Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cearense © 2022 Copyright by José Osmar Fonteles | Luiz Antônio Araújo Gonçalves |
Virgínia Célia Cavalcante de Holanda (Orgs.)
CDD: 900
Ficha Técnica:
Estudantes Participantes:
1. Apresentação 8
Apresentação
1 As cidades médias não são “metrópoles”, nem cidades pequenas, mas pensadas como
aglomerações urbanas significativas em termos demográficos, em funcionalidade e em re-
lação à sua região; possuem e geram dinamismos econômico, social, político e cultural. Cf.
HOLANDA, Virgínia C. C. de. Em busca dos sentidos que permeiam a Cidade Média.
Casa da Geografia de Sobral, Sobral/CE, v. 2/3, n. 1, p. 17-22, 2000/2001.
//9
2 No Estudo - Regiões de Influência das Cidades (2018), publicado pelo Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística – IBGE em 2018, Sobral pertence ao grupo de cidades com
hierarquia urbana intermediária e centralidade considerada alta em relação ao tema - deslo-
camento para cursar Ensino Superior. Esse grupo de cidades, abrigam importantes centros
universitários, sedes de institutos federais de educação e polos de Educação a Distância –
EaD. Sobral no Ceará, Viçosa em Minas Gerais e Santa Maria no Rio Grande do Sul são as
três primeiras cidades que se destacam nessa centralidade temática.
3 Cf. SOARES, José Teodoro. Crônica para uma Sobral moderna. Sobral:
Edições UVA, 1998.
4 Cf. COELHO, Luciano Arruda. A fundação da UVA no contexto histórico do
município de Sobral. In: SOARES, José Teodoro. (Org.). História Contemporâ-
nea de Sobral. Sobral: Edições UVA, 2006.
//10
6 Cf. ANDRADE. João Edson de. Os Campi Avançados da UVA. In: SOARES,
José Teodoro. (Org.). História Contemporânea de Sobral. Sobral: Edições UVA,
2006.
//12
8 PROPLAN. UVA em números 2020 – ano base 2019. PROPLAN: UVA, 2020.
//14
Os organizadores
Sobral-CE, março de 2022
//19
A INSERÇÃO SOCIOTERRITORIAL
DA UVA: OS PERCURSOS DA
PESQUISA E SEUS TERRITÓRIOS
José Osmar Fonteles10
Luiz Antônio Araújo Gonçalves11
Fábio Souza e Silva da Cunha12
Lourival Gerardo da Silva Júnior13
Benedita Marta Gomes Costa14
1. Introdução
O conhecimento social produzido por uma Instituição
Educação Superior (IES), da formação promovida à sua extensão
universitária, tem um grande impacto para a sociedade que dela
usufrui e é favorecida. Para compreender a relevância de uma Uni-
versidade como centro gerador de conhecimento no período atual
faz-se necessária uma leitura do território, pois é nele onde “[...]
desembocam todas as ações, todas as paixões, todos os poderes, to-
das as forças, todas as fraquezas, isto é, onde a história do homem
plenamente se realiza a partir das manifestações da sua existência.”
(SANTOS, 2007, p. 13).
16 Nos anos 1990, a UVA passou a ofertar cursos fora da sede, em parceria com institu-
tos que, mediante a realização de convênios, passaram a oferecer cursos autofinanciados nos
próprios municípios. Em nome da “inclusão pela educação” e do acesso ao ensino superior,
a UVA adotou o modelo de cursos descentralizados em que os cursistas arcavam com o
dispêndio (taxas e mensalidades).
17 Estima-se que a instituição tenha um grande número de egressos formados em cursos
de graduação gerenciados pelos institutos conveniados. Nesse ínterim, alguns institutos
tiveram forte atuação na oferta de cursos fora da sede como o Instituto de Estudos e Pes-
quisas do Vale do Acaraú – IVA, criado em 1996, que registrava até 2018 a formação de
cerca de 27.000 alunos em seus cursos, na maioria de licenciatura. Já o Instituto Dom José
de Educação e Cultura – IDJ, criado em 2002, computava no ano de 2018, a formação de
mais de 33.000 alunos. (GOUVEIA JUNIOR, 2018; LIMA, 2018). No período atual, a
UVA ainda mantém convênios com institutos que ofertam cursos de graduação pagos tanto
no estado do Ceará quanto em outros estados da federação.
//25
adequadamente18.
