquida (entre os 85 e 95 %) já ter sido consumido e da transferência de
VCM na fase gasosa para a fase de polímero, devido às condições de subsaturação (Xie et al.,
1990).
O funcionamento do reactor é realizado de forma descontínua (batch). No final de
cada polimerização procede-se a uma recuperação do VCM que não reagiu, a uma descarga
do reactor, enviando o seu conteúdo (suspensão de PVC em água) para o tanque de suspensão,
e a uma limpeza e preparação desse reactor para uma nova sequência de carga de
polimerização (Tomás, 2009).
O VCM recuperado nesta etapa, e posteriormente na etapa de stripping, é enviado para
um gasómetro para depois ser purificado através de condensadores, de modo a poder ser
novamente reutilizado no processo de polimerização (Figura 2) (Wilkes et al., 2005).
Como referido anteriormente, a suspensão ao deixar o reactor é então encaminhada
para um tanque de suspensão, de maneira a que as etapas seguintes do processo,
nomeadamente os processos de stripping e secagem, possam operar agora de forma contínua.
1.1 Poli(cloreto de vinilo) 9

Stripping

O processo de stripping tem como objectivo a remoção de VCM ainda presente na


suspensão. Apesar de ser um valor residual, cerca de 3% em massa de todo o VCM que não
reagiu na polimerização, é exigida a sua diminuição para valores próximos de 0,0005% em
massa, no produto final. Esta percentagem de VCM no produto final pode ainda ser mais
baixa caso o produto tenha como aplicação final a indústria alimentar (Burgess, 1982).
Em relação à descrição do processo propriamente dito, a operação da coluna de
stripping efectua-se em contra-corrente com a suspensão a entrar no topo da coluna, vinda do
tanque de suspensão, e o vapor de água saturado a entrar na base da coluna (Figura 2).
O sucesso da remoção do VCM, presente maioritariamente (cerca de 90%) nas
partículas de PVC que compõe a suspensão, depende sobretudo de três factores: a temperatura
da suspensão, a porosidade das partículas de PVC e a velocidade de transferência do VCM
entre as partículas de PVC e a água (Burgess, 1982).
A maior parte do vapor de água utilizado aumenta a temperatura da suspensão,
causando um aumento da pressão de vapor do VCM em relação ao PVC que,
consequentemente, se traduz num aumento da sua velocidade de difusão pelas partículas de
PVC. Essa velocidade de difusão do VCM associada a uma porosidade elevada da partícula
de PVC, uma vez que quanto mais porosa for a partícula menor é o percurso de saída do VCM
da sua matriz, facilita a transferência do VCM para fora das partículas (Burgess, 1982).
A fracção de vapor de água que não condensa na coluna sai então pelo topo desta
misturada com o VCM removido. Posteriormente, esse VCM é separado do vapor de água por
condensação e enviado para o gasómetro (Figura 2).
De referir que esta coluna é uma coluna de pratos e opera numa gama de temperaturas
entre os 80 e 120 ºC. A suspensão deve ter um tempo de residência na coluna na ordem dos 5
a 10 minutos, consoante a dificuldade na remoção do VCM a partir da suspensão (Burgess,
1982).
A suspensão que sai no fundo da coluna, com valores de VCM muito reduzidos, nunca
superiores a 0,001% em massa no produto final, segue então para um tanque de balanço
(Figura 2). Este tanque permite assegurar as condições de operação contínua às unidades
seguintes. Desta forma, é também minimizado o efeito de perturbações resultantes de
oscilações de caudais. Finalmente, a suspensão chega à etapa de centrifugação (Wilkes et al.,
2005).
10 Introdução

A centrifugação é um processo simples no qual, através da força centrífuga, se remove


a água presente na suspensão, passando de uma suspensão com um teor de sólidos de cerca de
40-50% para um bolo com um teor de sólidos de 80% (Wilkes et al., 2005).
É de referir que a suspensão antes de ser centrifugada, é arrefecida para uma
temperatura abaixo da temperatura de transição vítrea do PVC (82ºC) de modo a evitar a
degradação térmica do PVC (Wilkes et al., 2005).
Por fim, a última etapa no processo de produção de PVC em suspensão é a secagem,
que se deve encontrar fisicamente próxima da etapa de centrifugação, uma vez que o
transporte do bolo é efectuado por um parafuso sem fim.

Secagem

A secagem do bolo é realizada por um secador de leito fluidizado que utiliza ar


previamente aquecido e por uma serpentina de água quente instalada no interior desse
secador.
O ar quente entra pelo fundo do secador, efectuando um percurso ascendente de
maneira a remover a água presente no bolo de PVC. Esta corrente, além da água removida,
também transporta inevitavelmente quantidades mínimas de PVC, pelo que, antes de ser
libertada para a atmosfera, passa por uma bateria de ciclones (Wilkes et al., 2005).
A serpentina de água quente, além de transferir calor ao processo, promovendo a
evaporação da água existente, também uniformiza a temperatura no interior do secador.
À saída do secador obtêm-se grãos de PVC com uma percentagem mássica de água
inferior a 1%, que em seguida são peneirados com o objectivo de remover possíveis
aglomerados e posteriormente transportados para uma área de armazenagem, embalagem e
expedição, com vista à sua venda comercial (Tomás, 2009).
1.2 Objectivos e organização da tese 11

1.2 – Objectivos e organização da tese

O presente trabalho foi realizado no âmbito do estágio curricular na empresa CIRES,


S.A., situada no complexo industrial de Estarreja, que tem como actividade industrial a
produção de resinas sintéticas de PVC. O processo industrial da CIRES, S.A. para a produção
de PVC em suspensão (S-PVC) é um processo complexo composto por várias unidades de
reacção e separação.
Este trabalho tem como objectivo o estudo e a análise da integração energética dos
processos de stripping (desabsorção) e secagem do processo de produção do PVC em
suspensão.
No Capítulo 2 é introduzido o tema da integração energética na indústria química. São
também apresentados os conceitos e a metodologia subjacentes à aplicação de técnicas de
integração energética, bem como uma breve descrição das ferramentas de cálculo utilizadas.
No Capítulo 3 é apresentado o estudo e análise da integração energética dos processos
de stripping e de secagem. É de salientar que neste capítulo também é efectuada uma
descrição detalhada do processo de produção de PVC em suspensão.
O estudo de integração energética passou primeiramente por uma avaliação energética
do processo actual, isto é, o processo de produção de PVC em suspensão que está a operar
actualmente na instalação industrial.
Seguidamente, são investigadas fundamentalmente duas configurações alternativas
para a integração energética do processo, tendo em vista a redução do consumo energético. As
duas configurações, ou cenários, são identificadas por Cenário A e Cenário B. O Cenário A
contempla a unidade de separação flash existente no processo. Por sua vez, no Cenário B não
é considerada essa unidade de separação.
Finalmente, no Capítulo 4 são apresentadas as principais conclusões do estudo de
integração energética realizado e são propostas linhas orientadoras para trabalho futuro.
2 – Integração Energética

A operação de um processo industrial pressupõe que sejam satisfeitos os objectivos de


produção, procurando ao mesmo tempo maximizar a qualidade e minimizar os custos de
produção. Para além disso, deve ter-se sempre em atenção uma perspectiva de
sustentabilidade, para que a utilização de recursos indispensáveis ao processo (matérias-
primas, energia e água) seja feita de uma forma eficiente, prevenindo a produção de resíduos
nocivos para o meio ambiente, reduzindo os custos do processo e preservando a origem
proveniente desses recursos, maioritariamente não renováveis.
Nas últimas décadas a integração de processos contribuiu decisivamente para alcançar
esses objectivos, pois permite aos engenheiros de processo uma análise sistemática de todo o
processo industrial, com a possibilidade de modificar o diagrama de fluxo do processo, de
reorganizar as operações unitárias existentes e de redireccionar as correntes do processo,
criando vantagens evidentes do foro económico, ambiental e processual (Dunn et al., 2003).
Em 1993, num encontro no âmbito da Agência Internacional de Energia (International
Energy Agency (IEA)), a integração de processos foi definida como sendo “métodos gerais e
sistemáticos para o projecto de sistemas integrados de produção, desde processos individuais
até processos industriais complexos, com ênfase especial no uso eficiente de energia e na
redução do seu impacto ambiental” (Gundersen, 2000).
A integração de processos e a síntese de processos são, assim, muito semelhantes, uma
vez que ambas efectuam uma abordagem espacial ao sistema em estudo. Estas abordagens
estão inseridas numa área da engenharia química denominada por engenharia de sistemas, que
também engloba a análise do ciclo de vida de um produto/processo e o projecto integrado de
processos (Gundersen, 2000).

13
14 Integração Energética

As principais ferramentas utilizadas na aplicação da integração de processos


compreendem três áreas distintas, a heurística, baseada na experiência sobre projectos e
economia, a termodinâmica e a optimização matemática. Apesar de inicialmente essas
ferramentas terem sido associadas somente a uma das áreas em questão, como é o caso da
análise Pinch (ver Secções 3.2.2 e 3.2.3), ligada à área da termodinâmica, ou da programação
matemática ligada à área da optimização, a tendência actual evolui no sentido da interligação
de conhecimentos dessas três áreas (Relvas et al., 2002).
Para dar um exemplo da vantagem que a interligação entre estas ferramentas de
integração de processos tem na melhoria e optimização dos processos químicos, admita-se um
processo onde existem correntes demasiado afastadas no plano espacial, que conduzem a
custos de bombagem e de tubagem muito superiores à redução de custos energéticos
conseguida com a recuperação de calor obtida através da análise Pinch.
Ora, uma forma de resolver esse problema poderia passar pela complementaridade
desta metodologia com uma outra, como o caso da programação matemática, que colocaria
restrições no problema de ordem espacial, impedindo assim que no momento da aplicação da
análise Pinch esta considerasse essas correntes (Relvas et al., 2002). Para uma compreensão
mais aprofundada dos conceitos referentes à programação matemática nesta domínio,
consultar, por exemplo, (El-Halwagi, 2006).
Como já foi referido, a principal vantagem da integração de processos passa por uma
redução significativa dos custos de produção de um sistema, com a consequente redução na
utilização de recursos e na emissão de resíduos. A integração de processos tem uma área de
intervenção muito alargada, nomeadamente (Gundersen, 2000):

o no planeamento, projecto e operação de processos e sistemas de utilidades;


o na elaboração de novos projectos e projectos de reconversão (retrofit);
o no aumento da eficiência global (energia e matérias-primas) e da produtividade;
o no projecto de processos contínuos, semi-contínuos e descontínuos (batch);
o no projecto de equipamentos do processo, nomeadamente, reactores, separadores e
redes de permutadores de calor;
o na integração entre processos e sistemas de utilidades;
2.1 Conceitos 15

o na integração entre complexos industriais, centrais eléctricas e zonas de


aquecimento/arrefecimento;
o na definição de questões de operacionalidade (flexibilidade e controlabilidade);
o na minimização de resíduos e efluentes aquosos;
o em vários aspectos da redução de emissões gasosas.

Na opinião de muitos autores desta área (Smith, 2005; El-Halwagi, 2006), a integração
energética e a integração mássica constituem as duas principais ramificações da integração de
processos.

2.1 – Conceitos

A integração energética é uma metodologia sistemática que transmite ao engenheiro


uma visão geral da utilização de energia em todo o processo químico, com vista à
identificação de objectivos energéticos e à optimização da recuperação de calor do processo e
dos sistemas de utilidades exteriores, nomeadamente de aquecimento e de arrefecimento (El-
Halwagi, 2006).
O desenvolvimento de metodologias de integração energética, iniciado pelos trabalhos
de Boland e Linnhoff em 1979, proporcionou uma abordagem sistematizada para minimizar o
consumo de energia em processos industriais. A metodologia proposta nos trabalhos de
Boland e Linnhoff (1979), denominada por análise de Pinch, ou análise do ponto de
estrangulamento, permite, ainda numa fase de projecto do processo, estabelecer objectivos
energéticos de desempenho, nomeadamente, determinar qual o consumo mínimo de energia, o
número mínimo de permutadores de calor a utilizar, a área mínima de transferência de calor e
o custo total mínimo do processo (Gundersen, 2000).
Na integração energética é utilizado o conceito de correntes frias e de correntes
quentes. Correntes frias são correntes do processo que recebem calor de utilidades quentes
(fluidos, como o caso do vapor de água, exteriores ao processo), que necessitam de aumentar
a sua temperatura. Correntes quentes são correntes processuais que cedem calor a utilidades
frias (fluidos, como por exemplo a água de refrigeração, também exteriores ao processo), que
precisam de diminuir a sua temperatura. Um outro conceito muito importante na integração
energética é a diferença de temperatura mínima ( ), que como o nome indica é a
diferença mínima de temperaturas que deve existir para efectuar a troca de calor entre duas
correntes (Relvas et al., 2002).
16 Integração Energética

Por conseguinte, a implementação da integração energética num processo possibilita a


poupança no consumo de utilidades quentes e de utilidades frias porque coloca as correntes
que precisam de ser aquecidas (correntes frias) e de ser arrefecidas (correntes quentes) a
trocarem calor também entre si, em vez de permutarem calor somente com utilidades
exteriores (Relvas et al., 2002). É de notar que um processo que recorra unicamente a
utilidades exteriores tem um consumo de energia maximizado.
Embora a integração energética de um processo traga um retorno do ponto de vista
energético e, consequentemente, económico, também apresenta certas limitações. Essas
limitações podem resultar, nomeadamente, do risco de segurança associado, por exemplo, a
correntes de hidrocarbonetos que permutem calor com correntes ricas em oxigénio, ou do
layout da unidade em que, por exemplo, duas correntes que troquem calor entre si estejam
muito distantes, levando a elevados custos de tubagem e de bombagem no arranjo do processo
final, entre outros (Gundersen, 2000).

2.2 – Metodologia

Segundo Gundersen (2000), uma metodologia de integração energética eficiente deve


estar estruturada em quatro fases sequenciais:

o Recolha de dados, na qual se obtém dados/características sobre o processo e o sistema


de utilidades. Nestes dados/características deve de constar informação sobre cada
corrente do processo e utilidades exteriores, relativamente a: temperatura inicial (Ti);
temperatura final (Tf); o caudal mássico (ṁ); a capacidade calorífica específica (Cp); e
a entalpia de vaporização (ΔHvap) no caso de existir mudança de fase.
o Determinação de indicadores energéticos de desempenho, através de técnicas de
integração energética como por exemplo a análise Pinch, utilizada neste trabalho por
ser uma ferramenta de fácil aplicação.
o Projecto de uma rede de permutadores de calor (RPC), que satisfaça os objectivos
energéticos traçados na fase anterior, obedecendo a certas regras na sua construção.
o Optimização da RPC obtida, de modo a simplificá-la estruturalmente e a melhorá-la
economicamente.
2.3 Ferramentas de cálculo 17

De salientar que antes de pôr em prática esta metodologia, o problema em estudo deve
estar bem definido, devendo constar informações referentes a custos económicos (Gundersen,
2000).

