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100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.

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APRESENTAÇÃO

Não se trata de obra literária, apenas uma pequena lembrança da trajetória de uma das mais belas
energias que transitaram a Terra, manifestada como gente.

Tudo foi escrito pelos filhos, filhas, netas, netos, sobrinhos, sobrinhas, amigos e amigas, que tiveram a
felicidade de ter convivido com tão magnífica criatura.

Simples e, nessa simplicidade, queria tão somente viver, mas nos deixou um legado de lições, humor e
amor pela vida, pelos semelhantes, gerando extensas pegadas, rastro difícil de ser apagado.

A Dona Teodora, em seus 100 ANOS, todo o nosso Amor!

Conceição, Nazaré, Socorro, Sebastião, Fufica, Remedinha e Tontonho


100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

Ainda que eu tivesse um pingo de saudade, de que me adiantaria?


Sequer saudade eu sei o que é sentir! Não há porque sentir!
Apenas 100 anos de sua existência, completados no dia 11 de setembro de 2022 e tão somente 9 anos de
sua partida (26.06.2013).
Que saudade poderia existir?
Eu não tenho! E vocês, irmãs minhas, irmãos meus, netos, netas, sobrinhas e sobrinhos têm?!

Como poderia ter saudade, se em todas as minhas ações, pensamentos, construções, momentos e vida sua
presença se faz?
Tudo o que sei, foi fruto de seus ensinamentos; tudo o que faço, tem traços de seu conhecimento; tudo o
que vivo são frutos de suas experiências; toda a minha fé é parte de sua herança e toda a minha
proteção tem princípios em sua devoção.
Como poderia então sentir saudades?!
A sua presença é a constante que multiplica minha vida, meus atos e meus amores. Não há um dia sequer
que não seja eu a sua própria presença.
Como posso então alimentar uma saudade?

Saudade nada é, tão imensa a gratidão!


Gratidão pelo legado; gratidão pelos ensinamentos; gratidão pela proteção de Deus, iniciada por seus
pedidos, numa imensa fé e devoção.
Gratidão pelos irmãos, irmãs, sobrinhos, sobrinhas e toda uma família abençoada.

Prosista, trovadora popular e filósofa, que com muito humor e amor nos ensinava, ecoando sua rara
consciência em todos os nossos momentos, de onde extraímos lições e respostas prontas.

“A saudade te prissiga mia guariba


Por onde tu andar meu gambá
Que tu num ache quem te quera mia varijera
Para de mim tu lembrar meu tamanduá”.(Desconhecido)

“A saudade é grande, mas o alívio é incomparável: é como uma nascida na bunda, que estoura com carnicão
e tudo” (Desconhecido)

“Quando quis
Vós não quisestes
Pudestes mais do que eu
Agora que vós quisestes
Agora não quero eu” (Desconhecido)

“A maré que enche vaza


Deixa a praia descoberta
Vai um amor e vem outro
Nunca vi coisa tão certa” (Tombo do Pau – Dona Edith do Prato)
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

Em todas as situações de nossas vidas encontramos sempre um provérbio, um verso ou uma boa história,
que nos remete a resposta certa, a sábia saída, elevando nossa dignidade como seres e cidadãos.
Todos nós passamos por situações difíceis, complicadas, são esses momentos que nos faz refletir esses
tão singelos e valorosos ensinamentos de vida, com sabedoria e elevada espíritualidade.
Isso sempre nos fez e nos faz melhores, humanos, felizes e confiantes.

Como posso ter saudades?!

Dona Dora era um Espírito da Natureza, expresso em simplicidade, humildade, paciência e esperança.
Sempre que estávamos aflitos com alguma situação, com as dificuldades da vida, dizia-nos:
“Meu filho, baixe sua desgraçada e vá deitar”;
“Quando Deus fecha uma porta, certamente abrirá uma janela”;
“Não há prece que não acuda”.

A vida de Dona Dora parece até um dos Diálogos de Buda com Deva (espírito da natureza), que fazia
questionamentos a Buda:

O Deva: - Qual é a espada mais cortante?


Ao que Buda respondeu:
- A palavra raivosa é a espada mais cortante.

(Dona Dora sempre nós alertava que a raiva, o rancor somente nos trazia o mal, dizia: “Não há nada como
um dia atrás do outro”; “Aqui se faz, aqui se paga”; “O mal a gente paga é com o Bem”, nunca deseje mal
aos outros)

- Qual é o maior veneno?


- A inveja é o mais mortal veneno.

(A inveja e a ganância só traz a miséria, nos alertava para nunca olhar para alheio e nunca querer mais do
que as pernas não pudessem alcançar e dizia mais: “O Mal do pobre é estar bem e querer está melhor,
devemos sempre nos contentar com o que temos”)

- Qual é o fogo mais ardente?


- A luxúria.
- Qual é a noite mais escura?
- A ignorância.
- Quem obtém a maior recompensa?
- Quem dá sem desejo de receber é quem mais ganha.
- Qual é a armadura mais impenetrável?
- A paciência.

(Também afirmava que “Com paciência tudo se vence”, em nada devíamos nos desesperar)

- Qual é a melhor arma?


- A sabedoria.
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

- O que atrai?
- O bem atrai.
- O que repugna?
- O mal repugna.
- Qual é a maior felicidade?
- A libertação.
- O que ocasiona a ruína no mundo?
- A ignorância.
- O que destrói a amizade?
- A inveja e o egoísmo.
O Deva então faz sua última pergunta: - O que é que o fogo não queima, nem a ferrugem consome, nem o
vento abate e é capaz de reconstruir o mundo inteiro?
Buda respondeu:
- O benefício das boas ações.

