Você está na página 1de 10

29/08/2022 17:29 “A elite tem horror aos evangélicos” – entrevista com Luiz Felipe Pondé | VEJA

 VEJA: Quem lê, sabe. 


Furos de reportagem, conteúdos exclusivos e
informações confiáveis. Assine a partir de
R$9,90/mês.
Veja Digital - Plano para Democracia: R$ 1,00/mês
MATHEUS LEITÃO Powered by Pushnews

Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios
como Esso e Vladimir Herzog

Política

“A elite tem horror aos evangélicos” – entrevista com Luiz Felipe Pondé
A Rodolfo Capler, o filósofo respondeu questões sobre ateísmo, mistura entre política e religião e compartilhou suas
impressões sobre os evangélicos
Por Rodolfo Capler Atualizado em 28 ago 2022, 20h42 - Publicado em 28 ago 2022, 10h30

___

Este site utiliza cookies e tecnologias semelhantes para personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao navegar em nosso serviço você
aceita tal monitoramento. Para mais informações leia nossa Política de Privacidade

Ok, entendi
luiz-felipe-ponde ./Reprodução

Conhecido por sua vontade de tratar de temas espinhosos e por transitar no terreno pedregoso do politicamente
incorreto, o filósofo pernambucano Luiz Felipe Pondé é um dos grandes intelectuais do Brasil. Com dezenas de
livros publicados, Pondé já endereçou críticas ácidas às feministas, aos ativistas pelos direitos dos animais, aos
ecologistas e ao Partido dos Trabalhadores. Por não acreditar num mundo melhor e por suspeitar da
bondade humana, recebeu, por parte dos seus opositores, a alcunha de “Schopenhauer brasileiro”, a qual
acolheu com muito bom humor e honorabilidade. 

Polemista nato, ingressou no mundo da reflexão cursando filosofia na Universidade de São Paulo – após
abandonar a faculdade de medicina -, e passou por universidades como a Sorbonne, em Paris (onde fez parte do
https://veja.abril.com.br/coluna/matheus-leitao/a-elite-tem-horror-aos-evangelicos-entrevista-com-luiz-felipe-ponde/ 1/10
29/08/2022 17:29 “A elite tem horror aos evangélicos” – entrevista com Luiz Felipe Pondé | VEJA

doutorado em História da Filosofia Contemporânea), e a de Tel Aviv, em Israel (para o pós-doutorado em


Epistemologia). Há mais de 25 anos Ponde é professor universitário e hoje se VEJA:
dedicaQuema escrever
lê, sabe. livros, ministrar
Furos de reportagem, conteúdos exclusivos e
palestras, participar do debate público e a cuidar do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da
informações confiáveis. Assine a partir de
Fundação São Paulo/PUC-SP, (Labô) no qual atua como diretor acadêmico.  R$9,90/mês.

Powered by Pushnews

PUBLICITÉ

Rejouer la vidéo

Conversei com Pondé sobre o cenário religioso no Brasil e sobre o impacto do crescimento evangélico na arena
pública. Sem abandonar seu estilo cirúrgico e satírico, Pondé fez críticas à elite brasileira, a qual acusou de
aporofóbica e se mostrou afável em relação aos evangélicos.

Leia
Estea seguir
site a entrevista
utiliza cookies completa: 
e tecnologias semelhantes  
para personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao navegar em nosso serviço você
aceita tal monitoramento. Para mais informações leia nossa Política de Privacidade

Rodolfo Capler – O senhor se declara ateu,Ok,


mas um “ateu não praticante”. Esta seria uma nova
entendi
forma de ateísmo?

Luiz Felipe Pondé – Não (risos), essa não é uma nova modalidade de ateísmo. Na verdade, eu digo isso para
fazer uma paródia da história do brasileiro “católico não praticante”. É uma ironia para se referir ao fato de que
eu penso que ateus que se acham muito inteligentes por serem ateus, são chatos. Sabe aqueles ateus que, a rigor,
pensam que quaisquer suposições a respeito da existência de Deus ou deuses é uma suposição de gente idiota?
Então, me refiro a esse tipo de gente. Agora, é claro que o argumento a partir do mal é um argumento forte
contra os crentes, pois, o mundo está muito longe de parecer um lugar legal. Não é atoa que a teologia cristã faz
ginásticas sofisticadas para poder explicar o problema do mal, que na filosofia é conhecido como a teodiceia;
tema que se resume na seguinte questão: como o mundo é mal e Deus é bom? Retornando à questão inicial, o
“ateu não praticante” não passa de uma brincadeira para dizer que eu não prego o ateísmo. Inclusive, escrevi

