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CAMPUS DE XANXERÊ
ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
TALITA DE MOURA
Xanxerê
2015
TALITA DE MOURA
Xanxerê
2015
TALITA DE MOURA
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
Professor
UNOESC
Professor
UNOESC
Professor
UNOESC
Dedico esse trabalho aos meus familiares,
colegas e professores que me ajudaram no
processo de conclusão desta monografia.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus, que me ilumina e me guia todos os dias para
vencer os obstáculos encontrados pelo caminho;
A minha orientadora Profª. Drª. Andressa Gilioli, pelo conhecimento, orientação
e contribuição no decorrer do trabalho;
Ao coordenador Marcellus Fontenelle, por toda motivação e apoio;
Em especial ao meu companheiro Everton Duz, por todo apoio, carinho, paciência
e compreensão nas horas de ausência;
Aos meus pais, Clarice Streypczak de Moura e Jurecê de Moura, por todo o
carinho e apoio dado em todos os momentos;
Aos colegas, que sempre motivaram e ajudaram de alguma forma;
Aos familiares, que sempre deram palavras de ânimo, e estiveram torcendo e
apoiando durante toda a caminhada.
A empresa Jaguacy Avocado Brasil, pela doação do material utilizado e por toda
a atenção dada.
A persistência é o caminho do êxito.
(Charles Chaplin)
RESUMO
São diversos os impactos causados pelos combustíveis fósseis, e sabe-se que as reservas
destes não poderão suprir a demanda futura de energia, com isso é crescente a busca por
fontes alternativas. O etanol vem sendo amplamente pesquisado como fonte alternativa a
fim de contribuir para o avanço decorrente da substituição dessas fontes não renováveis.
Este trabalho teve por finalidade a obtenção de bioetanol a partir do caroço do abacate da
variedade Hass, pois este contém quantidades significativas de amido que pode ser
transformado em açúcares fermentescíveis e posteriormente à etanol. Para obtenção do
etanol o caroço do abacate previamente seco e moído foi submetido a hidrólise ácida,
utilizando H2SO4 em diversas concentrações e tempos; seguida de fermentação,
utilizando a levedura Saccharomyces cerevisiae, e destilação. O caroço e o fermentado
foram caracterizados quanto ao teor de açúcares redutores e totais e o destilado obtido foi
caracterizado quanto ao teor de etanol utilizando metodologia por espectrofotometria UV-
Vis. Nas hidrólises foi definido 60 minutos como tempo ótimo para o processo. Através
da análise de açúcares redutores confirmou-se que a fermentação foi bem sucedida
conseguindo diminuir os açúcares em até 86%, para a hidrólise com concentração de
1,0N, a melhor para o processo de fermentação. Foram obtidos 5 mL de destilado na
destilação. Por meio da espectrofotometria feita do destilado obteve-se como resultado
uma produção de 10,3 L de etanol por tonelada de caroço, sendo este um número
considerado pequeno. O baixo teor de etanol obtido se deve a destilação não ter sido bem
sucedida, podendo ter um aumento deste valor através de estudos mais aprofundados no
processo de destilação.
There are several negative impacts caused by the fossil fuels, and it is known these
reserves may not supply the future energy demand; it is increasing the search for
alternative sources. Ethanol has been widely researched as an alternative source; in order
to contribute to the advancement in the course of the replacement of these non-renewable
sources. This work aimed to obtain bioethanol from the avocado seed of the variety Hass,
because it contains significant amounts of starch which can be transformed into
fermentable sugar and then to ethanol. To obtain ethanol the avocado seed previously
dried and milled was submitted to acid hydrolysis, using H2SO4 in several concentrations
and times; followed by fermentation, using the yeast Saccharomyces cerevisiae, and
distillation. The seed and the fermented have been characterized by the reducing and total
content sugar and the ethanol content in distillate obtained has been characterized using
UV-Vis methodology. In the hydrolysis has been defined 60 minutes as great time for
the process. Through the reducers sugar analysis was corroborated the fermentation was
successful by reducing the sugar by up to 86%, for the hydrolysis with 1.0N
concentration, the best for the fermentation process. It was obtained 5 mL of distillate in
the distillation. Through the analysis made by UV-Vis methodology to the distillate it has
been obtained a production result of 10.3 L of ethanol per ton of seed, which it is a small
number considered. The low ethanol content obtained is due to not successful distillation,
it may have an increase in this value through further study in the distillation process.
