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O IMPACTO DO ENDIVIDAMENTO NA PRODUTIVIDADE NO TRABALHO

THE IMPACT OF INDEBTEDNESS IN PRODUCTIVITY AT WORK

PAULA BALDANZI FOWLER NOGOCEKE1


Vanessa Goulart Sant Ana Scarausi²

¹ Especialista em Terapia Financeira pela DSOP Educação Financeira de São Paulo


² Especialista em Neuropsicologia e Psicopedagogia, psicóloga e pedagoga, docente e orientadora de
artigos científicos nos cursos de Pós-graduação da DSOP Educação Financeira de São Paulo.
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RESUMO

Este artigo tem como objetivo analisar qual o impacto do endividamento na


produtividade no trabalho. É diante deste cenário que surge a metodologia DSOP
como um recurso em educação financeira aplicável em qualquer contexto ou
público. O objetivo deste estudo foi analisar o impacto financeiro no bem-estar
laboral, bem como estudar a metodologia DSOP na construção de uma vida
financeira saudável e compreender seu impacto na melhoria da qualidade da
produtividade no trabalho. Este intento foi conseguido através da pesquisa teórica e
experimental quantitativa, com a aplicação de questionário online para 27 pessoas
que se consideravam endividadas. A pesquisa demonstrou que para a maioria dos
entrevistados, 59,3% (16), suas dívidas lhe causam preocupações, as quais estão
concentradas no receio de não possuir o valor integral para quitá-las e conseguir
pagar em dia. Segundo esse público o impacto é no relacionamento familiar,
relacionamento com os amigos e autoestima. Já para 40,7% (11) dos entrevistados,
essas preocupações impactam na execução do seu trabalho, dificultando a solução
de problemas durante o expediente, postergação da entrega dos resultados, falta de
motivação para trabalhar, ansiedade e falta de concentração e tensão trazida do
ambiente familiar para o profissional. Diante dos dados apresentados, pode-se
concluir que dentre os efeitos de endividamento apresentados por Domingos,
confirma-se os problemas conjugais (familiares), desmotivação, baixa autoestima,
baixa produtividade e presenteísmo. E pelos conceitos apresentados por Menegon,
devido a influência na produtividade e consequentemente no comportamento
organizacional, há impacto no desempenho do funcionário.

Palavras-chave: Metodologia DSOP. Endividamento. Produtividade.


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ABSTRACT

This article aims to analyze the impact of indebtedness on productivity at work. It is


against this background that the DSOP methodology emerges as a resource in
financial education applicable in any context or public. The objective of this study was
to analyze the financial impact on work well-being, as well as to study the DSOP
methodology in the construction of a healthy financial life and to understand its
impact in improving the quality of productivity at work. This attempt was achieved
through quantitative theoretical and experimental research, with the application of an
online questionnaire to 27 people who considered themselves indebted. The survey
showed that for the majority of the interviewees, 59.3% (16), their debts cause them
worries, which are concentrated in the fear of not having the full value to take them
and get them to pay on time. According to this audience the impact is on the family
relationship, relationship with friends and self-esteem. For 40.7% (11) of the
interviewees, these concerns impact on the execution of their work, making it difficult
to solve problems during the working hours, postponing delivery of results, lack of
motivation to work, anxiety and lack of concentration and tension brought from the
family environment to the professional. Given the data presented, it can be
concluded that among the debt effects presented by Domingos, the conjugal (family)
problems, demotivation, low self-esteem, low productivity and presenteism are
confirmed. And because of the concepts presented by Menegon, due to the influence
on productivity and consequently on organizational behavior, there is an impact on
the employee's performance.

Keywords: DSOP methodology. Indebtedness. Productivity.


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Introdução

As empresas estão sempre em busca de funcionários produtivos, ou


seja, aqueles que utilizam menos insumos e produzem mais. Podemos citar o tempo
como insumo principal da era atual, em que a sua gestão é primordial para o alcance
dos resultados.
No entanto, muitas organizações não levam em conta que o
colaborador é considerado hoje em dia, a maior riqueza da empresa, sendo a força
motriz para o crescimento e fomento de valor. De uma constituição muito rica e
diversa, o ser humano apresenta mecanismos de pensamento e de funcionamento
no cotidiano que em nada se parece com uma máquina: componentes inconscientes
são atuantes nas emoções, bem como a presença de sentimentos diversos diante
dos problemas, que podem influenciar no desempenho do trabalho.
Um desses sentimentos pode estar ligado às preocupações causadas
pelo endividamento, já que Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência
do consumidor (2018, p. 4):
O percentual de famílias que relataram ter dívidas entre cheque pré-datado,
cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal,
prestação de carro e seguro alcançou 61,2% em março de 2018, o que
representa uma estabilidade em relação ao patamar observado em fevereiro
de 2018.

