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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

CAMPUS DE XANXERÊ
ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

TALITA DE MOURA

OBTENÇÃO DE BIOETANOL DO CAROÇO DE ABACATE DA VARIEDADE


HASS

Xanxerê
2015
TALITA DE MOURA

OBTENÇÃO DE BIOETANOL DO CAROÇO DE ABACATE DA VARIEDADE


HASS

Trabalho final de curso apresentado ao curso de


Engenharia Bioenergética, área das ciências exatas e
da terra, da Universidade do Oeste de Santa Catarina,
Campus de Xanxerê, com requisito parcial a obtenção
do grau de graduado em Engenharia Bioenergética.

Orientadora: Profª. Drª. Andressa Gilioli

Xanxerê
2015
TALITA DE MOURA

OBTENÇÃO DE BIOETANOL DO CAROÇO DE ABACATE DA VARIEDADE


HASS

Trabalho Final de Curso apresentado ao curso de


Engenharia Bioenergética, UNOESC Campus de
Xanxerê, como parte dos requisitos para a obtenção
do título de bacharel.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

Professor
UNOESC

Professor
UNOESC

Professor
UNOESC
Dedico esse trabalho aos meus familiares,
colegas e professores que me ajudaram no
processo de conclusão desta monografia.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, que me ilumina e me guia todos os dias para
vencer os obstáculos encontrados pelo caminho;
A minha orientadora Profª. Drª. Andressa Gilioli, pelo conhecimento, orientação
e contribuição no decorrer do trabalho;
Ao coordenador Marcellus Fontenelle, por toda motivação e apoio;
Em especial ao meu companheiro Everton Duz, por todo apoio, carinho, paciência
e compreensão nas horas de ausência;
Aos meus pais, Clarice Streypczak de Moura e Jurecê de Moura, por todo o
carinho e apoio dado em todos os momentos;
Aos colegas, que sempre motivaram e ajudaram de alguma forma;
Aos familiares, que sempre deram palavras de ânimo, e estiveram torcendo e
apoiando durante toda a caminhada.
A empresa Jaguacy Avocado Brasil, pela doação do material utilizado e por toda
a atenção dada.
A persistência é o caminho do êxito.
(Charles Chaplin)
RESUMO

São diversos os impactos causados pelos combustíveis fósseis, e sabe-se que as reservas
destes não poderão suprir a demanda futura de energia, com isso é crescente a busca por
fontes alternativas. O etanol vem sendo amplamente pesquisado como fonte alternativa a
fim de contribuir para o avanço decorrente da substituição dessas fontes não renováveis.
Este trabalho teve por finalidade a obtenção de bioetanol a partir do caroço do abacate da
variedade Hass, pois este contém quantidades significativas de amido que pode ser
transformado em açúcares fermentescíveis e posteriormente à etanol. Para obtenção do
etanol o caroço do abacate previamente seco e moído foi submetido a hidrólise ácida,
utilizando H2SO4 em diversas concentrações e tempos; seguida de fermentação,
utilizando a levedura Saccharomyces cerevisiae, e destilação. O caroço e o fermentado
foram caracterizados quanto ao teor de açúcares redutores e totais e o destilado obtido foi
caracterizado quanto ao teor de etanol utilizando metodologia por espectrofotometria UV-
Vis. Nas hidrólises foi definido 60 minutos como tempo ótimo para o processo. Através
da análise de açúcares redutores confirmou-se que a fermentação foi bem sucedida
conseguindo diminuir os açúcares em até 86%, para a hidrólise com concentração de
1,0N, a melhor para o processo de fermentação. Foram obtidos 5 mL de destilado na
destilação. Por meio da espectrofotometria feita do destilado obteve-se como resultado
uma produção de 10,3 L de etanol por tonelada de caroço, sendo este um número
considerado pequeno. O baixo teor de etanol obtido se deve a destilação não ter sido bem
sucedida, podendo ter um aumento deste valor através de estudos mais aprofundados no
processo de destilação.

Palavras-chave: Bioetanol. Caroço do Abacate. Hidrólise. Amido.


ABSTRACT

There are several negative impacts caused by the fossil fuels, and it is known these
reserves may not supply the future energy demand; it is increasing the search for
alternative sources. Ethanol has been widely researched as an alternative source; in order
to contribute to the advancement in the course of the replacement of these non-renewable
sources. This work aimed to obtain bioethanol from the avocado seed of the variety Hass,
because it contains significant amounts of starch which can be transformed into
fermentable sugar and then to ethanol. To obtain ethanol the avocado seed previously
dried and milled was submitted to acid hydrolysis, using H2SO4 in several concentrations
and times; followed by fermentation, using the yeast Saccharomyces cerevisiae, and
distillation. The seed and the fermented have been characterized by the reducing and total
content sugar and the ethanol content in distillate obtained has been characterized using
UV-Vis methodology. In the hydrolysis has been defined 60 minutes as great time for
the process. Through the reducers sugar analysis was corroborated the fermentation was
successful by reducing the sugar by up to 86%, for the hydrolysis with 1.0N
concentration, the best for the fermentation process. It was obtained 5 mL of distillate in
the distillation. Through the analysis made by UV-Vis methodology to the distillate it has
been obtained a production result of 10.3 L of ethanol per ton of seed, which it is a small
number considered. The low ethanol content obtained is due to not successful distillation,
it may have an increase in this value through further study in the distillation process.

Keywords: Bioethanol. Seed Avocado. Hydrolysis. Starch.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Partes do abacate ............................................................................................. 18


Figura 2: Abacate da variedade HASS ........................................................................... 21
Figura 3: Estrutura da amilose ........................................................................................ 23
Figura 4: Estrutura da amilopectina................................................................................ 24
Figura 5: Mecanismo da hidrólise do amido .................................................................. 25
Figura 6: Rota metabólica da fermentação alcoólica...................................................... 27
Figura 7: Destilação Simples .......................................................................................... 29
Figura 8: Coluna de Fracionamento (destilação fracionada) .......................................... 29
Figura 9: Caroço do abacate da variedade Hass ............................................................. 30
Figura 10: Hidrólise ácida em diferentes concentrações ................................................ 32
Figura 11: Fluxograma da padronização ........................................................................ 33
Figura 12: Precipitado Vermelho-tijolo resultante da oxidação de açucares ................. 34
Figura 13: Levedura Saccharomyces cerevisiae ............................................................ 35
Figura 14: Fermentação Alcoólica ................................................................................. 36
Figura 15: Curva padrão de álcool absoluto ................................................................... 42
Figura 16: Diferença de cor entre as amostras ............................................................... 42
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Proporções dos componentes (polpa, caroço e casca) nos frutos de abacate . 20
Tabela 2: Composição química dos caroços de frutos de abacate de algumas variedades
........................................................................................................................................ 22
Tabela 3: Condições da reação de hidrólise do caroço do abacate ................................. 31
Tabela 4: Teor de umidade do caroço de abacate ........................................................... 38
Tabela 5: °Brix após hidrólise ácida ............................................................................... 39
Tabela 6: Análise de açúcares redutores (AR) e açúcares redutores totais (ART) após
hidrólise ácida ................................................................................................................. 39
Tabela 7: Análise de açúcares redutores (AR) e açúcares redutores totais (ART) após
fermentação alcoólica ..................................................................................................... 40
Tabela 8: Comparativo entra as análises de açúcares redutores feitas antes da fermentação
........................................................................................................................................ 40
Tabela 9: Comparativo entre as análises de açúcares redutores totais feitas após a
fermentação .................................................................................................................... 40
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