Desta forma, foi necessário o uso de uma ferramenta in-
teligente, sendo escolhido o Power BI da Microsoft por ser uma fer-
ramenta gratuita para funcionalidades essenciais, de fácil operação,
com uma versão online, vasta documentação e já consolidada no
mercado.
Os dados foram coletados, de início, numa planilha do Ex-
cel gerada pelo sistema acadêmico com mais de 15.000 registros dos
egressos dos últimos 40 anos. Após a definição do recorte temporal
da pesquisa pelo grupo de trabalho, criamos na ferramenta, filtros
que baixaram esse número para 8.569 registros no escopo de tempo
de 2008 a 2018. Gráficos foram gerados pela ferramenta para termos
uma visão geral do perfil dos egressos conforme a Figura 1:
Figura 1: Visualização dos dados referentes aos egressos da UVA entre 2008 e 2018.
18 Dois bolsistas (bolsa de trabalho IADE) trabalham sob a supervisão do Prof. Lourival
Gerardo da Silva Júnior para a realização dessa etapa de tratamento dos dados do sistema
acadêmico referentes aos egressos.
//28
seguintes informações:
• Qual curso formou mais alunos?
• Qual curso formou menos alunos?
• Qual modalidade de curso formou mais alunos?
• Qual modalidade de curso formou menos alunos?
• Se foram alunos de escola pública ou privada?
• Qual o município com maior número de egressos?
• Qual o município com menor número de egressos?
• Qual é a média de idade dos egressos?
• Qual a média de tempo em que se formaram?
• Qual é o número de egressos, por razão de sexo?
• Qual a renda salarial média do egresso?
19 O Dashboard (Painel eletrônico) da pesquisa pode ser acessado pelo link:
<https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiOWFlYTdmZDUtZDc5MC00Mzl-
mLWI0ODAtYWZmODZjY2Q1MmEyIiwidCI6IjIyZTBiMTExLTFhYzgtN-
DcxYi1hY2E3LWY3OGM2NGVlZWQ0YiJ9>.
//29
Fazer levantamento
Identificar a inserção bibliográfico e documental;
Analisar a inserção do egresso no mercado Identificar a territorialização
dos profissionais de trabalho do quantitativo de egressos
egressos da UVA pelo número de municípios e
e em que medida inclusão nos territórios;
retornaram aos Identificar as instituições
municípios de públicas e do terceiro setor nos
origem Municípios pesquisados para
identificar egressos da UVA,
no mercado de trabalho, no
período pesquisado;
Verificar se os Levantamento da quantidade
egressos da UVA de egressos que atuam na sua
estão inseridos área de formação no município
socioeconomicamente de origem;
no seu município Verificar a tipologia de
ocupações dos egressos;
Elaborar instrumento de
pesquisa a ser aplicado -
Identificar o perfil Traçar o perfil dos matrizes metodológicas;
socioeconômico dos egressos no período Tabular os dados do
egressos pesquisado questionário aplicado;
Fazer análise quantitativa e
qualitativa dos dados obtidos;
Fazer registro, em vídeo,
de entrevistas com alguns
dos egressos identificados e
empregados/empregadores;
Identificar a Construir novas Realizar entrevistas com
demanda de novos possibilidades de representantes das gestões
cursos, a partir dos atuação da UVA, com municipais, profissionais
representantes das base em demandas liberais, funcionários públicos
gestões municipais profissionais locais e representantes do terceiro
setor, sindicatos e movimentos
sociais;
//38
Em busca de informações complementares sobre o perfil
do egresso dos cursos de graduação da UVA foi elaborado e dispo-
nibilizado um questionário para ser preenchido remotamente, por
acesso via internet, durante um período determinado. Após ampla
divulgação, foram obtidas respostas de 1.488 egressos, cuja distri-
buição territorial com base no endereço residencial é apresentada na
tabela 2 e figura 4.
//44
5. Considerações finais
Em uma análise comparativa dos dados espaciais de egres-
sos obtidos junto ao NTI em relação aos dados espaciais de egressos
que responderam o questionário, tanto em termos absolutos quan-
to relativos em relação à densidade populacional, observa-se uma
certa correlação positiva em termos quantitativos quanto à sua dis-
tribuição. Os resultados reforçam uma concentração de influência
socioterritorial da UVA no Território de Sobral, seguida em segundo
plano pela influência no Território da Ibiapaba, e na sequência de
forma aproximadamente equivalente nos demais territórios (Acaraú,
Santa, Quitéria, Itapipoca e Camocim).
