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A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA ADVOCACIA

Wesley de Oliveira Jucá1


Lúcio de Almeida Braga Júnior2

JUCÁ, Wesley de Oliveira. A Inteligência Artificial na Advocacia. 16 páginas,


2020. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Direito) – Centro Universitário
UNINORTE – Rio Branco, 2020.

RESUMO

A evolução tecnológica causada pela chegada da Inteligência Artificial, impacta de


forma profunda nas profissões, como uma nova revolução, antes industrial, agora
tecnológica, denominada revolução 4.0, a era da informação, uma tecnologia segundo
a qual um computador pode aprender, pensar e se comunicar sem diferenciação de
um ser humano, nos levando a um novo patamar de nossa existência, há um grande
temor na atual geração, com a possibilidade de profissões como a advocacia, serem
substituídas por advogados robôs. Esse estudo busca auxiliar os advogados a superar
o temor tecnológico, utilizando a I.A como uma aliada atualização da profissão,
demonstrando que a aplicação de sistemas de inteligência artificial pode contribuir
com os profissionais do Direito, no sentido de melhorar o gerenciamento e
aperfeiçoamento de processos e escritórios, tornando tarefas mecanizadas e
repetitivas, em soluções automatizadas e interativas, tornando a advocacia uma nova
profissão, tecnológica e atualizada aos novos tempos.

Palavras-Chave: Direito. Inteligência. Artificial. IA. Robôs. Revolução. Advocacia.

ABSTRACT

The technological evolution caused by the arrival of Artificial Intelligence, profoundly


impacts the professions, as a new revolution, formerly industrial, now technological,
called revolution 4.0, the information age, a technology according to which a computer
can learn, think and communicate without differentiation of a human being, taking us
to a new level of our existence, there is a great fear in the current generation , with the
possibility of professions such as law, being replaced by robot lawyers. This study
seeks to help lawyers overcome technological fear, using A.I. as an ally updating the
profession, demonstrating that the application of artificial intelligence systems can
contribute to legal professionals, in order to improve the management and
improvement of processes and offices, making mechanized and repetitive tasks, in
1
Discente do 8º Período do Curso de Bacharel em Direito pela Faculdade Barão do Rio Branco.
Bacharel em Sistemas de Informação pela Faculdade Barão do Rio Branco. Pós-Graduado em
Computação Forense pela Faculdade de Barão do Rio Branco.
2
Graduado em Ciências Jurídicas pela Universidade Católica de Goiás. Spécialises en Droit
Economique et Fiscal pela ULG - Université de Liège (Bélgica). Doctorado en Principios y Bases de
Modernización del Derecho Patrimonial pela USAL - Universidad de Salamanca (Espanha). Advogado
2

automated and interactive solutions, making law a new profession, technological and
updated to the new times.

Keywords: Law. Intelligence. Artificial. IA. Robots. Revolution. Law firm.

INTRODUÇÃO

A advocacia é uma profissão tradicional, com o funcionamento em grande parte


ainda executada de forma artesanal mantendo uma tradição de ritos, deve ser
profundamente afetada pela chamada revolução 4.0, a nova era tecnológica, a era da
informação, voltando-se para o uso de soluções com a utilização de inteligência
artificial (I.A), Internet das coisas (IoT), armazenamento em nuvem e outros.
Na era tecnológica faz-se necessária à atualização de profissões, para
continuarem coexistindo com as novas tecnologias de informação, que demandam
cada vez mais inteligência e velocidade.
A tecnologia vem alterando a forma que nos relacionamos com as pessoas e o
mundo, gerando uma constante urgência de mecanismos de relações instantâneas e
conexão permanente.
O profissional jurídico do século da tecnologia, não deve teme-la, deve encara-
la como uma grande atualização profissional, onde os novos advogados terão a
oportunidade de deixarem uma grande marca na sua época, pois viverão experiências
novas e tecnológicas nunca imaginadas, serão responsáveis por novos pensamentos
e a construção de uma nova sociedade.