°C Graus Celsius
α Alfa
AR Açucares Redutores
ART Açucares Redutores Totais
ATP Adenosina Trifosfato
β Beta
C2H5-OH Álcool Etílico
cm Centímetros
CO Monóxido de Carbono
CO2 Dióxido de Carbono
CuSO4.5H2O Sulfato de Cobre Pentahidratado
DHAP Diidroxiacetona Fosfato
GP Gliceraldeído 3-fosfato
H2SO4 Ácido Sulfúrico
HCl Ácido Clorídrico
K2Cr2O7 Dicromato de Potássio
KNaC4H4O6·4H2O Tartarato Duplo de Potássio e Sódio
L Litro
λ Lambda
m Metros
min Minutos
mL Mililitro
N Normalidade
NAD+ Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo (oxidado)
NADH Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo (reduzido)
NaOH Hidróxido de Sódio
nm Nanômetros
pH Potencial Hidrogeniônico
PROÁLCOOL Programa Nacional do Álcool
SOx Óxidos de Enxofre
UV-Vis Ultravioleta Visível
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14

1.1 OBJETIVOS .................................................................................................... 15

1.1.1 Objetivo geral .......................................................................................... 15

1.1.2 Objetivos específicos ............................................................................... 15

2 REVISÃO TEÓRICA .......................................................................................... 16

2.1 AGROENERGIA ............................................................................................. 16

2.2 ETANOL ......................................................................................................... 17

2.3 ABACATE....................................................................................................... 17

2.3.1 Caroço do Abacate ................................................................................. 19

2.3.2 Variedade Hass ....................................................................................... 20

2.4 AMIDO ............................................................................................................ 22

2.4.1 Amilose .................................................................................................... 23

2.4.2 Amilopectina ........................................................................................... 23

2.5 HIDRÓLISE ÁCIDA DO AMIDO ................................................................. 25

2.6 FERMENTAÇÃO ........................................................................................... 26

2.7 DESTILAÇÃO ................................................................................................ 28

3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 30

3.1 PREPARO DA MATÉRIA ............................................................................. 30

3.2 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE ............................................. 30

3.3 HIDRÓLISE ÁCIDA ....................................................................................... 31

3.4 DETERMINAÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES E AÇÚCARES


REDUTORES TOTAIS ............................................................................................. 32

3.5 FERMENTAÇÃO ........................................................................................... 34

3.6 DESTILAÇÃO ................................................................................................ 36

3.7 QUANTIFICAÇÃO DE ETANOL NO DESTILADO POR


ESPECTROFOTOMETRIA UV-VIS ........................................................................ 36
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 38

4.1 TEOR DE UMIDADE ..................................................................................... 38

4.2 HIDRÓLISE ÁCIDA ....................................................................................... 38

4.3 FERMENTAÇÃO ........................................................................................... 39

4.4 DESTILAÇÃO ................................................................................................ 41

4.5 QUANTIFICAÇÃO DE ETANOL NO DESTILADO POR


ESPECTROFOTOMETRIA UV-Vis ......................................................................... 41

5 CONCLUSÃO....................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 45


14

1 INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje há uma grande preocupação com a dependência dos combustíveis
fósseis e o impacto ambiental por eles causado, por este motivo as pesquisas em prol de
fontes alternativas de energia vem aumentando; e o Brasil tem ampla potencialidade para
produção e pesquisas dessas novas fontes (TOLMASQUIM, 2012).
A vantagem dos biocombustíveis é que eles são menos prejudiciais tanto para o
meio ambiente; quanto para a saúde, trazem de certa forma uma notável diferença em
relação a parâmetros de poluição; quando comparados ao cultivo e processamento dos
combustíveis fósseis (LEITE; LEAL, 2007).
Apesar das vantagens citadas dos biocombustíveis, muitas das suas fontes são
utilizadas também como alimento; e levando em consideração a preocupação com a
produção alimentícia busca-se recuperar os produtos que são de total descarte, a fim de
utilizar rejeitos como fontes com potencial energético.
São inúmeras as empresas que geram resíduos possíveis de se tornarem uma fonte
alternativa de energia, entre elas pode-se citar as empresas que utilizam o abacate para
fins comerciais, como na produção de óleos, cosméticos, entre outros, pois estas acabam
por gerar uma grande quantidade de resíduos (casca e caroço) que são de total descarte
ao fim do processo.
Segundo Nespeca (2009), o caroço do abacate tem potencialidade para geração de
bioetanol, tornando-se, por isso, o material de estudo deste trabalho, que tem como
objetivo a conversão do amido presente no caroço, através do processo de hidrólise ácida
utilizando ácido sulfúrico (H2SO4), a fim de gerar açúcares fermentescíveis, para
posterior fermentação utilizando a levedura Saccharomyces cerevisiae, e conversão
destes açúcares em etanol.
15

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

O objetivo principal deste trabalho é a obtenção de bioetanol a partir do caroço do


abacate da variedade Hass.

1.1.2 Objetivos específicos

Determinar qual condição de hidrólise ácida, concentração de ácido sulfúrico e


tempo de reação, produz o teor de açúcar necessário para o processo de fermentação;
Realizar a fermentação alcoólica a fim de converter os açúcares à etanol,
verificando qual a concentração de grau brix que melhor se adequa a levedura utilizada;
Verificar a concentração de açúcares redutores e totais após a hidrólise ácida e
após a fermentação;
Realizar a destilação do fermentado obtido;
Analisar e quantificar o etanol gerado.
16

2 REVISÃO TEÓRICA

2.1 AGROENERGIA

Sabemos que as reservas de petróleo no mundo diminuem com o decorrer dos anos,
e levando em consideração o aumento da demanda de energia, no futuro as fontes fósseis
não poderão mais suprir toda essa demanda. Devido ao aumento nos preços dos
biocombustíveis em função da diminuição das reservas de petróleo, e levando em
consideração as questões ambientais envolvidas, a maioria dos países empenha-se em
busca de fontes alternativas de energia. Assim a necessidade de produzir combustível a
partir da biomassa, tem crescido significativamente (BACCHI, 2006; CAVALCANTE,
2011).
A médio prazo, a perspectiva de aproveitamento de coprodutos e resíduos como
celulose, lignina e glicerina, entre outras fontes, poderão se tornar a principal base
econômica; para explorar industrialmente os produtos como o biodiesel e o etanol (VAZ
JUNIOR, 2010).
O Brasil, atualmente, lidera a produção de biocombustível a partir de cana-de-açúcar.
Como contribuinte principal para o avanço tecnológico desenvolvido no país para
produção de álcool foi o Programa Nacional do Álcool – PROÁLCOOL, realizado pelo
governo brasileiro em 1975, devido à crise de petróleo, tendo como objetivo naquela
época e ainda hoje, substituir os derivados de petróleo (CARVALHO; CARRIJO, 2007;
SILVA, 2007).
De primeiro momento, quando o programa foi lançado ele visava a produção de
álcool anidro para ser adicionado à gasolina. Com o segundo choque de petróleo em 1979;
ampliou-se o programa; objetivando então nessa fase à produção de álcool hidratado,
substituindo à gasolina (MICHELLON; SANTOS; RODRIGUES, 2008).
Contudo, a partir de 2003, o setor ganhou novo impulso; com os veículos flex-fuel,
permitindo o crescimento da utilização do etanol. Diferente dos motores movidos
exclusivamente a etanol, os motores flex permitem a escolha entre o etanol, gasolina ou
qualquer mistura entre os dois, fazendo com que o consumidor possa escolher livremente
entre estes (CARDOSO, 2008; AMATUCCI, 2012 apud COSTA et al, 2013; ROSA;
GARCIA, 2009).
Tendo a utilização de etanol como uma alternativa a utilização de combustível fóssil,
proporcionando a redução de danos provocados ao meio ambiente, o sucesso de mercado
17

