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Segmentação do Mercado
O mercado de consumidores não pode ser considerado de forma homogênea. Existem
grupos de consumidores que partilham preferências e características semelhantes entre si
e, ao mesmo tempo, diferentes em relação àquelas partilhadas por outros grupos. Neste
sentido, faz-se necessário segmentar o mercado para que a empresa consiga atender às
demandas de grupos de consumidores específicos e, consequentemente, alcançar maior
sucesso mercadológico (Beane e Ennis, 1987).
O conceito de segmentação de mercado pode ser definido como o processo de divisão
dos diferentes consumidores existentes no mercado em grupos menores, e cada grupo
incluirá consumidores que possuem necessidades e desejos semelhantes e que
possivelmente irão responder a um composto de marketing de maneira homogênea
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As variáveis que podem ser utilizadas para segmentar o mercado dividem-se em físicas
e comportamentais (Senguder, 2003). As variáveis físicas englobam as variáveis
geográficas, demográficas (idade, gênero, estágio do ciclo de vida, nível de instrução,
entre outras) e socioeconômicas (renda, classe social, ocupação, entre outras).
Adicionalmente, as variáveis comportamentais englobam as variáveis psicográficas
(estilos de vida), psicológicas (personalidade, atitudes, percepção, entre outras) e aquelas
relacionadas com o processo de decisão de compra (benefícios esperados, uso do produto,
preferências, regras de decisão utilizadas na avaliação de alternativas, fontes de
informações consultadas, motivações para o consumo, entre outras).
Em seguida, na segunda etapa do processo de segmentação, realiza-se uma avaliação,
a fim de verificar se os segmentos identificados atendem aos princípios da segmentação
anteriormente enunciados (identificáveis, mensuráveis, substanciais, acessíveis,
diferenciáveis, acionáveis e duráveis). Caso esses princípios sejam confirmados para cada
segmento proposto, seguimos então para a terceira etapa do processo de segmentação,
denominada implantação.
Para implantar o modelo de segmentação proposto, os gestores definem quais serão os
segmentos-alvo da organização e confrontam seu mix de marketing atual com as
necessidades e expectativas dos indivíduos pertencentes aos segmentos de mercado
escolhidos. Caso seja necessário, o mix de marketing da organização sofre algumas
mudanças, de modo a se tornar mais adequado em relação ao padrão comportamental de
seus segmentos-alvo.
Por fim, na última etapa do processo de segmentação, os gestores desenvolvem um
programa de controle, cujo intuito é monitorar as mudanças que ocorrem no
comportamento dos segmentos-alvo da organização no médio e longo prazo. Além disso,
nessa última etapa, são realizadas pesquisas de mercado, objetivando verificar os
resultados obtidos pela organização frente a cada segmento atingido.
A segmentação do mercado aumenta o conhecimento dos gestores a respeito dos
diferentes grupos de consumidores que fazem parte do setor em que suas organizações
atuam. A partir desse conhecimento, é possível desenvolver ações de marketing mais
focadas e, consequentemente, mais eficazes e eficientes. Dessa forma, a empresa obtém
melhor desempenho mercadológico e tem a possibilidade de lançar produtos de alta
qualidade segundo as expectativas dos consumidores pertencentes aos segmentos-alvo
definidos (Cravens, 1994).
Entretanto, a segmentação do mercado não favorece somente as empresas; os
consumidores também tendem a ser beneficiados, pois a organização adapta seu mix de
marketing a grupos consistentes de consumidores e, assim, consegue atender com
precisão necessidades e desejos específicos (McDonald e Christopher, 2003).
Cada aspecto que faz parte desse modelo-síntese é discutido com detalhes em
diferentes capítulos subsequentes desta obra, possibilitando ao leitor desenvolver uma
visão abrangente e, ao mesmo tempo, aprofundada em relação ao comportamento dos
consumidores.
Considerações Finais
O estudo do comportamento do consumidor tem despertado interesse crescente de
diferentes grupos de indivíduos: estudantes, administradores, gestores de Marketing,
pesquisadores acadêmicos, administradores públicos, profissionais liberais, entre outros.
O que justifica esse crescente interesse é a necessidade dos gestores de entender seus
públicos-alvo e tomar decisões mais coerentes do ponto de vista mercadológico, assim
como o desejo dos indivíduos de entender seu próprio comportamento em diferentes
situações de compra.
A evolução nos estudos relacionados com o comportamento do consumidor
acompanhou as mudanças que ocorreram nos paradigmas organizacionais, que migraram
da orientação para a produção à orientação para o produto e, em seguida, à orientação
para a venda. O atual paradigma de negócios direciona as ações de grande parte das
empresas para o cliente.