Tabela 1: Proporções dos componentes (polpa, caroço e casca) nos frutos de abacate . 20
Tabela 2: Composição química dos caroços de frutos de abacate de algumas variedades
........................................................................................................................................ 22
Tabela 3: Condições da reação de hidrólise do caroço do abacate ................................. 31
Tabela 4: Teor de umidade do caroço de abacate ........................................................... 38
Tabela 5: °Brix após hidrólise ácida ............................................................................... 39
Tabela 6: Análise de açúcares redutores (AR) e açúcares redutores totais (ART) após
hidrólise ácida ................................................................................................................. 39
Tabela 7: Análise de açúcares redutores (AR) e açúcares redutores totais (ART) após
fermentação alcoólica ..................................................................................................... 40
Tabela 8: Comparativo entra as análises de açúcares redutores feitas antes da fermentação
........................................................................................................................................ 40
Tabela 9: Comparativo entre as análises de açúcares redutores totais feitas após a
fermentação .................................................................................................................... 40
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
°C Graus Celsius
α Alfa
AR Açucares Redutores
ART Açucares Redutores Totais
ATP Adenosina Trifosfato
β Beta
C2H5-OH Álcool Etílico
cm Centímetros
CO Monóxido de Carbono
CO2 Dióxido de Carbono
CuSO4.5H2O Sulfato de Cobre Pentahidratado
DHAP Diidroxiacetona Fosfato
GP Gliceraldeído 3-fosfato
H2SO4 Ácido Sulfúrico
HCl Ácido Clorídrico
K2Cr2O7 Dicromato de Potássio
KNaC4H4O6·4H2O Tartarato Duplo de Potássio e Sódio
L Litro
λ Lambda
m Metros
min Minutos
mL Mililitro
N Normalidade
NAD+ Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo (oxidado)
NADH Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo (reduzido)
NaOH Hidróxido de Sódio
nm Nanômetros
pH Potencial Hidrogeniônico
PROÁLCOOL Programa Nacional do Álcool
SOx Óxidos de Enxofre
UV-Vis Ultravioleta Visível
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14
2.3 ABACATE....................................................................................................... 17
5 CONCLUSÃO....................................................................................................... 44
1 INTRODUÇÃO
Nos dias de hoje há uma grande preocupação com a dependência dos combustíveis
fósseis e o impacto ambiental por eles causado, por este motivo as pesquisas em prol de
fontes alternativas de energia vem aumentando; e o Brasil tem ampla potencialidade para
produção e pesquisas dessas novas fontes (TOLMASQUIM, 2012).
A vantagem dos biocombustíveis é que eles são menos prejudiciais tanto para o
meio ambiente; quanto para a saúde, trazem de certa forma uma notável diferença em
relação a parâmetros de poluição; quando comparados ao cultivo e processamento dos
combustíveis fósseis (LEITE; LEAL, 2007).
Apesar das vantagens citadas dos biocombustíveis, muitas das suas fontes são
utilizadas também como alimento; e levando em consideração a preocupação com a
produção alimentícia busca-se recuperar os produtos que são de total descarte, a fim de
utilizar rejeitos como fontes com potencial energético.
São inúmeras as empresas que geram resíduos possíveis de se tornarem uma fonte
alternativa de energia, entre elas pode-se citar as empresas que utilizam o abacate para
fins comerciais, como na produção de óleos, cosméticos, entre outros, pois estas acabam
por gerar uma grande quantidade de resíduos (casca e caroço) que são de total descarte
ao fim do processo.
Segundo Nespeca (2009), o caroço do abacate tem potencialidade para geração de
bioetanol, tornando-se, por isso, o material de estudo deste trabalho, que tem como
objetivo a conversão do amido presente no caroço, através do processo de hidrólise ácida
utilizando ácido sulfúrico (H2SO4), a fim de gerar açúcares fermentescíveis, para
posterior fermentação utilizando a levedura Saccharomyces cerevisiae, e conversão
destes açúcares em etanol.