do automóvel flex no Brasil, é garantido. (ALVES; BRANDÃO, 2007 apud COSTA et


al,2013).

2.2 ETANOL

Conhecido comumente por álcool, o etanol ou álcool etílico; possui fórmula


química C2H5-OH, é obtido por meio de processos de fermentação e destilação de
açúcares provenientes de diversas fontes, entre elas existem as fontes em que o caldo é
diretamente fermentado, como a cana-de-açúcar e a beterraba, ou ainda as que precisam
passar antes por outros processos para obter esses açúcares, como é o caso das fontes
amiláceas, como o milho e a mandioca; e as lignocelulósicas, como o bagaço da cana-de-
açúcar (LIMA et al., 2001 apud PEREIRA, 2014).
Diferentemente dos combustíveis derivados de petróleo, o etanol possui um
elevado teor de oxigênio, o que possibilita uma combustão mais limpa e completa, e
também um melhor desempenho dos motores. Isto acaba por acarretar a diminuição das
emissões de partículas e gases poluidores como, por exemplo, monóxido de carbono
(CO), óxidos de enxofre (SOx) e hidrocarbonetos. Quando misturado à gasolina, o etanol
melhora as propriedades do combustível e também reduz a liberação das emissões
poluidoras, de acordo com a quantidade adicionada (BNDES e CGEE, 2008).
No Brasil, a utilização de matéria amilácea para a produção de álcool não é muito
difundida, mas, em alguns países asiáticos, na Europa e nos Estados Unidos da América
o aproveitamento dessas fontes para produção de etanol é bem comum. São utilizadas
como matéria-prima, cereais não classificados para uso humano, de longo tempo de
armazenagem, e até mesmo raspas de mandioca importadas do Brasil (LIMA;
MARCONDES, 2002).
Dentre os cereais, o milho é a matéria-prima mais utilizada para a produção de
álcool nos Estados Unidos da América. Na Alemanha utiliza-se cereais que ficam por
longo tempo armazenados e acabam se tornando impróprios para uso humano. O mesmo
acontece na Suécia, que utiliza batatas desclassificadas para o uso humano e comercial.
A Dinamarca utiliza raspas de mandioca importadas do Brasil e de outros países (LIMA;
MARCONDES, 2002).

2.3 ABACATE
18

O abacateiro é originário da América Central e do México, pertence à família


Lauraceae e; gênero Persea. Apresenta três raças comerciais: a Antilhana (América
Central, 0-800m), a Guatemalense (800-2400m) e a Mexicana (México, Equador e Chile,
2400-2800m); mas de modo geral se referem a ela com Persea americana Mill. As
cultivares de abacate são em geral; híbridos entre essas três raças (MARANCA, 1986;
LORENZI et al.,2006).
A árvore do abacateiro tem altura variada de 12 a 20 m, folhas de 14 a 19 cm de
comprimento e; flores andróginas. Sua madeira é frágil, podendo quebrar facilmente com
o vento, e a copa pode ser ereta ou espalhada (MARANCA, 1980; KOLLER, 1992;
LORENZI et al, 2006).
O fruto do abacate é formado por epicarpo (casca), mesocarpo (polpa), endocarpo
(envolve a semente); e a semente (caroço) (figura 1), que pode ter forma ovalada, de pêra,
ou aredondada, com comprimento entre 7 a 10 cm, que varia de acordo com a variedade.
A polpa é geralmente de cor amarela clara, com tendência ao verde perto da casca, de
consistência manteigosa; e espessura acima de 15 mm (MARANCA, 1980).
Em geral o abacate apresenta casca verde amarelada, pode apresentar manchas
mais ou menos extensas de cor purpúrea, ou pode ser totalmente purpúrea escura a
marrom; ela é glabra, lisa ou rugosa, fina como papel ou espessa, lignificada e quebradiça,
suave ou coriácea (MARANCA, 1980).

Figura 1: Partes do abacate

Fonte: Biologia Fragmentada (apud QUEIROZ, 2013, p.17).


19

O maior produtor mundial de abacate é o México, seguido pela Indonésia. O


México, sendo o líder em produção, também é o maior exportador, e a França é o maior
importador. O Brasil ocupa a 9° posição no ranking mundial, produz 159.903 toneladas
em 10.768 hectares em todo o país. A produção brasileira é basicamente destinada ao
mercado interno, os estados que mais produzem no Brasil encontram-se na região
Sudeste, em primeiro lugar São Paulo, com uma produção de 82.780 toneladas/ano,
seguido de Minas Gerais, com 36.699 toneladas/ano (AGRIANUAL, 2010; FAO, 2014
apud MORAES, 2014; FRANCISCO; BAPTISTELLA, 2005; IBGE, 2014 apud
MORAES, 2014).
Os cultivares de abacate mais utilizados no mercado interno brasileiro são:
Simmonds, Barbieri, Collinson, Quintal, Fortuna, Breda, Reis, Solano, Imperador, Ouro
Verde e Campinas. No mercado externo e para industrialização são mais empregados os
cultivares: Tatuí, Hass e Wagner. As variedades Hass e Fuerte vêm sendo comercializadas
no mercado nacional sob a denominação “Avocado” e, por serem cultivares
diferenciados, têm sido mais valorizados (DAIUTO et al, 2007, FRANCISCO;
BAPTISTELLA, 2005).
O abacate é um fruto de grande valor energético, grande quantidade de calorias e,
comparado a outros tipos de frutos, possui um grande valor agregado de nutrientes. O
mercado do óleo de abacate vem se expandindo cada vez mais, encontrando na indústria
diversas finalidades, como para produzir suplementos alimentares e produtos que
reduzem o colesterol pelo seu grande valor nutritivo; na indústria alimentícia como óleo
que se assemelha ao de oliva, na produção de produtos para o cabelo, além de ser utilizado
também de forma caseira, como óleo bruto para diversos fins (QUEIROZ, 2013).