Hoje, há uma competição acirrada no mercado jurídico brasileiro. Segundo o


Censo de Educação Superior, a graduação em Direito tem o maior número
de estudantes desde 2014, o que torna a rotina destes futuros profissionais
ainda mais desafiadora. O número das faculdades de Direito no Brasil subiu
de 165, em 1995, para 1.308, em 2016, um aumento de 793%. Para efeito de
comparação, nos Estados Unidos há atualmente 280 cursos de Direito.
(DOMINGUES, 2019)

Desde a revolução cognitiva, a era dos caçadores coletores, a revolução


agrícola e industrial, notadamente verificamos a mudança nas formas de relação da
nossa sociedade como podemos ler de forma brilhante como apresentado por Yuval
Noah Harari (2017) em sapiens.
A revolução tecnológica vem para mudar nossa visão de sociedade,
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acrescentando novos pensamentos e formas de interação, a advocacia como um pilar


das soluções de lides constantes nas transformações da sociedade, deve buscar a
todo o momento estar presente nas novas revoluções na busca de novos mecanismos
de soluções de lides e aperfeiçoamento das relações e ferramentas para de forma ágil
automatizar a resolução de processos de forma justa e rápida, pois a demanda judicial
cresce de forma exponencial e mesmo o mercado saturado de profissionais da área
não conseguem em tempo hábil suprir essa velocidade.

A primeira revolução industrial caracteriza-se pela substituição do cavalo pela


máquina a vapor, a segunda caracteriza-se pela substituição da máquina a
vapor pela eletricidade, a terceira caracteriza-se pelo surgimento do chip e dos
programas computador e a quarta caracteriza-se pela inteligência artificial,
caracterizando a quarta revolução industrial ou também chamada de revolução
industrial 4.0” (ESTRADA, 2020).

Este artigo busca demonstrar aos profissionais que as novas tecnologias, em


especial a Inteligência Artificial (I.A), não devem ser encaradas como uma substituição
da profissão, mas uma atualização inevitável e necessária, uma nova revolução antes
agrícola, industrial, agora tecnológica.

1 A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A Inteligência Artificial (I.A) é o ramo que busca a criação de máquinas


inteligentes que possuam habilidades humanas sem necessariamente possuir um
corpo, efetuando cálculos, operando logicamente, efetuando simulações e tomando
decisões, sem a interferência do ser humano, melhorando a qualidade de vida
humana, tornando os trabalhos mais eficientes e rápidos, excluindo por vezes o erro
do que pode ser causado em algum momento pelo fator humano, ainda acreditam que
ela está presente apenas em superproduções da ficção cientifica, pois desconhecem
o poder da tecnologia empregada, que nos dias atuais já está presente nas nossas
tvs, smartphones, jogos de videogame, secretárias virtuais, gps, carros autônomos
entre outros, acumulando uma infinidade de processos de ensino e aprendizagem, a
cada dia a (I.A) adquire mais habilidades e assume novas funções. A tendência com
a aprendizagem de máquina (Machine Learning) é a evolução esperada, é de que as
máquinas simulem cérebros humanos, tornando-se inteligentes e conscientes,
atingindo patamares já imaginados nas superproduções de ficção cientifica, tendo o
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seu uso classificado em de propósito geral ou específico.

1.1 A DE PROPOSITO GERAL (AGI)

Esse ramo da Inteligência Artificial (I.A), tem a finalidade de funcionar de forma


geral, através de multitarefas, criando uma simulações de raciocínio humano,
tomando decisões por si própria, executando uma grande gama de tarefas, como a
linguagem, a cognição, o movimento do corpo, o raciocínio lógico, dentre outros, com
a possibilidade de aprender sozinha, pode superar todo o conhecimento humano,
atingindo a singularidade tecnológica, tornando-se único.

1.2 A DE PROPOSITO ESPECÍFICO (ANI)

Trata-se do ramo da Inteligência Artificial (A.I) que se especializa por apenas


uma área, são inteligências voltadas para propósitos específicos, como disputar uma
partida de xadrez, se ela for inserida em um jogo de cartas, não saberá como
proceder, atualmente muito utilizada na indústria automotiva, na montagem de
veículos e a instalação de componentes.