https://veja.abril.com.br/coluna/matheus-leitao/a-elite-tem-horror-aos-evangelicos-entrevista-com-luiz-felipe-ponde/ 2/10
29/08/2022 17:29 “A elite tem horror aos evangélicos” – entrevista com Luiz Felipe Pondé | VEJA

sobre isso varias vezes na Folha de S.Paulo. Eu acho o ateísmo, intelectualmente, muito mais fácil do que
acreditar em qualquer deus, porque o ônus é sempre de quem acredita e não é VEJA:
difícilQuem
sustentar isso… 
lê, sabe.
Furos de reportagem, conteúdos exclusivos e
informações confiáveis. Assine a partir de
Rodolfo Capler – Os Estados Unidos tem visto o aumento dos chamados
R$9,90/mês.“nones” – pessoas que
não se identificam com nenhuma tradição religiosa. No Brasil, segundo uma pesquisa deste ano
Powered by Pushnews

do Instituto Datafolha, o número de pessoas “sem religião” já chega a 14% da população, acima
dos 8% sem religião identificados no último censo. A que se deve esse afastamento da religião
institucional?

PUBLICITÉ

Rejouer la vidéo

Luiz Felipe Pondé – Tem um livro muito bom do filósofo canadense Charles Taylor, publicado no início do
século 21, cujo título é: “A era secular”. Nesta obra há um belo argumento de Taylor, no qual ele afirma que, sob
o ponto de vista social, o secularismo se caracteriza por colocar à disposição das pessoas uma espécie de
possibilidade de uma vida não religiosa. Ou seja, ele parte do pressuposto de que há um Estado  – como o
Estado de Direito, com advogados, promotores, juízes e tudo o mais – que chama para si a responsabilidade de
resolver problemas e, por outro lado, há o crescimento da ciência e da técnica, resolvendo questões da
longevidade e da saúde, por exemplo. À vista disso, argumentos metafísicos e religiosos acabam entrando em
competição com essas ferramentas de sobrevivência – digo “sobrevivência” no sentido existencial e físico.
Quanto aos dados citados, apesar do crescimento dos chamados “sem religião” ser significativo, eu ainda acho
que é um crescimento lento. Se levarmos em conta os consideráveis avanços, tanto do Estado de Direito quanto
da ciência – e, se a religião não fosse uma experiência pré-histórica tão profunda – o percentual de pessoas sem
religião deveria ter aumentado. Entretanto, como os problemas nunca acabam a religião sempre terá “mercado
espiritual”.

Rodolfo Capler – Em sua opinião, o que está acontecendo com as religiões institucionalizadas –
sua autoridade, tradição, relevância social, identidade, prática etc. – nesta nova era digital?

Luiz Felipe Pondé – Penso que os trabalhos que foram feitos no final do século 20 e início do século 21,
discutindo o cookies
Este site utiliza que então se chamava
e tecnologias “When
semelhantes para Religion
personalizar Meets
publicidade New conteúdo
e recomendar Media” de –
seu“new”
interesse.naquele tempo,
Ao navegar em entre
nosso serviço 2006 a
você
aceita tal monitoramento. Para mais informações leia nossa Política de Privacidade
2007 – são importantes para a compreensão do que está acontecendo. Creio que as redes sociais tem uma
tendência a erodir mecanismos institucionais, como Ok, vemos
entendi na política, por exemplo – elas têm um potencial de
transformar o modo como as pessoas se sentem representadas pelo discurso público. Ao passo que isso
aconteceu com as religiões, houve uma acomodação à semântica do marketing digital, de maneira que as
religiões, paulatinamente, foram se adequando à semântica de marketing digital em tudo o que fazem. Ou seja,
essa “marketização das religiões” é um fenômeno que vem sendo acompanhado desde os anos 70, com a
televisão e com o rádio, e agora, com os portais e com as ferramentas digitas, como o Instagram, Facebook,
Twitter e YouTube.  Isto é, as religiões vão se amoldando a esse processo… Todavia, se por um lado isso tende a
diminuir a institucionalização, por outro, aumenta o caráter influencer de alguns líderes religiosos, que vão se
transfigurando em influenciadores espirituais; tanto que se há igrejas sob os seus cuidados, elas ganham grande
publicidade e notoriedade. Entretanto, como as redes sociais são ferramentas de carácter muito pessoal, as
marcas (igrejas) vão ficando um tanto quanto abstratas na esfera digital. No final das contas, as religiões

