Você está na página 1de 254

Aplicações do método PRISMA

para revisão sistemática


da literatura na
ENGENHARIA CIVIL

Prof. Dr. Tomi Zlatar


Profa. Dra. Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Prof. Dr. Béda Barkokébas Junior

Editora da Universidade de Pernambuco

Recife
UPE 2019
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA PARA
REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
NA ENGENHARIA CIVIL

Prof. Dr. Tomi Zlatar


Profa. Dra. Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Prof. Dr. Béda Barkokébas Junior

Recife,
UPE 2019
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE
REITOR Prof. Dr. Pedro Henrique Falcão
VICE-REITOR Profa. Dra. Socorro Cavalcanti

EDITORA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – EDUPE


CONSELHO EDITORIAL
Profa. Dra. Adriana de Farias Gehrer
Prof. Dr. Amaury de Medeiros
Prof. Dr. Alexandre Gusmão
Prof. Dr. Álvaro Vieira de Mello
Profa. Dra. Ana Célia O. dos Santos
Profa. Dra. Aronita Rosenblatt
Prof. Dr. Belmiro do Egito
Prof. Dr. Carlos Alberto Domingos do Nascimento

GERENTE CIENTÍFICO Prof. Dr. Karl Schurster


COORDENADOR Prof. Dr. Carlos André Silva de Moura
PROJETO GRÁFICO Aldo Barros e Silva Filho
CAPA Silvio Andrade Lima

Número ISBN: 978-85-7856-224-3


Título: Aplicações do método prisma para revisão sistemática da literatura na engenharia civil
Tipo de Suporte: E-book
Formato Ebook: PDF

Todos os direitos reservados.


É proibida a reprodução deste livro com fins comerciais sem
prévia autorização dos autores e da EDUPE.

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


Universidade de Pernambuco

A642 Aplicações do método PRISMA para revisão sistemática da literatura na


Engenharia Civil/ Tomi Zlatar; Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani; Béda
Barkókebas Junior (orgs.). – Recife: EDUPE, 2019.
252 p.:il
ISBN: 978-85-7856-224-3
A obra possui vários autores.
1. Engenharia Civil – Trabalhos Acadêmicos. 2. Águas Pluviais. 3. Estruturas
de Concreto. 4. Conforto Térmico. 5. Construção Civil – Inovação Tecnoló-
gica. 6. Sustentabilidade Social – Construção Civil. 7. Segurança Viária. 8.
Acidentes do Trabalho – Custos. I. Zlatar, Tomi (org.). II. Kohlman Rabbani,
Emilia Rahnemay (org.). III. Barkokébas Junior, Béda (org.). IV. Título.
APRESENTAÇÃO
Não há dúvidas quanto à eficácia das
revisões sistemáticas para a área das
engenharias e da saúde. Todos os pes-
quisadores utilizam esse mecanismo
como ponto de partida para suas in-
vestigações e acabam descobrindo la-
cunas e até novos campos de trabalho
por meio desse método. O livro que
ora o público tem em mãos é fruto de
um esforço coletivo do Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil
da Escola Politécnica da Universidade
de Pernambuco no intuito de realizar uma grande contribuição metodo-
lógica, avançando nas discussões do antigo Quorum para o Prisma, am-
pliando os debates para as meta-análises. Os 12 capítulos da coletânea
procuram responder diversas inquietações, avaliando, de forma crítica,
pesquisas identificadas como relevantes, procurando entender o quanto
esses estudos contribuem de forma significativa para o avanço do estado
da arte ou da literatura, em cada uma das subáreas da Engenharia Civil.
Os pesquisadores e o público em geral estão recebendo o que há de mais
avançado na utilização do método Prisma. Um livro com rigor acadêmi-
co que realiza de forma integrada a revisão sistemática e as meta-análises,
proporcionando resultados significativos para o conhecimento científico.
São estudos como esse que possibilitam a avaliação crítica de materiais já
publicados em periódicos acadêmicos, analisando, de forma qualitativa, a
produção acadêmica de alto nível.

Pedro Henrique de Barros Falcão


Reitor da Universidade de Pernambuco
CONTEÚDO
21 CAPITULO 1: UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS
COMPENSATÓRIAS NA DRENAGEM URBANA
Wrias Elmom Firmino Lino
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Tomi Zlatar
Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabra

39 CAPITULO 2: APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA


EM EDIFICAÇÕES: UMA REVISÃO
Allan Jayson Nunes de Melo
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Tomi Zlatar
Simone Rosa da Silva

55 CAPITULO 3: EFEITO DO PROCEDIMENTO DE


MISTURA NAS PROPRIEDADES DE ARGAMASSAS
REVISÃO SISTEMÁTICA
Julio Lopes da Silva
Alberto Casado Lordsleem Jr
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Tomi Zlatar

71 CAPITULO 4: PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES


PATOLÓGICAS ENCONTRADAS EM
EDIFÍCIOS HISTÓRICOS
Lydia Marques Barreto
Willames de Albuquerque Soares
Tomi Zlatar
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Eliana Cristina Barreto Monteiro
83 CAPITULO 5: TECNOLOGIAS DIGITAIS NA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Michelli Tomaz Vaconcelos Fialho
Alberto Casado Lordsleem Jr
Emilia Kohlman Rabbani
Tomi Zlatar

97 CAPITULO 6: MÉTODOS PARA PREVISÃO DE CUSTOS


PARA OBRAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL: A REVISÃO
SISTEMÁTICA
Eduardo José Melo Lins
Alexandre Duarte Gusmão
Tomi Zlatar
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani

143 CAPITULO 7: ESTUDO DE INDICADORES DE


SUSTENTABILIDADE SOCIAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Juliana Ferreira Bezerra Mocock
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Tomi Zlatar

159 CAPITULO 8: APLICAÇÃO DO MODELO DE PREDIÇÃO


DE ACIDENTES DO HIGHWAY SAFETY MANUAL (HSM)
PARA MELHORIA NA SEGURANÇA VIÁRIA NO BRASIL
E NO MUNDO
Cleyton Roberto Bezerra dos Santos
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Tomi Zlatar
175 CAPITULO 9: ANÁLISE DOS CUSTOS DE ACIDENTES
DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL: UMA
REVISÃO SISTEMÁTICA
Gercica Cristina Gomes de Macêdo
Tomi Zlatar
Felipe Mendes da Cruz
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Ana Rosa Bezerra Martins
Bianca M. Vasconcelos
Eliane Maria Gorga Lago
Béda Barkokébas Junior

207 CAPITULO 10: USO DE CINZA DE LODO DE ESGOTO


NA COMPOSIÇÃO DE MATERIAIS CIMENTÍCIOS:
REVISÃO PRISMA
Camilla Lais Lima dos Santos
Stela Fucale Sukar
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Tomi Zlatar
243 CAPITULO 11: VERIFICAÇÃO DOS CUSTOS DIRETOS
E INDIRETOS DOS ACIDENTES DE TRABALHO NA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Bruno de Sousa Teti
Eliane Maria Gorga Lago
Bianca M. Vasconcelos
Tomi Zlatar
Béda Barkokébas Junior

255 CAPITULO 12: CUSTOS E INVESTIMENTOS EM


SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO EM CANTEIROS
DE OBRA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Rafael Costa Manta
Felipe Mendes da Cruz
Tomi Zlatar
Béda Barkokébas Junior
FIGURAS
26 Figura 1: Pavimento permeável, localizado no
estacionamento da POLI-UPE.
27 Figura 2: Pavimento de bloco de concreto
vazado, localizado no estacionamento de um
supermercado em Recife-PE.
27 Figura 3: Funcionamento esquemático do sistema
FVT.
29 Figura 4: Diagrama de fluxo da literatura
pesquisada.
41 Figura 5: Parâmetros físico-químicos e
microbiológicos mínimos para utilização de água.
43 Figura 6: Etapas de seleção de trabalhos
elegíveis.
60 Figura 7: O processo da seleção dos artigos.
63 Figura 8: Teor de ar incorporado.
65 Figura 9: Microestrutura de argamassas (a/c 0,485)
após cura de 30 dias e misturas de: (a) 3 minutos;
(b) 60 minutos; e (c) 90 minutos.
75 Figura 10: Apresentação do diagrama de fluxo da
literatura pesquisada.
86 Figura 11: Fluxograma da pesquisa realizada.
103 Figura 12: Diagrama de fluxo da seleção de
artigos.
109 Figura 13: Resultado de uma Máquina de Vetor de
Suporte (SVM). Fonte: Zuben (2018, p. 68).
110 Figura 14: Estrutura típica de uma Rede Neural de
Alimentação Multicamadas. Fonte: Adel et al. (2016,
p. 1730).
111 Figura 15: Processo geral de estimativa de custos
com o uso do BIM. Fonte: Lee et al. (2014, p. 97).
113 Figura 16: Fluxo de dados para o processo de
Inferência Ontológica com o uso do BIM e
Raciocínio Semântico. Fonte: Lee et al. (2014, p.
100).
128 Figura 17: Modelos para previsão da estimativa de
custos e respectiva precisão.
132 Figura 18: Modelos de previsão de estimativa de
tempo e custos e respectiva precisão. Fonte:
Autores.
134 Figura 19: Modelos para previsão de estimativa
de tempo e custos e respectiva precisão. Fonte:
Autores.
148 Figura 20: Fluxograma dos critérios de seleção dos
artigos para a revisão sistemática.
152 Figura 21: Quantidade de indicadores em cada
estudo – grupo: qualidade de vida.
152 Figura 22: Quantidade de indicadores em cada
estudo – grupo: harmonia com os arredores.
153 Figura 23: Quantidade de indicadores em cada
estudo – grupo: participação da sociedade.
153 Figura 24: Quantidade de indicadores em cada
estudo – grupo: segurança e saúde.
154 Figura 25: Quantidade de indicadores em cada
estudo – grupo: qualidade do ambiente.
166 Figura 26: Apresentação do diagrama de fluxo da
literatura pesquisada.
165 Figura 27: Locais específicos de aplicação do HSM.
166 Figura 28: Distribuição dos países nos quais foram
realizados os trabalhos.
178 Figura 29: Média do fator de calibração para as
diferentes categorias de viárias.
181 Figura 30: Fluxograma do processo de seleção dos
artigos.
193 Figura 31: Custos Diretos dos Estudos Incluídos.
196 Figura 32: Custos Indiretos dos Estudos Incluídos.
211 Figura 33: Esquema de fluxo da literatura
pesquisada.
232 Figura 34: Processo de seleção dos artigos.