2.3.1 Caroço do Abacate

De modo abrangente a semente (caroço) possui em torno de cinco centímetros de


comprimento, com uma forma ovalada. A cor é acastanhada, tem como proteção uma
película (endocarpo) que fica entre a semente e a polpa, que varia de espessura conforme
a variedade (QUEIROZ, 2013).
Em média a casca e o caroço representam 31,4% da massa total do fruto (tabela
1), este percentual é considerado rejeito pelas empresas que utilizam a polpa da fruta para
diversos fins (TANGO; CARVALHO; SOARES, 2004).
20

Segundo Ferrari (2004 apud NESPECA, 2009) a tendência global é o aumento do


consumo e industrialização de produtos derivados do abacate, que acaba por acarretar
diversos problemas com o descarte do caroço como, aumento de insetos e roedores que
aparecem por este motivo, a perda econômica que se obtém através do transporte destes
resíduos para áreas apropriadas para o depósito, entre outros.

Tabela 1: Proporções dos componentes (polpa, caroço e casca) nos frutos de abacate
Polpa Caroço Casca Caroço + Casca
Variedades (%) (%) (%) (%)
Anaheim 63,9 20,4 15,7 36,1
Barker 67,3 19,3 13,4 32,7
Carlsbad 74,4 16,1 9,50 25,6
Collinson 73,0 16,8 10,2 27,0
Fortuna 75,7 12,5 11,8 24,3
Fuerte 65,8 22,3 11,9 34,2
Glória 72,0 13,3 14,7 28,0
Hass 67,5 19,0 13,5 32,5
Itzamna 58,3 19,7 22,0 41,7
Linda 69,6 15,7 14,7 30,4
Mac Donald 52,9 24,2 22,9 47,1
Mayapan 60,8 17,2 22,0 39,2
Monte d'Este 64,1 13,1 22,8 35,9
Ouro Verde 73,7 12,7 13,6 26,3
Pollock 73,1 12,8 14,1 26,9
Quintal 81,3 10,1 8,60 18,7
Simmonds 71,8 14,7 13,5 28,2
Sinaloa 73,7 16,0 10,3 26,3
Vitória 68,0 19,8 12,2 32,0
Wagner 65,2 24,5 10,3 34,8
Waldin 61,4 25,1 13,5 28,6
Westin 73,8 14,8 11,4 26,2
Winslow 68,9 19,0 12,1 31,1
Winslowson 70,0 18,8 11,2 30,0
Média 68,6 17,4 14,0 31,4
Fonte: Adaptado de Tango; Carvalho; Soares (2004).

2.3.2 Variedade Hass

O fruto da variedade Hass (figura 2) é um híbrido guatemalense-mexicano, com


acentuada predominância da raça guatemalense. Os frutos possuem casca grossa e rugosa,
de coloração que vai do verde ao violáceo escuro, o mesocarpo não possui fibras, quando
21

amadurecidos pesam de 180 a 300g. O caroço desta variedade possui formato pequeno,
esférico e é aderente a polpa (DONADIO, 1992, 1995).
No Brasil, a safra de Hass vai de março a outubro; um hectare podem ser plantados
250 pés. O pomar demora quatro anos para dar frutos e a produção oscila entre 8 e 15
toneladas. O abacate Hass possui menor quantidade de água comparada com outras
variedades do fruto, porém o Hass concentra até cinco vezes mais nutrientes. Há
quantidades grandes de óleo no Hass, mas a gordura existente é monoinsaturada e
contribui no combate do colesterol. É utilizada também em dietas para emagrecimento,
pois seu consumo causa uma rápida sensação de saciedade (SOUZA, 2005).
Possui fruto de maturação tardia, é mais indicado para pratos salgados e por isso
a maior parte da produção deste fruto é exportado, tanto como fruto, como produtos já
processados como é o caso do Guacamole, típica comida mexicana, ou como óleo de
abacate (LORENZI et al, 2006).

Figura 2: Abacate da variedade HASS

Fonte: Silva, 2013.

O caroço possui quantidades de amido significativas para a possível produção de


bioetanol (tabela 2), comparado com a mandioca, que segundo Trindade (1985 apud
JARDINE; DISPATO; PERES, 2009) possui em torno de 25% de amido, e que também
pode se produzir bioetanol.
22

Tabela 2: Composição química dos caroços de frutos de abacate de algumas variedades


Composição Química (%)
Proteína Substâncias
Variedades Umidade Lipídeos Bruta Fibra Amido Fenólicas Carboidratos
Anaheim 60,3 0,8 1,7 1,7 23,1 5,7 6,1
Carlbad 57,7 1,0 1,6 1,6 25,8 2,7 9,0
Fortuna 65,7 0,7 2,1 3,1 17,7 3,8 5,1
Fuerte 56,3 0,7 2,0 1,5 24,7 3,2 10,7
Hass 53,6 0,8 1,6 1,6 29,3 3,1 9,1
Linda 60,8 0,9 2,1 1,7 23,8 2,8 7,5
Mayapan 53,8 0,9 3,0 2,3 27,2 3,6 8,1
Quintal 65,6 1,0 2,3 1,8 12,8 3,8 11,6
Simmonds 70,7 0,9 1,7 0,8 7,80 4,5 13,2
Sinaloa 65,8 1,1 1,9 1,3 14,7 3,3 11,4
Vitória 59,3 0,5 2,2 1,2 22,6 2,3 11,2
Wagner 55,5 0,8 2,0 2,4 25,5 3,7 9,1
Westin 65,1 0,6 1,9 1,4 17,8 3,3 9,4
Winslow 73,9 0,3 1,4 1,4 10,2 2,6 9,5
Winslowson 64,7 0,5 2,0 1,3 19,0 2,7 9,3
Média 61,9 0,8 2,0 1,7 20,1 3,4 9,3
Fonte: Adaptado de Tango; Carvalho; Soares, 2004.

2.4 AMIDO

Presentes como componentes principais das sementes dos frutos, estão os


carboidratos, como a celulose e o amido, que podem ser hidrolisados por enzimas, ou
através da hidrólise ácida ou básica forte e diluída, que acabam por resultar em açúcares
fermentáveis por leveduras, que metabolizam sacarídeos, obtendo como produto final o
etanol (NESPECA, 2012).
O amido está presente em inúmeras espécies vegetais, como um carboidrato de
reserva, em diversas quantidades, em grãos de cereais apresenta uma quantidade grande
em torno de 40% a 90% do peso seco, nos tubérculos entre 65% a 85% do peso seco e em
leguminosas e frutas imaturas ou verdes, uma quantidade um pouco menor (LAJOLO;
MENEZES, 2006 apud DENARDIN; SILVA, 2009).
O amido representa 80% a 90% de todos os polissacarídeos da dieta na
alimentação humana, sendo a fonte mais valiosa de carboidratos (WHO/FAO, 1998 apud
DENARDIN; SILVA, 2009). Segundo Singh et al., (2003 apud DENARDIN; SILVA,
23

2009), o amido é também de grande valia nas indústrias de produtos processados, sendo
usado como espessante, agente gelificante e de volume, retenção de água, entre outros.
O amido é a fonte de reserva mais importante dos vegetais, encontrado em
abundância e a baixo custo em rejeitos, por estes serem descartados nas empresas,
tornando assim um custo baixo para obtenção. É constituído de dois polissacarídeos:
amilopectina e amilose tendo proporções diversas entre esses dois (RIBEIRO;
SERAVALLI, 2007).

