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ÁREA TEMÁTICA: RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.

GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS E O PRODUTO


INTERNO BRUTO (PIB): ANÁLISE DA REALIDADE DE CAXIAS DO SUL –
RIO GRANDE DO SUL
Bruna Mantovani1 (brumantovani@hotmail.com), Gabriela Cavion1 (gabrielacavion@gmail.com),
Vanessa dos Santos Dutra1 (vanessadutra57@hotmail.com), Raquel Finkler1
(raquel.finkler@fsg.br)
1 Centro Universitário da Serra Gaúcha – FSG
RESUMO
A geração de resíduos no mundo aumenta ano após ano, sendo diversos os fatores que
influenciam tal crescimento, como por exemplo, a dinâmica populacional, a situação econômica da
região, aspectos culturais, entre outros. Considerando o exposto, o presente trabalho tem como
objetivo indicar a relação entre a geração de resíduos e a situação econômica da cidade de
Caxias do Sul/RS avaliando o comportamento de ambos índices do ano de 2011 até 2017. Para
tanto, são apresentados conceitos relacionados a resíduos sólidos urbanos e indicadores
econômicos. O trabalho foi desenvolvido com base em pesquisa bibliográfica, análise do PIB
(Produto Interno Bruto), população e a geração média de resíduos da cidade de Caxias do Sul. A
partir das informações apresentadas verificou-se a relação direta entre o desempenho da
economia e a quantidade de resíduos sólidos gerados, visto que junto à retração da economia
durante os anos de 2015 e 2016 ocorreu, simultaneamente, a diminuição do consumo e em
consequência a movimentação da geração de resíduos.
Palavras-chave: Resíduos sólidos urbanos; Economia; Caxias do Sul.

GENERATION OF URBAN SOLID WASTE AND GROSS DOMESTIC


PRODUCT (GDP): ANALYSIS OF THE REALITY OF CAXIAS DO SUL –
RIO GRANDE DO SUL
ABSTRACT
The generation of waste in the world increases year after year, with several factors influencing
such growth, such as the population dynamics, the economic situation of the region, cultural
aspects, among others. Considering the above, this paper aims to indicate the relationship
between the generation of waste and the economic situation of the city of Caxias do Sul / RS,
evaluating the behavior of both indexes from 2011 to 2017. For that, related concepts are
presented to urban solid waste and economic indicators. The work was carried out based on
bibliographical research, analysis of GDP (Gross Domestic Product), population and the average
generation of waste from the city of Caxias do Sul. From the information presented, it was verified
the direct relation between the performance of the economy and the amount of solid waste
generated, as together with the economic downturn during the years 2015 and 2016, there was
simultaneously a decrease in consumption and, consequently, a change in the generation of
waste.
Keywords: Urban solid waste; Economy; Caxias do Sul.
1. INTRODUÇÃO
A geração de resíduos sólidos no mundo cresce cada vez mais, dentre os diversos fatores que
justificam este crescimento pode-se destacar o crescimento populacional e o crescimento
econômico. Atualmente a média mundial anual da geração de resíduos sólidos urbanos (RSU) é
de 1,4 bilhões de toneladas, resultando em uma média per capita de 1,2 kg/ pessoa.dia.
Entretanto, nas três últimas décadas a geração de RSU aumentou três vezes mais que a taxa
populacional, elevando o impacto ambiental e a destinação de recursos financeiros para a sua