(Sempre nos mostrava que “Quem planta o bem, colhe o bem; quem planta o mal, colhe o mal”)

Quando alguém lhe tirava alguma coisa, fazia alguma covardia, engava para ficar com algo dela ou da
gente, dizia: “Meu filho, do perdido a gente tira o sentido”; “mais tem Deus para nos dar, que o diabo
para tomar”

Dona Dora não pode se resumir apenas a uma simples saudade!

Exemplo de dignidade, respeito, tolerância, lições de vida.


Exemplo de fé e expressão máxima de Amor por todos nós.

Suas canções preferidas – todas de amor, vida e paixões – os versos, os provérbios engraçados,
carregados de humor e vida, desfiguravam quaisquer dificuldades:

“Sua barriga doía


você não me dizia
três peido meu
“Merda seca num pega em cu lavado”
três da Maria Machada
Vá comer merda
Sua barriga não tem nada”

“Eu te benzo baú


“Não chore meu filho com esse pé
porque seus oi dói com essa mão
sua pestana murcha com esse bafo desse cu
e seu cu ripucha”; esse menino é mais fei
qui um sapo cururu”

Tudo ecoa em nossas vidas, nas situações diversas que enfrentamos no dia-a-dia, fazendo-nos lembrar de
Dona Dorinha.
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

Versos do cancioneiro popular que gostava de entoar


A Flavinha é bonita Lelé, Tontonho, Socorro,
Tem o cabelo bonitão Minha cabeça não decora O que é bom já nasce Vou lhe dar um beju
Cada cacho vale um selo Mas hoje deu pra decorar feito Da banda do manezinho
Cada cabelo um tostão Como corda de viola Quem quer se fazer não Cá pelo domínio
Do pente de tartaruga Quanto mais puxa mais pode Quebra as unhas no
Do chifre do boi ladrão dar Pois mais que seja caminho
Sou neta da porca china perfeito Do serviço aparo ao meio
Filha do barrão fubá Seu defeito descobre. Na broca do meu vizinho
Conceição Nega Remédios, “Aqui eu tinha tratado
Tu de lá e eu de cá O amor enquanto novo Os conselhos de sua De seu nome reparando
Passa uma cerquinha no Come do pão e do ovo mãe Mas eu disse o Edinho
meio Quando vai ficando velho Nunca ouse botar fora Quando tarda vem
Tu de lá da um suspiro Come merda de cachorro Faltando a terra de chegando
Eu daqui suspiro e meio Deus Por ser um homem de bem
Vem cá Chega a de Nossa Não deixa ninguém
Minha nambuzinha do cú Senhora chorando”
pedrez.

A Lucília é uma flor A Lucília é uma flor Sebastião, Sebastião é um caba


Do jardim de seu Vicente A Flávia uma roseira Homem do fogo valente
Que nasce no pé do muro A Maísa um cravo Branco Filho do trovão Matou a finada bosta
E prega no pé da gente Daqueles cravos que Deixou o peido doente
cheiram

Edson O Fufica é um homem O Pedito só é fei de José


Menino eu já fui besta trabalhador, cara e corpo Fiado me dá pena
Mas hoje ando na trilha Bota a enxada nas costas Mas tirando essa cara e Pena me dá cuidado
Quem tiver suas E diz na roça não vou botando outro corpo Para viver descansado
encomendas Bem cedo faz muito frio Fica um postal Prefiro não vender fiado
Mande dinheiro e vasilha E de tarde muito calor
Da melancia o miolo
Do corredor o tutano
Do homem eu que a palavra
E da mulher o desengano

Érico Dezin
Encoste aqui, meu amigo Na casa do mal homem
Nessa cerquinha do meio Quem não trabalha não
Se é meu camarada come
Tome aqui meu conselho Mas na casa da mal mulher
Amigo cá estou bem Quem não trabalha
Nessa cerquinha do fundo Não toma nem uma xícara
Não posso negar de café
O meu medo é sem segundo
Mesmo não dá pra confiar
Nos amigos desse mundo.
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

Quando o Jamil encontrou a Socorro em Piripiri, casou com ela e a levou imediatamente para Itabirito,
em minas Gerais, ela disse:

“A aranha encontrou com o calango


Uma alma depenada
Que vinha como moléstia
Procurando namorada”

“O Jamil, coitado, não sabe a carga que tá carregando”.

Um pouco pior foi quando a Lelé casou com Edson, “um caboco do oco do mundo”, ela dizia que a mulher
era mesmo como a mariposa:

“A mariposa que na luz andeja


Embora veja reduzir-se a nada
Embora morra sem prazer sem glória
Mas tem a vitória
De morrer queimada”

“A mulher precisava sentir o prazer de morrer casada ou cagada”.

(OBSERVAÇÃO: SOCORRO, JAMIL, LELÉ E EDSON – É BRINCADEIRA! SÓ PARA LEMBRAR O


HUMOR DA DONA DORINHA)

Seu exemplo nos alerta que para reflexão sobre a nossa energia e luz interna – O Espírito (Nossa
Energia subjetiva). Como boa energia, nunca se apaga, vai sendo repassada de um para o outro,
perpetuando como presença eterna, sendo fonte de inspiração, ensinamentos e lições de vida.

Sua presença é tão forte em nossas vidas, que não cabe espaço para mera Saudade.

Mesmo resignada a seu território, em tarefas domésticas, o rastro deixado por Dona Dora é longo,
deixando pegadas permanentes em nossos corações, sobretudo em nossa consciência.