2.4.1 Amilose

A amilose tem estrutura de cadeia linear, por ligações α 1,4 (figura 3), pode conter
de 200 a 2000 unidades de glicose em sua formação (RIBEIRO; SERAVALLI, 2007;

WURZBURG, 1986 apud MUCCILLO, 2009.).

O peso molecular da amilose é da ordem de 250.000 Daltons (1500 unidades de


glicose), mas acaba variando entre as espécies de plantas e dentro da mesma espécie,
conforme o grau de maturação. Normalmente as moléculas de amilose de cereais são
menores do que as de outras origens (DENARDIN; SILVA, 2009).

Figura 3: Estrutura da amilose

Fonte: Denardin; Silva, 2009.

2.4.2 Amilopectina
24

A amilopectina é formada por ramificações, de cadeias lineares de 20 a 25


unidades de α-D-glicoses unidades em α-1,4 e essas cadeias se unem entre si, por ligações
glicosídicas α-1,6 (figura 4). É formada por uma estrutura esférica de 10 a 500 mil
unidades de glicose (RIBEIRO; SERAVALLI, 2007).

Figura 4: Estrutura da amilopectina

Fonte: Denardin; Silva, 2009.

A amilopectina é, estrutural e funcionalmente, a mais importante das duas frações,


pois sozinha é suficiente para formar o grânulo, como ocorre em mutantes que são
desprovidos de amilose. As moléculas de amilose maiores estão concentradas no centro
do grânulo e, provavelmente, participam das duplas hélices com a amilopectina, enquanto
as moléculas menores presentes na periferia podem ser lixiviadas para fora do grânulo.
Apesar de seu limitado papel na formação de cristais, a amilose pode influenciar a
organização das duplas hélices, interferindo na densidade de empacotamento das cadeias
de amilopectina (OATES, 1997; TESTER et al., 2004 apud DENARDIN; SILVA, 2009).
25

2.5 HIDRÓLISE ÁCIDA DO AMIDO

Na hidrólise acontece a quebra de uma molécula por água, resultando numa reação
química, que altera minerais envolvendo fluído aquoso com íons de hidrogênio ou de
hidroxila, que acaba substituindo íons que são liberados para a solução. Esses íons,
hidrogênio e hidroxila, complementam as ligações químicas resultante da quebra em dois
ou mais pedaços dessas moléculas (SOUZA NETO, 2007).
Segundo Surmely et al (2004 apud GODINHO; MARQUES; RIBEIRO, 2009), a
hidrólise dos amidos pode ser por via química ou enzimática; os hidrolisados por via
enzimática são os mais importantes amidos modificados comerciais, porém as enzimas
para a conversão apresentam um custo elevado, já na hidrólise ácida, que produz como
produtos resultantes glicose e dextrina, o custo é mais baixo.
Quando o amido é tratado em uma solução com ácido à quente, até que ele se
converta totalmente em glicose, ele passa primeiro por sucessivas hidrólises, formando
dextrinas e oligossacarídeos como produtos intermediários (figura 5) (VOSS, 2013).
Segundo Surmely et al., (2003 apud COLLARES, 2011), no processo de hidrólise
ácida ocorre a transformação de amido em açúcar. Esse processo é mais rápido, porém
surgem normalmente problemas, como, corrosão dos equipamentos utilizados e
necessidade de neutralização.

Figura 5: Mecanismo da hidrólise do amido

Fonte: Adaptado de Cereda et al, 2003.


26

2.6 FERMENTAÇÃO

A fermentação é um processo anaeróbico que transforma uma substância em


outra. Utiliza-se para este processo basicamente fungos e bactérias, denominados de
fermentos. É um complexo de reações químicas que degrada uma molécula orgânica,
neste caso a glicose, transformando-a em compostos mais simples, liberando energia. As
leveduras são fungos, que possuem enzimas invertase e zimase, que quebram o açúcar
em etanol e gás carbônico (FERREIRA, 2007).
Segundo Cunha (2010 apud FIORIO; DALPOSSO, 2011), no contexto
tecnológico, fermentação é tida como o processo em que atuam microrganismos,
controlados pelo homem, produzindo determinadas substâncias de utilidade para tal.
Esses produtos resultantes de fermentação vão desde alimentos modificados e bebidas
alcoólicas, a outros produtos industriais, como solventes, ácidos orgânicos, ésteres,
aminoácidos, polissacarídeos, enzimas, vitaminas, antibióticos e hormônios.
Segundo Lima, Basso e Amorim (2001 apud SOUZA, 2013), a transformação da
glicose, em etanol e CO2 envolvem 12 reações em sequência, cada reação catalisada por
uma enzima especifica. Essas enzimas, referidas como glicolíticas, sofrem ações de
diversos fatores (pH, temperatura, nutrientes, inibidores e outros), alguns que ajudam e
outros que atrapalham o desempenho do processo.
As leveduras Saccharomyces cerevisiae são micro-organismos que possuem
elevada eficiência fermentativa. Com isso permite-se uma seleção de cepas industriais
mais tolerantes ao processo (Amorim, 2005 apud PACHECO, 2010).
O objetivo principal da levedura, ao metabolizar anaerobicamente o açúcar é gerar
uma forma de energia (ATP) que será empregada na realização de diversas funções
fisiológicas (absorção, excreção e outras) e biossínteses necessárias à manutenção da
vida, crescimento e multiplicação. O etanol e CO2 resultantes se constituem tão somente
em produtos de excreção, que não possuem nenhuma utilidade metabólica para a célula
em anaerobiose (LIMA, et al., 2001 apud AMARAL, 2009).
A fermentação alcoólica inicia-se com a glicólise, na qual ocorre a oxidação da
glicose em dois ácidos pirúvicos em duas etapas, podendo ocorrer na presença de
oxigênio ou não. Na primeira etapa, duas moléculas de ATP são utilizadas enquanto uma
molécula de glicose é fosforilada, reestruturada e quebrada em dois compostos de três
carbonos: gliceraldeído 3-fosfato (GP) e diidroxiacetona fosfato (DHAP), que é
imediatamente convertida em GP. Na segunda etapa, as duas moléculas de GP são
27

oxidadas, em muitos passos, em duas moléculas de ácido pirúvico. Nessas reações, duas
moléculas de NAD+ são reduzidas a NADH e quatro moléculas de ATP (adenosina
trifosfato) são formadas pela fosforilação em nível de substrato, com saldo final positivo
de duas moléculas de ATP para cada molécula de glicose que é oxidada. Após a glicólise,
as duas moléculas de ácido pirúvico são convertidas em duas moléculas de acetaldeído e
duas moléculas de CO2. As moléculas de acetaldeído são então reduzidas por duas
moléculas de NADH para formar duas moléculas de etanol, o produto final resultante da
fermentação (Figura 6) (TORTORA et al., 2005 apud SILVA, 2010).

Figura 6: Rota metabólica da fermentação alcoólica.

Fonte: Silva, 2010.


