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Índice
1. Introdução ..................................................................................................................................... 17
1.1 Objectivos ..................................................................................... Erro! Marcador não definido.
1.1.1 Objectivo geral....................................................................... Erro! Marcador não definido.
1.1.2 Objectivos específicos ........................................................... Erro! Marcador não definido.
1.2 Problema científico ....................................................................... Erro! Marcador não definido.
1.3 Hipótese........................................................................................ Erro! Marcador não definido.
1.4 Organização do trabalho .......................................................................................................... 19
2. Enquadramento Teórico ............................................................................................................... 21
2.1 Histórico.................................................................................................................................... 21
2.2 Biocombustível ......................................................................................................................... 24
2.3 Biomassa ................................................................................................................................... 26
2.3.1 Tipos de biomassa ............................................................................................................. 26
2.4 A mandioca ............................................................................................................................... 38
2.4.1 O Bagaço de Mandioca ...................................................................................................... 40
2.4.2 A Casca da Mandioca ......................................................................................................... 41
2.4.3 Componentes principais da mandioca .............................................................................. 43
2.5 Ultraestructura da parede celular vegetal ............................................................................... 47
2.6 Etanol ........................................................................................................................................ 48
2.6.1 Mandioca como matéria - prima na produção do etanol ................................................. 49
2.7 Tratamento da biomassa lignocelulósica ................................................................................. 50
2.7.1 Métodos Físicos ................................................................................................................. 53
2.7.2 Métodos Físico-Químicos .................................................................................................. 53
2.7.3 Métodos Biológicos ........................................................................................................... 54
2.7.4 Métodos Químicos ............................................................................................................ 54
2.8 Hidrólise .................................................................................................................................... 61
2.8.1 Hidrólise ácida ................................................................................................................... 61
2.8.2 Hidrólise Enzimática .......................................................................................................... 62
2.9 Fermentação alcoólica.............................................................................................................. 63
3. Materiais e Métodos ..................................................................................................................... 65
3.1 Materias.................................................................................................................................... 65
3.1.1 Cascas de Mandioca .......................................................................................................... 65
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
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Capítulo 1
Introdução
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
1. Introdução
O crescimento acelerado da população mundial está, muitas vezes, associado ao maior consumo
energético. A demanda energética mundial tornou inevitável a procura de combustíveis de
fontes renováveis, os biocombustíveis, devido ao uso extensivo dos combustíveis fósseis, ao
decréscimo gradual das reservas petrolíferas, às mudanças climáticas e à poluição ambiental
(Fukuda et al., 2009). Isso torna necessária a pesquisa de fontes de energias renováveis que
possam reduzir ou mesmo sanar os problemas derivados das necessidades em termos de energia
(Stocker, 2008). A utlização de energia proveniente de fontes renováveis tem bons impactos
económicos e ambientais. Dentre estes impactos, está a contribuição para a diversificação da
matriz energética, o desenvolvimento da agricultura, o aumento dos investimentos na pesquisa,
a redução de ar poluente, o sequestro de carbono, a redução de gases estufa e a melhoria da
terra (Balat, 2011).
Segundo a literatura sobre a mandioca (Angop, 2019), a província de Malanje é a segunda maior
região de Angola, produtora e consumidora de mandioca depois da província do Uíge. Toda
mandioca produzida em Angola é usada para fins alimentícios, e os processos de transformação
da mandioca geram resíduos, tais como as cascas, que têm causado sérios problemas
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
ambientais. Essas cascas que algumas vezes são simplesmente utilizadas como fertilizantes ou
alimentos para os animais e na maior parte do tempo descartadas ao meio ambiente, podem ter
uma alternativa científica, pois, as mesmas podem ser utilizadas também na produção de
biocombustíveis.
Assim sendo, urge caracterizar este resíduo para poder identificar e isolar posteriormente os
açúcares que com a fermentação, podem produzir o etanol que é um biocombustível de segunda
geração.
1.1 Objectivos
1.3 Hipótese
Fazendo uma caracterização geral dessas cascas podemos obter dados necessários para os seus
possíveis usos.
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Este trabalho está estructurado em sete (07) capítulos distribuídos da seguinte maneira:
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
______________________
Capítulo 2
Estudo
Bibliográfico
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2. Enquadramento Teórico
2.1 Histórico
Os materiais lignocelulósicos têm sido utilizados pelo homem desde a antiguidade para a
obtenção de energia. A queima de madeira na forma de galhos e folhas foi a principal fonte de
energia térmica e luminosa usada durante milénios, inclusive para cozer os alimentos, para a
defesa do homem contra predadores e aquecimento durante os períodos de frio intenso. Durante
a Revolução Industrial, no século XVIII, a principal fonte de energia passou a ser o carvão de
origem mineral, que desempenhou um papel fundamental para o estabelecimento e
consolidação das primeiras matrizes industriais na Inglaterra, no resto da Europa, América e ao
redor de todo o mundo. A partir do século XX, com o surgimento dos automóveis, o petróleo
assumiu o papel central como matéria-prima para obtenção de combustíveis e energia. No
entanto, problemas ambientais (também económicos e políticos) decorrentes do uso do carvão
mineral e do petróleo despertam novamente a atenção do mundo para o uso de matérias-primas
celulósicas e a biomassa como fontes de energia e de outras biomoléculas com valor económico.
As fontes de energia classificadas como renováveis, limpas e verdes, como as biomassas,
tendem a assumir um papel central na economia e política em quase todos os países
desenvolvidos e em desenvolvimento. Um exemplo disso é o etanol obtido a partir de açúcares
provenientes de materiais fermentáveis e mais recentemente a partir de materiais
lignocelulósicos (etanol de segunda geração). As primeiras referências sobre uso de material
lignocelulósico para obtenção de etanol surgiram em 1819, por intermédio do químico Francês
Henry Braconnet. Em 1894, Simonsen tratou a serragem com ácidos diluídos e altas pressões,
processo que gerou etanol a taxas de 7L a 9L para cada 100 kg de material seco. A partir do
final do século XIX o ácido sulfúrico passou a ser usado no processo de hidrólise da biomassa.
Os Estados Unidos (resíduos de pinus) e a França (serragem) destacavam-se na produção de
etanol celulósico a escala industrial, mas com rendimentos bastante modestos. Durante a
Primeira Guerra Mundial o interesse pela produção de etanol a partir de madeira intensificou-
se, sobretudo na Alemanha devido à necessidade de complementar-se o abastecimento
energético (Baillière, 2013).
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Além do etanol de segunda geração obtido a partir de celulose e/ou hemicelulose, o potencial
dos materiais lignocelulósicos como fonte de outras biomoléculas é recente. Muitas pesquisas
têm sido feitas, e novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas com esse propósito (e também
para aumentar os rendimentos de produção de etanol de segunda geração). Por isso, actualmente
são valorizados tratamentos de materiais lignocelulósicos que preservem seus polissacáridos e
açúcares totais, bem como a lignina (Pletschke et al., 2012).
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
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2.2 Biocombustível
Os combustíveis fósseis mais conhecidos são o carvão mineral, o petróleo e o gás natural e são
originados pela decomposição de resíduos orgânicos. Além de ambientalmente serem altamente
poluentes, não são renováveis, e isso obriga que se busquem nos dias de hoje novas fontes de
energia, de preferência renováveis e mais limpas, como os biocombustíveis (Fogaça, 2018).
A produção de biocombustíveis pode ser classificada como primária e secundária (Figura 1).
Os biocombustíveis primários são utilizados de forma natural, e não necessitam de uma etapa
de processamento para preparar a matéria-prima, como por exemplo, a utilização de lenha para
a produção de energia. Já os biocombustíveis secundários precisam de uma etapa de
processamento para possibilitar a produção de biocombustíveis. Estes biocombustíveis
secundários podem ser divididos em biocombustíveis de primeira, segunda e terceira geração,
dependendo da matéria-prima e do processo de produção usado (Nigam et al., 2011).
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Biocombustíveis
Lenha, madeira,
resíduos animais,
florestais e de Primário Secundário
colheita, gás de
aterro.
1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração
(1ª G) (2ª G) (3ª G)
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2.3 Biomassa
A biomassa é toda matéria orgânica, de origem vegetal ou animal, utilizada para a produção de
energia. Ela é obtida por decomposição de uma variedade de recursos renováveis, como plantas,
madeira, resíduos agrícolas, restos de alimentos, excrementos e até mesmo do lixo. Na definição
de biomassa para a geração de energia, excluem-se os tradicionais combustíveis fósseis,
embora estes também sejam derivados da vida vegetal (carvão) ou mineral (petróleo e gás
natural), embora resultado de várias transformações que requerem milhões de anos para
acontecerem. A biomassa pode ser considerada um recurso natural renovável, enquanto que os
combustíveis fósseis não se renovam a curto prazo (Klass, 1998).