244 Figura 35: Fluxograma da pesquisa realizada.


TABELAS
30 Tabela 1: Variáveis dos estudos encontrados antes
e após a utilização de técnicas compensatórias.
34 Tabela 2: Custos para implementação, operação e
manutenção de estruturas compensatórias.
44 Tabela 3: Resumo dos parâmetros e resultados por
estudo.
48 Tabela 4: Uso não potável da água de chuva por
referência.
50 Tabela 5: Comparação dos parâmetros de
potabilidade, conforme Portaria 2914/2011 e os
resultados encontrados por estudo.
61 Tabela 6: Resumo dos parâmetros e resultados por
estudo.
76 Tabela 7: Variáveis analisadas nos estudos
selecionados.
87 Tabela 8: Artigos e variáveis consideradas
89 Tabela 9: Classificação das novas tecnologias em
Produto ou Processo.
114 Tabela 10: Principais características dos estudos
selecionados.
116 Tabela 11: Principais características dos estudos
selecionados.
118 Tabela 12: Estudos que abordam Modelos para
Previsão da Estimativa de Custos (G1).
129 Tabela 13: Estudos que abordam Modelos para
Previsão da Estimativa de Tempo e Custos (G2).
132 Tabela 14: Estudos que abordam Modelos para
Previsão da Estimativa de Quantidades, Tempo e
Custos (G3).
150 Tabela 15: Resultados da revisão dos artigos.
164 Tabela 16: Características dos estudos analisados.
182 Tabela 17: Características dos estudos incluídos.
184 Tabela 18: Custos diretos dos estudos incluídos.
185 Tabela 19: Custos indiretos dos estudos incluídos.
186 Tabela 20: Custos totais dos estudos incluídos
(Continua).
212 Tabela 21: Variáveis adotadas nas pesquisas
levantadas da revisão.
214 Tabela 22: Concentração dos principais óxidos
encontrados nos materiais utilizados nas
pesquisas levantadas.
216 Tabela 23: Resultados de caracterização física e
mecânica nas pesquisas levantadas.
233 Tabela 24: Principais atividades e eventos.
233 Tabela 25: Custos totais, proporção entre os custos
diretos/indiretos e período.
245 Tabela 26: Trabalhos encontrados na literatura e
dados analisados.
INTRODUÇÃO
Este livro foi desenvolvido no ano de 2018, como um dos trabalhos da
disciplina de Metodologia de Ensino e Pesquisa Tecnológica - MEPT
lecionada aos alunos de mestrado do Programa de Pós-graduação em
Engenharia Civil - PEC da Escola Politécnica da Universidade de
Pernambuco - POLI/UPE. Mediante a colaboração de seus orientadores
e professores da disciplina, os alunos desenvolveram artigos nas diversas
linhas de atuação dos grupos de pesquisa, vinculados ao PEC/POLI/UPE,
a saber: AQUAPOLI (Grupo de Recursos Hídricos), AMBITEC (Grupo
de Pesquisa de Engenharia Aplicada ao Meio Ambiente), DESS (Grupo
de Ensino, Extensão e Pesquisa Desenvolvimento Seguro e Sustentável),
NSHT (Ergonomia, Higiene e Segurança do Trabalho), e POLITECH
(Tecnologia e Gestão da Construção de Edifícios). Doze artigos foram
escolhidos para compor o conteúdo deste livro e servir de exemplo de ar-
tigos científicos de revisão sistemática da literatura utilizando o método
PRISMA – Principais itens para relatar revisões sistemáticas e meta-análi-
ses aplicadas a diversas áreas da Engenharia Civil.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos o apoio da Universidade de Pernambuco (UPE), represen-
tada por suas Pró-reitorias: PROEC, PROPEGI, PROGRAD; à direção
da Escola Politécnica de Pernambuco (POLI); e ao Programa de Pós-
graduação em Engenharia Civil (PEC) que forneceram a infraestrutura e
os meios para o desenvolvimento do livro. Agradecemos, ainda, o apoio
financeiro que recebemos, por meio de auxílio à pesquisa, à extensão e
às bolsas de mestrado para o desenvolvimento dos trabalhos do PEC, do
Programa de Fortalecimento Acadêmico (PFA/UPE), Programa de Apoio
à Pós-graduação - PROAP da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior – CAPES e da Escola Politécnica de Pernambuco -
POLI/UPE.
ORGANIZADORES
Prof. Dr. Tomi Zlatar
Doutor em Segurança e Saúde Ocupacional pela Faculdade
de Engenharia, Universidade do Porto (FEUP), Portugal;
Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho e
Engenheiro de Segurança do Trabalho pela Politécnica da
Rijeka – Croácia. Atualmente está realizando sua pesquisa
de pós-doutorado no Laboratório de Segurança e Higiene
do Trabalho (LSHT), na Escola Politécnica da Universidade
de Pernambuco (POLI/UPE), Recife, Brasil, ministrando
aulas na Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco
(POLI/UPE) sobre o Método Prisma da Revisão Sistemática
da Literatura para os estudantes de Mestrado de Pós-
Graduação em Engenharia Civil (PEC) como parte da
disciplina Metodologia do Ensino e Pesquisa Tecnológica (MEPT) e estudantes de
Especialização de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho (CEEST) como
parte da disciplina Metodologia da Pesquisa. Membro do Conselho Editorial da revista “The
International Journal of Occupational and Environmental Safety (IJOOES)”, membro do
Comitê Científico do Simpósio Internacional sobre Segurança e Higiene do Trabalho
(SHO), revisor da revista “Work” e “International Journal of Industrial Engineering: Theory,
Applications and Practice”, entre outras.

Profa. Dra. Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani


Pós-doutora em Engenharia Civil pela Universidade do
Minho, em cooperação com Israel Institute of Technology
– TECHNION: doutora em Engenharia Civil pela Uni-
versity of Pittsburgh, Pittsburgh, PA - USA (2000); mestre
em Engenharia Civil e Ambiental pela University of Pitts-
burgh - USA (1998); graduação em Engenharia Civil pela
Universidade Federal da Paraíba - UFPB (1996) e gradua-
ção em Engenharia Civil e Ambiental pela University of
Pittsburgh - USA (1995). Trabalhou como engenheira de
tráfego na companhia Midwest Research Institute (MRI)
fazendo parte da equipe de pesquisadores da área de segu-
rança de trânsito na cidade de Kansas City nos Estados
Unidos (2000-2002). Atuou como professora do Departamento de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Sergipe (2003-2005) e ingressou na UPE em 2006 como Professo-
ra Adjunta Nível III, tendo sido promovida à professora associada em 2011 e livre docente
em 2013. Assumiu a coordenação setorial de Pós-graduação da Escola Politécnica de Per-
nambuco (POLI) na gestão 2009-2010, a coordenação do Mestrado em Engenharia Civil
(PEC) da POLI/UPE, na gestão 2010-2011 e vice-liderança do grupo de pesquisa Ergono-
mia, Higiene e Segurança do Trabalho (2008-2011). Atuou como professora visitante do
Technion - Israel Institute of Technology (2011-2012) trabalhando com os professores Dr.
Aviad Shapira e Dr. Rafael Sacks no departamento de gestão da construção em projetos re-
lacionados à segurança nas obras e como pesquisadora visitante no Colorado State Univer-
sity - EUA (2013-2018). Atualmente é professora associada com título de livre docente da
Universidade de Pernambuco (com Dedicação Exclusiva desde 2006); professora perma-
nente do Mestrado em Engenharia Civil da UPE (desde 2007); lidera o grupo de pesquisa
Desenvolvimento Seguro e Sustentável - DESS cadastrado no CNPq (desde 2013), atuando
como representante dos Professores Associados no Conselho de Gestão Acadêmica da POLI
(CGA) e como Gerente da Divisão de Cultura da Escola Politécnica de Pernambuco (desde
2014). Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em segurança em transpor-
tes e segurança e higiene ocupacionais relacionadas com a construção civil sustentável.

Prof. Dr. Béda Barkokébas Junior


Doutor em Engenharia de Estradas, Canais e Portos pela
Universidade Politécnica da Catalunha, Barcelona, Espa-
nha (1994); Mestre em Ciências em Engenharia Civil
pela Universidade Federal da Paraíba (1990); Especialista
em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universi-
dade Federal de Pernambuco (1987); Especialista em Se-
gurança Integral pela Fundación Mapfre, Madri, Espanha
(1989); Especialista em Engenharia Municipal pela Uni-
versitat Politècnica de Catalunya, Barcelona, Espanha
(1992); e engenheiro civil pela Universidade de Pernam-
buco (UPE) (1984); Professor Associado da Universidade
de Pernambuco (UPE); e Professor Adjunto da Universi-
dade Católica de Pernambuco (UNICAP); Professor Permanente do Mestrado em Cons-
trução Civil da UPE; Líder do grupo de pesquisa em Ergonomia, Higiene e Segurança do
Trabalho e Coordenador do Laboratório de Segurança e Higiene do Trabalho (LSHT) da
UPE; Membro da Academia de Ciências de Pernambuco (APEC). Desenvolve pesquisas
nas áreas da segurança e gestão de segurança e saúde do trabalho, segurança e saúde na
construção, ergonomia, higiene ocupacional e riscos elétricos.
LISTA DOS AUTORES
Alberto Casado Lordsleem Jr.
Alexandre Duarte Gusmão
Allan Jayson Nunes de Melo
Ana Rosa Bezerra Martins
Béda Barkokébas Junior
Bianca M. Vasconcelos
Bruno de Sousa Teti
Camilla Lais Lima dos Santos
Cleyton Roberto Bezerra dos Santos
Eduardo José Melo Lins
Eliana Cristina Barreto Monteiro
Eliane Maria Gorga Lago
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Felipe Mendes da Cruz
Gercica Cristina Gomes de Macêdo
Jaime Joaquim Da Silva Pereira Cabral
Juliana Ferreira Bezerra Mocock
Julio Lopes da Silva
Lydia Marques Barreto
Michelli Tomaz Vasconcelos Fialho
Rafael Costa Manta
Simone Rosa da Silva
Stela Fucale Sukar
Tomi Zlatar
Wrias Elmom Firmino Lino
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

CAPITULO 1: UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS COMPENSATÓRIAS


NA DRENAGEM URBANA
Wrias Elmom Firmino Lino
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Tomi Zlatar
Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral

RESUMO
A urbanização promove alterações na dinâmica do ciclo hidrológico, a
exemplo da elevação do escoamento superficial, que prejudica o desempe-
nho do sistema de drenagem. Visando amortecer os efeitos do aumento do
escoamento superficial, o emprego de técnicas compensatórias na drena-
gem urbana pode contribuir para melhorar a sustentabilidade hidrológica
no processo de expansão urbana. Assim, esse trabalho teve como objetivo
realizar uma revisão sistemática a respeito do emprego de técnicas com-
pensatórias na redução dos impactos das águas pluviais. A metodologia
utilizada seguiu as diretrizes dos Itens de Relatório Preferidos para Revisões
Sistemáticas e Meta-análises (PRISMA). Foram selecionados artigos inde-
xados nos bancos Portal de Periódicos CAPES/MEC e Google Acadêmico
e, na busca, foram utilizadas como palavras-chave “drenagem urbana’’,
“sustentabilidade’’ e “técnicas compensatórias’’. Os filtros aplicados para a
seleção dos artigos foram “data de publicação’’, “classificar por relevância’’
e “revisado por pares’’. Foram identificados 4.376 resultados, e, após a apli-
cação dos critérios de seleção e elegibilidade, foram selecionados 6 artigos
para síntese qualitativa. A análise dos artigos avaliou diversos cenários, des-
de os cenários sem intervenção, ou seja, em condições de pré-urbanização,
até o uso de técnicas isoladas ou combinadas, Foi possível se verificar a
importância do uso de diferentes técnicas compensatórias no auxílio do
manejo sustentável das águas pluviais, que reduziram o escoamento super-
ficial a valores próximos de 22% ou, até mesmo, à erradicação do proble-
ma, nesse caso, quando empregadas em conjunto. Assim o emprego das

21
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

técnicas compensatórias se constitui uma importante medida mitigadora


do elevado escoamento superficial.

Palavras-chave: Águas pluviais. Sustentabilidade. Estruturas compensató-


rias.

22
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

1. INTRODUÇÃO
A urbanização das cidades brasileiras segue os padrões de drena-
gem tradicional, em que o aumento da urbanização acarreta a diminuição
da cobertura vegetal e o aumento de áreas impermeabilizadas. A preocu-
pação existente consiste em transportar a água das chuvas rapidamente
para longe dos grandes centros, o que reflete o aumento da velocidade e
quantidade do escoamento superficial. Esse modelo se baseia na ideia de
que uma boa drenagem é aquela, que possibilita um escoamento rápido
das águas da chuva através de cursos d’água, retirando-a do contato com o
meio urbano. Atualmente, esse conceito se mostra ineficiente e insuficien-
te, considerando que a melhor drenagem é aquela, que drena a água sem
produzir impactos no local ou a jusante do curso (TUCCI et al., 1995).
A drenagem urbana exerce um papel essencial dentro do planeja-
mento das cidades e das obras de infraestrutura (OLIVEIRA et al., 2016),
sendo responsável por amenizar os impactos das águas pluviais nas cidades,
portanto, necessária para o adequado desempenho do ciclo hidrológico no
meio urbano.
O aumento da impermeabilização causado pela retirada da cober-
tura vegetal original, aliado à canalização e à ocupação das planícies ribei-
rinhas, agravou as cheias naturais, aumentando o número de inundações
e a contaminação de mananciais superficiais e subterrâneos, diminuindo a
qualidade de vida da população (SILVA JUNIOR; SILVA, 2016).
Mediante as características de urbanização, é possível determinar o
coeficiente de run off (C). Áreas de edificação não muito densas, mas com
ruas asfaltadas, são representadas por valores de C entre 0,60 até 0,70,
enquanto que, em áreas densamente construídas de uma cidade com ruas
e calçadas pavimentadas, os valores podem variar de 0,70 a 0,95. Por outro
lado, áreas naturais ou até com estradas e passeios de pedregulho são repre-
sentadas por valores de C entre 0 a 0,30 (WILKEN, 1978).
Visando restaurar as condições de escoamento a níveis próximos do
existente antes da urbanização e contribuindo também com a diminuição
de impactos a jusante do curso d’água, as técnicas compensatórias se apre-
sentam como uma boa opção. Essas técnicas podem ser apontadas como
soluções urbanísticas, sendo apropriadas para o manejo de águas pluviais

23
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

em regiões urbanizadas, contribuindo com a redução dos impactos gerados


pelo aumento da impermeabilização sobre os hidrogramas de cheias (ROY
et al., 2008).
Um dos exemplos práticos da necessidade da restauração dos níveis
de escoamento encontra-se na cidade do Recife- PE, por meio da Lei do
Telhado Verde, que instituiu a obrigatoriedade de instalação de uma cober-
tura vegetal ou greenroof, como estrutura compensatória, instalada em lajes
ou até mesmo sobre telhados convencionais. Visa retardar o escoamento
das águas pluviais para a rede de drenagem, em edificações habitacionais
multifamiliares com mais de quatro pavimentos e não habitacionais com
mais de 400 m² (RECIFE, 2015).
Com a crescente urbanização observada nas últimas décadas, re-
lacionada ao aumento dos impactos ocasionados pelo elevado índice de
impermeabilização e incremento de inundações urbanas, esse trabalho
teve como objetivo investigar como o emprego de técnicas compensatórias
contribui na redução do volume excessivo de águas pluviais na drenagem
urbana, minimizando os impactos negativos causados pelo aumento das
áreas impermeabilizadas e melhorando a qualidade de vida nos ambientes
urbanos.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. Estratégia de pesquisa utilizada
Esse trabalho seguiu as diretrizes dos Itens de Relatório Preferidos
para Revisões Sistemáticas e Meta-análises - PRISMA (PRISMA, 2018).
Os artigos que serviram de base para esse estudo foram encontrados no
Portal de Periódicos CAPES/MEC (CAPES, 2018) e Google Acadêmico.
Na busca, foram utilizadas as seguintes palavras-chave “Drenagem urba-
na’’, “Sustentabilidade’’ e “Técnicas compensatórias’’, combinadas com os
seguintes operadores booleanos “AND’’ e “OR’’. Para refinar os resultados,
foram atribuídos filtros, como “Periódicos revisados por pares’’, “Data de
publicação’’ e “classificar por relevância’’.

24
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

2.2. Critérios de seleção


Foram incluídos artigos escritos nos idiomas inglês e português,
publicados entre os anos de 2014 a 2018 que levassem em consideração a
importância das técnicas compensatórias na drenagem urbana. Os artigos,
que não considerassem a relevância de tais técnicas aplicadas à drenagem
urbana como também os artigos que não comprovassem, por meio de
valores calculados, a diferença entre a drenagem sem intervenção e após
intervenção das técnicas compensatórias, foram rejeitados.

2.3. Análise dos estudos


Dentre os critérios analisados nos artigos selecionados, avaliaram-
-se as seguintes variáveis: área de estudo; coeficiente de runoff e parâmetros
que comprovaram a diferença entre a situação das áreas estudadas “antes’’
e “depois’’ da intervenção das técnicas compensatórias empregadas na dre-
nagem urbana.

2.4. Técnicas compensatórias


Nessa pesquisa, foram avaliadas diferentes técnicas compensatórias
que permitem diminuir os efeitos da urbanização, controlando, na fonte,
o elevado escoamento superficial decorrente da impermeabilização através
de infiltração e estruturas de armazenamento temporário das águas de chu-
va, evitando, portanto, a sua rápida transferência para jusante (RECESA,
2007).

2.4.1. Tipos de técnicas utilizadas no trabalho


a) Trincheira de infiltração: estruturas consideradas lineares, cujo
comprimento possui uma dimensão superior às de largura e
profundidade. Não existe um padrão de proporcionalidade
entre as dimensões da trincheira de infiltração. Podem ser usa-
das em diversas áreas para infiltração de água, integrando-se

25
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

facilmente ao espaço urbano, devido às diferentes propostas


de design. Essa técnica também contribui com a percolação da
água no solo, possibilitando a recarga das águas subterrâneas
e, ao mesmo tempo, a retenção de partículas poluentes decor-
rentes do escoamento superficial (DUCHENE; MCBEAN;
THOMSON, 1994).
b) Pavimento Permeável: estruturas, que possuem espaços livres,
permitindo que a água escoe por esses espaços e se infiltre no
solo, contribuindo com a qualidade da água infiltrada por con-
duzir menor quantidade de poluição difusa e possibilitando a
recarga das águas subterrâneas (FERGUSON, 2005). Existem
diversos tipos de revestimento para pavimentação permeável,
e a sua espessura para execução irá depender do uso específico
ao qual essa estrutura será submetida. Essas estruturas pos-
suem uma boa aplicação do ponto de vista do planejamento
urbanístico, podendo ser utilizadas em passeios, estaciona-
mentos, quadras esportivas e ruas de pouco tráfego, porém,
quando utilizadas em ruas de grande tráfego, esse pavimento
pode ser deformado e gradativamente colmatado, tornando-se
impermeável com o passar do tempo (BAPTISTA, 2011). Na
cidade do Recife, é bastante comum encontrar esses tipos de
estrutura em estacionamentos de empreendimentos, como se
apresenta nas Figuras 1 e 2.

Figura 1: Pavimento permeável, localizado no estacionamento da POLI-UPE.

Fonte: Autor.

26
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Figura 2: Pavimento de bloco de concreto vazado, localizado no


estacionamento de um supermercado em Recife-PE.

Fonte: Autor.

c) Sistema – Filtro, vala, trincheira: conjunto de técnicas uti-


lizadas por Gonçalves, Baptista e Ribeiro (2016). O filtro é
representado por uma faixa de grama, na qual a água escorrerá
até atingir a trincheira de infiltração e, posteriormente, a vala
de infiltração, como se indica na Figura 3.

Figura 3: Funcionamento esquemático do sistema FVT.

Fonte: G-Hidro (2016).

d) Jardim de chuva: além de contribuir com a redução da vazão


a jusante, de acordo com Li e Zhao (2008), esse tipo de jar-

27
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

dim é uma estrutura hidrológica funcional na paisagem, que


requer uma manutenção simplificada e de baixo investimento
que, por meio do sistema solo-planta-atmosfera e processos
de infiltração, retenção e adsorção, purifica e absorve as águas
pluviais de pequenas áreas, amortizando o volume escoado e
protegendo as águas subterrâneas.
e) Reservatório de detenção: estruturas normalmente construídas
represando um canal ou escavando o próprio solo, com o ob-
jetivo de capturar a água da chuva de forma temporária, libe-
rando essa água de forma lenta e controlada. Os reservatórios
podem ser construídos ou ser tanques naturais (MCCUEN,
1974). Além da função de controle do fluxo de água, essas
estruturas podem ser projetadas para locais com fins recreacio-
nais (GUO; ADAMS, 1999).

