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Médica
Prof.ª Mariana Franzoni Maioral
Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Mariana Franzoni Maioral
M227g
ISBN 978-65-5663-053-3
ISBN Digital 978-65-5663-054-0
CDD 575.1
Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico, seja bem-vindo a mais uma disciplina do nosso
curso de Biomedicina! Estamos prestes a iniciar os estudos da disciplina de
Genética Humana e Médica.
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
BASES MOLECULARES DA
GENÉTICA HUMANA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO À GENÉTICA
1 INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo ao nosso primeiro tópico da disciplina de Genética
Humana e Médica! Neste tópico abordaremos alguns conteúdos fundamentais
para o entendimento da disciplina, como o cariótipo humano, os processos de
divisão e regulação do ciclo celular e o conceito de célula-tronco. É importante
que você entenda bem esses assuntos iniciais para formar uma base sólida que
lhe permita adquirir o conhecimento crítico e aprofundado no qual se objetiva a
disciplina. Lembre-se de que sua participação é fundamental para o seu sucesso,
então realize as autoatividades propostas no final do tópico e não deixe de
procurar os materiais suplementares expostos ao longo dos temas abordados.
3
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
Como você deve lembrar, as células dão origem aos quatro tipos básicos
de tecidos humanos (epitelial, nervoso, conjuntivo e muscular), os quais, por sua
vez, dão origem aos órgãos (LEWIS, 2010). A estrutura básica de uma célula pode
ser vista na Figura 1 e a função das principais organelas celulares, no Quadro 1.
4
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À GENÉTICA
Rede de túbulos e
vesículas achatadas e
Retículo Síntese e empacotamento de
interconectadas que
endoplasmático proteínas e lipídios.
se comunicam com o
núcleo.
Quebra de diversas moléculas
Peroxissomo Saco contendo enzimas. participando da desintoxicação
celular.
Duas subunidades
Ribossomo globulares associadas de Participa da síntese proteica.
RNA e proteína.
Saco envolto por uma Armazenar e transportar
Vesícula
bicamada lipídica. substâncias.
FONTE: Adaptado de Lewis (2010)
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UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
FONTE: <https://image.slidesharecdn.com/ncleo-120606064756-phpapp01/95/ncleo-7-1024.
jpg?cb=1338965391>. Acesso em: 9 jun. 2020.
6
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À GENÉTICA
7
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
NOTA
FENÓTIPO E GENÓTIPO
FONTE: <https://i0.wp.com/trabalhosparaescola.com.br/wp-content/uploads/2019/02/
genotipo-e-fenotipo.jpeg?fit=600%2C283&ssl=1>. Acesso em: 9 jun. 2020.
8
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À GENÉTICA
DNA, inicia-se a fase G2, durante a qual a célula duplica seus centríolos, organelas
que serão necessárias durante a divisão e sintetiza componentes necessários para
a mitose, por exemplo, o fuso mitótico (LEWIS, 2010).
9
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
NTE
INTERESSA
Apesar de o termo morte celular soar como algo ruim, em muitos casos é
importante que algumas células do nosso corpo possam morrer de forma controlada.
Por exemplo, você já se perguntou como seus dedos foram formados? Durante a vida
intrauterina, as células entre os seus dedos foram instruídas a morrer, permitindo que seus
dedos fossem formados. Que bom que elas fizeram isso, caso contrário, você poderia ter
mãos ou pés com membranas entre os dedos, por exemplo.
10
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À GENÉTICA
11
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
3.2.1 Meiose I
Após a interfase, na prófase I (prófase da meiose I), os cromossomos
começam a se condensar e os homólogos se alinham um ao lado um do outro,
gene por gene, em um evento chamado sinapse. Neste momento, os cromossomos
homólogos trocam pedaços do seu DNA em um processo chamado cruzamento
ou, do inglês, crossing over (Figura 8). Após o crossing over, cada cromossomo que
antes continha genes de apenas um dos pais passa a apresentar genes de ambos os
12
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À GENÉTICA
13
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
3.2.2 Meiose II
As etapas da meiose II são muito semelhantes às etapas da mitose: enquanto
a meiose I tem como objetivo separar os cromossomos homólogos, a meiose II,
assim como a mitose, busca separar as cromátides irmãs. Como vimos no item
anterior, as células que iniciam a meiose II são células haploides originadas na
meiose I com apenas um cromossomo de cada par, mas ainda contendo duas
cromátides irmãs.
14
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À GENÉTICA
MITOSE MEIOSE
Processo de divisão celular em
Processo de produção dos gametas
DEFINIÇÃO que uma célula se divide em duas
humanos.
réplicas idênticas.
OCORRÊNCIA Células somáticas. Células germinativas.
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UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
DICAS
O YouTube conta com diversas videoaulas sobre mitose e meiose que podem
ajudá-lo a fixar e visualizar melhor este conteúdo! Por exemplo, acesse o canal Brasil
Escola pelo endereço https://www.youtube.com/MaisBiologiaRoger e procure por mitose
e meiose.
3.3 CÉLULAS-TRONCO
Você já deve ter ouvido falar em células-tronco, acadêmico, mas você sabe
o que elas são e por que são tão importantes?
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TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À GENÉTICA
FONTE: <https://www.coladaweb.com/wp-content/uploads/2014/12/20170313-celula-tronco3.
jpg>. Acesso em: 9 jun. 2020.
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UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
DICAS
18
RESUMO DO TÓPICO 1
• O ciclo celular diz se uma célula está se dividindo (mitose) ou não (intérfase).
É um processo regulado por pontos de checagem que garantem a duplicação
correta da célula. Quando isso não acontece, a célula recebe um sinal de morte
(apoptose).
19
AUTOATIVIDADE
Organela:
I- Lisossomo.
II- Retículo endoplasmático rugoso.
III- Núcleo.
IV- Retículo endoplasmático liso.
V- Complexo de Golgi.
VI- Mitocôndria.
VII- Peroxissomo.
Função:
( ) Síntese de lipídios.
( ) Contém DNA.
( ) Produção de energia.
( ) Digere restos celulares.
( ) Desintoxicação celular.
( ) Síntese de proteínas.
( ) Secreção e armazenamento.
20
Assinale a sequência correta:
a) ( ) V – F – V – V.
b) ( ) F – V – F – V.
c) ( ) V – F – V – F.
d) ( ) F – V – V – F.
21
( ) Anáfase.
( ) Metáfase.
( ) Telófase.
( ) Prófase.
A sequência correta é:
a) ( ) II – I – III – IV.
b) ( ) I – II – III – IV.
c) ( ) IV – I – II – III.
d) ( ) III – IV – I – II.
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TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Bem-vindo, acadêmico, ao Tópico 2 da primeira unidade do livro de
Genética Humana e Médica. Neste tópico iremos abordar brevemente alguns
conceitos importantes sobre reprodução humana e também sobre as etapas de
formação do embrião.
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UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
2 ESPERMATOGÊNESE
A espermatogênese, acadêmico, é o nome dado à formação dos gametas
masculinos, células haploides chamadas espermatozoides, a partir de uma
célula-tronco diploide chamada espermatogônia. Em seres humanos, o tempo
necessário para a espermatogônia se desenvolver em um espermatozoide maduro
é de aproximadamente 74 dias e cerca de 300 milhões de espermatozoides são
produzidos diariamente (LEWIS, 2010).
24
TÓPICO 2 — REPRODUÇÃO HUMANA E EMBRIOGÊNESE
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UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
FIGURA 14 - ESPERMIOGÊNESE
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TÓPICO 2 — REPRODUÇÃO HUMANA E EMBRIOGÊNESE
3 OVOGÊNESE
A ovogênese é a formação dos gametas femininos, os ovócitos, a
partir de uma célula precursora diploide chamada ovogônia. Assim como a
espermatogênese, a ovogênese é dividida em fases: fase germinativa ou de
multiplicação, fase de crescimento e fase de maturação. No entanto, diferente
da espermatogênese que só se inicia após o nascimento, a ovogênese já começa
no período intrauterino (GARCIA; GARCIA FERNÁNDEZ, 2012). A ovogênese
acontece nos ovários e, antes de começarmos a explicar cada uma das suas etapas,
você pode relembrar um pouco sobre a anatomia feminina na Figura 15.
27
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
NTE
INTERESSA
Talvez você já tenha ouvido falar que o risco de ter bebês com anomalias
genéticas aumenta de acordo com a idade materna, principalmente após os 35 anos de
idade. Você consegue imaginar por que isso ocorre? Ao contrário do homem que produz
espermatozoides durante toda a vida adulta, as mulheres já nascem com uma quantidade
limitada de ovócitos primários. Nós vimos que ao longo da vida da mulher não há produção
de novas células, elas apenas sofrem processos de maturação. Assim, os ovócitos primários
que darão origem aos óvulos liberados a cada ciclo menstrual até a menopausa já estão
formados desde o período embrionário. Se você considerar uma gravidez aos 40 anos, a
célula terá sido formada 40 anos antes! Como nós, as células do nosso corpo envelhecem
com o passar do tempo e células mais velhas têm maior risco de apresentar anormalidades
que comprometerão o embrião.
29
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
4 FECUNDAÇÃO
A fecundação é o processo no qual o gameta masculino, o espermatozoide,
e o gameta feminino, o ovócito, se encontram e se fundem dando origem ao
zigoto. Você sabia acadêmico, que centenas de milhares de espermatozoides
são depositados na vagina durante o ato sexual, mas que apenas 1% sobrevive a
acidez da vagina e somente um conseguirá finalizar a fecundação? Além disso,
um espermatozoide pode sobreviver no corpo da mulher por até três dias, mas
o ovócito só pode ser fertilizado nas primeiras 12 a 24 horas após a ovulação.
Incrível, não é?
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TÓPICO 2 — REPRODUÇÃO HUMANA E EMBRIOGÊNESE
31
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
E
IMPORTANT
Talvez você tenha algum caso de gêmeos na sua família, mas você sabe
como eles ocorrem? Existem basicamente dois tipos de gêmeos, os bivitelinos, também
chamados de dizigóticos, fraternos ou multivitelinos, e os univitelinos, também chamados
de monozigóticos.
Algumas mulheres têm maior predisposição genética para liberar mais de um ovócito
durante a ovulação, por isso costumamos dizer que é comum casos de gêmeos
acontecerem na mesma família! Os gêmeos univitelinos, por outro lado, surgem de um
único óvulo fecundado por um único espermatozoide. Nesses casos, o zigoto se divide e
dá origem a dois indivíduos geneticamente idênticos.
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TÓPICO 2 — REPRODUÇÃO HUMANA E EMBRIOGÊNESE
5 EMBRIOGÊNESE
Como vimos anteriormente, acadêmico, a embriogênese é o processo
de formação do embrião. Ele se inicia a partir da formação do zigoto durante a
fecundação e vai até as primeiras oito semanas do desenvolvimento intrauterino.