Podemos concluir que a demanda desses territórios pelo
acesso ao ensino superior continua concentrada, ou melhor favorece
os municípios que compõem o território de Sobral e o território da
Ibiapaba. Essa foi uma tendência constatada nos dois levantamen-
tos realizados com os egressos, ou seja, esses territórios conseguiram
enviar e formar mais estudantes do que aqueles municípios que inte-
gram os territórios de Santa Quitéria, Acaraú e, ainda em menor nú-
mero, dos territórios de Camocim e Itapipoca onde esse elo parece
ser mais frágil. Nesse sentido, seria importante retomar a política de
expansão de Campi a partir das demandas de cada território.
//47
Referências bibliográficas
GOUVEIA JÚNIOR, Antônio. Instituto de Estudos e Pesquisas
do Vale do Acaraú – IVA: educação superior de qualidade. In:
MONT’ALVERNE. Glória G. S.; ALBUQUERQUE, Izabelle M.
N. (Orgs.). Cinquentenário da Universidade Estadual Vale do
Acaraú 1968-2018. Sobral: Edições UVA, 2018.
O ENSINO, A PESQUISA E A
EXTENSÃO DA UVA POR OCASIÃO
DO SEU JUBILEU
1.Introdução
A presente narrativa é antes de tudo uma interpretação a
partir de minhas lentes, sobre a Instituição a qual estabeleci víncu-
los afetivos e fui me construindo como docente do Ensino Superior
Público, pois, foi no percurso, entre ensinar, pesquisar e fazer ex-
tensão que realizei mestrado, doutorado e pós-doutorado. Ingressei
no quadro de docentes da UVA aos 24 anos, por concurso público,
em 1995. Recém-graduada pela Universidade Estadual do Ceará -
UECE, buscava ali um lugar ao sol.
Embora essa narrativa tenha como escopo analisar como
foi se constituindo o Ensino, a Pesquisa e a Extensão na Universi-
dade Estadual Vale do Acaraú (UVA), desde a formação até o seu
jubileu, considerei ser oportuno esse rápido preâmbulo, assumindo
os riscos que minhas inquietações possam provocar.
A escrita está ancorada, em parte, na minha experiência co-
tidiana nessas mais de duas décadas como docente, portanto, reche-
24 Cf. Gomes (2018, p. 34) a Diocese teve papel importante na construção da UVA,
pois “[...] Cedeu à Universidade, sem ônus, por 10 anos, todas as instalações do prédio do
Seminário Diocesano São José situado no bairro Betânia.”
//53
Não participou
Pesquisa de atividades
Exigência do curso Total
Científica de Pesquisa
Científica
Deveria ter exigido muito
14,38% 16,06% 30,44%
mais de você
Deveria ter exigido um
16,26% 15,46% 31,72%
pouco mais de você
Exigiu de você na medida
19,89% 16,20% 36,09%
certa
Poderia ter exigido muito
0,13% 0,60% 0,74%
menos de você
Poderia ter exigido um
0,34% 0,67% 1,01%
pouco menos de você
Total 51,01% 48,99% 100,00%
Fonte: Pesquisa - A inserção socioterritorial da UVA no seu contexto de atuação
(2018). Organização da tabela: Fábio Cunha
Não participou
Estágio extra- de atividades
Exigência do curso Total
curricular de Estágio
extracurricular
Deveria ter exigido
13,44% 17,00% 30,44%
muito mais de você
Deveria ter exigido um
16,47% 15,26% 31,72%
pouco mais de você
Exigiu de você na
16,80% 19,29% 36,09%
medida certa
//61
Poderia ter
exigido muito 0,60% 0,13% 0,74%
menos de você
Poderia ter
exigido um pouco 0,74% 0,27% 1,01%
menos de você
Total 84,95% 15,05% 100,00%
Fonte: Pesquisa - A inserção socioterritorial da UVA no seu contexto de atuação
(2018). Organização da tabela: Fábio Cunha
BPI PIC/
Progra- PIBIC/ AF/ PIBITI/ BICT/
FUN- PBU Total
mas CNPQ CNPQ CNPQ FUNCAP
CAP UVA
2006 20 56 76
2007 20 - - 56 - 76
2008 25 - - 56 - 81
2009 30 - - 56 - 86
2010 40 07 07 39 11 17 121
2011 43 07 10 40 11 15 126
2012 45 -------- 13 40 17 13 135
2013 45 13 40 17 20 135
2014 48 13 43 * 24 128
2015 48 13 48 * 29 138
2016 48 13 46 * 20 127
2017 48 --------- 11 35 * 41 135
2018 50 11 50 36 37 184
Fonte: Pesquisa intitulada: “A inserção sócioterritorial da UVA no seu contexto atual.” (2018)
* Dados disponibilizados pela PRPPG. Organização dos dados: Virgínia Holanda
27 Vale ressaltar que o Campus da Betânia, desde a fundação da UVA, em 1968,
pertence à Diocese de Sobral, de maneira que ainda hoje a Universidade não tem
uma sede própria. Em 2019, o Governo do Estado do Ceará, por meio do De-
creto nº 33.281, de 23/09/2019, declarou o imóvel de utilidade pública para fins
de, porém, devido a posição contrária da Diocese de Sobral referente à venda do
imóvel, o referido decreto foi revogado pelo Decreto nº 33.363, de 18/11/2019.