28

2.7 DESTILAÇÃO

A destilação é uma das operações unitárias de separação mais importantes e mais


utilizadas, tanto em laboratórios como em indústrias químicas. É um processo físico, que
através da evaporação separa componentes voláteis de uma mistura líquida na presença
de calor. Nos processos de destilação do álcool, este é o componente mais volátil, e a
água o menos volátil; sendo o álcool gradativamente concentrado na sua fase de vapor,
enquanto isso a água que não chega a evaporar, vai ficando cada vez mais pobre em álcool
(CAPELA; CRUZ; SANTOS, 2012, LIMA; MARCONDES, 2002).
A destilação pode ser dividida em dois tipos: destilação simples e destilação
fracionada. A destilação fracionada diferencia-se da destilação simples pela introdução
de uma coluna de fracionamento, formando um trajeto mais prolongado do vapor,
aumentando a eficiência da separação. Basicamente são utilizados: uma fonte de
aquecimento, um balão de destilação, um condensador e um receptor do condensado
diferenciando-se apenas na adição da coluna de fraccionamento no caso da destilação
fraccionada (figura 7 e 8). A destilação fracionada é recomendada para a separação de
mistura liquido-liquido, quando a diferença entre os pontos de ebulição dos componentes
da mistura é menor (CAPELA; CRUZ; SANTOS, 2012, CHINAGLIA; OLIVEIRA;
ZACCARIA, 2009).
Já a destilação simples ou destilação em batelada, é um processo que permite a
separação de um líquido de uma substância não volátil (tal como um sólido, por exemplo);
ou de outros líquidos que possuem uma diferença no ponto de ebulição maior do que
cerca de 80 °C (CAPELA; CRUZ; SANTOS, 2012, CHINAGLIA; OLIVEIRA;
ZACCARIA, 2009).
29

Figura 7: Destilação Simples

Fonte: A autora, 2015.

Figura 8: Coluna de Fracionamento (destilação fracionada)

Fonte: A autora, 2015.


30

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste trabalho utilizou-se o caroço do fruto do abacate como fonte de amido para a
produção de bioetanol. O caroço do tipo Hass (figura 9), foi cedido pela empresa Jaguacy
Avocado Brasil, localizada na cidade de Bauru – SP.
Após recebimento dos caroços estes foram armazenados em local fechado, ao abrigo
da luz, em temperatura ambiente, até momento de trituração.

Figura 9: Caroço do abacate da variedade Hass

Fonte: A autora, 2015.

Todas as etapas do experimento foram realizados nos laboratórios localizados na


Universidade do Oeste de Santa Catarina – campus de Xanxerê.

3.1 PREPARO DA MATÉRIA

Os caroços foram triturados em liquidificador comum (Mallory, Expert), deste


triturado foi retirado as amostras para realização do teor de umidade, o restante foi levado
para estufa a 105 °C, por 12 horas para desidratação. Após a secagem foi feito um
processo de separação das partículas mais finas por peneiração.

3.2 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE

A umidade foi determinada pelo método de perda por dessecação em estufa a


105°C, de acordo com o método do Instituo Adolfo Lutz, citado no trabalho do Bolzan,
31

2013. Primeiramente as cápsulas de porcelana (cadinho) que foram utilizadas passaram


pelo processo de secagem em estufa, a 105°C por 12 horas, e resfriadas em dessecador
até atingir temperatura ambiente, e então pesadas. Após a pesagem dos cadinhos, foi feita
a pesagem de 5 gramas das amostras do caroço previamente trituradas, em balança
analítica de precisão, e levados então a estufa para secagem à 105° por 12 horas.
Os resultados foram obtidos segundo a equação 1:

𝑃𝑖−𝑃𝑓
𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 % = × 100 (1)
𝑃𝑖

onde:
Pi = Peso inicial da amostra (amostra úmida) em gramas (descontado o peso da cápsula);
Pf = Peso final da amostra (amostra seca) em gramas (descontado o peso da cápsula).

3.3 HIDRÓLISE ÁCIDA

Os caroço moídos e secos foram submetidos a hidrólise ácida utilizando solução de


ácido sulfúrico (H2SO4) como é mostrado na tabela 3. A temperatura e a relação de massa
de caroço para mL de solução utilizada para a hidrólise ácida é a mesma utilizada no pré-
tratamento ácido feito por Nespeca (2009), 95 °C e 1:10 respectivamente, em diferentes
tempos de contato.

Tabela 3: Condições da reação de hidrólise do caroço do abacate

Concentração de H2SO4 (N) Tempo (min)


0,5 30 60 90
1,0 30 60 90
1,5 30 60 90
Fonte: A autora, 2015.

Foram utilizados em cada experimento 25 g de caroço, portanto 250 mL de


solução.
A mistura foi aquecida sob agitação em manta térmica e de agitação (GOStirrer,
MS-H-S) como mostra a figura 10.
Em cada condição utilizada de hidrólise foi realizada a medição do grau brix com
uso de um refratômetro (Quimis Q767-4), após o tempo de reação. Após a hidrólise foi
32

feita a neutralização da solução utilizando NaOH 40%, até o pH 5, que é a faixa ótima de
operação da levedura utilizada.

Figura 10: Hidrólise ácida em diferentes concentrações

Fonte: A autora, 2015.

3.4 DETERMINAÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES E AÇÚCARES


REDUTORES TOTAIS

Para a determinação de açúcares redutores (AR) e açúcares redutores totais (ART)


nas amostras, utilizou-se à metodologia analítica de titulação de Lane-Eynon, da FTT –
Faculdade de Tecnologia Termomecânica, que consiste no uso do chamado licor de
Fehling (solução A + Solução B). As soluções de Fehling A e B, foram preparadas pela
dissolução de 34,65 g de sulfato de cobre pentahidratado (CuSO4.5H2O) em 1000 mL de
água destilada, e 173 g de tartarato duplo de potássio e sódio (KNaC4H4O6·4H2O) em 300
mL de uma solução de NaOH 40%, completados até 1000 mL com água destilada,
respectivamente. As soluções fora homogeneizados e deixadas em repouso por 24 horas,
até o uso.
A soluções de Fehling A e B foram primeiramente padronizadas como mostra a
figura 11. Transferiu-se 5 mL de solução fehling A, 5 mL de solução fehling B e 20 mL
de água destilada para um erlenmeyer, tornando essas as medidas padrões para as
amostras. A mistura foi aquecida até ponto de fervura, e após titulada com solução de
glicose 1% até o ponto de viragem (cor vermelho-tijolo).
33

Figura 11: Fluxograma da padronização

Solução de Glicose a 1%

Bureta

Erlenmeyer de 250 mL

20 mL de água 5 mL de Fehling A

destilada 5 mL de Fehling B

Aquecimento

Ponto de Viragem
(Vermelho-tijolo)

Fonte: Adaptado de Pereira, 2014.

Para a determinação dos açucares redutores utilizou-se as mesmas medidas padrões


de Fehling, e na bureta foi adicionado a amostra teste, anotando as quantidades gastas na
titulação.
Para a definição dos açúcares redutores totais transferiu-se, para um balão
volumétrico de 100 mL, 10 mL da amostra teste e 30 mL de HCl 1,3N, e manteve-se em
banho maria a 65°C por 20 minutos; após resfriou-se a solução e adicionou-se 3 gotas de
fenolftaleína e NaOH até obter uma coloração rosa claro, completando o volume do balão
com água destilada.
Todas as análises foram feitas em triplicata, fazendo a média entre os valores
titulados.
34

As análise foram feitas após a hidrólise ácida e após a fermentação para avaliar
através da diminuição dos açúcares se a fermentação foi bem sucedida.
O método de Fehling tem como princípio fazer com que os átomos de cobre da
solução de Fehling reajam com uma solução de glicídios; e reduzam o Cu (II) a Cu (I),
pela oxidação dos açucares, formando um precipitado de cor vermelho-tijolo (figura 12),
que indica o final da reação (FREIRE, et al, 2012).