A partir da nona semana o embrião já possui aparência humana, mede cerca de
2,5 centímetros e passa a ser chamado de feto (LEWIS, 2010). Vamos agora estudar
de forma mais aprofundada cada uma das etapas da embriogênese, as quais estão
ilustradas nas Figuras 19 e 20.
FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/56/2a/562a0a6d3c847-desenvolvimento-
-embrionario-humano-large.jpg>. Acesso em: 9 jun. 2020.
blastoce caracteriza o fim da clivagem. Durante esse período, não há crescimento
efetivo do embrião e o tamanho original do zigoto não clivado é preservado
(SADLER, 2013).
ATENCAO
DIFERENCIAÇÃO CELULAR
34
TÓPICO 2 — REPRODUÇÃO HUMANA E EMBRIOGÊNESE
E
IMPORTANT
Nesse tipo de exame sempre aparecerá uma linha controle para mostrar que o exame
está funcionando e a segunda linha só aparecerá se o beta HCG for detectado. O exame
de sangue tem o mesmo princípio, a diferença é que é um teste mais sensível porque a
quantidade de hormônio no sangue é maior do que na urina.
DIFERENCIAÇÃO CELULAR
35
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
36
TÓPICO 2 — REPRODUÇÃO HUMANA E EMBRIOGÊNESE
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UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
38
TÓPICO 2 — REPRODUÇÃO HUMANA E EMBRIOGÊNESE
FONTE: <https://www.sobiologia.com.br/conteudos/figuras/embriologia/anexosembrionarios3.
jpg>. Acesso em: 9 jun. 2020.
FONTE: <http://www.mesalva.com/forum/uploads/default/optimized/2X/8/8f302f9682150b7e-
4c7b927f04dabcd5e0466f61_2_487x500.jpg>. Acesso em: 9 jun. 2020.
39
RESUMO DO TÓPICO 2
40
• A segunda etapa da embriogênese é a gastrulação, que é marcada pela formação
dos três folhetos embrionários ou germinativos: ectoderme, mesoderme e
endoderme. Nessa etapa, as células se organizam para formar o arquêntero, o
blatóporo, a linha primitiva e a notocorda.
41
AUTOATIVIDADE
1 Uma mulher com 40 anos tem maior probabilidade de gerar uma criança
com defeitos congênitos do que uma mulher com 20 anos. Mas, em homens
com 20 ou 40 anos, a probabilidade é a mesma. Esta diferença deve-se ao
fato de:
A sequência correta é:
a) ( ) F – V – V – F – V – V.
b) ( ) V – F – F – V – V – F.
c) ( ) V – V – F – F – F – F.
d) ( ) F – V – F – V – F – V.
42
FONTE: <https://d28wddiwk4qifq.cloudfront.net/2015/05/08165955/desenvolvimento-
-300x97.png>. Acesso em: 9 jun. 2020.
43
44
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo, acadêmico, ao terceiro tópico da disciplina de Genética
Humana e Médica. Até aqui você aprendeu os conceitos de cromossomo e cariótipo
humano e também foi apresentado aos processos que resultam na divisão celular
e na embriogênese. Agora, iremos ainda mais fundo no aprendizado sobre nossos
genes: abordaremos conceitos importantes como os ácidos nucleicos e veremos
também um princípio extremamente importante conhecido como o dogma central
da biologia molecular, que explica como as proteínas são formadas a partir de
moléculas de DNA.
Ao final deste tópico, você deverá ser capaz de conhecer um pouco sobre
a história da Genética, diferenciar os principais ácidos nucleicos (DNA, RNAm,
RNAt, RNAr) e compreender as principais etapas dos processos de replicação do
DNA e síntese de proteínas. Esses conceitos formarão a base necessária para a
compreensão dos assuntos abordados nos demais tópicos e para a interpretação
das aplicações clínicas da genética humana que serão exploradas nas unidades
seguintes. O conhecimento acerca desses conceitos será de suma importância para
a sua atuação profissional como biomédico, por isso é extremamente importante
a sua dedicação ao longo da nossa jornada.
2 HISTÓRIA DA GENÉTICA
Como vimos no início deste livro didático, acadêmico, a Genética é a
área da Biologia que estuda a forma como as características são transmitidas ao
longo das gerações. Desde o estabelecimento das primeiras civilizações humanas,
a importância da hereditariedade é reconhecida de forma empírica, ou seja, a
partir da prática, da observação e da experiência. Seus princípios eram aplicados,
por exemplo, na melhoria das culturas de grãos, da polinização e dos animais
domésticos e os primeiros registros sobre o assunto datam de mais de 4000 anos
a.C. O médico e filósofo grego Hipócrates (460-370 a.C.) foi o primeiro a propor uma
teoria para explicar a hereditariedade, conhecida como pangênese. Segundo essa
teoria, todas as partes do organismo produzem partículas chamadas “gêmulas”,
sendo que as gêmulas do macho e da fêmea se misturam produzindo um novo
organismo com características de ambos os progenitores (WINCHESTER, 1998).
Essa ideia é muito parecida com a noção que temos hoje de gene, o qual é definido
como a unidade física e funcional de hereditariedade.
45
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
DICAS
46
TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DO GENOMA HUMANO
O trabalho de Mendel foi tão importante que ele ficou conhecido como
o “pai da genética”. Mas foi apenas no início do século XX que a comunidade
científica reconheceu a importância do seu trabalho e diversos estudos foram
publicados demonstrando a herança mendeliana em plantas e animais, incluindo
seres humanos. Foi nessa época que se estabeleceu a Teoria Cromossômica da
Herança, que diz que os cromossomos são as unidades que carregam a informação
genética na forma de genes (MANDAL, 2019).
FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/64/c1/49/64c1493d057b4150b6034f8d8c77b8f0.png>;
<https://player.slideplayer.com.br/37/10711808/data/images/img1.jpg>. Acesso em: 9 jun. 2020.
47
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
E
IMPORTANT
A história não costuma incluir mulheres como agentes ativas e reconhecer este fato auxilia
a sociedade a tornar toda forma de conhecimento mais inclusiva, e não exclusiva. Rosalind
Franklin foi, possivelmente, uma das mulheres mais injustiçadas da ciência moderna.
Franklin era uma biofísica britânica contratada pela Universidade de Cambridge por sua
experiência com raios X. Em 1951, ela tirou aquela que seria chamada “entre as mais belas
fotografias de raios X de qualquer substância já tomada”, a Fotografia 51, que mostra uma
imagem nítida da estrutura do DNA. Ao mesmo tempo em que Watson e Crick tentavam
entender a estrutura do DNA usando os dados de Franklin, ela também estava concluindo
que o DNA tinha uma estrutura de dupla hélice. No entanto, o reconhecimento de Franklin
foi impedido por seu chefe, o biólogo molecular Maurice Wilkins, que não a aceitava como
coautora da descoberta e insistia que ela era apenas uma assistente de pesquisa. Assim,
apesar de ter conduzido o estudo que permitiu a observação do formato helicoidal do
DNA, o que rendeu a Watson, Crick e Wilkins o prêmio Nobel em 1962, seu nome não levou
nenhum crédito pela descoberta. Rosalind Franklin seguiu suas pesquisas até falecer, aos 37
anos, de câncer de ovário (ELLIOT, 2016).
FONTE: <https://s2.glbimg.com/e94HzKPnJE_tQNOuWul0R8NIPsI=/e.glbimg.com/og/
ed/f/original/2020/04/06/rosalind_franklin.jpg >; <https://www.chromosome.com.br/
wp-content/uploads/2013/06/photograph-51-image.jpg?w=478>. Acesso em: 9 jun. 2020.
DICAS
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UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
50
TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DO GENOMA HUMANO
51
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
52
TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DO GENOMA HUMANO
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UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
NTE
INTERESSA
O SENTIDO DA VIDA
FONTE: <https://i.pinimg.com/564x/79/11/b0/7911b0daaf0dacb17f4b7f68d9eef3c8.jpg>.
Acesso em: 9 jun. 2020.
54
TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DO GENOMA HUMANO
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UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
56
TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DO GENOMA HUMANO
Agora que você já sabe como o DNA é replicado, você deve se perguntar
como sua sequência de genes é responsável por todas as suas características? Iremos
discutir melhor este processo mais adiante, por enquanto, é importante que você
saiba que isso é possível porque os genes contêm as instruções para a síntese de
proteínas. Cada proteína (também chamadas polipeptídeo) é formada por uma
ou mais cadeias de aminoácidos: existem 20 tipos diferentes de aminoácidos na
natureza e cada proteína é formada por uma combinação específica. A sequência
de aminoácidos em uma proteína é especificada por uma sequência de unidades
codificantes em um gene, chamadas códons. Cada códon especifica a incorporação
de um aminoácido em um polipeptídio. Isso significa que o nosso DNA contém
os códigos responsáveis por informar quais aminoácidos serão formados e em
qual sequência, o que é capaz de formar cerca de 20.325 proteínas! Você já ouviu
falar deste processo, acadêmico, é o dogma central da biologia molecular que
mencionamos anteriormente e que está ilustrado na Figura 31. Mas antes de
explicarmos como o processo de síntese de proteína ocorre, é preciso conhecer
outra molécula importante, o RNA.
• RNA Ribossômico (RNAr): recebe esse nome por ser o principal constituinte
dos ribossomos, corresponde a 75% do RNA celular e é o principal responsável
pela síntese de proteínas.
• RNA Mensageiro (RNAm): corresponde a 1-5% do RNA total e sua função
é levar a informação genética do DNA (localizado no núcleo da célula) até os
ribossomos (localizados no citoplasma).
• RNA Transportador (RNAt): corresponde a 10-15% do RNA total e, como seu
nome indica, sua função é transportar os aminoácidos que serão utilizados na
síntese de proteínas até os ribossomos. Nos ribossomos, os aminoácidos se
unem e formam as proteínas.
5 SÍNTESE DE PROTEÍNAS
A síntese proteica é o processo que utiliza a informação genética contida em
nosso DNA para formar proteínas. Antes de entender como isso ocorre, lembre-
se de que um gene é um pedaço de DNA que carrega uma sequência específica
de ácidos nucleicos para dar origem a uma proteína. Para que isso aconteça, a
síntese proteica requer a presença de moléculas de RNA que funcionam como
uma “ponte” entre o código genético presente no DNA e a síntese proteica.
58
TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DO GENOMA HUMANO
59
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
Assim, sempre que houver uma adenina na fita molde de DNA, ela vai
parear com uma uracila na fita de RNAm sendo formada. A RNA polimerase
segue produzindo o RNAm até encontrar uma sequência de término que indica
o fim da região codificadora do gene. Nesta, que é a fase de terminação, a enzima
se solta, o RNAm fica livre no núcleo da célula e as duas fitas de DNA voltam a
se ligar formando novamente a dupla hélice (LEWIS, 2010).