2.4.2. Classificação de técnicas compensatórias


f) Técnicas para controle na fonte: implantadas junto a parcelas
ou pequenos conjuntos de parcelas associadas à drenagem de
pequenas áreas, como valas e valetas, trincheiras e jardim de
chuva.
g) Técnicas para controle nos sistemas viário e de drenagem: são
empregadas junto aos sistemas de infraestrutura viária existen-
tes, como os pavimentos permeáveis.
h) Técnicas para controle centralizado: utilizadas junto a parcelas
ou conjuntos de parcelas associadas à drenagem de grandes
áreas, que são os casos de reservatórios de detenção e retenção.

3. RESULTADOS
Utilizando a estratégia de pesquisa da revisão sistemática PRISMA,
foram identificados, inicialmente, 4.376 artigos, conforme a Figura 4.
Entre esses, 416 artigos foram encontrados, utilizando-se o Portal de
Periódicos Capes e 3.960 e o Google Acadêmico, respectivamente. Dando

28
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

sequência, após a aplicação dos critérios de seleção “data de publicação’’,


“classificar por relevância’’, “revisado por pares’’, restaram 411 artigos, que
tinham possibilidade de serem incluídos ao trabalho. Entre os 411 artigos
selecionados, foram lidos os títulos e os resumos, de forma que apenas 24
foram considerados elegíveis para os critérios da pesquisa. Após uma aná-
lise minuciosa dos 24 artigos, 18 foram excluídos, restando 6 que foram
incluídos na síntese qualitativa, como se encontra apresentado na Figura 4.

Figura 4: Diagrama de fluxo da literatura pesquisada.

Fonte: Autor.

29
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Na Tabela 1, as variáveis dos estudos selecionados apresentam ca-


racterísticas das regiões estudadas, tais como áreas de estudo, coeficiente
de runoff, tendo, devido à impermeabilização crescente das áreas urbanas,
a maioria dos trabalhos apresentado um elevado valor de coeficiente de
escoamento superficial. A tabela, também, exibe valores iniciais ou valores
sem intervenções das técnicas compensatórias bem como a porcentagem
de redução das vazões ou volumes de alagamento após a intervenção das
técnicas compensatórias.

Tabela 1: Variáveis dos estudos encontrados antes e após a utilização de


técnicas compensatórias.
Variáveis antes das Porcentagem de redução das
intervenções das técnicas vazões e volumes após o uso das
compensatórias. técnicas compensatórias (%)
Área Coef. Reserv.
Vazão Vol. Trinch. Trinch. de
Nº Autor Área de estudo Total runoff 3 de
(m /s) (m3) de infiltração detenção
(ha) (C) detenção
Souza,
Empreendimento
Medeiros
1 imobiliário 25,13 0,70 1,59 - - - -
e Miranda
Fashion City Brasil
(2017)
Gonçalves,
Microbacia
Baptista
2 do campus da 4,50 0,35 0,62 - - - -
e Ribeiro
UFSCar, SP
(2016)
Silva Junior, Cruzamento: Av.
Silva e João de Barros
3 4,68 0,86 - 681 38 - -
Cabral x Rua Joaquim
(2017) Felipe, Recife, PE
Loteamento
Nunes et
4 residencial, bairro 1,81 0,80 0,44 - - 55 -
al. (2017)
da Freguesia, RJ
Sousa,
Morais e Córrego Cascavel
5 381,27 0,69 21 28.655,07 72 34 6
Almeida Goiânia, GO
(2015)
Miguez et Novo loteamento
6 35 0,64 6,87 - - - -
al. (2014) Guaratiba, RJ

Fonte: Autor.

30
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

4. DISCUSSÃO
Ao se analisar a Tabela 1, percebe-se que a maioria das áreas estu-
dadas possui o coeficiente de runoff acima de 0,60, indicando a presença
de áreas pavimentadas, com relevante densidade de habitações e passeios.
O valor C de 0,35 apresentado por Gonçalves, Baptista e Ribeiro (2016)
pode ser justificado por se tratar de uma área de estudo inserida em um
campus universitário, refletindo, possivelmente, uma área com bastante
superfície livre, ruas pavimentadas e poucas edificações em relação a sua
área total.
Ao investigar três diferentes cenários em um loteamento residen-
cial, sendo eles sem intervenção (1), implantação da trincheira de infiltra-
ção (2) e implantação da trincheira de infiltração e pavimento permeável
(3), Nunes et al. (2017) verificaram uma redução de 55% da vazão escoada
em relação ao cenário (1), levando-se em consideração somente a implan-
tação da trincheira de infiltração para o amortecimento do escoamento
superficial. Com relação ao cenário (3), houve uma redução de 93% em
comparação à vazão inicial.
Em um empreendimento imobiliário, Souza, Medeiros e Miranda
(2017) avaliaram apenas os cenários antes da intervenção e após a implan-
tação de trincheira de infiltração e pavimento permeável, identificando
uma redução de aproximadamente 22%, inferior ao resultado encontrado
por Nunes et al. (2017). Essa diferença de valores pode estar relacionada à
dimensão da área de pavimento permeável,utilizada entre os dois artigos,
já que Nunes et al. (2017) utilizaram a área de contribuição do pavimento
permeável correspondente à área dos telhados que não drenaram as águas
para a trincheira, sendo esse valor de aproximadamente 3.000 m². A área
de pavimento usada para o dimensionamento é igual a 2.800 m², ao passo
que Souza, Medeiros e Miranda (2017) utilizaram apenas cerca de 27% da
área total com essa técnica compensatória.
Segundo Canholi (2014), os sistemas compensatórios têm como
finalidade proporcionar novas possibilidades de correção para problemas
de inundação já existentes e também propor novas tecnologias para a im-
plantação de sistemas de drenagem em regiões a serem ainda desenvolvi-
das, fazendo com que seja uma boa opção para novos empreendimentos e

31
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

loteamentos. Dessa forma, podemos analisar o estudo feito por Miguez et


al. (2014), que compara 3 diferentes situações: a primeira considerou ape-
nas o sistema de drenagem convencional do novo loteamento; a segunda,
o uso de jardins de chuva espalhados nos lotes do loteamento, e a terceira
que avaliou o uso do pavimento permeável em determinados trechos do
loteamento.
De acordo com Miguez et al. (2014), foram avaliadas as vazões no
final de cada um dos cinco sistemas de rede de drenagem. Para esse artigo,
foi considerado o somatório das vazões nos cinco sistemas de drenagem do
loteamento para comparação das vazões, tendo sido obtido pelo sistema
tradicional o valor total da vazão de 6,87 m³/s. Entretanto, ao se adotar
o uso de jardins de chuva, reduziu-se a vazão total para 23% do valor
inicial. Utilizando-se o pavimento permeável, a vazão total reduziu 38%
do valor da drenagem convencional, mostrando a diminuição no total de
vazão descarregada na primeira situação. Se considerarmos o uso das duas
técnicas associadas, haveria uma redução de aproximadamente 61% com
relação ao sistema tradicional.
Silva Junior, Silva e Cabral (2017) e Sousa, Morais e Almeida
(2015) realizaram seus estudos nas metrópoles. Após um estudo sobre a
importância relativa de restrições à implantação e operação de técnicas
compensatórias de drenagem, Sousa, Morais e Almeida (2015) optaram
pelo uso das técnicas de bacia de detenção, jardim de chuva, trincheiras de
infiltração e de detenção, Antes, o volume de alagamento era de 28.655,07
m³ e, após o uso das técnicas combinadas, eles conseguiram reter até
32.374,22 m³, ou seja, mais que o necessário para a reversão total do
problema com alagamentos. Sendo o reservatório de detenção responsável
pela maior captação do volume de alagamento (72%), a segunda melhor
técnica do conjunto de estruturas compensatórias foi a trincheira de infil-
tração, captando 34% do volume de alagamento, seguido da trincheira de
detenção com 6% do volume retido e do jardim de chuva que para esse
estudo proporcionou apenas 0,83% da retenção total de água.
Silva Junior, Silva e Cabral (2017) utilizaram apenas uma técnica,
considerando sua área de estudo se encontrar dentro de um centro urba-
no, com pouca disponibilidade de espaço, tendo eles optado pelo uso do
reservatório de detenção que armazenou cerca de 38% do volume total a

32
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

ser retido. Em comparação ao estudo de Sousa, Morais e Almeida (2015),


Silva Junior, Silva e Cabral (2017) não obtiveram o mesmo êxito, o que
pode ser justificado pela falta de disponibilidade de espaço para aplicação
de mais técnicas, aplicadas em conjunto com o reservatório de detenção.
No entanto, segundo Silva Junior, Silva e Cabral (2017), a diminuição
de volume causada pelo uso do reservatório já apresentou um resultado
satisfatório em comparação ao aspecto inicial da sua área de estudo.
Reservatórios de detenção podem ter um caráter multifuncional,
agregando áreas verdes e de lazer e compondo projetos urbanísticos com
valorização da presença de água em espaço urbano, o que facilita a limpeza
e diminui o custo, pois os sedimentos e o lixo carreados pelas águas de
chuva acabam concentrados em um único ponto, fazendo com que sejam
ideais para grandes centros urbanos.
Gonçalves, Baptista e Ribeiro (2016) analisaram não só o aspecto
hidrológico mas também o urbanístico, verificando a eficácia das estrutu-
ras implantadas, assim como a contribuição para a paisagem e o sistema de
drenagem mediante a comparação da vazão de pico. Nesta, observou-se a
redução de valores de vazão de 58% em relação à vazão inicial após o uso
do sistema de filtro de grama, trincheira e vala de infiltração.
Analisando-se as técnicas de controle na fonte, verificou-se ter havido re-
duções de cerca de 0,83% até aproximadamente 55% da vazão inicial.
Entretanto, para medidas de controle no sistema viário atingiram-se redu-
ções de aproximadamente 38% dos valores iniciais de vazão. A técnica de
controle centralizado conseguiu reduzir o volume de alagamento em 38%
até 72% do volume de água inicial.
Com relação aos custos para implementação, operação e manuten-
ção de estruturas compensatórias, um estudo realizado pela RECESA em
2007 apresentou os seguintes valores apresentados na Tabela 2.