Figura 12: Precipitado Vermelho-tijolo resultante da oxidação de açucares

Fonte: A autora, 2015.

3.5 FERMENTAÇÃO

A fermentação tem a função de transformar os açúcares contidos na solução em


etanol e CO2, através da ação de leveduras. A levedura utilizada neste trabalho foi a
Saccharomyces cerevisiae uma levedura alemã que é utilizada para a produção de
cervejas de trigo (figura 13).
Após a hidrólise ácida e ajuste do pH da solução adicionou-se 0,575g de levedura
para cada litro de solução (mistura), pois nas especificações da levedura usa-se 11,5g para
cada 20 L de mosto, assim foi utilizado quantidade equivalente para cada litro de solução.
35

Figura 13: Levedura Saccharomyces cerevisiae

Fonte: A autora, 2015.

Primeiramente foi realizado um teste para determinar qual condição de hidrólise


que teve uma melhor fermentação nas condições do processo.
Foram utilizados 250 mL de cada mosto (solução hidrolisada) escolhido das
hidrólises (3 amostras) e a levedura na quantidade adequada. Manteve-se a mistura em
banho maria (ALB 800 S) por 5 dia (120 horas) à temperatura constante de 21°C. O
processo foi considerado finalizado quando as leveduras estavam dispostas ao fundo do
balão, e não havia mais liberação de CO2 pelas mangueiras de saída.
Após realizadas as análises de açúcares, escolheu-se a melhor condição de
hidrólise que teve a maior quantidade de açúcar reduzido após a fermentação, e fez-se
novamente todo o processo nas mesmas condições citadas acima para esta concentração
escolhida, mas numa quantidade maior; e colocou-se fermentar 1,5 L dividido em 3 balões
(figura 14).
36

Figura 14: Fermentação Alcoólica

Fonte: A autora, 2015.

3.6 DESTILAÇÃO

A destilação do álcool produzido na fermentação foi realizada por destilação


simples em balão de 1L. 850 mL do mosto fermentado foi aquecido em banho maria
(ALB 800 S) por 2 horas à 78 °C. A montagem do destilador deu-se pelo tipo, destilação
simples. Após esse tempo coletou-se o material resultante para posterior análise.

3.7 QUANTIFICAÇÃO DE ETANOL NO DESTILADO POR


ESPECTROFOTOMETRIA UV-VIS

Para determinação do teor de álcool no destilado foi utilizado o método de análise


de álcool por espectrofotometria.
Segundo Pereira (2014), este método de determinação baseia-se na utilização de
dicromato de potássio (K2Cr2O7) que acaba fazendo a oxidação do etanol, formando
compostos coloridos. A intensidade desta coloração, corresponde a concentração de
etanol presente na amostra, na faixa de λ= 600 nm.
37

Utilizou-se as soluções de dicromato de potássio a 10%, solução padrão de etanol


e ácido sulfúrico concentrado para as análises.
Para o preparo da curva-padrão, prepararam-se quatro soluções e um branco, em
tubos de ensaio. Os procedimentos de preparo das soluções foram:
Solução 1 – 1,0 mL da solução padrão e 4,0 mL de água destilada;
Solução 2 – 2,0 mL da solução padrão e 3,0 mL de água destilada;
Solução 3 – 3,0 mL da solução padrão e 2,0 mL de água destilada;
Solução 4 – 4,0 mL da solução padrão e 1,0 mL de água destilada;
Solução 5 (branco) - 5,0 mL de água destilada.
E como solução 6 – 0,02 mL do destilado e 5,0 mL de água destilada.
Posteriormente, em cada tubo de ensaio foi adicionado lentamente 5,0 mL de
ácido sulfúrico concentrado e, após 1 minuto, adicionou-se 1,0 mL de dicromato de
potássio 10%. Os tubos foram agitados e resfriados até atingir a temperatura ambiente.
Após o resfriamento, foi transferido para uma cubeta de quartzo de 1 cm3 1,0 mL de cada
solução. Esta foi analisada em espectrofotômetro UV-Vis (BEL SP 1105), no
comprimento de onda de 600 nm.
38

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 TEOR DE UMIDADE

A umidade do caroço do abacate, e as informações necessárias para este cálculo,


encontram-se na tabela 4.

Tabela 4: Teor de umidade do caroço de abacate


Antes da secagem Após à Secagem
Cadinho + Amostra Cadinho + Umidade
Amostra amostra (g) (g) amostra (g) Amostra (g) (%)
1 44,385 5 41,581 2,804 43,92
2 41,826 5 39,019 2,807 43,86
3 40,167 5 37,354 2,813 43,74

Após a secagem o caroço de abacate triturado apresentou, segundo a equação 1, um


teor de umidade médio de 43,84% que comparado com a umidade obtida por Tango;
Carvalho; Soares, 2004, (53,6%) ficou abaixo do obtido por ele. A razão desta diferença se
deve ao local; a forma diferente de cultivo; o clima, entre outros fatores.

4.2 HIDRÓLISE ÁCIDA

Após trituração, secagem e peneiração do caroço do abacate, foi feita a hidrólise


deste com ácido sulfúrico, com a finalidade de converter o amido presente neste material
em glicose. Após a hidrólise determinou-se o grau brix obtido através de concentrações
de ácido e tempos diferentes, que pode ser observado na tabela 5.
Segundo Maia, et al (1995 apud DE SOUZA; MONTEIRO, 2011) é recomendado
um limite de 15° brix, assim como o controle da temperatura, entre 12 a 28 °C, para que
a levedura opere em melhores condições sendo que variações nestes fatores e também no
pH podem ocasionar a diminuição do rendimento da mesma.
39

Tabela 5: °Brix após hidrólise ácida

Concentração de H2SO4 (N) Tempo (min) °Brix


0,5 30 6
0,5 60 11
0,5 90 11
1 30 8
1 60 13
1 90 13
1,5 30 10
1,5 60 15
1,5 90 15
Fonte: A autora, 2015.

Nota-se que após 60 minutos de hidrólise não houve alteração do grau brix,
utilizando-se assim o tempo de 60 minutos para as hidrólises posteriores com quantidade
maior de material. Então com as 3 concentrações de 0,5, 1,0 e 1,5N, fez-se as análises de
AR e ART, os resultados estão apresentados na tabela 6.

Tabela 6: Análise de açúcares redutores (AR) e açúcares redutores totais (ART) após
hidrólise ácida

Concentração de H2SO4 (N) AR (g/L) ART (g/L)


0,5 13,68 14,85
1,0 23,63 34,66
1,5 32,5 37,14
Fonte: A autora, 2015.

Pelos valores de AR e ART, após a hidrólise percebe-se que foi possível


transformar o amido presente no caroço do abacate em açúcares, viabilizando assim a
fermentação.