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disposição final, como exemplo, estudo da ONU afirma que 20 a 30% dos orçamentos dos
municípios são comprometidos para coleta e destinação dos RSU (WESTMORELAND, 2014).
Os resíduos sólidos urbanos representam o somatório dos resíduos domiciliares (gerados pelas
atividades domésticas em residências urbanas) com os resíduos de limpeza urbana (varrição,
poda, etc.) (BRASIL, 2010).
Para o futuro, estudos realizados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Banco
Mundial (2014), estima-se que daqui a dez anos serão produzidas 2,2 bilhões de toneladas
anuais, mas se o ritmo atual for mantido, a geração de resíduos pode alcançar a 4 bilhões de
toneladas por ano (WESTMORELAND, 2014). Infelizmente, para o Brasil a situação não é
diferente. Conforme Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(ABRELPE, 2015), o crescimento populacional brasileiro entre 2014 e 2015 foi de 0,8%, enquanto
o aumento de geração de resíduos foi de 1,7%, representando um avanço duas vezes maior que
o crescimento populacional.
Todavia, ao contrário da geração de resíduos, a economia apresentou queda nos últimos anos. A
situação atual brasileira vem causando grande preocupação, conforme informações do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016) o PIB (Produto Interno Bruto) vem acumulando
resultados negativos desde 2013, quando o crescimento retraiu 2,34% em 2014 e -4,55% em
2015. Para a cidade de Caxias do Sul no Rio Grande do Sul (RS), a situação foi ainda mais
preocupante, onde a economia apresentou queda de -7,96% em 2015 quando comparado a 2014
e de -11,5% em 2016 em relação a 2015 (FEE, 2017).
2. OBJETIVO
O presente trabalho tem por objetivo analisar a relação entre o desempenho econômico da cidade
de Caxias do Sul diante da geração de resíduos sólidos domiciliares (RSD) entre o ano de 2011
até 2017, cujo período foi marcado por uma grave crise econômica.
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Resíduo sólido domiciliar (RSD)
A ABNT NBR 10.004 (ABNT, 2004) conceitua resíduos sólidos como:
[...] resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de
varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de
tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle
de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou
exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor
tecnologia disponível. (ABNT, 2004, p.01)

A Lei Federal nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos determina a
obrigatoriedade da elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) nas
esferas municipal, estadual e federal, devendo este contemplar o gerenciamento integrado dos
diferentes resíduos sólidos gerados, cujo conteúdo mínimo é previsto em lei conforme a esfera
administrativa (BRASIL, 2010).
O PGRS deve ser utilizado pelo órgão público como uma ferramenta de gestão, visando à correta
destinação dos resíduos por parte das empresas e também dos munícipios. Ele é um documento
jurídico, portanto mostra que existe conformidade nos processos de geração e destinação dos
resíduos no meio ambiente. Cabe ao órgão público fiscalizar, e em caso do descumprimento das
normas, aplicar as devidas penalidades, que vão desde a aplicação de multas até a perda de
licença para operar nas atividades (BRASIL, 2010).
3.2 Indicadores econômicos
Se a economia é uma ciência que estuda a forma como recursos são alocados e o resultado
dessa alocação, logo, pode-se concluir que este processo deva ser avaliado de alguma forma. De