As lembranças são muitas, boas e nos faz bem. Saudade é melancolia... essa nunca!
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

CASAMENTO MATUTO

Bota tarde meu amigo


Eu não vim lhe visitar
Só vim pedir sua filha Ah malandro!
Para comigo casar Eu aqui feito um paspalhão
Se assim for de seu gosto Mesmo atiçando vocês
Ramicê queira me dá pra esse grande perdão
Minha velha cá
Meu filho, cá do meu lado E venha com sua fia
Não faço impedimento É seu Manezim
Sei o quanto és trabalhador Que quer casar com a Maria
E de bom procedimento
Mas tu sabe se a menina Se o papai e mamãe...
De quer bem no coração Minha filha Deixe de lamúria
E se quer casar contigo São coisas estudadas
E teus pais consentirão Quer casar por bem se case
E não precisa de zuada
Do papai e da mamãe
tirei licença bem tarde Na primeira desobriga
E a respeito da moça Da santa proclamação
Vou lhe falar a verdade Se casou Mané Baixa Fria
Você se alembrar Com Maria da Conceição.
Do serviço que lhe fiz
Nessa dia por sinal
A lua era inté Cris (Cancioneiro Popular)
Quando nós juramos os dois
Deu ser dela e ela minha
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

O RASTRO DE DEUS – OS MILAGRES NA VIDA DE NOSSA MÃE

O rastro de Deus aparece em coisas corriqueiras e talvez insignificantes.

Minha mãe Teodora

“Teodora é um nome feminino de origem grega, que tem por significado


"presente de Deus" ou "dádiva divina". O nome Teodora é uma derivação
feminina do nome Theodoro, que tem variações como Theo, Theolinda,
Teodolina, Doralice, Dora, Dorothy, Dorotéia, entre outros…. É formado pela
junção de dois elementos, Theos ou Theo, que significa Deus”. Pesquisa Google
– dia 24.01.2022

www.t13.cl

Teodora Imperatriz Bizantina


 De acordo com 2 fontes
Theodora foi imperatriz do Império Bizantino a partir de 527 dC a 548 dC Ela influenciou muito o
marido, as decisões políticas de Justiniano I. Teodora Imperatriz Bizantina, esposa do imperador
Justiniano I (reinou 527-565), provavelmente foi a mulher mais poderosa da história bizantina.

Imperatriz Teodora, Reinado, História Imperatriz Teodora


portalsaofrancisco.com.br

Teodora imperatriz bizantina (497-548), nascida em Constantinopla (hoje Istambul), foi esposa do
imperador Justiniano I e, certamente a mulher mais poderosa da história bizantina. Sua inteligência
e perspicácia política eram lendárias, e ela teve grande influência no reino. –Wikipédia –
24.01.2022

Na realidade, nossa mãe Teodora foi uma pequenina criatura de Deus. Criada para
adoração a Deus, teve uma vida muito simples, pautada apenas na compreensão,
paciência e amor aos seus e ao próximo, sobretudo aos mais humildes.

Casou-se com o cara chamado Espedito.

O nome Espedito é uma variante gráfica do nome Expedito, que surgiu a partir do latim expeditu, o
particípio passado de expeditum, cujo significado é “livre”, “desimpedido”. Segundo estudiosos da
onomástica, ao nome também é atribuído o sentido de “aquele que desempenha tarefas com
prontidão”. Google – 24.01.2022.
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

Meu pai Espedito era muito inteligente, um artista na arte da construção civil, mas não se
prendia a nada. Gostava da liberdade de trabalhar e viver. Somente se prendeu ao amor
de Teodora.

Deles nasceram:

1 – Maria da Conceição

Nossa mãe era adoradora de Maria e sua primeira filha foi dedica a concepção de Maria
– “dogma católico da concepção imaculada da Virgem Maria, que lhe confere o privilégio de ter nascido
sem pecado original´ - Google 24.01.2022.

O parto da Maria da Conceição foi um milagre, pois teve um acometimento de eclampsia,


gerando sérios e graves problemas a minha mãe.

Como consequência do parto ficou um longo tempo inconsciente e teve sua filha doada a
uma irmã. Contudo seu instinto nunca abandonou sua filha, embora nos dez primeiros anos da
vida da criança tivessem lhe informado que ela havia morrido no parto.

Depois da Maria da Conceição veio a Maria do Carmo. Também com princípio de eclampsia,
mas o parto foi normal e mãe e menina ficaram bem.

Dizem que era uma criança muito linda. Só que morreu nos primeiros anos de vida, vítima do
cólera. Morreu de diarreia.

Teodora era uma pessoa extremamente limpa e zelosa, mas nessa época pouco se sabia como
enfrentar uma doença dessas.

Maria do Carmo: Significa “senhora soberana do pomar bem cultivado” ou


“senhora soberana da vinha de Deus”. Maria do Carmo é um nome composto pela
junção de dois nomes de origem hebraica, Maria e Carmo .
Nasceu também a Maria de Lourdes, que também morreu vítima do cólera. Isso foi um martírio
enorme para Teodora, um sofrimento insano, pois suas três primeira filhas haviam morrido de
forma trágica. Ela ainda não sabia que a primeira filha estava viva e bem criada pela irmã!

Significado do Nome Maria de Lourdes. Maria de Lourdes: Significa “senhora


soberana da escarpa rochosa em declive”. É composto por dois nomes de
origens diferentes, Maria e Lourdes. O nome Maria tem origem incerta, mas
possivelmente veio do hebraico Myriam, que significa “senhora soberana,
vidente”.
2 – José – seu segundo filho – foi homenagem ao José Pai de Jesus.

Significado do nome José José quer dizer ‘ aquele que acrescenta ‘. Também pode significar ‘
acréscimo de Deus ‘ ou ‘ aquele que perdoa ‘. A postura firme e reta de um caráter incorruptível
estão relacionadas a este nome, assim como a capacidade de se expandir.
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

Como sobrenome José é um sobrenome de origem hebraica e significa “aquele que acrescenta”.
Origem e significado do sobrenome Jose José é um sobrenome que tem origem no hebraico
“Yosef”, que significa “aquele que acrescenta”, “Deus multiplica” ou ainda “o que é acrescentado
pelo Senhor”. – Google 24.01.2022

José foi tecnicamente o primogênito, com privilégios, respeito e admiração, principalmente


por parte de nosso pai Espedito.