//69
4. Considerações Finais
Embora bem avaliada pelos egressos no que consiste a qua-
lidade de formação ancorada no tripé que sustentam a Universidade:
Ensino, Pesquisa e Extensão, seu jubileu merece uma autoavaliação,
para se pensar o presente e o futuro.
A UVA merece um debate no que consiste a construção
de sua identidade, tendo em vista que cada IES deve se perguntar
qual a sua missão efetiva? Definindo os caminhos para se consolidar
//71
Referências bibliográficas
ARAÚJO, Francisco Sadoc de. Jerônimo, o herói da UVA. In:
MONT’ALVERNE. Glória G. S.; ALBUQUERQUE, Izabelle M.
N. (Orgs.). Cinquentenário da Universidade Estadual Vale do
Acaraú 1968-2018. Sobral: Edições UVA, 2018.
1. Introdução
No ano de 2018 em que a Universidade Estadual Vale do
Acaraú completou seus 50 anos de existência, um grupo de profes-
sores realizou a pesquisa intitulada: “A inserção socioterritorial da
UVA no seu contexto de atuação”, considerando a missão da Insti-
tuição: “Ofertar ensino superior de excelência, de forma inclusiva,
flexível e contextualizada, e buscar, por meio da pesquisa e extensão,
soluções que promovam a qualidade de vida” (UVA, 2018-2022, p.
124). A pesquisa identificou os impactos de atuação da Universida-
de no período de 2008 a 2018 junto aos egressos que responderam
voluntariamente ao questionário enviado. Portanto, faz-se necessá-
rio analisar o perfil do egresso nesse período para compreendermos
como se efetiva a inserção da UVA e sua contribuição para o desen-
volvimento dos municípios emissores de alunos para Sobral.
Conhecer o perfil dos seus egressos é fundamental para que
a Universidade possa avaliar os impactos provocados por suas ações
de formação, bem como identificar os aspectos e áreas que precisam
ser trabalhadas, de forma a atender as demandas e expectativas dos
28 Professora Adjunta do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.
29 Professora Associada do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.
//75
Outros 32 2,15
Renda Nº de participantes %
Não tem renda salarial 144 9,68
Até R$ 954,00 109 7,32
Acima de R$ 954,00 a R$ 1,431,00 292 19,62
Acima de 1,431,00 até R$ 2,862,00 412 27,69
Acima de R$ 2,862,00 a R$ 4,293,00 293 19,69
Acima de R$ 4,293,00 a 5,724,00 112 7,53
Acima de R$ 5,724,00 até RS 9,540,00 74 4,97
Acima de R$ 9,540,00 a R$ 14,310 37 2,49
Acima R$ 14,310,00 a R$ 19,080,00 7 0,47
Acima de R$ 19,080,00 8 0,54
Total 1.488 100,00
Fonte: Dados da pesquisa
5. Considerações Finais
A UVA ao ofertar o ensino superior junto aos 55 muni-
cípios nos territórios de atuação de Sobral, contribui de forma sig-
nificativa para o desenvolvimento desses territórios, sobretudo por
oportunizar o ingresso ao ensino superior gratuito e de qualidade.
Os dados levantados demostraram que os conhecimentos e as com-
petências desenvolvidas nos cursos proporcionaram uma formação
reflexiva e crítica para os egressos que destacaram a Universidade
como satisfatória, resultados que reafirmam a contribuição positiva
da Instituição.