33
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 2: Custos para implementação, operação e manutenção de estruturas


compensatórias.

Custo para imple- Custo de operação e ma-


Estrutura Unidade Unidade
mentação (R$) nutenção (R$/ano)
Trincheiras m 94,73 m 30,69
Pav. de concreto
m² 47,01 m² 2,76
permeável
Pav. de asfalto
m² 34,47 m² 1,41
permeável
Pav. Bloco de
m² 62,41 m² 3,76
concreto vazado
Pav. Intertravado m² 20,90 m² 8,03
Pav. de alvenaria
m² 20,65 m² 5,14
poliédrica
Valas e valetas m 94,00 m 19,90
Jardim de chuva m³ 300,66 - -
Reserv. de deten.
m³ 51,46 ha + m³ 312,44 + 20,66
gramadas
Reserv. de deten.
m³ 63,52 ha + m³ 312,44 + 19,88
concreto
Reserv. de deten.
m³ 212,94 ha + m³ 294,84 + 34,41
enterradas

Fonte: Adaptado a partir de RECESA (2007).

Ficou observado que a decisão da técnica compensatória a ser uti-


lizada depende de fatores urbanísticos, sociais, econômicos e ambientais.
Para sua escolha, devem ser confrontados a tipologia da técnica e seus
princípios para funcionamento e manutenção. É preciso também verificar
a viabilidade de cada técnica para saber quais implicações podem limitar o
seu emprego (RIGHETTO, 2009).
Técnicas, como pavimento permeável e trincheira de infiltração,
se adaptam muito bem ao sistema viário, no entanto as valas de infiltra-
ção necessitam de um maior espaço do sistema viário, dificultando, assim,
seu implemento neste. Outro fator limitante pode ser a condutividade
hidráulica e a saturação no local de implantação, que podem comprometer
ou não a eficiência de técnicas que permitam a infiltração no solo, como
trincheiras, pavimento permeável e jardim de chuva.

34
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

5. CONCLUSÃO
O emprego de técnicas compensatórias como instrumento auxiliar
no manejo sustentável das águas pluviais mostrou-se eficaz na redução do
escoamento superficial em todos os casos analisados.
As técnicas compensatórias podem ser empregadas individualmen-
te ou em conjunto, entretanto seu aproveitamento pode ser limitado por
diversos fatores, como urbanísticos, sociais, econômicos e ambientais.
Com relação aos níveis de vazões de pico, verificou-se que estes
apresentaram reduções que variaram na proporção de 0,83% a 55% para
técnicas de controle na fonte; de 38% para técnicas de controle viário e de
38% a 72% na redução do volume de alagamento, no uso da técnica de
controle centralizado.
O emprego combinado das técnicas compensatórias possibilita mi-
tigar o escoamento superficial a níveis expressivos, resolvendo problemas
de alagamento de maneira econômica. Dessa forma, é recomendável que
a avaliação de outros tipos de sistemas e seus respectivos custos para sua
implantação sejam analisados.

REFERÊNCIAS
BAPTISTA, M.; NASCIMENTO, N.; BARRAUD, S. Técnicas Compen-
satórias em Drenagem Urbana. 2. ed. Porto Alegre: ABRH, 2011.

CANHOLI, A. P. Drenagem urbana e controle de enchentes. São Paulo:


Oficina de Textos, 2014.

CAPES - PORTAL DE PERIÓDICOS CAPES/MEC. Página institucio-


nal, 2018. Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br/>. Acesso
em: 26 maio 2018.

DUCHENE, M.; MCBEAN, E. A.; THOMSON, N. R. Modeling of In-


filtration From Trenches for Storm Water Control. Journal of Water Re-
sources Planning and Management, v. 120, n. 3, p. 276-293, 1994. DOI.
10.1061/(ASCE)0733-9496(1994)120:3(276).

35
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

FERGUSON, B. K. Porous Pavements. Integrative Studies in Water Ma-


nagement and Land Development. Florida, 2005.

G-HIDRO – Sistemas Hídricos Urbanos. Grupo de Pesquisa, 2016. Dis-


ponível em: <http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/8736056081026570>.
Acesso em: 24 ago. 2018.

GONÇALVES, L.M.; BAPTISTA, L. F. S.; RIBEIRO, R. A. O uso de téc-


nicas compensatórias de drenagem para controle dos impactos da urbaniza-
ção. Fórum Ambiental da Alta Paulista, v. 12, p. 92-106, 2016.

GUO Y.; ADAMS B. J. An analytical probabilistic approach to sizing flood


control detention facilities. Water Resources Research, v. 35, n. 8, p.
2457-2468, 1999. DOI. 10.1029/1999WR900125.

LI, J. Q.; ZHAO, W. W. Design and Hydrologic Estimation Method of


Multi-Purpose Rain Garden: Beijing case study. In: INTERNATIONAL
LOW IMPACT DEVELOPMENT CONFERENCE, Seattle, 2008.Pro-
ceedings… Seattle, 2008. DOI. 10.1061/41009(333)67.

MCCUEN, R.H. A regional approach to urban storm water detention. Geo-


phys. Res. Lett. v. 1, p. 321–332, 1974. DOI. 10.1029/GL001i007p00321.

MIGUEZ, M.G.; BAHIENSE, J.M.; REZENDE, O. M.; VERÓL, A. P.


Sustainable urban drainage approach, focusing on lid techniques, applied to
the design of new housing subdivisions in the context of a growing city. In-
ternational Journal of Sustainable Development and Planning (Online),
v. 9, p. 538-552, 2014. DOI. 10.2495/SDP-V9-N4-538-552.

NUNES, D. M.; ALVAREZ, M.G.L.; OHNUMA JR, A. A.; PIMENTEL


DA SILVA, L. Aplicação de técnicas compensatórias no controle dos escoa-
mentos superficiais: estudo de caso em loteamento residencial em Jacarepa-
guá, Rio de Janeiro. Revista internacional de ciências, v. 7, p. 3-21, 2017.
DOI. 10.12957/ric.2017.21887.

36
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

OLIVEIRA, A. P.; BARBASSA, A. P.; GONÇALVES, L. M. Aplicação de


técnicas compensatórias de drenagem na requalificação de áreas verdes urba-
nas em Guarulhos, SP. Periódico Técnico e Científico Cidades Verdes, v.
04, n. 09, p. 87-101, 2016. DOI. 10.17271/231786044920161385.

PRISMA - PRINCIPAIS ITENS PARA RELATAR REVISÕES SIS-


TEMÁTICAS E META-ANÁLISES: A RECOMENDAÇÃO PRIS-
MA. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 24, n. 2, p. 335-342, 2015.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S2237-96222015000200335&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26 maio
2018.

RECESA – Rede Nacional de Extensão e Capacitação Tecnológica em Sa-


neamento Ambiental. Águas Pluviais: técnicas compensatórias para o con-
trole de cheias urbanas: guia do profissional em treinamento – nível 2 e 3.
Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Belo
Horizonte, 2007. 52p.

RECIFE. Decreto - lei nº 18.112, de 12 de janeiro de 2015. Legisla-


ção Municipal de Recife/PE. Disponível em: <https://leismunicipais.
com.br/a1/pe/r/recife/lei-ordinaria/2015/1812/18112/lei-ordinaria-n-
-18112-2015-dispoe%20%20sobre-a-melhoria-da-qualidade-ambiental-
-das-edificacoes-por-meio-da-obrigatoriedade-de-instalacao-do-telhado-ver-
de-e-construcao-de-reservatorios-de-acumulo-ou-de-retardo-doescoamen-
to-das-aguas-pluviais-para-a-rede-de-drenagem-e-da-outras-providencias >.
Acesso em: 10 ago. 2018.

RIGHETTO, A.M. Manejo de Águas Pluviais Urbanas. Projeto PRO-


SAB. Rio de Janeiro: ABES, 2009.

ROY, A. H.; WENGER, S. J.; FLETCHER, T. D.; WALSH, C. J.; LAD-


SON, A. R.; SHUSTER, W. D.; THURSTON, H. W.; BROWN, R. R.
Impediments and solutions to sustainable, watershed-scale urban storm-
water management: lessons from Australia and the United States. Envi-
ronmental management, n. 42, n. 2, p. 344-359, 2008. DOI. 10.1007/
s00267-008-9119-1.

37
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

SILVA JUNIOR, M. A. B.; SILVA, S. R. Impacts of urbanization and climate


change in the drainage system of Recife-PE. Revista Brasileira de Geogra-
fia Física, v. 9, p. 2034-2053, 2016. DOI. 10.5935/1984-2295.20160143.

SILVA JUNIOR, M. A. B.; SILVA, S. R.; CABRAL, J. J. S. P. Compensa-


tory alternatives for flooding control in urban areas with tidal influence in
Recife - PE. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 22, p. 19, 2017.
DOI. 10.1590/2318-0331.011716040.

SOLUÇÕES PARA CIDADES. Projeto técnico: Reservatórios de deten-


ção. Disponível em: <http://www.solucoesparacidades.com.br/wp-content/
uploads/2013/09/AF_Reservatorios%20Deten_web.pdf> Acesso em: 19
jun. 2018.

SOUSA, C. S.; MORAIS, L. R.; ALMEIDA, F. Estudo sobre técnicas com-


pensatórias de drenagem urbana: um estudo de caso na revitalização do cór-
rego cascavel. Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 3, p.
111-134, 2015. DOI. 10.17271/2318847231920151049.

SOUZA, F. M.; MEDEIROS, C. L. R.; MIRANDA, D. A. Proposição de


Técnicas Compensatórias como alternativa para controle das águas escoadas
no empreendimento Fashion City (Pedro Leopoldo/MG). Revista Petra, v.
3, n. 2, p. 121-141, 2017.

TUCCI, C. E. M., PORTO, R. L. e BARROS, M. T. (Orgs.), 1995. Dre-


nagem Urbana. Porto Alegre: Editora da Universidade (UFRGS) e ABRH
Associação Brasileira de Recursos Hídricos. v. 1. 428 p.

WILKEN, P.S. Engenharia de drenagem superficial. 1. ed. São Paulo: CE-


TESB, 1978.