Depois do José, as coisas iam muito bem, sentindo-se muito agraciada veio o João, que
também faleceu vítima de diarreia e vômitos.

João: Significa “Deus é cheio de graça”, “agraciado por Deus” ou “a graça e


misericórdia de Deus” e “Deus perdoa”. O nome João tem origem no hebraico
Yehokhanan, Iohanan, composto pela união dos elementos Yah, que significa
“Javé, Jeová, Deus”, e hannah, que quer dizer “graça”.
3 – Maria de Nazaré – Seguindo a homenagem a Maria, na terceira filha homenageou à
origem de Maria e Jesus – Filho de Deus.

Essa filha seria a redenção e o equilíbrio na família.

O nome Maria Nazaré é composto por dois nomes comuns: Maria (Bíblico de
gênero feminino) e Nazaré (Hebraico de gênero masculino) . A origem do nome
Maria Nazaré é Hebraico. Significa senhora - Mulher, que tem autoridade sobre
certas pessoas ou coisas. – Google 22.01.2022
4 – Maria do Socorro – Passava por um momento de muitas dificuldades financeiras e estava
mais uma vez grávida, com uma incerteza muito grande. Neste ato foi um pedido de auxílio
a sua protetora Virgem Maria. O certo é que as coisas, depois do nascimento da menina
foram se adequando, mas vivendo sempre numa oscilação natural.

"Nossa Senhora do Socorro" ou "Nossa Senhora do Perpétuo Socorro" é um título


religioso dado a Maria, mãe de Jesus Cristo. A palavra "socorro" tem origem no
latim succursus ("ajuda", "auxílio"), do verbo succurrere, que quer dizer "correr
para ajudar". Origem do Nome Socorro
Tinha uma compreensão da vida como poucos e, apesar de tamanhas dificuldades,
encarava tudo com muita gratidão, fé, esperança e muito bom humor.

Entendia perfeitamente que a vida é uma eterna maré e não devemos nunca culpar
ninguém e nem se reclamar de nossos fracassos e dificuldades. Devemos encarar tudo com
muita coragem, determinação e resiliência.

Dizia sempre:

“A Maré enche mas vaga,


100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

Deixa as praias descobertas,


Vão se uns amores, vem outros,
Não há coisa mais certa”. (Versão de Tombo do Pau – Dona Edith do Prato)

Com o nascimento da Socorro as coisas ficaram mais difíceis, não tinha trabalho e renda
no País. Pouco tempo depois iniciou-se a construção de Brasília, recrutando trabalhadores
do Brasil inteiro, principalmente nordestino, para trabalhar na construção civil.

Papai viajou mais tio Raimundo e ficaram lá muito pouco tempo, pois o tio Raimundo sofria
de asma e oscilação de temperatura em Brasília era enorme, acarretando sobremaneira
seus brônquios e pulmões.

Esse intervalo da saída de Papai para Brasília foi terrível para mamãe, que tinha que prover
a casa sem saber como e o que fazer. Papai não havia deixado nada e quem socorria
nossa família era uma excelente vizinha, que conhecíamos por tia Amélia. Uma negra bem
gorda, simpática, gentil, atenciosa, muito carinhosa, que foi amiga e fazia parte de nossa
família até seus últimos dias.

Nessa época morava perto da gente um cambista do jogo do bicho, que todo dia,
sabendo das dificuldades da mamãe, passava provocando: “Dona Dorinha, vamos fazer
uma fezinha?”. Mamãe sempre lhe respondia do mesmo jeito:

- Meu filho, eu só jogarei um dia se for um palpite dado por Deus. Não gosto e não acredito
em jogo!

Certa feita teve um sonho com Dona Amélia, que como de costume, sabendo de suas
dificuldades, de manhã cedo a acordava dizendo:

- Comade Dora, o que você tem aí pro café da manhã?

Respondia sempre:

- Nada, comade!

Passava por cima da cerca um bule de café, cuscus e beju para o café da manhã da
mamãe e de meus irmãos todos os dias. E fazia comidas para almoço e janta juntas. As
duas costumavam dizer que “a casa que come um, comem dez!”

No sonho ela via Dona Amélia dizendo a mesma coisa que costumava dizer todas as
manhãs, ao acordá-la. Levanta – no sonho – e vê dona Amélia com uma roupa de cor
rajada de amarelo e preto, em tão ela diz:

- Comadre, vendo-lhe com essa roupa, vou jogar no bicho hoje.

E sorriu. Dona Amélia responde:

- Pois jogue no burro, pois pareço a mula do Antônio – seu filho mais velho!
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

- Não, vou jogar no Tigre. Você tá linda como uma tigresa!

Nesse momento do sonho a mamãe escuta a voz de dona Amélia:

- Cumade Dora, o que você tem pro café das crianças?

Mamãe acorda assustada e fica mais espantada, ao sair fora no quintal, vê dona Amélia
com a mesma roupa que ela havia sonhado.

- Cumade, sonhei agora com você e você me estava desse mesmo jeito me chamando e
com essa roupa.

Estava contando o sonho, quando o cambista passou provocando do mesmo jeito:

- Dona Dorinha, vamos fazer uma fezinha?

Ai dona Amélia correu lá dentro de sua casa, voltou com dez cruzeiros e disse:

- Pegue comade, faça a aposta.

Mamãe retrucou, pois não gostava de aposta, nem queria gastar o dinheiro de uma amiga
tão boa. Até porque não teria como repor. Ela, porém, insistiu e mamãe fez a aposta.

Quando disse que queria jogar no tigre o rapaz desdenhou mais uma vez:

- Jogue no avestruz. A senhora é muito desconfiada!

E sorriu.

Ao final da tarde o rapaz trouxe pra mamãe uma bolada.