1.3 SUPERINTELIGÊNCIA (ASI)

O Termo definido pelo filósofo sueco Nick Bostrom (2003, p. 12-17) como “um
intelecto que é muito mais inteligente do que o melhor cérebro humano em
praticamente todas as áreas, incluindo criatividade científica, conhecimentos gerais e
habilidades sociais”

1.4 REDES NEURAIS

São sistemas hiper conectados que simulam o funcionamento dos neurônios


do cérebro humano, através de algoritmos que varem a rede em busca de padrões
dentro da gama de dados brutos, buscando simular os processos biológicos do
cérebro humano com o objetivo de resolver problemas complexos.

1.5 MACHINE LEARNING


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O aprendizado de máquina, trata-se de uma área da (IA) responsável pelo


treinamento da máquina, onde através de algoritmos básicos e avançados o sistema
computacional minera dados recebidos e aprende novas funcionalidades, muito
utilizado nos serviços financeiros para a prevenção de fraudes.

2 O TESTE DE TURING

Alan Turing (1950) foi um matemático lógico, criptoanalista e cientista da


computação britânico, conhecido como o “pai da computação” foi responsável por
formular a questão “pode uma máquina pensar?” com isso formulou um teste no qual
poderíamos confirmar se uma máquina pensa, este teste que hoje é conhecido como
o teste de Turing, baseia-se em um jogo de imitação, no qual descreve a interação
entre três participantes, onde um dos jogadores é um computador, tentando se passar
por um ser humano, buscando levar o interrogador ao erro. O sucesso do teste será
determinado por uma comparação com o resultado do jogo quando o computador for
definido como humano. Se o interrogador escolher frequentemente o computador ou
o jogador humano, pode-se dizer que essa máquina passou no teste de Turing, o
computador é inteligente, esse teste estabelece critérios para definirmos que se o
comportamento de uma máquina é impossível de se diferenciar de um humano, essa
máquina possui a capacidade de pensar.

3 O DIREITO 4.0

São as inovações que impactam de forma direta as profissões de todo o mundo,


pois vivemos uma nova revolução, a nossa sociedades da informação, denominada
como a revolução 4.0, que retrata o momento tecnológico vivido pela sociedade de
nossa era, com soluções tecnológicas só imaginadas nos filmes americanos, capazes
de substituir o trabalho humano e interagir com a nossa população, como a chamada
internet das coisas (IoT), modificando as nossas interações é o modo de vida como a
conhecemos.
Na advocacia o impacto da nova revolução acontece fortemente no funcionamento
da conhecida tradicional advocacia, pois passa desde a informatização de processos,
a substituição de aplicações de caráter repetitivo e mecanizado, por soluções
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estratégicas e manipuladas, através de algoritmos que se utilizam do aprendizado de


máquina (Machine learning), passando a espelhar o comportamento do profissional
da advocacia, tornando tarefas repetitivas e rotineiras, automatizadas, poupando
tempo e tornando os processos cada vez mais inteligentes e interativos, tornando-se
necessária a atualização constante do profissional da advocacia nos conhecimentos
relacionados a habilidades e interesses tecnológicos, o profissional terá a missão de
se reinventar adicionando termos tecnológicos ao seu dia-dia e transformando os
escritórios físicos em centros tecnológicos forenses, muitos destes totalmente virtuais,
reescrevendo uma nova era, conhecida popularmente como o direito 4.0.

4 O USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA REALIDADE BRASILEIRA

O Judiciário Brasileiro, já conhecido por sua lentidão na resolução das demandas


processuais, busca soluções alternativas de conflitos através das conhecidas câmaras
de conciliação e arbitragem, na intenção de diminuir o grande volume de demandas
que crescem exponencialmente, demandando a cada dia mais, a busca por novos
profissionais para equilibrar esses números que crescem de forma quase
incontrolável, com o advento da utilização de métodos alternativos de resolução de
conflitos, aliados a virtualização é a utilização de novas tecnologias, os números das
demandas acumuladas inicia uma queda, segundo os dados do CNJ em números, o
judiciários está se tornando mais eficiente, pois no ano de 2019 houve uma
confirmação da redução da curva nos estoques de processos, em decorrência do
índice mais elevado dos magistrados na produtividade, mesmo com a vacância de 77
(setenta e sete) cargos de juízes no ano de 2019, subiu 13% com média de 2.017
(dois mil e dezessete) processos baixados, seguidos pelo índice de produtividade dos
servidores que subiu 14% com média de 22 (vinte e dois) casos a mais em relação ao
ano de 2018.