2.3 – Ferramentas de cálculo

Na realização deste trabalho foi utilizada a linguagem de programação Octave (Eaton


et al., 2008) para resolver as equações obtidas a partir da formulação de balanços de massa e
de energia nos processos de stripping e de secagem.
Foi também utilizado o software HINT 2.2, que é uma ferramenta de aplicação dos
princípios da análise Pinch num processo de integração energética (Martín et al., 2008). Esta
ferramenta foi desenvolvida na Universidade de Valladolid por Ángel Martín e possibilita,
entre outras, a construção de curvas compostas quente e fria e curvas compostas globais do
processo e o projecto de redes de permutadores de calor para o processo em análise e a sua
posterior optimização. Este software está disponível online para utilização pública (Martín,
2011).
Recorreu-se também a uma folha de cálculo para a análise Pinch desenvolvida e
disponibilizada pela IChemE (Institution of Chemical Engineers). Esta folha de cálculo foi
utilizada para determinar as curvas compostas quente e fria e para o cálculo da cascata de
calor.
3 – Integração Energética dos
processos de Stripping e Secagem
(S-PVC)

Tal como referido anteriormente, o estudo de integração energética incidiu sobre a


linha de produção do PVC em suspensão (S-PVC), concretamente sobre os processos de
stripping e de secagem. Este estudo teve como objectivo a minimização de utilidades
exteriores, como o vapor de água e a água de refrigeração, minimizando assim os custos de
operação.
Na Secção 3.1 é descrito o diagrama do processo actual de produção de PVC em
suspensão e é determinado o consumo de energia. Seguidamente, são descritos e apresentados
os resultados de dois conjuntos de estudos de integração energética para vários cenários. O
primeiro conjunto diz respeito ao Cenário A, em que se considera a unidade de separação
flash. No segundo conjunto de estudos de integração energética, relativo ao Cenário B, a
unidade de separação flash não é tida em consideração. Assim, são analisados os seguintes
casos: o Cenário A, em que se considera a coluna de stripping a operar em condições ideais e
um de 1 ºC (Secção 3.2); o Cenário A1, em que se considera as mesmas condições
ideais de operação e um igual a 25 ºC (Secção 3.2.5); o Cenário A2, em que se
considera as mesmas condições ideais de operação e um de 15 ºC resultante do facto de
não se considerar a corrente de ar no processo de integração energética (Secção 3.2.6); o
Cenário B, em que não se contempla a recuperação energética actualmente realizada no
tanque flash do processo actual e um de 1 ºC (Secção 3.3); o Cenário B1, em que se
considera as mesmas condições do Cenário B e um de 25 ºC (Secção 3.3.1); e o
Cenário B2, em que se considera as mesmas condições do Cenário B e um de 15 ºC
19
20 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

resultante do facto de não se considerar a corrente de ar no processo de integração energética


(Secção 3.3.2).

3.1 – Processo actual

Na Figura 3 é apresentado um diagrama simplificado do processo de produção do


PVC em suspensão (S-PVC) que foi investigado no âmbito deste trabalho. É de salientar que
este diagrama representado na Figura 3 difere do representado na Figura 2, pois o processo
descrito na Secção 1.1.3 não integra, como aqui, uma unidade específica de recuperação de
calor (tanque flash).
Na Tabela 3 estão representados os valores da temperatura, do caudal mássico e da
fracção mássica dos componentes (PVC, VCM e água), de todas as correntes integrantes do
processo actual de produção de PVC em suspensão. Os valores da Tabela 3 foram
determinados através de balanços de massa e de energia em estado estacionário às várias
unidades dos processos de stripping e de secagem (Figura 3), e que estão descritos no
Apêndice A.
Tal como se pode observar na Figura 3, a corrente 1, suspensão de PVC em água (PS)
proveniente do tanque de polimerização, entra no topo da coluna de stripping (CL-2451), com
o objectivo de remover o VCM residual presente nessa corrente (1% (m/m) em base seca de
PVC) para valores na ordem de 0,001% (m/m).
Este objectivo é conseguido através da introdução, em contra-corrente, de vapor de
água saturado (corrente 12) que sobe pela coluna transportando consigo o VCM presente na
corrente 1. Este fluxo gasoso (corrente 2), composto por vapor de água e por VCM, sai pelo
topo da coluna, sendo posteriormente encaminhado para o condensador HE-2451 com a
finalidade de reciclar o VCM presente nessa corrente para o processo de polimerização.
É de salientar que a corrente 13 é um chuveiro de água de lavagem com a função de
evitar possíveis incrustações de PVC nas paredes da coluna de stripping, que ocorrem durante
o aquecimento da corrente de alimentação ao longo dos diversos pratos.
21

Figura 3 – Diagrama do processo actual. Os equipamentos HE-2451, HE-2452, HE-2453 e HE-2454 são permutadores de calor. Os equipamentos TK-2451 e TK-2452 são,
respectivamente, o tanque flash e o tanque de balanço. O equipamento CL-2451 é a coluna de stripping, o EJ-2451 é o ejector, o CF-2401 é a centrifugadora e o DR-2401 é
o secador de leito fluidizado. As correntes 1, 3, 5, 7, 8, 9 têm a designação de PS por ser a sigla em inglês de Polymer Suspension (suspensão de PVC em água) (ver Tabela
3). As correntes 2 e 10 têm a designação de vapor e VCM porque são compostas por vapor de água e VCM. As correntes 4, 11, 12 e 22 são correntes unicamente de vapor
de água, com a designação de vapor. As correntes 13, 18 e 19 são correntes de água líquida com a designação de água. A corrente 14 é designada por bolo porque
apresenta um teor de água muito baixo. A corrente 15 é um efluente. As correntes 16, 17 e 20 são correntes de ar com diferentes graus de saturação. A corrente 22 tem a
designação de PVC por conter na sua maioria (99%) PVC (ver Tabela 3).
22 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Tabela 3 – Dados do processo actual (ver Figura 3). PS é a sigla em inglês de Polymer Suspension
(suspensão de PVC em água).

Temperatura Caudal Mássico Designação Composição (%)


Correntes
(°C) (kg/h) do Fluido PVC Água VCM
1 67 25 802 PS 34,6 65,0 0,4
2 102 332 Vapor e VCM 0 73,0 27,0
3 108 28 218 PS 31,7 68,3 0
4 90 658 Vapor 0 100,0 0
5 90 27 549 PS 32,4 67,6 0
6 70 5 698 PS 32,4 67,6 0
7 86 33 245 PS 32,4 67,6 0
8 70 33 245 PS 32,4 67,6 0
9 70 27 547 PS 32,4 67,6 0
10 20 332 Vapor e VCM 0 73,0 27,0
11 180 1 100 Vapor 0 100,0 0
12 150 1 758 Vapor 0 100,0 0
13 45 990 Água 0 100,0 0
14 70 10 143 Bolo 88,1 11,9 0
15 70 17 404 Efluente 0 100,0 0
16 15 37 980 Ar 0 60,0 0
17 82 37 980 Ar 0 60,0 0
18 77 136 325 Água 0 100,0 0
19 82 137 457 Água 0 100,0 0
20 50 39 097 Ar saturado 0 90,0 0
21 71 9 026 PVC 99,0 1,0 0
22 180 1 132 Vapor 0 100,0 0

A corrente 1 depois de entrar pelo topo da coluna de stripping, circula através dos
pratos da coluna, saindo pela base da mesma isenta de VCM (0,001% na massa de PVC),
conforme acima explicado. Essa corrente, corrente 3, deixa a coluna em condições de
saturação (T=108 ºC) e é enviada para o tanque de separação (flash), TK-2451, com o
propósito de recuperar o calor dessa corrente. Esse calor recuperado é obtido através da
despressurização da corrente 3 no tanque flash, causando a sua vaporização parcial, dando
origem a uma corrente gasosa, corrente 4, e a uma corrente líquida, corrente 5. Este é um
importante passo no processo porque permite uma poupança de energia considerável, uma vez
que a corrente 4 é aproveitada para integrar a corrente 12, através do ejector EJ-2451 que
provoca vácuo, diminuindo assim o consumo de utilidade quente (corrente 11).
3.1 Processo Actual 23

A corrente 5, suspensão de PVC em água com 32,4% de PVC na massa total, vinda do
tanque flash segue então para o tanque de balanço TK-2452, unidade muito importante no
processo pois garante a continuidade das condições de operação às unidades a jusante caso
existam flutuações de variáveis de processo.
Na Figura 3, podemos observar que existe uma corrente de recirculação, corrente 6,
com o objectivo de evitar a precipitação de PVC nas condutas devido a possíveis flutuações
de caudal à entrada da centrifugadora CF-2401, originada pela diferença de densidades entre a
água e o PVC (Alsopp et al., 2003).
A corrente de saída do tanque de balanço, que é a soma das correntes 5 e 6 (corrente 7
na Figura 3), passa então pelo permutador de calor HE-2452 com o objectivo de diminuir a
temperatura de 86 ºC para 70 ºC, de modo a respeitar a temperatura máxima de operação da
centrifugadora.
A etapa seguinte do processo, a centrifugação, remove a água da corrente 9 tirando
partido da diferença de densidades entre o PVC e a água. Esta operação minimiza a utilização
de energia na unidade de secagem, que também tem a função de retirar água à suspensão. A
água removida (corrente 15) segue para uma unidade de tratamento de efluentes.
Por fim, a unidade de secagem DR-2401 utiliza como meios de secagem um fluxo de
ar quente e uma serpentina de água quente. O ar, previamente aquecido pelo permutador de
calor HE-2454 até à temperatura de 82 ºC, entra, por baixo, na câmara de secagem de leito
fluidizado (corrente 17) efectuando um percurso ascendente, transportando consigo a água
presente na corrente 14. Esta corrente está sujeita a um processo de secagem através de
mecanismos de difusão. É de salientar que o transporte da suspensão, designado agora por
bolo, da unidade de centrifugação para a unidade de secagem é efectuado por um parafuso
sem fim, uma vez que a quantidade de água é demasiado baixa (12% na massa total) para ser
realizado por uma bomba.
Em relação ao mecanismo de secagem através da serpentina, esta possui duas funções.
A sua principal função é fornecer calor à corrente 14 no sentido de facilitar a remoção de água
por parte do ar. Por outro lado, tem também por objectivo uniformizar a temperatura ao longo
da câmara de secagem. Para tal, utiliza-se um circuito de água quente (T= 82 ºC) na qual se
restabelece a energia perdida após a secagem, com adição de utilidade quente, nomeadamente
vapor de água (corrente 22).
24 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

O produto obtido no final da câmara de secagem, corrente 21, deve apresentar as


especificações previstas, não possuindo mais que 1% (m/m) de água na massa total do
produto. A corrente 20 é libertada na atmosfera, depois de passar por uma bateria de ciclones
que reteve todo o PVC presente nessa corrente.
Com vista a uma futura comparação entre o processo actual e os cenários propostos do
estudo de integração energética, obtiveram-se os dados energéticos, nomeadamente o
consumo de utilidade quente e de utilidade fria, referentes ao processo actual a partir da
realização de balanços mássicos e energéticos às várias unidades deste processo. Estes
cálculos foram realizados com recurso à linguagem de programação Octave, e a formulação e
os dados dos balanços de massa e de energia em estado estacionário encontram-se no
Apêndice A.
Actualmente, o processo em funcionamento na CIRES, S.A., referente às etapas de
stripping e de secagem, consome um total de energia de 2612 kW, nomeadamente 648 kW de
utilidade fria e 1964 kW de utilidade quente (Tabela 4).

Tabela 4 – Consumo de energia do processo actual.

Processo Actual Utilidade Fria (kW) Utilidade Quente (kW) Total (kW)

HE-2451 176,5 0

Stripping HE-2452 471,1 0

Corrente 11 0 615,6

HE-2453 0 633,2
Secagem
HE-2454 0 715,3

Total 647,6 1 964,1 2 611,7


3.2 Cenário A 25

Neste trabalho, em vez de realizar uma integração energética ao processo tal como
funciona diariamente na CIRES, S.A., optou-se por efectuar uma integração energética do
processo em condições ideais de operação. Foi considerada a análise de dois cenários. O
Cenário A que compreende todos os equipamentos presentes no processo actual e, por
sugestão da CIRES, S.A., o Cenário B que não contempla a recuperação energética
actualmente realizada no tanque flash (TK-2451).
É de referir que no processo actual há correntes em condições afastadas da situação
ideal, nomeadamente a corrente que alimenta a coluna de stripping (corrente 1) a entrar a
67ºC e a corrente de lavagem dessa mesma coluna (corrente 13) a entrar a 45 ºC. Por situação
ideal considera-se que essas correntes entram na coluna de stripping em condições próximas
da saturação (T= 95 ºC), pois nessas condições tem-se uma temperatura o mais elevada
possível sem degradar o PVC. É de salientar que, tal como referido na Secção 1.1.2, uma
temperatura elevada facilita a remoção de VCM das partículas de PVC.
Na configuração actual o calor necessário para colocar a corrente 3 nas condições de
saturação, tem em conta os calores latentes e sensível pois o vapor entra em contacto com as
correntes 1 e 13. Na nova situação tal não aconteceria porque o calor utilizado para aquecer
essas correntes só teria em conta a energia correspondente ao calor latente, razão pela qual o
processo actual não opera com as referidas correntes próximas da saturação.

3.2 – Cenário A

O Cenário A considera o estudo da integração energética do processo actual com a


coluna de stripping a operar em condições ideais, conforme acima explicado.

3.2.1 – Recolha de dados

Na primeira etapa da metodologia adoptada no âmbito do estudo de integração


energética procedeu-se à recolha de dados. Esta etapa também requereu a formulação e
resolução de balanços de massa e de energia em estado estacionário. O modelo matemático
resultante da formulação dos balanços mássicos e energéticos, bem como os pressupostos e
hipóteses simplificativas, e a sua estratégia de resolução são apresentados no Apêndice A. Na
Tabela 5 são apresentados resultados no âmbito do Cenário A.
26 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Tabela 5 – Propriedades das correntes do processo para o Cenário A. A sigla PS (Polymer Suspension)
designa a suspensão de PVC em água.

Correntes Ti Tf ṁ.Cp Q=ṁ.Cp.ΔT


Fluido Tipo
do processo actual (ºC) (ºC) (kW/ºC) (kW)
7 PS Quente 86 70 29,24 467,80
2a Vapor e VCM Quente 104 102 75,75 151,49
2b Vapor e VCM Quente 102 20 0,28 23,11
16 Ar Fria 15 82 10,68 715,33
18 Água Fria 77 82 159,90 799,50
1 PS Fria 67 95 22,28 623,95
13 Água Fria 45 95 1,15 57,60

É de salientar que a corrente 2 foi fraccionada em duas correntes por causa da variação
da sua entalpia não ser linear. Assim, a corrente 2a corresponde à entalpia do calor latente de
condensação dessa corrente e a corrente 2b corresponde à entalpia do calor sensível do sub-
arrefecimento até à temperatura pretendida. Com base na literatura, que refere que quando
estas situações ocorrem deve considerar-se a temperatura da corrente actual ligeiramente
superior à recolhida, optou-se pelo valor de 104 ºC como temperatura de entrada da corrente
2a (Relvas et al., 2002). Feitas estas considerações, foi possível que todas as correntes
presentes na Tabela 5 tivessem uma variação de entalpia linear.
Com a recolha de dados efectuada, os próximos passos da análise de integração
energética são a determinação do consumo mínimo de energia e a determinação do número
mínimo de permutadores de calor.