60
TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DO GENOMA HUMANO
FONTE: <https://image.slidesharecdn.com/transcriognica2009-1-vera-121216083641-phpa-
pp01/95/transcrio-gnica-20091-vera-4-638.jpg?cb=1355647038>. Acesso em: 9 jun. 2020.
E
IMPORTANT
Você viu que os genes são regiões do DNA que possuem o código para sin-
tetizar proteínas. Mas você sabia que nem toda parte do gene tem essa função? Os genes
são formados por duas regiões chamadas de éxons e íntrons. Os éxons possuem, em
média, 145 pares de base e são a parte do gene que pode ser transcrita em proteínas. Os
íntrons, por sua vez, tem um tamanho médio de 3.500 pares de bases, estão distribuídos
entre os éxons e não são transcritos em proteínas. Isso significa que a maior parte dos ge-
nes e, consequentemente do DNA, não realizam a função principal dessas moléculas que
é codificar proteínas! Mas então para que eles servem? Durante muito tempo a existência
dos íntrons parecia ser um grande desperdício e eles foram chamados de “DNA lixo”, pois
não sabíamos bem quais eram suas funções. Atualmente, sabemos que os íntrons são
muito importantes, pois, apesar de não originarem diretamente proteínas como os éxons,
possuem diversas funções reguladoras.
61
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
62
TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DO GENOMA HUMANO
Um exemplo é a proteína leucina que pode ser codificada por seis códons
diferentes (LEWIS, 2010, SNUSTAD; SIMMONS, 2017). Na Figura 36, você pode
ver os 64 tipos de códons e os 20 aminoácidos formados a partir deles.
DICAS
63
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
64
TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DO GENOMA HUMANO
DICAS
Leia mais sobre o código genético e o Projeto Genoma nos sites a seguir:
• http://genoma.ib.usp.br/sites/default/files/projeto-genoma-humano.pdf;
• https://educacao.uol.com.br/disciplinas/biologia/gene---funcoes-codigo-genetico-e-
-sintese-de-proteinas.htm
65
UNIDADE 1 — BASES MOLECULARES DA GENÉTICA HUMANA
LEITURA COMPLEMENTAR
Informação demais
Outra descoberta é que em vez de termos duas cópias de cada gene (uma
do pai e outra da mãe), podemos ter só uma, ou três, ou mais. Isso é resultado
de grandes blocos de DNA que são perdidos ou duplicados — sim, o nosso
organismo parece ser um tanto bagunceiro. Essas perdas podem nos ajudar a
entender a razão de sermos tão diferentes. Ou o que está por trás de doenças
66
TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DO GENOMA HUMANO
sobre as quais pouco sabemos, como a esquizofrenia. Ou seja, boa parte das ideias
que tínhamos sobre nosso código genético se mostrou falha. Agora, é preciso
redescobrir as peças que nos constroem.
67
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Nos anos 2000, o Projeto Genoma foi concluído, tornando possível mapear os
genes humanos e identificar a sequência completa de bases das moléculas de
DNA (chamado sequenciamento).
• No núcleo das células está localizado o nosso DNA, um tipo de ácido nucleico
que tem a função de armazenar nossa informação genética codificada em
sequências de nucleotídeos. Os códigos são organizados em unidades
chamadas genes.
68
• Na fase de iniciação ocorre a formação da forquilha de separação, na fase de
alongamento a DNA polimerase adiciona os nucleotídeos formando a nova
fita a partir dos primers e forma-se os fragmentos de Okasaki na fita tardia. A
replicação finaliza na fase de terminação com a conferência da fita formada.
• O RNA difere-se do DNA por apresentar uma ribose no lugar da pentose e por
usar a base nitrogenada uracila ao invés da timina. Existem três tipos principais
de RNA: o RNA mensageiro, o RNA ribossômico e o RNA transportador.
CHAMADA
69
AUTOATIVIDADE
70
4 Todos os seres vivos têm suas informações genéticas codificadas pelas
sequências de bases nitrogenadas dos ácidos nucleicos. Assinale a
alternativa correta, considerando as informações a seguir:
71
72
UNIDADE 2 —
GENÉTICA CLÍNICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
73
74
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
PRINCÍPIOS DA HEREDITARIEDADE
1 INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo a nossa segunda unidade da disciplina de Genética
Humana e Médica! Agora que você já aprendeu alguns conceitos básicos na
Unidade 1, como cariótipo, cromossomo, mitose e meiose, RNA e DNA, você
está apto para iniciar o estudo dos princípios da hereditariedade que constituem
a base para o entendimento da genética clínica abordada ao longo desta unidade.
Lembre-se de que sua participação e comprometimento com a disciplina é
fundamental para o seu sucesso, então realize as autoatividades propostas no
final do tópico e não deixe de procurar os materiais suplementares expostos ao
longo dos temas abordados!
2 GENÉTICA MENDELIANA
No Tópico 3 da Unidade 1, nós mencionamos que a Genética como ciência
começou no século XIX, com os experimentos de Mendel com plantas de ervilha
de cheiro (Pisum sativum). Agora, acadêmico, iremos explicar detalhadamente
como Mendel realizou seus experimentos e como eles culminaram com o que
chamamos de As Leis de Mendel. Essas leis são um conjunto de fundamentos
que explicam os mecanismos primordiais da transmissão hereditária durante as
gerações e constituem a base da Genética.
75
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
76
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS DA HEREDITARIEDADE
verdade, genes. Além disso, sabemos que as formas dominante e recessiva são
denominadas alelos, que, como você já aprendeu na Unidade 1, são formas
alternativas de um gene (VARGAS, 2014). A partir disso, Mendel estabeleceu o
que foi chamado de Primeira Lei de Mendel:
77
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
78
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS DA HEREDITARIEDADE
Mendel também teve essa dúvida e, para saná-la, ele utilizou plantas que
diferiam em mais de um aspecto: ele cruzou plantas que produziam sementes
amarelas e lisas com plantas que produziam sementes verdes e rugosas. O
objetivo desse experimento, chamado di-híbrido, era verificar se a herança das
duas características da semente, cor e textura, eram independentes (VARGAS,
2014).
79
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
80
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS DA HEREDITARIEDADE
3 LEI DA PROBABILIDADE
Os quadrados apresentados nas Etapas 3 das Figuras 3 e 5 são chamados
de Quadrados de Punnett. Para montá-los é preciso separar os possíveis gametas
dos progenitores e cruzar suas informações com o objetivo de analisar os possíveis
zigotos que podem ser formados. O quadrado de Punnett é útil quando avaliamos
um ou dois genes, porém imagine a dificuldade do quadrado a ser montado se
quisermos analisar, por exemplo, quatro genes diferentes! Por isso, se o número
de genes analisados for maior que dois, é mais fácil utilizar os princípios da
probabilidade para prever um cruzamento (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON,
2013). Para entender isso, acadêmico, você precisará de de matemática!
Nós vimos nas Leis de Mendel que a segregação dos dois alelos de um
mesmo gene ocorre de maneira independente, ou seja, quando um heterozigoto
produz gametas, metade deles contém um alelo e a outra metade, o outro.
Seguindo este raciocínio, dizemos que um determinado gameta tem metade
das chances de conter o alelo dominante, ou seja, essa probabilidade é de ½. O
mesmo vale para a probabilidade de conter o alelo recessivo, também é de ½.
Entendendo este conceito, podemos prever o resultado de qualquer cruzamento!
Vamos começar com um exemplo simples, proposto por Snustad e Simmons
(2017) e ilustrado na Figura 6.
81
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
Este exemplo é simples, pois se trata de um único gene e por isso poderia
ser facilmente previsto por um Quadrado de Punnett. Mas pense no exemplo
que mencionamos no início do tópico, se quisermos prever o cruzamento entre
heterozigotos para quatro genes diferentes, todos com distribuição independente,
e quisermos saber qual a chance de obter um indivíduo homozigoto para os quatro
alelos recessivos. Para responder a essa pergunta vamos usar a probabilidade
e pensar em um gene de cada vez! Para o primeiro gene, a fração da prole de
homozigotos recessivos é de 1/4, assim como para o segundo, o terceiro e o
quarto genes. Portanto, pelo princípio de distribuição independente, a fração de
homozigotos recessivos quádruplos será de (1/4) × (1/4) × (1/4) × (1/4) = (1/256)!
4 HEREDOGRAMAS
Os princípios das Leis de Mendel, iniciados nas ervilhas, logo passaram a
ser aplicados à genética humana, porém, como você pode imaginar, acadêmico,
existem diversas questões éticas envolvidas na realização de experimentos
genéticos com seres humanos.
82
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS DA HEREDITARIEDADE
DICAS
Recomendamos também a leitura do livro O polegar do violinista para você que quer
aprofundar de forma didática e agradável seu conhecimento sobre genética. Neste
livro, o jornalista Sam Kean conta a história da genética de Mendel e suas ervilhas até o
conhecimento de ponta dos dias de hoje.
83
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
84
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS DA HEREDITARIEDADE
85
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
O teste do pezinho, feito no nascimento, tem como uma das funções detectar
esta doença. Outro exemplo de herança autossômica recessiva é o albinismo, um
defeito na produção de melanina que resulta em pouca pigmentação na pele,
olhos e cabelos (Figura 10) (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013).
86
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS DA HEREDITARIEDADE
E
IMPORTANT
ANEMIA FALCIFORME
87
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
88
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS DA HEREDITARIEDADE
89
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
NTE
INTERESSA
90
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS DA HEREDITARIEDADE
6.1 CODOMINÂNCIA
Nós já sabemos que um alelo dominante é aquele que tem o mesmo efeito
fenotípico em indivíduos heterozigotos e homozigotos, ou seja, os genótipos
AA e Aa produzem fenótipos iguais. Alguns genes, no entanto, possuem alelos
chamados codominantes, pois entre eles não existe relação de dominância e cada
um possui um fenótipo equivalente. Um exemplo de codominância é o sistema
sanguíneo humano MN, semelhante ao sistema ABO.
91
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
92
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS DA HEREDITARIEDADE
6.3 PLEITROPIA
Pleitropia é o nome dado a um único gene que atua na manifestação de
diversas características fenotípicas ao mesmo tempo. Um exemplo em humanos
é a doença fenilcetonúria. O principal efeito de mutações recessivas nesse gene
é a deficiência da enzima fenilalanina-hidroxilase, que resulta no acúmulo de
substâncias tóxicas no organismo. Porém, como esse gene é pleiotrópico, ele
também interfere em outros fenótipos, como a síntese de melanila. Isso resulta
no clareamento dos pelos do corpo, por isso indivíduos fenilcetonúricos, além
das manifestações clínicas da doença, costumam ter cabelos claros (SNUSTAD;
SIMMONS, 2017).
FONTE: <http://www.planetainvertebrados.com.br/imagens_artigos/textos/img_20150131_ol-
drkeovjja0.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2020.