Quanto ao perfil socioeconômico e profissional, os egressos
consideram a formação como fator importante para sua entrada no
mercado de trabalho. Ressalta-se que existe um número significativo
de concursados e esse fato pode ser analisado diante da realidade de
nossos municípios onde o maior empregador de profissionais é a
gestão pública municipal, principalmente nas áreas de educação e
saúde. A maioria dos egressos trabalha na área do curso escolhido e
muitos estão inseridos no mercado de trabalho antes da conclusão
do curso de graduação.
Conhecer o perfil dos egressos se faz importante, na me-
dida em que essas informações podem servir de instrumento para a
avaliação e planejamento das ações da UVA, permitindo o cumpri-
mento da sua missão de fortalecer o desenvolvimento do território
alinhado às demandas da sociedade.
A Pesquisa demonstrou que a gratuidade, a credibilidade
acadêmica e a proximidade com a residência, foram os principais
motivos que levaram os egressos a escolherem a UVA. Dos cursos de
//86
Referências bibliográficas
MACHADO, Geraldo Ribas. Perfil do egresso da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. 337 f. 2010. Tese (Doutorado
em Educação) - Programa de Pós-graduação em Educação. Uni-
versidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.
Disponível em: <https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/hand-
le/10183/24186/000744974.pdf?sequence=1>. Acesso em: 18 jun.
2018.
Site consultado:
<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_infor-
mativo.pdf>.
//88
1. Introdução
O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a inser-
ção profissional dos egressos da UVA com base na análise dos dados
levantados pela pesquisa no período de 2008 a 2018. A primeira
parte apresenta as variáveis do questionário aplicado com os egressos
de maneira que as tabelas e gráficos constituíram recurso importante
para dispor os dados quantitativos coletados. A segunda parte visa
expressar a importância da formação universitária para a atuação dos
egressos em seus contextos laborais a partir das entrevistas realiza-
das com os mesmos e perceber em que medida estes conseguiram
retornar para os municípios de origem e ali atuarem na sua área de
formação.
A inquietação de Freire (1967) com a contribuição da edu-
cação para o desenvolvimento e democracia residia na promoção de
uma educação crítica e critiquizadora capaz de ofertar aos educandos
instrumentos capazes de dar respostas não somente ao desenvolvi-
mento econômico, mas a inserção popular nesse desenvolvimento.
De uma educação que possibilitasse inserir/discutir as problemáticas
postas e colocasse a educação a serviço de um projeto autêntico de
//89
Não
Estado Civil Parda Branca Preta Amarela Indígena Total %
declarada
Solteiro(a) 483 311 86 19 10 4 913 61,36
Casado(a) 293 145 30 11 18 - 497 33,40
Outros 21 7 5 - 1 1 35 2,35
Separado(a)/ 12 14 - - - -
26 1,75
divorciado(a)
União Estável 7 5 1 - - - 13 0,87
Viúvo(a) 3 - - - - 1 4 0,27
Total 819 482 122 30 29 6 1.488 100,00
Fonte: Pesquisa Direta (2019).
Nº de
Inserção nas atividades profissionais %
egressos
Ao sair da Universidade já se encontrava desenvol- 878 59,01
vendo a atividade profissional
Até um ano 336 22,58
Acima de 1 até 2 anos 113 7,59
Acima de 2 anos 161 10,82
Total 1.488 100,00
Fonte: Pesquisa Direta (2019).
Ao sair da Uni-
versidade
Acima Acima
Motivo de escolha já se encontrava
Até de 1 até 2 de 2 Total %
do curso desenvolvendo
1 ano anos anos
atividade profis-
sional
Vocação 381 130 30 57 598 40,19
Perspectiva de
257 90 42 41 430 28,90
empregabilidade
A obtenção de
diploma de nível 74 32 12 14 132 8,87
superior
Ingressar no
60 28 12 17 117 7,86
serviço público
Melhores perspec-
tivas de ganhos 43 23 6 7 79 5,31
materiais
//101
O número de
concorrentes ser
15 3 5 7 30 2,02
menor no vesti-
bular
Imposição de
membros da 10 7 1 3 21 1,41
família
Prestígio Social 6 4 1 2 13 0,87
Outros afins 32 19 4 13 68 4,57
Total 878 336 113 161 1.488 100,00
Atuação profissional no
Dificuldade de atuação Nº de
município de origem* %
na área de formação egressos
Não Sim
Falta de valorização 177 212 389 26,14
profissional
Falta de vaga no mercado 166 97 263 17,67
Nenhuma 76 132 208 13,98
Falta de prática 110 90 200 13,44
Baixa remuneração 79 116 195 13,10
Mercado competitivo 61 59 120 8,06
//104
Aposentado(a) 3 0,20
Outros 199 13,38
Total 1.488 100,00
Fonte: Pesquisa Direta (2019).