3.2.2 – Determinação do consumo mínimo de energia

O consumo mínimo de energia, correspondente a uma utilização mínima de utilidades


de aquecimento e de arrefecimento, foi obtido pela construção das curvas compostas quente e
fria e pela aplicação do método da cascata de calor.
3.2 Cenário A 27

Curvas compostas quente e fria

Neste primeiro método, o processo de cálculo é iniciado com a determinação em


separado das curvas compostas quente e fria. A curva composta quente é determinada através
da representação das correntes quentes do processo num diagrama de temperatura (T) em
função da potência térmica disponível (Q). A construção dessa curva requer a divisão do eixo
das temperaturas em diferentes intervalos, definidos pela temperatura inicial e final dessas
correntes. Em cada um desses intervalos de temperatura foi utilizado um ṁ.Cp igual à soma
dos ṁ.Cp individuais das correntes quentes existentes no intervalo (Relvas et al., 2002).
Através destes valores calculados em cada intervalo de temperatura, e recorrendo à
expressão para o cálculo do calor em cada intervalo, obtém-se a curva
composta quente representada na Figura 4.

120

100

80
Corrente 7
T (°C)

60
Corrente 2b
40 Corrente 2a
Curva Composta Quente
20

0
0 200 400 600 800
Q (kW)

Figura 4 – Representação gráfica da curva composta quente.


28 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

100
90
80
70
60 Corrente 13
T (°C)

50 Corrente 1
40
Corrente 16
30
Corrente 18
20
Curva Composta Fria
10
0
0 500 1000 1500 2000 2500
Q (kW)

Figura 5 – Representação gráfica da curva composta fria.

Quanto à determinação da curva composta fria, o procedimento é similar ao anterior,


utilizando-se correntes frias em vez de correntes quentes. A representação gráfica da curva
composta fria é dada na Figura 5.
Antes de representar em simultâneo as curvas compostas quente e fria, é necessário
seleccionar uma diferença mínima de temperaturas ( ) para o processo de integração
energética. A opção pelo valor de resultou do facto de se ter considerado este
cenário como um cenário óptimo de integração energética, sem quaisquer restrições, uma vez
que quanto menor for o menor será o consumo de utilidades e menor será o custo
energético do processo (Relvas et al., 2002).
3.2 Cenário A 29

Figura 6 – Representação das curvas compostas quente e fria para o Cenário A.

Assim sendo, com a construção das curvas compostas quente e fria (Figura 6), além de
se obter a informação sobre o consumo mínimo de utilidade quente (QQmin= 1554 kW) e sobre
o consumo mínimo de utilidade fria (QFmin= 0 kW), também se obtém outros dados
importantes relativo ao processo em análise. É o caso da quantidade máxima de energia
recuperada entre as correntes do processo (Qrec= 642 kW).
Na literatura, este cenário é definido como sendo um Threshold Problem, que são
cenários onde não existe Pinch (que corresponde às temperaturas de maior aproximação das
curvas compostas). Ou seja, até um determinado o processo integrado apenas precisa
de recorrer a uma das utilidades exteriores de maneira a satisfazer as suas necessidades
energéticas (Relvas et al., 2002).
É de realçar que a curva composta quente deve estar colocada, em toda a gama de
temperaturas consideradas no estudo de integração energética, acima da curva composta fria
para que a transferência de calor possa ocorrer (Relvas et al., 2002). Esta condição é
verificada na representação gráfica dada na Figura 6.
30 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Método da cascata de calor

O algoritmo subjacente ao método da cascata de calor tem como concepção a análise,


em cada intervalo de temperaturas (nível térmico), da quantidade de calor disponível entre as
correntes do processo aí presentes, de modo a transferir o excesso de calor de cada nível
térmico da cascata para o nível imediatamente inferior (Relvas et al., 2002).
A aplicação deste método é iniciada com o cálculo das temperaturas corrigidas para as
correntes frias ( ) e para as correntes quentes ( ) do processo:

(1.1)

(1.2)

Estas temperaturas (ver Tabela 6) asseguram que, em qualquer intervalo de


temperatura, as temperaturas das correntes do processo diferem de , garantindo assim a
viabilidade de transferência de calor em todos os permutadores de calor (Relvas et al., 2002).

Tabela 6 – Determinação das temperaturas corrigidas das correntes do processo para o Cenário A.

Correntes Ti Tf Ti’ Tf’


Tipo
do processo actual (ºC) (ºC) (ºC) (ºC)
7 Quente 86 70 85,5 69,5
2a Quente 104 102 103,5 101,5
2b Quente 102 20 101,5 19,5
16 Fria 15 82 15,5 82,5
18 Fria 77 82 77,5 82,5
1 Fria 67 95 67,5 95,5
13 Fria 45 95 45,5 95,5
3.2 Cenário A 31

Depois de calculadas as temperaturas corrigidas, são ordenadas por ordem


decrescente, em intervalos (coluna “temperatura corrigida” da Figura 7) e determina-se, para
cada intervalo i, a variação de temperatura e o somatório dos ṁ.Cp relativos às correntes
presentes nesse intervalo (ver coluna “ ” e “mCpnet” da Figura 7 respectivamente). É
de salientar que, em cada intervalo de temperaturas, o somatório dos ṁ.Cp, que corresponde à
coluna “mCpnet” na Figura 7, é obtido por:

Seguidamente, é determinada a quantidade de calor dQ, disponível em cada intervalo


de temperatura i, a partir de um balanço de energia dado por:

(1.4)

Quando dQi < 0, existe um défice de calor e uma predominância das correntes frias
em relação às correntes quentes. Se, por outro lado, dQi > 0 então existe um excesso de calor
nesse intervalo, resultante de uma predominância das correntes quentes sobre as correntes
frias (Relvas et al., 2002).
Por fim, já na posse de todos os dados calculados anteriormente, determina-se a
cascata de calor, exemplificada na parte mais à direita da Figura 7. Considerou-se que, no
início da construção da cascata de calor, nenhuma quantidade de calor externa devia ser
fornecida ao processo. É de referir que ao longo da sua construção, os intervalos de
temperatura com excesso de calor (dQi > 0) adicionam energia à cascata, enquanto os
intervalos de temperatura com défice de calor (dQi < 0) retiram energia à cascata.
No final da construção da cascata de calor (“cascata de calor inviável” na Figura 7),
verifica-se que o resíduo do último intervalo de temperatura apresenta um défice de calor.
Uma vez que este facto não pode ocorrer é construída uma nova cascata de calor. Esta nova
cascata (“cascata de calor viável” na Figura 7) utiliza o valor do resíduo do intervalo, da
cascata anterior, com maior défice de calor como utilidade quente para fornecer calor ao
primeiro intervalo da nova cascata (Relvas et al., 2002).
32 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Figura 7 – Determinação da cascata de calor para o Cenário A.

Tabela 7 – Consumo mínimo de energia para o Cenário A.

Mínimo de Utilidade Fria Mínimo de Utilidade Quente


ΔTmin (ºC) QFmin (kW) QQmin (kW)

1 0 1 554,0

Com a cascata de calor terminada fica-se a conhecer os consumos mínimos de energia


do Cenário A, QQmin= 1554 kW e QFmin= 0 kW, que correspondem à entrada de energia no
primeiro intervalo da cascata e ao resíduo do último nível térmico da cascata, respectivamente
(Figura 7). Como seria de esperar, ambos os métodos usados na determinação do consumo
mínimo de energia apresentam valores iguais (Tabela 7).

3.2.3 – Determinação do número mínimo de permutadores de calor

Depois de conhecido o consumo mínimo de energia que o Cenário A terá que


despender, é possível determinar o número mínimo de unidades de transferência de calor a
serem utilizados. A obtenção deste número é efectuada através da aplicação do teorema geral
das redes de Euler:
3.2 Cenário A 33

onde Umin representa o número de permutadores de calor, N indica o número de correntes do


processo e utilidades exteriores, L representa o número de ciclos independentes e S o número
de subsistemas independentes na rede (Relvas et al., 2002). Muito sucintamente, um ciclo
independente consiste num percurso, entre correntes e utilidades, em que o seu começo e o
seu final se situam no mesmo ponto. Em relação a um subsistema independente, este
representa a existência de subconjuntos de correntes com a mesma capacidade calorífica
(ṁ.Cp) dentro do conjunto central (Pessoa et al., 2005).
De maneira a simplificar o cálculo de Umin, considerou-se que a rede de permutadores
de calor no processo não apresenta ciclos independentes (L=0) e somente um subsistema
independente (S=1) (Relvas et al., 2002).
Assim sendo, a equação (1.5) toma a seguinte forma:

Uma vez que como N=8, porque o processo utiliza sete correntes (três quentes e quatro
frias) e uma utilidade exterior (utilidade quente), o número mínimo de permutadores de calor
a utilizar na integração energética do processo em estudo vai ser então, com base na equação
(1.6), de sete unidades (Umin=7).

3.2.4 – Projecto da rede de permutadores de calor

Uma vez conhecido o consumo mínimo de energia e o número mínimo de unidades de


transferência de calor, é possível então proceder-se à construção da rede de permutadores de
calor (RPC) com o máximo de energia recuperada. A representação da construção dessa RPC
é efectuada através de um diagrama de rede, em inglês Grid Diagram, desenvolvido por
Linnhoff e Flower em 1978 (Relvas et al., 2002). É de referir que este diagrama apresenta as
correntes do processo, que estão a ser alvo de integração, com informação das temperaturas
de entrada e saída, da capacidade calorífica (ṁ.Cp) e das necessidades energéticas (Q), como
se observa na Figura 8. O projecto da RPC realizado em todos os cenários estudados neste
trabalho foi efectuado através do software livre de integração energética “HINT 2.2” (Martín,
2011).
34 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Figura 8 – Representação inicial do diagrama de rede do processo.

O passo seguinte envolve a construção da RPC, ou seja, é um processo em que os


permutadores de calor são dispostos numa configuração que obedece aos objectivos
energéticos definidos anteriormente, a partir da determinação do consumo mínimo de energia
e do número mínimo de permutadores de calor.
A construção da RPC segue uma metodologia que procura satisfazer determinados
critérios termodinâmicos, como a temperatura de entrada no permutador de calor das
correntes frias ter de ser inferior à temperatura de saída das correntes quentes, nesse mesmo
permutador e o utilizado na integração energética ter de ser respeitado em todos os
permutadores de calor (Pessoa et al., 2005).
No início da construção da RPC, por este cenário se tratar de um Threshold Problem, a
colocação dos permutadores de calor começa a ser realizada a partir do extremo sem utilidade
(parte a tracejado da Figura 8) (Relvas et al., 2002).
3.2 Cenário A 35

Uma vez que as correntes quentes só podem trocar calor com as correntes frias, a
corrente 16 pode trocar calor com as correntes 7, 2a e 2b. A única corrente capaz de diminuir
a temperatura de entrada (102 ºC) da corrente 2b para os 20 ºC é a corrente 16, uma vez que a
temperatura de entrada desta corrente no permutador é inferior a 20 ºC. Assim sendo, coloca-
se, entre essas correntes, um permutador de calor (número 1 na Figura 9) que efectua uma
troca de calor de 23,1 kW (valor dentro do rectângulo por baixo do permutador de calor
número 1 da Figura 9), satisfazendo as necessidades energéticas da corrente 2b. A
temperatura de saída da corrente 16 do permutador número 1 é determinada a partir da
expressão .
Seguidamente, falta ainda satisfazer os requisitos energéticas das duas correntes 2a e
7. Como na realidade a corrente 2b e a corrente 2a são uma só, o segundo permutador de calor
é colocado entre as correntes 2a e 16. Ora, isto permitirá trocar, posteriormente, estes dois
permutadores colocados por um só, com a troca de calor realizada nesse permutador de calor
a ser a soma das necessidades energéticas das correntes 2a e 2b (174,6 kW).

Figura 9 – Diagrama da rede de permutadores de calor (RPC) para o Cenário A.


36 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

A forma de colocação dos restantes cinco permutadores de calor é efectuada de


maneira a assegurar as necessidades de aquecimento e arrefecimento de cada corrente que
falta. É de referir que esta configuração da RPC (ver Figura 9) não é a única para este cenário,
sendo preciso uma análise económica para encontrar a alternativa mais viável (Relvas et al.,
2002).
De forma a ter-se uma visão compreensível da RPC proposta para o Cenário A, esta
foi representada num diagrama de flowsheet (Figura 10).
Na Tabela 8, encontra-se um resumo de todo o consumo energético realizado pelos
processos de stripping e de secagem, de acordo com a configuração da RPC para o Cenário A,
bem como uma comparação quantitativa com o processo actual relativamente à poupança
energética alcançada.
37

Figura 10 – Flowsheet do Cenário A. Os equipamentos HE-2451, HE-2452, HE-2453, HE-2454, HE-2455 e HE-2456 são permutadores de calor. Os equipamentos TK-2451
e TK-2452 são, respectivamente, o tanque flash e o tanque de balanço. O equipamento CL-2451 é a coluna de stripping, o EJ-2451 é o ejector, o CF-2401 é a
centrifugadora e o DR-2401 é o secador de leito fluidizado. As unidades HE-2451, HE-2452, HE-2455, HE-2456 utilizam como segundo fluido na permuta de calor
utilidades exteriores. As restantes unidades (HE-2453 e HE-2454) utilizam como fluidos de troca de calor correntes do processo. O HE-2453 corresponde na Figura 9 aos
permutadores de calor número 1 e 2, porque as correntes 2a e 2b fazem parte de uma só corrente (corrente 3 nesta configuração). As correntes 3, 8, 14, 17 e 19 nesta
configuração correspondem, respectivamente, às correntes 2a e 2b, 7, 13, 16 e 18 da Figura 9.
38 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Tabela 8 – Consumo de energia do Cenário A ( =1 ºC) e uma análise comparativa com o processo
actual.

Processo Actual Cenário A Poupança

Utilidade Fria Utilidade Quente Utilidade Fria Utilidade Quente


(%)
(kW) (kW) (kW) (kW)

HE-2451 0 623,9

Stripping 647,6 615,6 HE-2452 0 57,6

Corrente
0 56,8
12

HE-2455 0 72,9
Secagem 0 1 348,5
HE-2456 0 799,5

Total 647,6 1 964,1 0 1 610,7

Total de
2 611,7 1 610,7 38,3 %
Energia

Os valores correspondentes aos permutadores de calor são, no seu total, o consumo


mínimo de energia determinado pela análise Pinch. A energia correspondente à corrente 12
provém da realização de balanços mássicos e energéticos em estado estacionário ao processo
nas condições de operação ideais (ver Apêndice A). A poupança de energia em relação ao
processo actual cifra-se na ordem dos 38%.
O Cenário A não tem muita viabilidade porque considerou-se um muito
reduzido, e atendendo às características das correntes do processo, esse nunca seria
respeitado na realidade em nenhum permutador da rede de permutadores de calor do processo.

3.2.5 – Cenário A1

De forma a tornar a análise de integração energética realista e com aplicação prática,


são introduzidas restrições nos valores de entre pares de correntes tal como indicado na
Tabelas 9. Estes valores são função do tipo de fluidos e foram definidos a partir de valores
recomendados na literatura (March, 1998).
3.2 Cenário A1 39

Tabela 9 – Valores de ΔTmin característicos na troca de calor entre os fluidos presentes no processo de
integração energética (March, 1998). A sigla PS (Polymer Suspension) designa a suspensão de PVC em
água.