Em 2019, foi confirmada a curva de redução no estoque processual da Justiça


brasileira, com o total de 77,1 milhões de processos em tramitação ao final
de dezembro. A redução foi de aproximadamente 1,5 milhão de processos
aguardando solução definitiva. Em termos absolutos, o número de casos
pendentes de 2019 é próximo ao de 2015. Esse é o segundo ano consecutivo
de queda no número de casos pendentes. Nos últimos 2 anos, o número de
processos no estoque reduziu em 2,4 milhões de processos (-3%), apesar do
aumento no número de casos novos – 6,8% a mais que em 2018. Na fase de
conhecimento, a queda foi de 4,8% e, na fase de execução, aumento de
0,5%. O estoque apresentou queda de 1,7 milhão de processos na fase de
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conhecimento e aumento de 0,2 milhão de processos na fase de execução.


(CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2020).

A grande demanda no judiciário e em função da alta taxa de execuções fiscais


que se destacaram no ano de 2019, pelo intenso ritmo na recuperação de ativos,
sendo a Justiça Federal a responsável pela maior parte da arrecadação, tornando-se
o único ramo que retornou aos cofres públicos um valor superior as despesas.
A virtualização de processos demonstra aceleração, 9 (nove) a cada 10 (dez)
ações judiciais foram iniciadas através de um computador ou celular, demonstrando a
tendência na diminuição de processos acumulados e até mesmo na necessidade de
contratação de novos servidores, pois seguindo o padrão das revoluções
tecnológicas, aumenta-se a produção com a utilização das novas tecnologias e
reduzem-se a necessidade de funcionários para a execução, aumentando-se a
eficiência e reduzindo-se os custos.
O uso das tecnologias autônomas já e uma realidade no dia a dia do brasileiro,
as instituições bancarias utilizam algoritmos para analisar o mercado e gerenciar suas
finanças, as empresas de varejo em sua maioria utilizam-se de algoritmos em suas
lojas virtuais que identificam padrões de comportamento dos usuários com produtos
pesquisados através de seus navegadores para o uso de anúncios direcionados, o
GPS já utilizado em grande escala que se utiliza de inteligência artificial para
interpretar o melhor caminho a seguir, tornando a viagem do usuário que a utiliza mais
cômoda, os carros autônomos que começam a ganhar as estradas do nosso país,
profissões como a do telemarketing que começam a serem substituídas por
atendimento eletrônico conhecidos como Chatbots, que se utilizam de Machine
learning, o famoso aprendizado de máquina, que melhoram seus algoritmos a cada
utilização, tornando o atendimento cada vez mais personalizado e mais próximo do
atendimento humano, mais recentemente vemos a popularização das inteligências
virtuais utilizadas através de assistentes virtuais como a Alexa da Amazon, a Siri da
Apple é a Google Assistente, tratam-se de caixas de som municiadas de potentes
microfones que captam interações humanas que são enviadas para a nuvem das
empresas, onde interagem com uma inteligências artificial de alta complexidade que
aprende novos comandos a cada dia, responsáveis pelo controle e segurança de
residências, leitura de livros, artigos e notícias, gerenciamento de agendas de
compromissos, lista de compras e a possibilidade de interagir com outros eletrônicos
através da IoT, a internet das coisas.
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No judiciário brasileiro temos exemplos de uso da inteligência artificial como o


sistema de pesquisa jurisprudencial da OAB desenvolvido pela Legalabs (2020),
denominado OABJuris, que aprende as preferências e aprimora os resultados
tornando a experiencia cada vez mais personalizada, permitindo a otimização do
tempo e o consequente aumento da produtividade.
No ano de 2018 a OAB nacional anunciou a criação do Conjur (2018) uma
coordenação de I.A, afim de regulamentar o uso no exercício do Direito, logo adiante
sendo alvo de críticas através de notas de repudio, pois estava previsto o lançamento
de um robô que teria a função de prestar serviço eletrônico de atendimento sobre
causas trabalhistas, retirando a necessidade de consulta aos advogados trabalhistas,
pois a I.A, responderia todas as dúvidas dos usuários, algo que deve ser tornar muito
comum, pois com a chegada forte no mercado de softwares de I.A, aliados a robótica
na nova revolução, a tendência de substituição e até mesmo a extinção de vários
empregos atinge de forma firme a advocacia, causando grande transtornos aos
profissionais que não aceitarem a mudança, gerando conflitos jurídicos que serão
fatalmente vencidos pela tecnologia.
Muitos empregos já estão desaparecendo do mercado pela substituição por
robôs ou softwares inteligentes, deixando milhares sem empregos e salários, e
consequentemente deixando de existir a subordinação entre empregador e
empregado, independentemente do tipo de trabalho exercido, seja técnico, manual,
rural ou intelectual, pois a Revolução industrial 4.0, atinge todos os tipos de trabalho,
pois nas revoluções anteriores o trabalho mais atingido era o braçal, por consequência
das novas tecnologias empregadas.

