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I. Introdução
A situação atual do setor público tem levado a intensificar uma imagem negativa
dos funcionários que atuam no setor público. Na percepção dos cidadãos e usuários
das organizações públicas um funcionário público ingressa no serviço público para se
beneficiar da estabilidade e pela baixa pressão por alcance de resultados junto a
sociedade.
Ao mesmo tempo as organizações públicas têm sido cada vez demandadas
por cidadãos mais exigentes num contexto social, político e econômico mais precário
que requer do funcionário um desempenho superior de qualidade para atender com
eficácia e eficiência o país. Entender o que leva um funcionário público a se dedicar e
a se empenhar por prestar um serviço de qualidade superior é um ponto de partida.
Assim, será realizada uma pesquisa aplicada no mundo do trabalho público para
revelar: Por que um indivíduo trabalha com empenho e qualidade e se mantém no
serviço público?
Como base teórica foram utilizados textos que abordam temas como: liderança,
motivação, clima organizacional e Síndrome de Burnout dentro das organizações.
“[...]eu acho que o serviço público [...], aquela tranquilidade de você ter um
emprego[...]”
Suas necessidades sociais também são satisfeitas, tendo em vista que ela
valoriza em seu discurso as relações com colegas de trabalho e também os
aprendizados que obteve através da relação com os contribuintes e com outros
funcionários:
E também no trecho:
“[...]tanto que o grupo que eu trabalhei na primeira escola, a gente continua se
encontrando, a gente tem o mesmo grupo, a direção, os outros funcionários,
tudo...[...]”.
“[...]eu fiz muita coisa no serviço público, [...] muito curso que eu fiz também.
Entendeu? Curso de secretaria, agente pessoal, [...] tudo para proporcionar pra você
ser um funcionário do estado e eu acho, como já te falei, tudo é válido (risos). Eu acho
que assim, como pessoa, nossa... eu me valorizei. [...]”.
“Meu relacionamento com as pessoas, isso é muito bom, a gente tem um grupo
muito bom. E assim brigar no ambiente de trabalho [...] se a gente precisa ficar tanto
tempo junto? Entendeu? Tem as pessoas mais difíceis, mas cada um é cada um,
então você respeita as pessoas na sua individualidade, que eu acho que tu vai,
entendeu? Ela não vai mudar e nem você, mas você vai poder chegar e “Bom dia”
(risos). [...]”
“[...] eu acho que se o ambiente ficasse ruim, eu acho que eu sairia, entendeu?
Porque fica difícil, a gente tem uma rotina extenuante, já está numa idade sentida e
você tendo que brigar com pessoas ou ter um mal humor de pessoa, isso é muito ruim,
eu nunca trabalhei assim. [...]”
“[...]você trabalha com equipes também engajadas com a coisa, você acaba
sendo levada, aquela onda né...[...]”
Ana também mostra ter boa relação e feedback com outros setores, visto que
em trechos já citados, a entrevistada afirma ter seu trabalho respeitado pelos colegas.
No entanto, ao falar sobre a falta de reconhecimento do Estado, isso é apresentado
como um fator negativo, que poderia melhorar e gerar mais motivação para a equipe.
ANEXOS
DADOS GERAIS:
Marja: Boa tarde, estou aqui entrevistando a Helena, para poder fazer este
trabalho da disciplina de Comportamento Organizacional. Helena, por favor
você pode se identificar com seu nome e idade?
Marja: De empresas?
Marja: Justamente essa era a próxima pergunta. Como foi a sua trajetória
profissional até chegar aqui? Você chegou a trabalhar em algum outro cargo
em outro lugar? Como foi? Como é que foi o início de tudo?
Marja: Como você classifica essa experiência que você teve no setor privado,
no mercado, foi bom, foi ruim?
Entrevistada: Não deu para sentir muito não, eram só três meses né, foi muito
pouco tempo, mas eu tava aprendendo muita coisa né, essa coisa de
relacionamento é muito bom, tudo é muito bom, tudo é muito válido, você lidar
com gente dá experiência na tua vida né, eu acho que tudo na nossa vida é
aproveitado, tudo na nossa vida a gente tem que tirar alguma coisa e já deu
abertura pra quando eu comecei no estado eu estar preparada para lidar com
gente também né...
Marja: sim
Entrevistada: Porque antes era aquela vidinha de mãe do lado e não sei o que,
era trabalho, mas assim você tinha né...as patroas viram a gente crescer né.
Eu fui morar nesse condomínio que a gente falou, é... eu tinha 1 ano, eu saí de
lá com 15 (risadas). Então as patroas conheciam a gente desde criança, aquela
coisa... era trabalho, ralava, mas era aquela coisa, meio protetor e quando você
sai para o mercado de trabalho é outra coisa, é você e você não tem mãe
(risos). Daí vim parar no serviço público.