Na mesma pesquisa foi apresentado o cartão de crédito como o maior


responsável pela geração de dívidas e logo após o cheque especial. O fácil acesso
ao crédito, aliado ao consumismo e ansiedade em ter o bem, influenciam no
resultado de 61,2% das famílias endividadas. Reinaldo (2012) afirma que o
problema não está diretamente relacionado a compra parcelada, mas sim ao efeito
de não pagá-las devido a diversos motivos, como: desemprego e compra não
planejada. Por isso, a metodologia DSOP foi criada, a fim de Educar
Financeiramente o indivíduo, e reduzir os efeitos causados pelo endividamento.
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Metodologia

Segundo Marconi e Lakatos (1992), a pesquisa bibliográfica é o


levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas,
publicações avulsas e imprensa escrita. A sua finalidade é fazer com que o
pesquisador entre em contato direto com todo o material escrito sobre um
determinado assunto, auxiliando o cientista na análise de suas pesquisas ou na
manipulação de suas informações. Ela pode ser considerada como o primeiro passo
de toda a pesquisa científica.
Desse modo, este estudo foi construído por meio da revisão
bibliográfica de autores como Reinaldo Domingos, Alexandre Shigunov Neto e
Letícia Mirella Fischer Campos, focando em temas como Educação Financeira e
Comportamento Organizacional.
Têm-se como hipóteses iniciais que:
• As dívidas causam preocupação.
• As preocupações com as dívidas impactam na execução das
atividades no trabalho.
• Esses impactos interferem na produtividade.
Em termos de pesquisa de campo, aplicou-se um questionário online,
composto de 12 (doze) perguntas abertas e fechadas, para 27 pessoas, que se
enquadravam no perfil de endividado (explicado no questionário conforme ANEXO
A). Participaram da pesquisa pessoas com idade entre 27 (vinte e sete) e 40
(quarenta) anos, sendo 12 (doze) do sexo masculino e 15 (quinze) do sexo feminino.
A metodologia utilizada neste trabalho será a pesquisa experimental
quantitativa, visto que será verificado o efeito que a variável endividamento
(independente) causa sobre a variável produtividade (dependente).
O endividamento será representado pelas preocupações que ele pode
causar e impactar ou não na execução do trabalho. Já a produtividade será
representada pelos motivos que impedem do funcionário alcançá-la, como: Falta ao
trabalho, falta de motivação, e solução dos problemas durante o expediente e
postergação da entrega dos resultados.
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O cronograma será:

13/04/2018 Aplicação dos Questionários


17/04/2018 Análise dos Resultados

Desenvolvimento teórico

Segundo a Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow (1943),


as necessidades dos seres humanos podem ser divididas em cinco, sendo:
fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e auto-realização. Elas estão dispostas
de maneira hierárquica, conforme apresentadas, de baixo para cima, sendo que uma
nova necessidade surgirá a partir do momento que a outra tiver sido sanada. Por
exemplo, uma pessoa só sentirá necessidade de segurança a partir do momento
que as fisiológicas forem sanadas.
Para que essas necessidades sejam supridas, é necessário possuir
dinheiro, que é conseguido, de maneira licita, através da prestação de serviço ou
venda de um bem, o mais conhecido como trabalho. É a partir dele que
conseguimos sanar todos os degraus, e buscar a auto-realização, que pode ser uma
viagem, filhos, promoção no trabalho, entre outras (sonhos).
Porém, para receber o dinheiro pelo serviço prestado ou bem vendido,
é necessário que sejam atingidas as expectativas impostas pelo empregador ou pelo
mercado, caso contrário, o posto será substituído por outra pessoa, ou o produto por
outro fornecedor.
Aprimorando-se mais aos serviços prestados as empresas, os
acionistas e proprietários esperam que o empregado seja produtivo, ou seja, faça
mais com menos. Em resumo, ser produtivo é sinônimo de alcance das metas no
trabalho, que resultam em salários, que resultam em sanar as necessidades.
Porém, nosso recurso é escasso, ou seja, precisamos destinar uma
parcela para cada degrau e alcançar a qualidade de vida. Se gastarmos tudo na
necessidade social, não teremos para realizar outras necessidades e muito menos
os sonhos (auto-realização), e isso poderá gerar problemas, que poderão afetar na
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produtividade. Como exemplo, um indivíduo que é consumista por roupas, compra