Os profissionais liberais, tais como advogados, encanadores, médicos,


dentre outros, já estão sendo substituídos pela inteligência artificial em muitas
de suas tarefas, no caso do advogado, a análise de contratos e a triagem de
processos há programas que já fazem isso, provocando despedida de
causídicos por escritórios de advocacia, que mesmo com a diminuição de
advogados, estão conseguindo mais clientes e prestando um serviço melhor
se comparado com a realidade anterior. No âmbito do Poder Judiciário,
servidores públicos já estão sendo substituídos por programas que analisam
jurisprudência e até aqueles que preenchem as peças processuais
automaticamente, fazendo com que seja dispensado a sua presença nos
Tribunais, diminuindo o número de editais para concurso destes
trabalhadores, inclusive, já existem softwares que produzem decisões
judiciais, diminuindo muito o trabalho dos Magistrados, afinal, o Brasil tem
milhões de processos em andamento. estes já começaram a funcionar em
várias partes do mundo sem trabalhadores, consequentemente, a relação de
emprego não existe nas empresas envolvidas e não existirá com aquelas que
adotarem a inteligência artificial (ESTRADA, 2020).
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O impacto da inteligência artificial na advocacia nos apresenta novos caminhos,


pois o profissional da advocacia terá a oportunidade prever determinadas situações
jurídicas e avaliar riscos com o uso da I.A antevendo previsões legais e buscando
novas formas de resolução de conflitos, a advocacia atingirá um novo grau, onde não
sabemos até que ponto ainda será necessária a presença humana, pois já temos
disponíveis softwares que fazem desde a análise de contratos há triagem de
processos.
O mercado avança através das chamadas Lawtechs ou Legaltechs, que são a
mistura de lei e tecnologia em inglês, a junção de tecnologia e direito, tratam-se de
startups que transformam o mercado jurídico através de soluções tecnológicas, que
buscando otimizar e modernizar os escritórios de advocacia, cooperando para o
avanço do desenvolvimento e a utilização de softwares inteligentes.
No Brasil possuímos vários exemplos de Legaltechs que trabalham com o
desenvolvimento e o fornecimento de softwares inteligentes para a advocacia como a
LegalLabs adquirida recentemente pela Neoway, a maior empresa da América Latina
de Análise de BigData e Inteligência artificial para negócios, responsável pelo o
OABJuris que efetua pesquisa de jurisprudências com a utilização de I.A, também
responsável pelo robô Victoria, desenvolvido para facilitar as atividades cartográficas,
interpretando petições e realizando o fluxo de bloqueios eletrônicos com a finalidade
de gerar decisões DeepLearning que trata-se de redes neurais que através do treino
de computadores executa tarefas humanas. Outro famoso robô desenvolvido
conhecido como DRA LUZIA. Desenvolvido em seis camadas de redes neurais com
as funcionalidades de compartilhamento de peças jurídicas, apoio de I.A no
peticionamento individual e em bloco, reutilização de dados para a geração de peças
jurídicas, comparação de bases de dados internos com bases públicas e o
acompanhamento de resultados e estados de processos. Entre as Legaltechs
brasileiras temos a Aurum (2020) que oferecem softwares jurídicos como a ástrea que
é responsável pelo gerenciamento de escritórios de advocacia, executando uma
gestão jurídica completa, do primeiro atendimento até o encerramento do caso, além
do software Themis responsável pela automatização das demandas dos
departamentos jurídicos de forma estratégica e integrado as demais áreas. O SajADV
(2020) da empresa Softplan, um software que poupa várias horas de trabalho nos
escritórios de advocacia, automatizando a checagem de processos através de um
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sistema de IA, que captura os processos vinculados ao advogado, através do número


da OAB, armazena documentos padronizados do escritórios dentro do sistema e na
nuvem para agilizar as pesquisas e o preenchimento automático de documentos em
seus processos, possibilitando o cadastro de tarefas e o cadastro de prazos. Podemos
citar várias Legaltechs presentes no mercado como a SigaLei, JusBrasil, Digesto,
SemProcesso, Linte, Evojus entre outras.