A orientação para o cliente tem como princípio o foco nas necessidades e expectativas
de qualidade de segmentos de mercado específicos, o que aumenta a importância dos
processos de segmentação dos mercados nos quais uma determinada organização atua.
Como resultado, os consumidores são divididos em grupos que possuem necessidades,
preferências e expectativas semelhantes, viabilizando um estudo mais detalhado a
respeito do comportamento de compra de cada grupo. Desse modo, é possível mapear de
maneira mais fidedigna padrões comportamentais de segmentos específicos de
consumidores.
Ao final deste capítulo, foi apresentado um modelo que pode ser utilizado para estudar
o comportamento dos indivíduos de diferentes segmentos de mercado identificados por
meio do processo de segmentação. Esse modelo será explorado de maneira mais
aprofundada nos demais capítulo deste livro.
CAPÍTULO 2
Motivações do Consumidor
Exemplo de situação de
Motivos para
Descrição consumo associada ao
consumo
motivo descrito
Tentativa de Tentativa dos indivíduos de controlar o Decisão de adquirir
dominar ambiente no qual estão inseridos. eletroeletrônicos sofisticados.
Busca dos indivíduos por destaque social; Compra de um carro luxuoso ou de
Status
necessidade de se sentir superior. joias caras.
Os indivíduos, em alguns momentos, Indivíduo que compra doces ou
Recompensa
consomem como forma de gratificação que compra roupas com
particular
pessoal. frequência.
Necessidade dos indivíduos de
Compra de produtos exóticos;
Afirmação do eu reforçarem sua identidade; reafirmação
indivíduo que faz uma tatuagem.
da individualidade.
Necessidade dos indivíduos de se
Indivíduo que vai a uma boate;
Aceitação social sentirem aceitos por outros membros da
escolha de uma marca tradicional.
sociedade.
Os indivíduos podem visualizar no
Compra de um brinquedo ou de
Afeto consumo uma maneira de sustentar suas
uma joia para presentear alguém.
relações afetivas.
Necessidade dos indivíduos de se
Indivíduo que adquire uma apólice
Segurança sentirem seguros física e
de seguro de vida ou de carro.
psicologicamente.
O consumo pode ser motivado pela
Compra de uma caixa de
Masculinidade reafirmação da masculinidade,
ferramentas robusta.
imponência e força.
O consumo pode ser motivado pela Indivíduo que está decorando sua
Feminilidade reafirmação da feminilidade, ternura e casa e compra enfeites
atenção ao detalhe. sofisticados.
Em determinadas situações, o consumo Compra de lingeries, biquínis e
Sexualidade pode ter uma significação sexual ou roupas mais provocantes (com
erótica. decotes).
Tentativa dos indivíduos de
Conexão com o Decisão de comprar um livro,
compreender o mundo e evitar a
mundo revista ou jornal.
alienação pessoal.
Algumas decisões de consumo podem ser Indivíduo que adquire livros
Moralidade motivadas pela reafirmação de valores religiosos ou roupas sem nenhum
morais. decote.
O consumo pode ser motivado por
Compra de cristais com poder de
Misticismo crenças baseadas em magia, mistérios e
cura e incensos.
religião.
E, apesar de não ser exaustivo (listar todas as possíveis motivações que explicam o
consumo), o estudo de Dichter pode ser utilizado como âncora para novos estudos com
foco nas motivações inconscientes que induzem os consumidores a comprar.
Motivos das Escolhas Individuais; Abordagem de
Sheth, Newman e Gross (1991)
Além da pesquisa de Dichter, outro estudo relacionado com o mapeamento das
motivações dos indivíduos enquanto consumidores que merece destaque neste capítulo é
a pesquisa conduzida por Sheth, Newman e Gross que engloba cinco grupos de motivos
que explicam as preferências individuais dos consumidores: funcionais, sociais,
emocionais, epistêmicos e situacionais.
Cabe chamar a atenção do leitor para o fato de que, ao contrário dos estudos de Dichter,
focados nas motivações que impulsionam os indivíduos a comprar, os estudos de Sheth
salientam os motivos das escolhas dos consumidores por produtos e serviços específicos.
Os motivos funcionais referem-se às funcionalidades dos produtos ou serviços, ou
seja, às funções para as quais os produtos ou serviços foram desenvolvidos. Em outras
palavras, os motivos funcionais estão ligados aos benefícios utilitaristas proporcionados
por um determinado produto/serviço.
