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Problemas éticos na criação da inteligência artificial

Por: Henrique da Costa Martins

Turma: 1104

É inquestionável a forma como a IA (Inteligência artificial) tem evoluído, demonstrando um potencial


incrível para mudar a nossa realidade e contribuindo para alterações mais ou menos significativas
nos nossos hábitos, rotinas, e afazeres diários. No entanto, têm-se levantado igualmente muitas
dúvidas sobre os seus eventuais problemas. Ao mesmo tempo que a Inteligência Artificial se vai
tornando mais popular, especialistas em ética e moral colocam várias questões impossíveis de
ignorar. Desde que a tecnologia era apenas uma ideia presente nas obras de ficção científica, muitos
questionavam quais eram os limites da aplicação da inteligência artificial. Algumas ideias pioneiras
surgiram com Isaac Asimov, um famoso estudioso e escritor russo, que desenvolveu as “Três Leis da
Robótica” (publicadas no seu livro “Eu, Robô”): na primeira lei defende “Um robô não pode ferir um
humano ou permitir que um humano sofra algum mal”; na segunda menciona que “Os robôs devem
obedecer às ordens dos humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a
primeira lei "e, por fim, na terceira “Um robô deve proteger a sua própria existência, desde que não
entre em conflito com as leis anteriores”. Mais tarde, Asimov acrescentou outra regra, denominada
a “Lei Zero”, que está acima de todas as outras, a qual define que um robô não pode causar nenhum
mal à humanidade, ou permitir que esta sofra. Estava criada uma base para a questão que de
alguma forma todos colocamos: será que a utilização da inteligência artificial trará benefícios para
todos num futuro próximo?

Do meu ponto de vista, o contínuo desenvolvimento da inteligência artificial continuará a


representar um benefício enorme a vários níveis, nomeadamente numa melhor performance das
indústrias (através da automatização dos processos produtivos) - embora não haja dúvidas de que
irá contribuir para o aumento da taxa de desemprego futura - numa gestão mais eficiente dos
serviços e ainda numa maior rapidez e eficácia em áreas ligadas a investigação e desenvolvimento,
em campos tão importantes como a medicina, as ciências farmacêuticas e a aeronáutica. No
entanto, temos de pensar nas consequências inevitáveis da robotização do mundo: como e o que é
que as máquinas irão fazer? Se forem utilizadas não apenas para trabalharem nas fábricas,
restaurantes, supermercados, mas também a nível doméstico, como por exemplo fazer trabalhos de
casa (embora seja apelativo), cozinhar e tomar conta das crianças e idosos, o ser humano perderá
com certeza as suas capacidades de desenvolvimento físico, mental e social, contribuindo para uma
geração futura mais preguiçosa, sedentária e solitária. Como referi no início deste parágrafo, um
fator crítico na substituição do homem pelo robot é o nível crescente de desemprego que isso
representará, principalmente para as pessoas com menor formação técnica e académica, o que trará
consequências desastrosas a nível económico e social. Outro fator de que tanto se fala nos nossos
dias é o crescente isolamento das pessoas, principalmente dos adolescentes e jovens, já demasiado
vinculados às tecnologias. Com o desenvolvimento da IA, facilmente será possível ter um amigo
virtual, com uma personalidade similar a um amigo verdadeiro, criado à medida. Há ainda outros
problemas como a forma como isso afeta a nossa responsabilidade, que começa quando nos
apercebemos que os robôs são capazes de fazer todas as nossas tarefas por nós, conseguindo assim
mais tempo livre ou mais inércia; como a segurança dos nossos dados e informações pessoais (é
bastante provável que as nossas informações e dados confidenciais sejam recolhidos com maior
facilidade, já que existem robôs e máquinas por todo o lado capazes de coisas inimagináveis) e o
quão longe poderá ir o conhecimento dos robôs - será que ultrapassará o do ser humano?

Se por um lado, será bastante útil o desenvolvimento e criação de robôs inteligentes, até porque há
a probabilidade de serem eles mesmos a criarem outras invenções mais funcionais e futuristas, por
outro lado são inquestionáveis os problemas éticos que isso poderá trazer. Como seria possível
ensinar ética e moral de forma a que não haja preconceitos e discriminações? Falta raciocínio, senso
comum e adaptabilidade às máquinas e isso são características que o ser humano consegue
naturalmente. A máquina pode conseguir obter o melhor diagnóstico para uma determinada
doença, mas é, na minha opinião, essencial a presença humana para a explicar ao paciente.

Em resumo, as máquinas vão ocupar o lugar do homem no mercado de trabalho, muitos empregos
deixarão de existir e outros novos irão surgir. No entanto, o ser humano continuará a ser
imprescindível naquilo que as máquinas não conseguem, ou seja, nos relacionamentos, na
inteligência emocional, na capacidade de entender as diferenças e de se adaptar à mudança.

A sociedade irá reformular-se, homem e máquinas estarão lado a lado numa convivência que se
espera equilibrada para benefício da humanidade.

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