15
1.1 OBJETIVOS
2 REVISÃO TEÓRICA
2.1 AGROENERGIA
Sabemos que as reservas de petróleo no mundo diminuem com o decorrer dos anos,
e levando em consideração o aumento da demanda de energia, no futuro as fontes fósseis
não poderão mais suprir toda essa demanda. Devido ao aumento nos preços dos
biocombustíveis em função da diminuição das reservas de petróleo, e levando em
consideração as questões ambientais envolvidas, a maioria dos países empenha-se em
busca de fontes alternativas de energia. Assim a necessidade de produzir combustível a
partir da biomassa, tem crescido significativamente (BACCHI, 2006; CAVALCANTE,
2011).
A médio prazo, a perspectiva de aproveitamento de coprodutos e resíduos como
celulose, lignina e glicerina, entre outras fontes, poderão se tornar a principal base
econômica; para explorar industrialmente os produtos como o biodiesel e o etanol (VAZ
JUNIOR, 2010).
O Brasil, atualmente, lidera a produção de biocombustível a partir de cana-de-açúcar.
Como contribuinte principal para o avanço tecnológico desenvolvido no país para
produção de álcool foi o Programa Nacional do Álcool – PROÁLCOOL, realizado pelo
governo brasileiro em 1975, devido à crise de petróleo, tendo como objetivo naquela
época e ainda hoje, substituir os derivados de petróleo (CARVALHO; CARRIJO, 2007;
SILVA, 2007).
De primeiro momento, quando o programa foi lançado ele visava a produção de
álcool anidro para ser adicionado à gasolina. Com o segundo choque de petróleo em 1979;
ampliou-se o programa; objetivando então nessa fase à produção de álcool hidratado,
substituindo à gasolina (MICHELLON; SANTOS; RODRIGUES, 2008).
Contudo, a partir de 2003, o setor ganhou novo impulso; com os veículos flex-fuel,
permitindo o crescimento da utilização do etanol. Diferente dos motores movidos
exclusivamente a etanol, os motores flex permitem a escolha entre o etanol, gasolina ou
qualquer mistura entre os dois, fazendo com que o consumidor possa escolher livremente
entre estes (CARDOSO, 2008; AMATUCCI, 2012 apud COSTA et al, 2013; ROSA;
GARCIA, 2009).
Tendo a utilização de etanol como uma alternativa a utilização de combustível fóssil,
proporcionando a redução de danos provocados ao meio ambiente, o sucesso de mercado
17
2.2 ETANOL
2.3 ABACATE
18
Tabela 1: Proporções dos componentes (polpa, caroço e casca) nos frutos de abacate
Polpa Caroço Casca Caroço + Casca
Variedades (%) (%) (%) (%)
Anaheim 63,9 20,4 15,7 36,1
Barker 67,3 19,3 13,4 32,7
Carlsbad 74,4 16,1 9,50 25,6
Collinson 73,0 16,8 10,2 27,0
Fortuna 75,7 12,5 11,8 24,3
Fuerte 65,8 22,3 11,9 34,2
Glória 72,0 13,3 14,7 28,0
Hass 67,5 19,0 13,5 32,5
Itzamna 58,3 19,7 22,0 41,7
Linda 69,6 15,7 14,7 30,4
Mac Donald 52,9 24,2 22,9 47,1
Mayapan 60,8 17,2 22,0 39,2
Monte d'Este 64,1 13,1 22,8 35,9
Ouro Verde 73,7 12,7 13,6 26,3
Pollock 73,1 12,8 14,1 26,9
Quintal 81,3 10,1 8,60 18,7
Simmonds 71,8 14,7 13,5 28,2
Sinaloa 73,7 16,0 10,3 26,3
Vitória 68,0 19,8 12,2 32,0
Wagner 65,2 24,5 10,3 34,8
Waldin 61,4 25,1 13,5 28,6
Westin 73,8 14,8 11,4 26,2
Winslow 68,9 19,0 12,1 31,1
Winslowson 70,0 18,8 11,2 30,0
Média 68,6 17,4 14,0 31,4
Fonte: Adaptado de Tango; Carvalho; Soares (2004).
amadurecidos pesam de 180 a 300g. O caroço desta variedade possui formato pequeno,
esférico e é aderente a polpa (DONADIO, 1992, 1995).