Alguns autores definem biomassa como qualquer material derivado da vida vegetal ou animal,
e que seja renovável num período de tempo inferior a 100 anos, assim sendo, a maioria dos
recursos energéticos como o petróleo, carvão mineral e xistos betuminosos não são
considerados renováveis, apesar de serem derivados da vida vegetal e animal (Probstein et
al.,1982).
A preocupação por encontrar combustíveis cada vez menos poluentes faz da biomassa uma
alternativa para gerar energia sem prejudicar o planeta. Os benefícios de se usar a biomassa são
diversos. Além de ser renovável, gera baixas quantidades de poluentes, favorece o
reaproveitamento de recursos, seu transporte é fácil e possui baixo custo de operação. Essa
alternativa também é muito importante para o ciclo natural, pois, faz uso de recursos muitas
vezes inesgotáveis e que quase não alteram a temperatura do planeta. Alguns produtos
derivados da biomassa são: Bio-óleo, Biogás, Etanol celulósico, Biodiesel, Lenha, Carvão
vegetal, syngas (gás de síntese) entre outros (Balat, 2011).
O Bioetanol pode ser produzido a partir de diversos tipos de biomassa. Estas biomassas são
classificadas em três categorias: matérias-primas contendo sacarose (de cana - de - açúcar,
beterraba, sorgo doce e frutas), materiais de amido (milho, sorgo, trigo, arroz, batata, mandioca,
batata-doce e cevada) e materiais lignocelulósicos (madeira, resíduos de mandioca, resíduos de
cana - de - açúcar, capim) (Balat, 2011).
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Actualmente, os materiais lignocelulósicos são mais utilizados para a produção de etanol devido
a sua alta rentabilidade. Os mesmos podem ser divididos em seis grupos principais, a saber:
Resíduos de colheitas (bagaço de cana, palha de milho, bagaço de mandioca entre outros),
madeira de lei (álamo alpino e álamo), madeira conífera (pinheiro e abeto), resíduos celulósicos
(lodo de papel reciclado, jornais, etc.), biomassa herbáceas (feno de alfafa, caniço-malhado,
entre outros.) e resíduos sólidos municipais. As lignoceluloses compõem a estructura das
paredes celulares das plantas e são os polímeros mais abundantes na terra e a sua produção
anual é estimada entre 10 a 50 biliões de toneladas/ano (Sánchez, 2008).
Além desses três componentes principais, toda biomassa lignocelulósica contém várias
quantidades de outras substâncias, chamadas de constituintes menores. Esses constituintes
menores incluem os mais diversos compostos orgânicos e inorgânicos, e são responsáveis por
determinadas características das plantas, como a cor, o cheiro, o sabor e a resistência ao
apodrecimento. São divididos em extraíveis e não extraíveis. Os extraíveis são as substâncias
facilmente retiradas com água ou solventes orgânicos e, os não extraíveis, são compostos
inorgânicos. (D’almeida, 1988).
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
A figura a baixo representa a disposição das estructuras que compõem a matéria lignocelulósica.
Cada uma das porções dos materiais lignocelulósicos pode ser utilizada com uma finalidade,
por exemplo, as porções celulósicas e hemicelulósicas da biomassa podem ser hidrolisadas a
vários açúcares e então fermentadas. As ligninas, por sua vez, podem ser degradadas a fracções
de massas molares menores, sendo utilizadas em vários processos químicos, como na fabricação
de espumas de poliuretanos, resinas fenólicas e epóxi, na produção de fenol e etileno, e podem
ser convertidas em fibras de carbono. Os resíduos e materiais lignocelulósicos podem ser usados
também como matéria-prima para a produção de alimentos, combustíveis, insumos químicos,
enzimas e bens de consumo diversos. Propriedades como o teor de lignina, acessibilidade da
celulose a enzimas e micro-organismos e o grau de cristalinidade da celulose determinam a
digestibilidade total da biomassa e sua futura aplicabilidade (Rubira, 2009).
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2.3.1.1.1 Celulose
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Moléculas de celulose são completamente lineares e têm forte tendência para formar ligações
de hidrogénio inter e intramoleculares. Feixes de moléculas de celulose se agregam na forma
de microfibrilas nas quais regiões altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiões
menos ordenadas (amorfas) (figura 4). As microfibrilas se unem formando fibrilas e estas
constroiem as fibras celulósicas. Como consequência dessa estructura fibrosa a celulose possui
alta resistência à tracção e é insolúvel na maioria dos solventes (Buckeridge, 2007).
Os grupos hidroxilo (OH-) são responsáveis pelo comportamento físico e químico da celulose,
sendo capazes de formar dois tipos de ligações por ponte de hidrogénio, em função do seu
posicionamento na unidade glicosídica. Existem ligações por ponte de hidrogénio entre grupos
OH- de unidades glicosídicas adjacentes da mesma molécula de celulose, que são ligações
intramoleculares, responsáveis por certa rigidez das cadeias unitárias. Também ocorrem
ligações entre grupos OH- de moléculas adjacentes de celulose, constituindo as chamadas
ligações intermoleculares (Atalla et al., 1993).
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2009). A figura 5 mostra a estructura de uma microfibrila, que contém 36 moléculas de celulose
depositadas umas sobre as outras.
Figura 6 - Reações de hidrólise da celulose. R e R' são as semicadeias do polímero de celulose A ligação em zig-
zag representa a ligação ß-D (1,4) glicosídica (Rabelo, 2008).
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A cada quebra da ligação ß-D (1,4) glicosídica há formação de uma cadeia reductora e outra
não reductora. Apesar das duas extremidades da cadeia serem constituídas por grupos hidroxilo,
o grupo C1–OH terminal da cadeia reductora é um grupo aldeído hidratado, derivado da
formação do anel de piranose por ligação intramolecular hemiacetal (Figura 7). Este grupo tem
poder reductor, ao contrário do grupo alcoólico C4–OH terminal (grupo não reductor).
Figura 7 - Representação do hemiacetal (a) e do aldeído (b) do grupo terminal reductor. R é a semicadeia do
polímero de celulose (Beguin et al., 1994).
A principal vantagem da celulose quando comparada com derivados de petróleo, por exemplo,
é sua grande disponibilidade, uma vez que ela provém de matéria-prima renovável (Sarkar et.
al., 2012).
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2.3.1.1.2 Hemicelulose
Tal como se observa na figura 8, algumas das unidades de açúcares que compõem as polioses
possuem cinco átomos de carbono, sendo denominadas pentoses, outras, porém, possuem seis
átomos de carbono, sendo denominadas hexoses. Os polímeros formados pela condensação de
pentoses são chamados pentosanas, e os formados por hexoses, hexosanas. As polioses não são,
portanto, um composto químico definido, mas sim uma classe de compostos poliméricos
presentes em vegetais fibrosos, possuindo cada um propriedades características. Madeiras de
folhosas e coníferas diferem não só na percentagem do total de polioses, mas também na
percentagem individual de cada açúcar que compõe as polioses. As coníferas possuem uma
maior proporção de unidades de manose e galactose quando comparadas às folhosas. Estas, por
sua vez, apresentam uma maior proporção de unidades de xilose e grupos acetilo que o
encontrado em coníferas. No caso específico do bagaço da cana, o principal açúcar constituinte
das polioses é a xilose (Fengel et al, 1984).
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Figura 8 - Fórmulas dos açúcares componentes das polioses (Fengel et al, 1984).
As hemiceluloses são formadas por pelo menos dois tipos de açúcares e são nomeadas de acordo
com essa composição. Uma hemicelulose formada por unidades de arabinose e galactose é
denominada arabinogalactana; se for formada por unidades de galactose e manose é
denominada galactomanana, e assim por diante. As hemiceluloses apresentam-se na forma de
heteropolímeros como, por exemplo, a gluco-manana formada por glucose e manose. As
madeiras moles (coníferas) apresentam maior proporção de galactogluco-mananas do que
xilanas, enquanto as madeiras duras (folhosas) são ricas em xilanas. O teor de hemicelulose em
diferentes tipos de vegetais é bastante variável, com um valor médio de 20% (D’almeida, 1988).
2.3.1.1.3 Lignina
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cumarílico, álcool coniferílico e álcool sinapílico (figura 9) que formam uma grande, complexa
e desordenada estructura molecular (Lee, 2005) (Twumasi, 2007).