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acordo com Mendes et al. (2007), em um sistema econômico tudo pode e deve ser analisado
monetariamente, de modo que todo o resultado (bens e serviços) produzido pela economia seja
transformado em valor (medido pelo dinheiro ou pela moeda). Conforme Gremaud et al. (2011)
São diversos indicadores econômicos utilizados para avaliar a economia de um país, sendo que o
ideal é trabalhar com uma taxa de inflação sem grandes oscilações e com valores relativamente
baixos. No Brasil, os indicadores principais são (GREMAUD, 2011):
a) INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor (mede a variação de custo das famílias
com chefes assalariados e com rendimento mensal entre 1 e 5 salários mínimos mensais;
b) Taxa SELIC – Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (é a taxa básica de juros da
economia brasileira);
c) IGPM – Índice Geral de Preços do Mercado (mede a variação mensal dos preços);
d) IPCA ou INPCA – índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (mede a variação do
custo de vida das famílias com chefes assalariados e com rendimento mensal entre 1 e 40
salários mínimos mensais);
e) INCC – Índice Nacional de Custos da Construção (mede a evolução dos custos de
construções habitacionais nas 18 principais capitais dos estados do país);
f) Salário Mínimo: é o menor valor de remuneração que a legislação permite que os
empregadores paguem aos seus empregados;
g) Balança comercial – apresenta a relação entre as importações e exportações de bens e
serviços de um país em determinado período;
h) Produção Industrial - dentre todos os setores produtivos a indústria é o que exerce maior
impacto no crescimento do produto agregado;
i) PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (mede a quantidade de
pessoas com e sem emprego, taxa de ocupação, taxa de desemprego e rendimento médio
dos trabalhadores);
j) PIB – Produto Interno Bruto é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia
(mede a atividade econômica de uma determinada região);
Portanto, é através do PIB que é possível medir o desempenho da atividade econômica e o nível
de riqueza de uma determinada região do país, e, quando o país apresenta uma queda no valor
do PIB em dois trimestres consecutivos, significa que ocorreu retrocesso na economia. Ainda
assim, ressalta-se que apesar de ser um ótimo indicador para o crescimento econômico, o mesmo
não leva em consideração dados como expectativa de vida, nível educacional e distribuição de
renda desigual, portanto não pode ser considerado como um índice de desenvolvimento humano
(VASCONCELLOS & GARCIA, 2008).
Para o cálculo do PIB, considera-se apenas os bens e serviços finais da cadeia de produção,
excluído matérias-primas, mão-de-obra, impostos e energia. Assim, tem-se que o PIB é o Produto
Nacional menos a Renda Líquida Recebida do Exterior (VICECONTI & NEVES, 2013).
3.3 Situação econômica do Brasil
O Brasil passa por uma crise econômica e segundo a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC,
2016) isso é reflexo da crise econômica mundial de 2008. O Brasil sempre foi um país exportador
de matérias primas e produtos agrícolas e entre o início dos anos 90 até 2012 a economia chinesa
(em ascensão), gerou uma grande demanda por commodities o que impulsionou de forma muito
positiva o crescimento da economia brasileira.
Em 2008 acontece a crise econômica mundial e ao contrário do cenário mundial o Brasil não
sentiu os efeitos de imediato, mas com o passar do tempo, em função da desaceleração da
economia mundial, a demanda por commodities diminuiu e então os reflexos foram sentidos pelo
Brasil. Para manter a economia em alta, entre os anos de 2009 e 2010, diversas medidas foram
adotadas pelo governo, dentre elas pode-se destacar a redução da taxa básica de juros, o corte
de impostos e programas para aumentar a infraestrutura, sendo que este último teve como
consequência um aumento expressivo nos gastos públicos (EBC, 2016).