https://veja.abril.com.br/coluna/matheus-leitao/a-elite-tem-horror-aos-evangelicos-entrevista-com-luiz-felipe-ponde/ 3/10
29/08/2022 17:29 “A elite tem horror aos evangélicos” – entrevista com Luiz Felipe Pondé | VEJA

precisam se identificar com os mais jovens, senão elas não têm mercado e não têm futuro, pois o jovem é uma
commoditie. (risos) VEJA: Quem lê, sabe.
Furos de reportagem, conteúdos exclusivos e
informações confiáveis. Assine a partir de
Rodolfo Capler – Qual é o papel da teologia na sua produção de pensamento?
R$9,90/mês.

Powered by Pushnews
Luiz Felipe Pondé – A teologia entrou no meu pensamento, de certa forma, por um acaso. Digo por um acaso,
porque não foi, propriamente, alguma coisa que eu procurei. Eu cheguei à teologia por conta do meu doutorado
sobre o Blaise Pascal, que acabou se transformando no meu primeiro livro “O homem insuficiente” (2001). Em
razão das polêmicas do Pascal com os jesuítas – mais especificamente a controvérsia da graça -, eu acabei me
interessando pela teologia e descobri que Deus é um excelente exercício filosófico e intelectual. Quando eu
deparei com a polêmica da graça eu achei aquilo fascinante. De fato, foi este tema que me levou à teologia e à
filosofia da religião como um todo. Ainda no meu mestrado eu estudei Henri Bergson. O Bergson escreveu um
livro no final da sua vida, com o título: “As duas fontes da moral e da religião”. Lá ele dá uma importância
muito grande à mística… Quando eu estava na França por conta do meu doutorado, eu tive acesso a cursos na
Escola de Ciências Religiosas da Sorbonne. Naquele período eu conheci o pensamento do mestre Eckhart,
místico do século 14 e da Marguerite Porete, também mística do século 14. Eu achei encantadora a descrição que
eles faziam da experiência direta de Deus; sob o ponto de vista do impacto que isso causa na linguagem, na
tentativa de descrever um ser que por definição está fora da linguagem e a supera. Isso tudo foi ao encontro de
uma inquietude filosófica que eu sempre tive e que, inclusive, abordei em meu pós-doutorado, que é a
preocupação com o ceticismo em epistemologia, que se circunscreve à questão: qual é a segurança do que a
gente pensa que sabe e do que a gente nomeia? Outro ponto que me atraiu muito na teologia foi o grau de
sofisticação de pensamento e esforço intelectual dos grandes teólogos. 

PUBLICIDADE

Escova Rotativa Conair


Uma modelagem perfeita e duradoura, com um brilho
incomparável e aspecto mais saudável.

Polishop Abrir

Rodolfo Capler – Como o senhor avalia o diálogo da teologia com as outras ciências da
academia?

Luiz Felipe Pondé – Eu já escrevi várias vezes que a teologia é uma espécie de “louca da casa” (risos). Na
Este site utiliza cookies e tecnologias semelhantes para personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao navegar em nosso serviço você
academia ninguém está “nem aceitaaí” para a teologia.
tal monitoramento. Para maisAinformações
teologialeia–nossa
quePolítica
podedeser compreendida como a tentativa de
Privacidade

construir um discurso racional a partir da revelação e das tradições religiosas – corre atrás das outras ciências
Ok, entendi
humanas, para receber a benção do Marx, do Foucault, do Freud e do Nietsche. No âmbito da academia, por
exemplo, da PUC, onde a teologia sempre esteve presente, o que eu conheci foi uma teologia a serviço da
pastoral, da política e da ideologia, grosso modo, uma teologia a serviço duma certa ciência social. Penso que a
teologia hoje é uma ancilar das ciências sociais – isso para brincar um pouco com o uso que se fazia da filosofia
como ancilar da teologia na Idade Média. A teologia nunca deu emprego… (risos)

Rodolfo Capler – Em seu ensaio “Espiritualidade para corajosos”, o senhor afirma algo que vai
contra o senso comum, a saber, que espiritualidade e política se misturam. Quem sai ganhando
mais nessa simbiótica relação: a política ou a religião?