93
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
94
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS DA HEREDITARIEDADE
95
RESUMO DO TÓPICO 1
• A primeira lei de Mendel diz que os genes existem aos pares. Os dois genes que
ocupam a mesma posição no par de cromossomos homólogos (um do pai, um
da mãe) são chamados alelos e podem ser heterozigotos (Aa) ou homozigotos
(AA e aa). A primeira lei de Mendel também define dominância e segregação.
• A lei da segregação diz que durante a meiose, há uma separação dos dois alelos
de modo que cada gameta receberá um deles aleatoriamente e com a mesma
probabilidade.
96
• Uma herança monogênica também pode afetar os cromossomos sexuais:
quando afetam genes do cromossomo Y são chamadas de holândricas e quando
afetam genes do cromossomo X são chamadas de doenças ligadas ao sexo ou
ligadas ao X. O daltonismo e a hemofilia são exemplos de doenças recessivas
ligadas ao X.
97
AUTOATIVIDADE
1 Desenhe o heredograma da sua família a partir dos seus avós e escolha uma
característica como “afetado” (pode ser uma doença hereditária conhecida
ou uma característica física como cabelos louros ou olhos azuis).
a) ( ) Sinônimo de gene.
b) ( ) Um genótipo homozigoto.
c) ( ) Um genótipo heterozigoto.
d) ( ) Uma de várias formas possíveis de um gene.
98
5 Quando o genótipo de um indivíduo consiste em um alelo dominante e
um alelo recessivo para uma determinada característica, o fenótipo desse
indivíduo será referente a qual alelo?
a) ( ) Ambos.
b) ( ) O dominante.
c) ( ) O recessivo.
d) ( ) Nenhum.
6 A ideia de que diferentes pares de alelos são passados para a prole de forma
independente é baseado no princípio de Mendel da _______1_______. A
ideia de que, para qualquer característica, o par de alelos de cada progenitor
se separa e apenas um dos alelos é transmitido para a prole, é o princípio
de Mendel de ______2______. Os números 1 e 2 nas frases anteriores são
referentes, respectivamente, a:
a) ( ) Heterozigotos.
b) ( ) Haploides.
c) ( ) Homozigotos.
d) ( ) Diploides.
99
100
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico, seja bem-vindo ao segundo tópico da Unidade 2 do
livro de Genética Humana e Médica! Você aprendeu na Unidade 1 deste livro
didático que nós humanos possuímos 23 pares de cromossomos (totalizando 46).
O número (2n) de 46 cromossomos é chamado diploide e corresponde à maioria
das células somáticas. Já o número (n) é chamado haploide e corresponde aos
gametas sexuais. A espécie humana possui dois tipos de cromossomos sexuais, o
cromossomo X e o cromossomo Y, que define o gênero masculino. Durante a meiose
no sexo masculino, os cromossomos X e Y se separam, produzindo dois tipos de
espermatozoide, um que tem X e outro que tem Y, enquanto que indivíduos XX do
sexo feminino só produzem um tipo de ovócito, com X. No Tópico 1 da Unidade
2, você viu que Mendel elaborou dois princípios de transmissão genética: (1) os
alelos de um mesmo gene são segregados; e (2) os alelos de dois genes diferentes
são distribuídos de modo independente. A constatação de que os genes estão
localizados nos cromossomos e o comportamento meiótico dos cromossomos são
a base dos princípios de segregação e distribuição independente que formam as
Leis de Mendel.
2 CARIÓTIPOS NORMAIS
Cariótipo é o nome dado ao conjunto diploide (2n) de cromossomos das
células somáticas. No cariótipo os cromossomos são estudados em relação à sua
quantidade e estrutura e é possível determinar a normalidade ou anormalidade
dos 46 cromossomos que compõem a espécie humana (LEWIS, 2010).
101
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
102
TÓPICO 2 — ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS
103
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
3 CARIÓTIPOS ALTERADOS
Como você deve imaginar, acadêmico, alterações no número na estrutura
dos cromossomos podem resultar em diversos distúrbios genéticos com
manifestações clínicas importantes. Neste tópico iremos abordar algumas delas.
104
TÓPICO 2 — ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS
105
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
4.1 TRISSOMIAS
A anormalidade cromossômica mais comum em seres humanos é a
síndrome de Down, uma aneuploidia causada pela presença de um cromossomo
21 a mais. Também é conhecida como trissomia do 21 e afeta igualmente indivíduos
de ambos os sexos (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013). Sua frequência é de
1:1500 casos em mulheres com menos de 25 anos e 1:100 casos em mulheres de
40 anos. Esse aumento é causado por fatores que afetam a meiose à medida que a
mulher envelhece. Nós vimos na Unidade 1 que, nas mulheres, a meiose começa
na vida fetal, mas só é concluída depois da fertilização do ovócito. Durante todo
o período antes da fertilização, as células meióticas permanecem na prófase da
primeira divisão. Quanto maior é a duração da prófase, maior é a chance de que não
haja pareamento adequado ou disjunção do cromossomo. Portanto, as mulheres
mais velhas são mais propensas a produzir ovócitos aneuploides (SNUSTAD;
SIMMONS, 2017). Estudos mais recentes mostram que a idade paterna avançada
(+55 anos) também aumenta o risco da síndrome. Além do comprometimento
mental, as principais características físicas de indivíduos com síndrome de Down
estão descritas na Figura 20 (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013). A figura
também mostra o cariótipo de uma paciente com a síndrome: 47 cromossomos,
incluindo dois cromossomos X e um cromossomo 21 extra. Portanto, o cariótipo
é 47, XX, +21 (SNUSTAD; SIMMONS, 2017).
106
TÓPICO 2 — ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS
107
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
ATENCAO
CORPÚSCULO DE BAAR
Na década de 1940, o cientista inglês Murray Barr observou no interior do núcleo das cé-
lulas somáticas de mamíferos um corpúsculo intensamente corado que só era encontra-
do em fêmeas. Ele chamou-o de corpúsculo de Barr ou cromatina sexual. Hoje sabemos
que se trata de um dos cromossomos X que se encontra condensado durante a interfase
e, portanto, é inativo.
Você aprendeu neste livro que as mulheres possuem dois cromossomos X, um de origem
materna e outro de origem paterna; mas você pode se perguntar: se uma mulher possui
genótipo XX, ela não deveria ter o dobro de produtos de um gene presentes neste cro-
mossomo quando comparado com um homem XY que possui apenas um cromossomo
X? A resposta é não! E isso acontece devido a um fenômeno chamado compensação de
dose, que leva a formação do corpúsculo de Baar.
108
TÓPICO 2 — ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS
CORPÚSCULO DE BAAR
4.2. MONOSSOMIAS
Como você aprendeu, acadêmico, monossomia é a ausência de um
cromossomo em um indivíduo diploide. Em seres humanos, só existe um tipo
de monossomia compatível com a vida e ela também afeta os cromossomos
sexuais: o cariótipo 45, X, conhecido como síndrome de Turner. Esses indivíduos
têm apenas um cromossomo X, portanto seu fenótipo é feminino, mas possuem
ovários pequenos e são quase sempre estéreis.
Como você pode ver na Figura 22, o cariótipo 45, X pode se originar de
duas maneiras: ou de ovócitos ou espermatozoides sem um cromossomo sexual
devido a erros na meiose; ou da perda de um cromossomo sexual durantes a
mitose após a fertilização. Essa última possibilidade é explicada por um fenômeno
chamado mosaicismo e pela constatação de que muitos indivíduos com síndrome
de Turner são mosaicos somáticos (SNUSTAD; SIMMONS, 2017).
109
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
110
TÓPICO 2 — ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS
111
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
NTE
INTERESSA
Para saber mais sobre a Progeria você pode assistir ao documentário da HBO: A vida de
acordo com Sam (2013) (legendado), disponível no YouTube: https://www.youtube.com/
watch?v=G-xX6sFIGyc
FONTE: <https://www.progeriaresearch.org/wp-content/uploads/2019/04/1.-Progeria-
-FAQs-square.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2020.
112
RESUMO DO TÓPICO 2
113
AUTOATIVIDADE
I- É do sexo feminino.
II- É do sexo masculino.
III- Não apresenta nenhuma alteração quanto ao número de cromossomos.
IV- Possui Síndrome de Down.
V- Possui Síndrome de Turner.
114
um indivíduo do sexo masculino, com alterações físicas e comprometimento
cognitivo, verificou que ele apresentava o seguinte cariótipo: 47, XY, +18.
Esta alteração cromossômica pode ser classificada como:
3 Quais são os cariótipos de (I) uma mulher com síndrome de Down, (II) um
homem com trissomia do13, (III) uma mulher com síndrome de Turner,
(IV) um homem com síndrome de Klinefelter, (V) um homem com deleção
no braço curto do cromossomo 11?
a) ( ) (I) 46, XX, +21; (II) 46, XY, +13; (III) 46, X; (IV) 46, XXY; (V) 46 XY-11.
b) ( ) (I) 45, X; (II) 47, XXY; (III) 47, XX, +21; (IV) 47, XY, +13; (V) 46, XY
del(11p).
c) ( ) (I) 47, XX, +21; (II) 47, XY, +13; (III) 45, X; (IV) 47, XXY; (V) 46, XY
del(11p).
d) ( ) (I) 46, XX, +22; (II) 47, XY, +13; (III) 45, X; (IV) 47, XX, +Y; (V) 46, XY -11p.
4 Uma mulher com cariótipo 47, XXX tem cariótipo anormal. Assinale a
alternativa correta referente a essa anomalia:
115
Assinale a alternativa correta:
a) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
b) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I, III e IV estão corretas.
d) ( ) As afirmativas III e IV estão corretas.
116
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
IMUNOGENÉTICA
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico, seja bem-vindo ao terceiro tópico da Unidade 2 do Livro
Didático de Genética Humana e Médica!
2 PRINCÍPIOS DA IMUNIDADE
Como resumimos na Figura 25, acadêmico, a resposta imunológica é
dividida, para fins didáticos, em imunidade inata e imunidade adaptativa (ou
adquirida).
117
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
118
TÓPICO 3 — IMUNOGENÉTICA
Em resumo, a infi nita especifi cidade dos TCRs e BCRs é possível graças ao
rearranjo de segmentos gênicos no DNA dos linfócitos B e T (BORGES-OSÓRIO,
ROBINSON, 2013).
4 SISTEMAS ABO E RH
Os grupos sanguíneos são antígenos localizados na superfície das
hemácias e são exemplos de polimorfismos importantes como marcadores
genéticos. Como você viu no Tópico 1 desta unidade, polimorfi smo é a ocorrência
de dois ou mais alelos alternativos para um mesmo gene e são resultados de
mutações (substituiç õe s, deleç õe s, inserç õe s e encadeamentos alternativos) em um
segmento de gene (nucleotí deo, có don ou sequê ncias maiores) que resultam na
alteraç ã o do produto fi nal codifi cado. Já o termo “marcadores gené ticos” refere-
se àquelas características com padrões simples de heranç a, fenó tipos facilmente
identifi cá veis, frequê ncias alélicas relativamente altas em diferentes populaç õe s
e ausência de infl uência de fatores ambientais que, por estes motivos, sã o ú teis
em estudos familiares e populacionais. Os sistemas de grupos sanguí neos são
marcadores importantes para transfusõ es de sangue, transplantes de ó rgã os,
obstetrí cia, medicina legal, gené tica forense e na investigaç ã o de paternidade.