No Brasil, a safra de Hass vai de março a outubro; um hectare podem ser plantados
250 pés. O pomar demora quatro anos para dar frutos e a produção oscila entre 8 e 15
toneladas. O abacate Hass possui menor quantidade de água comparada com outras
variedades do fruto, porém o Hass concentra até cinco vezes mais nutrientes. Há
quantidades grandes de óleo no Hass, mas a gordura existente é monoinsaturada e
contribui no combate do colesterol. É utilizada também em dietas para emagrecimento,
pois seu consumo causa uma rápida sensação de saciedade (SOUZA, 2005).
Possui fruto de maturação tardia, é mais indicado para pratos salgados e por isso
a maior parte da produção deste fruto é exportado, tanto como fruto, como produtos já
processados como é o caso do Guacamole, típica comida mexicana, ou como óleo de
abacate (LORENZI et al, 2006).
2.4 AMIDO
2009), o amido é também de grande valia nas indústrias de produtos processados, sendo
usado como espessante, agente gelificante e de volume, retenção de água, entre outros.
O amido é a fonte de reserva mais importante dos vegetais, encontrado em
abundância e a baixo custo em rejeitos, por estes serem descartados nas empresas,
tornando assim um custo baixo para obtenção. É constituído de dois polissacarídeos:
amilopectina e amilose tendo proporções diversas entre esses dois (RIBEIRO;
SERAVALLI, 2007).
2.4.1 Amilose
A amilose tem estrutura de cadeia linear, por ligações α 1,4 (figura 3), pode conter
de 200 a 2000 unidades de glicose em sua formação (RIBEIRO; SERAVALLI, 2007;
2.4.2 Amilopectina
24
Na hidrólise acontece a quebra de uma molécula por água, resultando numa reação
química, que altera minerais envolvendo fluído aquoso com íons de hidrogênio ou de
hidroxila, que acaba substituindo íons que são liberados para a solução. Esses íons,
hidrogênio e hidroxila, complementam as ligações químicas resultante da quebra em dois
ou mais pedaços dessas moléculas (SOUZA NETO, 2007).
Segundo Surmely et al (2004 apud GODINHO; MARQUES; RIBEIRO, 2009), a
hidrólise dos amidos pode ser por via química ou enzimática; os hidrolisados por via
enzimática são os mais importantes amidos modificados comerciais, porém as enzimas
para a conversão apresentam um custo elevado, já na hidrólise ácida, que produz como
produtos resultantes glicose e dextrina, o custo é mais baixo.
Quando o amido é tratado em uma solução com ácido à quente, até que ele se
converta totalmente em glicose, ele passa primeiro por sucessivas hidrólises, formando
dextrinas e oligossacarídeos como produtos intermediários (figura 5) (VOSS, 2013).
Segundo Surmely et al., (2003 apud COLLARES, 2011), no processo de hidrólise
ácida ocorre a transformação de amido em açúcar. Esse processo é mais rápido, porém
surgem normalmente problemas, como, corrosão dos equipamentos utilizados e
necessidade de neutralização.
2.6 FERMENTAÇÃO
oxidadas, em muitos passos, em duas moléculas de ácido pirúvico. Nessas reações, duas
moléculas de NAD+ são reduzidas a NADH e quatro moléculas de ATP (adenosina
trifosfato) são formadas pela fosforilação em nível de substrato, com saldo final positivo
de duas moléculas de ATP para cada molécula de glicose que é oxidada. Após a glicólise,
as duas moléculas de ácido pirúvico são convertidas em duas moléculas de acetaldeído e
duas moléculas de CO2. As moléculas de acetaldeído são então reduzidas por duas
moléculas de NADH para formar duas moléculas de etanol, o produto final resultante da
fermentação (Figura 6) (TORTORA et al., 2005 apud SILVA, 2010).
2.7 DESTILAÇÃO
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste trabalho utilizou-se o caroço do fruto do abacate como fonte de amido para a
produção de bioetanol. O caroço do tipo Hass (figura 9), foi cedido pela empresa Jaguacy
Avocado Brasil, localizada na cidade de Bauru – SP.
Após recebimento dos caroços estes foram armazenados em local fechado, ao abrigo
da luz, em temperatura ambiente, até momento de trituração.
𝑃𝑖−𝑃𝑓
𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 % = × 100 (1)
𝑃𝑖
onde:
Pi = Peso inicial da amostra (amostra úmida) em gramas (descontado o peso da cápsula);
Pf = Peso final da amostra (amostra seca) em gramas (descontado o peso da cápsula).
feita a neutralização da solução utilizando NaOH 40%, até o pH 5, que é a faixa ótima de
operação da levedura utilizada.