Fluidos de permuta (ºC)

PS/Ar 25
Ar/Água 20
PS/PS 15
PS/Água 10
Água/Água 5

É de salientar os valores mais elevados de quando um dos fluidos envolvidos é


o ar (Tabela 9). Este facto é explicado por o ar apresentar um baixo coeficiente de
transferência de calor. Assim, neste novo cenário, Cenário A1, tem-se um de 25 ºC
(Cenário A1), uma vez que é o maior valor de que pode haver entre os fluidos
presentes no processo.
Esta alteração do valor de levará naturalmente a um aumento do consumo de
energia relativamente ao observado no Cenário A.
As correntes consideradas no estudo de integração energética do Cenário A1 são as
mesmas que as que foram consideradas para o Cenário A (Tabela 5).
Uma vez que não há alteração das propriedades das correntes, as curvas compostas
quente e fria são iguais às determinadas anteriormente (Figuras 4 e 5).
Aquando da construção das curvas compostas, a curva composta fria desloca-se na
horizontal até que a diferença mínima de temperaturas entre a curva composta quente e fria
seja o valor de , que no caso do Cenário A1 é de 25 ºC.
O diagrama das curvas compostas obtido para este cenário está representado na Figura
11.
40 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Figura 11 – Representação das curvas compostas quente e fria para o Cenário A1.

Neste caso, observa-se na Figura 11 a existência de um Pinch, isto é, um ponto de


estrangulamento. Este ponto de estrangulamento corresponde, como já foi referido, às
temperaturas de maior aproximação das curvas compostas quente e fria. Pela Figura 11, o
Pinch para as correntes quentes tem o valor de 40 ºC e para as correntes frias tem o valor de
15 ºC.
A existência de um Pinch na análise de um estudo de integração energética possibilita
a separação do processo em duas zonas térmicas diferentes: uma zona acima do Pinch e outra
zona abaixo do Pinch.
Na zona acima do Pinch, todo o calor em excesso presente nas correntes quentes é
transferido para as correntes frias dessa zona. Como este excesso não satisfaz todas as
necessidades energéticas das correntes frias é então adicionado uma utilidade quente (QQmin).
Na literatura esta zona é designada por zona absorvedora de calor (Relvas et al., 2002).
Por analogia, na zona abaixo do Pinch, todo o défice de calor das correntes frias é
colmatado com o calor disponível das correntes quentes presentes nessa zona. Uma vez que as
necessidades energéticas das correntes quentes não são completamente satisfeitas, o restante
excesso de calor presente nessas correntes é retirado por uma utilidade fria (QFmin). Esta zona
é denominada por zona emissora de calor (Relvas et al., 2002).
3.2 Cenário A1 41

É de referir que, para que o consumo mínimo de energia no processo seja assegurado,
é necessário satisfazer dois princípios da análise Pinch. É o princípio da não transferência de
calor através do Pinch e o princípio da utilização adequada das utilidades exteriores. Isto é,
não se deve usar utilidade fria na zona acima do Pinch e não se deve usar utilidade quente na
zona abaixo do Pinch (Relvas et al., 2002).
Como se pode observar na Figura 11, a partir da representação gráfica das curvas
compostas quente e fria não é fácil, por vezes, extrair informação sobre os consumos mínimos
de energia. Essa dificuldade é ultrapassada recorrendo a um método numérico, tal como o
método da cascata de calor.
Em relação à determinação da cascata de calor (Figura 12), utilizando o procedimento
já descrito anteriormente, conclui-se que a temperatura do Pinch para as correntes quentes é
de 40ºC e a temperatura de Pinch para as correntes frias é de 15ºC, tal como se observou a
partir do gráfico das curvas compostas quente e fria. Estes valores obtiveram-se a partir da

soma (para as correntes quentes) e subtracção (para as correntes frias) de à temperatura

de Pinch (T=27,5ºC). Tal como referido no âmbito do estudo de integração energética do


Cenário A, trata-se de valores de temperatura corrigida, que corresponde na cascata de calor à
temperatura corrigida quando um intervalo apresenta resíduo nulo, ou seja, não existe
passagem de calor desse intervalo para o próximo.
No que diz respeito ao consumo mínimo de utilidades, neste Cenário A1 obtém-se
QQmin= 1559,7 kW e QFmin= 5,6 kW (Tabela 10).

Figura 12 – Determinação da cascata de calor para o Cenário A1.


42 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Tabela 10 – Consumo mínimo de energia para o Cenário A1.

Mínimo de Utilidade Fria Mínimo de Utilidade Quente


ΔTmin (ºC) QFmin (kW) QQmin (kW)

25 5,6 1 559,7

Figura 13 – Diagrama da rede de permutadores de calor (RPC) para o Cenário A1.

Uma vez determinado o consumo mínimo de energia, procede-se ao cálculo do


número mínimo de permutadores de calor (Umin) a utilizar no Cenário A1. Como este cenário
apresenta um Pinch, é necessário aplicar a expressão (1.6) na zona acima do Pinch e na zona
abaixo do Pinch.
Assim sendo, para uma recuperação máxima de energia, o número mínimo de
permutadores de calor acima do Pinch é de sete unidades, pois através da equação (1.6), N é
igual a oito (sete correntes e uma utilidade). O número mínimo de permutadores de calor
abaixo do Pinch é de uma unidade, pois na zona abaixo do Pinch, há apenas uma corrente e
uma utilidade. Por fim, o número mínimo de permutadores de calor utilizado no cenário
global é de oito, resultante da soma das unidades das zonas acima e abaixo do Pinch.
3.2 Cenário A1 43

Como agora o utilizado é diferente do proposto no Cenário A, a rede de


permutadores de calor (RPC) para o Cenário A1 será necessariamente diferente.
A construção da RPC para o Cenário A1 tem início a partir do Pinch, determinado na
cascata de calor. A motivação para iniciar o cálculo a partir do Pinch resulta do facto de, nas
imediações do Pinch, as possibilidades de troca de calor serem muito condicionadas, uma vez
que a diferença de temperaturas entre as correntes quentes e frias é o valor de (Relvas
et al., 2002).
Assim, o Pinch divide a RPC numa zona acima do Pinch (parte à esquerda do
tracejado da Figura 13) e numa zona abaixo do Pinch (parte à direita na mesma figura). Uma
vez identificado o Pinch, adoptam-se certos critérios na construção da RPC. Na zona
imediatamente acima do Pinch, a capacidade calorífica (ṁ.Cp) das correntes quentes deve ser
inferior ou igual à capacidade calorífica das correntes frias, e o número de correntes (N)
quentes também deve ser inferior ou igual ao número de correntes frias (Relvas et al., 2002):

Pela Figura 13 observa-se que as correntes do processo nas imediações da zona acima
do Pinch são as correntes 2b e 16. Uma vez que estas correntes obedecem aos critérios
definidos anteriormente, a colocação de um permutador de calor entre essas correntes tem
viabilidade. Uma vez que agora já não existem correntes na zona crítica (imediações) do
Pinch, a colocação dos restantes seis permutadores de calor é efectuada de acordo com os
princípios termodinâmicos referidos anteriormente, de maneira a satisfazer as necessidades
energéticas de todas as correntes presentes na RPC, tendo sempre presente que a utilização de
utilidades exteriores nesta zona só pode ser de aquecimento.
Por exemplo, a colocação do permutador número 3 (Figura 13) só podia ser entre as
correntes 7 e 16, uma vez que a temperatura de entrada das correntes frias (18 e 1) não
satisfaz o critério do em relação à corrente 7 e a colocação desse permutador entre as
correntes 13 e 7 aumentaria o número final de permutadores na RPC, uma vez que seria
preciso outro permutador de calor para satisfazer as necessidades energéticas da corrente 13.
É de referir que esta configuração da RPC (ver Figura 13) não é a única para este
cenário, sendo preciso uma análise económica para encontrar a alternativa mais viável, uma
vez que o permutador número 2 (Figura 13) poderia estar colocado entre as correntes 2a e 16
(Relvas et al., 2002).
44 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Uma vez definida a colocação dos permutadores de calor na zona acima do Pinch,
efectua-se a mesma abordagem para a zona abaixo do Pinch. Neste caso os critérios mudam,
sendo que agora na zona imediatamente acima do Pinch, a capacidade calorífica (ṁ.Cp) das
correntes quentes deve ser superior ou igual à capacidade calorífica das correntes frias e o
número de correntes (N) quentes também deve ser superior ou igual ao número de correntes
frias (Relvas et al., 2002):

Uma vez que só existe uma corrente na zona abaixo do Pinch, e essa é uma corrente
fria, a forma de remover o excesso de calor presente nessa corrente, passa pela colocação de
uma utilidade fria (utilidade fria C8 na Figura 13).
Terminado o projecto da rede de permutadores de calor, foi elaborado o
correspondente flowsheet do processo que está representado na Figura 14.
Por fim, na posse dos valores do consumo mínimo de energia para o Cenário A1,
efectua-se uma comparação quantitativa com o Cenário A e com o processo actual. Na Tabela
11 encontra-se um resumo do consumo de energia do Cenário A1 comparativamente ao
Cenário A e ao processo actual.
45

Figura 14 – Flowsheet do Cenário A1. Os equipamentos HE-2451, HE-2452, HE-2453, HE-2454, HE-2455, HE-2456, HE-2457 e HE-2458 são permutadores de calor. Os
equipamentos TK-2451 e TK-2452 são, respectivamente, o tanque flash e o tanque de balanço. O equipamento CL-2451 é a coluna de stripping, o EJ-2451 é o ejector, o
CF-2401 é a centrifugadora e o DR-2401 é o secador de leito fluidizado. As unidades HE-2451, HE-2452, HE-2455, HE-2457 e HE-2458 utilizam como segundo fluido na
permuta de calor utilidades exteriores. As restantes unidades (HE-2453, HE-2454 e HE-2456) utilizam como fluidos de troca de calor correntes do processo. As correntes 3,
8, 14, 17 e 19 nesta configuração correspondem, respectivamente, às correntes 2a e 2b, 7, 13, 16 e 18 da Figura 13.
46 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Tabela 11 – Consumo de energia do Cenário A1 ( =25 ºC) e uma análise comparativa com o Cenário
A e com o processo actual.

Processo Actual Cenário A Cenário A1 Poupança

Utilidade Utilidade Utilidade Utilidade Utilidade Utilidade


Fria Quente Fria Quente Fria Quente (%)
(kW) (kW) (kW) (kW) (kW) (kW)

HE-2451 0 472,5

HE-2452 0 57,6
Stripping 647,6 615,6 0 738,3
HE-2455 5,6 0

Corrente
0 56,8
12

HE-2457 0 799,5
Secagem 0 1 348,5 0 872,4
HE-2458 0 230,1

Total 647,6 1 964,1 0 1 610,7 5,6 1 616,5

2 611,7 - 1 622,1 37,9 %


Total de
Energia
- 1 610,7 1 622,1 - 0,7 %

Verifica-se que existe um ligeiro aumento no consumo de energia no Cenário A1 em


relação ao do Cenário A, da ordem dos 0,7%. Esse aumento deve-se à selecção do ,
para o estudo de integração energética, ser diferente. Embora este aumento induza a rejeição
do Cenário A1 face ao Cenário A, na realidade nunca se conseguiria obter o Cenário A pela
razão já mencionada anteriormente. Comparativamente ao processo actual, o Cenário A1
apresenta uma redução considerável no consumo de energia, na ordem dos 38%.
Apesar do Cenário A1 conduzir a resultados interessantes do ponto de vista
energético, o custo total (custo energético + custo de equipamento) na implementação deste
cenário nos processos de stripping e secagem da produção de PVC seria muito elevado. Este
custo mais elevado dever-se-á sobretudo aos acrescidos custos de bombagem e de tubagem
relativos à corrente do ar. Esta corrente no processo actual exibe um percurso mínimo de
circulação pela fábrica. Esta configuração processual é motivada pelo facto de o caudal de ar
utilizado ser elevado, tendo as suas condutas uns impressionantes 90 cm de diâmetro.
3.2 Cenário A2 47

Tabela 12 – Propriedades das correntes do processo para o Cenário A2.

Correntes Ti Tf ṁ.Cp Q=ṁCp.ΔT


Tipo
do processo actual (ºC) (ºC) (kW/ºC) (kW)
7 Quente 86 70 29,2 467,8
2a Quente 104 102 75,7 151,5
2b Quente 102 20 0,3 23,1
18 Fria 77 82 159,9 799,5
1 Fria 67 95 22,3 623,9
13 Fria 45 95 1,1 57,6

Ora, como se observa na Figura 14, a corrente de ar teria de passar por três
permutadores antes que chegasse à unidade de secagem. Por conseguinte, esta solução
colocaria em causa a viabilidade económica do Cenário A1.

3.2.6 – Cenário A2

De forma a contornar este problema, acrescenta-se mais uma restrição ao Cenário A. É


agora definido um novo cenário, designado por Cenário A2, que mantém a restrição baseada
no que cada tipo de corrente presente no processo pode ter entre si, e retira a corrente
de ar do processo de integração energética. Como se observa na Tabela 12, a corrente de ar
não é tida em consideração na análise Pinch decorrente do Cenário A2.
Por conseguinte, a escolha do a utilizar neste estudo de integração energética
diminui para os 15 ºC, tal como se pode verificar na Tabela 9.
Embora a curva composta quente para este cenário seja igual às anteriormente
representadas (Figura 4), pois as propriedades das correntes quentes mantêm-se constantes em
todos os cenários, no caso da curva composta fria ocorre uma alteração na sua construção.
Essa diferença deve-se ao facto da corrente de ar não ser considerada no Cenário A2.
A metodologia de construção da curva composta fria é similar à descrita para o caso
do Cenário A, obtendo-se a sua representação na Figura 15.
Com a curva composta quente e a curva composta fria já determinadas efectua-se a sua
representação no mesmo gráfico (Figura 16).
48 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

100
90
80
70
60
Corrente 13
T (°C)

50
Corrente 1
40
Corrente 18
30
Curva Composta Fria
20
10
0
0 500 1000 1500 2000
Q (kW)

Figura 15 – Representação gráfica da curva composta fria.

Figura 16 – Representação das curvas compostas quente e fria do Cenário A2.


3.2 Cenário A2 49

Figura 17 – Determinação da cascata de calor para o Cenário A2.

A sua representação é executada, como já indicado anteriormente, com a deslocação


horizontal da curva composta fria, até que em todos os pontos das curvas compostas quente e
fria a diferença de temperaturas mínima seja de 15 ºC, ou seja, o valor do previamente
seleccionado.
Tal como no caso do Cenário A1, na Figura 16 observa-se também a existência de um
Pinch que separa o processo de integração energética em duas zonas, uma zona acima e uma
zona abaixo do Pinch. Neste caso já se consegue, com alguma clareza, identificar onde se
situa o Pinch e conhecer os consumos mínimos de energia.
O Pinch encontra-se entre as temperaturas de 86 ºC (para as correntes quentes) e 71 ºC
(para as correntes frias). Em relação ao consumo mínimo de energia através das curvas
compostas quente e fria retiram-se os valores de 1206 kW de utilidade quente e 367 kW de
utilidade fria.
Uma vez mais, pela via numérica de calcular o consumo mínimo de energia, utiliza-se
o método da cascata de calor (Figura 17).
Foi assim determinado um valor de consumo mínimo de utilidade quente de 1206 kW
e um consumo mínimo de utilidade fria de 367 kW. Em relação ao Pinch, este encontra-se
para as correntes quentes nos 86 ºC e para as correntes frias nos 71 ºC. Na Tabela 13, é
apresentado o consumo mínimo de energia para o Cenário A2.
50 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Tabela 13 – Consumo mínimo de energia para o Cenário A2.

Mínimo de Utilidade Fria Mínimo de Utilidade Quente


ΔTmin (ºC)
QFmin (kW) QQmin (kW)

15 367,3 1 205,9

Figura 18 – Diagrama da rede de permutadores de calor (RPC) para o Cenário A2.