Uma das classificações possíveis para a lignina é estabelecida em função das espécies vegetais
e dos padrões aromáticos de substituição, como segue:
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
A concentração da lignina é alta na lamela média e baixa na parede secundária. Por causa da
sua espessura, pelo menos 70% da lignina das coníferas é, entretanto, localizada na parede
secundária. A parede secundária das madeiras de compressão das coníferas pode apresentar
concentração de lignina entre 55 e 88%. Os valores são bastante similares aos das madeiras de
folhosas. Quando o processo de lignificação é completado, geralmente coincide com a morte
da célula formando o que se denomina tecido de resistência. Daí concluir-se que a lignina é um
produto final do metabolismo da planta (Terashima et al., 1993; Saka, 1985).
Portanto, a lignina não é uma substância química, mas uma classe de polímeros encontrados
em grande parte dos vegetais. Na produção de etanol a partir de biomassa lignocelulósica, é
necessário eliminar a lignina para que as celuloses e as hemiceluloses sejam hidrolisadas. No
entanto, a lignina pode servir como ponto de partida para a obtenção de matérias primas para
plásticos e outros compostos orgânicos (Lee, 2005).
Além dos três componentes principais supracitados, toda biomassa lignocelulósica contém
quantidades variadas de outras substâncias, chamadas de constituintes menores. A presença
relativa destes é governada por uma série de factores, entre os quais merecem maiores destaques
são os de natureza genética e climática. (D'almeida, 1988).
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
O mesmo autor diz que, os constituintes menores dividem-se basicamente em duas classes. A
primeira engloba os materiais conhecidos como extractivos por serem extraíveis em água
(hidrossolúveis extraíveis), solventes orgânicos neutros (extraíveis lipofílicos), ou volatilizados
por arraste de vapor. A segunda classe engloba materiais que não são comummente extraíveis
com os agentes mencionados, como, por exemplo, compostos inorgânicos, proteínas e
substâncias pécticas. Esses constituintes minoritários são frequentemente responsáveis por
determinadas características da planta, como cor, cheiro, resistência natural ao apodrecimento,
sabor entre outras características.
Os principais grupos químicos que compreendem as substâncias de baixo peso molecular são:
os compostos aromáticos (fenólicos); as substâncias mais importantes deste grupo são os
compostos tanínicos que podem ser divididos em: taninos hidrolisáveis e flobafenos
condensados, além de outras substâncias como estilbenos, lignanas e flavonóides e seus
derivados. Ácidos alifáticos, ácidos gordos saturados e insaturados são encontrados
principalmente na forma dos seus ésteres com glicerol (gordura e óleo) ou com álcoois (ceras).
Ácido di e hidroxi-carboxílico ocorrem principalmente como sais de cálcio. Álcoois, a maioria
dos álcoois alifáticos na madeira ocorrem com componentes ésteres, enquanto que os ésteres
aromáticos, pertencentes aos esteróides, são principalmente encontrados como glicosídeos. A
soma destes componentes varia em cada espécie de material lignocelulósico e representa
aproximadamente 5-20% de todo o material (Fengel et al., 1989).
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2.4 A mandioca
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma espécie de planta tuberosa da família das
euforbiáceas. É a terceira maior fonte de carbohidratos, depois do arroz e do milho. Tem vários
nomes regionais tais como: aipim, macaxeira, maniva, uaipi, pão-de-pobre, entre outros.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Mandioca e Fruticultura
(2015), a mandioca (figura 10) é originária da América do Sul, e é um dos principais alimentos
para cerca de mais de 700 milhões de pessoas, que habitam em países em desenvolvimento
(Ancélio, 2012).
É uma raiz amilácea, onde o amido se encontra com os outros carbohidratos de diferentes pesos
moleculares, incluindo diversos componentes, desde açúcares simples até glicosídeos e material
celulósico. A mandioca é uma matéria-prima adequada para a obtenção de diversos productos
por hidrólise, por apresentar elevado teor de amido e baixos teores de gorduras, proteínas e
minerais (Saito, 2005).
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
O processamento industrial da raiz de mandioca resulta em vários resíduos que são referidos
como responsáveis por graves problemas de contaminação do meio ambiente. Além da elevada
carga orgânica, alguns subprodutos do processamento da mandioca apresentam elevados teores
de glicosídeo passível de ser hidrolisado, libertando cianeto de hidrogénio (Leonel et al., 2001).
As raízes de mandioca possuem vários formatos (Figura 11a), dentre eles: cilíndrico, cilindro-
cônico, cônico, fusiforme e o globoso (o menos comum). A quantidade de raízes pode oscilar
entre 5 e 12 por planta, as mandiocas podem apresentar algumas raízes tortuosas, que são
descartadas, e podem ser aproveitadas para outros usos industriais não convencionais. A Figura
4b apresenta a composição física da raíz de mandioca, que é composta pela casca (periderme
ou cutícula cortícea externa), uma membrana entre 1 e 3, casca primária ou parênquima cortical,
pelo xilema lignificado ou nervura central e pelo parênquima ou polpa (Cruz et al., 2011;
Ancélio, 2012).
(a) (b)
Figura 11 - (a) Formatos de diferentes tipos de raízes de mandioca (b) secção transversal da raíz de
mandioca (Cruz et al. 2011).
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Tabela 1 – composição centesimal em base seca da mandioca, batata e milho (Mendes, 1992).
Componente Mandioca % Milho% Batata%
Amido 90,1 70,9 76,0
Proteína 1,5 9,8 8
Fibra 5,6 2,6 6,4
Gordura 0,3 4,8 0,5
Açúcares 0,7 2,6 4,4
Cinzas 1,8 1,4 4,7
Outros -- 7,9 --
O bagaço pode ser um grande problema para as fecularias, já que é um produto higroscópico,
sendo assim o processo de secagem e/ou transporte tem custos elevados, o que por si só não
motiva os productores a aproveitá-lo para outros fins. Anteriormente a alternativa destas
indústrias de manufactura de fecularia era depositar estes resíduos em terrenos próximos a
indústria. No entanto, o descarte inadequado desta matéria pode causar sérios problemas
ambientais. Este resíduo fibroso (bagaço) é barato, e pode ser utilizado como matéria-prima
valiosa para obtenção de vários bioprodutos. Em relação à quantidade total de fibras presentes
no bagaço de mandioca, 17,5% em peso representam as fibras lignocelulósicas e 82,5% o
amido. Em imagens de microscopia de varrido electrónico (MEV), figura 12, é possível
verificar a presença de ambos componentes (fibras e grânulos de amido) (Cereda, 1994; Aro et
al., 2010; Teixeira et al., 2012).
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
A qualidade e aparência destes subproductos da extracção do amido podem variar com a idade
da planta, momento após a colheita, assim como, equipamento industrial e método utilizado
(Leonel et al., 2004). A Tabela 2 apresenta a composição do bagaço de mandioca, e assim como
da raíz, a composição também irá depender da origem da mandioca, bem como do processo
utilizado.
Outro subproducto derivado do processamento da raíz de mandioca é a casca, que é obtida após
os tubérculos serem higienizados e raspados manualmente ou mecanicamente. Dependendo da
variedade de mandioca, podem conter quantidades elevadas de glicosídeos cianogénicos, além
de um conteúdo de proteínas mais elevado do que de outras partes do tubérculo (Dini et al.,
2014).
A casca de mandioca é o resíduo resultante da pré - limpeza da raíz que chega a indústria,
formado por casca, entrecasca (situada entre a película corticácea e o cilindro central) e pontas
de mandioca, representando de 2 a 5 % do peso total das raízes (Michelan et al., 2006). A
imagem obtida por Microscopia de Varrido Electrónico da casca de mandioca é semelhante ao
do bagaço, possui maior quantidade de componentes fibrosos (Figura 13). Isso pode ser
explicado pelo facto de que a casca de mandioca possui uma maior quantidade de fibras (Tabela
3), comparando-a com o bagaço (Tabela 2).
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
O termo fibra detergente neutro (FDN) representa as fibras insolúveis, e fibra detergente ácido
(FDA) é constituída basicamente por materiais lignocelulósicos como a lignina e celulose
(Macedo et al., 2007). O principal destino da casca de mandioca em quase todo mundo, é a
alimentação direta de animais. Mais de 75 % das fecularias destinam a casca para esse fim.
Cerca de 10% das fecularias incorporam a casca no solo como fertilizante e 4% das empresas
destinam a casca para o processamento visando à produção de compostos (ração) para a
alimentação animal (Gameiro et al., 2003).