Solução de Glicose a 1%
Bureta
Erlenmeyer de 250 mL
20 mL de água 5 mL de Fehling A
destilada 5 mL de Fehling B
Aquecimento
Ponto de Viragem
(Vermelho-tijolo)
As análise foram feitas após a hidrólise ácida e após a fermentação para avaliar
através da diminuição dos açúcares se a fermentação foi bem sucedida.
O método de Fehling tem como princípio fazer com que os átomos de cobre da
solução de Fehling reajam com uma solução de glicídios; e reduzam o Cu (II) a Cu (I),
pela oxidação dos açucares, formando um precipitado de cor vermelho-tijolo (figura 12),
que indica o final da reação (FREIRE, et al, 2012).
3.5 FERMENTAÇÃO
3.6 DESTILAÇÃO
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nota-se que após 60 minutos de hidrólise não houve alteração do grau brix,
utilizando-se assim o tempo de 60 minutos para as hidrólises posteriores com quantidade
maior de material. Então com as 3 concentrações de 0,5, 1,0 e 1,5N, fez-se as análises de
AR e ART, os resultados estão apresentados na tabela 6.
Tabela 6: Análise de açúcares redutores (AR) e açúcares redutores totais (ART) após
hidrólise ácida
4.3 FERMENTAÇÃO
A fermentação foi feita para as amostras de 0,5N, 1,0N e 1,5N por 60 minutos de
reação na hidrólise que foi o tempo definido como melhor para o processo, e então foi
realizada novamente as análises de AR e ART para determinar se a fermentação foi
40
efetiva, ou seja se houve a conversão dos açucares em álcool, diminuindo esse teor (tabela
7).
Tabela 7: Análise de açúcares redutores (AR) e açúcares redutores totais (ART) após
fermentação alcoólica
Pode-se notar que houve diminuição nos teores de açúcares dos mostos, o que
comprova a efetividade da fermentação realizada. Nas tabelas 8 e 9 as quantidades são
expressas em porcentagem de diminuição dos açúcares.
Açúcares Redutores
Concentração AR (g/L) AR (g/L) Diminuição
de H2SO4 (N) antes da fermentação após a fermentação (%)
0,5 13,68 6,84 50,0
1 23,63 3,42 85,5
1,5 32,5 6,84 78,9
Fonte: A autora, 2015.
Observa-se que a fermentação na amostra cuja a hidrólise foi realizada com ácido na
concentração de 1,0N obteve-se a maior redução de açucares; em torno de 85% para AR
e de 69,4% para ART, e desta forma esta condição de hidrólise foi escolhida para ser feita
em maior quantidade para fazer a destilação. A amostra com menor e maior grau brix
(1,0N e 1,5N), talvez tenha reduzido a eficiência da levedura justamente pela sua
concentração de brix reduzido ou elevado.
4.4 DESTILAÇÃO
A destilação foi realizada por 2 horas, pois tempos maiores acabavam por resultar
em maiores quantidades de água junto com o destilado tornando difícil as análises
posteriores. Foi conseguido extrair uma pequena quantidade de destilado, em torno de 5
mL. Foi utilizado a destilação simples neste trabalho pois, considerando os equipamentos
disponíveis no laboratório, não era possível extraí-lo de outra forma.
A destilação simples que foi realizada arrasta junto das moléculas de etanol,
moléculas de água, tornando o destilado uma mistura de água e etanol, o que não permitiu
que fosse feita a leitura do poder calorífico do combustível pela baixa concentração de
etanol presente na amostra.
O rendimento da destilação no tempo utilizado do procedimento foi de 5 mL. Essa
quantidade é pequena, mas se deve ao tipo de destilação utilizada e principalmente ao
pequeno tempo de destilação.
A fim de avaliar o teor de álcool no destilado obtido fez-se a análise de álcool pelo
método de espectrofotometria, que através da reação colorimétrica deste com as soluções
de dicromato de potássio permite ler a intensidade da cor, indicando a quantidade do
mesmo.
Uma curva padrão foi feita utilizando álcool absoluto (figura 15), obtendo a
equação da reta para calcular a quantidade de álcool na amostra analisada.
