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CERTIDÃO
CERTIFICO que, a cópia anexa do acórdão proferido por este Tribunal, tem o valor
de certidão e está conforme o original constante nos autos de Processo Comum (Tribunal
Colectivo) nº1365/13.0TDLSB, em que são:
Autor: Ministério Público
Arguido, Francisco Eduardo Morais Marques Guimarães, filho de Daniel Marques
Guimarães e de Maria Zaida Morais Oliveira Marques Guimarães, nascido em 27/10/1978,
natural da freguesia de Espinho.
É quanto me cumpre certificar em face do que dos autos consta e em face do que foi
solicitado.
Lisboa, 10-10-2018.
A Escrivã Auxiliar,
Augusta Alonso
RELATÓRIO
Para julgamento em processo comum, com intervenção do Tribunal Colectivo,
encontra-se pronunciado:
Pela prática, como autora material, em concurso real e na forma consumada de:
- um crime de infidelidade, ilícito previsto e punido nos termos do artigo 224° nOl
do Código Penal;
- um crime de abuso de confianca, este previsto e punido pelo artigo 205° nOl e
n04 alínea b) do Código Penal; e de
*
O arguido Francisco Guimarães apresentou a contestação que se encontra junta a
fls. 804 a 817, cujo teor se tem aqui por integralmente reproduzido.
Alega, em síntese, que não praticou quaisquer actos que consubstanciem actos
ilícitos e culposos geradores de responsabilidade criminal ou mesmo civil; que a gerência da
sociedade "Alto do Parque" sempre foi efectuada de facto pelos seus três Sócios; que a
diminuição do valor de facturação da sociedade assistente se prendeu essencialmente com a
crise económica que assolou o país em 2011 e que teve como efeito uma diminuição da utilização
do parque explorado pela assistente; que oS cheques enumerados no despacho de pronúncia
Pl'ocesso nO 1365/13.üTDLSB
~
Em suma, entende que o presente processo mais não é do que uma perseguição
movida pelo assistente e sócio Amâncio Dominguez que aproveitando-se da sua vantagem
económica pretende ficar sozinho no negócio, dado que várias vezes tentou que o arguido lhe
Termina pugnando pela sua absolvição dos crimes que lhe vêm imputados.
foi efectuada uma comunicação de alteração não substancial dos factos e de qualificação
jurídica.
pronúncia entendeu o tribunal que os mesmos configuram não a prática de um crime de burla
informática, previsto e punido pelo artigo 221 0 nOs 2 e 5 do Código Penal, mas sim o crime de
FUNDAMENTAÇÃO
Nota: Na factualidade dada por provada, por uma questão de ordem pragmática, de facilidade de
interpretação e localização, optámos por manter as referências à localização de alguns dos documentos juntos aos
autos.
Francisco Eduardo Morais de Oliveira Marques Guimarães sido nomeado gerente da mesma.
2
Processo nO 1365/13.0TDL5B
Juízo Central Criminal de Lisboa - Juiz 22
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7. O parque está permanentemente aberto ao público, 24 horas por dia e 365 dias
por ano.
8. A tarifa horária praticada desde o início dos negócios é de 0,90 Euros nos
primeiros 15 minutos e de 0,40 em cada uma das subsequentes fracções de 15 minutos, Le., a
primeira hora custa 2,10 Euros (valores com rVA incluído).
9. Pelo que o preço hora do serviço prestado corresponde a 2,10 Euros rVA
incluído.
10. As receitas eram depositadas numa conta aberta na Caixa Geral de Depósitos,
balcão da Praça da Alegria com o n. 2170015062130.
Processo nO 1365/13.0TDL5B
Juízo Central Criminal de Lisboa - Juíz 22
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14. Para tal usou variados métodos, nomeadamente a emissão e entrega a terceiros
de cheques sacados a débito da referida conta bancária para pagamento de dívidas próprias
e/ou de sociedades nas quais era pessoalmente interessado, como por exemplo da sociedade
"Francisco Guimarães Uni pessoal Lda.", NIF 506336883, prejudicando a queixosa.
15. O valor aposto nos cheques infra descrito não corresponde a dívidas fiscais da
sociedade assistente, nomeadamente IVA, sendo manifesto que a data de saque não
corresponde a nenhuma data de vencimento de obrigações tributárias, nem os valores dos
16. Num dos cheques está escrito à mão, no seu verso, um NIF que corresponde a
uma sociedade propriedade do arguido.
Nomeadamente:
1)
No dia 21712009 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 4.752,63 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento de impostos e contribuições de terceira pessoa que não a
sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade em idêntico valor e fazendo
enriquecer, naquele valor de 4.752,63 Euros, terceira pessoa, que assim não suportou a despesa a que
estava obrigada (documento de fls. 94 e 891).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
4.752,63 Euros não lhe pertencia, nem à terceira pessoa, antes pertencia à sociedade queixosa.
2)
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Processo nO 1365/13.0TDL5B
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No dia 23/12/2009 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 7.190,70 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento de impostos e contribuições de terceira pessoa que não a
sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade em idêntico valor e fazendo
enriquecer, naquele valor de 7.190,70 Euros, terceira pessoa, que assim não suportou a despesa a que
estava obrigada (documento de fls. 132 e 891).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarões bem sabia que o referido valor de
7.190,70 Euros não lhe pertencia, nem à terceira pessoa, antes pertencia à sociedade queixosa.
3)
No dia 27/0112010 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 3.948,32 Euros e endossou-o "nõo à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 3.679,26 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 3.679,26 €, terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 131 e 886).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
3.679,26 €, Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
4)
No dia 24/02/2010 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 5.040,53 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público" para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 3.511,21 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 3.511,21 €, terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 130 e 886).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de 3.511,21
Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
5)
No dia 31103/2010 o arguido Francisco Guimarães com a Sua letra e assinatura preencheu um
impresso pr-óprio de cheque com o valor de 8.655,53 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Publico", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceir'cs pessoas e
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C
Processo n 1365/13.0TDL5B
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da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 6.389,95 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 6.389,95 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 129 e 886).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
6.389,95 Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
6)
No dia 30104/2010 o arguido Francisco Guimarães com a Sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 8.089,59 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 6.564,80 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 6.564,80 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 128 e 886).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
6.564,80 Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
7)
No dia 31/05/2010 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 6.270,08 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuiçães de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 2.434,21 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 2.434,21 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 127 e 887).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
2.434,21 € Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
8)
No dia 3010612010 o arguido Francisco Guimarães com a Sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 3.014,43 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento de impostos e contribuições de terceiras pessoas que não a
sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade em idêntico valor e fazendo
enriquecer, naquele valor de 3.014,43 Euros, ter~ceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
Processo nO 1365/13.0TDLSB
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Juízo Central Criminal de Lisboa - Juiz 22
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Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
3.014,43 Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
9)
No dia 29/07/2010 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 8.525,23 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 6.321,87 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 6.321,87 € terceiras pess.oas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 95 e 887).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
6.321,87 € Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
10)
No dia 31/12/2010 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 13.036,10 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 8.841,15 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 8.841,15 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 98 e 887).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
8.841,15 € Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
11)
No dia 28/02/2011 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra c assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 10.316,23 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 6.160,47 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 6.160,47 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 100 e 888).
Ao aei uar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
6.160,47 € Euros não lhe pertencia, nem às i-erceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosc.
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Processo n° 1365/13.0TDL5B
Juízo Ceutral Criminal de Lisboa - Juíz 22
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12)
No dia 31/03/2011 o arguido Francisco Guimarães com a Sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 8.112,78 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 3.948,65 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 3.948,65 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 101 e 888).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
3.948,65 € não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
13)
No dia 29/04/2011 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 9.188,53 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 5.004,84 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 5.004,84 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 102 e 888).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
5.004,84 Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
14)
No dia 31/05/2011 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 10.455,53 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para simultâneo pagamento de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 6.252,90 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 6.252,90 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 103 e 888).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
6.252,90 Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
15)
No dia 14/07/2011 o arguido Francisco Guimarães com a sue letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 7.314,61 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
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Processo n° 1365/13.üTDL5B
~
16)
No dia 29/07/2011 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 8.698,68 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultaneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 4.457,54 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 4.457,54 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 105 e 889).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
4.457,54 Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
17)
No dia 31/01/2011 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 9.743,89 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultaneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 5.610,49 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 5.610,49 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 99 e 889).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
5.610,49 Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
18)
No dia 31/10/2011 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 6.254,81 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
GeSi"õo do Crédito Público", paro pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 3.445.30 € e fazendo
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Processo na 1365/13.0TDL5B
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Telcf: 213218300 Fax: 211545127 Mail: lisboa.varcr78@trihunais.org.pt
enriquecer, naquele valor de 3.445,30 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documenta de fls. 106 e 889).
Ao actuar desta farma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
3.445,30 não lhe pertencia, nem às terceiraS pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
19)
No dia 15/11/2011 o arguido Francisco Guimarães com a Sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 2.155,75 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento de impostos da sociedade queixosa Alto Parque (documento de
fls. 125 e 889).