Tal como exposto anteriormente, o próximo passo que se segue é então a determinação
do número mínimo de permutadores de calor a utilizar neste cenário de integração energética,
de forma a cumprir o consumo mínimo de energia estabelecido.
Para tal recorre-se à expressão (1.6), que é aplicada na zona acima do Pinch e abaixo
do Pinch, conforme efectuado para o Cenário A1.
Assim, o número mínimo de permutadores de calor a utilizar na zona acima do Pinch é
de cinco unidades, pois através da equação (1.6), N é igual a seis (cinco correntes e uma
utilidade). Em relação ao número mínimo de permutadores de calor a utilizar na zona abaixo
do Pinch é de quatro unidades, uma vez que o N da expressão (1.6) é cinco (quatro correntes e
uma utilidade). Por fim, o número mínimo de permutadores de calor utilizado no Cenário A2
é de nove unidades, resultante da soma das unidades das zonas acima e abaixo do Pinch.
3.2 Cenário A2 51

Uma vez determinado o consumo mínimo de energia e o número mínimo de


permutadores de calor a usar no Cenário A2, projecta-se então a correspondente rede de
permutadores de calor (RPC).
Obedecendo aos critérios descritos anteriormente para a construção de uma rede de
permutadores de calor (ver Secção 3.2.4), esta é iniciada pela identificação do Pinch
(tracejado da Figura 18). Posteriormente, verifica-se nas zonas imediatamente acima e abaixo
do Pinch quais são as correntes do processo que podem trocar calor. Para a zona acima do
Pinch, a corrente 2b pode trocar calor com as correntes 1 e 13 pois
e . Opta-se pela colocação do permutador entre as correntes 2b e
1 porque como as correntes 2a e 2b fazem parte de uma só corrente na realidade, a corrente 1
tem um défice de calor suficiente para retirar calor a essas duas correntes (2a e 2b), não se
verificando o mesmo para a corrente 13. Assim pode-se colocar só um permutador, em vez de
dois como mostra a Figura 18. Com a colocação de um permutador nas imediações do Pinch
procede-se à determinação da disposição dos restantes permutadores de modo a satisfazer as
necessidades energéticas das correntes aí presentes.
Em relação à zona imediatamente abaixo do Pinch, as correntes 1 e 13 só podem
trocar calor com a corrente 7, uma vez que para a corrente 2b o critério de
não se verifica. A escolha por colocar em primeiro lugar um permutador entre as
correntes 1 e 7, e não entre 13 e 7, reside no facto de se tirar partido do de 15 ºC, uma
vez que se a corrente 7 trocasse primeiro calor com a corrente 13, o de 15 ºC já não
seria possível entre as correntes 1 e 7. Nesta situação de a corrente 7 trocar calor com a
corrente 1, o para a troca de calor entre as correntes 13 e 7 vai ser menor que 15 ºC,
mas como esta troca de calor é entre água e PS (ver Tabela 9) o necessário é de 10 ºC.
Novamente, depois de concluída a RPC, elabora-se um flowsheet (Figura 19) com a
disposição dos permutadores de calor determinada no âmbito do projecto da RPC.
Conhecidos os valores do consumo mínimo de energia para o Cenário A2, efectua-se
uma comparação quantitativa com o Cenário A e com o processo actual, relativamente aos
consumos de energia. Na Tabela 14 encontra-se um resumo do consumo de energia do
Cenário A2 e a sua comparação com o Cenário A e com o processo actual.
52

Figura 19 – Flowsheet do Cenário A2. Os equipamentos HE-2451, HE-2452, HE-2453, HE-2454, HE-2455, HE-2456, HE-2457, HE-2458 e HE-2459 são permutadores de
calor. Os equipamentos TK-2451 e TK-2452 são, respectivamente, o tanque flash e o tanque de balanço. O equipamento CL-2451 é a coluna de stripping, o EJ-2451 é o
ejector, o CF-2401 é a centrifugadora e o DR-2401 é o secador de leito fluidizado. As unidades HE-2452, HE-2453, HE-2455, HE-2457, HE-2458 e HE-2459 utilizam como
segundo fluido na permuta de calor utilidades exteriores. As restantes unidades (HE-2451, HE-2454 e HE-2456) utilizam como fluidos de troca de calor correntes do
processo. O HE-2454 corresponde na Figura 18 aos permutadores de calor número 1 e 2, porque as correntes 2a e 2b fazem parte de uma só corrente (corrente 3 nesta
configuração). As correntes 3, 8, 14 e 19 nesta configuração correspondem, respectivamente, às correntes 2a e 2b, 7, 13 e 18 da Figura 18.
3.2 Cenário A2 53

Tabela 14 – Consumo de energia do Cenário A2 ( =15 ºC) e uma análise comparativa com o Cenário
A e com o processo actual.

Processo Actual Cenário A Cenário A2 Poupança

Utilidade Utilidade Utilidade Utilidade Utilidade Utilidade


Fria Quente Fria Quente Fria Quente (%)
(kW) (kW) (kW) (kW) (kW) (kW)

HE-2452 0 378,8

HE-2453 0 27,6

Stripping 647,6 615,6 0 738,3 HE-2455 18,6 0

HE-2457 348,7 0

Corrente
0 56,8
12

HE-2458 0 799,5
Secagem 0 1 348,5 0 872,4
HE-2459 0 715,3

Total 647,6 1 964,1 0 1 610,7 367,3 1 977,9

2 611,7 - 2 345,2 10,2 %


Total de
Energia
- 1 610,7 2 345,2 - 31,3 %

Verifica-se que existe um aumento de cerca de 31% no consumo de energia no


Cenário A2 em relação ao consumo verificado no Cenário A. Este aumento deve-se à
exclusão da corrente de ar (uma corrente fria) no processo de integração energética. Contudo,
este aumento não é muito relevante uma vez que o Cenário A está apenas projectado nas
condições de idealidade, e por conseguinte, não se trata de um cenário realista.
Por outro lado, é de salientar que se consegue uma redução do consumo de energia em
relação ao processo actual, na ordem dos 10%. Naturalmente, no futuro será necessário
efectuar uma análise económica de forma a quantificar os custos totais para cada cenário e,
assim, se optar pelo que for mais económico, uma vez que este cenário utiliza nove unidades
de transferência de calor para a integração energética dos processos em análise.
54 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Tabela 15 – Propriedades das correntes do processo para o Cenário B.

Correntes Ti Tf ṁ.Cp Q=ṁ.Cp.ΔT


Tipo
do processo actual (ºC) (ºC) (kW/ºC) (kW)
3 Quente 108 70 23,9 909,5
2a Quente 104 102 75,7 151,5
2b Quente 102 20 0,3 23,1
16 Fria 15 82 10,7 715,3
18 Fria 77 82 159,9 799,5
1 Fria 67 95 22,3 623,9
13 Fria 45 95 1,1 57,6

3.3 – Cenário B

Como já foi referido, o Cenário B não contempla a recuperação energética actualmente


realizada no tanque flash (TK-2451) do processo actual. Ora, com esta situação torna-se
necessária uma nova formulação de balanços mássicos e energéticos para definir o novo
processo. Esta formulação e a resolução dos balanços de massa e de energia em estado
estacionário encontra-se no Apêndice A.
Na Tabela 15 são apresentados os dados das correntes do processo para o Cenário B. É
de salientar que neste novo cenário a corrente que sai na base da coluna de stripping (corrente
3 na Figura 3) não passa pelo tanque flash TK-2451. Depois de sair da coluna, essa corrente é
arrefecida até à temperatura de funcionamento da centrifugadora. Esta é a única alteração em
relação ao cenário representado pelo processo actual. Tal como nos estudos dos cenários
anteriores, a corrente 2 é dividida em duas correntes porque a variação da sua entalpia não é
linear no intervalo de temperaturas definido.
Através do procedimento explicado na Secção 3.2.2, determina-se a curva composta
quente (Figura 20) para o Cenário B.
3.2 Cenário B 55

120

100

Corrente 3
80
T (°C)

60 Corrente 2a

40
Corrente 2b

20
Curva Composta
0 Quente
0 500 1000 1500
Q (kW)

Figura 20 – Representação gráfica da curva composta quente.

Uma vez que as correntes frias se mantêm constantes do Cenário A para o Cenário B,
a curva composta fria é igual à da Figura 5.
Para estabelecer uma base de comparação com os resultados obtidos no Cenário A, é
seleccionado um de 1 ºC para efectuar os cálculos do processo de integração
energética. Tal como exposto anteriormente, aquando da construção das curvas compostas, a
curva composta fria desloca-se na horizontal até que a diferença mínima de temperaturas entre
a curva composta quente e fria seja o valor de , ou seja, 1 ºC. Na Figura 21 estão
representadas as curvas compostas assim obtidas.
56 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Figura 21 – Representação das curvas compostas quente e fria para o Cenário B.

À semelhança do que fora observado no Cenário A, este cenário também não


apresenta Pinch no processo de integração energética, uma vez que nenhuma diferença de
temperaturas entre as curvas compostas quente e fria é igual a . Assim sendo, isso
significa que no Cenário B apenas é necessário recorrer a um tipo de utilidade, nomeadamente
a uma utilidade de aquecimento.
Na Figura 22 é apresentado o valor do consumo mínimo de energia obtido pelo
método da cascata de calor.
A partir da Figura 22 observa-se, mais uma vez, que este cenário não apresenta um
Pinch, e que o consumo mínimo de energia é igual ao consumo mínimo de utilidade quente
que é de 1112 kW (Tabela 16).
3.2 Cenário B 57

Figura 22 – Determinação da cascata de calor para o Cenário B.

Tabela 16 – Consumo mínimo de energia para o Cenário B.

Mínimo de Utilidade Fria Mínimo de Utilidade Quente


ΔTmin (ºC)
QFmin (kW) QQmin (kW)

1 0 1 112,3

Por sua vez, o número mínimo de permutadores de calor a utilizar é de sete unidades,
uma vez que utilizando a expressão (1.6) N toma o valor de oito (sete correntes e uma
utilidade). O diagrama da rede de permutadores de calor (RPC) para este cenário está
representado na Figura 23.
58 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Figura 23 – Diagrama da rede de permutadores de calor (RPC) para o Cenário B.

Finalmente, na Figura 24 é apresentado o diagrama de flowsheet do processo com a


RPC correspondente ao Cenário B.
Na Tabela 17, encontra-se uma síntese do consumo energético realizado pelos
processos de stripping e de secagem, de acordo com a configuração do Cenário B. Também
está evidenciado, na Tabela 17, uma comparação quantitativa entre os consumos energéticos
realizados pelo Cenário B e o processo actual.
59

Figura 24 – Flowsheet do Cenário B. Os equipamentos HE-2451, HE-2452, HE-2453, HE-2454, HE-2455 e HE-2456 são permutadores de calor. O equipamento TK-2452 é
o tanque de balanço. O equipamento CL-2451 é a coluna de stripping, o CF-2401 é a centrifugadora e o DR-2401 é o secador de leito fluidizado. As unidades HE-2452, HE-
2455 e HE-2456 utilizam como segundo fluido na permuta de calor utilidades exteriores. As restantes unidades (HE-2451, HE-2453 e HE-2454) utilizam como fluidos de
troca de calor correntes do processo. O HE-2453 corresponde na Figura 23 aos permutadores de calor número 1 e 2, porque as correntes 2a e 2b fazem parte de uma só
corrente (corrente 3 nesta configuração). As correntes 3, 4, 11, 14 e 16 nesta configuração correspondem, respectivamente, às correntes 2a e 2b, 3, 13, 16 e 18 da Figura 23.
60 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Tabela 17 – Consumo de energia do Cenário B ( =1 ºC) e uma análise comparativa com o processo
actual.

Processo Actual Cenário B Poupança

Utilidade Fria Utilidade Quente Utilidade Fria Utilidade Quente


(%)
(kW) (kW) (kW) (kW)

HE-2452 0 57,6
Stripping 647,6 615,6
Corrente
0 389,2
10

HE-2455 0 799,5
Secagem 0 1 348,5
HE-2456 0 255,2

Total 647,6 1 964,1 0 1 501,5

Total de
2 611,7 1 501,5 42,5 %
Energia

Os valores correspondentes aos permutadores de calor são o consumo mínimo total de


energia para o Cenário B. A energia referente à corrente 10 provém da realização de balanços
mássicos e energéticos em estado estacionário ao processo nas condições de operação do
Cenário B (ver Apêndice A). A poupança de energia em relação ao processo actual cifra-se na
ordem dos 42%.
Embora o Cenário B apresente uma redução nos consumos de energia, a sua aplicação
futura não terá muita viabilidade porque se está considerar um muito reduzido, e
atendendo às características das correntes do processo, esse nunca seria respeitado na
realidade em nenhum permutador da rede de permutadores de calor do processo.
Para tornar o Cenário B mais realista, no que diz respeito às condições reais de
funcionamento que podem existir em permutadores de calor, foram considerados dois novos
estudos de integração energética. O Cenário B1, que tem as mesmas restrições impostas no
Cenário A1, e o Cenário B2, que tem mais uma vez as mesmas restrições do Cenário A2.
3.2 Cenário B1 61

3.3.1 – Cenário B1

Tal como no Cenário A, também no Cenário B se colocam restrições na sua integração


energética, nomeadamente na obrigação de cumprir o que cada corrente do processo
pode ter entre si (Tabela 9).
As propriedades das correntes do processo para o Cenário B1 são as mesmas que as
consideradas para o Cenário B (Tabela 15), e consequentemente a curva composta quente
(Figura 20) e a curva composta fria (Figura 5) também são idênticas.
O valor do consumo mínimo de energia é apresentado na Tabela 18 e, mais uma vez,
foi determinado pelo método das curvas compostas quente e fria (Figura 25) e pelo método da
cascata de calor (Figura 26).

Figura 25 – Representação das curvas compostas quente e fria para o Cenário B1.
62 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Figura 26 – Determinação da cascata de calor para o Cenário B1.

Tabela 18 – Consumo mínimo de energia para o Cenário B1.

Mínimo de Utilidade Fria Mínimo de Utilidade Quente


ΔTmin (ºC)
QFmin (kW) QQmin (kW)

25 5,6 1 118,0

Figura 27 – Diagrama da rede de permutadores de calor (RPC) para o Cenário B1.