38
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

CAPITULO 2: APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA EM


EDIFICAÇÕES: UMA REVISÃO

Allan Jayson Nunes de Melo


Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Tomi Zlatar
Simone Rosa da Silva

RESUMO
O objetivo desse estudo é levantar, mediante as literaturas existentes, o
cenário a respeito do aproveitamento de água pluvial em edificações, levan-
do em consideração os tipos de utilização e a qualidade da água de chuva
captada em reservatório. A metodologia adotada se baseou na realização
de levantamentos bibliográficos, utilizando-se o PRISMA (Principais Itens
para Relatar Revisões Sistemáticas e Meta-análises), buscando melhorar
o relato das revisões. Foram identificados, na base de dados do portal de
periódicos da CAPES, artigos publicados entre 2014 e 2018. Os termos
utilizados foram “aproveitamento de água” e “use of rainwater”. Após a
leitura dos resumos de todos os artigos identificados, foram selecionados
31 referentes ao tema, dos quais 12 foram analisados na revisão. Também
se realizou a comparação dos parâmetros de qualidade da água de chuva
com os valores definidos na Portaria n° 2914/2011 do Ministério da Saúde
(Brasil) e na NBR 15527:2007. O resultado apresentou como maior pon-
to consumidor não potável a rega/irrigação, seguido de lavagem de roupa
e descarga, mostrando que, em 41,66% dos estudos revisados, a água é
utilizada de forma potável pelos usuários. A comparação dos parâmetros
de qualidade da água mostrou que os padrões bioquímicos encontrados
por um dos estudos atendeu aos parâmetros de potabilidade da Portaria
n°2914/2011 e que outros dois apresentaram resultados satisfatórios para
o uso não potável de acordo com a NBR 15527/2007.

Palavras-chave: Água da chuva, Uso da água, Qualidade da água.

39
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

1. INTRODUÇÃO
A água no planeta se constitui um dos recursos mais importantes,
considerando ser imprescindível para a conservação da vida. Ainda que se
constitua um recurso renovável, em diversos lugares do mundo, a obtenção
de uma água que apresente qualidade para seus diversos usos é cada dia
mais escassa.
No presente cenário mundial, a urbanização, o crescimento desor-
denado das cidades, as mudanças climáticas, o uso não consciente da água
e a carência de uma gestão hídrica apropriada são alguns fatores, que con-
tribuem para o agravamento da crise hídrica que impacta diversas regiões.
Desse modo, tornam-se urgentes as alternativas que visem à conservação
e redução de desperdícios, tendo em vista a escassez desse recurso e a difi-
culdade de se encontrarem novas reservas (MOURA, SILVA e BARROS,
2018, p. 66).
O incremento de estratégias para o uso racional da água nas edi-
ficações busca contribuir para a conservação desse recurso, e os Sistemas
de aproveitamento de água pluvial (SAAP) estão gradativamente sendo
utilizados nas edificações para suprir a escassez hídrica local. Segundo
Fernandes, Medeiros Neto e Mattos (2007, p. 5), a captação de água da
chuva, além de contribuir para o uso racional da água, minimiza o impac-
to das precipitações pluviais em regiões de maior impermeabilização dos
solos.
Para se avaliar a viabilidade do aproveitamento da água da chuva
como uma alternativa nas edificações, faz-se necessário analisar diversos
parâmetros, como sazonalidade, volume de chuvas, usos da água a serem
atendidos por água da chuva e qualidade da água da chuva.
Os parâmetros de qualidade da água da chuva nos pontos consumi-
dores exercem uma função de extrema relevância, auxiliando na adequação
de acordo com o uso desejado. Na Figura 5, Teixeira et al. (2016, p. 641)
apresentaram parâmetros físico-químicos da água para alguns padrões de
uso com base no estudo realizado por Oenning e Pawlowsky (2007, p.
307).

40
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Figura 5: Parâmetros físico-químicos e microbiológicos mínimos para


utilização de água.

Fonte: Teixeira et al. (2016)

Em lugares onde existe uma escassez hídrica, o consumo da água


de chuva é algo comum. A Portaria n° 2914 / 2011 do Ministério da
Saúde descreve no Art. 4º que toda água destinada ao consumo humano
proveniente de solução alternativa individual de abastecimento de água,
independentemente da forma de acesso da população, está sujeita à vigi-
lância da qualidade da água.
No Brasil, os parâmetros da qualidade para fins não potáveis
estão descritos na NBR 15527:2007 denominada: Água de chuva –
Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis
– Requisitos, que, mesmo apresentando valores para os indicadores de
coliformes, cloro, turbidez, cor e pH (usos restritivos), deixa a critério dos
projetistas o padrão de qualidade de acordo com a utilização prevista.
Nesse contexto, esse estudo tem como objetivo indicar os diversos
usos da água de chuva nas edificações e analisar os padrões de qualidade
de água de chuva apresentados pelos estudos realizados nessa área, além de
comparar com os limites de classificação de potabilidade apresentados pelo
Ministério da Saúde no Brasil.

41
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

2. METODOLOGIA
O trabalho foi realizado a partir de uma revisão da literatura de arti-
gos disponíveis no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior – CAPES através da metodologia Preferred
Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses – PRISMA.
Segundo Brasil (2012, p; 51), a metodologia PRISMA é uma diretriz, que
objetiva ajudar autores a melhorarem a qualidade do relato dos dados das
pesquisas e Metanálises como também orientar na avaliação crítica de uma
revisão e de uma metanálise de trabalhos já publicados.
A busca foi realizada no campo “por assunto”, e as palavras-chaves
empregadas foram o termo “use of rainwater” em inglês, que corresponde
em português a “uso da água da chuva” e o termo “aproveitamento de
água”.
Artigos publicados nos últimos 4 anos (de 2014 a 2018) foram se-
lecionados para avaliação nesse artigo, e, como critérios de exclusão, foram
adotados: artigos publicados antes de 2014, não avaliados por pares, que
não sejam em inglês, tópicos que não seja “Rainwater” e outros idiomas
que não sejam inglês, português e espanhol.
Mediante a revisão bibliográfica, procedeu-se a um levantamento
dos tipos de utilização da água pluvial e a uma comparação das análises
de qualidade da água de chuva com os parâmetros vigentes apresentados
pelo Ministério da Saúde (Brasil), sendo esses pontos os parâmetros de
aceitação e inclusão nesse trabalho.

3. RESULTADOS
O produto das buscas com a utilização dos termos “use of rainwater
e aproveitamento de água” encontraram 42.702 artigos. Com a aplicação
dos filtros correspondentes aos artigos não revisados por pares, publicação
anterior a 2014, Idiomas que não sejam em inglês, português e espanhol, e
tópicos não relacionados à “Rainwater”, resultou no saldo de 781 artigos.
Após a realização da leitura dos títulos, foi observado que alguns deles
abordavam assuntos de outros campos de pesquisa, não correlatos ao uso

42
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

da água em edificações, tendo, assim, 750 artigos não atendido aos crité-
rios definidos. Após a leitura dos resumos dos artigos, foram descartados
aqueles que não atendiam ao propósito do trabalho, resultando no total
de 31 artigos. Posteriormente foram lidos integralmente e selecionados 12
que veremos na tabela 3 na página seguinte. Esses artigos apresentaram dis-
cussões sobre o uso da água de chuva e sua qualidade, tendo sido incluídos
nessa revisão. Abaixo, estão apresentadas na Figura 6 as etapas realizadas
para a seleção dos trabalhos.

Figura 6: Etapas de seleção de trabalhos elegíveis.

Fonte: Autores

43
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Na tabela 3, está representada uma síntese com os doze estudos


selecionados envolvendo o aproveitamento da água de chuva desenvolvido
em oito países.

Tabela 3: Resumo dos parâmetros e resultados por estudo

N° REFERÊNCIAS ANO PAÍS FOCO DA PESQUISA

Verificação de disponibilidade de chuva para


1 Gollin, Souza e Silva. 2016 Brasil atendimento a Programa Um Milhão de Cister-
nas.
Gastos energéticos nos sistemas de aproveita-
2 Siems e Sahin. 2015 Austrália
mento de água de chuva
Análise da qualidade da água e métodos de
3 Teixeira et al. 2016 Brasil
dimensionamento de reservatório

4 Pinheiro e Araujo. 2016 Brasil Análise da qualidade da água

Análise da qualidade da água e métodos de


5 Amaral et al. 2017 Brasil
dimensionamento de reservatório
Biswas, Mandal e
6 2014 Bangladesh Análise da qualidade da água
Millet.

7 Man et al. 2014 Índia Análise da qualidade da água

8 Celik et al. 2017 Palestina Análise da qualidade da água

9 Ocaña et al. 2017 Colômbia Viabilidade financeira do SAAP

10 Farbotko et al. 2014 Austrália Análise da gestão da água e legislação do SAAP

11 Temesgem et al. 2016 Etiópia Análise da gestão da água e legislação do SAAP

12 Donouhe et al. 2017 EUA Uso da água e Análise da qualidade

Fonte: Autores

Gollin, Souza e Silva (2016) realizaram simulações com programa


computacional para avaliar se a disponibilidade de água da chuva no se-
miárido do Brasil seria suficiente para atender o Programa Um Milhão de
Cisternas (P1MC), tendo sido estudado um volume fixo de 16000 litros

44
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

por família, nos períodos de seca. A simulação mostrou que o modelo


computacional aplicado apresenta algumas vantagens, como a liberdade
de se alterarem os parâmetros do coeficiente run-off, volume da cisterna,
área de capitação e regras de consumo, para que os resultados possam ser
adaptados às circunstâncias locais. A análise da área de estudo mostrou que
os SAAP’s fornecem uma autonomia suficiente para suprir as demandas
locais dentro dos cenários estudados.
O estudo de Biswas, Mandal e Millet (2014) verificou os parâme-
tros quantitativo e qualitativo do aproveitamento de água da chuva em
uma aldeia na cidade de Krulna em Bangladesh. Constatou que a quanti-
dade de água coletada e armazenada pode ser utilizada não só nos períodos
chuvosos mas em todo o período de seca, na região. Foi realizada a análise
química da água, dos indicadores de: pH, turbidez, sólidos dissolvidos,
dureza total, cloreto, ferro, nitrato e alcalinidade. Chegou-se à conclusão
de que a água da chuva é extremamente limpa e segura para o ambiente
rural estudado, atendendo boa parte dos critérios de potabilidade local e
da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Celik et al. (2017) realizaram sua pesquisa nos SAAP’S, na cida-
de de Yatta, Palestina, com uma análise dos indicadores de qualidade da
água semelhantes aos utilizados por Biswas et al. na cidade de Krulna.
Além disso, outros resultados foram encontrados, evidenciando que a água
da chuva não atende aos padrões de água potável aceitáveis ​pelos órgãos
reguladores locais e pela OMS. Apesar desse resultado, a água continua
sendo utilizada para fins potáveis por cerca de 94,5% das 382 residências
pesquisadas.
Siems e Sahin (2015) estudaram a intensidade dos gastos energéti-
cos nos SAAP, em 19 edificações na Austrália, tendo analisado o consumo
de água não potável versus o consumo energético do sistema. Os resultados
obtidos mostraram que, para a utilização de 32% da água em vasos sanitá-
rios, o sistema moto-bomba consome 42% do total energético do sistema;
o uso para rega de jardins consome 21% de água com um gasto energético
de 28%, enquanto as atividades de lavanderia consomem 37% de água
pluvial , com a demanda de 40% de energia.
O trabalho de Ocanã et al. (2017) apresentou uma avaliação de
viabilidade financeira para o SAAP, utilizando como estudo de caso uma