20)
No dia 30/1112011 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 8.580,95 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 7.321,45 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 7.321,45 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 116 e 889).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
7.321,45 Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
21)
No dia 15/12/2011 o arguida Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 4.758,61 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 3.937,70 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 3.937,70 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 107 e 889).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
3.937,70 Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
22)
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Processo nO 1365/í3.0TDLSB
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No dia 29/02/2012 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 6.388,44 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 5.148,22 € e fazendo
enriquecer, naquele valar de 5.148,22 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 123 e 890).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
5.148,22 Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
23)
No dia 30/03/2012 a arguido Francisco Guimarães com a Sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 5.740,16 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 3.962,59 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 3.962,59 terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 122 e 890).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
3.962,59 não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
24)
No dia 30/04/2012 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 5.458,29 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 3.441,32 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 3.441,32 terceiras pessoas, que assim lião suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 121 e 890).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
3.441,32 não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
25)
No dia 30/05/2012 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinaiura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 4.538,45 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de tef~cejras pessoas e
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Precesso nO 1365/13.0TDL5B
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da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 2.515.00 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 2.515,00 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 120 e 890).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
2.515,00 Euros não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
26)
No dia 31108/2012 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 3.736,02 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 2.204,58 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 2.204,58 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 118 e 890).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
2.204,58 € não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
27)
No dia 31107/2012 o arguido Francisco Guimarães com a sua letra e assinatura preencheu um
impresso próprio de cheque com o valor de 5.947,39 Euros e endossou-o "não à ordem do Instituto de
Gestão do Crédito Público", para pagamento simultâneo de impostos e contribuições de terceiras pessoas e
da sociedade queixosa Alto Parque, prejudicando esta última sociedade no valor de 3.399,33 € e fazendo
enriquecer, naquele valor de 3.399,33 € terceiras pessoas, que assim não suportaram a despesa a que
estavam obrigadas (documento de fls. 119 e 891).
Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido valor de
3.399,33 € não lhe pertencia, nem às terceiras pessoas, antes pertencia à sociedade queixosa.
17. A sociedade assistente foi executada pela Administração Fiscal porque deixou
de pagar impostos vencidos no período em causa, tendo ocorrido uma reversão contra o aqui
12
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Telef: 213218300 Fax: 211545127 Mail: lisboa,varcr78({J)tribunais.org.pt .-'-- ..
20. Ao agir do modo que se descreve, o arguido Francisco Guimarães fez a sociedade
queixosa suportar oS custos com o pagamento dos referidos bens, sabendo que os mesmos não
se destinavam à sociedade assistente, antes se destinaram a outras entidades nomeadamente
do próprio arguido e/ou sociedades por ele participadas.
Processo nO 1365/13.0TDL5B
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-~-:-::-=-:-:-
Proce%o nO 1365/13.0TDL5B
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201O-12T Diverscs
23. Estes bens tiveram o preço total de 5.622,75 Euros, sendo de 1.051,41 Euros o
valor do IVA à taxa de 23,},o.
24. Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o referido
valor de 5.622,75 Euros não lhe pertencia a si nem a terceiras pessoas, antes pertencia à
sociedade queixosa.
"match. Pênsil Tecflex steel/gold", no estabelecimento da Porsche Design, pelo preço de 225
Euros e fez imputar tal custo à sociedade queixosa, sabendo que o bem adquirido não se
destinava à mesma.
preço de 171,60 Euros, e fez imputar tal custo à sociedade queixosa, sabendo que o bem
adquirido não se destinava à mesma.
28. Ao actuar desta forma o arguido Francisco Guimarães bem sabia que os
referidos valores de 381,60 Euros, 171,60 Euros e 225,00 Euros não lhe pertenciam, nem às
J6
Processo nO 1365/13.üTDL5B
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terceiras pessoas que beneficiaram das aquisições, antes pertenciam à sociedade queixosa, que
ficou prejudicada nos referidos valores.
29. O arguido Francisco Guimarães fez sua parte da receita da sociedade, uma vez
que uma parte do dinheiro levantado da máquina automática de pagamento e proveniente dos
pagamentos das avenças mensais nunca chegaram a ser depositados na conta bancária da
sociedade assistente ou por qualquer outro modo a beneficiaram, antes ingressaram no
património do arguido e/ou de terceiros.
30. A sociedade assistente factura (ainda) mensalmente uma média de 8.000 Euros
de avenças, i.e., 24.000 Euros por trimestre (IVA incluído) - valor a acrescer aos respeitantes à
máquina automática de pagamento.
31. No primeiro trimestre de 2013 as avenças foram recebidas ainda pelo arguido
que explorou o negócio até dia 15 de Janeiro.
34. Nos últimos sete trimestres da gestão do arguido este apenas declarou ter
recebido os valores seguintes:
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38. Ao actuar da forma descrita o arguido Francisco Guimarães bem sabia que o
referido valor não lhe pertencia, antes pertencia à sociedade queixosa, e que a conduta referida
é proibida pelo direito e penalmente sancionada, tendo actuado sempre com o intuito de se
apoderar de valores monetários sabendo que com a sua conduta iria prejudicar a sociedade
assistente.
40. Isto é, nem mesmo o valor que o arguido declarou ter recebido por conta da
sociedade assistente, de que era gerente, foi encaminhado para a sua conta bancária ou de um
qualquer modo utilizado em seu proveito.
J8
.-
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concreto não se logrou apurar, não foi aplicada no cumprimento de nenhuma obrigação da
sociedade assistente, nem beneficiou esta sociedade de qualquer modo, antes foi apoderada
pelo arguido Francisco Guimarães que fez sua tal quantia, actuando ao longo daquele período
com a firme consciência de que o dinheiro retirado da máquina não lhe pertencia, antes é
propriedade da assistente, actuando com o intuito de enriquecer e causar prejuízo, como
causou, à sociedade.
44. Nestes valores não se incluem oS valores das avenças mensais que igualmente
foram recebidas pelo arguido e não foram entregues à sociedade, assim a prejudicando em valor
que não foi possível apurar.
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47. Toda a facturação da máquina automática foi registada sempre num computador
existente na sociedade e ligado directamente à máquina automática, através de uma aplicação
informática da responsabilidade da Resopark desde a constituição da sociedade e até à
presente data.
50. Ao agir como o agiu, o arguido sabia que oS valores recebidos pela sociedade não
eram seus, antes eram propriedode da assistente.
51. Ao agir como agiu, o arguido sabia que violentou grosseiramente o direito da
queixosa.
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54, O seu agregado familiar, ainda que numeroso (nove descendentes), dispunha de
uma condição económica normal assente nos rendimentos do seu progenitor enquanto engenheiro
sem registo de detenções tendo obtido a licenciatura em Engenharia Civil no Instituto Superior
Técnico.
57. O ingresso na vida profissional activa foi facilitado pela via familiar porquanto os
progenitores eram detentores de diversos bens imóveis, tendo desempenhado funções ao nível
gestão imobiliária,
maioritariamente pelos rendimentos prediais advindos dos activos imobiliários da família, cujo
condição de gerente da empresa uni pessoal "Fernando Guimarães, Lda.", que ascende a cerca de
700 € por mês,
61. Pese embora não aufira qualquer remuneração pela assunção dos cargos de
sociedades nas quais assume posições societárias maioritárias, entre as quais se encontram a
62. Reside com a irmã e o sobrinho numa casa própria, propriedade da família à qual
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Processo nO 1365/13.0TDLSB
'2fi.
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63. Para além das despesas gerais de manutenção o arguido paga 850 € mensais
relativos a um crédito pessoal contraído.
*
Da matéria constante da contestação apresentada pelo arguido, para além da
constante da acusação e com relevo para a decisão, provou-se que:
*
66. O arguido renunciou à gerência em 10 de Janeiro de 2013.
68. Para que esta última sociedade adquirisse as 88 fracções onde se encontra
instalado o parque de estacionamento explorado pela sociedade "Alto do Parque" foi necessário
recorrer a um mútuo bancário.
70. Todos os sócios das duas sociedades, por coincidirem em ambas, estipularam que
com os lucros provenientes da exploração do parque de estacionamento a sociedade" A Ita do
22
Processo nO 1365/13.0TDL5B
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Parque" faria as transferências necessárias para o pagamento das prestações que aquela
sociedade teria que pagar junto do Banco Caixa Galicia por conta do mútuo Bancário já referido
e bem assim para as demais despesas dessa sociedade.
fracções exploradas pela assistente, propriedade da "Moldihouse", e cuja responsabilidade tinha assumido:
75. A sociedade assistente teve uma evolução positiva do seu volume anual de
negócios entre 2006 e 2010.
78. Em 2007 foi pedida uma proposta para a substituição de todo o equipamento,
que foi remetida pela "Resopark".
23
Processo "o 1365/13.0TDL5B
/ .
81. Em data não concretamente apurada, pela Câmara Municipal de Lisboa foi
efectuada a colocação de balizas flexíveis junto à entrada e saída do parque.
.
Da factualidade constante do despacho de pronúncia. e com relevo para a
decisão. entendemos não ter resultado provado que:
» É seguro afirmar que a sociedade assistente factura sempre mais do que
70.619,01 € por trimestre.
» É seguro afirmar que a sociedade assistente tem uma facturação sempre superior
a 80.000 € por trimestre.
» É seguro afirmar que a sociedade assistente no período referido em 34 (7
trimestres) facturou pelo menos 494.333,07 € (70.619,01 € x 7).