sem precisar e utiliza o dinheiro de outras necessidades para isto, acaba endividado,
porque precisa comer, abastecer o carro, etc..., mas não tem dinheiro. Isso pode
afetar seu desempenho no trabalho e sua demissão, ou seja, é um processo cíclico
em que a pessoa estará destruindo sua fonte de renda, que a faz sobreviver.
Ao observar pessoas nessa situação, e sem conseguir realizar seus
sonhos, Reinaldo Domingos, criou a Metodologia DSOP (Diagnosticar, Sonhar,
Orçar e Poupar).
De acordo com Domingos (2012), diagnosticar significa fazer um raio X
da vida financeira, para descobrir para onde o dinheiro é destinado. Para isso, é
realizado o Apontamento de Despesas durante 1 mês para os assalariados e 3
meses para os autônomos, uma vez por ano ou quando houver alteração salarial,
com a anotação de cada gasto, por tipo de despesa, valor, e como foi pago.
Sonhar é o pilar principal e o que vai motivar as pessoas a pouparem o
dinheiro. Reinaldo indica que cada pessoa tenha no mínimo três sonhos: curto prazo
(até 1 ano), médio prazo (até 10 anos) e longo prazo (acima de 10 anos). É
necessário saber qual é, o seu valor, em quanto tempo será realizado e quanto é
necessário poupar por mês.
Orçar é o terceiro pilar, porque é nesse ponto que a pessoa compara o
quanto ela gastou, pelo registro do Apontamento de Despesas) e quanto ela achou
que gastaria (orçamento mental). Nesse momento é que são registrados os três
sonhos e adequado os gastos para realização daqueles. O orçamento correto é
receitas – sonhos – despesas.
Poupar é o último pilar e para que seja feito é necessário que as
pessoas tenham os sonhos bem definidos, e iniciem com 10% do rendimento
dividido entre os três sonhos.
Assim, é possível organizar a vida financeira dentro do rendimento
recebido, porque não é o quanto se ganha e sim como se gasta.
A fim de fornecer embasamento teórico para a análise, foi pesquisado
os conceitos e teorias sobre o endividamento e a produtividade.
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Endividamento

Ao discorrer sobre endividamento, Domingos (2016, p. 11) relata que


este não necessariamente é um problema e que
[...] você pode estar inadimplente ou muito próximo disso. É preciso ter
muita atenção e não desanimar, porque chegou o momento de levantar a
cabeça e saber que sempre existe um caminho. Recomendo o caminho da
educação financeira, por meio da Metodologia DSOP. É preciso assumir o
controle financeiro de sua vida.

Para Domingos “o fácil acesso ao crédito, aliado aos apelos do


consumo e ao analfabetismo financeiro, pode provocar o endividamento”. Ele
acrescenta que a situação de endividamento influencia tanto no ambiente familiar
como em outros contextos, trazendo prejuízos físicos, mentais e espirituais. (2016,
p. 58 e 59).
Ainda segundo o autor, o ciclo do endividamento apresenta como
causas: “analfabetismo financeiro, consumismo, marketing publicitário e o crédito
fácil” (2012, p. 113). Isto demonstra o quanto a falta de conhecimento no campo da
educação financeira pode prejudicar uma pessoa. Ainda mais quando aliado à mídia
que incentiva o consumismo em detrimento ao consumo consciente. Em
consequência, algumas falsas soluções são amplamente utilizadas, como o crédito
fácil.
O ciclo do endividamento, de acordo com Domingos possui como
meios e efeitos (2012, p.113):

Meios:
Cheque Especial
Cartão de Crédito
Crediário
Crédito Consignado
Empréstimos
Adiantamentos
Antecipação do IR

Efeitos:
Problemas conjugais
Problemas de saúde
Desmotivação
Baixa autoestima
Produtividade reduzida
Atrasos e falta no trabalho
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De forma semelhante, na obra Curso DSOP de Educação Financeira,


Reinaldo Domingos (2016) diz que ao seguir os passos da metodologia DSOP, o
indivíduo consegue alcançar uma solução definitiva para os seus sonhos.
Trataremos no próximo tópico sobre a variável produtividade.