https://veja.abril.com.br/coluna/matheus-leitao/a-elite-tem-horror-aos-evangelicos-entrevista-com-luiz-felipe-ponde/ 4/10
29/08/2022 17:29 “A elite tem horror aos evangélicos” – entrevista com Luiz Felipe Pondé | VEJA

Luiz Felipe Pondé – Se eu entender a política como território da violência – e na democracia a atribuição do
poder através da competição pelo voto – acredito que a política ganha mais. Agora, se eulê,
VEJA: Quem compreender
sabe. a política
Furos de reportagem, conteúdos exclusivos e
como uma atividade racional e secularizada, não privilegiando crenças não científicas e irracionais, a religião sai
informações confiáveis. Assine a partir de
na frente. Isso porque ela consegue se manter, porquanto o ser humano é basicamente infeliz. Nesse sentido a
R$9,90/mês.

religião continua oferecendo enormes contigentes dos mais diversos significados através Powered de respostas
by Pushnews

imprecisas, mas que tratam de problemas muito precisos, a saber; medo, frustração, morte, doença… É
importante dizer que política e espiritualidade sempre estiveram misturadas. Desde a antiguidade, a política
(entendida como território da violência e do poder), sempre esteve lado a lado do sagrado em suas diversas
formas. Um exemplo disso é o Brasil contemporâneo. Hoje vemos a disputa entre a Michelle Bolsonaro e a
Janja pelo chamado “coração evangélico”. Nesse caso, acho que a Michelle leva a vantagem, pois, é uma
evangélica raiz, ao passo que o interesse da Janja pelos evangélicos é equivalente a PEC Kamikaze do Bolsonaro,
ou seja, unicamente de caráter eleitoreiro. Mesmo dentro de uma democracia vemos essa mistura entre política
e religião, pois, todos querem ganhar votos, inclusive dos religiosos. Há vinte anos, o que os evangélicos se
tornariam, não era nada claro. Ninguém podia imaginar que este segmento religioso se tornaria tão forte no
cenário político do país. Por essa razão uma diversidade de crenças estão sendo ventiladas no debate público,
como por exemplo, a valorização da família, que para as pessoas mais pobres é algo essencial. À medida que os
mais bastados terceirizam tudo – inclusive a família -, os mais pobres dependem dela. Assim, os evangélicos
alocados nas populações mais humildes valorizam a família num nível que uma feminista-socióloga-professora
de universidade não entende (em geral, porque ela quase não tem família e enxerga a família como estrutura
patriarcal opressiva, a ser superada e destruída no processo de condução da nova utopia). Retomando o
raciocínio inicial, política e religião sempre estiveram amalgamadas. A tentativa de construção do Estado laico,
da sociedade secular e da tolerância religiosa ao diferente, são eventos nascidos das guerras religiosas da Europa
e do esforço direto de autores como John Locke, que à época, defendia que era necessário deixar os protestantes
serem protestantes de forma diversificada, sem que fossem mortos por isso.

Rodolfo Capler – Numa palestra sua veiculada pela TV Câmara, ao referir-se ao crescimento
evangélico, o senhor afirmou que “eles vão engolir o Brasil”. Na sua opinião, quais são os
pontos positivos e negativos do vertiginoso crescimento do segmento evangélico em nosso país?

Luiz Felipe Pondé – O segmento evangélico é muito plural. Por exemplo, eu posso usar o termo evangélico no
sentido original, que engloba todos aqueles que acreditam nos preceitos do evangelho ensinado por Jesus ou
para me referir àqueles que, especificamente, descendem da reforma luterana. No Brasil o termo é
popularmente utilizado para identificar os chamados “crentes”, que são os protestantes não históricos, em sua
grande maioria pentecostais e provenientes das classes econômicas mais baixas. O termo evangélico ou
evangelicalismo (como tem sido adotado pela academia) é um termo que tem a sua abrangência na história um
pouco maior do que a compreensão limitante e rasa que normalmente se manifesta no debate público. Aliás, a
semântica é pobre, pois, há competição pelo voto evangélico. Normalmente em ambientes de competição a
semântica sempre é empobrecida. Dito isto, o segmento evangélico – que não é nada heterogêneo, ao contrário,
muito complexo – reflete alguns pontos que entendo serem negativos. Eu destacaria os seguintes: a mistura
entre política e religião, que se resume na tendência dos evangélicos em levar crenças que deveriam ser privadas
Este site utiliza cookies e tecnologias semelhantes para personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao navegar em nosso serviço você
para o espaço do Estado e aceita da máquina do governo;
tal monitoramento. o uso leia
Para mais informações indevido do dediscurso
nossa Política Privacidade religioso pastoral para ganhar