» O arguido no lapso de tempo referido em 34 desviou em seu exclusivo benefício
receitas brutas da sociedade assistente de pelo menos 190.182,18 €.
» O arguido durante o lapso de tempo referido em 34 prejudicou a sociedade
24
Processo nO 136,)/1.3.0TDLSB
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assistente foi exercida de facto pelos três sócios gerentes e constituintes da mesma e depois
da renúncia à gerência e cessão de quotas por parte do sócio Miguel Coelho, pelos dois sócios
actuais (o aqui arguido e Amâncio Dominguez assistente).
» Foi com o conhecimento e anuência de todos os sócios que a sociedade assistente
deixou de fazer as transferências necessárias com as quais a "Moldihouse, Lda." contava para
pagamento das prestações ao Banco financiador.
» Todas as decisões relativas à assistente eram tomadas em reuniões semanais nas
antes de interpor o processo cautelar e após a saída do sócio gerente José Miguel Coelho.
» A partir de 2010 verificou-se um decréscimo acentuado na actividade da
que, a par da crise económica, contribuíram para que o negócio da sociedade tivesse sofrido um
decréscimo que em determinados meses foi superior a 40% ou 50% do valor que facturava nos
primeiros anos de actividade.
» A sociedade foi afectada pela sua maior crise, que não pode ser imputada a
ninguém mas apenas às condições económicas que o país atravessou desde finais de 2010.
» O assistente Amâncio Dominguez teve a possibilidade de aceder aos elementos
assistente.
» No final de 2011 tornou-se impossível manter o equipamento do sistema
informático do parque (central de gestão e demais equipamentos de gestão e controle do
parque) face aos inúmeros erros que provocova, com a desactivação dos cartões de clientes,
alteração de tarifários e bloqueio de barreiras.
» As avarias eram constantes.
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colocação de balizas flexíveis por parte da Câmara Municipal de Lisboa provocava grandes
transtornos para oS condutores que por esse facto deixavam de utilizar o parque de
estacionamento.
» Só com a substituição do sistema informático introduzida pelo arguido foi possível
adoptar o procedimento que permitia que quando fossem retirados os valores das máquinas de
pagamento fosse retirada também uma listagem dos pagamentos que depois de conferida era
remetida à TOC.
» Até aí, por acordo dos três sócios e gerentes, o controlo contabilístico era feito
através dos extractos bancários que por sua vez correspondiam ao valor retirado diariamente
da máquina.
***********************************************
Convicção do Tribunal
O Tribunal formou a sua conviçção a partir da análise crítica de toda a prova
produzida em audiência e constante dos autos, segundo juízos de experiência comum e de
acordo com o princípio da livre apreciação da prova (cfr. artigo 1270 do CPP).
"A livre apreciação da prova a que alude o artigo 1270 do Código de Processo Penal,
não é reconduzível a um íntimo convencimento, a um convencimento meramente subjectivo, sem
possibJildade de justificação objectiva, mas a uma liberdade de apreciação no âmbito das
operações lógicas probatórias que sustentem um convencimento qualificado pela persuasão
racional do juízo e que, por isso, também externamente possa ser acompanhado no seu processo
formativo segundo o princípio da publiCidade da actividade probatória." (Cfr. o Ac. do STJ de
3/03/1999, in BMJ 485, pág. 248).
Assim, no que concerne à factualidade dada como provada atendeu o tribunal, desde
logo, ao teor da vasta documentação que se encontra junta aos autos a qual complementada pelo
teor da prova testemunha! prestada em audiência de julgamento permitiu ao tribunal dar a
factualidade descrita nos pontos 1 a 52 e 66 a 82 como provada.
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Processo ,,0 1365/13.0TDLSB
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Cumpre, desde logo, referir que parte da factulidade dada como assente acabou por
vir a ser admitida pelo arguido Francisco Guimarães nas declarações que prestou finda a
produção de prova e junta a informação solicitada pelo Tribunal à AT.
A produção de prova testemunhal efectuada ao longo das várias sessões de
julgamento foi bastante vasta denotando de quando em vez o clima de conflitualidade existente
entre arguido e assistente e conhecimentos provenientes de outras acções judiciais existentes
entre ambos. Contudo, diremos que da sua análise e conjugação com oS diversos documentos
juntos aos autos ficámos com a firme convicção que a generalidade dos factos imputados ao
arguido se passou nos exactos termos descritos na pronúncia.
Começando pelos factos relativos ao enquadramento das relações comerciais
existentes entre arguido e assistente assumiram especial importância, desde logo, aS
declarações prestadas pelo assistente Amâncio Dominguez que, de uma forma clara,
fundamentada, coerente e, como tal, totalmente credível explicou as circunstâncias em que a
empresa "Alto do Parque" foi constituída, descreveu o respectivo objecto de negócio e bem
assim a sua estrutura societária.
Admitiu que pese embora os três sócios constituintes figurassem como gerentes da
sociedade a mesma ficou desde o início entregue ao arguido e ao outro sócio Miguel Coelho que
acabou por deixar de assinar cheques e de estar tão presente na vida da sociedade
sensivelmente a partir de 2009.
Referiu recordar-se, aliás, que foi precisamente em finais de 2009 inícios de 2010
que recebeu uma notificação das Finanças a dar conta que se encontravam valores de IV A por
liquidar e um contacto por parte do Banco Galícia a informar que o contrato de mútuo que
haviam celebrado, através de uma outra sociedade de nome "Moldihouse", também se
encontrava em incumprimento.
Na altura recorda-se que contactou o arguido e o Miguel Coelho que o
tranquilizaram e disseram que estava tudo em resolvido.
Relativamente à actividade desenvolvida pela sociedade "Alto do Parque" explicou
que a mesma consistia na exploração de um parque. de estacionamento, com 88 lugares, situado
no centro de Lisboa, mais concretamente no Chiado.
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P"ves,"o nO 1365/13.0TDL5B
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As receitas da empresa provinham dos pagamentos que eram feitos pelos diversos
utentes do Parque, quer por parte daqueles que o ocupavam pontualmente quer dos que tinham
avenças mensais.
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f'roces,co ,,0 1365/13.0TDLSB
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pagar impostos da assistente "Alto do Parque" porque os montantes não coincidiam com aqueles
que a sociedade tinha que liquidar de impostos, nem em termos de valor nem de data, e não
tinham qualquer suporte contabilísticos.
Acrescentou que se deparou com esse problema no início de 2013 quando assumiu a
a gerência da sociedade, após a destituição do arguido. A contabilidade não se encontrava
devidamente organizada e documentada (conta por regularizar tinha valores elevadíssimos;
existiam custos suportados pela assistente que nada tinham a ver com a sua actividade e
elementos em falta).
Concretizou, ainda que se veio a aperceber, que em 2012 o arguido decidiu
substituir todo o sistema informático do Parque e deu ordens expressas para que toda a
informação anterior não fosse migrada, assim como que fosse apagado o registo existente no
computador, facto que levou a que fosse impossível reconstituir o montante das receitas
auferido nesse período e perceber a taxa efectiva de ocupação do Parque.
Veio a saber por pessoas que trabalhavam lá que o arguido e o Marco Antunes,
braço direito do mesmo, costumavam diariamente proceder à recolha dos montantes pagos pelos
utentes ainda que sem procederem ao respectivo depósito na conta bancária da assistente.
Enfatizou que muitas das situações que dá conta na queixa que apresentou, e que se
encontram documentadas nos autos, foram sinalizadas pela Administração Tributária no âmbito
de uma fiscalização que foi efectuada à contabilidade da "Alto do Parque".
Foram detectadas uma série de facturas relativas à aquisição de bens que nada
tinham a ver com o Parque (quantidade enorme de chaves, janelas, televisões, sanitas e outros
objectos) sendo que algumas até tinham como destino prédios de outras empresas do arguido
Francisco Guimarães.
Desde que tomou conta da administração da sociedade não só as receitas
aumentaram como constatou que as mesmas cobrem perfeitamente as despesas.
Relativamente ao extravio da informação que estava arquivado no antigo
computador e que não foi alvo de migração pediu um relatório à "Resopark", empresa
responsável pela manutenção do mesmo, que veio informar que a informação de Janeiro a Abril
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P,'ocesso nO 1365/13.üTDLSB
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de 2012 tinha sido toda apagada. Acresce a tal facto que durante o referido período o valor dos
depósitos bancários nem sequer chega ao valor das avenças que foram recebidas.
Recorda-se que quando recebeu a gerência da sociedade a conta da empresa tinha
um saldo de apenas 154 €.
Presentemente tem ideia que as receitas da empresa andam na ordem dos
30/35.000 € e os seus custos na ordem dos 20/25.000 €.
Ainda que por vezes ultrapassando o objecto das questões em causa nos presentes
autos, fruto das inúmeras acções que opõem assistente e arguido e que sõo obviamente do
conhecimento dos seus Ilustres Mandatários, Amâncio Dominguez relatou ainda as relações
existentes entre a sociedade "Alto do Parque" e a "Moldihouse", bem como a forma como
liquidou as obrigações desta empresa junto da Banca e do Estado.
Foi confrontado com fls. 157 a 291 do Apenso da Autoridade Tributária
demonstrando ter conhecimento directo de todos os documentos; com fls. 10 do I Volume, fls.
