Você está na página 1de 3

TJPA - 2º Grau

PJe - Processo Judicial Eletrônico

04/10/2023

Número: 0801131-36.2016.8.14.0006
Classe: RECURSO INOMINADO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: 2ª Turma Recursal Permanente
Órgão julgador: Gabinete TR 02 (2ª Turma Recursal)
Última distribuição : 03/09/2020
Valor da causa: R$ 10.000,00
Processo referência: 0801131-36.2016.8.14.0006
Assuntos: Abatimento proporcional do preço
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ALESSANDRO DIAS DE QUEIROZ (RECORRENTE) MANOEL JOAO JUNIOR CARVALHO ALVES (ADVOGADO)
ITAU UNIBANCO S.A. (RECORRIDO) GUSTAVO GONCALVES GOMES (ADVOGADO)
NELSON MONTEIRO DE CARVALHO NETO registrado(a)
civilmente como NELSON MONTEIRO DE CARVALHO
NETO (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data Documento Tipo
4018724 19/11/2020 Acórdão Acórdão
10:15
Processo nº 0801131-36.2016.8.14.0006

Recorrente: ITAU UNIBANCO S.A

Recorrido: ALESSANDRO DIAS DE QUEIROZ

Relatora: Juíza Ana Lúcia Bentes Lynch []

EMENTA: JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. RECURSO INOMINADO. ESPERA DE DUAS


HORAS EM FILA DE BANCO. AUSÊNCIA DE PROVA DA DEMORA. INVERSÃO DO ÔNUS
DA PROVA NÃO EXIME A PARTE AUTORA DE PRODUZIR TODOS OS ELEMENTOS QUE
ESTEJAM A SEU ALCANCE. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. RECURSO CONHECIDO
E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

1. Trata-se de Recurso Inominado tempestivo e preparado oposto pelo Banco Itaú Unibanco
contra a sentença proferida pelo juízo de piso que o condenou a indenizar pelos danos
morais sofridos pelo autor devido a demora no atendimento bancário no dia 10/10/2016, no
importe de R$2.000,00.

2. Alega o recorrente que o recorrido não demonstrou que ficou aguardando atendimento na
fila do banco por mais de duas horas, não cabendo neste ponto a inversão do ônus da
prova, cabendo ao recorrido comprovar que chegou no banco as 10hs e fora atendido
somente após duas horas de espera.

3. O recorrido apresentou contrarrazões pela manutenção da sentença posto que a


prestação do serviço da recorrente fora defeituosa, violando as normas do CDC e da Lei
Estadual 7.255/2009.

4. Sem relatório por força do art. 46 da LJEC.

5. Entendo que merece reforma total a sentença recorrida.

6. O juízo de piso condenou a recorrente a pagar danos morais pela falha na prestação do seu
serviço consistente na demora do atendimento bancário, alegando que caberia à instituição
financeira provar que não houve demora no atendimento.

7. Analisando os autos verifico que o recorrido comprovou que no dia 10/10/16 fora atendido na
agência 7137 às 14:22:15 conforme doc.2515231 – pág.7, porém inexiste nos autos qualquer
prova de que chegou à agência as 10hs, vindo a ser atendido as 14hs22min.

Assinado eletronicamente por: ANA LUCIA BENTES LYNCH - 19/11/2020 10:15:07 Num. 4018724 - Pág. 1
https://pje.tjpa.jus.br/pje-2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20111910150779400000003900029
Número do documento: 20111910150779400000003900029
8. O comprovante juntado apenas prova que o seu atendimento ocorreu as 14:22:15 do dia
10/10/16, porém é insuficiente para comprovar que aguardou por duas horas para ser atendido.

9. As fotos juntadas pelo recorrido são igualmente inservíveis como prova da sua espera, pois não
estão datadas, não podendo comprovar que no dia 10/10/16.

10. O recorrido não logrou êxito em comprovar o fato constitutivo do seu direito, posto que não
comprovou que passou do tempo limite previsto em lei aguardando atendimento bancário.

11. É necessário atentar-se para o fato de que, malgrado a possibilidade da inversão do ônus da
prova, tal mecanismo não é em si absoluto, servindo apenas para suprir a deficiente capacidade
do consumidor hipossuficiente de produzir as provas de que necessita para comprovar sua tese.
Assim sendo, cabe-lhe, no que for possível comprovar, a má prestação do serviço, diante da
distribuição ordinária do ônus da prova nos termos do art. 319 inciso VI e, mormente, do art. 373,
ambos do CPC, este, o qual destaco:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou


extintivo do direito do autor.

12. Portanto, não existindo elementos mínimos de comprovação do fato constitutivo do direito,
outra sorte não há senão a improcedência do pedido.

13. Diante de todo o exposto, conheço do recurso e dou-lhe provimento, para reformar a
sentença de primeiro grau, julgando totalmente improcedente os pedidos constantes na
exordial.

14. Sem custas e honorários advocatícios, ante ao provimento do recurso. A súmula de


julgamento servirá de acórdão (art. 46 da Lei 9.099/95).

Belém-PA, 13 de outubro de 2020 []

ANA LÚCIA BENTES LYNCH

Relatora – Turma Recursal Provisória dos Juizados Especiais

Assinado eletronicamente por: ANA LUCIA BENTES LYNCH - 19/11/2020 10:15:07 Num. 4018724 - Pág. 2
https://pje.tjpa.jus.br/pje-2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20111910150779400000003900029
Número do documento: 20111910150779400000003900029

Você também pode gostar