voto (algo que foi inaugurado pela Teologia da Libertação católica no Brasil, que sempre foi mais alinhada ao PT
Ok, entendi
e a outros grupos à esquerda); a mistura promiscua entre a pregação religiosa e a pregação político-partidária; o
abuso financeiro-econômico, que ocorre em algumas grandes igrejas neopentecostais e a intolerância religiosa
manifestada por alguns setores evangélicos. Como pontos positivos, penso que valeria a pena destacar a
melhoria de vida dos fiéis – fenômeno que o sociólogo Jessé Souza chama de liberalismo popular, caracterizado
por uma espécie de agilidade na venda de Jesus como commoditie. Penso que este fator é positivo por conta de
certo caráter empreendedor que a população protestante sempre teve, em geral. Apesar da sociedade de
mercado ser uma catástrofe numa série de coisas, não conhecemos nada que tenha produzido mais riquezas
como ela, até hoje. Outro fator positivo da presença evangélica no Brasil inclui o aumento da competição no
mercado religioso. Hoje há uma maior oferta de crenças no mercado religioso e, numa sociedade de mercado,
uma oferta mais ampla é sempre mais positiva, pois os monopólios (inclusive, o religioso), geram violência para
o consumidor. Vide o caso Amazon, que destruiu as livrarias do mundo todo… Por último, eu mencionaria a rede

https://veja.abril.com.br/coluna/matheus-leitao/a-elite-tem-horror-aos-evangelicos-entrevista-com-luiz-felipe-ponde/ 5/10
29/08/2022 17:29 “A elite tem horror aos evangélicos” – entrevista com Luiz Felipe Pondé | VEJA

de relacionamentos viabilizada pelas igrejas evangélicas, como grande ponto positivo do segmento. Sob o ponto
de vista social e psicológico, o que as igrejas oferecem aos fieis é algo muitoVEJA:
benéfico,
Quem visto que a maioria das
lê, sabe.
Furos de reportagem, conteúdos exclusivos e
pessoas não pode fazer terapia, frequentar restaurantes nos finais de semana,informações
embalarconfiáveis.
feriadões em hotéis e ir
Assine a partir de
ao cinema e ao teatro. Portanto, a capilarização do movimento evangélico oferece programa no final de semana
R$9,90/mês.

para pessoas que não teriam aonde ir, assim como favorece o desenvolvimento de relacionamentos.Powered Issobyalém
Pushnewsde

gerar progresso pessoal, estabiliza a família, o que é bom para as crianças…   

Rodolfo Capler – Por que a elite brasileira tem medo dos evangélicos?

Luiz Felipe Pondé – Porque a elite (me refiro à elite econômica), tem medo dos pobres e a maior parte dos
evangélicos é pobre. Ao assumir uma face que parece reconhecível com certos comportamentos, os evangélicos
mostram a cara da massa pobre à elite. Por sua vez, a elite sempre procurou se manter distante daquilo que se
associa às massas. A elite secularizada, que muitas vezes é parte daquilo que chamaríamos classe média ou
média alta, tem horror aos evangélicos por que os evangélicos acreditam em Deus e em família; duas coisas
imperdoáveis para a elite intelectual do século 21. A crença na família é compreendida pela elite intelectual como
uma mera superstição, opressiva e patriarcal. A elite não gosta dos evangélicos, porque não gosta de povo. Ou
melhor, só gosta de povo no carnaval… (risos). Eu acredito que a elite brasileira tem ojeriza dos evangélicos
porque os vê como uma turba de ignorantes por conta de suas crenças religiosas. Apesar disso, a elite intelectual
é, incoerentemente, atravessada por alguns códigos no que diz respeito a religião. Por exemplo, nenhuma
corrente de defesa dos animais tem coragem de denunciar os sacrifícios de animais realizados pelas religiões de
matriz africana. Por que não o fazem? Porque nessa questão, haveria dois grupos de vítimas, os animais e a
população de matriz africana. Portanto, os intelectuais que defendem os direitos dos animais, assim como ONGs
e influenciadores digitais, não querem manifestar nenhum tipo de indisposição em relação a quaisquer
manifestações culturais ou religiosas de matriz africana. Isso seria abrir a porta do inferno sobre eles mesmos… 

Rodolfo Capler – O senhor acredita que há no Brasil uma aliança entre evangelicalismo e
bolsonarismo?