- Dona Dorinha, a senhora acertou a milhar!

Esse prêmio a mamãe atribui a um grande milagre em sua vida. Como iria manter seus filhos
até o papai voltar de Brasília? Com o prêmio ela encheu a casa de mantimentos, para ela
e dona Amélia – que carinhosamente sempre a tratamos por tia Amélia.

Quando papai voltou de Brasília encontrou tudo em perfeita ordem e harmonia.

5 – Sebastião – esse seu filho foi mais um milagre, após ter tido um filho no ano anterior –
Emanuel – extraído a ferro por um médico espírita conhecido como Dr. João Bandeira
Monte, onde a mãe escapou por um grande milagre.

Emanuel: Significa "Deus (está) conosco". Emanuel se originou a partir do termo hebraico
Immanuel, composto pelos elementos immánu, que significa "conosco", e El, que quer dizer "Deus”
ou “Senhor". Significa “Deus (está) conosco”.
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

Tudo foi muito traumático, doloso para o corpo, mas principalmente para a alma da
senhora Teodora. Mas tinha certeza dos propósitos de Deus e, antes de enterrar os pedaços
da criança – extraído a ferro – o batizou de Emanuel.

Sebastião nasceu um ano depois de Emanuel. Garoto lindo, esperto, nasceu de parto
natural, através da parteira Mãe Anja – Dona Ângela parteira, muito querida e conhecida
em nossa comunidade da época.

Nasceu no dia de São Sebastião, de forma rápida, feliz e já com olhos abertos, vidrado na
luz do quarto (fato incrível).

Sebastião: Significa “sagrado”, “venerável”, “reverenciado”. Através do latim


Sebastianus, tem origem no nome grego Sebastianós, que deriva da palavra
sebastós, que quer dizer literalmente “sagrado, venerável”.
Dizia alegremente que seu Sebastião era “homem de fogo, filho do trovão”.

6 – Francisco – Esse ela entregou a vida a São Francisco, embora tendo nascido no mês de
maio.

Francisco é um nome Latim de gênero Masculino. O nome Francisco é variante dos nomes: Frasco.
Escrever, lembrar e pronunciar o nome Francisco é considerado razoável. Os principais e mais
conhecidos apelidos do nome Francisco são: Fran, Chico, Francisquinho, Chiquinho ou Chicão.

Excentricamente esse Francisco teve o apelido botado por seu irmãozinho Sebastião, como
sendo FUFICA, pois, só tendo dois anos de vida, não conseguia dizer o nome FRANCISCO.

Quando Francisco completou dois anos de idade, vivia colado na saia da mãe. Certo dia,
sem querer, passando roupas, ao se virar passou o ferro bem em cima do ombro da criança.
Ferida enorme que demorou bastante tempo para sarar. Teodora com muito bom humor,
amor e paciência dizia:
“Do rebanho todo esse me pertence, pois por mim foi ferrado”.
Talvez realmente Francisco tenha sido o filho mais obediente, atencioso e que lhe tinha uma
admiração diferente.

7 – Maria dos Remédios – Teve outro grave aborto e depois de mais um ano seguido nasceu
a Maria dos Remédios.
Dizia que para tudo havia um jeito e uma cura.
Nas diversas escrituras dos séculos 16 e 17, Nossa Senhora dos Remédios (celebrada em 22 de
outubro) também era intitulada Nossa Senhora do Remédio, da Libertação e do Resgate, uma vez
que, na língua medieval, os termos “remedium” e “redemptio” tinham acepções parecidas –
remédio, libertação, resgate. Google 24.01.2022.
Nossa Senhora dos Remédios é padroeira do povo católico de Piripiri, celebrada em
outubro.

8 – Antônio - Em 67, aos 45 anos de idade teve último filho, num parto fácil e rápido, quando
já nem achava que ainda pudesse engravidar.
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

Consagrou seu filho a Santo Antônio.


Antônio: Significa "valioso", "de valor inestimável", "digno de apreço". Nome do
latim Antonius, origina-se do grego Antónios. Há estudos que sugerem que o
nome Antônio tenha vindo do grego antheos, que quer dizer “alimentado de
flores”. – Google 22.01.2022.

Foi um período de uma vida financeira muito complicada. Sua filha mais velha, Nazaré,
tinha ido estudar em Teresina, seu marido não queria mais trabalhar na construção civil e
as coisas estavam muito difíceis.
Trabalhava muito em casa e ainda fazia bolo para vender. A noite, no candeeiro, costura
na lamparina as roupas de casa, para minimizar as despesas de casa. Com isso a vista foi
ficando muito cansada e acometida de uma catarata precoce.
Era início de 1968, no dia do aniversário de sua filha menor Maria dos Remédios, no auge
do desespero aparece em sua casa uma procissão de Nossa Senhora das Candeias.
Recebeu todos com muita alegria e fé. Rezaram, serviu café com bolo a todos, deu uma
ajuda e com muita fé pediu a Nossa Senhora que lhe desse a cura de seus olhos.
No dia seguinte, após aprontar o almoço, pegou umas pimentas malaguetas no pé, quase
verdosas e com muita água, ao esmaga-las no pilão, para fazer um molho de pimenta para
o almoço, dois pingos da pimenta lhe caíram um em cada olho.
Aquilo foi uma dor terrível. Sem ter como enxergar, chorando muito, pediu seu filho
Sebastião que lhe conduzisse até a cama, chamasse suas vizinhas, uma benzedeira
chamada Birrosa; Dona Maria Binga, dona de um frege em frente à sua casa; dona Maria
Mirtinha, que morava em frente também, para saber se alguém conhecia algum remédio
que aliviasse a sua dor.
Dona Maria Binga trouxe uma xícara de mel de abelha, passou em seus olhos e a dor foi
aliviando. A noitinha não doía mais. No dia seguinte estava completamente curada da
cegueira provocada pela catarata precoce, ficando boa até final de sua vida.
Enxergando tudo perfeitamente atribuía aquilo aos milagres dados por Deus.
A vida de Teodora não foi nada fácil, cheia de dificuldades, mas também de amor, fé e
esperança. Para ela não havia tempo ruim:
“Meu filho, tenhamos fé em Deus, pois “Quando Deus fecha uma porta, sempre abre uma
janela!”
Muitos milagres ainda aconteceram em sua vida, na forma que sempre Deus acha para
nos conduzir por linhas tortas ou certas.
Devemos sempre ser gratos a Deus, ou há um criador, pela vida.
A vida em si já é um milagre grandioso e um privilégio enorme. A vida, menor ou mais difícil
que seja é uma dádiva, uma oportunidade única, principalmente ao ser humano, que veio
a vida carregado de benefícios, com a insígnia de ser a Imagem e Semelhança de Deus!
Nenhuma vida é insignificante e tudo tem um propósito!