Produtividade

De igual importância será apresentado o tópico produtividade, seu


conceito e sua influência dentro do comportamento organizacional.
Segundo Campos (2004b), citado por Neto (2016, p. 77), produtividade
significa produzir cada vez mais e melhor com cada vez menos. Ela representa o
valor dos resultados (produtos e serviços) dividido pelo valor dos insumos (salários,
custos dos equipamentos, matérias-primas, etc).
Segundo Letícia F. Menegon (2012, p.3):

Os estudos de comportamento organizacional interessam-se principalmente


por quatro tipos de comportamento, pois eles podem influenciar o
desempenho do funcionário:

• a produtividade: é fácil entender porque esse comportamento é


importante: significa produzir em quantidade suficiente e com qualidade;
• o absenteísmo: é o não comparecimento ao trabalho (o que
obviamente prejudica o desempenho);
• a rotatividade: é a mudança constante no quadro de funcionários que
atrasa a produção e aumenta os gastos com demissão, contratação e
treinamento de pessoas, além disso, a alta rotatividade implica a perda de
conhecimento tácito, enfraquecimento de cultura organizacional, entre
outros; e
• a cidadania organizacional: esse é um conceito mais novo: significa
ajudar e apoiar os colegas de trabalho, oferecer-se para novas tarefas,
evitar conflitos; enfim “vestir a camisa da empresa”.

Estar endividado já faz parte da cultura do Brasileiro, que não possui o


costume de poupar, para depois adquirir o bem ou serviço. É preferido utilizar as
linhas de credito, que são facilmente conseguidas pelas pessoas, através dos
Bancos, para a realização dos sonhos. Aliado a isso está o consumismo e o
analfabetismo financeiro, conforme citado por Reinaldo, como as principais causas
do endividamento.
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Estar endividado por si só não é um problema. Esse começa a surgir


quando as pessoas se endividam sem planejamento, e não possuem condições de
pagar.
É nesse ponto que as preocupações começam a surgir e impactar na
vida pessoal (família, estima, relacionamento com os amigos), e no trabalho, com
queda da produtividade, e consequentemente o desenvolvimento das atividades.

Resultados

Para obtenção dos dados foi aplicado um questionário com 12 (doze)


perguntas abertas e fechadas, descritas no ANEXO A, através da plataforma
https://my.survio.com. No total foram 34 respostas, porém sete foram descartadas
visto que responderam no questionário que não possuíam dívidas, e assim não se
enquadravam no público-alvo. Com esse descarte, restaram 27 pessoas, cujos
dados foram utilizados na pesquisa.
Os participantes tem idade entre 27 a 40 anos, e exercem atividade
remunerada.

FIGURA 1 – Gráfico da pergunta número 02 do questionário.


11

Fonte: https://my.survio.com (2018).


Predominou-se participantes do sexo feminino, sendo 55,6% da
amostra, 15 participantes, os outros 44,4% tratavam-se de pessoas do sexo
masculino.

FIGURA 2 – Gráfico da pergunta número 04 do questionário.


12

Fonte: https://my.survio.com (2018).

Quanto a medição de resultados, percebeu-se que 13 participantes tem


o seus resultados avaliados de maneira qualitativa e quantitativa, 8 somente de
maneira quantitativa e 6 somente de maneira qualitativa.
Os resultados da pesquisa apontam que 27 participantes (100%)
possuem dívidas. Considerando a pesquisa teórica realizada, observa-se então,
urgência em relação ao desenvolvimento da educação financeira, visto que ao se
endividar, além de comprometer rendimentos futuros, causam efeitos que impactam
no trabalho e na vida pessoal.

FIGURA 3 – Gráfico da pergunta número 06 do questionário.


13

Fonte: https://my.survio.com (2018).


