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Fonte g1:

Quantos bilhões de habitantes o planeta Terra aguenta?

No final de 2022, espera-se que a população humana na Terra atinja 8 bilhões. Para marcar a
ocasião, a BBC Future analisa uma das questões mais controversas do nosso tempo. Há muitos
de nós? Ou esta é a pergunta errada a ser feita?

Em um momento, o vale era um pântano tranquilo. Gramíneas e palmeiras lançavam sombras


difusas na água abaixo. Os peixes espreitavam cautelosamente nas margens dos manguezais. Os
orangotangos procuravam frutas com os dedos. Daí um gigante adormecido acordou de seu
sono.

Isso aconteceu por volta de 72 mil a.C., na ilha de Sumatra, na Indonésia. O supervulcão Toba
entrou em erupção, no que se acredita ter sido o maior evento desse tipo nos últimos 100 mil
anos. Uma série de explosões estrondosas explodiu 9,5 quatrilhões de quilos de cinzas, que se
espalharam em nuvens que escureceram o céu e se arrastaram por cerca de 47 km na atmosfera.

Na sequência, uma vasta área em toda a Ásia foi coberta por uma camada de poeira maciça de
3 a 10 centímetros de espessura. Ela sufocou as fontes de água e grudou na vegetação como
cimento —depósitos da erupção foram encontrados tão longe quanto a África Oriental, a 7,3 mil
km de distância.

Mas, crucialmente, alguns cientistas acreditam que o evento extremo mergulhou o mundo em
um inverno vulcânico que durou décadas — e quase extinguiu nossa espécie.

Em 1993, uma equipe de pesquisadores americanos estudou o genoma humano em busca de


pistas sobre o passado profundo e descobriu uma assinatura reveladora de um grande "gargalo
populacional" — um momento em que a humanidade encolheu tão drasticamente que todas as
gerações subsequentes que surgiram fora da África se tornaram significativamente mais
próximas.

Estudos posteriores revelaram que nesta era precária, que pode ter ocorrido entre 50 mil e 100
mil anos atrás, a população pode ter se reduzido a apenas 10 mil pessoas — o equivalente aos
habitantes do sonolento assentamento de Elkhorn em Wisconsin, nos Estados Unidos, ou o
número de indivíduos que participaram de um único casamento coletivo na Malásia, em 2020.

A parte menos afetada do mundo pelo vulcão foi a África, onde a diversidade genética
permanece alta até hoje — neste único continente, existem diferenças genéticas maiores entre
certos grupos locais do que entre africanos e europeus.

Alguns acham que esse momento não é uma coincidência — eles acreditam que foi a erupção
vulcânica que fez isso. A ideia é muito contestada, mas não há dúvida de que grande parte da
humanidade descende de um número relativamente modesto de ancestrais super-resistentes.

Um avanço rápido de 74 mil anos na história e nossa espécie, outrora um obscuro primata sem
pelos corporais, sofreu uma explosão populacional, colonizando quase todos os habitats do
planeta e exercendo uma influência até nos cantos mais remotos — em 2018, os cientistas
encontraram um saco plástico a 10,8 mil metros abaixo da superfície do oceano no fundo da
Fossa das Marianas, enquanto outra equipe descobriu recentemente "produtos químicos
eternos" feitos pelo homem no Monte Everest.

Nenhuma parte do mundo é intocada — todos os lagos, florestas e cânions já tiveram algum
tipo de contato com a atividade humana.

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