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Ainda assim, em 2010 o Brasil apresentava uma sólida estabilidade política e econômica, taxas de
desemprego cada vez menores e uma política e dinâmica empresarial internacional bastante
positiva. Porém, em contrapartida, com o governo do mandato de 2011 a 2014, a inserção
internacional decai drasticamente e consequentemente, a carga tributária eleva-se
concomitantemente com a infraestrutura deficiente. Como resultado disto, a aliança Estado-
sociedade é rompida, incidindo diretamente na quebra da confiança do país perante o
empresariado nacional e estrangeiro, retrocedendo a economia, percentual do PIB e valores de
exportações (CERVO & LESSA, 2014).
Fatores como uma política fiscal severa, ampla fragmentação partidária e fim dos melhores
índices de economia internacional, são os que justificam a atual crise política e econômica do
país. Ademais, ressalta-se que a operação Lava Jato foi um marco histórico que serviu como um
forte impulso para a crise acontecer, visto que nunca na história brasileira a elite política e classe
empresarial passaram por uma investigação judicial radical levando os mesmos à cadeia (NETO,
2016).
Para se ter uma ideia, quando houve a troca de presidência, em 2010, alguns números eram
animadores, como por exemplo o crescimento do PIB que registrou a marca de 7,5% (a maior em
quase 2,5 décadas), porém a produtividade não conseguiu resultados tão expressivos, o que dava
indícios de que nem tudo ia tão bem assim (EBC, 2016). Tanto é que em 2011 o Brasil acumulava
um déficit maior que US$ 92 bilhões na balança comercial de produtos industrializados e para
tentar retomar o crescimento da economia o governo aumentou a taxa de juros. Frustrado, diante
da estagnação econômica, o governo voltou atrás e reduziu novamente a taxa de juros, mas essa
e as demais medidas não foram suficientes para recolocar o Brasil novamente no caminho do
crescimento tanto que em 2014 o cenário econômico acumulava resultados negativos, a taxa de
juros era maior que 14% e a dívida pública comprometia em torno de 66% do PIB (NETO, 2016;
EBC, 2016).
Para piorar ainda mais o contexto, a economia chinesa em forte desaceleração fez com que o
preço das commodities despencasse, pode-se citar como exemplos o preço da tonelada de
minério de ferro que saiu de US$ 187,18 (fevereiro de 2011) para US$ 37 (dezembro de 2015) e o
preço do barril de petróleo que de perdeu mais de 60% do seu valor (EBC, 2016). Por fim, são
esses e diversos outros problemas foram se acumulando e resultaram na atual crise que os
brasileiros estão enfrentando.
3.4 Relação entre a economia e a geração de resíduos sólidos
Como visto anteriormente, em um sistema econômico, todo o resultado (bens e serviços)
produzido pela economia deve ser transformado em valor (medido pelo dinheiro ou pela moeda) e
com isso fica evidente a relação entre economia, bens e serviços. Diante disso, é possível
estabelecer a relação economia e consumo, visto que a renda do país é diretamente proporcional
ao consumo nacional (VASCONCELLOS & GARCIA, 2008).
De acordo com Godecke et al. (2012), apesar de novo, o consumo é um objeto de estudo que tem
cada vez mais ganhado importância pois influencia as maneiras de pensar, agir e sentir das
pessoas. Outra relação importante é a relação do consumo com a mídia, responsável por grande
parte das necessidades modernas, ou seja, as pessoas dispendem recursos financeiros em prol
de necessidades nem sempre verdadeiras, mas sim incutidas pela mídia e, neste ciclo, as
necessidades são renovadas em um ritmo muito mais rápido do que de fato seria necessário.
Ainda para Godecke et al. (2012) ao mesmo tempo em que a mídia incentiva o consumo, surgiu
na sociedade uma reflexão sobre as consequências que este movimento trouxe, inicialmente no
que tange à utilização dos recursos naturais (escassos) e mais tarde sobre a destinação dos bens
e serviços quando estes se tornam obsoletos.
Constata-se que o crescimento populacional, aliado ao cenário do consumo insustentáveis
ambientalmente e socialmente, tem contribuído diretamente com o aumento da geração diária de
resíduos sólidos. Além disto, ressalta-se que a população é afetada pelo incentivo paradoxal de
consumo que, consequentemente, influencia o descarte de resíduos (GIL, 2016).

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Tendo em vista os valores econômicos agregados nas destinações dos resíduos, aliado a crise
econômica brasileira dos últimos anos, a região Sul em 2016, optou por terceirizar 14% dos
serviços de coleta pública, ocasionando um aumento de 14% da massa de resíduos coletados
pelo serviço de coleta seletiva de resíduos sólidos domiciliares. Com isto, neste mesmo ano,
Caxias do Sul – RS ficou em segundo lugar como a cidade que possui maior índice de coleta
seletiva da Região Sul, com 24 mil toneladas de resíduos coletados, perdendo apenas para a
cidade de Curitiba, no Paraná, que apresentou coleta de 26 mil toneladas (SNSA, 2018).
4. OBJETIVO
Este trabalho tem por objetivo avaliar a relação entre os índices de geração de resíduos sólidos
urbanos (RSU) e o índice econômico Produto Interno Bruto (PIB) do município de Caxias do Sul,
durante o período de 2011 a 2017, verificando a interferência ou não da crise econômica perante
a geração de RSU.

5. METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste estudo inicialmente foram obtidos os dados correspondentes a
geração de resíduos sólidos urbanos da cidade de Caxias do Sul a partir de informações
disponibilizadas pela Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (CODECA), empresa
responsável pela coleta, transporte e destinação final dos resíduos. Na sequência, através de
pesquisa dos dados disponibilizados pela CIC (Câmara da Industria, Comércio e Serviços de
Caxias do Sul), FEE (Fundação de Economia e Estatística) e o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) foram obtidos os índices do PIB e da população.
Com estas informações foi possível realizar análise dos resultados a partir do comparativo anual
dos últimos 7 anos e observar a tendência de geração de resíduos urbanos diante da situação
econômica. A cidade em estudo, Caxias do Sul, representa 4,2% da população do estado, de
acordo com o IBGE (2017), com um território que abrange uma área de 1.652,308 km² e com uma
população estimada de 483.377 habitantes.
Caxias do Sul está localizada na Serra Gaúcha, a uma distância de 128 km de Porto Alegre,
capital do estado, e, destaca-se nos cenários estadual e nacional pela forte economia,
principalmente pelo setor metal-mecânico. Hidrograficamente, localiza-se sob um divisor de
águas, ao norte integra a Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-Antas e, ao sul, a Bacia Hidrográfica
do rio Cai, que formam a bacia do Lago Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre,
conforme o Serviço Autônomo Municipal de água e Esgoto (SAMAE, 2017).

6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Na Figura 1 apresenta-se valores anuais das coletas dos RSU em Caxias do Sul, salienta-se que
estes dados foram obtidos junto a empresa CODECA (Companhia de Desenvolvimento de Caxias
do Sul), a qual é responsável por toda a coleta e limpeza urbana da cidade.

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Figura 1: Quantidade de RSU coletados em Caxias do Sul.

Fonte: Elaborado pelo autor conforme CODECA (2018).

Analisando os valores da Figura 1, é possível verificar que a geração de resíduos aumentou de


2011 a 2014 e na sequência apresenta queda para os anos de 2015 e 2016. Em 2017 houve
reação, porém, o aumento foi em pequena escala, não chegando a +0,7%.
Em relação à economia, o PIB de Caxias do Sul no ano de 2013 (R$ 21.349.940.344,00) foi o
segundo maior do estado, ficando atrás apenas da capital Porto Alegre, de acordo com a
Fundação de Economia e Estatística (FEE, 2015). Na Figura 2, são apresentados os dados
consolidados do PIB para os anos de 2010 a 2015, disponibilizados pelo FEE. Para os anos de
2016 e 2017, utilizou-se os dados obtidos junto à CIC, visto que o FEE não disponibilizou até o
momento. O número de habitantes foi obtido junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2017).

Figura 2: Valor do PIB e o número de habitantes – Caxias do Sul

Fonte: Elaborado pelo autor, conforme informações da FEE, CIC e IBGE (2018).

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A partir da Figura 2, observa-se claramente o crescimento do PIB da cidade de Caxias do Sul de
2011 até 2014. Na sequência, apresentou uma queda de -7,96% em 2015 em relação a 2014 e
2016 também encerrou o ano com um decréscimo na economia de -11,50% em relação a 2015
(CIC, 2017). Ademais, 2017 a economia reagiu fechando o ano com um aumento de +5,6%
quando comparado a 2016 (CIC, 2018). Ao comparar a série histórica apresentada na Figura 2, o
ano que possuiu o maior PIB dos últimos 7 anos foi em 2014, com isto observa-se que a
economia em 2017 ficou ainda com um saldo negativo de 16,25% em relação a 2014.
Esta sequência de resultados negativos é resultado da crise econômica pela qual o Brasil
enfrenta. Todavia, o comportamento populacional da cidade mesmo em meio à crise vem
aumentando ano após ano. Com base nisto, observa-se que não há uma relação diretamente
proporcional entre o PIB e a população para a cidade de Caxias do Sul.
A Figura 3 apresenta a relação ente os índices populacional, PIB e geração de resíduo domiciliar
gerado na cidade de Caxias do Sul.