45
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

edificação com um elevado consumo de água na região metropolitana de


Bucaramanga, Colômbia. Os resultados foram satisfatórios para a insta-
lação do sistema que apresentou uma economia de água potável de 44%,
representando um volume de 131 m³/ano. O cálculo de viabilidade de-
monstrou um tempo retorno estimado para o investimento de 23 anos.
A abordagem de Farbotko et al. (2014) discutiu as políticas exis-
tentes para a gestão de água no Estado de Queensland, Austrália, especifi-
camente para a percepção social sobre as legislações do aproveitamento de
água de chuva. O estudo mostrou que as famílias não consideram a água
de chuva um recurso comum a ser compartilhado de forma equitativa, mas
como um bem escasso, em que legislação de considerações de ordem social
deve dominar. Existe uma estimativa de que cerca de 200.000 tanques de
águas pluviais, com capacidade de 5000 litros foram instalados em domi-
cílios urbanos no Sudeste de Queensland, entre julho de 2006 e dezembro
de 2008, sendo destes, 60.000 em novas edificações.
O estudo de Donehue et al. (2017) baseou-se em entrevistas reali-
zadas em algumas comunidades do Havaí, EUA. Foram aplicados questio-
nários a um número de 110 pessoas que utilizam o SAAP em suas habita-
ções. As respostas revelaram que cerca de 48% utiliza a água de chuva para
fins potáveis, e 85% como água potável e para uso doméstico, incluindo o
banho. Os tratamentos mais comuns utilizados são a filtragem fina (61%),
lixívia de cloro (52%), tampas do tanque (52%) e luz UV “filtro” (49%),
porém 45% relataram nunca ter realizado qualquer teste tanto biológico
como químico na água.
Uma abordagem das políticas em relação ao uso da água e da im-
plementação SAAP em Astu, Etiópia, foi discutida por Temesgem et al.
(2016), revelando que os últimos relatórios nacionais das políticas públicas
voltadas para a gestão de recursos hídricos indicaram que as falhas na im-
plementação dos SAAP’s trouxeram uma imagem negativa para o sistema.
O resultado dos levantamentos, que incluiu entrevistas com profíssionais
técnicos e especialistas nas áreas de engenharia, revelou grandes obstáculos,
tais como definições fracas e pouco claras de políticas públicas, ausência de
projetos técnicos sustentáveis, baixa aceitação social sobre os sistemas de-
vido às experiências negativas anteriores e à falta de conhecimento técnico

46
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

adequado entre os profissionais locais para avaliar e implementar o sistema


de forma viável e segura.
O trabalho de Man et al. (2014) expôs as características físico-quí-
micas e biológicas da água da chuva armazenada em tanques de concreto
armado para uso doméstico. As amostras foram coletadas em áreas urbanas
e rurais dos distritos Kottayam, Alappuzha, e Eranakulam de Kerala na
Índia. Os valores médios dos diferentes parâmetros físico-químicos da água
revelaram que todos os critérios analisados foram atendidos, exceto os níveis
de pH, conforme os indicadores da legislação local, sendo também compa-
tíveis com as diretrizes de qualidade da água potável dentro da qualidade
química estabelecida pela OMS para beber, exceto para os níveis de pH.

4. DISCUSSÃO
4.1 Utilização da água de chuva
A água proveniente da captação da chuva tem sua motivação ba-
seada nas necessidades devido ao aspecto da escassez local. Os pontos con-
sumidores desse recurso possuem o perfil para dois tipos de uso, o potável e
o não potável. Em áreas urbanas, onde existem sistemas de abastecimento,
em geral a água de chuva, quando utilizada, é para fins não potáveis. No
entanto, em regiões que possuem uma crítica disponibilidade de água,
como no caso do semiárido brasileiro, utilizar a água da chuva de forma
potável torna-se imprescindível à sobrevivência.
De acordo com a norma brasileira NBR 15527 (ABNT, 2007), a
água de chuva, após submetida a tratamento, pode ser utilizada para des-
cargas em bacias sanitárias, irrigação de gramados e plantas ornamentais,
lavagem de veículos, limpeza de calçadas e ruas, limpeza de pátios, espelhos
d’água e usos industriais. Ainda pode ser usada para lavagem de roupa,
banho e outros. São apresentados na Tabela 4 os pontos consumidores
para o uso não potável, observados nos estudos que exibem outros tipos de
consumo para a água.

47
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 4: Uso não potável da água de chuva por referência

USO POTÁVEL USO NÃO POTÁVEL

N° Desseden-
Cozi- Preparo de Lavagem Descar- Rega em
Beber Banho tação de Outros
nhar alimentos de roupa ga geral
animal
1 X X              
2       X X   X    
3         X   X   X
4             X    
5             X    
6 X X X            
7 X                
8 X     X     X X  
9                  
10       X X   X    
11             X    
12 X         X X X  

Fonte: Autores

A rega de jardim/irrigação apresentou-se como o maior ponto con-


sumidor, sendo relatados em todos os estudos. Quatro autores mencionaram
o uso da água de chuva para lavagem de roupa, no entanto, segundo Tomaz
(2011), tal uso não é recomendado devido à possível presença de microrga-
nismos prejudiciais à saúde humana, como o protozoário Crypstosporidium.
Desse modo, além de sistemas de filtragem requeridos pela NBR 15527,
seria necessária a realização de tratamento microbiológico.
Alguns pontos definidos como torneira, sem a identificação de um
uso específico para a água, foram considerados neste estudo como “outros”.
O uso da água de forma potável não admite a presença de coliformes fecais
de acordo com a legislação brasileira, salvo algumas exceções que podem
ser definidas pelo projetista. De acordo com Oenning e Pawlowsky (2007),
em seu estudo realizado em uma indústria no Brasil, existiu uma concen-
tração de coliformes fecais de até 1000 NMP (Número mais provável de

48
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

coliformes) por amostra de 100 ml de água para o uso em descarga de vaso


sanitário e ausente para irrigação.
Ainda que as normas existentes sejam direcionadas para o uso não
potável, a utilização da água de chuva de forma potável é uma realidade em
diversas partes do mundo. No Brasil, uma forma de amenizar os problemas
nas regiões semiáridas do país foi a parceria firmada entre o governo federal
e estadual para subsidiar a construção de cisternas visando à armazena-
gem de água pluvial desde 2003, denominado Programa Um Milhão de
Cisternas (P1MC) (GOLLIN, 2016). Nele, a água é utilizada de forma
potável pelas famílias, considerando a grande escassez hídrica da região.
Mesmo sendo apresentados os usos (beber, cozinhar e preparo de alimen-
tos) de forma desassociada, eles possuem caráter semelhante quando para
a ingestão humana.
No Havaí – EUA, a captação da água de chuva não é regularizada,
sendo o sistema de responsabilidade exclusiva do usuário. Mesmo utilizan-
do de forma potável esse recurso, aproximadamente 50% dos entrevistados
não realizavam nenhum teste na água, sendo consumida sem nenhuma
restrição (DONOUHE et. al, 2016)
Na Austrália, na região Queensland, o Governo possui programas
para instalação de reservatórios de água pluvial para uso não potável nas re-
sidências, com regulamentos de saúde pública no intuito de desencorajar
a população a utilizá-la nas atividades que proporcionem a ingestão, como
beber, cozinhar e banho (FARBOTKO et al. 2014).

4.2 Análise da qualidade da água de chuva
A realização de ensaios da qualidade da água proveniente da chuva
foi verificada em seis estudos que apresentaram particularidades entre suas
metodologias. Os estudos de Biswas, Mandal e Millet (2014), Celik et al.
(2017), Teixeira et al. (2014), Amaral et al. (2017) e Hatha et al. (2014)
realizaram sua coleta das amostras diretamente do reservatório, encami-
nhando-as para análise, entre o período de 24 a 72 horas. No entanto,
Pinheiro e Araújo (2016) elaboraram um dispositivo para a coleta do first

49
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

flush (escoamento inicial) da chuva, sendo analisados os primeiros escoa-


mentos para 1, 2, 3, 4 e 5 mm.
Os parâmetros de potabilidade de água no Brasil estão estabeleci-
dos pela Portaria n° 2914/2011 do Ministério de Saúde. De acordo com
os limites admissíveis determinados pela diretriz brasileira, na tabela 5, é
apresentada uma comparação dos resultados encontrados nos estudos para
os parâmetros químicos e biológicos.

Tabela 5: Comparação dos parâmetros de potabilidade, conforme Portaria


2914/2011 e os resultados encontrados por estudo
Limites Referências
Desvio-
Parâmetros admissíveis Média
[3] [4] [5] [6] [7] [8] Padrão
(máximo)
Condutividade
ND 100 74,2 76 12 0,18   52,48 39,13
(μs/cm)
STD (mg/L) 1000 27,8 36,8 41 10 88 202 67,60 64,60
pH 6,0 - 9,5 6,1 7,2 7,2 6,67 8,51 7,3 7,16 0,73
Cloreto (mg/L) 250  - 0,1 9,1 6,5 15,62 41,6 14,58 14,40
Cor (uH) 15  - 8,2 1  -  -  - 4,60 3,60
Turbidez (uT) 5 1,8 3,6 3 1 0,5 2,78 2,11 1,11
Alcalinidade
ND  - 33,3 73 50 55,63 185 79,39 54,31
(mgCaCo3/ L)
Ausen-
E.coli Ausente Presente Ausente   Presente   -   -
te

Fonte: Autores

A Portaria n° 2914/2011 não apresenta os limites aceitáveis para


condutividade e alcalinidade. Assim, os valores encontrados pelos estudos
foram considerados como dentro do padrão. Todos os estudos atende-
ram os valores de referência para Sólidos Totais Dissolvidos (STD), PH,
Turbidez e Cloreto, valendo salientar que Teixeira et al. (2014) não apre-
sentaram valores para o indicador de cloreto. Apenas Teixeira et al. (2014)
e Pinheiro e Araújo (2016) apontaram valores para o indicador de cor da
água e obtiveram resultados dentro dos parâmetros.
Na análise biológica, Pinheiro e Araujo (2016) e Hatha et al. (2014)
observaram a presença de coliformes fecais (E.coli), o que não atenderia o

50
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

critério de potabilidade. Por outro lado, Teixeira et al. (2014) e Amaral et


al.(2017) obtiveram a ausência ou uma quantidade desprezível em seus
resultados.
De acordo com os parâmetros estabelecidos pela NBR 15527:2007,
os resultados encontrados por Amaral et al. (2017) e Teixeira et al. (2014)
satisfariam os parâmetros de utilização não potável aos postos apresentados
pelos autores, inclusive todos os usos citados pela NBR15527. Amaral
et al. (2017) obtiveram um resultado dentro dos limites admissíveis pela
Portaria n° 2914/2011 para uso de forma potável.
É necessário salientar que qualquer análise realizada para fins potáveis e
não potáveis possui uma periodicidade a ser cumprida, e diversos fatores
contribuem para a mudança dessas características.