370 (documento de remoção dos cofres pela "Resopark", sendo do seu conhecimento que estes
valores não só não deram entrada no Banco como também não se encontravam registados na
contabilidade), fls. 683 (relativo a um pedido por si formulado relativamente ao 63 cheques cujo
valor apenas parcialmente está relacionado com dividas da assistente), e fls. 739 (documento
relativo à ocupação de um outro parque de estacionamento a operar na mesma zona).
Relevante para a compreensão de alguns dos aspectos dados por provados e
relatados pelo assistente Amâncio Dominguez afigurou-se o depoimento de Elisabete da
Encarnação Amendoeira, actual contabilista da "Alto do Parque", que de uma forma clara e
escorreita relatou ao tribunal a situação em que recebeu a contabilidade da referida empresa
em inícios de 2013 e as dificuldades com que se deparou em face da ausência de documentação
suporte de lançamentos que haviam sido feitos em anos anteriores.
Confrontada com fls. 109 afirmou conhecer o documento explicando que se trata do
extracto da "conta a regularizar" embora o mesmo não tenha sido feito por si, mas pela colega
que anteriormente se encontrava responsável pela contabilidade da "Alto do Parque". Afirmou
que se reporta a valores que tiveram que sei' contabilizados nesta conta uma vez que respeitam
a pagamentos efectuados co Estado, por cheque, que não podiam ser contabilizados por
JO
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contrapartida de "divida ao Estado" dado que os montantes não eram coincidentes com os
valores a liquidar pela assistente.
Pediram uma lista dos cheques que haviam sido pagos e constataram que tinham sido
emitidos à ordem da Autoridade Tributária sem que, contudo, existisse um documento
comprovativo do pagamento do imposto devido. Mais perplexos ficaram ao serem notificados de
dívidas fiscais da assistente à AT.
Confrontada com fls. 541 admitiu que se trata de uma listagem dos cheques por si
elaborada e que respeita a cheques com correspondência ao pagamento de impostos.
Relativamente às facturas que encontrou recorda-se que algumas tinham moradas
de entrega dos materiais nelas descritos que não coincidiam com a do Parque de Estacionamento
do "A Ito do Parque", nem como nenhuma outra relacionada com a assistente; apercebeu-se que
eram pagas por contrapartida de Caixa ou até mesmo por adiantamento dos sócios.
Relevante para a formação da convicção do tribunal no que tange às funções
desempenhadas pelo arguido Francisco Guimarães na gestão e no dia a dia do Parque afigurou-se
o depoimento prestado por Filipe Nuno Felizardo Valente, funcionário do próprio Parque, que
demonstrou ter um conhecimento directo de grande parte das questões em causa nos presentes
autos excepção feita obviamente às quantias monetárias de que o arguido se encontra acusado
de se ter apropriado.
Esclareceu que em regra trabalhava no Parque entre aS 24hOO e as 8hOO das noites
de maior movimento, ou seja de quarta a domingo, tendo sido convidado para o fazer pelo
arguido Francisco Guimarães, pessoa que lhe pagava e de quem recebia ordens.
Não teve dúvidas em afirmar que era o próprio arguido quem recolhia o dinheiro do
Parque, pelo menos até 2011 altura em que o Marco Antunes também o passou a fazer, assim
como OS pagamentos das avenças quando feito em dinheiro.
Questionado sobre o movimento do Parque ao longo do tempo que lá desempenhou
funções foi peremptório ao afirmar que nunca notou grandes oscilações a eSse nível, dado que
nas noites de maior movimento estava sempre cheio, muito por conta da proximidade 00 Bairro
Alto. No que respeita às avenças também não houve oscilações uma vez que estavam sempre
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P,-acesso nO 1365/13.üTDLSP
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foi feita a substituição, segundo as indicações que receberam por parte do cliente, apenas
procederam à migração dos elementos relativos à identificação do Parque e às tarifas
praticadas.
Foi peremptório ao afirmar que a informação relativa à ocupação do Parque e aos
registos não foram migrados por indicação expressa do Sr. Marco Antunes, o qual por diversas
vezes o questionou como se poderia apagar a informação registada no computador.
Confrontado com o Relatório que se encontra junto aos autos a fls. 10 confirmou
que se trata de um documento elaborado pela empresa para a qual trabalha (Resopark),
explicando o seu conteúdo e a razão das conclusões aí vertidas. Foi ainda, confrontado com OS
documentos de fls. 291 do Apenso Tributário e de fls. 370 dos autos principais.
O funcionamento do Parque (registo de informação, taxa de ocupação, recolha dos
valores diários auferidos, obras de conservação realizadas) foi ainda descrito de forma
particularmente relevante pelas testemunhas Aníbal de Matos Horta e António de Lima, ambos
funcionários do Parque.
Analisados os seus depoimentos que nos escusaremos de reproduzir na íntegra, por
razões de economia, não ficámos com quaisquer dúvidas cerca da veracidade do depoimento dos
mesmos que foram ao encontro daquilo que foi referido por todas as testemunhas indicadas pelo
assistente - o Parque manteve sempre uma taxa de ocupação similar ao longo do período em
análise; não houve diminuição de receitas significativas; não houve diminuição do valor das
avenças; não existiram quaisquer obras de conservação relevantes que tenham impedido o
funcionamento normal do Parque; o dinheiro sempre foi recolhido pelo Engenheiro Guimarães ou
por Marco Antunes e houve uma substituição do sistema informático do Parque a partir do qual
se perderam os registos anteriores.
O movimento e ocupação do Parque bem como a ausência de obras de
conservação/manutenção relevantes foi de resto de forma totalmente isenta aflorada por duas
testemunhas que estacionam, por motivos profissionais, diariamente no Parque e nenhuma
relação têm com a sociedade "Alto do Parque" - Abel Saturnino da Silva Pinheiro e Teima Sofia
Dias Ribeiro.
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=---~c-._._-
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Foi inquirida, ainda, como testemunha Isabel Cristina da Silva Martins Alegria,
inspectora tributária, que efectuou a peritagem realizada pela Autoridade Tributária que se
encontra junta aos autos e que motivou uma correcção aos valores declarados pela sociedade
"Alto do Parque", que disse confirmar as conclusões do Relatório junto a fls. 392.
A forma como o arguido geriu a sociedade assistente e a ausência de elementos
contabilísticos foi ainda explicada e concretizada por Olga Maria Frade de Sousa, actualmente
responsável pela contabilidade da sociedade.
Deu conta dos cheques passados pela empresa sem justificação: de facturas
relativas a bens adquiridos que nada tinham a ver com a actividade da sociedade e das
conclusões a que chegou e que se mostram também vertidas do relatório que foi efectuado pela
Autoridade Tributária depois da auditoria realizada.
Aludiu à falta de documentação e registos que motivam até hoje que a conta a
regularizar se mantenha com um valor elevadíssimo.
Foi também ouvido como testemunha Marco Daniel Antunes, amigo do arguido e
funcionário da "Alto do Parque" entre 2008 e início de 2012. Sem necessidade de
detalhadamente descrevermos o que foi dito por esta testemunha, diremos que se tratou de um
depoimento que não nos mereceu qualquer credibilidade atenta a forma pouco coerente e isenta
como foi prestado.
Na verdade, esta testemunha foi a única que trouxe conhecimentos totalmente
desconformes não só ao que foi relatado por todos oS outros funcionários do Parque como
também àquilo que resulta dos diversos documentos juntos aos autos.
Teve conhecimento de obras que mais ninguém teve; viu uma ocupação no Parque
diferente da dos demais e justificou a não migração da informação registada no sistema
informático como decorrente de uma impossibilidade técnica que lhe foi transmitida pelos
responsáveis da "Resopark".
Teve conhecimento de uma diminuição das receitas das avenças mensais; de avarias
constantes no sistema informático do Parque, da prestação de um mau serviço por parte da
"Resopark", de obras avultadas na rompa de acesso (abertura no betão para alargamento das
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Processo nO 1365/13.0TDL5B
Juízo Central Criminal de Lisboa - Juíz 22
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curvas), enfim de uma situação unicamente descrita por si que até poderia levar o tribunal a
pensar que não estaríamos a falar do mesmo Parque.
É certo que poderemos questionar a razão do tribunal entender que foram os
outros funcionários que falaram verdade e não Marco Antunes, mas a mesma é facilmente
compreensível após uma análise cuidada da prova efectuada em julgamento e da sua conjugação
com a vasta prova documental junta aos autos.
Foram ouvidas várias testemunhas, desde funcionários do Parque, a utentes que
nenhuma relação tem com a sociedade assistente, contabilistas, técnicos da empresa que
prestava assistência ao sistema informático do Parque e todas viram e relataram a mesma coisa,
excepção feita curiosamente a esta testemunha, cuja proximidade ao arguido e às próprias
situações relatadas resultou mais do que evidente.
Não pode ignorar o tribunal que Marco Antunes foi várias vezes descrito como o
braço direito do arguido; como a pessoa que procedia ao levantamento de quantias monetárias
da máquina de pagamentos e provenientes das avenças que nunca foram depositadas na conta
bancária da assistente; que foi quem esteve presente na substituição do sistema informático e
do computador dando a indicação de não migração de dados; que se quis inteirar de como se
poderiam apagar os registos do computador enfim.