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Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
2.4.3.1 Amido
A amilose (Figura 14a) é um polímero formado por cadeias lineares, através de ligações
glicosídicas unidas em posições α – 1,4. Sua estructura possui uma conformação helicoidal, na
forma cristalina. A linearidade destas moléculas favorece a formação de ligações de hidrogénio
com grupos hidroxilo das cadeias poliméricas adjacentes, apresentando desta forma uma menor
afinidade a água o que gera uma solução opaca (Guerra, 2010).
43
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
44
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
45
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
O valor encontrado para a entalpia de gelatinização está também relacionado com nível de
cristalinidade do amido. A estructura cristalina do amido pode ser caracterizada por difracção
de raios-x, e são conhecidos três padrões, sendo eles os tipos A, B e C (Teixeira, 2007; Farro,
2008).
46
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
As fibras naturais são subdivididas conforme suas origens, provenientes de plantas, animais ou
minerais (como amianto ou asbesto). Todas as fibras vegetais são compostas principalmente de
celulose e as fibras animais consistem em proteínas (cabelos, seda e lã). As fibras vegetais são
formadas por fibras de celulose e hemicelulose embebidas em matriz de lignina (Figura 15). As
microfibrilas que compõem as fibras são resultantes de arranjos das moléculas de celulose, que
estão alinhadas ao longo do comprimento da fibra, sendo que o principal constituinte da
microfibrila é a celulose (Sedan et al., 2007; Andrade, 2012).
Figura 15 - Estructura de um material lignocelulósico com a celulose, lignina, hemicelulose entre outros
componentes, 1-Álcool trans-para-cumárico, 2-Álcool trans-coniferílico e 3-Álcool trans-sinapílico.
A estructura da parede celular vegetal é subdividida em parede primária (P), parede secundária
(S1, S2 e S3) e parede terciária (T). Essas camadas (P, S1, S2, S3 e T) são compostas
predominantemente por celulose com espessura da ordem de 5 μm e as células encontram-se
separadas pela lamela média (LM), que é uma camada fina (máximo 1 μm de espessura),
composta por elevada concentração de lignina. A parede primária (P) é a camada mais fina da
parede celular e a primeira a ser depositada nas células (menor do que 0,1 μm de espessura)
(Fengel et al.,, 1989). A celulose e as hemiceluloses predominam na região da parede celular
enquanto que a lignina se distribui por toda a estructura, apresentando máxima concentração na
lamela média.
47
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Figura 16 - Esquema ilustrando a parte morfológica da célula, parede secundária e a relação da lignina, hemicelulose,
e celulose na parede secundária da célula (KIRK et al., 1998).
2.6 Etanol
48
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Grande parte dos açúcares produzidos pelas plantas no processo de fotossíntese está
armazenada na forma de celulose, que é altamente resistente à degradação e não pode ser
fermentada. Além da celulose esses resíduos contêm grande quantidade de lignina, que é ainda
mais resistente à degradação, e por isso são denominados resíduos lignocelulósicos. Para que a
biomassa lignocelulósica possa ser também aproveitada na produção de álcool, é necessário
submeter a celulose a um processo de hidrólise, onde a mesma é quebrada formando açúcares
simples e fermentáveis, como a glucose, a xilose e a manose. Contrariamente aos combustíveis
fósseis, o etanol é uma fonte de energia produzida através da fermentação de açúcares
(Rodrigues, 2014). O processo consiste no pré-tratamento do bagaço, hidrólise ácida ou
enzimática, detoxificação (em alguns casos) e finalmente a fermentação, que produz o etanol
(Gonçalves, 2009).
O álcool de mandioca já foi produzido no Brasil nos períodos de grande dificuldade energética.
Segundo Venturini et al., (2003), é referida na literatura científica que, essa matéria-prima foi
usada no período de 1932 a 1945, o que corresponde à épocas de colapso da economia mundial
na década de 30, na Segunda Guerra Mundial e na década 70. Observou- se que, uma vez
finalizadas as dificuldades do momento, abandonou-se a mandioca como matéria-prima para a
produção de álcool, prevalecendo à utilização da cana-de-açúcar e outras formas.
A produção de álcool a partir da mandioca poderia ser incentivada em regiões com condições
de solo inadequadas para o cultivo da cana-de-açúcar e adequadas para essa raíz (Culturas,
2001). O processo de obtenção de etanol de segunda geração, também conhecido como etanol
49
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Figura 17 - Tratamento nos materiais lignocelulósicos (adaptado por HSU et al., 1980).
50
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
A presença da lignina em algumas paredes celulares dá uma força adicional, ajuda na resistência
contra às pestes e às doenças. A celulose e a hemicelulose são fontes potenciais de açúcares
fermentáveis (Hinman et al., 1989; HO et al., 1998; Taherzadeh et al., 1999; Sreenath e Jeffries,
2000). A presença da lignina na parede celular, entretanto, impede a hidrólise dos carbohidratos.
Figura 18 - Esquema da associação celulose-hemicelulose-lignina na parede celular vegetal: (A) vista transversal
e (B) vista longitudinal (Fengel et al., 1989).
O tratamento quebra o elo da lignina e rompe a estructura cristalina da celulose. A eficácia deste
processo que é caracterizado por diversos critérios reside em: evitar a necessidade de reduzir o
tamanho das partículas da biomassa, limitar a formação dos produtos da degradação que inibem
o crescimento dos microrganismos fermentativos e minimizar a demanda de energia (Council
et al., 1999).
Estas propriedades, junto com outras, incluindo o baixo custo do reagente de tratamento, a
possibilidade de ser reciclável e a geração de co-produtos da lignina de alto valor agregado são
uma base de comparação para as várias opções de tratamento (Ladisch et al., 1983, Lynd et al.,
1996; Delgenes et al., 1996; Wyman, 1995, Hagerdal et al., 2000).
51
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Tabela 6 - resumo de algumas técnicas de pré-tratamento avaliadas para os materiais lignocelulósicos com o
objectivo de facilitar a hidrólise enzimática (Szczodrak et al., 1996).
Operações (factores) que
Métodos ocasionam mudança na Tipo de mudança Referências
estructura do substrato
Moagem e trituração
Aumento da área superficial Azuma et al.,
(energia vibratória, rolo
e tamanho (1985),
Físico duplo, pressão, martelo);
dos poros da partícula, Koullas et al.
radiação (micro-ondas);
diminuição do grau de (1992), Ramos
altas temperaturas (pirólise,
polimerização. et al. (1993).
explosão a vapor).
Deslignificação, diminuição
Farid et al.,
Bases, ácidos, gases, do grau de polimerização e
(1983),
Químico agentes, oxidantes e cristalinidade da celulose
Szczodrk et
reductores, solventes associada com o inchaço da
al. (1986), Bes
orgânicos. amostra, aumento da
et al., (1989).
porosidade.
Rolz et al.
Bolor branco (Pleurorus, Deslignificação e redução do
Biológico (1986),
Pycnoporus, Ischnoderma, grau de polimerização da
Meshartree et
Phlebia, entre outros.). celulose e hemicelulose.
al., (1987)
Tratamento alcalino
associado com explosão a Degradação da hemicelulose,
vapor, moagem deslignificação, aumento da Puri et al.,
Combinado
acompanhada com área superficial e tamanho (1989).
tratamento alcalino ou dos poros.
tratamento ácido.
52
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
A explosão por vapor é o método de pré-tratamento mais utilizado. A biomassa é tratada com
vapor saturado de água, a alta pressão, e após alguns segundos, ou minutos, a pressão é
diminuída repentinamente, provocando a explosão das fibras por descompressão. O processo
tem início com temperaturas entre 160 e 260 ºC, o que corresponde às pressões absolutas de
0,69 a 4,83 MPa de vapor de água (Sun, 2002).
As fibras são lavadas com água para solubilização dos açúcares e eliminação de compostos que
inibam a fermentação. O processo elimina a maior parte das hemiceluloses, facilita a posterior
hidrólise da celulose, e tem a grande vantagem de não utilizar nenhum reagente químico (Kaar,
1998) (Martín, 2007). Entretanto, estudos indicam que a auto-hidrólise de materiais
lignocelulósicos pode produzir inibidores que são tóxicos para os microrganismos
fermentativos, e uma etapa de desintoxicação pode ser necessária para a eliminação desses
inibidores (Morjanoff, 1987).
53
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
O tratamento químico remove a lignina sem degradar a cadeia celulósica que deve apresentar
propriedades adequadas à sua posterior utilização. Como a lignina está quimicamente ligada às
hemiceluloses, uma degradação parcial das hemiceluloses ocorre no processo de pré-
tratamento. Além disso, há uma diminuição do grau de polimerização e cristalinidade da
celulose associada ao inchaço da amostra, aumentando assim a porosidade do material (Martin,
2007).