Atualmente, sã o conhecidos mais de 300 antí genos eritrocitários, dos quais 270
estã o agrupados em cerca de 30 sistemas de grupos sanguí neos diferentes. Alguns
desses sistemas sã o muito comuns entre os indiví duos da espé cie humana, como
os sistemas ABO e Rh, e são chamados de antígenos públicos. Outros sistemas
são muitos raros e recebem o nome de antígenos privados (BORGES-OSÓRIO,
ROBINSO, 2013).
120
TÓPICO 3 — IMUNOGENÉTICA
Você aprendeu, no Tópico 1, que nesse sistema existem pelo menos três
alelos diferentes, chamados alelos múltiplos: os alelos A e B são codominantes,
enquanto que o alelo O é recessivo em relação a eles. Com isso, os fenótipos ABO
são divididos em quatro grupos: A, B, AB e O. No entanto, cada um desses alelos
apresenta ainda muitas variantes, as quais são resultado de mutações pontuais e
recombinações. Para você ter uma ideia da enorme variedade de alelos do sistema
ABO, acadêmico, veja o exemplo a seguir: as variantes mais importantes dos
alelos A são A1, A2, A3 e Ax. Assim, indivíduos do grupo A podem dividir-se
nos subgrupos A1, A2, A3, Ael e Ax e os indivíduos do grupo AB podem dividir-
se em A1B, A2B, A3B, AelB e AxB, por exemplo. Existem também variantes dos
alelos B, mais raras do que as de A, chamadas B3, Bx e Bel e ainda variações do
alelo O: O1, O1v, O2, O3, O4 e O5 (BATISSOCO; NOVARETTI, 2003). No Quadro
4 você pode observar as características genotípicas e fenotípicas do sistema ABO.
121
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
122
TÓPICO 3 — IMUNOGENÉTICA
4.2 SISTEMA RH
O sistema Rh é o mais complexo dos sistemas eritrocitários e o 2º mais
importante, depois do sistema ABO, na medicina transfusional. O nome “Rh”
vem de macacos Rhesus que possuem o fator Rh em seu sangue.
123
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
124
TÓPICO 3 — IMUNOGENÉTICA
NOTA
ERITOBLASTOSE FETAL
FONTE: <https://planetabiologia.gumlet.com/wp-content/uploads/2016/09/Rh-negativo-
-e-o-pai-%C3%A9-Rh-positivo.jpg?compress=true&quality=80&w=800&dpr=1.0>. Acesso
em: 10 jun. 2020.
125
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
126
TÓPICO 3 — IMUNOGENÉTICA
127
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
6.1 IMUNODEFICIÊNCIAS
Quando o sistema imune não é capaz de funcionar de forma adequada
o indivíduo possui uma imunodeficiência, que pode ser hereditária (também
chamada imunodeficiência primária) ou adquirida (também chamada
imunodeficiência secundária.) As imunodeficiências hereditárias são causadas
por defeitos em um dos genes necessários para a produção de proteínas que
compõem o sistema imune e, geralmente, são doenças congênitas raras. Alguns
exemplos são listados no quadro a seguir:
PARTE
AFETADA
DOENÇA CARACTERÍSTICAS
DO SISTEMA
IMUNE
Imunidade Imunodeficiência comum As células B não amadurecem e, por isso,
humoral: afeta variável não conseguem produzir anticorpos.
células B e a
Resultado de uma mutação no
produção de Agamaglobulinemia
cromossomo X, há ausência de células B e
anticorpos ligada ao cromossomo X
níveis muito baixos de anticorpos.
Causa ausência ou deficiência do timo, o
Imunidade que prejudica a maturação dos linfócitos
celular: afeta Síndrome de DiGeorge T que acontece nesse órgão. Pode ser
linfócitos T causada por uma mutação espontânea ou
por uma anomalia cromossômica.
Pode ser autossômica ou lidada ao
cromossomo X. É uma doença grave e
Imunodeficiência
Imunidade potencialmente fatal que causa baixos
combinada grave (SCID)
humoral e níveis de anticorpos e diminuição ou
celular: Afeta ausência de células T.
células Pode ter origem autossômica dominante
Síndrome da
BeT ou recessiva, causa um aumento
hipergamaglobulinemia
exagerado na produção de IgE o que gera
E
abcessos e furúnculos recorrentes.
Os fagócitos ingerem, mas não
Doença granulomatosa
Fagócitos conseguem produzir as substâncias que
crônica
matam determinadas bactérias e fungos.
Deficiência ou mau funcionamento do
Proteínas do
Angioedema hereditário inibidor de C1, uma das proteínas do
complemento
sistema complemento.
FONTE: A autora
128
TÓPICO 3 — IMUNOGENÉTICA
129
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
Após três meses de uso desse antirretroviral, 87% das pessoas com HIV/
Aids já apresentavam carga viral inferior a 50 cópias/mL. O Dolutegavir é usado
em combinação com os antirretrovirais Tenofovir e Lamivudina no esquema
chamado "2 em 1". Ou seja, apesar de serem três compostos, os pacientes tomam
apenas dois comprimidos: um de Dolutegravir e outro formado por Lamivudina
+ Tenofovir (BRASIL, 2019).
130
TÓPICO 3 — IMUNOGENÉTICA
DICAS
Recomendamos também o site do Ministério da Saúde, no qual você pode encontrar in-
formações sobre diagnóstico, tratamento, transmissão, janela imunológica, além de outros
assuntos relevantes: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/aids-hiv.
Doença
Características
autoimune
Doença na qual o sistema imunológico ataca os folículos
Alopécia areata pilosos, resultando em queda acentuada de cabelo. Pode ser
causada por estresse grave.
Artrite Doença sistêmica causada pela infiltração de leucócitos nas
reumatoide articulações, causando inflamação.
Doença que envolve a produção de anticorpos contra várias
Diabetes tipo 1 proteínas, incluindo as células β do pâncreas que produzem
insulina.
Reação imunológica à ingestão de glúten criando uma
Doença celíaca
inflamação que danifica o revestimento do intestino delgado
Doença em que os antígenos tireoidianos se encontram
Doença de próximos ao receptor do hormônio estimulante da tireoide.
graves Causa hipertireoidismo (produção excessiva de hormônios
pela glândula tireoide).
Doença em que o sistema imunológico destrói a cobertura
Esclerose
protetora de nervos causam distúrbios na comunicação entre
múltipla
o cérebro e o corpo.
131
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
132
TÓPICO 3 — IMUNOGENÉTICA
NOTA
O termo “lupus” tem origem na palavra lobo, pois uma das características da doença é um
padrão de lesões na face em formato de borboleta que lembram as manchas de um lobo.
Em 1872, o médico Kaposi subdividiu o lúpus nas duas formas que conhecemos hoje, a
discoide ou cutânea, que afeta predominantemente a pele, e a sistêmica, que afeta o
corpo como um todo e é potencialmente fatal.
Lúpus é uma doença autoimune rara, causada por um desequilíbrio no sistema imunoló-
gico que faz com que as células B produzam autoanticorpos e ataquem tecidos do pró-
prio organismo, como pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro. Cerca de
90% dos portadores de lúpus são mulheres, provavelmente pelo fato de que o hormônio
feminino estrógeno é autoformador de anticorpos, enquanto que o hormônio masculino
testosterona é baixo produtor.
Nas mulheres portadoras ocorre excesso na produção de anticorpos pela presença do es-
trógeno, o que resulta em altas taxas da proteína gamaglobulina nos exames laboratoriais.
Pacientes com lúpus precisam fazer tratamento por toda a vida, pois quando não tratado,
desenvolve-se rapidamente insuficiência renal e lesões cerebrais (BRUNA, 2011; SMITH;
CYR, 1988).
133
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os genes que codificam TCRs e BCRs são formados por segmentos de genes
que se recombinam de forma aleatória, o que permite que uma quantidade
limitada de segmentos codifique uma infinidade de receptores/anticorpos
(recombinação somática) e garante a hipervariabilidade e a especificidade para
cada antígeno.
134
AUTOATIVIDADE
135
a) ( ) Mãe Rh-, pai Rh-, 1º filho Rh-, 2º filho Rh+, 3º filho Rh-.
b) ( ) Mãe Rh+, pai Rh+, 1º filho Rh+, 2º filho Rh+, 3º filho Rh-.
c) ( ) Mãe Rh-, pai Rh+, 1º filho Rh-, 2º filho Rh+, 3º filho Rh-.
d) ( ) Mãe Rh-, pai Rh+, 1º filho Rh+, 2º filho Rh+, 3º filho Rh-.
136
TÓPICO 4 —
UNIDADE 2
GENÉTICA DE TUMORES
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico, seja bem-vindo ao quarto tópico da Unidade 2 do Livro
Didático de Genética Humana e Médica!
137
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
Todo câncer é clonal, ou seja, as células que compõem a massa tumoral são
originadas de uma única célula que sofreu algum tipo de mutação no seu DNA
levando à produção de inúmeros clones alterados dela mesma (Figura 34). O
processo de formação do câncer, ou carcinogênese, em geral, ocorre lentamente,
podendo chegar a 10 anos ou mais e é dividida em três fases que você verá a
seguir.
FONTE: <https://www.helioangotti.com.br/wp-content/uploads/2018/08/Histo%CC%81ria-do-
-ca%CC%82ncer-do-Brasil1.docx.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2020.
138
TÓPICO 4 — GENÉTICA DE TUMORES
139
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
140
TÓPICO 4 — GENÉTICA DE TUMORES
141
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
142
TÓPICO 4 — GENÉTICA DE TUMORES
143
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
144
TÓPICO 4 — GENÉTICA DE TUMORES
FIGURA 40 - CARIÓTIPO DE UMA CÉLULA NORMAL (A) E DE UMA CÉLULA MALIGNA (B)
FONTE: <https://image.slidesharecdn.com/genticadocncer14-140410094656-phpapp01/95/
gentica-do-cncer-140414-3-1024.jpg?cb=1397123289>. Acesso em: 10 jun. 2020.