Quando um consumidor percebe que precisa de um computador, pois o seu atual
equipamento está demasiadamente lento, ele analisará as diferentes opções existentes no
mercado e escolherá aquela que lhe será mais útil de acordo com suas necessidades de
processamento, por exemplo. Desse modo, as escolhas individuais podem estar atreladas
às funções desempenhadas pelos produtos/serviços existentes no mercado.
Entretanto, os consumidores não tomam suas decisões de consumo com base
exclusivamente na funcionalidade dos produtos. Normalmente, motivos sociais também
influenciam as decisões de consumo individuais.
Os motivos sociais referem-se à necessidade dos consumidores de serem aceitos
socialmente e, mais do que isso, de serem associados a determinados grupos sociais.
Quando um consumidor adquire óculos de sol de uma marca como a Oakley, ele deseja
ser associado a um público jovem de renda mais elevada com estilo de vida mais radical.
Assim, é possível constatar que as marcas podem desempenhar uma função social nas
escolhas dos consumidores quando esses adquirem produtos de uma marca específica
motivados pela possibilidade de projetarem uma imagem desejada aos demais membros
de seus grupos sociais e serem aceitos.
Além dos motivos funcionais e sociais, as decisões de consumo dos indivíduos são
influenciadas por motivos emocionais, ligados às emoções despertadas nos
consumidores pelas marcas e/ou categorias de produtos e serviços específicas. As marcas
podem desempenhar também uma função emocional, na medida em que podem estar
associadas na mente dos consumidores a emoções positivas ou mesmo negativas.
As mensagens publicitárias de grandes empresas dos segmentos de refrigerantes,
supermercados e eletrodomésticos no Brasil com frequência objetivam associar suas
marcas à felicidade dos consumidores, o que se justifica pelo fato de que os indivíduos
tomam suas decisões de consumo com base também nas emoções que são associadas a
cada marca disponível no mercado.
Existem também os motivos epistêmicos, ligados à necessidade do ser humano de
conhecer, ter contato com novidades e vivenciar novas experiências. Determinados
grupos de consumidores buscam constantemente produtos e serviços novos no mercado,
movidos primordialmente pelos motivos epistêmicos.
Com base nesse raciocínio, torna-se evidente a necessidade de as empresas inovarem
com frequência, pois o lançamento de novos produtos ou de produtos já existentes com
melhorias incrementais (por exemplo, novos modelos, aromas, sabores, embalagens etc.)
atende às necessidades dos consumidores de conhecer e experimentar algo novo.
Por fim, existem os motivos situacionais, que se referem a necessidades
contingenciais dos consumidores que variam de acordo com diferentes situações. As
decisões de compra dos indivíduos muitas vezes podem estar associadas à necessidade de
adaptação frente a uma nova situação.
Quando uma família decide ir à praia, alguns produtos como protetor solar e biquíni,
que antes não eram necessários, passam a ser essenciais devido à situação. Outro exemplo
seria o caso de um indivíduo que fica doente e, por causa dessa contingência, precisa ir a
um médico e depois se dirigir a uma farmácia e comprar os medicamentos recomendados.
Os motivos apontados por Sheth, Newman e Gross são muito úteis para se entender o
que motiva os consumidores a comprar e como as marcas podem, em determinados
momentos, desempenhar funções de suporte às escolhas de consumo individuais.
Considerações Finais
Neste capítulo, apresentamos alguns dos estudos mais importantes a respeito da
motivação humana. Iniciamos nossa discussão com teorias mais genéricas, que tratam das
necessidades que motivam os indivíduos a agir, tais como a Hierarquia das Necessidades
de Maslow e o Modelo de Necessidades de McClelland. Em seguida, aprofundamos nossa
discussão apresentando algumas pesquisas direcionadas ao estudo das motivações que
impulsionam os consumidores a comprar.
Entre esses estudos, destacamos os motivos inconscientes apontados por Dichter, que
explicam o simbolismo associado ao consumo de determinadas categorias de produtos ou
serviços existentes no mercado.
Em seguida, abordamos o estudo de Sheth, Newman e Gross, que classifica os motivos
que explicam as decisões de compra em cinco categorias: funcionais; sociais; emocionais;
epistêmicos e situacionais. Por meio dessas categorias, é possível mapear as motivações
que dão origem às preferências dos indivíduos por determinados produtos ou serviços em
detrimento de outros.
Por fim, apresentamos os motivos apontados no estudo de Tauber que incentivam os
consumidores a visitar uma loja e efetuar compras. Ao contrário dos demais estudos
discutidos, as classificações de Tauber trazem contribuições interessantes no que diz
respeito ao papel motivador do consumo que o varejo desempenha.