3.2 Cenário B1 63

De seguida procedem-se à determinação do número mínimo de permutadores de calor


a utilizar no Cenário B1, tendo-se obtido o valor de oito unidades.
A rede de permutadores de calor (RPC) obtida através do software HINT 2.2 para este
cenário é apresentada na Figura 27, e o correspondente flowsheet do processo é apresentado
na Figura 28.
A Tabela 19 resume o consumo de energia para o Cenário B1, com a partição
quantitativa desse consumo pelos permutadores de calor. Também, na Tabela 19 está
sintetizada uma análise comparativa entre os consumos de energia dos Cenários B, B1 e do
processo actual.
Verifica-se um pequeno aumento no consumo de energia no Cenário B1 face ao do
Cenário B, na ordem de 0,75%, explicado pela variação do , do Cenário B para o
Cenário B1. Comparativamente com o processo actual, o Cenário B1 exibe uma diminuição
no consumo de energia da ordem dos 42%. Novamente, tal como no Cenário A1, apesar do
Cenário B1 conduzir a uma redução no consumo de energia muito interessante, teria que se
ter em conta os elevados custos de equipamento, principalmente devido ao grande diâmetro
de condutas de ar e da grande potência necessária para o seu transporte no percurso pelas
várias unidades da fábrica.
64

Figura 28 – Flowsheet do Cenário B1. Os equipamentos HE-2451, HE-2452, HE-2453, HE-2454, HE-2455, HE-2456, HE-2457 e HE-2458 são permutadores de calor. O
equipamento TK-2452 é o tanque de balanço. O equipamento CL-2451 é a coluna de stripping, o CF-2401 é a centrifugadora e o DR-2401 é o secador de leito fluidizado.
As unidades HE-2453, HE-2455, HE-2457 e HE-2458 utilizam como segundo fluido na permuta de calor utilidades exteriores. As restantes unidades (HE-2451, HE-2452,
HE-2454 e HE-2456) utilizam como fluidos de troca de calor correntes do processo. As correntes 3, 4, 11, 14 e 16 nesta configuração correspondem, respectivamente, às
correntes 2a e 2b, 3, 13, 16 e 18 da Figura 27.
3.2 Cenário B2 65

Tabela 19 – Consumo de energia do Cenário B1 ( =25 ºC) e uma análise comparativa com o Cenário
B e com o processo actual.

Processo Actual Cenário B Cenário B1 Poupança

Utilidade Utilidade Utilidade Utilidade Utilidade Utilidade


Fria Quente Fria Quente Fria Quente (%)
(kW) (kW) (kW) (kW) (kW) (kW)

HE-2453 0 57,6

Stripping 647,6 615,6 0 446,8 HE-2455 5,6 0

Corrente
0 389,2
10

HE-2457 0 799,5
Secagem 0 1 348,5 0 1 054,7
HE-2458 0 260,8

Total 647,6 1 964,1 0 1 501,5 5,6 1 507,1

2 611,7 - 1 512,7 42,0 %


Total de
Energia
- 1 501,5 1 512,7 - 0,75 %

3.3.2 – Cenário B2

Finalmente, considerou-se um último cenário de integração energética, o Cenário B2.


Este cenário foi definido mantendo a restrição baseada no e retirando a corrente de ar
do processo de integração energética, uma vez que era um entrave económico no processo de
integração energética. Na Tabela 20 encontram-se as propriedades das correntes que são
utilizadas no estudo de integração energética para o Cenário B2.
A curva composta quente para este cenário é idêntica à determinada para o Cenário B
(Figura 20) e a curva composta fria é idêntica à representada na Figura 15.
O consumo mínimo de energia é apresentado na Tabela 21 e, mais uma vez, foi
determinado pelo método das curvas compostas quente e fria (Figura 29) e pelo método da
cascata de calor (Figura 30).
O número mínimo de permutadores de calor a utilizar no Cenário B2 é de dez
unidades.
66 Integração Energética dos processos de Stripping e Secagem

Tabela 20 – Propriedades das correntes do processo para o Cenário B2.

Correntes Ti Tf ṁ.Cp Q=ṁ.Cp.ΔT


Tipo
do processo actual (ºC) (ºC) (kW/ºC) (kW)
3 Quente 108 70 23,9 909,5
2a Quente 104 102 75,7 151,5
2b Quente 102 20 0,3 23,1
18 Fria 77 82 159,9 799,5
1 Fria 67 95 22,3 623,9
13 Fria 45 95 1,1 57,6

Figura 29 – Representação das curvas compostas quente e fria para o Cenário B2.

A rede de permutadores de calor (RPC) obtida para o Cenário B2 é apresentada na


Figura 31. O correspondente flowsheet do processo de integração energética é apresentado na
Figura 32.
Na Tabela 22 encontra-se uma síntese do consumo de energia para o Cenário B2, e a
sua comparação quantitativa com o Cenário B e o processo actual.
3.2 Cenário B2 67

Figura 30 – Determinação da cascata de calor para o Cenário B2.

Tabela 21 – Consumo mínimo de energia para o Cenário B2.

Mínimo de Utilidade Fria Mínimo de Utilidade Quente


ΔTmin (ºC)
QFmin (kW) QQmin (kW)

15 287,1 684,1

Figura 31 – Diagrama da rede de permutadores de calor (RPC) para o Cenário B2.


68

Figura 32 – Flowsheet do Cenário B2. Os equipamentos HE-2451, HE-2452, HE-2453, HE-2454, HE-2455, HE-2456, HE-2457, HE-2458, HE-2459 e HE-2460 são
permutadores de calor. O equipamento TK-2452 é o tanque de balanço. O equipamento CL-2451 é a coluna de stripping, o CF-2401 é a centrifugadora e o DR-2401 é o
secador de leito fluidizado. As unidades HE-2453, HE-2456, HE-2457, HE-2458, HE-2459 e HE-2460 utilizam como segundo fluido na permuta de calor utilidades
exteriores. As restantes unidades (HE-2451, HE-2452, HE-2454 e HE-2455) utilizam como fluidos de troca de calor correntes do processo. As correntes 3, 4, 11 e 16 nesta
configuração correspondem, respectivamente, às correntes 2a e 2b, 3, 13 e 18 da Figura 31.
3.2 Cenário B2 69

Tabela 22 – Consumo de energia do Cenário B2 ( =15 ºC) e uma análise com o Cenário B e com o
processo actual.

Processo Actual Cenário B Cenário B2 Poupança

Utilidade Utilidade Utilidade Utilidade Utilidade Utilidade


Fria Quente Fria Quente Fria Quente (%)
(kW) (kW) (kW) (kW) (kW) (kW)

HE-2453 0 246,8

HE-2456 0 20,7

Stripping 647,6 615,6 0 446,8 HE-2457 20,3 0

HE-2458 266,8 0

Corrente
0 389,2
10

HE-2459 0 416,5
Secagem 0 1 348,5 0 1 054,7
HE-2460 0 715,3

Total 647,6 1 964,1 0 1 501,5 287,1 1 788,5

2 611,7 - 2 075,6 20,5 %


Total de
Energia
- 1 501,5 2 075,6 - 27,6 %

Da comparação entre o Cenário B2 e o Cenário B, verifica-se um aumento no


consumo de energia por parte do Cenário B2 na ordem dos 27%. Este aumento é devido,
como no caso do Cenário A2, à exclusão da corrente de ar do estudo de integração energética.
Mais uma vez este aumento não é significativo na medida em que o Cenário B é um cenário
considerado irrealista.
Já no que diz respeito à comparação entre o Cenário B2 e o processo actual, o Cenário
B2 consegue atingir uma redução no consumo de energia de cerca de 20%. Novamente, para
este cenário seria preciso determinar a componente referente aos custos de equipamentos, para
assim obter o custo total deste cenário e avaliá-lo com o custo total do processo actual para
poder fazer uma escolha, uma vez que este cenário utiliza um número razoável de
permutadores de calor (dez unidades).
4 – Conclusões
Foi realizado um estudo de integração energética do processo de produção de PVC em
suspensão da CIRES, S.A., centrado em particular nos processos de stripping e de secagem.
Primeiramente, foi avaliada a situação actual do processo, que depende exclusivamente de
utilidades exteriores para satisfazer as necessidades energéticas das correntes processuais. Na
sequência desta primeira avaliação foram considerados vários cenários de integração
energética, tendo como objectivo melhorar o desempenho energético do processo.
O primeiro cenário considerado neste estudo é o Cenário A, em que se considera um
= 1ºC e que as correntes de suspensão de PVC em água e de água de lavagem
(respectivamente correntes 1 e 13 na Figura 3) entram na coluna de stripping em condições
próximas da saturação, com uma temperatura de 95ºC. Sendo este pouco realista, foi
efectuado um estudo com um de 25ºC (Cenário A1). O Cenário A1 proporciona uma
redução no consumo energético, em relação ao processo actual, na ordem dos 38%. Porém
este cenário apresenta um factor muito negativo, pois requer um percurso excessivo da
corrente de ar na instalação industrial, o que acarreta custos de equipamento e de operação
muito elevados. Por conseguinte, foi efectuado um estudo em que não se considera a corrente
de ar no processo de integração energética (Cenário A2). O Cenário A2 proporciona uma
redução no consumo de energia face ao processo actual de cerca de 10%, e, de entre os
cenários derivados do Cenário A, é aquele que utiliza o maior número de permutadores de
calor (nove unidades).
Foram também avaliados cenários em que o processo não incorpora a recuperação
energética actualmente assegurada pelo tanque flash (Figura 3). Foi efectuado primeiramente
um estudo de integração energética “ideal” (Cenário B), em que, tal como para o Cenário A,
as correntes entram na coluna de stripping em condições próximas da saturação.
Seguidamente, foram considerados dois cenários, B1 e B2. No Cenário B1 foi considerado
um de 25ºC. A redução de consumo energético obtida, comparativamente com o
processo actual, foi da ordem dos 42%. Tal como no Cenário A1, a utilização da corrente de
ar a passar pelos vários permutadores de calor, potencia o aumento dos custos totais de

71
72 Conclusões

produção para valores que poderão ser superiores aos ganhos obtidos com a integração
energética proposta. Por conseguinte, esta não será uma solução economicamente, nem
tecnicamente, viável. No Cenário B2 não é considerada a corrente de ar no problema de
integração energética. A redução do consumo de energia assim obtida, face ao processo
actual, é de cerca de 20%. O número de permutadores de calor que este cenário utiliza é o
mais elevado de entre os estudados, o que pode significar a rejeição desta solução no futuro.
Na Tabela 23 é apresentado um sumário dos casos de estudo de integração energética
efectuados. Em suma, os cenários A e B não são viáveis na prática, pois nestes casos é
considerado um de apenas 1ºC. Assim, a melhor solução em termos de redução de
consumo de energia comparativamente à situação actual é a do Cenário B1. Todavia, é
necessário ter presente que neste cenário tem-se uma integração energética com a corrente de
ar a passar pelas unidades de transferência de calor. É de salientar que esta não será, à partida,
uma solução economicamente, nem tecnicamente, viável. Concluindo, na sequência desta
análise a solução mais promissora, para a CIRES, S.A., seria a do Cenário B2.

Tabela 23 – Resumo final dos cenários estudados neste trabalho.

Consumo de energia Número de permutadores de calor Poupança


(kW) (unidades) (%)
Processo
2 611,7 4 -
Actual

A 1 610,7 6 38

Cenário A1 1 622,1 8 38

A2 2 345,2 9 10

B 1 501,5 6 42

Cenário B1 1 512,7 8 42

B2 2 075,6 10 20
4.1 Trabalho futuro 73

4.1 – Trabalho futuro

Apesar de este estudo providenciar uma orientação sobre qual o melhor cenário de
integração energética a ser implementado com vista à redução do consumo de energia nos
processos de stripping e de secagem do processo de produção de PVC em suspensão, será
necessário efectuar uma análise complementar, nomeadamente a nível dos custos subjacentes
à implementação tecnológica das soluções propostas. Esta análise económica requer a
determinação da área de transferência de calor dos permutadores projectados, bem como um
estudo de optimização da rede de permutadores de calor.
Um cenário que também merece atenção, será o da implementação de um sistema que
satisfizesse as necessidades energéticas dos processos de stripping e de secagem através de
um fluido intermédio de transferência de calor, como por exemplo a água.
Também é de considerar um estudo de integração energética que inclua outros
processos de transferência de calor na instalação industrial juntamente com os processos de
stripping e de secagem estudados neste trabalho.
Finalmente, é de considerar uma análise do efeito da temperatura nos valores da
capacidade calorífica específica e da massa volúmica do PVC, bem como da água, e avaliar o
seu impacto nos resultados de integração energética.
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75
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Apêndices

77
Apêndice A – Programas para o cálculo do consumo energético

Neste apêndice são apresentados os programas desenvolvidos em Octave para efectuar


o cálculo do consumo energético do processo num dado cenário de integração energética. São
aqui apresentados, a título de exemplo, os programas para o caso do processo actual. Nestes
programas estão formulados os balanços mássicos e energéticos em estado estacionário. Esta
formulação dá origem a um conjunto de equações algébricas não lineares que é resolvido com
recurso ao algoritmo implementado na função fsolve (ver (Eaton et al., 2008)).
Seguidamente, são apresentados os modelos matemáticos em estado estacionário
formulados para a coluna de stripping (Secção A.1), para o tanque flash (Secção A.2), para o
tanque de balanço (Secção A.3) e para a unidade de secagem (Secção A.4).
São apresentados também os respectivos programas em Octave para resolver os
respectivos sistemas de equações resultantes da formulação dos modelos matemáticos. A
utilização dos programas é efectuada de forma sequencial1. Isto é, primeiro é resolvido o
modelo da unidade de stripping e, por esta sequência, o do tanque flash, o do tanque de
balanço e o da secagem. Uma vez obtida a solução dos modelos, esta é utilizada nos
programas de determinação do consumo energético para o processo de stripping e para o
processo de secagem (Secção A.5).

A.1 – Coluna de stripping

O modelo matemático da coluna de stripping é constituído por três balanços de massa


(ao PVC, à água na fase líquida e à água na fase gasosa) e um balanço de energia. Nestes
balanços pressupôs-se que a capacidade calorífica específica do PVC, do VCM e da água não
variam de forma significativa com a temperatura. A massa específica das misturas no
processo foi determinada assumindo que a mistura é ideal. Também se considerou que a
fracção de VCM presente na corrente de entrada (corrente 1 na Figura 3) sai toda pelo topo da
coluna de stripping (corrente 2).

1
As implementações numéricas foram implementadas de modo a serem utilizadas de forma sequencial.
Alternativamente, poder-se-ia implementar todo o conjunto de equações num algoritmo apenas.
79
80 Apêndice A

Efectuando um balanço de massa em estado estacionário à água na fase líquida obtém-


se (ver Figura 3):

onde xa1 e xa3 são as fracções mássicas de água nas correntes 1 e 3, respectivamente, Fi, i= 1,
3, 13, é o caudal volumétrico da corrente i e M12cond é o caudal mássico de água condensada
que sai na base da coluna. As massas volúmicas são dadas por:

onde ρa1, ρa3 e ρ13 são as massas volúmicas da água para as correntes 1, 3 e 13,
respectivamente, ρpvc e ρvcm são as massas volúmicas do PVC e do VCM, respectivamente, e
xpvc1, xpvc3 e xvcm1 são as fracções mássicas do PVC nas correntes 1 e 3 e do VCM na corrente
1, respectivamente. Efectuando um balanço de massa à água na fase de vapor, obtém-se:

onde M12 é o caudal mássico de vapor de água que entra na coluna de stripping, F2 é o caudal
volumétrico da corrente 2, xa2 é a fracção mássica de água na corrente 2 e ρ2 é a massa
volúmica da água para a corrente 2. Efectuando um balanço de massa ao PVC obtém-se:

O balanço de energia à coluna de stripping é formulado de forma a determinar o


caudal de massa de vapor de água que condensa para aquecer o PVC, M12cond1, e o caudal de
massa de vapor de água que condensa para aquecer a água da corrente 1, M12cond2. Para tal,
A.1 Coluna de stripping 81

efectuou-se o balanço de energia separadamente aos componentes PVC e água, considerando


uma temperatura de referência de 0 ºC. Obtém-se deste modo:

onde Cppvc é a capacidade calorífica específica do PVC, Cpa é a capacidade calorífica da água,
λ12 é o calor latente da água à temperatura e pressão da corrente 12, Ti, i= 1, 3, 12, 13, é a
temperatura da corrente i.
Por conseguinte, o modelo é constituído por cinco equações algébricas não lineares.
As incógnitas são o caudal volumétrico, F2, o caudal volumétrico, F3, a fracção mássica de
água, xa3, o caudal mássico de água que condensa para aquecer o PVC, M12cond1 e o caudal
mássico de água que condensa para aquecer a água, M12cond2. Para obter a solução em estado
estacionário, o sistema de equações foi resolvido numericamente recorrendo ao programa
Strip.m (Secção A.1.1). Este programa invoca a função fsolve que, por sua vez requer o
modelo implementado na função Stripmodel.m (Secção A.1.2).