No gráfico referente à pergunta 6 (seis), chama-nos a atenção que
74,1% dos participantes pagam suas dívidas até a data de vencimento, o que não os
torna endividados inadimplentes.
Nesse caso, a soma de respostas foi igual a 28, visto que um
participante respondeu duas opções: sim e algumas.
Um dado que nos chama atenção é que para 59,3%, 16 participantes,
as dívidas lhe causam preocupações, tais como:

• Se irá se lembrar de pagá-las;


• Se conseguirá fechar o ano com as contas pagas;
• Se terá o valor para pagá-las;
• Se conseguirá pagar em dia;
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• Receio de diminuir a função recebida no trabalho, e não conseguir


pagar as contas;
• Dívidas advindas do cartão de crédito;
• Medo de não conseguir pagar;
• Nem sempre possui o valor total.

Já para 40,7%, 11 participantes, suas dívidas não lhe causam


preocupações.
Confrontando a primeira hipótese, conclui-se que as dívidas causam
preocupações.

FIGURA 4 – Gráfico da pergunta número 08 do questionário.

Fonte: https://my.survio.com (2018).


15

FIGURA 5 – Gráfico da pergunta número 09 do questionário.

Fonte: https://my.survio.com (2018).

No gráfico referente à pergunta número 8 (oito), pode-se observar que


para 59,3%, 16 participantes, as preocupações com as dívidas não impactam na
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execução do seu trabalho, já para 40,7%, 11 participantes, as preocupações


impactam nas atividades no trabalho.
Dos 11 participantes, somente 10 responderam como as preocupações
podem impactar nas atividades do trabalho, sendo:

TABELA 1 – Resumo das respostas da pergunta número 09 do questionário.

Solução dos
problemas
durante o Falta de Falta ao
Participantes Outras
expediente e motivação trabalho
postergação
dos resultados
1 x x
2 Motiva
aumentar o
volume de
vendas.
3 x
4 x x Ansiedade e
falta de
concentração.
5 Tensão trazida
do ambiente
familiar
influenciando
diretamente no
ambiente
profissional.
6 x x
7 x
8 x x
9 x x
17

10 x x

Fonte: https://my.survio.com (2018).

O que nos chama atenção é que nenhum dos participantes escolheu a


opção falta ao trabalho, o que seria o ponto mais grave e que afetaria mais a
produtividade.
Confrontando as hipóteses, conclui-se que as preocupações com as
dívidas impactam na execução das atividades no trabalho e interferem em fatores
que impactam na produtividade dos empregados.

FIGURA 6 – Gráfico da pergunta número 10 do questionário.


18

Fonte: https://my.survio.com (2018).

Nesse gráfico percebe-se que quando as preocupações não interferem


no trabalho, interferem no relacionamento familiar, relacionamento com amigos e na
autoestima. A influência na autoestima, opção de 73,9% dos participantes, corrobora
a teoria de Reinaldo (2012, p.113), em que o endividamento causa baixa autoestima.
Isso pode ocorrer porque as pessoas endividadas e inadimplentes
criam crenças limitantes com relação a si mesmo, como: Eu sou um fracassado
porque sou endividado, Nunca sairei das dívidas, e isso as leva a uma situação de
conformismo, e afeta diretamente a autoestima do cidadão.
Com relação ao impacto no relacionamento familiar, também citado por
Reinaldo (2012, p.113) como problemas conjugais, e segunda opção dos
participantes, com 56,5%, pode ser gerado por brigas e cobranças dentro de casa,
pela falta de dinheiro para pagar as contas e melhorar a qualidade de vida.
Além disso, o endividamento pode gerar exclusão social, e afetar o
relacionamento com os amigos, visto que sem dinheiro a pessoa se torna
impossibilitada de participar de eventos sociais.
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FIGURA 8 – Gráfico da pergunta número 11 do questionário.

No gráfico referente à resposta número 11 (onze), destaca-se que 12


(doze) participantes, 44,4%, informam que seus rendimentos são suficientes para
pagar suas dívidas. Isso quer dizer que somente 4 (quatro), 14,8% gastam mais do
que ganham, e 11 (onze) conseguem pagar algumas dívidas com o rendimentos, e
ouras não.
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FIGURA 9 – Gráfico da pergunta número 12 do questionário.

Fonte: https://my.survio.com (2018).

Nesse gráfico, percebe-se que a maioria da amostra, 19 (dezenove)


participantes, 70,4% informam que se a vida financeira fosse mais confortável, seu
rendimento no trabalho seria melhor.
As pessoas que marcaram outro, marcaram também a reposta não, por
isso a quantidade de respostas for excedente a quantidade de participantes.
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Com os dados da pesquisa apresentados e as hipóteses respondidas,


é possível realizar a conclusão do trabalho que avalia o impacto do endividamento
na produtividade.