145
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
E
IMPORTANT
146
TÓPICO 4 — GENÉTICA DE TUMORES
FONTE: A autora
4 NEOPLASIAS HEREDITÁRIAS
As neoplasias hereditárias correspondem a apenas 1% dos casos de
câncer e ocorrem quando um gene dominante herdado de um dos progenitores
predispõe o surgimento de diversas malignidades, como mama, ovário, sistema
digestório e células sanguíneas. Algumas das características clínicas associadas
ao câncer hereditário incluem idade precoce no diagnóstico, múltiplas neoplasias
em um mesmo indivíduo, muitos membros de uma mesma família apresentando
neoplasias relacionadas e múltiplas gerações afetadas (BORGES-OSÓRIO;
ROBINSON, 2013).
bem como a presença do gene de fusão ALK/EML4. Por outro lado, cientistas
observaram que alguns indivíduos japoneses e chineses apresentam risco
reduzido de desenvolver esta neoplasia e estudos demonstraram que isso ocorre
pela deleção de alelos dos genes CYP2A6 e CASP8, respectivamente. Nesse caso,
essas mutações teriam efeito protetor para o câncer de pulmão. Além dos cânceres
de mama e de pulmão, diversas outras malignidades podem ter origem genética,
como algumas leucemias que vimos anteriormente e alguns casos de carcinoma
colorretal (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013).
NTE
INTERESSA
A mãe da atriz faleceu de câncer de mama aos 56 anos, após lutar 10 anos contra a doença.
Atualmente, existem testes genéticos que permitem a detecção de mutações nos genes
BCRA1 e BCRA2, como técnicas de sequenciamento. Você irá aprender mais sobre elas na
Unidade 3 deste livro didático.
5 NEOPLASIAS E VÍRUS
Hoje sabemos que alguns tipos de vírus, tanto de DNA quanto de RNA,
podem causar neoplasias malignas. É claro, acadêmico, que assim como os outros
fatores de risco que mencionamos anteriormente, inclusive a predisposição
genética, o vírus sozinho não é suficiente para desencadear um câncer: é preciso
sempre haver uma combinação de fatores.
148
TÓPICO 4 — GENÉTICA DE TUMORES
MATERIAL
VÍRUS CÂNCER ASSOCIADO
GENÉTICO
O vírus causa mononucleose infecciosa, porém
aumenta o risco de desenvolver linfoma
Epstein-Barr
de Burkitt, doença de Hodgkin, carcinoma
nasofaríngeo e outros tumores sólidos.
Hepatite B e C Causam inflamação no fígado e estão associados
(HBV e HCV) ao desenvolvimento de câncer hepático.
DNA
Em pacientes com AIDS pode levar ao
Herpes-vírus
desenvolvimento de sarcoma de Kaposi.
149
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
HTLV-I e
Causam tipos raros de leucemia linfocítica.
HTLV-II
Chamado de HIV (vírus da imunodeficiência
RNA
humana), causa a síndrome de imunodeficiência
HTLV-III
adquirida (AIDS), fator de risco para o
desenvolvimento de sarcoma de Kaposi.
FONTE: A autora
DICAS
Para saber sobre o CRISPR (do inglês Clustered Regularly Interspaced Short
Palindromic Repeats), assista à série documental Unnatural Selection e ao episódio De-
signer DNA da série Explained, ambos disponíveis no Netflix.
150
TÓPICO 4 — GENÉTICA DE TUMORES
LEITURA COMPLEMENTAR
Médicos combatem câncer com edição genética pela primeira vez nos EUA
Sofia Aureli
151
UNIDADE 2 — GENÉTICA CLÍNICA
FONTE: <https://olhardigital.com.br/noticia/medicos-combatem-cancer-com-edicao-genetica-
-pela-primeira-vez-nos-eua/92727>. Acesso em: 10 jun. 2020.
152
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• O ciclo celular é dividido em mitose e intérfase, que é subdividida nas fases G1,
S e G2. Entre essas fases existem pontos de checagem que conferem se a célula
está se replicando de forma adequada.
153
• Alguns tipos de vírus podem causar neoplasias malignas ao fundir seu material
genético ao da célula hospedeira, aumentando o risco de mutações. Dentre eles
estão o vírus HPV, os vírus da hepatite B e C, o vírus HTLV, o herpes vírus e o
Epstein-Barr.
CHAMADA
154
AUTOATIVIDADE
3 Ana tem 30 anos e está preocupada com o risco de vir a desenvolver câncer
de mama, uma vez que sua mãe teve esse tipo de câncer aos 38 anos e
uma irmã, com 33 anos, apresentou recentemente um pequeno nódulo
maligno no seio esquerdo. Sabe-se que 5% das mulheres com câncer de
mama herdam uma mutação germinativa no gene BRCA, que determina
suscetibilidade ao câncer. Sobre a genética de tumores, assinale a alternativa
incorreta:
155
156
UNIDADE 3 —
TÓPICOS AVANÇADOS EM
GENÉTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
157
158
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo à terceira e última unidade da disciplina
de Genética Humana e Médica! Você iniciou esta jornada aprendendo alguns
conceitos básicos na Unidade 1, como cariótipo, cromossomo, mitose, RNA e DNA.
Essa base adquirida na primeira unidade do nosso livro didático lhe permitiu
entender os princípios da hereditariedade na Unidade 2, na qual você estudou
a herança monogênica e multifatorial, dominante e recessiva, autossômica e
ligada ao sexo. Nesta segunda etapa de aprendizado, você também estudou dois
tópicos com aplicações muito importantes dentro da genética: a imunogenética e
a imunologia de tumores.
2 CITOGENÉTICA
Você aprendeu na Unidade 2 deste livro que muitas doenças genéticas são
causadas por distúrbios no número e na estrutura dos cromossomos: as alterações
numéricas geralmente são descritas como variações da ploidia do organismo,
enquanto que as alterações estruturais, por exemplo, a fusão de um fragmento de
um cromossomo com outro, é denominada rearranjo.
159
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
160
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS TÉCNICAS GENÉTICAS E DE BIOLOGIA MOLECULAR
161
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
E
IMPORTANT
BANDEAMENTO G
A técnica de citogenética clássica que usa coloração com o corante de Giemsa é cha-
mada de banda G ou bandeamento G (G de Giemsa). O corante Giemsa tem esse nome
em homenagem ao químico alemão Gustav Giemsa e é usado também no diagnóstico
histopatológico da malária e outros parasitas. O corante adere a regiões do DNA ricas
em ligações timina-adenina, por isso seu nome (banda G), pois ele produz um padrão
de bandas horizontais claras e escuras ao longo dos cromossomos. Esse padrão permite,
além da identificação exata de cada par cromossômico, a análise da sua estrutura e a
visualização de alterações estruturais como translocações e rearranjos.
162
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS TÉCNICAS GENÉTICAS E DE BIOLOGIA MOLECULAR
dentre elas a técnica de hibridização in situ por fluorescência (do inglês fuorescence
in situ hybridization, FISH), é que ela permite a detecção de anormalidades
específicas, ou seja, no alvo predeterminado (CHAUFAILLE, 2005).
163
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
164
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS TÉCNICAS GENÉTICAS E DE BIOLOGIA MOLECULAR
divisão, enquanto que a segunda usa a hibridização com uma série de sequências
genômicas conhecidas e fixas em uma lâmina (HALDER, 2012; RIEGEL, 2014;
SNUSTAD; SIMMONS, 2017).
3 BIOLOGIA MOLECULAR
Você deve imaginar, acadêmico, que, ao contrário dos cromossomos,
o DNA não pode ser visto através do microscópio. Por isso, quando o médico
suspeita da presença de mutações em um gene, ele irá encaminhar o paciente
para um laboratório, onde serão coletadas amostras de sangue e, a partir dele,
o geneticista molecular irá extrair o DNA das células do paciente e usá-lo para
realizar testes específicos. Apesar de ser uma área ainda recente, existem várias
técnicas disponíveis atualmente para detectar alterações gênicas e para avaliar a
presença de doenças genéticas. A Genética Molecular é baseada no ramo da Biologia
chamado Biologia Molecular, que estuda as interações bioquímicas e celulares
165
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
Outra alternativa que vem sendo cada vez mais utilizada por ser um
método não invasivo é a extração de material genético a partir de raspado bucal.
Após a obtenção do material, a extração e purificação dos ácidos nucleicos
podem ser realizadas por protocolos que utilizam reagentes preparados no
próprio laboratório (o que chamamos de métodos in house) ou através do uso
de kits comerciais. Em geral, todos os protocolos de extração de DNA envolvem
as seguintes etapas (PEREIRA; LEISTNER; MATTE, 2001; ALVES; SOUZA,
2013) (Figura 4):
166
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS TÉCNICAS GENÉTICAS E DE BIOLOGIA MOLECULAR
FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/-xFlP9EoLpxk/VencENrn7HI/AAAAAAAABxo/_cz2Q1axDXM/
s640/tecnica-biologia-molecular-extracao-dna-biomedicina.bmp>; <https://escoladigital-pro-
duction-storage.s3.amazonaws.com/uploads/20191122233124.jpeg>. Acesso em: 15 jun. 2020.
3.2 ELETROFORESE
A eletroforese é uma das principais técnicas utilizadas em biologia
molecular e foi proposta pela primeira vez em 1937 pelo bioquímico Arne Tisélius.
Ela permite a separação e a identificação de macromoléculas como DNA, RNA
e proteínas. O princípio da técnica de eletroforese consiste na migração das
moléculas presentes em um gel de acordo com o seu tamanho (peso molecular)
e carga elétrica durante a aplicação de uma diferença de potencial (corrente
elétrica), conforme pode ser observado na Figura 5 (ALVES; SOUZA, 2013;
PEREIRA; LEISTNER; MATTE, 2011).
167
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
FIGURA 6 - ETAPAS DAS TÉCNICAS DE SOUTHERN BLOT (DNA) E NORTHERN BLOT (RNA)
169
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
170
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS TÉCNICAS GENÉTICAS E DE BIOLOGIA MOLECULAR
171
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
172
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS TÉCNICAS GENÉTICAS E DE BIOLOGIA MOLECULAR
FONTE: https://old.abmgood.com/marketing/knowledge_base/img/PCR/Multiplex_PCR.png>.
Acesso em: 15 jun. 2020.
173
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
DICAS
4 SEQUENCIAMENTO
Você viu nas unidades anteriores deste livro, acadêmico, que o genoma
humano tem aproximadamente três bilhões de bases A, T, C e G que se organizam
em sequências de DNA como longas fitas. Você também viu que cada ser humano
possui duas cópias desse genoma, uma herdada do pai e outra herdada da mãe.
Assim, quando falamos em sequenciamento genético estamos nos referindo
a uma técnica que lê um a um cada nucleotídeo da sequência de DNA de um
organismo, o que permite, em longo prazo, decifrar todo o seu genoma.
174
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS TÉCNICAS GENÉTICAS E DE BIOLOGIA MOLECULAR
175
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
176
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS TÉCNICAS GENÉTICAS E DE BIOLOGIA MOLECULAR
ATENCAO
Na Unidade 2 deste livro, nós comentamos sobre o caso da atriz Angelina Jolie, que
realizou uma dupla mastectomia preventiva, em 2013, devido à alta probabilidade de
desenvolver câncer de mama. Mas você sabia que a detecção do gene mutante BRCA1 no
genoma da atriz foi realizada pela técnica de sequenciamento?