Finalizando o capítulo, discutimos como as necessidades humanas possuem caráter
dinâmico, considerando que estão passando constantemente por mudanças. Sempre
surgem novas necessidades ou novas expectativas para as mesmas necessidades, que
devem ser acompanhadas pelos gestores de marketing com o intuito de adequarem suas
ofertas às reais necessidades de seus públicos-alvo.
CAPÍTULO 6
O Processo de Decisão de Compra
Adecisão de compra do consumidor não deve ser considerada um evento isolado; pelo
contrário, deve ser analisada como um processo que possui várias etapas, que devem ser
compreendidas pelos gestores que desejam entender o comportamento dos indivíduos
antes, durante e depois da realização das compras. Por isso, neste capítulo iremos discutir
o processo de decisão de compra, abordando cada etapa de maneira detalhada.
Existem vários modelos que exploram as diferentes etapas envolvidas no processo de
compra; entretanto, todos apresentam muitas semelhanças e aparentemente foram
desenvolvidos com base no Modelo de Cinco Etapas do Processo de Decisão de Compra.
Por isso, optamos por discutir de forma mais aprofundada esse modelo específico, que
pode ser visualizado na Figura 6.1.
Busca de Informações
Depois de reconhecer uma necessidade, o consumidor inicia um processo de busca de
informações, sendo essa a segunda etapa do processo de decisão de compra. A busca de
informações é um processo de busca interna e externa de dados relevantes que auxiliem
o consumidor em sua decisão de compra (Solomon, 2008) (Mowen e Minor, 2003).
A partir da busca de informações, o consumidor procura identificar atributos
associados a cada marca disponível no mercado, de modo que seja possível escolher
aquela cujos atributos sejam capazes de eliminar o desconforto resultante da necessidade
não satisfeita (Moorthy, Ratchford e Talukdar, 1997).
Podemos considerar, portanto, que a busca de informações tem como objetivo fornecer
ao consumidor subsídios que o auxiliem em sua decisão. Para isso, o consumidor procura
dados sobre cada produto e marca existente no mercado que seja capaz de satisfazer sua
necessidade, possibilitando a realização de uma avaliação comparativa posterior que o
auxilie em sua decisão de compra.
A busca de informações realizada pelo consumidor pode ocorrer em um nível interno,
externo ou em uma combinação de ambos (Hanna, Wozniak e Hanna, 2009) (Hawkins,
Mothersbaugh e Best, 2007) (Blackwell, Miniard e Engel, 2005) (Mowen e Minor, 2003).
A busca interna de informações ocorre quando o consumidor procura em sua memória
dados sobre produtos e serviços já utilizados em situações anteriores. Quando o indivíduo
tem uma experiência positiva com determinado produto de uma marca específica,
provavelmente se lembrará daquela experiência e a utilizará como fonte de informações
para avaliar o produto ou serviço daquela marca, sendo que o mesmo acontece quando o
consumidor vivenciou uma experiência negativa de consumo.
Entretanto, a busca interna não está relacionada apenas com produtos já
experimentados ou utilizados pelo consumidor; quando assiste a uma propaganda, lê uma
notícia sobre um produto, uma marca ou empresa ou ainda recebe uma recomendação
(positiva ou negativa) de outro consumidor, o indivíduo adquire informações que podem
ficar armazenadas em sua memória.
Sendo assim, durante a busca interna, o consumidor aciona suas lembranças sobre
marcas de produtos já utilizados, sobre as recomendações recebidas e também sobre as
propagandas e notícias com as quais teve contato anteriormente.
Por causa disso, as organizações devem esforçar-se para evitar que notícias negativas
sejam disseminadas e comprometam sua imagem no mercado. Além disso, devem
satisfazer seus clientes, evitando que se engajem em um processo de propaganda boca a
boca negativa.
Finalmente, as organizações devem sempre realizar pesquisas de mercado com o
intuito de verificar se seus produtos e serviços estão atendendo os consumidores de
maneira adequada, pois, caso contrário, seus clientes podem, futuramente, comprar de
empresas concorrentes.
Além da busca interna de informações, o consumidor também realiza uma busca
externa, baseada em fontes como opiniões de outros indivíduos, anúncios publicitários
das próprias empresas atuantes no mercado, websites disponíveis na Internet, assim como
comunidades virtuais (tais como o MySpace e o Facebook) (Hanna, Wozniak e Hanna,
2009).
No processo de busca externa de informações, o consumidor começa a prestar mais
atenção a propagandas relacionadas com produtos ou serviços que atendam a sua
necessidade atual e passa a perguntar sobre o desempenho das marcas existentes no
mercado para outros indivíduos com os quais tem contato, buscando opiniões atualizadas
de quem já teve alguma experiência com determinada marca.