Luiz Felipe Pondé – Eu não enxergo os evangélicos como um grupo de vocação autoritária. Historicamente,
os protestantes não podem ser caracterizados como autoritários. Pelo contrário, foram eles que levantaram a
bandeira da tolerância religiosa. Não porque eles sempre foram mais próximos de Deus ou qualquer coisa assim,
mas por uma questão histórica e de contexto. Dessa forma, eu não associo o autoritarismo do Bolsonaro ao
movimento evangélico. Para mim, o que aproxima, de certa forma, o bolsonarismo do evangelicalismo é a
mitologia militar que o Bolsonaro tem na cabeça (e que muitos militares ainda tem na cabeça), a valorização da
família e o conservadorismo moral que estão presentes nas agendas dos evangélicos e dos grupos de mitologia
militar. Como a mentira é um método dentro do debate contemporâneo, então nós podemos dizer e entender
que, por exemplo, a defesa da democracia já esteve nas mãos de elementos mais à direita e liberais e também já
esteve nas mãos de gente da esquerda. Constantemente, a defesa de Maduro na Venezuela é um entrave para o
PT. Hoje ninguém fala disso, mas em 2018 todo mundo falava. Ou seja, há uma certa estupidez no debate
público, porque lidamos com uma semântica de massas, caracterizada por memória curta e baixo repertório. A
Este site utiliza cookies e tecnologias semelhantes para personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao navegar em nosso serviço você
bem da verdade, a vida acontece aceita talna maior parte
monitoramento. do tempo,
Para mais informaçõesnesse nível.
leia nossa PolíticaPor essa razão, a associação patente entre
de Privacidade
bolsonarismo e evangelicalismo não é onde eu identifico a vocação de discurso totalitário do movimento
Ok, entendi
bolsonarista. Eu não acho o bolsominion, necessariamente, um evangélico. Eu acho o bolsominion um cara –
talvez – de sexualidade insegura e muito violento (que acha que a violência resolve tudo e que pensa que todo
mundo que não é igual a ele é um idiota). Eu não vejo isso nos evangélicos, como um todo. Penso que ligar o
evangelicalismo com o bolsonarismo é uma percepção bastante empobrecida do que significa uma população
gigantesca como a evangélica. 

Rodolfo Capler – Qual mensagem o senhor gostaria de deixar para os eleitores brasileiros?

Luiz Felipe Pondé – A mensagem é a seguinte: eu me solidarizo com os outros brasileiros que, como eu, estão
diante de mais uma eleição na qual nenhuma das opções presta. Deixo-lhes esta mensagem de solidariedade… 

https://veja.abril.com.br/coluna/matheus-leitao/a-elite-tem-horror-aos-evangelicos-entrevista-com-luiz-felipe-ponde/ 6/10
29/08/2022 17:29 “A elite tem horror aos evangélicos” – entrevista com Luiz Felipe Pondé | VEJA

* Rodolfo Capler é teólogo, escritor e pesquisador do Laboratório de Política, Comportamento e


Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP VEJA: Quem lê, sabe.
Furos de reportagem, conteúdos exclusivos e
informações confiáveis. Assine a partir de
R$9,90/mês.
PUBLICIDADE

Powered by Pushnews

ANIMAIS ELEIÇÕES 2022 EVANGÉLICOS FILOSOFIA FREUD FRIEDRICH NIETZCHE IGREJA EVANGÉLICA JANJA

KARL MARX MICHELLE BOLSONARO PT - PARTIDO DOS TRABALHADORES PUC RELIGIÃO

LEIA MAIS

■ Corrupção lidera entre assuntos mais comentados sobre eleições no Twitter

■ Flávio grava vídeo e destaca lealdade de advogado da família

■ Bolsonaro x Globo: a guerra que não aconteceu

MAIS LIDAS

1 Brasil
Caetano Veloso muda seu voto após Lula no JN

2 Política
Sai a primeira pesquisa sobre Lula x Bolsonaro depois do Jornal Nacional

3 Brasil
Quem deu a melhor audiência no Jornal Nacional: Lula ou Bolsonaro

4 Política
Quem é o candidato mais buscado no Google durante debate na Band

5 Política
Os bastidores da decisão de Lula sobre o debate da Band

Este site utiliza cookies e tecnologias semelhantes para personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao navegar em nosso serviço você
aceita tal monitoramento. Para mais informações leia nossa Política de Privacidade
RECOMENDADAS
Ok, entendi