Segundo o site Genomika do Hospital Albert Einstein, o teste mais completo atualmente dis-
ponível para a detecção de doenças genéticas sequencia cerca de 20 mil genes em busca
de mutações associadas a doenças e custa cerca de R$ 5.000,00 (GENOMIKA, 2020).
Outro exame disponível é o Painel Ampliado de Risco Hereditário de Câncer que avalia 44
genes associados a câncer de mama, intestino, próstata, endométrio, entre outros. A partir
dos resultados deste exame, o paciente, em conjunto com seu médico, pode planejar o
melhor programa de prevenção para o câncer, com dados personalizados, baseados na
sua constituição genética. Incrível, não é? Você pode descobrir mais sobre este assunto
no site: https://www.genomika.com.br/blog/.
5 CLONAGEM
Em 1997, quando cientistas anunciaram a clonagem da ovelha Dolly, o
assunto virou uma notícia de grande impacto mundial. Mas você sabia, acadêmico,
que a clonagem é, na verdade, um fenômeno muito comum na natureza? Sim,
ela acontece toda vez que um organismo ou uma célula é formado a partir de
outro por reprodução assexuada, mantendo um conjunto de genes idêntico ao
original. Muitos protozoários, fungos e bactérias reproduzem-se por clonagem,
assim como nossas células, ao se dividirem por mitose. É claro que a clonagem
de um mamífero, como a Dolly, é um processo muito mais complexo e que só foi
possível com o avanço da engenharia genética e da biotecnologia.
177
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
178
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS TÉCNICAS GENÉTICAS E DE BIOLOGIA MOLECULAR
179
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
NTE
INTERESSA
180
RESUMO DO TÓPICO 1
181
• Sequenciamento é uma técnica que lê a sequência de cada nucleotídeo de uma
fita de DNA, o que permite mapear todo o genoma. A técnica tradicional é
feita pelo método de Sanger e atualmente são usados sequenciamentos de nova
geração que permite o mapeamento do exoma, usado na prevenção de doenças
como o câncer.
182
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Citogenética clássica.
b) ( ) Reação em cadeia da polimerase.
c) ( ) Clonagem molecular.
d) ( ) Eletroforese em gel de agarose.
a) ( ) I – III – IV.
b) ( ) II – III – IV – V.
c) ( ) I – IV – V.
d) ( ) II – III – V.
a) ( ) I – III – IV.
b) ( ) I – II – III.
c) ( ) II – IV.
d) ( ) I – IV.
183
4 A técnica cujo princípio consiste na migração das moléculas presentes em
um gel de acordo com o seu tamanho (peso molecular) e carga elétrica
durante a aplicação de uma diferença de potencial (corrente elétrica) é
chamada de:
a) ( ) Clonagem molecular.
b) ( ) Reação em cadeia da polimerase.
c) ( ) Bandeamento G.
d) ( ) Eletroforese.
I- Southern blot.
II- Northern blot.
III- Western blot.
( ) Pesquisa RNA.
( ) Pesquisa proteínas.
( ) Pesquisa DNA.
( ) Usa anticorpos primários e secundários.
a) ( ) I – III – II – I.
b) ( ) III – II – I – III.
c) ( ) II – I – III – II.
d) ( ) II – III – I – III.
I- Desnaturação.
II- Anelamento.
III- Extensão.
IV- Repetição.
184
a) ( ) III – II – I – IV.
b) ( ) IV – I – III – II.
c) ( ) IV – III – I – II.
d) ( ) I – II – III – IV.
I- RT-PCR.
II- q-PCR.
III- PCR Multiplex.
IV- Nested PCR.
a) ( ) II – IV – III – I.
b) ( ) I – IV – III – II.
c) ( ) II – III – IV – I.
d) ( ) I – IIII – IV – II.
185
186
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao segundo tópico da Unidade 2 do livro
de Genética Humana Médica. Você estudou, na Unidade 1, as principais técnicas
usadas em um laboratório de Genética e que devem ser dominadas pelo biomédico
que deseja trabalhar nessa área. Nosso objetivo aqui é apenas apresentar a base
teórica de cada uma dessas metodologias tão importantes na rotina laboratorial e
também na pesquisa básica e clínica.
Vamos lá!
187
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
Você aprendeu neste livro que as doenças genéticas são causadas por
alterações (mutações e/ou polimorfismos) no DNA e que essas alterações podem
ser identificadas por protocolos laboratoriais de análise molecular. O diagnóstico
precoce favorece o acompanhamento médico a tempo de prevenir sequelas
graves e, muitas vezes, evitar o óbito. É importante ter em mente, acadêmico, que
existem inúmeras técnicas disponíveis e a escolha do protocolo específico será
baseada nas características da doença e/ou do gene envolvido, na experiência do
profissional, nas condições do laboratório e no grau de confiabilidade que se deseja
atingir. Todos os métodos têm vantagens e desvantagens e requerem considerável
experiência para serem realizados: algumas técnicas são menos sensíveis, mas
mais baratas, fáceis de serem executadas e financeiramente acessíveis; outras
podem ser altamente específicas, mas são caras e complexas, o que restringe seu
acesso. Assim, é importante que o profissional conheça as limitações e vantagens
das técnicas disponíveis para avaliar a melhor escolha dentro da sua realidade e
daquilo que se deseja atingir (SUNSTAD; SIMMONS, 2017; BORGES-OSÓRIO;
ROBINSON, 2013). A seguir, iremos discutir o diagnóstico de algumas doenças
genéticas.
188
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DA GENÉTICA PARA O BIOMÉDICO
189
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
190
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DA GENÉTICA PARA O BIOMÉDICO
Existem vários fatores que podem fazer com que o médico solicite um
exame genético pré-natal, como a idade materna e paterna, pois a probabilidade
de alterações cromossômicas aumenta com a idade. Além disso, o médico pode
observar características no ultrassom que indicam a presença de um problema
genético. No caso de pais que já possuem uma doença genética conhecida ou
caso o casal já tenha tido um primeiro filho com alguma anormalidade, também
se deve realizar o exame.
191
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
192
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DA GENÉTICA PARA O BIOMÉDICO
E
IMPORTANT
SEXAGEM FETAL
Saiba, acadêmico, que não apenas de doenças é feita a Genética Laboratorial em exames
pré-natais. As técnicas de biologia molecular podem ser aplicadas a diversos outros as-
suntos, como a determinação do sexo do bebê no início da gravidez (idealmente a partir
da 8ª semana de gestação). Em 1997, um grupo de pesquisadores descobriu a presença
de DNA do feto no plasma de mulheres grávidas. Isso tornou possível não apenas o diag-
nóstico de alterações genéticas por métodos não invasivos, mas também a possibilidade
de determinação da sexagem fetal. Mas como isso é feito?
Na verdade, o princípio é muito simples: como sabemos que existe DNA do feto do plas-
ma da mãe, o exame é baseado na identificação do cromossomo Y na amostra materna.
Caso o cromossomo Y seja identificado, sabe-se com certeza que o feto gerado é do sexo
masculino. Caso o cromossomo Y não seja identificado, isso indica que só há cromosso-
mos X na amostra, tanto da mãe quanto do feto, o que sugere um bebê do sexo feminino.
Simples, não? Para a realização do procedimento, o plasma é separado do sangue total e
submetido a uma PCR com primers específicos para o cromossomo Y.
193
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
Atualmente, são usadas regiões STR, o que permite o uso de uma quantidade
menor de material genético, e são pesquisados 15 lócus após amplificação do
material por PCR. Para a PCR é utilizado um conjunto de primers marcados
com diferentes fluorescências, o que permite a visualização das bandas a partir
de esferogramas gerados por eletroforese em um sequenciador automatizado
(STRACHAN; READ, 2011; ALVES; SOUZA, 2013). Na interpretação do resultado,
as bandas da criança são comparadas com as bandas da mãe e do suposto pai,
como mostra a Figura 16. Observe a figura, quem você acha que é o pai biológico
da criança?
194
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DA GENÉTICA PARA O BIOMÉDICO
NTE
INTERESSA
Em 1988, na Inglaterra, duas adolescentes, Lynda Mann e Dawn Ashcroft foram estupradas
e mortas, e um homem chamado Richard Buckland havia confessado os crimes. Na
mesma região vivia o médico e geneticista Alec Jeffreys, professor na Universidade de
Leicester. Jeffreys estudava uma técnica que permitia a identificação de um indivíduo com
quase 100% de certeza. A polícia local, que havia coletado os sêmens encontrados nas
vítimas, pediu para Jeffreys comparar o material com o DNA de Richard Buckland e o
médico descobriu que ele não era o responsável pelos crimes. Para tentar encontrar o
estuprador e assassino a polícia incentivou uma campanha de doação de sangue na região.
Jeffreys analisou amostras de 3.600 homens e comparou com o DNA extraído do sêmen.
Finalmente, descobriu-se que o padeiro Pitchfork havia sido o causador dos crimes e ele
ficou conhecido como o primeiro indivíduo condenado por causa de um exame de DNA.
Leia mais sobre o papel da Genética na Ciência Forense em: https://kasvi.com.br/genetica-
forense-importancia-amostras-solucao-crimes/.
196
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DA GENÉTICA PARA O BIOMÉDICO
197
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
198
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DA GENÉTICA PARA O BIOMÉDICO
199
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
Você pode imaginar, acadêmico, que esse processo de obtenção das células-
tronco gera até hoje uma grande discussão ética entre diferentes segmentos da
sociedade a respeito do uso e da possível destruição de embriões para fins de
pesquisa. Assim, quando Shinya Yamanaka, pesquisador japonês, mostrou que
era possível pegar uma célula especializada (como, por exemplo, uma célula de
pele) e redirecioná-la de volta ao estágio embrionário pluripotente (essas células
reprogramadas foram chamadas de iPSC, do inglês, induced pluripotent stem
cells), essa descoberta revolucionou a comunidade científica. Em outras palavras,
é possível pegar qualquer célula somática de um indivíduo adulto, por exemplo,
células de pele, e transformá-la em uma célula não especializada, indiferenciada
e com a capacidade de se dividir indefinidamente (Figura 19).
200
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DA GENÉTICA PARA O BIOMÉDICO
201
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
(FIRFH et al., 2015, XIE et al., 2014). Imagine que incrível a possibilidade de utilizar
essa técnica de células-tronco para tratar e curar pacientes com uma infinidade de
doenças genéticas diferentes!
• 1ª ETAPA – Isolar o gene: nós vimos que existem mais de 5.000 doenças
genéticas, então a primeira etapa da terapia gênica consiste em identificar a
doença do paciente e isolar o gene que se deseja introduzir para corrigir o
problema. O isolamento do gene é feito por técnicas de clonagem e biologia
molecular que mencionamos anteriormente.