54
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
O ácido sulfúrico é mais comummente utilizado, mas outros ácidos podem ser empregues como
o ácido clorídrico e o fosfórico.
Uma pré-hidrólise com ácido sulfúrico diluído pode ser usada para promover a hidrólise das
hemiceluloses. Após o tratamento obtém-se um hidrolisado contendo açúcares simples (xilose,
glucose, arabinose e galactose) e um resíduo sólido constituído de celulose e lignina, que é
então submetido a uma hidrólise enzimática, ou ácida, em condições mais severas. Esse pré-
tratamento aumenta a reactividade da celulose na hidrólise enzimática (Martin, 2007).
Esse pré-tratamento também pode ser utilizado quando se deseja obter hidrolisados de xilose
para produção de xilitol, utilizado como adoçante (Gámez, 2006).
Os ácidos libertam protões que quebram as ligações entre os açúcares monoméricos e as cadeias
poliméricas formadas pelas hemiceluloses e celuloses. As quebras dessas ligações libertam uma
série de compostos, principalmente açúcares como a xilose, glucose e arabinose, mas também
liberta oligómeros, furfural e ácido acético. A celulose permanece praticamente intacta, pois as
ligações presentes na celulose são mais fortes (Aguilar, 2002).
55
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
O peróxido de hidrogénio reage com a lignina sob certas condições, e tem sido largamente
usado há anos como alvejante em polpas de madeira altamente lignificadas para a produção de
papel (Reichert et al., 1949; Bailey et al., 1975).
56
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
A adição de hidróxido de sódio ao peróxido de hidrogénio faz com que a solução se torne num
agente efectivo no processo de deslignificação e solubilização da hemicelulose. Isto é, devido
à formação do anião hidroperóxido (HOO−), formado em pH alcalino que se apresenta como a
principal espécie activa no peróxido. Em contraste, o peróxido de hidrogénio é instável em
condições alcalinas e decompõe-se em radicais hidroxilo (OH-) e superóxido (O2-). Estes
radicais são responsáveis pela oxidação da estructura da lignina, na qual ataca os grupos
hidrofílicos, quebrando algumas ligações e, eventualmente, levando a dissolução da lignina e
hemicelulose (Pan et al., 1988; Fang et al., 1999; Sun et al., 2004).
Com o pH a 11,5, o anião hidroperóxido pode reagir com o H2O2 não dissociado para formar
um radical hidroxilo altamente reactivo (OH-) e superóxido (O2-) como mostra a reacção 2.
57
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Com isso, fica claro que a lignina é provavelmente o principal alvo do ataque químico na
reacção alcalina do peróxido de hidrogénio. As mudanças observadas nas propriedades físicas
e morfológicas das fibras de celulose sugerem que pelo menos uma parcela das unidades de
glucose pode também ser libertada durante o tratamento. Se isso for verdade, a percentagem de
glucose total libertada deve ser pequena (< 5%) sendo que aproximadamente 95% ou mais da
celulose presente no resíduo insolúvel após o tratamento alcalino com peróxido é libertado
durante o processo de hidrólise com a enzima celulase. A libertação de uma pequena
percentagem de unidades de glucose da celulose deve ser suficiente para romper as ligações de
hidrogénio proporcionando uma estructura altamente aberta que não poderia se transformar em
regiões cristalinas mesmo após a secagem a altas temperaturas, facilitando assim ainda mais o
processo de hidrólise (Gould, 1985).
Rabelo (2008) testou soluções de H2O2 com concentrações de 1, 3 e 5%, com pH 11,5, durante
6, 15 ou 24 horas, com temperaturas de 20, 40 e 60 ºC. O melhor resultado foi obtido com
solução de H2O2 5%, a 20 ºC, por 24 horas, avaliado pelo teor de açúcares reductores após a
58
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
hidrólise enzimática da amostra tratada. No trabalho de Sun (2000), amostras de palha de trigo
foram tratadas com solução de H2O2 a 2%, a 50 ºC, a pH 11.5 durante 4, 8.5, 12, 16, 20 e 30
horas. O melhor resultado foi obtido após 30 horas, onde 86% da lignina original foi removida.
59
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Mas uma série de reacções pode acontecer durante esse processo. O radical hidroxilo formado
pode reagir com os iões Fe2+, formando iões Fe3+ (7). Os iões Fe3+ também podem reagir com
o peróxido de hidrogénio, gerando iões Fe2+ e radicais hidroxilo (8).
A reacção do radical peroxilo (HO2•) com Fe3+ leva a formação de Fe2+ e O2 (9), enquanto que
a decomposição do peróxido de hidrogénio pelo radical HO• leva a formação de água e radicais
peroxilo (10) (Pèrez, 2002).
São muitos os factores que influenciam o desenvolvimento da reacção com reagente de Fenton,
mas principalmente:
60
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
com o radical hidroxilo, como se demostrou na equação 7. A proporção H2O2: Fe2+ deve ser
também optimizada para cada tipo de material a ser tratado, pois interfere na velocidade das
reacções e na eficiência do processo (Silva, 2007).
De acordo com (Silva, 2007) já foram realizados ensaios em que se utilizaram proporções de 5:
1 até 5000: 1 (Silva, 2007). Dependendo do tempo de tratamento desejado, as concentrações e
a proporção entre os reagentes devem ser optimizadas para que a reacção não seja rápida
demais, visto que, se todo peróxido de hidrogénio for decomposto, a reacção é interrompida.
2.8 Hidrólise
A hidrólise ácida da celulose com ácido sulfúrico foi descrita pela primeira vez em 1819. As
celuloses e hemiceluloses presentes nos materiais lignocelulósicos são quebradas e
transformadas em açúcares simples, isto pode ser feito usando ácido sulfúrico ou clorídrico, a
altas pressões e temperatura. Em alguns processos uma etapa de hidrólise ácida é utilizada como
pré-tratamento para uma posterior etapa de hidrólise enzimática. A hidrólise ácida é um método
rápido, barato e bastante difundido (Cuzens, 1997).
61
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
62
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Tabela 7 - Comparação das condições e desempenho dos três processos de hidrólise (Hamelinck et al., 2005).
Temperatura (O Rendimento de
Hidrólise Consumo Tempo
C) glucose
Ácido Diluído < 1% H2SO4 215 3 min 20 – 70%
Ácido
30 - 70% H2SO4 40 2–6h 20 – 90%
Concentrado
Enzima Celulase 70 1,5 dias 75 – 95%
A maior parte do etanol produzido no mundo provém da fermentação da glucose que é uma
hexose, por microrganismos como a Saccharomyces cerevisiae ou Zymomonas mobilis
(Alterthum, 1989). Na fermentação de hidrolisados de biomassa lignocelulósica, desde que
sejam controladas as concentrações das substâncias inibidoras, a fermentação transcorre
normalmente. Nesse controle que pode ser feito por detoxificação ou simplesmente por diluição
do hidrolisado é de grande interesse o desenvolvimento de microrganismos e processos que
possam converter diferentes açúcares em etanol (Rossell, 2007).
63
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
_________________________
Capítulo 3
Metodologia
_________________________
64
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
3. Materiais e Métodos
3.1 Materias
As cascas de mandioca (Manihot esculenta Crantz) utilizadas para a realização deste trabalho
foram obtidas de mandiocas provenientes da província de Malanje sem qualquer tipo de
tratamento prévio.
3.1.2 Água
Em todas as experiências a água que se utilizou foi destilada, quer seja na preparação das
soluções, na lavagem dos materiais bem como da matéria-prima.
65
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
3.1.4 Reagentes
3.1.5 Equipamentos
66
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
3.2 Métodos
A metodologia utilizada para a realização das experiências está descrita detalhadamente nos
pontos a seguir.
67
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
que correspondem à 1.981, 1.397, 1, 0.701, 0.497 e 0.104 mm respectivamente (Figura 20a),
presos a um peneirador vibratório Weda (figura 20b). A separação foi realizada em 5 minutos.
(a) (b)
Figura 20 – (a) peneiros de dferentes tamanhos, (b) vibrador ou rotape. Fonte: autor.
68
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
𝑀 −𝑀
%U= [1 − (𝑀3 −𝑀1 )] × 100 (3.1)
2 1
Onde:
%U = Teor de humidade da casca de mandioca.
M1 = Massa do copo de precipitação vazio, em gramas.
M2 = Massa do copo de precipitação + amostra húmida, em gramas.
M3 = Massa do copo de precipitação + amostra completamente seca, em gramas.