Além disso, começa a buscar dados sobre os diferentes produtos disponíveis no
mercado nos websites das organizações fabricantes (que fabricam os produtos) ou
varejistas (que comercializam os produtos) e também em websites que divulgam
reclamações de clientes insatisfeitos com determinadas marcas ou que promovem fóruns
de discussão sobre os benefícios que cada marca oferece.
Nesse sentido, é importante que as organizações disponibilizem na Internet diversas
informações sobre seus produtos e serviços. Faz-se necessário, também, monitorar
constantemente as redes sociais, com o intuito de entender que tipo de informação está
circulando sobre a empresa, assim como os websites que divulgam as reclamações dos
clientes, verificando quais são as reclamações mais frequentes e identificando clientes
insatisfeitos para realizar um contato posterior com o intuito de corrigir as falhas da
empresa e reduzir a propaganda boca a boca negativa.
Cabe destacar que, mesmo após a realização de buscas internas e externas de
informações, os consumidores não encontram todas as informações disponíveis em sua
memória e no ambiente externo, ou seja, os indivíduos conseguem identificar apenas um
conjunto limitado de informações para lhes auxiliar no processo de tomada de decisão
(Peter e Olson, 2005) (Sheth, Mittal e Newman, 2001) (Churchill Junior e Peter, 2000)
(Wells e Prensky, 1996).
Em outras palavras, os indivíduos não conseguem lembrar-se de todas as informações
contidas em sua memória e nem conseguem assimilar todas as informações existentes na
Internet ou divulgadas na televisão, em revistas, entre outras mídias. Algumas marcas que
o consumidor conhece simplesmente não são lembradas durante o processo de busca
interna de informações; além disso, algumas marcas são ignoradas intencionalmente e
outras nem são identificadas (Peter e Olson, 2005).
Sendo assim, os gestores devem focar seus esforços de comunicação a fim de garantir
que sua marca esteja sempre em evidência no mercado, associando-a a indivíduos
famosos, realizando promoções de venda, patrocinando eventos, além de utilizar técnicas
de marketing viral, que objetiva incentivar os próprios clientes a divulgarem a marca ou
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situações que podem ser positivamente associadas a uma empresa. Neste último caso, os
gestores podem aproveitar as facilidades das redes sociais e da Internet para disseminar
sua marca e fortalecer a imagem da empresa perante os consumidores.
Como exemplo da etapa de busca de informações, vamos imaginar um indivíduo que
decide comprar um notebook, depois que percebeu que seria mais fácil se ele pudesse
levar seu computador para o trabalho. Esse indivíduo então começa a buscar em sua
memória informações sobre as marcas que já conhece no mercado. Nesse momento, ele
se lembra da marca X, pois esta é a marca de seu computador atual; adicionalmente, o
indivíduo lembra-se de um colega de trabalho que possui um notebook da marca W e
sempre reclama dos problemas associados ao produto. Ainda buscando informações em
sua memória, o indivíduo lembra-se de uma reportagem que apresentava os fabricantes
de notebooks que eram mais acionados nos órgãos de defesa do consumidor.
Depois disso, esse mesmo indivíduo começa a buscar externamente informações sobre
as marcas atualmente disponíveis no mercado. Começa a prestar mais atenção a
propagandas de notebooks. Além disso, passa a questionar seus colegas de trabalho sobre
o desempenho das marcas que eles próprios possuem. Acessa os sites das empresas que
fabricam notebooks para buscar informações e procurar modelos diferentes.
Ainda não satisfeito, este indivíduo acessa sites como o www.reclameaqui.com.br e lê
as reclamações sobre as marcas de notebooks existentes. Complementarmente, busca no
Facebook informações sobre o desempenho de diferentes marcas e, em sites que
promovem fóruns de discussão online, informações sobre os benefícios e as desvantagens
de cada configuração e modelo disponível no mercado.
Durante o processo de busca de informações, porém, esse mesmo indivíduo não se
lembrou da marca de seu primeiro computador (só se lembrou da marca de seu
computador atual). Além disso, como possuía referências negativas sobre a marca W,
quando via informações sobre essa marca, simplesmente as ignorava, pois não tinha
intenção de comprar um notebook dessa empresa.
No final desse processo de busca de informações, o indivíduo formou em sua mente
um quadro comparativo entre algumas marcas e alguns modelos disponíveis no mercado,
com vantagens e desvantagens associadas a cada opção que identificou. Cabe destacar
que, como o consumidor não tem capacidade ilimitada de armazenamento de
informações, ele só conseguiu guardar as informações que lhe chamaram mais a atenção
durante sua pesquisa.