42
Espectrofotometria
0,7
y = 217,9x
0,6
R² = 0,996
0,5
Absorbância
0,4
0,3 Série1
0,1
0
0 0,001 0,002 0,003 0,004
Concentração
Percebe-se que o tubo com o destilado (tubo 6) tem uma coloração próxima ao
tubo 1 (início da curva), indicando a presença de etanol.
O valor de absorbância obtido para a solução contendo o destilado, foi
transformado em mL de álcool por mL de destilado, tendo como concentração 0,1755 mL
de etanol/mL de destilado, ou seja nos 5 mL de destilado obtido foi produzido 0,8775 mL
de etanol, apenas 17,55% do total destilado, sendo o restante água.
O estudo realizado por Nespeca (2009), hidrolisando enzimaticamente o caroço,
obteve como maior produção 61,8 L de etanol por tonelada de caroço de abacate, e
comparando com o resultado obtido deste trabalho, que foi 10,3 L de etanol por tonelada
de caroço, obteve-se um teor muito a baixo, concluindo assim que a destilação do mosto
fermentado pela destilação simples não foi bem sucedida, e não é a mais adequada.
44
5 CONCLUSÃO
A importância deste estudo está relacionado com a busca incessante de novas fontes
alternativas de energia, principalmente com a finalidade de utilizar resíduos de total
descarte nas empresas, para produzir energia. Os resíduos de produtos vindo do abacate
provam ser úteis para ajudar nestas pesquisas em prol de alternativas de substituição de
combustíveis fósseis.
A hidrólise ácida realizada neste trabalho, conseguiu transformar o amido em
açúcares fermentáveis, viabilizando a fermentação alcoólica.
Foram testados na hidrólise os tempos de 30, 60 e 90 minutos, para três concentrações
diferentes 0,5N, 1,0N e 1,5N, e notou-se que após 60 minutos não houve alteração
significativa no grau brix, optando então por 60 minutos para realização dos processos.
A fermentação realizada com Saccharomyces cerevisiae reduziu o teor de açúcares
presentes nas amostras indicando que estes foram convertidos à etanol e CO2.
Obteve-se uma diminuição mais significativa de AR e ART após a fermentação na
concentração de H2SO4 1,0N; em torno de 85,5 e 69,4% respectivamente, indicando que
para a levedura Saccharomyces cerevisiae nas condições de pH e temperatura corretas,
tem-se uma maior diminuição de açucares na concentração de 13° brix.
Foi obtido 5 mL de etanol na destilação pelo método utilizado de destilação simples,
o que permite estimar 10,3 L de etanol produzido por tonelada de caroço, sendo este um
resultado pequeno comparado com outro trabalho realizado.
Os processos de destilação precisam ter um estudo mais aprofundado, devido a
pequena quantidade de etanol obtida. Pois as quantidades de mosto pequenas a serem
destiladas, não facilitam o processo de destilação simples, buscando formas possíveis de
destilar em maior quantidade, ou realizando as análises de teor de álcool por
cromatografia gasosa.
45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DENARDIN, Cristiane Casagrande; SILVA, Leila Picolli da. Estrutura dos Grânulos
de Amido e sua Relação com Propriedades Físico-Químicas. Santa Maria: Ciência
Rural, 2009.
FRANCISCO, Vera Lúcia Ferraz dos Santos; BAPTISTELLA, Celma da Silva Lago.
Cultura do Abacate no Estado de São Paulo. São Paulo: Informações Econômicas.
2005.
ROSA, Sergio Eduardo Silveira da; GARCIA, Jorge Luiz Faria. O Etanol de Segunda
Geração: Limites e Oportunidades. Revista do BNDS, 2009.
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saude.blogspot.com.br/2013_01_01_archive.html> Acesso em: 17 jun. 2015.
SOUZA, Carlos Eduardo de. Abacates Pequenos e Lucrativos. 2005. Disponível em:
< www.diarioweb.com.br>. Acesso em: 30 jun. 2014.
VAZ JUNIOR, Silvio. Uso dos Coprodutos e Resíduos de Biomassa para Obtenção
de Produtos Químicos Renováveis. Brasília, 2010. Disponível em:
<http://www.bibliotecaflorestal.ufv.br/bitstream/handle/123456789/4102/Circular-
tecnica-02.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 03 jun. 2015.