Por outro lado, a percentagem de sólidos totais das cascas de mandioca é calculada usando as
equações 3.2 ou 3.3
𝑀3−𝑀1
%ST = ( ) × 100 (3.2)
𝑀2−𝑀1
Ou também
69
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
(𝑀𝑖 −%𝑈)−𝑀𝑓
SS= (3.4)
𝑀𝑖
Onde:
3.2.1.5 Cinzas
Cadinhos de porcelana limpos e secos foram numerados e pesados em uma balança analítica e
as massas foram anotadas (M1). Pesou-se em seguida 2,00 g de casca de mandioca seca nos
cadinhos e anotou-se os valores das massas (M2). As cascas de mandioca foram então
carbonizadas na mufla à 800 ºC durante 20 minutos (Figura 21a). Após os 20 minutos a mufla
foi desligada e aguardou-se algum tempo para que a temperatura reduzisse. Posteriormente, os
cadinhos foram transferidos para um dessecador (figura 21b), onde permaneceram cerca de 45
minutos e depois foram pesados. A calcinação foi repetida por mais 15 minutos até obter peso
constante (M3). As análises para a determinação do teor de cinzas foram realizadas em
duplicado.
70
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
(a) (b)
Figura 21 – (a) Mufla em que se procedeu à calcinação, (b) Material a ser resfriado no dessecador.
Fonte: Autor.
𝑀3−𝑀1
%CZ = ( ) × 100 (3.5)
𝑀2−𝑀1
Onde:
%CZ = Teor de cinzas das cascas de mandioca.
M1 = Massa do cadinho vazio, em g.
M2 = Massa do cadinho + amostra sem o teor de humidade, em g.
M3 = Massa do cadinho + as cinzas, em g.
Os métodos para verificação da presença de ácidos podem ser os que avaliam a acidez por
titulação ou os que fornecem a concentração de íões de hidrogénio livres por meio do pH. Os
métodos que avaliam a acidez titulável resumem-se em titular as amostras com soluções de
álcalis padrão.
71
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
esta solução adicionaram-se 4 gotas de solução de fenolftaleína e depois, titulou-se com solução
de NaOH a 0,1 M até o aparecimento da cor rosa (Figura 22b).
(a) (b)
Figura 22 – (a) amostra homogenizada antes da titulação, (b) amostra homogenizada depois da titulação.
Fonte: Autor.
Para a remoção da lignina e a preparação das cascas de mandioca para a reacção de hidrólise,
as mesmas foram tratadas com dois tipos de agente oxidante nomeadamente o reagente de
Fenton e o peróxido de hidrogénio alcalino.
O reagente de Fenton 3% (figura 23) foi preparado com 450 mL de solução de peróxido de
hidrogénio aquoso (H2O2) a 3% e 50 mL da solução de sulfato ferroso 1 g/L (FeSO4.7H2O).
Para a preparação da solução de sulfato ferroso, pesou-se 1 g de sulfato ferroso heptahidratado
e dissolveu-se em 1 L de água destilada.
O pH do reagente de Fenton foi fixado em 3, pois, este é o valor de pH considerado óptimo para
esse oxidante (Silva, 1981).
72
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
𝑪𝟏 × 𝑽𝟏 = 𝑪𝟐 × 𝑽𝟐 (3.6)
Com:
73
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Preparação da solução de H2O2 à 2%: Com ajuda de uma proveta mediu-se 100 mL da
solução de peróxido de hidrogénio aquoso à 3%. Após a medição, os 100 mL da solução foram
transferidos para um balão volumétrico de 500 mL e em seguida diluídos com 150 mL de água
destilada.
Preparação da solução de H2O2 à 4%: Com ajuda de uma proveta mediu-se 100 mL da
solução de peróxido de hidrogénio aquoso à 6%. Após a medição, os 100 mL da solução foram
transferidos para um balão volumétrico de 500 mL e em seguida diluídos com 150 mL de água
destilada.
Para as experiências com peróxido de hidrogénio alcalino à 2 e 4%, 100 mL de cada solução
preparada, foram transferidos para béqueres de 250 mL, em seguida foi adicionado hidróxido
de sódio em micropérolas sob agitação, para ajustar o pH à 11,5.
74
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Para o tratamento das cascas de mandioca foram pesadas 3 amostras de 4,0 g. As mesmas foram
em seguida transferidas para erlenmeyers de 250 mL previamente numerados, aos quais foram
adicionados 50 mL de cada uma das soluções oxidantes. Para o teste em branco foram
adicionadas às amostras 50 mL de água destilada (figura 25). Por fim, os erlenmeyers foram
colocados em um incubador tipo shaker, onde ficaram sob agitação constante de 200 rpm
durante 48 horas à temperatura ambiente. Depois de 48 horas, as amostras foram filtradas
(Figura 26), secadas e pesadas.
Figura 25- (a) amostra exposta ao reagente de Fenton, (b) amostra exposta ao Peróxido de hidrogénio
(c) teste em branco (água). Fonte: Autor
75
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Para a comparação do melhor agente oxidante usado, nove (9) amostras de cascas de mandioca
foram pesadas com precisão de 0,01 g, com pesos variando entre 1,0 e 4,0 g. Depois de pesadas,
as amostras foram colocadas em erlenmeyers de 250 mL previamente numerados. Em cada
erlenmeyer adicionou-se 50 mL da solução oxidante e agitou-se. Para o teste em branco usou-
se 50 mL de água destilada. Os erlenmeyers foram colocados no incubador tipo shaker, onde
permaneceram sob agitação a 200 rpm durante 24 e 48 horas, à temperatura ambiente.
Para se determinar o melhor agente oxidante entre o H2O2 alcalino e o reagente de Fenton,
foram analisadas duas variáveis do processo, nomeadamente: o tempo de reacção (h) e a
concentração de H2O2 % (v/v). No final de cada ensaio, variando os parâmetros acima
referidos, efectuou-se a filtração do produto obtido em cada ensaio. O líquido reacional foi
aproveitado e armazenado para determinar o teor de carbohidratos reductores e os resíduos
restantes foram lavados com água destilada, aproximadamente 5 vezes, e levados a secar em
estufa à temperatura de 110°C e depois pesados.
O melhor agente oxidante foi avaliado primeiramente pela determinação da perda de massa
durante o tratamento, e depois pela quantidade de carbohidratos removidos.
𝑀𝑓
%𝑷𝑴 = (1 − ) × 100 (3.7)
𝑀𝑎
Onde:
%PM = Percentagem de perda de massa da amostra.
Mf = massa final da amostra, em g.
Ma = massa inicialda amostra, em g.
76
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
A metodologia usada para determinar os extractivos foi descrita pelo NREL e a norma TAPPI.
Após a extracção com água, as amostras são novamente submetidas à extracção com álcool
etílico (aproximadamente em 200 mL deste solvente, figura 27b). A extracção com álcool
etílico é mantida até o desaparecimento total da coloração (aproximadamente durante 8 horas).
No final da extracção, filtra-se a solução e os resíduos sólidos são lavados com
aproximadamente 100 mL de etanol 95%, filtrados e secados em estufa à 105 ºC até peso
constante. No fim, pesa-se e anota-se a massa (M2).
𝑀1 −𝑀2
% 𝑬𝑻 = ( ) × 100 (3.8)
𝑀1
Onde:
77
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
(a) (b)
Figura 27 - (a) Extracção feita com água, (b) Extracção feita com álcool etílico, Fonte: Autor.
A hidrólise ácida foi realizada de acordo com o procedimento recomendado pela norma TAPPI
T222 om-98,54.
78
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
79
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Após as reacções de hidrólise ácida, fez-se a filtração das soluções para a determinação do teor
de lignina presente nas cascas de mandioca (figura 30). As fracções líquidas foram armazenadas
para a quantificação do teor de carbohidratos presentes (figura 31), e os sólidos retidos foram
lavados com bastante água destilada e de seguida secados em estufa à 105 ºC até peso constante.
Uma vez secas, as amostras sólidas foram retiradas da estufa e colocadas num dessecador e
posteriormente pesadas (M2).
Figura 31 – Armazenamento: fracções líquidas da amostra tratada com reagente de Fenton, peróxido de Hidrogénio
alcalino e o teste em branco. Fonte: O autor.
80
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
𝑀
% 𝑳𝑵 = [( 2 ) × 100] − %𝐶𝑍 (3.9)
𝑀1
Onde:
%LN = Teor de lignina.
M1 = massa inicial das cascas de mandioca, utilizada na hidrólise ácida, livre de
extractivos e sem humidade, em g.
M2 = massa da lignina seca, em g.