As incoerências daquilo que descreveu aliada ao conteúdo das situações descritas
por diversas testemunhas, cuja isenção não podemos nem temos qualquer razão objectiva para
colocar em causa, não nos deixam qualquer dúvida na desconsideração daquilo que foi o seu
depoimento.
Por último, cumpre aludir à prova documental de fls. 886 a 890 (informação que foi
remetida pela AT já na fase final do julgamento) que de forma inequívoca veio demonstrar a
factualidade descrita pelo assistente - a utilização por parte do arguido Francisco Guimarães
de dinheiro/receitas da sociedade para pagamento de quantias e despesas totalmente alheias à
sociedade "Alto do Parque", em beneficio de terceiras entidades consigo relacionadas.
Obviamente que perante tal informação ficou totalmente descredibilizada a defesa
do al'guido que finda a produção de prova prestou declarações admitindo as evidências que já
não tinha forma de negar.
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Processo n° 136~/13.0TDLSB
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Processo nO. 1365/13.01DL5B
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TclcC: 213218300 Fax: 2 J I 545127 Mail: lisboa.varcr78@lribunais.org.pt
Por outro lado, também, não ficaram quaisquer dúvidas de que adquiriu bens que não
se destinavam à assistente, bastará atentar em algumas facturas e ver os locais de entrega ou
analisar a sua natureza (chaves e mais chaves, entre outros) para se constatar que nada têm a
ver com a assistente não obstante ter sido esta a suportar o seu custo.
Relativamente a este concreto aspecto também não colheu a explicação dada pelo
arguido relativamente ao descritivo de algumas facturas cujos bens não poderiam como é óbvio
destinar-se à assistente.
o arguido chegou a dizer que embora algumas das facturas tivessem escrito que
respeitavam à aquisição de "chaves" tal sucedida, segundo tinha apurado à posteriori, porque não
obstante respeitarem a materiais de natureza diversa destinados à assistente o responsável da
loja por uma questão de facilidade escrevia "chaves".
A afirmação afigura-se tal destituída de sentido e veracidade que nos absteremos
de a comentar.
Quantos aos valores concretos de que o arguido Francisco Guimarães se terá
apropriado e/ou utilizado em benefício próprio ou ter terceiras entidades entendemos que
apenas se provou, com a certeza exigível, os montantes referidos no ponto 52. É certo que
resultou provado que o arguido recolheu dinheiro proveniente da máquina de pagamento
automático e do pagamento das avenças, quantias que nunca entraram nas contas da sociedade,
mas saber ao certo a quanto é que ascendeu tal quantia não foi possível.
Para além dos registos relativos à utilização do Parque e inerentes pagamentos
terem sido apagados, a verdade. é que existiram diversos pagamentos que foram feito por conta
de Caixa, ou seja, não foi possível em concreto determinar o total das receitas que o arguido
teve no período da sua gerência como também não foi possível apurar todos os custos.
Alguns dos funcionórios ouvidos em julgamento disseram que recebiam parte do
ordenado em dinheiro: existiram despesas inerentes à vida da sociedade que fo,'am pagas em
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Processe nO 1365/13.0TDL5B
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numerário pelo que não se pode estimar qual a concreta quantia que o arguido usou
indevidamente.
Como certo apenas temos as quantias pagas por conta de entidades terceiras
através de cheques e os custos não relacionados com a actividade da assistente.
No que concerne às declarações do arguido apenas uma alusão breve no sentido de
referir que o mesmo tentou explicar a sua actuação no que respeita aos cheques admitindo que
efectivamente não o devia ter feito, mas que se tratou de uma atitude meramente negligente e
pouco profissional da sua parte.
Tentou fazer passar a ideia ao tribunal que não obstante ter diversas empresas nas
quais detém posições maioritárias não percebe muito de gestão ou de obrigações contabilísticas.
Apesar de reconhecer que a partir de determinada altura geriu sozinho a sociedade
"Alto do Parque" afirmou nunca ter tido a intenção de prejudicar a sociedade. Acrescentou que
ao contrário do que o assistente pretende demonstrar houve uma quebra muito grande nas
receitas do Parque; que houve necessidade de efectuar avultadas despesas em obras; que não se
lembrava da substituição do computador ter sido feita no seu tempo, assegurando nunca ter
dado ordens para que a informação não fosse migrada ou fosse apagada.
Em suma, o arguido reconheceu apenas o inevitável em face da informação junta aos
autos pela AT tentando mitigar todas as demais situações sobejamente demonstradas em
audiência, dando a entender que todo este processo resulta de uma perseguição por parte do
assistente Amâncio Dominguez.
Em face do exposto, e sem necessidade de revermos todos os depoimentos
efectuados em audiência de julgamento, sendo certo que aqueles a que não aludimos foi por não
acrescentarem nada de novo ao que havia sido referido por outras testemunhas, importa referir
que o tribunal ficou inteiramente convencido da actuação do arguido Francisco Guimarães e da
testemunha Marco Antunes, a mando daquele.
Na verdade, não temos qualquer dúvida que tudo o que Marco Antunes fez foi a
mando e sob a direcção do erguido. Foi referido por todos quantos com eles lidaram
directamente como sendo o seu braço direito, decorrendo tal ligação também de alguns dos
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Processo nO 1365/13.0TDL5B
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documentos juntos aos autos (vide entre autos o fax junto a fls. 1017 em que aparecem como
contactos da "Alto do Parque", precisamente o arguido e Marco Antunes).
Para além do já referido cumpre apenas salientar que assumiram particular
relevância os documentos que se encontram junto aoS autos a fls. 10 a 11 (conclusões da
auditoria efectuada ela "Resopark" aos valores da facturação resultante da exploração do
Parque Chiado ao ano de 2012 e dois meses de 2013); fls. 12 a 33 (comprovativos da entrega das
declarações trimestrais de IVA referentes a 2010, 2011 elo, 2° e 3° trimestre de 2012); fls.
34 a 55 (decisão da providência cautelar que correu termos no Tribunal do Comércio e no
âmbito da qual foi decidido suspender o arguido das funções de gerência); fls. 56, 67 a 71
(certidão permanente da sociedade "Alto do Parque"); fls. 94, 95, 98 a 108 e 116 a 138 (cópias
dos cheques elencados no ponto 16 da factualidade dada por provada); fls. 96 e 97 (pedidos
efectuados por mail da contabilidade ao arguido Francisco Guimarães a solicitar a identificação
dos cheques); fls. 257 (relatório da Autoridade Tributária), fls.366 (listagem dos cheques em
causa nos autos); fls. 367 (declarações fiscais para efeitos de IVA); fls. 369 (dinheiro retirado
da máquina); fls. 370 (relatório de remoção de cofre de moedas e notas); fls. 372 a 410
(declarações periódicas de IVA desde 2005 ao 1° trimestre de 2015); fls. 411 a 446 (extractos
bancários CGD anos de 2010 a 21012); fls. 449 (relatório de auditoria "Alto de Parque", datado
de 31/12/2012 e cujas conclusões apontam para a existência de gestão danosa por parte do
arguido);fls 886 a 891 (informação da AT a que já aludimos), fls. 911 e ss (certidões
permanentes actualizadas de várias empresas detidas pelo arguido que foram beneficiárias dos
pagamentos efectuados e mencionados no ponto 16); fls. 942 a 948 (regulamento municipal
relativo ao horário de funcionamento do Parque) e fls. 1002 (documentação junta pelo arguido
relativa à facturas e a queixas relacionadas com o equipamento informático à "Resopark").
Relativamente às condições pessoais do arguido atendeu-se ao Relatório Social de
fls. 854 e quanto aos antecedentes criminais ao CRC de fls. 1057.
No que respeita à factual idade dada por não provada cumpre referir que a mesma
resultou da menor consistência ou total ausência de prova que sobre o mesmo foi efectuado.
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Processo na 1365/13.0TDL5B
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Com efeito, pelos motivos já aflorados entendemos que não resultaram provados
quais os concretos valores facturados mensalmente pela assistente durante o período de gestão
do arguido.
Já no que respeita à factualidade alegada pelo arguido em sede de contestação
diremos que a mesma se encontrava em clara contradição com o alegado pelo assistente em sede
de requerimento de abertura de instrução e que acabou por ficar sobejamente demonstrado em
sede de julgamento.
Aliás, o próprio arguido nas declaraçães que prestou, finda a produção de prova,
acabou por admitir parte da factualidade que negava de forma veemente em sede de
contestação.
É certo que as testemunhas Marco Antunes e João Paulo Parente Pombo Calado
tentaram de alguma forma corroborar a versão do arguido, contudo, a mesma não colheu quando
analisada à luz da demais prova. Foram as únicas testemunhas que atestaram ter conhecimento
de factos totalmente inverosímeis.