A.1.1 – Strip.m

clc
clear all

F3 = 18/3600;
xa3 = 0.66;
F2 = 750/3600;
M12cond1 = 1000/3600;
M12cond2 = 300/3600;

x = [F3; xa3; F2; M12cond1; M12cond2];

F1 = 0.0063889;
M12 = 1758/3600;
F13 = 1/3600;
xa1 = 0.65;
xpvc1 = 0.3465;
x1VCM = 0.0035;
xa2 = 1-0.27;
roa1 = 979.54;
roa2 = 0.6392;
roa3 = 952.56;
roa13 = 990.21;
ropvc = 1400;
rovcm1 = (300000*0.0625)/(8.31415*340);
rovcm2 = (108870*0.0625)/(8.31415*375);
Cpa1 = 4.1879;
82 Apêndice A
Cpa3 = 4.1879;
Cpa12 = 4.1879;
Cpa13 = 4.1879;
Cppvc1 = 1.1074;
Cppvc3 = 1.1074;
T1 = 273+67;
T3 = 273+108;
T12 = 273+150;
T13 = 273+45;
deltaHvap12 = 2115;

modeldata.F1 = F1;
modeldata.M12 = M12;
modeldata.F13 = F13;
modeldata.xa1 = xa1;
modeldata.xpvc1 = xpvc1;
modeldata.x1VCM = x1VCM;
modeldata.xa2 = xa2;
modeldata.roa1 = roa1;
modeldata.roa2 = roa2;
modeldata.roa3 = roa3;
modeldata.roa13 = roa13;
modeldata.ropvc = ropvc;
modeldata.rovcm1 = rovcm1;
modeldata.rovcm2 = rovcm2;
modeldata.Cpa1 = Cpa1;
modeldata.Cpa3 = Cpa3;
modeldata.Cpa13 = Cpa13;
modeldata.Cpa12 = Cpa12;
modeldata.Cppvc1 = Cppvc1;
modeldata.Cppvc3 = Cppvc3;
modeldata.T1 = T1;
modeldata.T3 = T3;
modeldata.T12 = T12;
modeldata.T13 = T13;
modeldata.deltaHvap12 = deltaHvap12;

fun = stripmodel( x, modeldata )

mymodel = @( x ) ...
stripmodel( x, modeldata );

[xnew, info] = fsolve( mymodel, x );

F3 = xnew(1)
xa3 = xnew(2)
F2 = xnew(3)
M12cond1 = xnew(4)
M12cond2 = xnew(5)

funnew = stripmodel( xnew, modeldata )

A.1.2 – Stripmodel.m

function fun = stripmodel( x, modeldata )

F3 = x(1);
xa3 = x(2);
F2 = x(3);
M12cond1 = x(4);
M12cond2 = x(5);

F1 = modeldata.F1;
M12 = modeldata.M12;
F13 = modeldata.F13;
A.2 Tanque flash 83

xa1 = modeldata.xa1;
xpvc1 = modeldata.xpvc1;
x1VCM = modeldata.x1VCM;
xa2 = modeldata.xa2;
roa1 = modeldata.roa1;
roa2 = modeldata.roa2;
roa3 = modeldata.roa3;
roa13 = modeldata.roa13;
ropvc = modeldata.ropvc;
rovcm1 = modeldata.rovcm1;
Cpa1 = modeldata.Cpa1;
Cpa3 = modeldata.Cpa3;
Cpa12 = modeldata.Cpa12;
Cpa13 = modeldata.Cpa13;
Cppvc1 = modeldata.Cppvc1;
Cppvc3 = modeldata.Cppvc3;
T1 = modeldata.T1;
T3 = modeldata.T3;
T12 = modeldata.T12;
T13 = modeldata.T13;
deltaHvap12 = modeldata.deltaHvap12;

% Unidade de Stripping

btpvc = (xa1*roa1 + xpvc1*ropvc + x1VCM*rovcm1)*Cppvc1*F1*xpvc1*T1 +


M12cond1*(deltaHvap12 + Cpa12*T12 - Cpa3*T3) - (xa1*roa1 + xpvc1*ropvc +
x1VCM*rovcm1)*Cppvc3*F1*xpvc1*T3;

bta = (xa1*roa1 + xpvc1*ropvc + x1VCM*rovcm1)*Cpa1*F1*xa1*T1 +


F13*roa13*Cpa13*T13 + M12cond2*(deltaHvap12 + Cpa12*T12 - Cpa3*T3) - (xa1*roa1 +
xpvc1*ropvc + x1VCM*rovcm1)*xa1*Cpa1*F1*T3 - roa13*Cpa1*F13*T3;

bma = F1*(xa1*roa1 + xpvc1*ropvc + x1VCM*rovcm1)*xa1 + M12cond1 + M12cond2 +


F13*roa13 - F3*(xa3*roa3 + (1-xa3)*ropvc)*xa3;

bmpvc = ((xa1*roa1 + xpvc1*ropvc + x1VCM*rovcm1)*F1*xpvc1) - F3*(xa3*roa3 + (1-


xa3)*ropvc)*(1-xa3);

bmg = M12 - M12cond1 - M12cond2 - (xa2*roa2)*F2;

fun = [btpvc ; bta ; bma ; bmpvc ; bmg];

A.2 – Tanque flash

O modelo matemático do tanque flash é constituído por dois balanços de massa (ao
PVC e global) e um balanço de energia. Nestes balanços pressupôs-se que a capacidade
calorífica específica do PVC e da água não variam com a temperatura, de forma significativa.
A massa específica das misturas no processo foi determinada assumindo que a mistura é ideal.
Também se considerou que a corrente de vapor (corrente 4 na Figura 3) é somente constituída
por água e está nas condições de saturação.
Efectuando um balanço de massa global em estado estacionário obtém-se (ver Figura
3):
84 Apêndice A

onde Fi, i= 4, 5, é o caudal volumétrico da corrente i. As massas volúmicas são dadas por:

onde ρa4 e ρa5 são as massas volúmicas da água para as correntes 4 e 5, respectivamente, e
xpvc5 e xa5 são as fracções mássicas do PVC e da água na corrente 5, respectivamente.
Efectuando um balanço de massa em estado estacionário ao PVC obtém-se:

O balanço de energia ao tanque flash é formulado de forma a determinar o caudal


volumétrico de vapor de água que é recuperado no tanque, F4. Para tal, efectuou-se o balanço
de energia separadamente à água, considerando uma temperatura de referência de 0 ºC.
Obtém-se deste modo:

onde λ4 é o calor latente da água à temperatura e pressão da corrente 4, T i, i= 4 e 5, é a


temperatura da corrente i.
Por conseguinte, o modelo é constituído por três equações algébricas não lineares. As
incógnitas são o caudal volumétrico, F4, o caudal volumétrico, F5 e a fracção mássica de água,
xa5. Para obter a solução em estado estacionário, o sistema de equações foi resolvido
numericamente recorrendo ao programa Flashunit.m (Secção A.2.1). Este programa invoca a
função fsolve que, por sua vez requer o modelo implementado na função Flashunit_model.m
(Secção A.2.2).

A.2.1 – Flashunit.m

clc
clear all

F4 = 0.27;
F5 = 24/3600;
A.2 Tanque flash 85

xa5 = 0.66;

x = [F4; F5; xa5];

F3 = 0.00716;
xa3 = 0.6832;
roa3 = 952.56;
roa4 = 0.4229;
roa5 = 965.31;
ropvc = 1400;
Cpa3 = 4.1879;
Cpa5 = 4.1879;
T3 = 273+108;
T4 = 273+90;
T5 = 273+90;
calorLat4 = 2282.65;

modeldata.F3 = F3;
modeldata.xa3 = xa3;
modeldata.roa3 = roa3;
modeldata.roa4 = roa4;
modeldata.roa5 = roa5;
modeldata.ropvc = ropvc;
modeldata.Cpa3 = Cpa3;
modeldata.Cpa5 = Cpa5;
modeldata.T3 = T3;
modeldata.T4 = T4;
modeldata.T5 = T5;
modeldata.calorLat4 = calorLat4;

fun = flashunit_model( x, modeldata )

mymodel = @( x ) ...
flashunit_model( x, modeldata );

[xnew, info] = fsolve( mymodel, x );

F4 = xnew(1)
F5 = xnew(2)
xa5 = xnew(3)

funnew = flashunit_model( xnew, modeldata )

A.2.2 – Flashunit_model.m

function fun = flashunit_model( x, modeldata )

F4 = x(1);
F5 = x(2);
xa5 = x(3);

F3 = modeldata.F3;
xa3 = modeldata.xa3;
roa3 = modeldata.roa3;
roa4 = modeldata.roa4;
roa5 = modeldata.roa5;
ropvc = modeldata.ropvc;
Cpa3 = modeldata.Cpa3;
Cpa5 = modeldata.Cpa5;
T3 = modeldata.T3;
T4 = modeldata.T4;
T5 = modeldata.T5;
calorLat4 = modeldata.calorLat4;
86 Apêndice A
% Unidade de Flash

bmg = (xa3*roa3 + (1-xa3)*ropvc)*F3 - roa4*F4 - (xa5*roa5 + (1-xa5)*ropvc)*F5;

bmpvc = (xa3*roa3 + (1-xa3)*ropvc)*F3*(1-xa3) - (xa5*roa5 + (1-xa5)*ropvc)*F5*(1-


xa5);

bta = (xa3*roa3 + (1-xa3)*ropvc)*F3*Cpa3*T3*xa3 - roa4*F4*(calorLat4 -


Cpa3*(T3-T4)) - (xa3*roa3 + (1-xa3)*ropvc)*F3*Cpa5*T5*xa3;

fun = [bmg ; bmpvc ; bta];

A.3 – Tanque de balanço

O modelo matemático do tanque de balanço é constituído por um balanço de energia.


Neste balanço pressupôs-se que a capacidade calorífica específica do PVC e da água não
variam com a temperatura, de forma significativa. A massa específica das misturas no
processo foi determinada assumindo que a mistura é ideal. O mesmo aplica-se para o caso da
capacidade calorífica específica.
Efectuando um balanço de energia global em estado estacionário, considerando uma
temperatura de referência de 0 ºC, obtém-se (ver Figura 3):

onde Fi, i= 7, é o caudal volumétrico da corrente i, RR é a razão de recirculação da corrente 7


e Ti, i= 6 e 7, é a temperatura da corrente i. A massa volúmica é dada por:

e a capacidade calorífica específica é dada por:

Por conseguinte, o modelo é constituído por uma equação algébrica não linear. A
incógnita é a temperatura de saída da corrente do tanque de balanço, T7. Para obter a solução
em estado estacionário, o sistema de equações foi resolvido numericamente recorrendo ao
programa Balanco_unit.m (Secção A.3.1). Este programa invoca a função fsolve que, por sua
vez requer o modelo implementado na função Balanco_unit_model.m (Secção A.3.2).
A.3 Tanque de balanço 87

A.3.1 – Balanco_unit.m

clc
clear all

T7 = 273+82;

x = [T7];

F5 = 0.006917;
F7 = 30/3600;
xa5 = 0.6756;
roa5 = 965.31;
roa7 = 968.06;
ropvc = 1400;
Cpa5 = 4.1879;
Cpa6 = 4.1879;
Cpa7 = 4.1879;
Cppvc5 = 1.1074;
Cppvc6 = 1.1074;
T5 = 273+90;
T6 = 273+70;
RR = 0.1714;

modeldata.F5 = F5;
modeldata.F7 = F7;
modeldata.xa5 = xa5;
modeldata.roa5 = roa5;
modeldata.roa7 = roa7;
modeldata.ropvc = ropvc;
modeldata.Cpa5 = Cpa5;
modeldata.Cpa6 = Cpa6;
modeldata.Cpa7 = Cpa7;
modeldata.Cppvc5 = Cppvc5;
modeldata.Cppvc6 = Cppvc6;
modeldata.T5 = T5;
modeldata.T6 = T6;
modeldata.RR = RR;

fun = balanco_unit_model( x, modeldata )

mymodel = @( x ) ...
balanco_unit_model( x, modeldata );

[xnew, info] = fsolve( mymodel, x );

T7 = xnew(1)

funnew = balanco_unit_model( xnew, modeldata )

A.3.2 – Balanco_unit_model.m

function fun = balanco_unit_model( x, modeldata )

T7 = x(1);

F5 = modeldata.F5;
F7 = modeldata.F7;
xa5 = modeldata.xa5;
roa5 = modeldata.roa5;
88 Apêndice A
roa7 = modeldata.roa7;
ropvc = modeldata.ropvc;
Cpa5 = modeldata.Cpa5;
Cpa6 = modeldata.Cpa6;
Cpa7 = modeldata.Cpa7;
Cppvc5 = modeldata.Cppvc5;
Cppvc6 = modeldata.Cppvc6;
T5 = modeldata.T5;
T6 = modeldata.T6;
RR = modeldata.RR;

% Unidade de Balanço

btg = (xa5*roa5 + (1-xa5)*ropvc)*F5*(xa5*Cpa5 + (1-xa5)*Cppvc5)*T5 + (xa5*roa7 +


(1-xa5)*ropvc)*(xa5*Cpa6 + (1-xa5)*Cppvc6)*F7*RR*T6 - (xa5*roa7 + (1-
xa5)*ropvc)*(xa5*Cpa7 + (1-xa5)*Cppvc6)*F7*T7;

fun = [btg];

A.4 – Unidade de secagem

O modelo matemático da unidade de secagem é constituído por dois balanços de


massa (ao PVC e global). Nestes balanços pressupôs-se que a capacidade calorífica específica
do PVC e da água não variam com a temperatura, de forma significativa. A massa específica
das misturas no processo foi determinada assumindo que a mistura é ideal. O mesmo aplica-se
para o caso da capacidade calorífica específica. Considera-se que nenhuma fracção mássica de
PVC está presente na corrente de exaustão do secador (corrente 20 da Figura 3).
Efectuando um balanço de massa ao PVC em estado estacionário obtém-se (ver Figura
3):

onde xa14 e xa21 são as fracções mássicas de água nas correntes 14 e 21, respectivamente, Fi, i=
14 e 21, é o caudal volumétrico da corrente i. As massas volúmicas são dadas por:

onde ρa14 e ρa21 são as massas volúmicas da água para as correntes 14 e 21, respectivamente.
Efectuando um balanço de massa global em estado estacionário, obtém-se:
A.4 Unidade de secagem 89

onde M14evap é o caudal de água que evapora da corrente 14 no secador.


Por conseguinte, o modelo é constituído por duas equações algébricas não lineares. As
incógnitas são o caudal volumétrico, F21 e o caudal mássico, M14evap. Para obter a solução em
estado estacionário, o sistema de equações foi resolvido numericamente recorrendo ao
programa Secagem1_unit.m (Secção A.4.1). Este programa invoca a função fsolve que, por
sua vez requer o modelo implementado na função Secagem1_unit_model.m (Secção A.4.2).