% CZ = Teor de cinzas determinado no item 3.2.6.
A metodologia usada para determinar o teor de açúcares reductores (AR), não reductores (ANR)
e açúcares totais (AT) é descrita pelas normas do Instituto Adolfo Luz (2008) e do MAPA
(2005).
81
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
deixando em repouso por 24 horas. A solução padrão de glucose é preparada pesando 0,50 g de
glucose pura (seca em estufa a 70 ºC, durante 1h) e diluindo a 100 mL em balão volumétrico
de 100 mL.
(a) (b)
Figura 32 – (a) Solução de Fehling A, (b) Solução de Fehling B. Fonte: Autor.
𝑀×𝑉
ƒ= (3.10)
100
Com:
f = factor da solução de Fehling.
M = massa de glucose anidra, em g.
V = Volume gasto na titulação, em mL.
82
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
O teor de carbohidratos não reductores e reductores é deteminado a partir das fracções líquidas
obtidas no tratamento das cascas de mandioca com os agentes oxidantes, bem como as fracções
líquidas obtidas após a reacção de hidrólise ácida ver figura 31. Destas fracções preparara-se as
soluções titulantes para a determinação do teor de carbohidratos da seguinte maneira: pipeta-se
10 mL de cada uma das soluções preparadas, transfere-se para balões volumétricos de 100 mL,
completando os volumes. De seguida, transfere-se para as buretas, 50 mL de cada solução
preparada.
(a) (b)
Figura 33 – (a) Solução padrão de Fehling, (b) Ponto final da titulação. Fonte: Autor.
83
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
100×𝑣𝑏 ×𝑓
% 𝑨𝑹 𝒆𝒎 𝒈𝒍𝒊𝒄𝒐𝒔𝒆 = (3.11)
𝑀×𝑉
100×𝑣𝑏 ×2×𝑓
% 𝑨𝑵𝑹 𝒆𝒎 𝒔𝒂𝒄𝒂𝒓𝒐𝒔𝒆 = × 0,96 (3.12)
𝑀×𝑉
Desvio padrão é uma medida de dispersão e indica o quanto um conjunto de dados é uniforme,
quanto mais próximo de zero for o desvio padrão, mais homogénio são os dados.
Para o cálculo do desvio padrão utilizou-se o programa Microsoft Excel. Para tal, é necessário
transferir os dados que se deseja e calcular o desvio no programa Excel, de seguida programar
a célula fazendo: = Desv.P ( ), selecionar os dados desejados e por fim dar um enter.
84
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
_________________________
Capítulo 4
Resultados e Discucções
_________________________
85
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
4. Resultados e discuções
A preparação das cascas de mandioca foi efectuada por etapas descritas nos pontos a seguir:
Esta determinação visa medir a quantidade de água e de outros componentes voláteis presentes
nas cascas de mandioca e realiza-se com o fim de minimizar a proliferação de microrganismos
que possam degradar ou fermentar as referidas cascas.
O valor médio em teor de humidade é 8.80% (±0.09), um valor que se encontra dentro do
intervalo de valores estabelecido para o efeito (ver tabela 3) e Leite (2016). Assim sendo, o
valor encontrado para o teor de humidade é aceitável.
86
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
De acordo com Rabelo (2010), o valor da humidade deve ser menor que 10%, caso contrário
uma nova secagem do material deve ser efectuda. O principal objectivo é minimizar a
proliferação de microrganismos que podem degradar ou fermentar as cascas de mandioca.
Os resultados dos sólidos totais presentes em cascas de mandioca foram encontrados fazendo o
uso do procedimento descrito no item 3.2.1.3
Na determinação das características de qualquer tipo de biomassa, seja ela de origem vegetal
ou animal, a matéria seca é em geral considerada como uma medida dos sólidos contidos no
material em análise, ou seja, de todos os seus constituintes com excepção de água livre nele
contida. Neste sentido, subtraindo a parte húmida da biomassa, restam os sólidos totais
presentes na amostra de biomassa analisada. Tal como se pode observar na tabela 10, as cascas
de mandioca analisadas apresentam, em média, um teor em sólidos totais de 91,20% (±0.09).
87
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
As cascas de mandioca em estudo têm um teor médio de substâncias solúveis de 6.61% (±0.08).
Estas substâncias segundo Gonçalves (2009), são constituídas principalmente de fibras e
acúcares.
4.1.5 Cinzas
A análise do teor de cinzas tem como finalidade quantificar o material inorgânico estructural
ou extraível presente nas cascas de mandioca, como parte da composição total.
88
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
O valor médio obtido na determinação do teor de cinzas é de 9,87% (±0.55). Este valor
encontra-se dentro do intervalo de valores referidos pela literatura (tabela 3) e Versino et al
(2015). Portanto, os valores de teores de cinzas encontrados neste trabalho são aceitáveis.
A presença de ácido nas cascas de mandioca foi detectada por titulação. Antes da titulação a
solução com a amostra era incolor e no decorrer da titulação, a solução mudou lentamente para
uma coloração rosa, indicando que a mesma estava a tornar-se básica. A mudança de coloração
de incolor para rosa indicou claramente que as amostras de cascas de mandioca
homogeneizadas continham ácido. Geralmente, o ácido presente é o cianídrico (HCN) que em
associação com outros glucósidos cianogénicos como a linamarina, pode causar a necrose dos
glóbulos vermelhos, o que conduz à morte por causa da ingestão do tubérculo sem o devido
tratamento para a eliminação do ácido cianídrico. Os glucósidos cianogénicos estão presentes
principalmente na casca da raiz e qualquer corte liberta os ácidos. Por esta razão, o consumo da
mandioca crua pode causar envenenamento.
89
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Tabela 13 - Perda de massa nas amostras tratadas com H2O2 alcalino e reagente de fenton.
Tempo ma mvidro Papel
Teste Reagente pH mf (g) % PM
(h) (g) (g) (g)
1 [H2O2] 2% 24 3 21.17 2.2 26.67
2 [H2O2] 2% 48 2.01 24.12 1.44 28.36
11.5
3 [H2O2] 4% 24 1.02 22.05 0.7 31.37
4 [H2O2] 4% 48 2 22.19 1.33 1.29 33.50
5 Fenton [H2O2] 3% 24 2.28 22.02 1.68 26.31
6 Fenton [H2O2] 3% 3 48 3 24.12 2.19 27.00
7 Fenton [H2O2] 1% 24 2 24.10 1.51 24.50
8 Fenton [H2O2] 1% 48 2.03 22.19 1.52 25.12
1.29
7 Água - 24 1.04 22.05 0.79 24.04
Em termos globais os resultados da tabela 13 mostram que a maior perda de massa inicial se
verifica quando as amostras são tratadas com a solução de peróxido de hidrogénio alcalino a
4%, com um pH igual à 11.5 e tempo de exposição de 48 horas, cerca de 33.50%. O segundo
agente oxidante que provocou maior perda de massa foi o reagente de Fenton 3% (Sulfato
ferroso + [H2O2] a 3%), com um tempo de exposição de 48 horas e pH = 3 (teste 6). Neste teste
registou-se uma perda de 27% da massa inicial da amostra.
Apesar das amostras tratadas com peróxido de hidrogénio com concentração a 2% apresentarem
resultados bastante significativos quando comparados com os resultados obtidos com o reagente
de Fenton 3% , não foi considerado o segundo agente oxidante que provocou maior perda de
massa pelo facto de se tratar do mesmo agente oxidante (peróxido de hidrogénio) o que variou
foi apenas a concentração e o tempo.
Na amostra tratada com água registou-se uma perda de 24.04% da massa inicial, perda que pode
ser considerada elevada e explicada pela dissolução de açúcares e outras substâncias solúveis
presentes na casca de mandioca. As cascas de mandioca não foram lavadas com água destilada
antes de serem trituradas nem antes de serem tratadas com os reagentes oxidantes, portanto, é
provável que tenham ficado substâncias não desejadas nas cascas.
90
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Na figura 34 comparam-se os resultados de perda de massa das amostras tratadas com a solução
de peróxido de hidrogénio alcalino a 2%, e os da perda de massa obtidos do teste em branco,
isto é, cascas de mandiocas tratadas simplesmente com água. Para essa comparação, manteve-
se constante a concentração do peróxido de hidrogénio, e variou-se o tempo de reacção.
H2O2 Alcalino
40
% Perda de Massa
35
30
25
20
24 H
15
10 48 H
5
0
2%
Água
Figura 34 - Comparação de perda de massa em amostras tratadas com soluções de H2O2 alcalino a 2%, e amostra
tratada com água variando o tempo de recção.