Considerações

Em relação aos fatos apresentados e respostas obtidas, podemos


afirmar, que para a maioria da amostra 59,3%, as dívidas causam preocupações,
principalmente por não saberem se terão todo o dinheiro para pagá-las. Isso
corrobora a informação de Reinaldo (2012), de que as dívidas têm impacto negativo
nas vidas das pessoas, por receio de não honrá-las e perderem os bens
“conquistados”.
Para 40,7% dos participantes, as preocupações impactam no trabalho,
através: da utilização do tempo para resolver problemas, falta de motivação,
ansiedade e tensão. Esses dados confirmam a teoria de Reinaldo (2012) sobre a
baixa produtividade como efeito do endividamento, pois ao estar desmotivado, e
utilizando seu tempo para resolver questões alheias ao trabalho, seus objetivos não
são alcançados em menor prazo e há mais utilização dos recursos (tempo) para
executar o trabalho. A queda na produtividade influência na insuficiência da
produção e na queda na qualidade, impactando no desempenho do funcionário
(Menegon 2012).
Sendo assim, afirma-se que o endividamento impacta na produtividade,
e que a aplicação da Metodologia DSOP pode minimizar os efeitos e evitar as
causas do endividamento, através da organização da vida financeira, e mudança
dos hábitos e comportamentos das pessoas, que as tornarão poupadoras.
Demostramos outros fatores que influenciaram na conclusão, como a
existência de endividados inadimplentes, e a informação de que se possuíssem mais
dinheiro renderiam melhor no trabalho.
É oportuno lembrar que de acordo com o levantamento, as
preocupações provenientes das dívidas podem não influênciar no trabalho, mas sim,
em outros quesitos como família, estima e relacionamento social.
Cabe ressaltar que o estudo necessita de mais aprofundamento,
principalmente quando se trata da influência familiar, pelas preocupações com as
dívidas, e como essa pode impactar no ambiente de trabalho. Esse assunto foi
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levantado por um dos participantes, que informou que a tensão gerada no ambiente
familiar, devido às dívidas, impacta no trabalho.
Ademais cabe ressaltar que a amostra foi pequena, e que um número
maior de participantes, do mesmo ramo de atividade e do mesmo salário, podem
resultar em uma análise diferenciada.
Existem artigos científicos que abordam esse tema, mas não com a
aplicação de pesquisa com o questionário elaborado.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NETO, Alexandre Shigunov; CAMPOS, Letícia Mirella Fischer. Introdução a Gestão


da Qualidade e Produtividade. 1ª Ed. Curitiba: Intersaberes, 2016.

DOMINGOS, Reinaldo. Curso DSOP de Educação Financeira. 3ª ed. São Paulo:


Editora DSOP, 2016.

__________________. Livre-se das Dívidas. 1ª ed. São Paulo: Editora DSOP,


2012.

LAKATOS, E. Maria; MARCONI, M. de Andrade. Fundamentos de metodologia


científica: Técnicas de pesquisa. 7 ed. – São Paulo: Atlas, 2010.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E


TURISMO. Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do
consumidor (Peic) – Março 2018. Disponível em:
http://cnc.org.br/sites/default/files/arquivos/analise_peic_marco_2018.pdf.
Acesso em: 20 de março de 2018.

MASLOW, A. H. A theory of human motivation. Psychological Review. 1943.


Disponível em: http://psychclassics.yorku.ca/Maslow/motivation.htm. Acesso em: 20
de março de 2018.
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ANEXO A – Questionário aplicado aos participantes da pesquisa.

Para definir o público alvo da pesquisa, foi apresentado o texto abaixo


ao participante, antes do início das respostas:
Prezados (as),
Elaborei este questionário com o intuito de coletar dados para o meu
trabalho de conclusão da Pós-graduação em Terapia Financeira.
O objetivo é verificar se o endividamento das pessoas causam
impactos em sua produtividade.
Caracteriza-se como endividado (a) aquele (a) que possui dívidas
referentes à: compras parceladas no cartão de crédito e crediário, financiamentos
(carro e imóveis) e demais parcelas à pagar.
Se você não se enquadra no perfil supracitado, peço, por favor, não
responder ao questionário.
Não haverá identificação de nomes, por isso fique à vontade para
respondê-la.
Desde já agradeço.

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