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23d tc ano C – 2022 Lc 14, 25-33

O evangelho de hoje começa afirmando que grandes multidões estavam acompanhando Jesus.
As pessoas seguiam por curiosidade. Ouviam sua pregação e viam os seus milagres. E assim,
cada vez mais pessoas iam seguindo Jesus para ver mais curas e milagres.

Mas Jesus se dirige à essa multidão e faz uma proposta muito importante. Jesus chama
aquelas pessoas para segui-lo não mais por curiosidade, mas sim de um jeito novo: sendo seus
discípulos. O escolhendo como mestre.

Jesus estava convidando a eles (e a nós) a sairmos de uma posição superficial de quem o
acompanha por curiosidade ou porque quer ver milagres para assumir uma nova posição, a
posição de discípulos. Portanto o convite dele é:

1- Sair da multidão e dar um passo para um compromisso mais profundo

Somos convidados hoje a pensar o quanto é firme nossa escolha por Jesus. Então é importante
se perguntar: por que venho à Igreja? Por hábito e tradição? Para conseguir alguma graça ou
por que eu fiz uma escolha firme de seguir Jesus acima de qualquer coisa? Estamos de fato
comprometidos com a escolha de seguir Jesus ou as coisas e as pessoas terminam tendo nossa
prioridade.

Jesus, então, ensina que a escolha por ele não pode vir em segundo lugar. Nenhuma coisa e
nenhuma pessoa devem estar acima de nosso compromisso com Deus. Nesse sentido, as
palavras literais do Evangelho são muito duras:

“Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos,
seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo” Lc 14,26.

Nem os nossos parentes “de sangue” podem ser mais importantes do que a nossa escolha em
seguir Jesus. Nesse sentido precisa ficar muito claro para nós que devemos preferir seguir
Jesus do que deixa-lo em segundo lugar por causa de pessoas ou coisas que consideramos
importantes. Então pense agora: minha escolha por seguir Jesus tem vindo em primeiro lugar
acima até mesmo de minha família? Ou ao contrário, eu deixo de ter compromisso com as
coisas de Deus por causa das pessoas que amo? Se faço isso, posso afirmar que amo o Senhor
acima de TODAS as coisas?

A segunda parte do Evangelho de hoje ensina que essa escolha profunda por Jesus que o
coloca acima de tudo e de todos nasce de um discernimento. Nesse sentido, o evangelista nos
apresenta duas parábolas. A primeira ensina que uma pessoa que deseja construir deve, antes
de iniciar, parar e pensar. A segunda parábola exemplifica a mesma mensagem dizendo que
um rei que pretende guerrear deve, antes, parar e pensar.

Discernimento significa isso: parar e pensar.

Então, iluminados por esse Evangelho aproveitemos a oportunidade para discernir sobre nossa
firmeza no seguimento de Jesus. Realmente as coisas de Deus estão em primeiro lugar ou o
meu trabalho e, talvez, minha família ocupem todo o tempo de minha vida? Sou parte viva e
ativa na minha comunidade ou apenas participo superficialmente como a multidão que apenas
acompanhava as pregações de Jesus? Tenho dado algum passo para sair da multidão e me
comprometer com a minha Igreja ou não quero compromisso? Tenho dedicado tempo para as
coisas de Deus nas pastorais e grupos da minha paróquia ou digo que não tenho tempo? O que
realmente tem vindo em primeiro lugar em minha vida?

Esse Evangelho não deve soar como uma censura por aquilo que ainda não estamos fazendo.
Ele deve ser um convite. Convite para parar e pensar. Pensar que pode ser diferente do que
tem sido. E uma vez que enxergamos isso, que não tem sido como deveria ser, podemos pedir
ao Senhor o seu Espírito para que ele nos dê a graça necessária para renunciar aquilo que tem
sido impedimento para que seja diferente.

De fato, no versículo 33 o evangelho diz:

Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode
ser meu discípulo!” Lc 14,33

Pare e pense: o que tem me impedido de sair da multidão e me aproximar mais, me


comprometer mais? A quais impedimentos eu devo renunciar para dar esse passo?

Que o Espírito de Deus venha sobre cada um de nós e nos leve um discernimento profundo
sobre nossa vida cristã. Afinal, somente sob a luz dele podemos dar esses passos.

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