A título de exemplo referiremos que João Paulo Calado afirmou ser do seu
conhecimento que a gerência da assistente sempre foi, pelo menos até 2012, exercida de facto
pelos três sócios da sociedade (facto cuja falta de veracidade acabou por ser admitido pela
próprio arguido); que acreditava que o arguido Francisco Guimarães não só não tinha prejudicado
a sociedade assistente como inclusivamente teria metido dinheiro pessoal seu na sociedade para
fazer face a algumas despesas, recordando-se até de o ver entregar dinheiro do seu bolso para
pagar aoS funcionários (o próprio arguido admitiu ter usado dinheiro da sociedade, emitindo os
cheques identificados, para pagar despesas externas); referiu serem constantes os
engarrafamentos à entrada do Parque por avarias no sistema informático (facto contrariado por
testemunhas que utilizam diariamente o estacionamento), em suma, tentando ir de encontro à
defesa do arguido prestou um depoimento pouco isento e incoerente.
***********************************************
o DIREITO
Do crime de infidelidade
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--~_._-----
Processo nO J 365/13.0TDL5B
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l'r(CéSSO nO 1365/13.0TDL5B
Juízo Central Criminal de Lisboa _ Juíz 22
Av D. Jo'o II, N" 1.08.01 A _ 1900.097 Lisboa
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Telef: 213218300 Fax: 211S45127 Mail: lisboa.varcr78@tribunais.org.pt ~_./...
Acresce ainda que não existe qualquer definição do que se deva entender por
"prejuízo patrimonial importante", nem por "grave violação dos deveres", sendo a utilização de
conceitos indeterminados outro dos problemas que a redação deste artigo levanta.
Como realçou o Autor do Anteprojeto do CP de 1982, EDUARDO CORREIA, o delito
de infidelidade tem subjacente a ideia ética da confiança. Somente a pessoa a quem foi
confiado o dever de dispor, administrar ou fiscalizar interesses patrimoniais alheios, pode ser o
agente deste crime, tratando-se, por isso, de um crime específico próprio.
A relação de confiança pode resultar diretamente da lei (como, por exemplo, os
poderes dos pais, tutores e curadores em relação ao patrimónia das filhos, menares ou
inimputáveis, do cabeça de casal, do administradar judicial, entre outros) ou de acto jurídico
(como, por exemplo, a procuração com poderes para administrar o património, a indicação de
testamenteiro ou a nomeação ou eleição does) gerente(s) de uma pessoa coletiva).
A descrição típica exige assim que a conduta adoptada pelo administrador cause
prejuízo patrimonial importante ao titular dos interesses patrimoniais, isto é, ao sujeito passivo
o qual pode consistir na diminuição do activo patrimonial ou no aumento do passivo patrimonial,
bem como no não aumento do activo ou na não diminuição do passivo.
O prejuízo patrimonial tem é de ser importante. A este respeito tem entendido a
doutrina e a jurisprudência (A. Taipa de Carvalho, in Comentário Conimbricense do Cód. Penal,
Tomo II, pág. 367 e Ac. Rel.Lx. de 28/06/2001, disponível em www.dgsi.pt. com o nO
convencional JTRL00034053) que para efeitos da análise e concretização do ocnceito se deve
recorrer a um duplo critério: objectivo e subjectivo, isto é, deve atender-se à gravidade do
prejuízo em termos absolutos, mas também à situação económica em que a vítima ficou colocada.
Se a vítima fica em situação económica difícil, o prejuízo deve ser considerado importante,
mesmo que em termos absolutos ou quantitativos, não seja elevado; mesmo que a vítima não
fique em situação económica difícil, o prejuízo deve considerar-se importante, sempre que o
valor seja considerado elevado, isto é, seja superior a 50 unidades de conta, por referência ao
art. 202.° aI. a).
No crime de infidelidade relativamente a interesses patrimoniais de saciedade é o
património desta o bem jurídico protegido e, consequentemente, é o interesse desta e não dos
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Processo nO 1365/13.0TDL5B
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seus sócios gerentes, que é protegido pela norma legal, independentemente dos danos que
poderão reproduzir-se na esfera patrimonial de cada um dos sócios.
Quanto ao elemento subjectivo, o crime em apreço exige o dolo directo ou
necessário. Basta, por isso, que o agente (administrador) tenha a consciência, saiba que a sua
conduta terá por consequência necessária o causar de um prejuízo patrimonial importante para
a pessoa cujos interesses patrimoniais tem o dever de zelar. Assim, o termo intenção deve
tomar-se no sentido da consciência ou conhecimento da inevitabilidade do resultado e, portanto,
desempenha a função prática de exclusão da suficiência do dolo eventual.
No caso em apreço, pese embora tenha resultado provado que o arguido Francisco
Guimarães sabia que os montantes titulados pelos cheques supra descritos pertenciam à
sociedade assistente e não se destinavam ao pagamento de quaisquer obrigações daquela e que
imputou custos à assistente que nada tinha a ver com o exercício da sua actividade, a verdade é
que houve da sua parte uma intenção de apropriação de tais montantes.
Com efeito, a actuação do arguido visou primeiramente, não prejudicar a assistente
sociedade da qual também era sócio, mas antes locupletar-se com quantias que sabia não lhe
pertencerem.
Assim, por falta de preenchimentos dos elementos do ilícito em causa, entende-se
que o arguido deverá ser absolvido da prática deste crime reconduzindo-se a sua actuação ao
crime de abuso de confiança.
ProceSso nO 1365/13.01)l 5B
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Inserido no Título dos Crimes Contra o Património, tutela-se mediante este tipo
penal a propriedade e, tão somente, esta.
São elementos deste tipo de crime: a apropriação ilegítima, a coisa móvel e a
entrega da coisa ao agente por título não translativo de propriedade.
O preenchimento dos conceitos de coisa móvel e de título não translativo de
propriedade faz-se por referência ao direito civil, designadamente, ao Código Civil. Assim, são
exemplos de entrega por título não translativo as que ocorrem no âmbito de contratos de
depósito, locação, mandato, comissão, administração ou comodato.
A perfectibilidade do tipo, em análise, exige que a coisa tenha sido entregue ao
agente, revelando essa entrega uma relação de confiança ou de fidúcia entre o proprietário da
mesma ou seu detentor legítimo e o agente. Tal entrega pode ser prévia ou concomitante à
apropriação. Esta, forçosamente, ilegítima traduz-se na inversão do título da posse ou detenção:
o agente que recebeu a coisa uti alieno, passa, em momento posterior a comportar-se
relativamente a ela uti dominus. Justamente porque o agente já detém a coisa por efeito da
entrega, a apropriação há-de radicar-se iminentemente, numa certa intenção, numa certa
atitude subjectiva nova: o dispor da coisa como própria, a intenção de se comportar
relativamente a ela como proprietário, uti dominus, com o chamado animus rem sibi habendi
(vide, Comentário Conimbricense ao Código Penal, Parte Especial, Tomo II, p. 103).
O crime de abuso de confiança consiste, assim, no descaminho ou dissipação de
qualquer coisa móvel que ao agente tenha sido entregue de forma lícita e voluntária, por um
título ou fim que implica, a final, a restituição da coisa, ou do seu valor equivalente.
Sendo um tipo doloso o abuso de confiança pressupõe que o agente tenha a
consciência de que tem de restituir a coisa e sabendo-o queira integrá-Ia no seu património ou
dissipá-Ia.
Tal intenção de apropriação tem de ser exteriorizada, claramente revelada por
actos materiais que podem ser os mais variados. Em bom rigor, a venda, a doação, o consumo, a
dissipação, a cessão, o penhor, a caução, a ocultação (a pretexto de a não ter recebido ou de tê-
la perdido), a retenção sem causa legítima ou motivo razoável, podem evidenciar apropriação
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Processo nO 1365/13.üTDL5B
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indevida (vide, neste sentido, Leal Henriques e Simas Santos, Código Penal Anotado, 2° Volume,
p.460).
Não basta, pois, para caracterizar a apropriação atitudes neutras como a mera
recusa de devolução da coisa, até porque esta pode ter razões legítimas a fundamentá-Ia (vide
neste sentido, José António Barreiros, Crimes Contra o Património, p. 110).
Saliente-se que o abuso de confiança é um delito especial. concretamente uma
forma de delito de dever, porquanto o seu agente só pode ser aquele que detém uma
qualificação determinada, resultante da relação de confiança que o liga ao proprietário da coisa
recebida, por título não translativo da propriedade e que fundamenta o especial dever de
restituição (vide Comentário Conimbricense do Código Penal, Parte Especial, Tomo II, P. 97).
Ora, efectuado o enquadramento jurídico do crime imputado ao arguido Francisco
Guimarães dúvidas não restam de que terá o mesmo que ser condenado pela sua prática, uma vez
que com a sua conduta preencheu tanto os seus elementos objectivos como subjectivos.
Tal como ficou demonstrado o arguido, no âmbito das suas funções de gerente "de
facto" da sociedade "Alto do Parque", efectuava a gestão das receitas auferidas pela mesma
com a exploração do parque de estacionamento identificado nos autos. Controlava,
inerentemente, as quantias que diariamente eram pagas pelos utentes do parque (através da
máquina de pagamento automático) e o saldo da respectiva conta bancária da qual, em prejuízo
da assistente e sem a autorização ou conhecimento do outro sócio, retirou paulatinamente
diversas quantias monetárias.
Com efeito, resultou provado que o arguido prevaleceu-se das funções que
desempenhava e aproveitou a confiança que em si era depositada pelo outro sócio da empresa
para gerir a referida conta e quantias monetárias em benefício próprio e de entidades terceiras
entre o período compreendido entre 2009 e inícios de 2013, data em que veio a ser suspenso de
funções.