• 2ª ETAPA – Definir se a técnica será in vivo ou in vitro: a transferência gênica
pode ser realizada in vivo, quando feita diretamente ao paciente, ou ex vivo,
em que as células são manipuladas em laboratório, recebem o transgene e só
então são inoculadas no paciente. O método indireto (ex vivo) é mais demorado,
mas tem a vantagem de ser mais eficiente, pois permite selecionar e ampliar as
células antes da inoculação.
• 3ª ETAPA – Introdução do gene na célula-alvo: assim como você viu no
Tópico 1 no subtópico sobre Clonagem, o gene desejado deve ser introduzido
na célula-alvo e ser capaz de traduzir uma grande quantidade de proteína para
202
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DA GENÉTICA PARA O BIOMÉDICO
reparar o defeito genético. Essa transferência pode ser feita de forma física,
química ou biológica, sendo que o uso de vetores, como retrovírus, é a forma
mais utilizada.
• 4ª ETAPA – Produção das células com DNA recombinante: o vetor com o
gene-alvo é introduzido na célula mantida em cultura e esta incorpora o DNA
retroviral, tornando-se o que se chama de DNA recombinante.
• 5ª ETAPA – Introdução das células no paciente: as células cultivadas são
introduzidas no paciente e o gene-alvo produz a proteína corrigida, substituindo
a proteína doente e melhorando os sintomas da doença genética.
203
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
204
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DA GENÉTICA PARA O BIOMÉDICO
E
IMPORTANT
A terapia gênica não tem aplicações apenas para doenças de origem genética: cada vez
mais cientistas no mundo todo tem usado essa técnica no combate a outras doenças,
como o HIV.
A expectativa é criar nos pacientes uma “resistência” ao vírus da Aids, que impediria sua
replicação no organismo. O antivírus, explicou a cientista à RFI Brasil, contém um RNA
(ácido ribonucleico, essencial no comando e coordenação dos processos biológicos) que
vai diminuir ou anular completamente a transcrição do correceptor da membrana do
vírus HIV. Finalmente, com o tempo, o vírus não conseguirá mais se replicar.
FONTE: <https://anadem.org.br/site/cientista-testa-terapia-genica-para-impedir-replica-
cao-do-hiv-em-pacientes-na-franca/>. Acesso em: 15 jun. 2020.
DICAS
• https://g1.globo.com/bemestar/aids/noticia/2019/10/22/cientista-testa-terapia-genica-
-para-impedir-replicacao-do-hiv-em-pacientes-na-franca.ghtml;
• https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-feita-a-terapia-genetica/.
205
RESUMO DO TÓPICO 2
206
• O aconselhamento genético é um procedimento multidisciplinar que tem
como objetivo orientar casais que desejam ter filhos sobre o risco de ocorrência
de determinadas doenças genéticas em sua família. Pode ser prospectivo ou
retrospectivo.
207
AUTOATIVIDADE
208
4 Sobre o exame de sexagem fetal, assinale as afirmativas a seguir e selecione
a alternativa que contém todas as sentenças corretas:
209
a) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
b) ( ) As afirmativas III e IV estão corretas.
c) ( ) As afirmativas II e IV estão corretas.
d) ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
210
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico, seja bem-vindo ao último tópico do nosso Livro Didático
de Genética Humana e Médica!
Por fim, iremos discutir algumas questões de bioética, pois você já deve ter
percebido que a possibilidade de manipular genes vegetais, animais e humanos
abre precedentes para uma série de questões que tornam necessária a discussão
sobre o desenvolvimento da ciência nessa área. Até onde devemos ir?
Neste último tópico, nós esperamos que você seja capaz de entender os
conceitos apresentados e aplicar tudo o que aprendeu até aqui para tirar suas
próprias conclusões sobre as discussões éticas que permeiam o campo da Genética.
Obrigada pela sua companhia até aqui e bom aprendizado desses últimos
conteúdos referentes ao nosso livro!
Bons estudos!
211
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
2 FARMACOGENÉTICA E FARMACOGENÔMICA
Imagine, acadêmico, que uma pessoa descobre possuir uma doença grave,
como um câncer. Ao descobrir a doença, esse indivíduo receberá um tratamento
com medicamentos quimioterápicos utilizados para o seu tipo específico de
câncer. Mas você já se perguntou por que algumas pessoas são curadas e outras,
que receberam exatamente o mesmo protocolo de tratamento, não são? Claro
que existe uma série de fatores envolvidos no sucesso da quimioterapia, mas um
desses fatores é a variabilidade genética da população.
Essa variabilidade faz com que uma pessoa tenha sucesso no tratamento
com um fármaco X, enquanto que outra pessoa seja totalmente resistente a ele.
Não seria incrível se, ao descobrir um câncer, por exemplo, fosse possível fazer
uma análise genética desse paciente e, ao invés de tratá-lo com medicamentos
genéricos que não sabemos se terão efeito, conhecer exatamente quais fármacos
serão efetivos e administrá-los já no início do tratamento? Em outras palavras,
abandonar a tentativa e erro e ir direto ao alvo?
212
TÓPICO 3 — OUTRAS APLICAÇÕES DA GENÉTICA
FONTE: <https://labtestsonline.org/sites/aacc-lto.us/files/inline-images/Fish%20HER2neu.jpg>.
Acesso em: 15 jun. 2020.
2.1 NUTRIGENÔMICA
De maneira semelhante à Farmacogenômica, a Nutrigenômica é um
campo que vem crescendo na atualidade e tem o objetivo de estabelecer dietas
personalizadas, com base no genótipo de cada indivíduo, para a promoção
da saúde e redução do risco de doenças crônicas, como o câncer. Já está bem
estabelecido que alguns nutrientes e compostos bioativos, principalmente os de
origem vegetal, possuem efeito protetor contra determinadas doenças. Por outro
lado, a variação genética que discutimos no tópico anterior também está presente
na maneira como esses nutrientes atuam no nosso corpo. Tessarin e Silva (2013, p.
79) discutem por que isso acontece:
213
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
214
TÓPICO 3 — OUTRAS APLICAÇÕES DA GENÉTICA
215
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
Além do gene ACTN3, tem sido demonstrado que indivíduos que possuem
concentrações aumentadas do fator de crescimento IGF-1 têm maior lubrificação
das articulações, maior massa e força na musculatura esquelética. Aqueles com
maior produção de eritropoetina têm maior liberação de oxigênio nos tecidos
ativos durante o exercício físico e possuem melhor desempenho em atividades de
caráter aeróbio. Além disso, já se sabe que existem variantes genéticas associadas
a uma maior predisposição a lesões, de forma que a identificação desses casos
permite preparar melhor o atleta com o objetivo de preveni-las (SOUZA et al.,
2019).
ATENCAO
Doping genético
DICAS
• http://www.usp.br/aunantigo/exibir?id=7913&ed=1400&f=14;
• https://www.educacaofisica.com.br/ciencia-ef/genetica-e-desempenho-esportivo/;
• Artigo: Biologia molecular e esporte: como a genética ajuda a melhorar o desempenho de
quem pratica esporte? Disponível em: http://publicacoesacademicas.unicatolicaquixada.
edu.br/index.php/mostrabiomedicina/article/view/3916/3428.
216
TÓPICO 3 — OUTRAS APLICAÇÕES DA GENÉTICA
FONTE: <https://meioambiente.culturamix.com/blog/wp-content/uploads/2013/02/Saiba-Mais.
gif>. Acesso em: 15 jun. 2020.
217
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
218
TÓPICO 3 — OUTRAS APLICAÇÕES DA GENÉTICA
• Até que ponto o bem da humanidade é melhor atingido com novas formas de
vida por meio da engenharia genética?
• Qual é o impacto para a saúde do uso de alimentos transgênicos?
• Como avaliar os resultados da experimentação genética, sabendo que alguns
dos seus efeitos só serão manifestados nas gerações futuros?
• Quais são os critérios utilizados no momento de fixar os riscos e benefícios
experimentação genética?
• É justo incentivar, por meio do SUS, as terapias gênicas de grande custo em
fetos ou recém-nascidos com doenças de alto risco quando grande parte da
população não tem garantidas as suas necessidades de saúde mais elementares?
• Quais são as doenças genéticas que deveriam ser submetidas a diagnóstico
pré-natal visando à interrupção da gravidez?
• Quais são os limites da pesquisa e/ou aplicação de alterações genômicas de
células germinativas?
• Quais são os princípios que deveriam nortear a alteração do genoma de um ser
ainda não nascido?
• Quais são as fronteiras da eugenia?
219
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
DICAS
220
TÓPICO 3 — OUTRAS APLICAÇÕES DA GENÉTICA
LEITURA COMPLEMENTAR
Eduardo Sequerra
Até onde vai o limite do melhoramento genético? É importante ter uma lei
que regule as técnicas da reprodução assistida.
221
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
222
TÓPICO 3 — OUTRAS APLICAÇÕES DA GENÉTICA
gene de um embrião gerado por FIV com CRISPR. Estes embriões eram fruto da
fertilização de um óvulo por dois espermatozoides e, portanto, não eram viáveis,
morreriam de qualquer forma no início do desenvolvimento. Além da edição não
ter sido completa, o CRISPR que estes autores desenharam causou a edição de
regiões do DNA que não estavam originalmente no plano. Estas edições fora do
lugar são perigosas por que podem levar a alterações em genes importantes para
regular a divisão celular por exemplo, e assim produziriam um câncer. Liang e
colaboradores concluíram então que CRISPR não é seguro, pelo menos naquele
momento.
Me parece que devemos discutir uma lei em breve. Que tipos de uso
poderemos encontrar para o CRISPR? A invenção das cirurgias plásticas melhorou
a vida de muitas pessoas que precisavam restabelecer função, como vítimas de
queimaduras ou pessoas com obstruções nas vias respiratórias. Mas logo foi
utilizada para fins estéticos. Milhões de pessoas estão dispostas a correr os riscos
intrínsecos de uma cirurgia para se tornarem mais atraentes. E tudo leva a crer
que muitos estariam dispostos a correr os riscos do melhoramento genético por
razões fúteis. É possível que em um futuro próximo saibamos quais genes alterar
em nossos embriões para aumentar sua probabilidade de serem altos, fortes e
talvez, até inteligentes (até agora não existem genes de inteligência descritos,
e tudo indica que eles não existem). E onde fica a individualidade de um filho
geneticamente mais forte se ele simplesmente não criar interesse em esportes?
Daremos aos pais o direito de decidir o genótipo de seus filhos? Corremos o risco
de ver o crescimento da eugenia/ racismo através da tecnologia?
223
UNIDADE 3 — TÓPICOS AVANÇADOS EM GENÉTICA
FONTE: <https://nossaciencia.com.br/colunas/fertilizacao-embrioes-editados-e-o-futuro-da-re-
producao-humana/>. Acesso em: 15 jun. 2020.
224
RESUMO DO TÓPICO 3
CHAMADA
225
AUTOATIVIDADE
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