Necessitamos compreender apenas que não somos frutos do acaso, somos partes
integrantes de um todo único e que somos regidos por uma mente universal, sendo ao
mesmo tempo essa própria mente.
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

Tudo no Universo é regido por Leis Materiais, de gestação, de manifestação de energia, de


polaridade, de vibração, de ritmos e ciclos, de causa e efeito. Em paralelo também as Leis
espirituais são similares e concomitantes, com mesmas causas, efeitos e consequências.

Somos a manifestação material de Um Deus – ou Criador!

Assim, temos o benefício do usufruto de uma existência material, mas a responsabilidade


para com tudo e todos, pois somos um só Único, nas diversas formas de manifestação
Divina.
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

MARIA DA CONCEIÇÃO

MARIA DA CONCEIÇÃO
TIRADA DE MIM
SEM MINHA PERMISSÃO
FAZENDO-ME SOFRER
FERINDO MEU CORAÇÃO
MAS FIRME EM DEUS
QUE SEJA PARA SEU BEM
ESSA É MINHA DEVOÇÃO
(Dona Dora)

Ainda bem desconheço o motivo por que estou fazendo isso. Trata-se apenas de algo instintivo, talvez de uma
leve reparação da história de nossas vidas.
Possa ser então umas das inúmeras manifestações Divinas que desconhecemos.
Peço que abra seu espírito e seu coração, de forma que receba o que vou lhe revelar, sem qualquer mágoa ou
angústia, qualquer que seja a parte.
Acredito que somos levados e guiados dentro de um propósito Divino que muitas vezes não enxergamos, às
vezes sequer para agradecer a Deus por tudo o que acontece em nossas vidas.
O que gostaria que você tomasse conhecimento, trata-se de inúmeros depoimentos que ouvi, desde muito
pequeno, da senhora por mim conhecida como Teodora Furtado da Silva Andrade.

A HISTÓRIA

A dona Teodora Furtado da Silva Andrade casou-se com o senhor Espedito Rodrigues de Andrade, sendo que
no início tudo ia muito bem.
Esse moço tinha trabalho, comprou uma casinha boa para os padrões da época, casaram e foram morar juntos,
como normal.
Logo no começo do casamento, dona Teodora engravida, o senhor Espedito perde o trabalho e, para
subsistirem como família, esse senhor faz uma pequena lavoura em terras alheias.
A vida ficou muito difícil! Iam todos os dias para a roça e muitas vezes, quando chegavam, sequer tinha o que
comer.
Nessa história, que ouvi centenas vezes, tem um pedacinho interessante, que nos faz remontar e compreender
mais ou menos o que aconteceu também com sua história de vida:
Um dia, Espedito e Teodora, conhecida como Dora, chegaram da roça e, sem ter o que comer, ela botou uns
maxixes no fogo, apenas com água, sal e um pouco de gordura de porco.
Ao terminar aquele caldo de maxixe, senhor Espedito pediu que a Dorinha, por ele carinhosamente chamada,
fosse na quitanda de um senhor Valdemar e pedisse que afiançasse um litro de farinha, para completar o
caldo.
Mediante a situação de desempregado, senhor Valdemar disse a dona Dora que não tinha sua farinha para
vender fiado a ninguém.
Dorinha voltou para casa um tanto decepcionada, já com uma barriga enorme, com muita fome, mas sempre
mantinha a calma e o bom humor, o que sempre lhe foi peculiar.
Encontrando então o Espedito deitado numa rede, cansado da labuta na roça e também com muita fome, ela
cantou para ele, como resposta do senhor Valdemar o seguinte:
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

- “Seu Nicolau você quer mingua?


- Quero, quero, quero!
- A Dorinha traz na colher de pau?
- Sim, sim, sim!
- Seu Nicolau fazer força ele não quer
Onde é bom ele ir
Ele manda a mulher!”
- Seu Nicolau - dirigindo-se ao Espedito - senhor Valdemar mandou lhe dizer que não tinha sua farinha para
vender fiado a ninguém.
- Oh, Dorinha, pois vá pedir a madrinha Marica (Dona Maria do Carmo do Espírito Santos, mãe da Teodora
Furtado da Silva Andrade) um litro de farinha emprestado.