Marja: E em que ponto da sua vida... por que você decidiu ingressar no serviço
público? O que que fez... o que te motivou a fazer isso?
Marja: Entendi..., mas por que você tomou essa decisão e, não, por exemplo,
foi procurar emprego no setor privado?
Entrevistada: Eu acho que foi mais por causa da estabilidade mesmo, pois na
minha época né, lá quando a gente começou, era muito difícil ô Marja, tudo era
muito difícil, emprego era difícil, era muito complicado, o primeiro emprego
então, era muito complicado. Então assim eu penei alguns anos para conseguir
um emprego, aí quando eu consegui nesse supermercado (risos) ...aí veio a
oportunidade de você entrar no estado e ter uma estabilidade, então eu acho
que foi proveitoso. Eu acho...
Marja: Mas isso é uma coisa que te proporciona uma motivação, essa
relação....
Entrevistada: Eu já tinha essa visão né, você tem que ajudar o seu próximo,
poder fazer isso...e assim, foi uma oportunidade na minha vida pra eu ajudar.
Tem gente que ajuda na igreja, a gente ajuda no trabalho... (risos)
Entrevistada: Isso! Eu levo trabalho pra casa, você acaba... telefone, não tem
hora... entendeu? Não tem hora, você tá qualquer hora tá lá, não sei o que...
domingo, sábado, a gente tá trabalhando, por que? A gente quer ver o final, e
o final é o aluno... no meu caso é o aluno (risos), entendeu?
Marja: Entendi. É... Quais dificuldades você encontra no dia a dia no seu
trabalho que te deixam muito frustrada? E desses fatores, o que você gostaria
de ter mais autonomia para poder mudar?
Entrevistada: Poxa vida (risos), esbarra no pessoal, eu acho que a pior coisa
que tem no Estado é a parte de pessoal, porque hoje você tem uma escola que
você se precisar de um computador você tem dinheiro para comprar,, a escola
tem dinheiro pra comprar, precisou de qualquer material... que já teve de eu
comprar pra poder suprir essa ausência de material, um lápis, uma caneta, uma
pasta, caixa box, isso tudo a gente já comprou com nosso próprio dinheiro e
hoje não há essa necessidade, mas a parte de pessoal acaba pegando, eu
acho que as piores coisas no Estado agora é essa parte de recursos humanos
mesmo, tá faltando gente e a gente acaba se desdobrando nesse momento. Já
teve época que a gente se desdobrava... tinha pessoal, mas não tinha dinheiro
(risos) e agora a escola tem tudo, mas não pode contratar, não pode fazer nada
e a gente esbarra nisso e eu acho que se tivesse isso, ia ser um pouquinho
mais, pra gente respirar, porque tá muito difícil... (risos)
Marja: Você se sente uma profissional realizada no que faz ou ainda tem coisas
que você almeja ou que você almejava alcançar, mas acha que não é mais
possível? E por que você queria essas coisas?
Entrevistada: Exatamente, que senão eles falariam: “pô a senhora fez isso”, e
não, a gente realmente ajudou, de uma certa forma cada um na sua função, a
gente acaba empurrando essas crianças né...
Marja: Seria de que como se fosse a sensação de que você está colocando
eles na linha pro mercado de trabalho...?
Entrevistada: Exatamente. Você vai ficar brigando, “eu não gosto de fulano,
eu não de ciclano”... Não tem aluno mais difícil, gente... aluno que não é difícil
você não se lembra dele (risos). “A senhora lembra de mim? ”. “Não, o que que
você fez aqui? ” (Gargalhadas). É mais ou menos isso, entendeu? Que você...
você tem que tornar a vida, assim... no trabalho, melhor que você puder fazer,
o melhor! É uma coisa até que eu te falo, faz isso...o melhor que você puder...
é um bom dia, é falar, é perguntar, um falar, porque as pessoas precisam.
Marja: Não, tá ótimo... é... pelo seu tempo de trabalho, você já poderia se
aposentar, correto?
Entrevistada: Sim...
Entrevistada: Tudo bem que eu posso até ficar, e de repente entra um diretor,
você não vai ficar mais com a diretora... porque cada escola tem uma
classificação, e cada uma tem uma, é... de acordo com a classificação dela,
você tem a gratificação A, gratificação B e a gratificação C. A nossa escola é
gratificação A, então eu ganho o máximo que poderia... é uma escola grande.
Mas de repente acontecer alguma coisa: “ah você tem que sair daqui”, de
repente eu até me aposente... “ah, eu não quero ir pra outro lugar”, porque eu
só trabalhei nesses dois lugares.