A.4.1 – Secagem1_unit.m

clc
clear all

F21 = 0.002;
M14evap = 0.221;

x = [F21; M14evap];

F14 = 0.0020875;
xa14 = 0.119;
xa21 = 0.01;
roa14 = 977.84;
roa21 = 977.64;
ropvc = 1400;
Cpa14 = 4.1879;
Cpa21 = 4.1879;
Cppvc14 = 1.1074;
Cppvc21 = 1.1074;

modeldata.F14 = F14;
modeldata.xa14 = xa14;
modeldata.xa21 = xa21;
modeldata.roa14 = roa14;
modeldata.roa21 = roa21;
modeldata.ropvc = ropvc;
modeldata.Cpa14 = Cpa14;
modeldata.Cpa21 = Cpa21;
modeldata.Cppvc14 = Cppvc14;
modeldata.Cppvc21 = Cppvc21;

fun = secagem1_unit_model( x, modeldata )

mymodel = @( x ) ...
secagem1_unit_model( x, modeldata );

[xnew, info] = fsolve( mymodel, x );

F21 = xnew(1)
M14evap = xnew(2)

funnew = secagem1_unit_model( xnew, modeldata )


90 Apêndice A

A.4.2 – Secagem1_unit_model.m

function fun = secagem1_unit_model( x, modeldata )

F21 = x(1);
M14evap = x(2);

F14 = modeldata.F14;
xa14 = modeldata.xa14;
xa21 = modeldata.xa21;
roa14 = modeldata.roa14;
roa21 = modeldata.roa21;
ropvc = modeldata.ropvc;
Cpa14 = modeldata.Cpa14;
Cpa21 = modeldata.Cpa21;
Cppvc14 = modeldata.Cppvc14;
Cppvc21 = modeldata.Cppvc21;

% Unidade de Secagem

bmpvc = F14*(1-xa14)*(xa14*roa14 + (1-xa14)*ropvc) + F17*xpvc17*roar17 - F21*(1-


xa21)*(xa21*roa21 + (1-xa21)*ropvc);

bmg = F14*(xa14*roa14 + (1-xa14)*ropvc)*xa14 - F21*(xa21*roa21 + (1-


xa21)*ropvc)*xa21 - M14evap;

fun = [bmpvc ; bmg];

A.5 – Determinação do consumo energético

Depois de ter obtido o valor das variáveis desconhecidas do processo, determinou-se o


consumo energético do processo de stripping e do processo de secagem através de dois
programas, Process_strip.m e Process_secagem.m. Nestes programas estão descritos uma
série de balanços de massa e de energia em estado estacionário que permitem determinar o
calor transferido em cada permutador que traduz o consumo de energia. Na parte do processo
de stripping esse consumo de energia é dado por Q1 e Q2, que são respectivamente, a
quantidade de calor trocado no permutador HE-2451 e HE-2452 (ver Figura 3). Todas as
propriedades físico-químicas dos componentes do processo (PVC, VCM e água) foram
retiradas de (NIST, 2011). Os restantes dados, nomeadamente a temperatura, os caudais
volumétricos das correntes, entre outros, foram disponibilizados pelos colaboradores da
CIRES, S.A.
A.5 Determinação do consumo de energia 91

A.5.1 – Process_strip.m

clc;
clear;

%% João Vicente Rodrigues %%

%% Stripping n.1 %%

% 1000s

%% Dados

F1 = 23/3600; % m3/s
F7 = 30/3600; % m3/s
M11 = 1100/3600; % kg/s
F13 = 1/3600; % m3/s
T1 = 273+67; % K
T2 = 273+102; % K
T3 = 273+108; % K
T5 = 273+90; % K
T6 = 273+70; % K
T8 = 273+70; % K
T10 = 273+20; % K
T11 = 273+179.88; % K
T13 = 273+45; % K
x1VCM = 0.0035; %
y2VCM = 0.27; %
x3VCM = 0.00001; %
y12VCM = 0; %
xpvc1 = 0.3465; %
rovcm1 = (300000*0.0625)/(8.31415*T1); % kg/m3
rovcm2 = (108870*0.0625)/(8.31415*T2); % kg/m3
ropvc = 1400; % kg/m3
roa1 = 979.54; % kg/m3
roa2 = 0.6392; % kg/m3
roa3 = 952.56; % kg/m3
roa4 = 0.4229; % kg/m3
roa5 = 965.31; % kg/m3
roa6 = 977.86; % kg/m3
roa8 = 977.86; % kg/m3
roa7 = 968.06; % kg/m3
roa11 = 5.1450; % kg/m3
roa13 = 990.21; % kg/m3
Cpa1 = 4.1879; % kJ/kg.K
Cpa2 = 4.1879; % kJ/kg.K
Cpa3 = 4.1879; % kJ/kg.K
Cpa4 = 4.1879; % kJ/kg.K
Cpa5 = 4.1879; % kJ/kg.K
Cpa6 = 4.1879; % kJ/kg.K
Cpa8 = 4.1879; % kJ/kg.K
Cpa7 = 4.1879; % kJ/kg.K
Cpa10 = 4.1879; % kJ/kg.K
Cpa11 = 4.1879; % kJ/kg.K
Cpa13 = 4.1879; % kJ/kg.K
Cpvcm1 = 0.9399; % kJ/kg.K
Cpvcm2 = 0.9399; % kJ/kg.K
Cppvc1 = 1.1074; % kJ/kg.K
Cppvc3 = 1.1074 ; % kJ/kg.K
Cppvc5 = 1.1074; % kJ/kg.K
Cppvc6 = 1.1074; % kJ/kg.K
Cppvc8 = 1.1074; % kJ/kg.K
xa1 = 0.65; %
xa2 = 1-y2VCM; %
xa4 = 1; %
xa10 = 1; %
92 Apêndice A
xa12 = 1; %
xa13 = 1; %
deltaHvap4 = 2282.7; % kJ/kg
deltaHvap11 = 2014.6; % kJ/kg

% Pressões relativas Prel = Pabs - 1


% P1 = P1 = 2 bar = 200000 Pa em Pabs = 3 bar
% P2 = 1.0887 bar = 108870 Pa em Prel=0.0887 bar
% P3 = 2.3 kg/cm2 = 2.25 bar = 225000 Pa em Pabs = 3.25 bar
% P4 = - 250 mmHg = - 0.3 bar = - 33300 Pa em Pabs=0.7 bar
% P5 = 101325 Pa em Pabs = 1.01 bar.
% P6 = P7 = P8 = 2.2 kg/cm2 = 2.15 bar = 215000 Pa em Pabs = 3.15 bar
% P11 = P12 = 9 bar = 900000 Pa em Pabs = 10 bar

% Através do NIST,2011, sabendo P4 tiro T4

T4 = 273+90; % K

%%% TK-2451 %%%

% Balanço mássico total a TK-2451 pelo script flashunit

F5 = 0.006917; % m3/s

% Balanço mássico à água no TK-2451

xa5 = 0.6756; %

F4 = 0.4323; % m3/s

%%% EJ-2451 %%%

% Balanço mássico total a EJ-2451

F11 = M11/roa11; % m3/s

M12 = (roa4*F4 + roa11*F11); % m3/s

deltaHvap12 = (M11*deltaHvap11 + F4*roa4*deltaHvap4)/M12; % kJ/kg

Cpa12 = (M11*Cpa11 + F4*roa4*Cpa4)/M12; % kJ/kg.K

T12 = (roa4*F4*Cpa4*T4 + roa11*F11*Cpa11*T11)/(M12*Cpa12); % K


.

% Balanço mássico total a CL-2451

F3 = 0.00716; % m3/s

F2 = 0.1438; % m3/s

% Balanço mássico parcial à água a CL-2451

xa3 = 0.6832; %

%%% TK-2452 %%%

% Balanço mássico total a TK-2452

% % F6 = RR*F7; % m3/s

% xa5=xa6=xa7=xa8
A.5 Determinação do consumo de energia 93

% RR varia de 0 a 1

RR = ((xa5*roa7 + (1-xa5)*ropvc)*F7 - (xa5*roa5 + (1-xa5)*ropvc)*F5)/((xa5*roa7 +


(1-xa5)*ropvc)*F7); %

% Balanço mássico à água no TK-2452

% Balanço Térmico a TK-2452

% usando o script balanco_unit tirei a T7

% T6=T8

T7 = 359; % K

Cppvc7 =1.1074; % kJ/kg.K

%%% HE-2452 %%%

% Balanço massico total a HE-2452

F8 = ((xa5*roa7 + (1-xa5)*ropvc)*F7)/(xa5*roa8 + (1-xa5)*ropvc); % m3/s

% Balanço Térmico a HE-2452

Q2 = ((xa5*roa7 + (1-xa5)*ropvc)*(xa5*Cpa7 + (1-xa5)*Cppvc7)*F7*T7) - ((xa5*roa8 +


(1-xa5)*ropvc)*(xa5*Cpa8 + (1-xa5)*Cppvc8)*F8*T8); % kW

F9 = (((xa5*roa7 + (1-xa5)*ropvc)*F7)*(1-RR))/(xa5*roa8 + (1-xa5)*ropvc); % m3/s

%%% HE-2451 (condensador) %%%

% Balanço Térmico a HE-2451

calorlatente2 = 2251.09; % kJ/kg pelas steam tables.

M2 = F2*xa2*roa2 + F1*(xa1*roa1 + xpvc1*ropvc + x1VCM*rovcm1)*x1VCM; % kg/s

% assumo que M2=M10

Q1 = M2*(xa2*(Cpa2*(T2-T10) + calorlatente2) + y2VCM*(Cpvcm2*(T2-T10))); % kW

A partir do programa anterior utilizam-se valores para serem usados no outro


programa (Process_secagem.m), nomeadamente o caudal volumétrico da corrente 9 (F9) de
maneira a determinar o consumo de energia do processo de secagem. É de referir que o
permutador HE-2453 (ver Figura 3) é um permutador onde existe uma junção física de vapor
de água (corrente 22 na Figura 3) como forma de aquecimento da corrente 18, da mesma
figura. Assim, no programa Process_secagem.m é determinado o caudal mássico de vapor
(M22) que é utilizado nesse aquecimento. No outro permutador de calor relativo à secagem,
HE-2454 (ver Figura 3) determina-se a quantidade de calor transferido (Q3) através do
programa Process_secagem.m. Novamente, todas as propriedades físico-químicas dos
componentes do processo (PVC e água) foram retiradas de (NIST, 2011). Os restantes dados
foram disponibilizados pelos colaboradores da CIRES, S.A.
94 Apêndice A

A.5.2 – Process_secagem.m

clc;
clear;

%% João Vicente Rodrigues %%

%% Secagem n.5 %%

%% Dados %%

F9 = 0.006864; % m3/s
T9 = 273+70; % K
T14 = 273+70; % K
T21 = 273+71; % K
T22 = 273+179.88; % K
xa9 = 0.6756; %
xa14 = 0.119; %
xa21 = 0.01; %
xpvc17 = 0; %
xa15 = 1; %
F20 = 17400/3600; % m3/s
Cppvc14 = 1.1074; % kJ/kg.K
Cppvc21 = 1.1074; % kJ/kg.K
F16 = 29500/3600; % m3/s
T16 = 273+15; % K
T17 = 273+82; % K
roar16 = (101325*0.02884)/(8.31415*273); % kg/m3 para saturação de 60%
roar17 = (101325*0.02884)/(8.31415*355); % kg/m3 para saturação de 60%
roa9 = 977.84; % kg/m3
roa14 = 977.84; % kg/m3
roa21 = 977.84; % kg/m3
roa22 = 5.1450; % kg/m3
Cpar16 = 1.012; % kJ/kg.K
Cpar17 = 1.012; % kJ/kg.K
Cpa14 = 4.1879; % kJ/kg.K
Cpa21 = 4.1879; % kJ/kg.K
Cpa22 = 4.4045; % kJ/kg.K
F18 = 140/3600; % m3/s
T18 = 273+77; % K
T19 = 273+82; % K
roa18 = 973.75; % kg/m3
roa19 = 970.64; % kg/m3
Cpa18 = 4.1879; % kJ/kg.K
Cpa19 = 4.1879; % kJ/kg.K
calorLat22 = 2014.58; % kJ/kg
ropvc = 1400; % kg/m3

% P20 = -130 mm H2O = -0.013 bar em Pabs = 0.987 bar


% P18 = P19 = 2.5 kg/cm2 = 2.45 bar = 245000 Pa em Pabs = 3.45 bar.

F17 = F16*roar16/roar17; % m3/s

%% HE-2454 %%

Q3 = (F17*roar17*Cpar17*T17) - (F16*roar16*Cpar16*T16); % kW

% HE-2454 %%

% Balanço massico a HE-2454

F22 = (F18*roa18*Cpa18*T18 - F18*roa18*Cpa19*T19)/(roa22*((Cpa19*T19 - calorLat22 -


Cpa22*T22))); % m3/s

F19 = (F22*roa22 + F18*roa18)/roa19; % m3/s


A.5 Determinação do consumo de energia 95

M22 = F22*roa22; % kg/s

format short g
disp('Caudal de Vapor da corrente 22 (kg/s)')
disp(M22)

%% CF-2401 %%

% Balanço massico parcial à água no CF-2401

F14 = ((xa9*roa9 + (1-xa9)*ropvc)*xa9*F9 - (xa9*roa9 + (1-


xa9)*ropvc)*xa15*F9)/((xa14*roa9 + (1-xa14)*ropvc)*(xa14 - xa15)); % m3/s

% Balanço massico a CF-2401

F15 = ((xa9*roa9 + (1-xa9)*ropvc)*F9 - (xa14*roa9 + (1-xa14)*ropvc)*F14)/roa9; %


m3/s

%% DR-2401 %%

% pelo script secagem1_unit tiro F21

F21 = 0.0017964; % m3/s

M21 = F21*(xa21*roa21 + (1-xa21)*ropvc); % kg

Em suma, com estes dois programas (Process_strip.m e Process_secagem.m)


determina-se o consumo de energia dos processos de stripping e de secagem (Q1, Q2, Q3 e
M22). Este valor de M22 é facilmente convertido em energia uma vez que se considera que
esta corrente é vapor de água saturado a uma dada pressão. Pelo (NIST, 2011) retira-se o
valor do calor latente para essa corrente e obtém-se o consumo de energia nesse permutador
de calor. Não se descreveu, de forma sequencial como nas Secções A.1, A.2, A.3 e A.4, os
balanços de massa e de energia que foram necessários para determinar esses consumos
energéticos, uma vez que são de fácil compreensão observando apenas o programa.
Apêndice B – Determinação de propriedades físico-químicas

Excerto de dados sobre as propriedades físico-químicas da água utilizados nos


cálculos efectuados no âmbito dos estudos de integração energética, obtidos a partir de (NIST,
2011).

Temperatura (ºC) Pressão (bar) Massa específica (kg/m3) Entalpia (kJ/kg) Fase
80,000 0,70000 971,78 335,03 Líquido
85,000 0,70000 968,60 356,02 Líquido
89,932 0,70000 965,34 376,75 Líquido
89,932 0,70000 0,42287 2659,4 Vapor
90,000 0,70000 0,42279 2659,6 Vapor
95,000 0,70000 0,41669 2669,7 Vapor

As propriedades físico-químicas do VCM também foram obtidas a partir de (NIST,


2011). As propriedades físico-químicas do PVC, nomeadamente o capacidade calorífica
específica e a massa volúmica, foram obtidas a partir de (Alsopp et al., 2003).

97

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