Dorinha, com uma vergonha sem tamanho, foi a casa de sua mãe pedir esse litro de farinha emprestado.
Chegando lá encontrou todo mundo a mesa, já almoçando um gostoso capão ao molho, comida muito boa e
tradicional.
Dona Marica foi logo dizendo:
- Sente aqui, minha filha, venha almoçar com a gente.
Com muita fome, mas uma vergonha maior ainda, respondeu:
- Não mãe, já almocei.
- Você almoçou o que, minha filha?
- Carne com arroz.
Sua situação piorou! Como iria pedir agora uma farinha emprestada para completar seu almoço, se acabara
de afirmar, para toda a sua família ali reunida, que já havia almoçado, ainda mais carne com arroz.
Conhecedora da ligeira rejeição de sua mãe ao seu casamento, com uma pessoa por ela discriminado como
serrano (família oriunda da Serra Grande no Ceará, migrantes que vinha em busca de trabalho na construção
do açude do Caldeirão em Piripiripi – Pi, tidos como sem noção de higiene e preguiçosos, pelas famílias
piripiriense da época), como poderia agora justificar o pedido de um litro de farinha emprestado?
Dorinha não desmaiou de vergonha pela força e pela fé.
Aguardou pacientemente todo mundo sair da sala de jantar, cada um procurar seus cantos de descanso do
almoça; sua irmã caçula Francisca ir para o jirau lavar as louças do almoço; quando sua mãe se dirigir a
despensa, para guardar o resto dos alimentos, com muita vergonha disse:
- Mãe, a senhora pode me emprestar um litro de farinha?
Quase desmaia.
Sua mãe imediatamente respondeu:
- Oh minha filha, como vou lhe emprestar um litro de farinha?
Pegou uma vasilha grande, encheu de farinha e disse:
- Sempre que você precisar de alguma coisa, essa casa ainda é sua!

Assim, pelo menos naquele dia puderam se alimentar de alguma coisa.

Foi uma gravidez muito sofrida e no parto a Dora teve eclampsia. Por um grande milagre a criança nasceu –
uma linda menina.
A situação pós-parto não foi fácil! Dora ficou inconsciente por um longo tempo, sendo tratada na casa de sua
mãe, onde aguardavam na verdade sua morte.
De mãos atadas, sem quaisquer recursos e desesperado, Espedito vende a casa e vai para o Estado do
Maranhão em busca de trabalho.
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

Ao se despedir, pediu a seu Sogro – Joaquim José Mariano da Silva e sua sogra dona Marica que cuidassem da
Dorinha, que iria em busca da felicidade. Quando a encontrasse, voltaria para resgatar sua esposa e sua filha.
Antes de viajar, Espedito foi ao cartório de Registro Civil de Piripiri e registrou sua filha, entregando o
documento a sua sogra, que chamava carinhosamente de madrinha Marica.
Ao sair, dona Marica chamou sua filha mais velha (Maria de Nazaré) e seu esposo (Conrado do Rego), pessoas
de boas posses para a época, mas que até então não conseguiam ter filhos. Dona Marica, achando que Dorinha
morreria ou não voltaria mais a uma vida normal, de pronto deu a guarda da criança (Maria da Conceição)
para o casal.
Aos poucos e com o passar do tempo, Dorinha foi recobrando o sentido, passando a perguntar pelo bebê e
por seu marido.
Dona Marica e a filha Francisca, sem o devido consentimento do senhor Joaquim Mariano, afirmavam que a
criança havia morrido no parto e que o marido lhe havia abandonado, indo morar no Maranhão.
Imagine o sofrimento de uma pessoa que começa a recobrar o sentido, as emoções?!

Nessa situação Dora passou aproximadamente um ano e pouco, quando seu marido retorna a Piripiri.
Sabendo de seu retorno, dona Marica se antecipa, vai à casa da mãe de Espedito, dona Emília, conversa com
Espedito e com dona Emília, para que o Espedito não queira sua filha de volta, pois achando que Dora não
mais voltaria ao normal, deu para criação por sua filha mais velha Nazaré.
Alegou que a criança estava muito bem cuidada; a Dorinha ainda não estava bem do juízo e que haviam dito
para ela que a criança tinha morrido no parto.
Espedito, sem ter muito o que fazer, concordou e perguntou se poderia ir visitar sua esposa.
Com anuência de dona Marica, foi visitar a Dorinha e trataram de uma reconciliação, permitida pelo pai
Joaquim e dona Marica.
Dorinha disse a Espedito que gostaria de voltar para a casa, que construíram com muito sacrifício.
Espedito fez um esforço de negociação e comprou a casa de volta, que já estava na posse do senhor Valdemar,
aquele que havia lhe negado afiançar um litro de farinha.
Ao fechar o negócio, senhor Valdemar colocou seu comércio a toda disposição do Espedito. Não perdendo a
oportunidade, Espedito disse a ele:
- Como esse mundo gira, seu Valdemar! Há dois anos atrás o senhor me negou vender um litro de farinha...!
Voltaram a morar na mesma casinha, felizes e Dora engravida novamente.
Mesmo com os confortos e uma vida bem melhor, a gravidez não foi fácil, Dora teve pré-eclampsia e sua
segunda filha morre no parto.
Achando que havia algo de errado naquela casa, pois suas duas filhas haviam morrido no parto, Dora pede a
Espedito que se desfaça daquela casa.
- Eu quero essa casa, mas essa casa não me quer!
Satisfazendo sua vontade, Espedito vende a casa, compra um terreno e constrói rapidamente nova casa, na
futura Avenida Presidente Vargas, hoje Aderson Ferreira.
Lá nasceu um belo menino batizado por José Rodrigues de Andrade, no dia 23 de setembro de 1945.
Muitos anos passaram e sua filha Maria da Conceição, criada com muito esmero e carinho como filha de
Nazaré e Conrado do Rego, estudava no Colégio das Irmãs em Piripiri, descobre, numa solenidade, que era
filha de Dora e Espedito, diferente dos pais que ela muito amava...
Dora até então não sabia da existência de sua filha, mas seu coração nunca havia deixado de palpitar, quando
por acaso a encontrava com sua irmã com a filha, que sempre buscava se esquivar de um convívio.
Após o episódio no Colégio das Irmãs, Conrado e Nazaré buscaram um entendimento para legalizar a adoção,
tornando como sua filha definitiva a Maria da Conceição.
Dora nunca aceitou essa situação, apesar do Espedito por muitas e muitas vezes tentar lhe convencer que
aquela criança, por mais que eles quisessem, não teria como lhe pertencer mais.
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Aparentemente convencida por sua mãe, seu esposo e outras pessoas, foram a audiência no Foro de Pirpiripi,
para acertar o registro de nascimento da filha, passando para filhos de Nazaré e Conrado.
Na audiência, ao ser inquirida pelo juiz sobre negação da filha Maria da Conceição, Dora caiu em prantos e
disse que jamais negaria sua filha, que tivera com muito sacrifício e muito amor.
De qualquer forma foi acertado o registro civil de Maria da Conceição. Verdadeiramente Dora nunca aceitou
a situação!