Dessa forma, podemos perceber que, atualmente, apenas fazer propaganda não é mais
suficiente; é necessário investir em um relacionamento contínuo entre empresa e
consumidores, mantendo esses últimos atualizados sobre os produtos e serviços
disponíveis e evitando que se esqueçam da marca e procurem outras empresas que atuam
no mercado.
Avaliação de Alternativas
Depois de coletar informações sobre os diferentes produtos e marcas disponíveis no
mercado, o consumidor realiza uma avaliação a respeito de cada alternativa identificada,
objetivando escolher o produto e a marca que melhor atendam suas necessidades.
O processo de avaliação de alternativas ocorre em três fases distintas: primeiramente,
o consumidor realiza uma avaliação inicial e descarta algumas alternativas, reduzindo o
número de opções a serem consideradas (Hanna, Wozniak e Hanna, 2009) (Schiffman e
Kanuk, 2000); em seguida, dá-se início a um processo de avaliação mais detalhada, seja
por categorização ou por partes (Solomon, 2008) (Blackwell, Miniard e Engel, 2005);
finalmente, na última fase da avaliação de alternativas, o consumidor utiliza regras de
decisão para decidir pela opção que melhor corresponde a sua demanda específica
(Hanna, Wozniak e Hanna, 2009) (Solomon, 2008) (Mowen e Minor, 2003). A seguir,
cada uma dessas fases é discutida de maneira mais detalhada.
Simplificando a avaliação
Compra
Depois que o consumidor escolhe qual produto adquirir, o que inclui as decisões
relacionadas com o tipo de produto, a marca e o modelo ou versão do produto, inicia-se
a penúltima etapa do processo de decisão de compra.
Nessa quarta etapa, o consumidor realiza efetivamente a compra dos produtos
selecionados no processo de avaliação de alternativas. Contudo, antes de efetuá-la, o
consumidor deve escolher qual canal de vendas será utilizado, ou seja, onde suas compras
serão realizadas.
Para entender melhor essa decisão, vamos imaginar que um indivíduo sai mais tarde
do trabalho um dia e, ao chegar a sua casa, depara-se com a geladeira vazia. Sem opções
prontamente disponíveis para jantar, esse mesmo indivíduo identifica a necessidade de
comprar algo para comer. Começa a pensar em várias possíveis opções, tais como pedir
uma pizza, talvez comida japonesa, ou sair e comprar os ingredientes para cozinhar em
casa mesmo.
Depois de avaliar as alternativas identificadas, o indivíduo conclui que seria melhor
cozinhar em casa para economizar e decide preparar uma macarronada. Sendo assim, ele
sai para comprar os ingredientes necessários. Nesse momento, ele teria pelo menos duas
opções: comprar o macarrão e os ingredientes para o preparo do molho em uma loja de
conveniência localizada perto de sua residência ou se dirigir a um supermercado maior,
que possui maior variedade de opções, porém um pouco mais afastado.
Nesse exemplo, podemos perceber que o indivíduo continua avaliando as alternativas
disponíveis, só que agora relacionadas com o ponto de venda onde as compras serão
realizadas. Cabe destacar que, apesar desse exemplo limitar-se a lojas físicas, em muitos
casos o consumidor também tem a possibilidade de efetuar a compra em um ambiente
virtual, ou seja, via comércio eletrônico.
Um consumidor que deseja adquirir um notebook teria como opções de ponto de venda,
além das diferentes lojas físicas que disponibilizam o modelo e a marca que ele decidiu
comprar, sites de varejistas virtuais que também vendem o produto desejado.
Para se entender melhor a quarta etapa do processo de decisão de compra (que inclui a
escolha da loja e a efetuação da compra), faz-se necessário entender o conceito de
experiência de compra, que pode ser delimitado como sendo o resultado da interação entre
varejista e cliente durante o tempo em que esse último encontra-se dentro da loja/website
com o intuito de efetuar suas compras (Verhoef et al., 2009).
Quando o consumidor decide qual produto adquirir e precisa então escolher onde
efetuar a compra, o mesmo tenta antecipar como seria a experiência de compra em cada
varejista disponível no mercado que venda o produto desejado (com lojas físicas ou
virtuais).
Sendo assim, à medida que o consumidor associa determinado varejista a uma
experiência de compra agradável, maior a possibilidade de que seja escolhido para que
sejam efetuadas compras futuras. Além disso, quanto mais agradável a experiência de
compra dos consumidores em determinado varejista, maior a satisfação experimentada
depois da compra.
Este capítulo não se aprofundou na discussão das experiências de compra vivenciadas
pelos consumidores nos pontos de venda físicos e virtuais, pois, neste livro, há um
capítulo específico que aborda de maneira mais detalhada esse tema (Capítulo 8).