4.1 O USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO MUNDO

No mundo já possuímos diversas aplicações em testes, desenvolvimento e até


mesmo em uso, na Estônia como citado na revista época negócios (ÉPOCA
NEGÓCIOS ONLINE, 2020) no ano de 2019, o país busca substituir os juízes por
robôs, no intuito de diminuir a quantidade de processos, enviando os documentos para
a Inteligência Artificial que toma a decisão e depois esta é revista por um juiz humano,
focado nas disputas contratuais, a Estônia que já utiliza o Machine learning nos
serviços públicos, causando a substituição de diversos funcionários, pois a máquina
aprende e replica o comportamento humano.
Nos Estados unidos há o ROSS, o primeiro Robô advogado do mundo, citado
na revista TRANSFORMAÇÃO DIGITAL (2018) que atua na divisão de falências da
Baker & Hostetler, utilizado como um banco de inteligência inesgotável que pode ser
consultado a qualquer momento através da linguagem natural, como se estivesse
conversando com outro advogado, adquirindo novos conhecimentos 24 horas por dia,
a cada pesquisa e experiência adquirida, armazenando toda a legislação do país,
atuando de forma cognitiva, a inteligência artificial, através da lei, faz referências
bibliográficas, gera hipóteses e respostas fundamentadas, capaz de examinar
milhares de documentos e notificar os advogados sobre qualquer alterações em seus
processos vinculados, poupando tempo e milhares de dólares. Outros exemplos
americanos, tratam-se dos softwares de analise de riscos, que através de algoritmos
inteligentes cruzam dados de réus para definir prováveis reincidências, auxiliando os
juízes no estabelecimento de fianças e medidas cautelares, como os sistemas “Public
Safety Assessment” e o “COMPAS”.
Na Tecmundo (2018) foi citada a empresa Lawgeex uma startup de tecnologia
jurídica foi responsável por um teste envolvendo algoritmos de I.A e diretores jurídicos
de grandes empresas com o intuito de analisar riscos em contratos de
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confidencialidade, apenas um dos advogados conseguiu empatar em precisão com a


máquina, porem todos foram vencidos pela I.A, em termos de velocidade a máquina
concluiu em segundos, enquanto os advogados demoraram algumas horas,
demonstrando de forma eficaz o que estar por vir, batalhas entre homens e máquinas,
sempre vencidas pela Inteligência Artificial.