O arguido Francisco Guimarães apoderou-se, tol como resultou provado, ao longo de
mais de três anos de uma quantia não concretamente apurada, mas seguramente superior a
132.805,03 € sabendo que a referida quantia era propriedade da empresa na qual exercia
funções de gerência. Sabia que nãa podel'ia utilizar aS quantias a que tinha acessa em função do
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cargo que exercia na sociedade assistente em proveito próprio e/ou de outras sociedades com
as quais estava relacionado.
O arguido não só utilizou dinheiro da assistente para pagar impostos de entidades
terceiras como o usou para adquirir bens que não se destinavam à "Alto do Parque".
Para além dos gastos que efectuou, que nada tinham a ver com o normal
funcionamento da empresa, o arguido apoderou-se, ainda, de quantias monetárias provenientes
da máquina de pagamentos do parque e de avenças de clientes cujo montante total não foi
possível determinar.
Ainda que o valor total com que se locupletou não tenha sido apurado, a verdade é
que dúvidas não subsistem, até porque parte da factualidade foi admitida pelo arguido, de que
agiu com o propósito logrado de se apoderar e/ou beneficiar de quantias monetárias que
pertenciam à sociedade assistente e de as integrar no seu património directa ou
indirectamente.
A quantia que foi possível com certeza apurar constitui um valor consideravelmente
elevado à luz do disposto no artigo 202° alínea b) do CP, pelos que dúvidas não subsistem que
incorrerá o arguido numa pena entre 1 a 8 anos de prisão.
Pmcesso nO 1365/13.0TDL5P
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intenção de que estes sejmn considerados ou utilizados para finalidades juridicamente relevantes como se o
fossem, é punido com pena de prisão até 5 anos ou multa de 120 a 600 dias. "
Sendo, "dados informáticos", na definição da alínea b), do artigo 2.° da mesma lei,
qualquer representação de factos, informações ou conceitos sob uma forma susceptível de
processamento num sistema informático, incluindo os programas aptos a fazerem um sistema
informático executar uma função".
o bem jurídico tutelado por este crime de falsidade informática não é o património,
como sucede com o crime de burla, mas antes a "integridade dos sistemas de informação" (cfr.
Ac. do TRL de 30/06/2011, proc. TRL189/09.3JASTB.L1-5, disponível em www.dgsi.pt.). através
do qual se "pretende impedir os actos praticados contra a confidencialidade, integridade e
disponibilidade de sistemas informáticos, de redes e dados informáticos, bem como a utilização
fraudulenta desses sistemas, redes e dados (..). Cada vez mais a sociedade actual depende da
utilização de sistemas informáticos, os quais contêm informação sobre todos os elementos da
vida de cada um e ao mesmo tempo que a sua ufllização se tornou banal e mesmo "vita/" para
cada um dos cidadãos. A interferência por qualquer meio nessa informação implicará graves
danos para OS cidadãos visados, que se podem traduzir na violação dos seus direitos
patrimoniais, mas em primeira linha são uma violação aos seus direitos humanos, nomeadamente
ao seu direito ao respeito pela Vida privada e familiar (artigo 8. o da Convenção de Direitos do
Homem do Conselho da Europa)." (in acórdão do TRP, 2111112012, proc. 1001l11.9JAPRT.Pl,
disponível em www.dgsi.pt).
O tipo objectivo do crime de falsidade informática previsto no nO l do artigo 3° da
Lei 109/2009 de 15 de Setembro, que aqui importa, é, assim, integrado, no plano objectivo, pela
introdução, modificação, apagamento ou supressão de dados informáticos ou por qualquer outra
forma de interferência num tratamento informático de dados, de que resulte a produção de
dados ou documentos não genuínos, consumando-se o crime apenas com a produção deste
resultado.
Do ponto de vista subjectivo, o tipo legal supõe o dolo, sob qualquer das formas
previstas no artigo 14° do C. Penal, exigindo, enquanto elemento subjectivo especial do tipo, a
intenção de provocar engano nos relações jurídicas, bem como, relativamente à produção de
dados ou documentos não genuínos, G particular intençõo do agente de que iois düdos ou
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Tal como foi explicado por diversas testemunhas o parque tinha um sistema
informático que registava não só o número de utentes que diariamente o utilizavam como as
quantias monetárias que eram pagas em função das horas de ocupação. Toda a informação
registada nas máquinas de pagamento era automaticamente comunicada e armazenada para um
computador computador cuja substituição o arguido ordenou.
Mais, o arguido não só decidiu substituir todo o sistema informático da assistente
como decidiu apagar a informação existente,
Ao não cuidar da migração da informação registada no anterior sistema informático
de gestão/utilização do Parque e ao mandar apagar a informação armazenada no computador o
arguido sabia que seria impossível com total fidelidade saber quantos utentes teve o Parque em
cada um dos dias ou qual foi a receita auferida durante o período da sua gerência em que
decidiu locupletar-se com quantias monetárias que sabia alheias porque pertencentes à
sociedade e não a si,
O arguido agiu com o intuito de encobrir os seus actos de apropriação das referidas
quantias apagou dados e informação informática relevante, termos em que dúvidas não restam
de que preencheu todos os elementos típicos do crime de falsidade informática p, e p. pelo
artigo 3°, nOs 1 e 3, da Lei 109/2009 de 15/09.
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Processo nO 1365/13.0TDL5B
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Esta culpa deverá ser entendida como uma censura dirigida ao agente, em virtude
da sua atitude desvaliosa, documentada num determinado facto, sendo de realçar que não
relevarão para a pena, em sede de culpa, quaisquer tipos de circunstâncias atípicas ou extra-
típicas do facto.
Em seguida, e dentro da moldura penal encontrada de acordo com a culpa e a
prevenção geral, irão actuar as exigências de prevenção especial de socialização, sendo esta
finalidade a determinar, em última análise, a medida final da pena aplicável ao agente.
Quanto aos factores a ter em conta na determinação da medida da pena, também aí
o nosso Código Penal fornece indicações ou orientações indiciárias ao julgador, como resulta do
preceituado no nOZ do art.7!o.
A dosimetria penal será, assim, apurada em função da culpa do agente, que fixa o
limite máximo da pena, das exigências de prevenção geral e de prevenção especial, em função
das quais se determina, dentro da moldura penal abstracta aplicável, a pena concreta a aplicar.
Assim, na determinação da medida concreta da pena atender-se-á às circunstâncias
constantes do art.7!O do Código Penal, maxime ao grau de ilicitude, ao modo de execução do
crime, à gravidade das consequências e todas as circunstâncias que, não fazendo parte do tipo,
deponham a favor ou contra o agente.
Veja-se, aliás, sobre esta matéria o referido no Acórdão do STJ, de !4/07/Z01O
(in www.dgsi.pt):
"(.) As finalidades da aplicação de uma pena reSidem primordialmente na tutela de
bens jurídicos e, na medida do possível, na reinserção do agente na comunidade. A pena, por
outro lado, não pode ultrapassar em caso algum a medida da culpa.
Assim, pois, primordial e essencialmente, a medida da pena há-de ser dada pela
medida do necessidade de tutela dos bens jurídicos face ao caso concreto e referida ao
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momento da sua aplicação, protecção que assume um significado prospectivo que se traduz na
tutela das expectativas da comunidade na manutenção (ou mesmo no reforço) da validade da
norma infringida. Um significado, deste modo, que por inteiro se cobre com a ideia da prevenção
geral positiva ou de integração que vimos decorrer precipuamente do princípio político-criminal
básico da necessidade da pena».
O crime de abuso de confiança pelo qual o arguido irá ser condenado é punido com
uma pena de prisão de 1 a 8 anos (cfr. artigo 205° nO l e n04 alínea b) do CP).
O crime de falsidade informática qualificada com uma pena de prisão até 5 anos
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tesouraria em face de situações que não correspondiam à verdade e a que ela sociedade era
alheia.
Veja-se a gravidade da actuação do arguido, desde logo, pela situação em que
colocou a sociedade assistente perante a administração tributária. A "Alto do Parque" emitiu
cheques para pagamento de impostos em montantes muito superiores aqueles que eram por si
devidos ao Estado e, não obstante, foi alvo de execuções fiscais por parte deste. Tudo porque o
arguido Francisco Guimarães utilizou o dinheiro da sociedade não para pagar custos da mesma,
mas dele próprio e de outras sociedades nas quais detinha interesses.
Os valores de que o arguido se apropriou e utilizou indevidamente assumem
expressão relevante para a generalidade das empresas.
Considerados objectivamente, oS actos praticados pelo arguido, que recorde-se era
sócio gerente da sociedade assistente e gozava da total confiança inerente ao desempenho das
suas funções profissionais, são susceptíveis de causar alarme social e de perturbar de forma
bastante relevante o comércio jurídico e as próprias relações profissionais, atenta também a
relativa "facilidade" com que actuava e como conseguiu alcançar os seus objectivos.
Com a prática do crime de falsidade informática o arguido colocou em causa a
integridade de determinados dados e informação cuja relevância e preservação era também
essencial para a sociedade assistente e para o controle por parte de outras entidades,
nomeadamente para a acção fiscalizadora por parte do Estado.