H2O2 Alcalino
40
% Perda de Massa
35
30
25
20
24 H
15
10 48 H
5
0
4%
Água
Figura 35 - Comparação de perda de massa em amostras tratadas com soluções de H2O2 alcalino a 4%, e amostra
tratada com água variando o tempo de recção.
91
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
H2O2 1%
40
% Perda de Massa
35
30
25
20
24 H
15
10 48 H
5
0
Fenton
Água
Figura 36 - Comparação de perda de massa em amostras tratadas com o reagente de Fenton 1%, e a da amostra
tratada com água, variando o tempo de recção.
Na figura 37 compara-se as perdas de massa das amostras tratadas com o reagente de Fenton
3% e as registada para o teste em branco.
92
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
H2O2 3%
% Perda de Massa 40
35
30
25
20
24 H
15
10 48 H
5
0
Fenton
Água
Figura 37 - Comparação de perda de massa em amostras tratadas com o reagente de Fenton 3%, e o teste em
branco variando o tempo de recção.
Também nesta figura (figura 37) observa-se que, as perdas de massa na amostra tratada com
reagente de Fenton a 3% e as do teste em branco são praticamente iguais para um tempo de
reacção de 24 horas, mas, as perdas de massa do teste em branco são ligeiramente inferiores às
perdas de massa de amostras tratadas com reagente de Fenton a 3% quando o tempo de reacção
é de 48 horas, isto porque quanto maior for o tempo de exposição e quanto maior for a
concentração do peróxido de hidrogénio maior é a perda de massa.
93
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
H2O2 Alcalino
40
35
% Perda de Massa
30
25
20
24 H
15
48 H
10
5
0
2%
4%
Água
Figura 38 - Comparação de perda de massa em amostras tratadas com H 2O2 alcalino 2% e 4%, e amostra tratada
com água, e variando também o tempo de recção.
Em meio alcalino, tal como se visualiza na figura 38, as maiores perdas de massa em 24 e 48
horas registraram-se com o peróxido de hidrogénio a 4%, ficando mais uma vez provado que
quanto maior for a concentração do peróxido de hidrogénio maior é a perda de massa.
Reagente de Fenton
40
35
% Perda de Massa
30
25
20
24 H
15
48 H
10
5
0
Fenton 3%
Fenton 1%
Água
Figura 39 - Comparação de perda de massa em amostras tratadas com o reagente de Fenton 1% e 3% e amostra
tratada com água, para um tempo de recção de 24 e 48 horas.
94
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Comparação Global
40
35
% Perda de Massa
30
25
20
24 H
15
48 H
10
0
[Pha]2%
Fenton 3%
Fenton 1%
[Pha]4%
Água
Figura 40 – Comparação global de perda de massa em amostras tratadas com o reagente de Fenton, Peróxido de
Hidrogénio alcalino e com água, variando o tempo de reacção.
De acordo com Dawson et al (2008) a perda de massa está directamente relacionada com a
remoção da lignina da biomassa. Foi possível observar desde a figura 34 a 40 que o tempo de
exposição e a concentração de hidrogénio influenciam na perda de massa, ou seja, quanto maior
for o tempo de exposição e a concentração do peróxido de hidrogénio maior é a perda de massa.
95
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Segundo GOULD e FREER (1984), o pré-tratamento com o H2O2 alcalino solubiliza pouco
mais da metade da lignina e a maior parte da hemicelulose, deixando o resíduo altamente
susceptível à hidrólise da celulose. Assim, o H2O2 alcalino tem influência na solubilização da
lignina e contribui para a diminuição do peso seco, principalmente devido à solubilização das
hemiceluloses.
Nas experiências em que se aumentou o tempo de exposição, acima de 48 horas (72 horas), a
perda de massa foi insignificante quando comparada com a perda de massa a 24 e 48 horas,
razão pela qual se preferiu trabalhar com tempos de exposição de 24horas e 48 horas.
96
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Para a remoção de materiais orgânicos e compostos gordos usou-se como solventes o etanol e
a água.
O teor médio de extractivos também conhecidos como material não estructural nas cascas de
mandioca é de 11.58% (±0.56). Leite (2016) encontrou teores de extractivos das cascas de
mandioca ligeiramente inferirores (5.5±1.3) em relação ao teor de extractivos encontrados neste
trabalho, assim sendo a nossa matéria-prima (cascas de mandioca) possui quantidades
consideráveis de matérias orgânicas indesejadas para a reacção de hidrólise.
97
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Tabela 15 – Teores de lignina em amostras tratadas durante 48 horas com o Fenton, o peróxido de hidrogénio
alcalino e a água.
De acordo com os resultados da tabela 15, o tratamento com o reagente de Fenton ([H2O2] 3%)
removeu cerca de 21,86% (±0,91) da lignina contida na biomassa, enquanto que o tratamento
com peróxido de hidrogénio alcalino ([H2O2] 4%) removeu 33,49% (±0,82) da lignina assim
sendo, é possível verificar que, a escolha do agente oxidante tem um papel importante na
remoção de lignina.
98
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Tabela 17 – Teores de açúcares reductores em amostras tratadas, por 48 horas, com reagente de Fenton a 3%,
Peróxido de hidrogénio alcalino (4%) e água.
Quantidade de
Volume gasto na
amostra inicial para % AR Média
titulação (mL)
análise (g)
1 17.4 8.477
Fenton 4.00 8.60 ±0.13
2 16.9 8.728
3 25.2 5.838
H2O2 4.01 5.91 ±0.00
4 24.6 5.981
5 48.6 2.975
Água 4.08 2.96 ±0.02
6 49.2 2.939
99
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
Tabela 18 – Teores de açúcares não reductores em amostras tratadas durante 48 horas com reagente de Fenton a
3%, peróxido de hidrogénio alcalino (4%) e àgua.
Quantidade de
Volume gasto na
amostra inicial para % ANR Média
titulação (mL)
análise (g)
1 18.2 15.560
Fenton 4.00 15.82 ±0.27
2 17.6 16.091
3 27 10.463
H2O2 4.01 10.23 ±0.23
4 28.2 10.01
5 38.8 7.1558
Água 4.08 7.03 ±0.12
6 40.2 6.9066
% AR % ANR % AT
Estes resultados sugerem que o reagente de Fenton hidrolisa parte das celuloses bem como as
hemiceluloses, pois, os teores de açúcares totais (AT) hidrolisados com este reagente, 24.42%,
são mais elevados do que os teores em açúcares hidrolisados nas amostras tratadas com o
peróxido de hidrogénio alcalino e com a água, 16.14 % e 9.99 % respectivamente.
100
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
É provável que o peróxido de hidrogénio alcalino além de hidrolisar parte da celulose bem
como da hemicelulose, tenha provocado a degradação dos açúcares hidrolisados, visto que os
teores em açúcares totais são menores em relação aos da amostra tratada com o reagente de
Fenton.
De maneira geral, o teor de carbohidratos totais (AT) obtidos com as cascas de mandioca
tratadas com o reagente de Fenton e água perfaz um total de 34.41% e com as amostras tratadas
com o peróxido de hidrogénio alcalino e água alcança-se um total de 26.13%. Estes valores
encontram-se no intervalo de valores mencionados na literatura (tabela 7).
101
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
5. Conclusão
✓ Os valores dos teores médios de cinzas (9,87%), de humidade (8,80%), de sólidos totais
(91,20%) e das substâncias solúveis (6,61%) determinados nas cascas de mandioca
encontram-se dentro dos intervalos de valores referidos na literatura;
✓ As cascas de mandioca contêm ácidos pelo que se deve tomar as devidas providências no
armazenamento bem como no seu manuseamento.
✓ O peróxido de hidrogénio alcalino ([H2O2] 4%) mostrou ser mais eficiente na remoção de
lignina, 33.49 %, quando comparado com o reagente de Fenton, 21.86%.
✓ O agente oxidante de Fenton mostrou ser mais eficaz na reacção de hidrólise ácida para a
determinação do teor de açúcares totais, 24.42, quando comparado com o agente oxidante
peróxido de hidrogénio alcalino, 16.14%.
Os valores de açúcares totais (açúcares reductores e não reductores) obtidos no tratamento com
o reagente de Fenton e água (34,41%) e com o peróxido de hidrogénio alcalino e água (26,13%)
estão dentro do intervalo de valores obtidos por outros investigadores, portanto, se pode
102
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
103
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
6. Recomendações
➢ Efectuar uma fermentação dos açúcares contidos nas cascas de mandioca para obter o
etanol e quantificar o rendimento.
104
Caracterização da Casca de Mandioca Proveniente do Município de Malange
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