4.2 O QUE PENSAM OS PROFISSIONAIS?

A opinião de advogados e estudantes, foi captada através de formulário de


pesquisa digital, criado na plataforma de formulários da empresa Google,
disponibilizado nas redes sociais, como grupos de Facebook, WhatsApp e Twitter,
composto por 7 (sete) perguntas, sendo destas 6 (seis) de caráter objetivo e uma
subjetiva.
Em respeito à lei geral de proteção dos dados (LGPD) 13.709 de 14 de agosto
de 2018, foram captados dados apenas para a pesquisa, sem a utilização de dados
pessoais, sensíveis ou identificáveis, o formulário foi disponibilizado no dia 13 de
novembro de 2020, ficando a disposição dos profissionais e acadêmicos até a manhã
do dia 20 de novembro de 2020.
A pesquisa alcançou o preenchimento de 63 (sessenta e três) formulários de
pesquisa, sendo que entre estes 50 (cinquenta) foram preenchidos por alunos,
totalizando 79,4% e 13 (treze) formulários foram preenchidos por advogados,
totalizando 20,6%.
Através do formulário de pesquisa digital, foram feitas as seguintes perguntas
objetivas, foi questionado sobre o conhecimento da tecnologia artificial, sendo
respondido por 49 (quarenta e nove) profissionais 77,8%, com a resposta sim, que
detém conhecimento sobre a tecnologia e 14 (quatorze) profissionais 22.2% que não,
desconhecem a tecnologia, na pergunta sobre o medo de ser substituído por um
advogado robô, 50 (cinquenta) profissionais 79,4%, disseram que não temem serem
substituídos por advogados robôs e 13 (treze) profissionais 20,6%, dizem temer a
possibilidade de substituição, na pergunta sobre a utilização de software jurídico com
Inteligência Artificial, 51 (cinquenta e um) profissionais 51%, afirmaram não utilizam e
12 (doze) profissionais 19% afirmaram que utilizam, na pergunta sobre se estariam
dispostos a estudar tecnologia para se manter na advocacia, 56 (cinquenta e seis)
profissionais 88,9% afirmaram estarem dispostos a estudar enquanto 7 (sete)
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profissionais 11,1% afirmaram que não, na pergunta sobre a Inteligência artificial ser
boa ou má para a advocacia, 56 (cinquenta e seis) profissionais 88,9% afirmaram que
seria boa, enquanto 7 (sete) profissionais 11,1% afirmaram ser má para a advocacia,
na pergunta sobre o domínio da Inteligência Artificial, se ela dominaria o setor ou seria
uma aliada dos advogados, 60 (sessenta) profissionais 95,2%, afirmaram que a
Inteligência Artificial será uma aliada dos advogados, enquanto 3 (três) profissionais
4,8%, afirmaram que a Inteligência Artificial irá dominar o setor da advocacia.
Na pergunta subjetiva aos profissionais, estudantes e advogados, sobre como
imaginariam a advocacia no futuro tecnológico, foram citadas diversas respostas,
sobre como a tecnologia auxiliaria o advogado a deixar de fazer tarefas mecanizadas,
podendo se aperfeiçoar em conhecimentos técnicos e formas de resolução de
conflitos, sobre uma maior facilidade na resolução de conflitos de baixa complexidade,
uma simplificação do trabalho do advogado, uma advocacia mais célere e objetiva,
consequentemente mais eficaz, mais prática e sucinta, possuindo uma maior
capacidade de processamento de processos, diminuindo o acumulo de anos parados
na justiça, oferecendo uma resposta mais rápida as demandas, ocasionando uma
redução na burocracia, causando uma otimização de tempo, propiciando aos
advogados a possibilidade de reunir o material necessário para determinadas peças
automaticamente.
Entre os profissionais que temem a substituição da profissão por máquinas
inteligentes, as opiniões se dirigem em torno da possibilidade da Inteligência Artificial,
igualar o trabalho do advogado, tornando-se um concorrente diminuindo
drasticamente o mercado de trabalho, pois com máquinas cada vez mais inteligentes,
rápidas e com grande minimização de erros, os clientes começariam a optar pela
contratação de grandes escritórios municiados de advogados robôs, diminuindo
drasticamente o mercado da advocacia humana, diminuindo o mercado drasticamente
até o ponto da substituição total pelas máquinas.
Os profissionais demonstraram em sua maioria a confiança na permanência da
advocacia dominada por advogados humanos, com a utilização da inteligência
artificial como uma aliada, responsável por minimizar os esforços humanos,
garantindo agilidade e rapidez nos processos tornando a advocacia mais célere e
eficiente, desafogando os tribunais e melhorando a qualidade de vida dos profissionais
da advocacia, tornando clara a necessidade da atualização constante e do
desenvolvimento de novas habilidades, na busca incessante por novos
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conhecimentos tecnológicos que elevarão a profissão a uma nova roupagem,


responsável por grandes mudanças na sociedade como a conhecemos.
Constatamos que os profissionais da advocacia não temem a substituição da
profissão por máquinas com inteligência artificial e estão dispostos a se atualizarem a
nova realidade, buscando novas alternativas de resolução de lides e recursos
tecnológicos que propiciem uma nova forma de trabalho, com mais agilidade,
facilidade, economia e nítida melhora na qualidade de vida do profissional, pois com
o uso da I.A, os profissionais ficarão livres de tarefas repetitivas e monótonas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando se deu o inicio ao trabalho de pesquisa constatou-se que devido ao