4. Considerações finais
Longe de estarmos satisfeitos com a condição estrutural da
UVA, uma Universidade Estadual encravada a 50 anos no interior
do estado e que ainda enfrenta diversas carências que envidam desa-
fios que se sucendem a cada dia na promoção de um ensino superior
de qualidade e engajado como o desenvolvimento da sociedade no
Noroeste cearense.
Contudo, é preciso ressaltar os esforços produzidos por pro-
fessores, servidores, gestores na construção diária dessa Universidade
e cuja inserção socioterritorial manifesta nas trajetórias construídas
pelos egressos e cuja maior satisfação foi encontrá-los atuantes e con-
fiantes do papel que realizam no exercício de suas profissões, cargos
e funções nos diversos municípios que compõem os territórios de
atuação da UVA.
Evidentemente que esse papel de protagonismo da UVA
poderia se dá em outros níveis de atuação e promoção do desenvol-
vimento socioterritorial dos municípios enlaçados, mas no que se
refere à atuação profissional dos egressos, essa inserção no mundo do
trabalho tem ocorrido, assim, pelo ingresso em concursos públicos
e postos de trabalho ocupados em empresas privadas. Isso também
pode variar em relação ao contexto econômico e especificidades de
//113
Referências bibliográficas
ALVES, Giovanni. A condição de proletariedade: a precariedade
do trabalho no capitalismo global. Londrina: Praxis; Bauru: Canal
6, 2009.
ANTUNES, Ricardo. O privilégio da servidão: o novo proletaria-
do de serviços na era digital. 1 ed. São Paulo: Boitempo, 2018.
//114
1. Introdução
O presente capítulo busca revelar a atuação dos egressos da
UVA em vários setores da sociedade, seja no serviço público, seja no
setor privado ou, ainda, no terceiro setor, abrangendo as atividades
profissionais nas Organizações Não-Governamentais, Sindicatos e
Associações. A abordagem da pesquisa, nesse sentido, foi qualitativa
e visou captar a trajetória das pessoas formadas pela UVA no período
de 2008 a 2018. Dessa maneira, preparou-se um formulário estru-
turado de entrevista com cinco perguntas direcionadas aos gestores
municipais e outro formulário contendo também cinco perguntas,
direcionado para os egressos que trabalham no setor público, setor
privado e terceiro setor.
Destacamos que há uma riqueza nos depoimentos dos en-
trevistados que este artigo e o livro como um todo não dará conta.
34 A intenção da pequisa era cobrir os 55 municípios de maneira que foram distribuídos
entre os bolsistas cedidos pela PRAE. Ao final do tempo de aplicação das entrevistas, obti-
vemos o retorno conforme descrição da tabela.
//119
A minha inserção de trabalho no município, foi
//131
5. Considerações finais
A UVA é diversa por ser formada de pessoas, rostos, cores,
desejos, sentimentos, afetos, falas, visões... e pode contribuir para
reafirmar a pluralidade e produção de lugares inclusivos nos terri-
tórios onde atua. Tudo isso é parte do que se entende por acesso e
democratização do ensino superior para grande parcela de jovens
com perfil de vulnerabilidade e baixa renda, conforme o relato dos
profissionais egressos.
Em geral, os egressos relataram que a sua iniciação pro-
fissional ocorreu quando ainda cursavam a graduação, assumindo
bolsas, realizando estágios ou ocupando cargos temporários. Outros
ocupavam postos de trabalho no setor do comércio e serviços em
//145
1. Introdução
O presente artigo discute, a partir de fontes orais, audiovi-
suais e documentais, questões relacionadas aos desejos de egressos,
gestores municipais e representantes da administração da Universi-
dade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Relacionadas a como essa IES
poderia colaborar mais, no futuro, com o desenvolvimento regional
e local. A UVA faz parte do Sistema Estadual de Educação e, sua
sede, está situada na cidade de Sobral, no estado brasileiro do Ceará.
As fontes trabalhadas foram produzidas pela equipe que faz parte
do projeto “A inserção socioterritorial da UVA e seu contexto de atu-
ação”36.