Com os seus actos, foi a própria segurança e credibilidade no tráfico jurídico
probatório resultante dos dados informáticos que apagou que foi posta em crise pelo arguido
Francisco Guimarães.
É particularmente grave nos autos a actuação do arguido, uma vez que a mesma se
mostra transversal à totalidade dos factos. O arguido levou a cabo uma actividade falsária
bastante desenvolvida e bem elaborada, e também reveladora de acentuado investimento
logístico e intelectual - o que, tudo, se reflectia na reconhecida eficácia e "qualidade" da sua
actuação descoberta apenas volvido um lapso de tempo considerável.
São, por tudo isto, também prementes aS exigências de prevençõo geral.
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Face ao exposto, haverá que fazer o cúmulo das penas ap . adas ao arguido, nos
E acrescenta que "de grande relevo será também a análise do efeito previsfvel da pena
sobre o comportamento futuro do agente (exigências de prevenção especial de socialização)".
Na consideração dos factos (do conjunto dos factos que integram oS crimes em
concurso) está ínsita uma avaliação da grovidode da ilicitude global, que deve ter em conto as
ccnexões e o tipo de conexão entre os factos em concurso (neste sentido, acórdãos do STJ', de
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09-01-2008, CJSTJ 2008, tomo 1, pág. 181; de 06-02-2008, processos n.os 129/08-3° e
3991/07-3° CJSTJ 2008, tomo I, pág. 221; de 06-03-2008, processo n.o 2428/07 - 5°; de 13-
03-2008, processo n.o 1016/07 - 5°; de 02-04-2008, processos n.os 302/08-3° e 427/08-3°;
de 09-04-2008, processo n.o 1011/08 - 5°; de 07-05-2008, processo n.o 294/08 - 3°; de 21-05-
2008, processo n.o 414/08 - 5°; de 04-06-2008, processo n.o 1305/08 - 3°; de 27-01-2009,
processo n.o 4032/08-3°) - cfr. Ac. STJ in Processo nO 8523.06.1, desta 3° Secção supra
citado e que vimos seguindo de perto.
A moldura abstracta do concurso tem como limite mínimo a mais elevada das penas
concretamente aplicadas, e como máximo a soma de todas elas, mas sem ultrapassar os 25 anos
de prisão.
No caso concreto, tendo em atenção as penas parcelares agora aplicadas ao arguido
Francisco Guimarães, a moldura penal a aplicar em cúmulo tem os seguintes limites:
Mínimo: prisão de 3 anos e 6 meses de prisão (a mais elevada das penas
concretamente aplicadas aos dois crimes) e o limite máximo de prisão de 4 anos e 9 meses de
prisão (a soma das penas concretamente aplicadas aos crimes pelos quais vai ser condenado).
A pena única tem de socorrer-se dos parâmetros da fixação das penas parcelares,
podendo funcionar como "guias" na fixação da pena do concurso.
A sua fixação - tal como resulta da lei - não se determina com a soma dos crimes
cometidos e das penas respectivas, mas da dimensão e gravidade global do comportamento
delituoso do arguido, pois tem de ser considerado e ponderado um conjunto de factos e a sua
personalidade "como se o conjunto dos factos fornecesse a gravidade do ilícito global
perpetrado" (Figueiredo Dias, supra citado)
Atento tudo o que se deixou dito, é óbvio que na pena única a aplicar, terá de
relevar a medida de cada uma das penas concretas aplicadas por cada um dos crimes cometidos
pelo arguido.
Quanto à ilicitude, entendida como juízo de desvalor da ordem jurídica sobre um
comportamento, por este lesar e pôr em perigo bens jurídico-criminais, sendo os bens tutelados
(neste caso, o património do assistente e integralidade de diversos dados informáticos) - será
de considerar como bastante elevada.
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*
Da eventual suspensão da execução da pena de prisão aplicada ao arguido
Prevê o artigo 50° do Código Penal que "o tribunal suspende a pena de prisão
aplicada em medida não superior a cinco anos se, atendendo à personalidade do agente às
condições da sua Vida, à sua conduta anterior e posterior ao crime e às circunstâncias deste,
concluir que a simples censura do facto e a ameaça da prisão realizam de forma adequada e
suficiente as finalidades da punição'~
Considerando o teor deste preceito legal, impõe-se concluir que a medida da pena
única em que o arguido foi condenado nestes autos, admite a possibilidade da sua suspensão,
havendo que equacionar se deverá aplicar-se o regime da suspensão, aliós como sempre acontece
nas situações em que a medida da pena o admite, sendo este o entendimento jurisprudencial
dominante (cfr. Ac. do STJ de 09/11/2005 in CJ, 05, rII, p.209).
O legislador penal traça um sistema punitivo que parte da ideia fundamental de que
as penas devem ser sempre executadas com um sentido ressocializador, (dando inclusivamente
uma clara preferência à pena de multa - art.700 do Código Penal), afirmando expressamente no
art.400 do Código Penal que as penas visam a protecção de bens jurídicos e a reintegração do
agente na sociedade, ou seja, por outras palavras, as penas têm por fll1alidade a prevenção geral
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Processo nO 1365/13.0TDL5B
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Possui hábitos de trabalho, pelo que entendemos, por ora, ser possível formular um
juízo de prognose favorável de que daqui para a frente conformará a sua vontade de acordo com
o direito e os valores jurídicos vigentes e que a situação apreciada nos presentes autos não terá
passado de uma infeliz, mas grave, fase da sua vida.
Assim sendo e. atendendo a todas estas circunstâncias, entende-se que a simples
censura do facto e a ameaça da pena de prisão bastarão para, por ora, satisfazer as
necessidades de reprovação e prevenção dos crimes em causa, logrando-se obter o efeito
dissuasor e reintegrador que se pretende com a aplicação de uma sanção penal, motivo pelo qual,
se decide suspender a pena de prisão aplicada ao arguido por período igual ao da respectiva
pena.
Dispõem os artigos 51° e 53° do CP que o tribunal pode determinar que a suspensão
seja subordinada ao cumprimento de deveres impostos ao condenado e acompanhada de regime
de prova, se o considerar conveniente e adequado a promover a reintegração do condenado na
sociedade.
Pese embora a natureza dos factos em causa nos presentes autos e o prejuízo que a
conduta do arguido causou à sociedade assistente, veio a mesma informar os presentes autos
que não seria deduzido qualquer pedido de indemnização civil porquanto tal questão se encontra
a ser apreciada em sede de acção civil. Assim, e por forma ao arguido sentir a gravidade da sua
conduta entendemos ser de aplicar não a obrigação prevista no artigo 51° nO l alínea a), a de
aplicação mais evidente num caso como o que analisamos, mas sim a prevista na alínea c).
Destarte, atendendo à gravidade dos factos praticados pelo arguido, às exigências
de prevenção geral que o caso requer e entendendo o tribunal que o mesmo deverá sentir a
gravidade das suas condutas, bem como o desvalor jurídico que as mesmas representam decide-
se subordinar a suspensão da pena aplicada:
» à condição de nos termos do disposto no artigo 51°, nO l alínea c), o arguido
entregar a uma instituição social, in caso à "Ajuda de Berço", durante o período de um ano a
contar do trânsito da presente decisão, a quantia de 5.000 € (cinco mil euros) do qual deverá
feita provo nos presentes autos;
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************************************************
DECISÃO
Nas termos e pelos fundamentos expostos acordam os juízes que constituem o
Tribunal Colectivo em julgar a pronúncia parcialmente procedente nos termos supra
expostos, e em consequência:
1. Absolver o arguido Francisco Eduardo Morais de Oliveira Marques
Guimarães da prática de um crime de infidelidade, ilícito previsto e punido nos termos do
artigo 224° n01 do Código Penal.
2. Condenar o arguido Francisco Eduardo Morais de Oliveira Marques
Guimarães, pela prática de um crime de abuso de confiança, este previsto e punido pelo
artigo 205° n01 e n04 alínea b) do Código Penal, na pena de 3 (três) anos e 6 (seis) meses de
prisão.
3. Condenar o arguido Francisco Eduardo Morais de Oliveira Marques
Guimarães, na sequência da alteração da qualificação jurídica oportunamente comunicada,
pela prática de um crime de falsidade informática, previsto no artigo 3° n01 da Lei nO
109/2009, de 15 de Setembro, na pena de 1 (um) ano e 3 (três) meses de prisão.
4. Condenar, em cúmulo jurídico, o arguido Francisco Eduardo Morais de
Oliveira Marques Guimarães na pena única de 4 (quatro) anos de prisão suspensa na sua
execução por igual período de tempo, mediante a condição de o arguido, no prazo da
suspensão:
» ser acompanhada por um regime de prova;
» entregar no prazo de 1 ano a contar do trânsito em julQado da presente
decisão à associação "Ajuda de Berço". o quantia de 5.000 € (cinço mil euros), pagamento
que deverá comprovaI". nos presentes autos.
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~ Com cópia da decisão ora proferida, oficie à DGRSP no sentido de ser efectuado
o plano de reinserção social a que alude o artigo 53°, nO 2 do CP.
Mal'garida Alves
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Artur Cordeiro
, via Costa
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