Avaliação Pós-Compra
Depois de escolher onde realizar as compras e adquirir os produtos ou serviços desejados,
o consumidor experimenta ou utiliza os produtos ou serviços adquiridos. Posteriormente,
inicia-se a última etapa do processo de compra, na qual o consumidor avalia os resultados
obtidos com a compra (Hanna, Wozniak e Hanna, 2009) (Mowen e Minor, 2003)
(Schiffman e Kanuk, 2000).
Depois de adquirir o produto e antes de utilizá-lo, o consumidor experimenta certo
nível de desconforto, denominado dissonância cognitiva, que tem origem nas dúvidas que
existem em sua mente acerca da qualidade de sua escolha (Hawkins, Mothersbaugh e
Best, 2007) (Sheth, Mittal e Newman, 2001) (Churchill Junior e Peter, 2000) (Sweeney,
Hausknecht e Soutar, 2000).
A dissonância cognitiva pode ser entendida como uma sensação de desconforto
experimentada pelo consumidor no intervalo de tempo entre a efetuação da compra de
determinado produto e o uso do produto adquirido, na medida em que o consumidor sente
certo nível de ansiedade relacionada com as dúvidas acerca do real desempenho do
produto que acabou de ser comprado. A Figura 6.2 ilustra o momento em que surge a
dissonância cognitiva no processo de compra.
Considerações Finais
Neste capítulo, discutimos cada uma das etapas que fazem parte do processo de decisão
de compra dos consumidores: identificação ou reconhecimento de uma necessidade,
busca de informações, avaliação de alternativas, realização da compra e avaliação pós-
compra.
Foram apresentados exemplos que ilustram como os indivíduos percebem novas
necessidades a serem supridas por meio da aquisição de produtos e serviços. Além disso,
foram analisadas as duas categorias de necessidades existentes: genéricas e seletivas,
enfatizando-se que as empresas devem esforçar-se para incentivar o reconhecimento de
necessidades seletivas em seus públicos-alvo, pois essas estão associadas à preferência
dos consumidores por marcas específicas.
Em seguida, foram discutidas as duas formas básicas de busca de informações: interna
e externa. Discutimos a importância da propaganda boca a boca, assim como da
comunicação de marketing das empresas e do uso da Internet pelos consumidores que
estão buscando informações sobre as empresas que atuam no mercado.
Posteriormente, apresentamos as três fases que fazem parte da etapa de avaliação de
alternativas: simplificação da avaliação, realização de uma avaliação mais detalhada e
decisão a respeito de qual produto e marca adquirir. Também tecemos uma discussão
acerca das diferentes regras de decisão que são utilizadas pelos consumidores na escolha
de qual produto e marca comprar.
Além disso, apresentamos uma reflexão inicial sobre a influência que as experiências
de compra vivenciadas pelos indivíduos nas lojas físicas ou virtuais exercem sobre a
quarta etapa do processo de decisão de compra, que inclui a escolha da loja onde a compra
será realizada.
Por fim, discorremos sobre a dissonância cognitiva experimentada pelos consumidores
durante o processo de compra e também sobre o processo de avaliação pós-compra. Em
seguida, apresentamos os possíveis comportamentos que os consumidores podem adotar
dependendo do nível de satisfação experimentado, evidenciando a necessidade de se
monitorar a satisfação dos clientes constantemente com o intuito de maximizar vendas
futuras.
CAPÍTULO 9
Satisfação do Consumidor
serviço que apresenta desempenho superior no atributo que consideram mais importante
no momento da decisão de compra. Entretanto, depois da compra, mostram-se receosos
quando a imagem da marca escolhida não está associada a credibilidade elevada.
Nesses casos, os consumidores sentem-se arrependidos de sua escolha, passam a
refletir acerca das alternativas que não foram escolhidas e se questionam se sua decisão
deveria ter sido diferente. Por causa desse arrependimento, que pode ocorrer antes mesmo
do consumo, os indivíduos podem evitar a compra da mesma marca futuramente ou até
mesmo não utilizar o produto adquirido.
Para exemplificar, imaginemos um consumidor que escolheu qual notebook comprar
com base, exclusivamente, no preço. Entretanto, caso a marca de notebook escolhida
possua uma imagem negativa no mercado, aquele consumidor pode sentir-se arrependido,
o que gerará desconforto e insatisfação pós-compra.
Podemos perceber, portanto, a importância da imagem para a formação da satisfação
pós-compra. Por isso, cabe tecer algumas considerações sobre o conceito de imagem e
como ela pode ser gerenciada para influenciar a formação de uma atitude positiva dos
consumidores em relação à determinada organização.