grande crescimento tecnológico, muitas profissões estão sendo substituídas ou
mesmo exterminadas, constatando-se a necessidade de uma discussão sobre a
preparação antecipada as novidades do mercado para a atualização do profissional
da advocacia buscando o crescimento e a manutenção no mercado de trabalho,
gerando uma grande dúvida sobre a possibilidade de substituição do profissional da
advocacia por computadores ou robôs, dotados de inteligência artificial similar ao
pensamento humano, visando manter a profissão da advocacia conectada aos novos
tempos, preparando-o para uma nova profissão onde o advogado se alia a tecnologia
que impactará tanto na profissão como na vida em sociedade, nos preparando para
uma nova revolução na sociedade, na advocacia e no judiciário, tornou-se importante
a execução desta pesquisa para propor aos profissionais o debate sobre este tema
tão importante momento que e o tema deste artigo intitulado a Inteligência Artificial
na Advocacia.
Constata-se que o objetivo geral foi atendido, pois a pesquisa teve como
objetivo a compreensão de como a aplicação de sistemas de inteligência artificial na
advocacia pode vir a contribuir com os profissionais do direito na melhoria da profissão
através do melhor gerenciamento e aperfeiçoamento dos escritórios, foram fornecidas
informações de várias aplicações em desenvolvimento e em uso no Brasil e no mundo,
além da informações sobre as principais empresas de Lawtechs no mercado,
conseguindo verificar a gama de opções disponíveis que podem ser adequadas a
vários ramos de atuação da advocacia, não só na profissão mas como também na
vida em sociedade.
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Os objetivos específicos foram alcançados na explicação dos tipos de


inteligências artificiais disponíveis, demonstrando que cada tipo tem uma utilidade
especifica, que não atingimos ainda a singularidade da I.A, mas fatalmente a
alcançaremos em um futuro próximo, onde passaremos a discutir a próxima revolução
denominada sociedade 5.0, onde a tecnologia sai de foco para se tornar um
instrumento de preservação e facilitação da vida humana, onde o novo foco passa a
ser a sociedade.
A pesquisa partiu da hipótese de que os profissionais da advocacia tivessem
bastante temor com a possibilidade de substituição da profissão, devido ao alto grau
de inteligência em expansão constante das tecnologias baseadas em inteligência
artificial, mas considerando a análise de livros, artigos, vídeos e a pesquisa efetuada
através de formulário digital aplicado aos profissionais da área jurídica e alunos,
constatamos que o crescimento da Inteligência Artificial, impacta de forma global, a
todas as profissões, modificando o modo de vida como a conhecemos, trazendo muita
facilidade, rapidez e a resolução de milhares de demandas acumuladas, propiciando
uma melhor qualidade de vida ao ser humano, ajudando na resolução de grandes
problemas que a mente humana ainda não tenha conseguido alcançar.
Porém, gerando enormes problemas em relação ao desemprego, pois com a
utilização de softwares municiados com inteligências capazes de aprender o
comportamento humano e utiliza-lo, muitas tarefas se tornarão automatizadas
dispensando a utilização da mão de obra humana, tornando as vagas cada vez mais
escassas, e nos confrontando com várias questões éticas, voltadas a
responsabilização sobre o mal uso da inteligência artificial.
O papel dos novos advogados será construir algo novo, uma advocacia
tecnologia que mesmo com a utilização de maquinas inteligentes que podem cada vez
mais, replicar o comportamento humano, inicialmente através do aprendizado e num
futuro próximo, com pensamento próprio no momento que atingir a singularidade.
Mas na opinião dos profissionais, estudantes e advogados consultados,
contatou-se que em sua maioria, não se demonstram preocupados, mas motivados
com a possibilidade de grandes melhorias em sua profissão com a utilização de novas
tecnologias, dispostos a embarcarem em novas jornadas de estudos, ampliando seus
leques de conhecimento para tornarem a advocacia uma nova profissão de futuro
tecnológica e eficiente, onde a junção de direito e Inteligência artificial, tornem a
resolução de demandas da sociedade algo prático e sem stress, ajudando na
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transformação de nossa sociedade em uma sociedade com um modelo mais


promissor de vida, buscando a pacificação é o diálogo constante.

REFERÊNCIAS

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para departamento jurídico das melhores empresas. Publicado em 2020.
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