4.3 FERMENTAÇÃO

A fermentação foi feita para as amostras de 0,5N, 1,0N e 1,5N por 60 minutos de
reação na hidrólise que foi o tempo definido como melhor para o processo, e então foi
realizada novamente as análises de AR e ART para determinar se a fermentação foi
40

efetiva, ou seja se houve a conversão dos açucares em álcool, diminuindo esse teor (tabela
7).

Tabela 7: Análise de açúcares redutores (AR) e açúcares redutores totais (ART) após
fermentação alcoólica

Concentração de H2SO4 (N) AR (g/L) ART (g/L)


0,5 6,84 10,4
1 3,42 10,6
1,5 6,84 17,93
Fonte: A autora, 2015.

Pode-se notar que houve diminuição nos teores de açúcares dos mostos, o que
comprova a efetividade da fermentação realizada. Nas tabelas 8 e 9 as quantidades são
expressas em porcentagem de diminuição dos açúcares.

Tabela 8: Comparativo entra as análises de açúcares redutores feitas antes da


fermentação

Açúcares Redutores
Concentração AR (g/L) AR (g/L) Diminuição
de H2SO4 (N) antes da fermentação após a fermentação (%)
0,5 13,68 6,84 50,0
1 23,63 3,42 85,5
1,5 32,5 6,84 78,9
Fonte: A autora, 2015.

Tabela 9: Comparativo entre as análises de açúcares redutores totais feitas após a


fermentação

Açúcares Redutores Totais


Concentração ART (g/L) ART (g/L) Diminuição
de H2SO4 (N) antes da fermentação após a fermentação (%)
0,5 14,85 10,4 29,9
1 34,66 10,6 69,4
1,5 37,14 17,93 51,7
Fonte: A autora, 2015.
41

Observa-se que a fermentação na amostra cuja a hidrólise foi realizada com ácido na
concentração de 1,0N obteve-se a maior redução de açucares; em torno de 85% para AR
e de 69,4% para ART, e desta forma esta condição de hidrólise foi escolhida para ser feita
em maior quantidade para fazer a destilação. A amostra com menor e maior grau brix
(1,0N e 1,5N), talvez tenha reduzido a eficiência da levedura justamente pela sua
concentração de brix reduzido ou elevado.

4.4 DESTILAÇÃO

A destilação foi realizada por 2 horas, pois tempos maiores acabavam por resultar
em maiores quantidades de água junto com o destilado tornando difícil as análises
posteriores. Foi conseguido extrair uma pequena quantidade de destilado, em torno de 5
mL. Foi utilizado a destilação simples neste trabalho pois, considerando os equipamentos
disponíveis no laboratório, não era possível extraí-lo de outra forma.
A destilação simples que foi realizada arrasta junto das moléculas de etanol,
moléculas de água, tornando o destilado uma mistura de água e etanol, o que não permitiu
que fosse feita a leitura do poder calorífico do combustível pela baixa concentração de
etanol presente na amostra.
O rendimento da destilação no tempo utilizado do procedimento foi de 5 mL. Essa
quantidade é pequena, mas se deve ao tipo de destilação utilizada e principalmente ao
pequeno tempo de destilação.

4.5 QUANTIFICAÇÃO DE ETANOL NO DESTILADO POR


ESPECTROFOTOMETRIA UV-Vis

A fim de avaliar o teor de álcool no destilado obtido fez-se a análise de álcool pelo
método de espectrofotometria, que através da reação colorimétrica deste com as soluções
de dicromato de potássio permite ler a intensidade da cor, indicando a quantidade do
mesmo.
Uma curva padrão foi feita utilizando álcool absoluto (figura 15), obtendo a
equação da reta para calcular a quantidade de álcool na amostra analisada.
42

Figura 15: Curva padrão de álcool absoluto

Espectrofotometria
0,7
y = 217,9x
0,6
R² = 0,996
0,5
Absorbância

0,4
0,3 Série1

0,2 Linear (Série1)

0,1
0
0 0,001 0,002 0,003 0,004
Concentração

Fonte: A autora, 2015

A figura 16 à seguir mostra a diferença de cor entre as amostras analisadas, onde


o tubo de ensaio 1, 2, 3 e 4 contém as soluções com as concentrações utilizadas para fazer
a curva padrão, o tubo 5 contém a solução branco, e o tubo 6 contém o destilado que foi
analisado.

Figura 16: Diferença de cor entre as amostras

Fonte: A autora, 2015.


43

Percebe-se que o tubo com o destilado (tubo 6) tem uma coloração próxima ao
tubo 1 (início da curva), indicando a presença de etanol.
O valor de absorbância obtido para a solução contendo o destilado, foi
transformado em mL de álcool por mL de destilado, tendo como concentração 0,1755 mL
de etanol/mL de destilado, ou seja nos 5 mL de destilado obtido foi produzido 0,8775 mL
de etanol, apenas 17,55% do total destilado, sendo o restante água.
O estudo realizado por Nespeca (2009), hidrolisando enzimaticamente o caroço,
obteve como maior produção 61,8 L de etanol por tonelada de caroço de abacate, e
comparando com o resultado obtido deste trabalho, que foi 10,3 L de etanol por tonelada
de caroço, obteve-se um teor muito a baixo, concluindo assim que a destilação do mosto
fermentado pela destilação simples não foi bem sucedida, e não é a mais adequada.
44

5 CONCLUSÃO

A importância deste estudo está relacionado com a busca incessante de novas fontes
alternativas de energia, principalmente com a finalidade de utilizar resíduos de total
descarte nas empresas, para produzir energia. Os resíduos de produtos vindo do abacate
provam ser úteis para ajudar nestas pesquisas em prol de alternativas de substituição de
combustíveis fósseis.
A hidrólise ácida realizada neste trabalho, conseguiu transformar o amido em
açúcares fermentáveis, viabilizando a fermentação alcoólica.
Foram testados na hidrólise os tempos de 30, 60 e 90 minutos, para três concentrações
diferentes 0,5N, 1,0N e 1,5N, e notou-se que após 60 minutos não houve alteração
significativa no grau brix, optando então por 60 minutos para realização dos processos.
A fermentação realizada com Saccharomyces cerevisiae reduziu o teor de açúcares
presentes nas amostras indicando que estes foram convertidos à etanol e CO2.
Obteve-se uma diminuição mais significativa de AR e ART após a fermentação na
concentração de H2SO4 1,0N; em torno de 85,5 e 69,4% respectivamente, indicando que
para a levedura Saccharomyces cerevisiae nas condições de pH e temperatura corretas,
tem-se uma maior diminuição de açucares na concentração de 13° brix.
Foi obtido 5 mL de etanol na destilação pelo método utilizado de destilação simples,
o que permite estimar 10,3 L de etanol produzido por tonelada de caroço, sendo este um
resultado pequeno comparado com outro trabalho realizado.
Os processos de destilação precisam ter um estudo mais aprofundado, devido a
pequena quantidade de etanol obtida. Pois as quantidades de mosto pequenas a serem
destiladas, não facilitam o processo de destilação simples, buscando formas possíveis de
destilar em maior quantidade, ou realizando as análises de teor de álcool por
cromatografia gasosa.
45

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