Figura 3: Comparativo anual dos índices populacional, PIB e geração de resíduos em Caxias do Sul.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

É evidente de que a geração de resíduos não é resultado apenas de um único fator. Muitos são os
fatores que podem influenciar o aumento da geração de resíduos urbanos, como por exemplo, o
número populacional, facilidade na obtenção de crédito para consumo, mídia que estimula o
consumo, uso de produtos descartáveis, redução de número de pessoas por domicílio, entre
outros (CAMPOS, 2012).
Em contrapartida, com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010), institui-se a
logística reversa e a responsabilidade compartilhada, buscando implementar hábitos de produção
e consumo mais sustentáveis. Campos (2012) afirma que este mesmo caminho que no Brasil
ainda não foi constituído, nos países europeus o mesmo já havia sido implantado e mesmo sob a
exigente conduta dos países desenvolvidos, os resultados alcançados não foram os esperados.

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Ainda analisando a Figura 3, através da linha de tendência polinomial de ordem 4, observa-se um
comportamento muito semelhante aos resultados do PIB e o oposto para o número da população.
Com base nisto, buscou-se informações referente a massa per capita atendida do município de
Caxias do Sul junto ao Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Ambiental (SNSA,
2018) e com os resultados apresentados na Figura 4, evidencia-se que o comportamento de
geração de resíduos per capita da população segue a mesma tendência do PIB municipal, com
exceção ao ano de 2014 em que apresente aumento na geração per capita e retrocesso da
economia.

Figura 4: Valor do PIB e a massa per capita de geração de resíduos – Caxias do Sul
COMPARATIVO ÍNDICE ANUAL DO PIB DE CAXIAS DO SUL E
GERAÇÃO DE RESÍDUOS PER CAPITA

PIB (R$ bilhões) Taxa per capita (kg/hab.dia) Polinômio (PIB (R$ bilhões))

R$ 25.000 0,86
0,84
R$ 20.000 0,82
R² = 0,9749
0,8
R$ 15.000
Valores

0,78
0,76
R$ 10.000
0,74

R$ 5.000 0,72
0,7
R$ 0 0,68
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
PIB (R$ bilhões) R$ 18.800R$ 20.150R$ 21.397R$ 22.421R$ 20.637R$ 18.264R$ 19.287
Taxa per capita (kg/hab.dia) 0,77 0,74 0,83 0,81 0,85 0,75
Ano

Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

7. CONCLUSÃO
A partir das informações apresentadas, fica evidenciado existência de relação entre o
desempenho da economia e a quantidade de resíduos sólidos gerados na cidade de Caxias do
Sul, tendo em vista a retração do PIB em 2015 e 2016 e em conformidade houve a queda da
geração de RSU. Constata-se também que o número da população não representa aumento nos
RSU, pois enquanto a população aumentou ano após ano, concomitantemente houve retração na
geração de resíduos.
Conforme Campos (2012) para uma redução significativa da geração de resíduos deve haver uma
mudança nos padrões brasileiros de produção e consumo e considerando a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, deve-se analisar o avanço que a mesma implicará em relação a redução ou até
mesmo a estabilização da geração de resíduos.
Todavia, os objetivos colocados na PNRS estão prolongados de 2014 para 2018 e 2021,
procrastinação que já está enraizada na política pública brasileira (DIAS et al, 2010). Por fim,
apesar de ainda haver um longo caminho a ser percorrido, salienta-se que é crucial o estímulo
governamental para políticas de desenvolvimento sustentável e a busca, através da educação
ambiental, pela conscientização da população para um consumo cada vez mais consciente.

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REFERÊNCIAS
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