UMA LIÇÃO DE VIDA E AMOR

Teodora Furtado da Silva Andrade – Dora, Dona Dora ou Dorinha – era uma pessoa muito simples, prática,
inteligente, amorosa com todas as pessoas, principalmente com crianças e velhos.
Matinha um carinho e uma atenção e respeito muito especial a sua mãe.
Nunca foi uma pessoa de guardar rancor, qualquer que fosse. Sempre soube perdoar e amar. Tão certo que
pediu a seu filho Francisco para cuidar de sua mãe Marica, até seus dias finais de vida. Uma criança, com
apenas 9 anos de idade, que desde pequeno demonstrava muita preocupação e cuidados com crianças e
idosos.
Muitas netas formam colocadas à disposição da vó Marica – conhecida por todos como Bobó - para morar
com ela, fazer pequenas atividades domésticas, suas compras e seus cuidados.
O filho de Dora, pequeno, franzino teve a paciência, sabedoria, gentileza para cuidar dela, com muito amor,
respeito e atenção.
Viveu 30 anos de muita felicidade, amor, paz e união com seu amado esposo Espedito Rodrigues de Andrade,
que faleceu no dia 31 de agosto de 1971.
Dora nunca esqueceu a filha!
Demonstrava todo o seu orgulho, dizendo que sua filha mais velha – Maria da Conceição – era formada em
Filosofia. Isso eu não sei se é verdadeiro! – se a Conceição é formada em Filosofia – Só sei que ela espalhava
para todos que podia, com muito orgulho e felicidade.

Tudo isso vi e aprendi desde pequeno. Eu e meus irmãos – José, Nazaré, Socorro, Sebastião, Remédios e até
nosso saudoso e amado Totonho (Antônio Rodrigues de Andrade – falecido na cidade de Araxá, Minas Gerais,
vítima de acidente automobilístico).

Acredite: Teodora Furtado da Silva Andrade faleceu em 26.06.2013, chegando aos 91 anos de idade,
padecendo por mais ou menos 20 anos do mal de Alzheimer, na cidade de Piripiri (PI), levando consigo a
esperança de um dia obter de sua filha o reconhecimento de mãe.

Certamente a Conceição tem fatos e versões diferentes, que desconhecemos. Entretanto, simplesmente veja
essa história, bem como toda a história de sua vida, como um propósito de Deus. Aqueles caminhos tortos
que Ele nos direciona, para que a gente encontre a Felicidade.
Você também não teve culpa! Mesmo ainda tão inocente se encontrara numa grande encruzilhada que muitas
vezes a vida nos oferece.

Deus lhe recompensou com tudo:


Concedeu-lhe boa vida;
Bons pais, que lhe amaram e buscaram sempre sua felicidade;
Bom marido e bom companheiro, muito presente, atencioso, amoroso, na sua maneira de ser!
Maravilhosos filhos.
Netas fantásticas!
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DEUS LHE ENCHEU DE MUITAS GRAÇAS!

Contudo, esse Amor tão puro, imenso,


bondoso, compreensivo, paciente e leal
precisava ser esclarecido!
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BREVE HISTÓRICO

Teodora Furtado da Silva Andrade


Nascida dia 11 de setembro de 1922, no Saco dos Polidórios, município de Piripiri (PI)
Mãe – Maria do Carmo do Espírito Santo
Pai – Joaquim Mariano José da Silva
Esposo – Espedito Rodrigues de Andrade, nascido em São Benedito (CE), no dia 26.07.1919

DORINHA
ESPEDITINHO
De
De
Joaquim Mariano e
Emília
Maria do Carmo

Amor sem igual


Que gerou umas das belas família

Maria da Conceição

Nilim
Aninha

Nilo Filho Ana Maria


Isabela
Leandra
Isadora
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José Rodrigues – Zé da Dora

Socorrinha
Jossandra
Joseandra
Gutemberg

Jossandra Jéssica
Vitor Hugo
Joseandra
Huguinho
Cássio
Caio
Gutemberg
Davi
Elizabete
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Maria de Nazaré – Lelé

Edinho
Pedito
Nega
Érico
Dezin

Júlia
Edson Egledson
Pedro
Espedito Valentina
Enoque
Maria dos Remédios
Lucas
Gabriel
Érico
Isabela
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Maria de Socorro

Júnior
Jean
Juliano

Maria Laura
Júnior Ana Júlia
Marcos Vinícius
Pedro
Jean Gabriel
Maria Rita
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SEBASTIÃO (Tião)

Mariana
Ana Clara
Florinda
Rebeca
Pedro Lucas

Caio
Mariana
Isa
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Francisco (Fufica)

Maísa
Flávia

Cecília
Maísa
Sávio
João
Flávia
Rafael
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

Maria dos Remédios (Baleia)

Júnior
Relson
Renata
Edivam

Júnior Lucas
Ana Helena
Renata
Liz Helena
Edivam Valentina
100 ANOS DE DONA DORA – 11.09.22

Antônio (Tontonho)

DÉBORA
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“Tudo vale a pena se alma não é pequena”

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