Com os perfis definidos para a pesquisa mais ampla, pen-
samos que poderiam nos mostrar narrativas diversificadas que apon-
tem para especificidades que se relacionam com as dinâmicas sociais,
econômicas, culturais e políticas de cada município, ressaltando
exata e fiel de uma possível IES, até porque se fala do futuro, ou seja,
de algo que não existe ainda. Portanto, as falas são ações políticas e
morais fundadas em elementos que chamam atenção sobre o lugar,
a posição, o interesse e a imagem que estão ao redor do ser desejado,
reforçando a potência do interlocutor em causar um efeito no pes-
quisador falando de um lugar que o ser desejado poderia ocupar na
sociedade. Se monta uma ideia que fala de projeção de algo ainda
não realizado, mas que, na narrativa ganha contornos de plausibili-
dade de execução. Os elementos agenciados na narrativa são objetos
que compõem outros conjuntos desejados relacionados a modelos
mais amplos de como uma IES deveria ser, sem deixar de lado sua
inserção em outros territórios maiores. Em alguns depoimentos, por
exemplo, de uma Universidade que atende a uma região específica
do estado, tenta-se mostrar um desejo de inserção fora do estado,
por exemplo, no Nordeste, no Brasil e no mundo.
Neste caso, a memória individual foi fundamental como
fonte de pesquisa. Memória que, ao falar do futuro, recorda e re-
conhece seu passado como fonte de informação para fundamentar
o seu desejo que, de fato, é uma agência narrativa relacionada ao
presente. O narrador seleciona trechos memoráveis de sua experi-
ência na instituição de forma parcial, agenciando estas lembranças
como poder de afetar o interlocutor, portanto, contextualizando no
presente da entrevista, para pensar o futuro como um continuum
temporal que territorializa seu argumento como força de verdade
sobre o que deseja para o futuro.
A memória aqui, está sendo tratada, aplicando uma refle-
xão de Deleuze (1997), não como significativo de representações de
//149
39 O documento mais atual disponibilizado é de 2016 e pode ser encontrado no ende-
reço: http://www.uvanet.br/documentos/numeros_daf3747a934412c7f3140f53e14115fa.
pdf.
//160
tensão. Claro que o interesse por estas atividades não são uma obri-
gação de todos. Aceita-se nas IES aqueles que entendem sua vocação
deve ser direcionada somente para o ensino ou a gestão, por exem-
plo. Entretanto, são variáveis que precisam ser melhor discutidas,
como mostra o entrevistado, já que a relação entre ensino, pesquisa
e extensão é a base de qualquer formação de nível superior. A UVA
ainda parece tentar se desvencilhar de uma vocação atribuída a ela de
ser voltada para o ensino somente. O que não é nenhum demérito
se atribuir uma vocação desta natureza, mas é preciso a conciliação
com a pesquisa e a extensão para uma boa formação no ensino tam-
bém. Segundo o relatório de gestão publicado em 2018, foram 434
graduados na modalidade bacharelado, 452 na licenciatura e 41 na
modalidade superior de tecnologia, mostrando que a afirmação que
a universidade teria vocação para o ensino é mais complexa, já que a
soma do índice de bacharéis e técnicos supera o de licenciados. Mais
uma vez se reforça que, mesmo a licenciatura, carece de atividades de
formação que possam ir além da sala de aula.
Acrescentando a estes argumentos da fase ainda inicial de
investimento em pesquisa e extensão, registra-se aqui a quantidade
baixa ainda de pós-graduação stricto senso na UVA. Em 2017, são
dois mestrados acadêmicos, um na Geografia, que inicia suas ativi-
dades em 2012 e outro na Zootecnia, iniciando suas atividades em
2006, assim como três profissionalizantes, todos em rede nacional
ampla, envolvendo várias IES de estados diferentes: o de Saúde da
Família, iniciado em 2012, Profissionalizante em Sociologia (Prof-
socio), iniciado em 2017 e Profissionalizante em Ensino de Física,
iniciado em 2016. Em 2019, a UVA recebe também o resultado da
//167
4. Considerações finais
A liberdade no pensar é uma bandeira de luta antiga e re-
monta a insurgência do movimento chamado de “iluminismo” que
surge ainda na idade média na Europa. A concepção de liberdade,
fraternidade e igualdade, que a história lembra como lema retomado
na Revolução Francesa de 1790, parece ter atravessado várias outras
experiências e instituições pelo mundo, inclusive nas primeiras uni-
versidades. Entretanto, como diz Cecília Meireles no livro “Roman-
ceiro da Inconfidência” escrito em 1953: “Liberdade é uma palavra
que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e nin-
//185
guém que não entenda”. Enfim, este e os outros dois termos citados,
fraternidade e igualdade, são ressignificados na discussão aqui pro-
posta de diferentes formas, e associados a um modelo de gestão dos
desejos, valores e práticas que visam justificar determinadas formas
de entender e fazer a universidade.