patrocinado patrocinado
Painéis solares | Links patrocinados Zap
Brasil: diga adeus aos caros painéis solares se você mora em Apartamento 01 Quarto Monte Alegre em Ribeirão Preto
b
https://veja.abril.com.br/coluna/matheus-leitao/a-elite-tem-horror-aos-evangelicos-entrevista-com-luiz-felipe-ponde/ 7/10
29/08/2022 17:29 “A elite tem horror aos evangélicos” – entrevista com Luiz Felipe Pondé | VEJA
Ribeirão Preto

VEJA: Quem lê, sabe.


Furos de reportagem, conteúdos exclusivos e
informações confiáveis. Assine a partir de
R$9,90/mês.

Powered by Pushnews

patrocinado patrocinado patrocinado


Glico100 Disfunção Masculina | Revista Homem Zap
Glicose Alta? Açúcar e carboidratos nunca O truque favorito dos homens para Comercial Sala em Ribeirão Preto
foram os culpados melhorar a vida íntima

Assine Abril

Veja Digital Veja São Paulo

R$ 1,00/MÊS  A PARTIR DE R$ 9,90/MÊS 

VER OFERTAS VER OFERTAS

Veja Rio Superinteressante

Este site utiliza cookies e tecnologias semelhantes para personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao navegar em nosso serviço você
aceita tal monitoramento. Para mais informações leia nossa Política de Privacidade

Ok, entendi

https://veja.abril.com.br/coluna/matheus-leitao/a-elite-tem-horror-aos-evangelicos-entrevista-com-luiz-felipe-ponde/ 8/10
29/08/2022 17:29 “A elite tem horror aos evangélicos” – entrevista com Luiz Felipe Pondé | VEJA

VEJA: Quem lê, sabe.


Furos de reportagem, conteúdos exclusivos e
informações confiáveis. Assine a partir de
R$9,90/mês.

Powered by Pushnews

A PARTIR DE R$ 9,90/MÊS  A PARTIR DE R$ 9,90/MÊS 

VER OFERTAS VER OFERTAS

Você S/A Veja Saúde

A PARTIR DE R$ 9,90/MÊS  A PARTIR DE R$ 9,90/MÊS 

VER OFERTAS VER OFERTAS

Este site utiliza cookies e tecnologias semelhantes para personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao navegar em nosso serviço você
aceita tal monitoramento. ParaLeia
maistambém no
informações GoRead
leia nossa Política de Privacidade

Ok, entendi

SIGA



BEBÊ.COM CASA

BOA FORMA CASACOR

CAPRICHO CLAUDIA

https://veja.abril.com.br/coluna/matheus-leitao/a-elite-tem-horror-aos-evangelicos-entrevista-com-luiz-felipe-ponde/ 9/10
29/08/2022 17:29 “A elite tem horror aos evangélicos” – entrevista com Luiz Felipe Pondé | VEJA

ELÁSTICA VEJA RIO


VEJA: Quem lê, sabe.
ESPECIALLISTAS VEJA SÃO PAULO Furos de reportagem, conteúdos exclusivos e
informações confiáveis. Assine a partir de
GUIA DO ESTUDANTE VEJA SAÚDE R$9,90/mês.

Powered by Pushnews
PLACAR VIAGEM E TURISMO

QUATRO RODAS VOCÊ RH

SUPERINTERESSANTE VOCÊ S/A

Grupo Abril Minha Abril

Política de privacidade Anuncie

Como desativar o AdBlock

QUEM SOMOS
FALE CONOSCO
TERMOS E CONDIÇÕES
TRABALHE CONOSCO

Copyright © Abril Mídia S A. Todos os direitos reservados.

Este site utiliza cookies e tecnologias semelhantes para personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao navegar em nosso serviço você
aceita tal monitoramento. Para mais informações leia nossa Política de Privacidade

Ok, entendi

https://veja.abril.com.br/coluna/matheus-leitao/a-elite-tem-horror-aos-evangelicos-entrevista-com-luiz-felipe-ponde/ 10/10

Você também pode gostar