A imagem pode ser definida como uma foto mental, que reflete a maneira segundo a
qual os consumidores definem uma empresa em sua mente, em parte pelas suas
qualidades funcionais e em parte por um conjunto de atributos psicológicos (Martineau,
1958). Em outras palavras, a imagem pode ser entendida como a soma das percepções do
consumidor acerca de cada atributo associado a determinada empresa; desse modo,
podemos perceber que a imagem está relacionada com a forma como os clientes percebem
as características de uma organização e não as características em si (Bloemer e Schroder,
2002).
Por causa da imagem, a capacidade de pagamento dos consumidores pode ser deixada
em segundo plano na escolha de um produto, serviço ou loja, pois a imagem da alternativa
escolhida deve ser aceitável do ponto de vista do consumidor.
A imagem que cada um possui de uma organização não se forma com base unicamente
em aspectos da realidade objetiva; envolve também aspectos subjetivos, tais como pontos
de vistas, opiniões e sentimentos que cada indivíduo alimenta (Keaveney e Hunt, 1992).
Uma empresa que distribui seus produtos em diferentes pontos de venda (distribuição
intensiva) pode ser percebida como uma empresa que busca aumentar a conveniência do
consumidor ou talvez como uma empresa que vende produtos pouco exclusivos. Nesse
sentido, percebemos que a formação da imagem de uma empresa não pode ser controlada
por seus gestores, na medida em que resulta do processo perceptivo humano. Entretanto,
os gestores podem gerenciar os elementos do mix de marketing da organização, com o
intuito de influenciar a imagem formada pelo mercado a respeito de sua marca, seus
produtos e/ou serviços.
Para formar uma imagem de credibilidade no mercado, as organizações devem investir
em ações de comunicação, utilizando diferentes mídias (tais como jornais, televisão,
revistas, Internet etc.), pois os consumidores tendem a perceber uma empresa cuja marca
está sempre em evidência como mais confiável.
Ainda em relação aos esforços de comunicação de marketing visando melhorar a
imagem de uma organização, destacamos que os gestores devem direcionar suas ações a
campanhas publicitárias (patrocinando eventos culturais, esportivos, projetos sociais e
ambientais etc. e participando de eventos que divulguem a marca da empresa, tais como
fóruns e feiras), pois a publicidade tende a ser percebida como mais confiável do ponto
de vista do consumidor, se comparada à propaganda. 2
Satisfação e lealdade
Considerações Finais
Neste capítulo, apresentamos diferentes abordagens sobre o tema satisfação do
consumidor, com o intuito de formar no leitor uma compreensão mais abrangente e
multidimensional.
Verificamos que a satisfação do consumidor pode ser entendida como o contentamento
proporcionado pela percepção de que suas expectativas foram atendidas. Nesse sentido,
constatamos a importância de identificar quais são as reais expectativas dos consumidores
de uma organização e, em seguida, adequar o mix de marketing dessa organização às
expectativas identificadas.
Observamos também que a satisfação do consumidor pode ser entendida como o
contentamento proporcionado pela percepção de que o desempenho do produto ou serviço
é adequado. Essa abordagem complementa a perspectiva baseada unicamente nas
expectativas, na medida em que o consumidor não forma expectativas em relação a todos
os atributos de um produto ou serviço, ou seja, determinados atributos são avaliados como
adequados ou não, independentemente de expectativas previamente desenvolvidas.
Discutimos que a satisfação do consumidor também pode ser entendida como ausência
de arrependimento. Nesse caso, percebemos a importância de manter uma imagem
consistente no mercado, de modo que os consumidores não associem os produtos e
serviços da organização à baixa credibilidade, o que gera desconforto e arrependimento
pós-compra.
Continuando nossa discussão, verificamos que a satisfação do consumidor também
resulta da equidade percebida a partir de comparações sociais. Por isso, é importante que
as organizações comparem suas ofertas em relação às ofertas concorrentes, objetivando
aumentar a percepção de valor de seus clientes.
Por fim, apresentamos a dimensão afetiva ou emocional da satisfação, enfatizando que
produtos e serviços que proporcionam experiências de consumo mais agradáveis e
estimulantes aos indivíduos tendem a despertar emoções mais positivas, associadas a
maior nível de satisfação.
Em seguida, discutimos a importância de manter os clientes satisfeitos, apresentando
questões como confiança atribuída à empresa, propaganda boca a boca e lealdade.
Clientes mais satisfeitos compram os novos produtos e serviços lançados pela empresa
sem grande desconfiança, fornecem boas referências para outros consumidores, compram
com maior frequência e deixam de tomar suas decisões de compra com base
exclusivamente em preços.