O movimento contraditório entre público e privado, faz
com que as relações plurais na universidade não sejam pacíficas. A
conjuntura política a partir de 2016 no país, aponta para uma ten-
dência, radicalizada nas eleições de 2019, para entender a produção
científica livre, sem vínculo direto com o mundo das necessidades
práticas, muito mais como “balburdia” ou “especulação”, do que
como ciência. O investimento nas instituições de ensino superior
pública, quase únicas a produzir ainda o conhecimento livre, assim
também como o aplicado, está cada vez mais escasso. Talvez os de-
sejos apontados aqui, hoje, estejam muito mais acompanhados de
elementos de angústia do que em alguns anos atrás.
Na UVA, sua história parece apontar para um vir a ser que
está sendo afetado por múltiplas agências contraditórias que fazem
com que a aparência de IES em processo de amadurecimento, possa
ser atrapalhado pela disputa constante por uma atribuição de vo-
cação essencialista de que seria uma instituição de ensino, desesti-
mulando esforços contrários para transformá-la em outro sentido.
A pesquisa que o grupo desenvolveu este ano de 2018 mostra que
a universidade é uma potência rizomática que se espalha para vá-
rias direções afetando muita gente. Entretanto, alcançar um grau de
Universidade de Excelência acadêmica onde a pesquisa e a extensão
tenha força equivalente ao ensino, ainda está em situação embrioná-
//186
Referências bibliográficas
ARENDT, Hanna. A Condição Humana. 8 ed. Forense
Universitária: Rio de Janeiro, 1997.
ARENDT, Ronald João Jacques. Pesquisa básicas versus pesquisa
aplicada. Temas em Psicologia, São Paulo, Sociedade Brasileira de
Psicologia, n. 3, 1996.
//190
Ficha técnica:
Direção: Antônia Letícia Adriano Silva
Direção de Produção: Nilson Almino de Freitas
Equipe de produção:
Ana Izabele Carneiro
Antônio Jarbas Barros de Moraes
Cleane dos Santos Medeiros
Elias Guilherme Soares
Francisca Ingrid Aguiar Parente
Jocilene Ramos Bastos
Luiz Eduardo Fernandes César
Maria Dedita Ferreira Lima
Francisca Sena da Silva
Francisco Renan Dias Marques
Otávio Rodrigo Silva do Nascimento
Samuel Mariano de Vasconcelos
Vicente de Paulo Sousa
Wellingta Maria Vasconcelos Frota
Edição e montagem:
Antônia Letícia Adriano Silva
Nilson Almino de Freitas
Produção:
Laboratório das Memórias e das Práticas Cotidianas - LABOME
//195
Apoio:
Memorial do Ensino Superior de Sobral - MESS
Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – PROEX/UVA
Instituto de Apoio ao Desenvolvimento da UVA – IADE
//196
DOS AUTORES
Adriana Campani
Possui graduação em Pedagogia e Mestrado em Educação pela Uni-
versidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorado pela Universi-
dade Federal do Ceará, com Estágio de Doutoramento na Univer-
sidade de Lisboa-UL (2008), sob orientação do Prof. Dr. Antônio
Nóvoa. Tem Pós-doutorado em Desenvolvimento Curricular pela
Universidade do Minho em Portugal. É professora efetiva classe as-
sociada do curso de pedagogia da Universidade Estadual Vale do
Acaraú (UVA). Exerceu o cargo de Pró-Reitora Adjunta de Ensino
de Graduação; procuradora Institucional (P.I.) e membro da Co-
missão Própria de Avaliação - CPA na mesma Universidade. É co-
ordenadora de área do Curso de Pedagogia Intercultural Cuiambá
Magistério Indígena Tremembé/Programa PARFOR. Coordena na
UVA o Observatório Internacional de Inclusão, Interculturalidade
e Inovação Pedagógica no Ensino Superior - OIIIIPe por meio do
Acordo de Cooperação entre a UFRJ/UVA, com mais 18 universi-
dades, sendo 5 internacionais. É líder do Grupo de Estudos e Pes-
quisa sobre Pedagogia Universitária - GEPPU/UVA, certificado pelo
CNPq. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Currí-
culo, Formação de Professores e Pedagogia Universitária.