5. CONCLUSÃO
Com esse trabalho, observaram-se, mediante uma revisão sistemá-
tica, os tipos de utilização habituais para a água de chuva nas edificações,
apresentados por diversos autores. Foi percebido que essa água é utilizada
amplamente, de forma não potável, para lavagem de roupa, vaso sanitário,
rega de jardim, entre outros. Em locais que apresentam escassez de água,
como no semiárido do Brasil, o uso de forma potável para beber, cozinhar
e preparar alimentos é comum. Observaram-se análises da qualidade da
água de chuva em diversos países que possuem legislações próprias, po-
rém embasadas nos Parâmetros da OMS. Os resultados observados foram
comparados com a norma NBR 15527:2007 referente à água de chuva e a
Portaria n° 2914/2011 do Ministério da Saúde, que apresenta os padrões
de potabilidade.
Conforme vimos, os resultados apresentados por Amaral et al.
atenderam os critérios de potabilidade presentes na Portaria n° 2914/2011.
Os resultados para condutividade, STD, pH, cloreto, cor, turbidez e alca-
linidade presentes no estudo de Pinheiro et al. estavam dentro do limite
máximo aceitável, mas a presença de coliformes desconfigura a água de
chuva para o consumo humano. Os demais trabalhos não apresentaram

51
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

alguns parâmetros, como condutividade, cor e alcalinidade, o que limita a


possibilidade de uma determinação quanto ao uso.
Salienta-se a necessidade da realização de estudos mais detalhados
sobre o uso e a qualidade da água de chuva. A quantidade de estudos
utilizados para a análise desse trabalho foram 12, elaborados em diversos
países, tornando os resultados mais genéricos. Como perspectiva futura,
estudos regionais sobre o comportamento de uso e qualidade da água plu-
vial poderiam ser realizados para enriquecer o conhecimento sobre a área,
já que a água de chuva é largamente utilizada em diversas atividades nas
edificações como fonte alternativa e, muitas vezes, como principal fonte.

REFERÊNCIAS
AMARAL X. S. A.; DANTAS C. V. C.; FELIPE NETO  C. A. L.; ANDRA-
DE NETO C. O.; ARAÚJO A. L. C. Aproveitamento de Água de Chuva
em unidades Educacionais do Rio Grande do Norte, Brasil. Journal of
Social, V.6(3), 2017, p.45-63.

BISWAS, B. K.; MANDAL, B. H.; MILLET, M. Construction and


evaluation of  rainwater  harvesting system for domestic  use  in a remote
and rural area of khulna, Bangladesh. International Scholarly Resear-
ch Notices. 2014.Disponível em: <https://www.hindawi.com/journals/
isrn/2014/751952/>. Acesso em: 11 Jul. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde, Portaria nº 2914. Brasília, DF, 2011. Dis-


ponível em: <http://site.sabesp.com.br/uploads/file/asabesp_doctos/kit_
arsesp_portaria2914.pdf>. Acesso em: 18 Jun. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde, Diretrizes Metodológicas: elaboração de


revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados. Brasília,
DF, 2012.

CELIK, I.; TAMIMI, L.; AL-KHATIB, I.; APUL, D. Management of rain-


water harvesting and its impact on the health of people in the Middle East:
case study from Yatta town, Palestine. Environmental Monitoring and
Assessment, v. 189, 2017, p.1-12.

52
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

DONOHUE, M. J.; MACOMBER, P. S. H.; OKIMOTO, D.; LER-


NER, D. T. Survey of Rainwater Catchment Use and Practices on Hawaii
Island. Journal of Contemporary Water Research & Education, v. 161,
2017, p.33-47.

DOSS-GOLLIN, J.; FILHO, F. A. S.; SILVA, F. O. Analytic Modeling of


Rainwater Harvesting in the Brazilian Semiarid Northeast. Journal of the
American Water Resources Association, v. 52, 2016, p. 129-137.

FARBOTKO, C.; WALTON A.; MANKAD A.; GARDNER, J. Hou-


sehold rainwater tanks: mediating changing relations with water.Ecology
and Society, v. 19, 2014, p.62 -71.

FERNANDES, D. R. M., MEDEIROS, V. B. DE M., NETO, & MAT-


TOS, K. M. DA C. Viabilidade Econômica do Uso da Água da Chuva:
Um Estudo de Caso da Implantação de Cisterna Na UFRN / RN. XXVII
Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Foz do Iguaçu, PR,
Brasil,2017.

MAN, H.; BOUWKNEGT, M.; VAN, H. E.; LEENEN, E.J.T.M. ; VAN


KNAPEN, F. ; RODA H. A.M. Health risk assessment for splash parks
that use rainwater as source water. Water Research, v. 54, 2014, p.254-
261.

MARINOSKI, A. K.; GHISI, E. Avaliação de viabilidade ambiental e eco-


nômica de sistemas de aproveitamento de água pluvial em habitação de
baixo padrão: estudo de caso em Florianópolis, SC. Porto Alegre. Ambien-
te Construído. v.18,  n.1, 2018.

MOURA, M. R. F; SILVA, S. R.; BARROS, E. X. R. Análise de implan-


tação de um sistema de aproveitamento de água pluvial em um empreen-
dimento residencial na cidade de recife-pe. Santa Cruz do Sul. Revista do
Departamento de Química e Física, Departamento de Engenharias,
Arquitetura e Ciências Agrárias, do Mestrado e Doutorado em Tec-
nologia Ambiental e Mestrado em Sistemas e Processos Industriais da
Universidade de Santa Cruz do Sul.v. 18,  n. 1, 2018.

53
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

OENNING, A. O. JR, & PAWLOWSKY, U. Avaliação de tecnologias


avançadas para o reúso de água em indústria metal-mecânica. Engenharia
Sanitaria e Ambiental, v. 12, n. 3 2007, p.305-316.

OVIEDO-OCAÑA, E. R.; DOMINGUEZ, I.; WARD, S.; RIVERA-


-SANCHEZ, M. L.; ZARAZA-PEÑA, J. M. Financial feasibility of end-
-user designed rainwater harvesting and greywater reuse systems for high
water  use  households. Developments in water management technolo-
gies and systems, v. 25, n. 20, 2017, p.19200-19216.

PINHEIRO,L.; ARAUJO,A. Qualidade e aproveitamento da água de chu-


va/quality and utilization of rainwater.  HOLOS, v. 32, n. 8, 2016, p.135-
146.

SANTOS, S. M.; FARIAS, M. M. Potential for rainwater harvesting in a


dry climate: Assessments in a semiarid region in northeast Brazil. Journal
of Cleaner Production, v. 164, 2017, p.1007-1015.

SIEMS, R.; SAHIN, O. Energy intensity of residential rainwater tank


systems: exploring the economic and environmental impacts. Journal of
Cleaner Production, v. 113,2016, p. 251-262.

TEIXEIRA, C. A.;  GLEIDISTON T. Z.  ;  NAGALLI  A.; FREIRA   F.


B. ; TEIXEIRA S. H. C. Análise de viabilidade técnica e econômica do
uso de água de chuva em uma indústria metalmecânica na região metro-
politana de Curitiba PR.Gestão e Produção, v.23, n.3, 2016, p.638-648. 

TEMESGEN, T.; HAN, M.; PARK, H.; KIM, T. Policies and Strategies
to Overcome Barriers to Rainwater Harvesting for Urban Use in Ethiopia.
Water Resources Management, v.30, n. 14,2016, p.5205-5215.

54
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

CAPITULO 3: EFEITO DO PROCEDIMENTO DE MISTURA NAS


PROPRIEDADES DE ARGAMASSAS – REVISÃO SISTEMÁTICA

Julio Lopes da Silva


Alberto Casado Lordsleem Jr.
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Tomi Zlatar

RESUMO
A mistura é uma das etapas, que compõem o processo de produção de
argamassas. Em razão de sua aparente simplicidade no tocante à opera-
ção, tem sido, de certa forma, negligenciada. Acredita-se que a qualidade
é influenciada pelo tipo de misturador e tempo adotado, ambos respon-
sáveis por distintos comportamentos dos estados fresco e endurecido das
argamassas. Logo, essa revisão tem como objetivos apresentar e discutir
resultados de trabalhos publicados sobre a utilização dos diferentes tipos
de misturadores de argamassas existentes, assim como diferentes tempos de
mistura, mostrando a influência que a fase de preparo possui nas proprie-
dades nos estados fresco e endurecido de argamassas assim como também
em sua microscopia. Para isso, elementos do modelo PRISMA (Preferred
Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses) foram utiliza-
dos e as buscas processadas na base eletrônica da CAPES (JCR, SCIELO,
SCOPUS, ICE Proceedings e Journals, DRJI, DOAJ). Artigos não publi-
cados por pares, publicados antes de 2009 ou em idioma diferente do por-
tuguês ou inglês e que contivessem em sua mistura algum tipo de adição,
não foram considerados para esse estudo. Oito artigos foram selecionados,
tendo neles sido observado que os misturadores influenciaram nas pro-
priedades analisadas das argamassas. Entretanto, existe uma diferença mais
expressiva, quando comparado com o processo de mistura manual. Por
outro lado, o tempo de mistura teve elevada influência, indicando que,

55
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

caso ocorra o aumento do tempo de mistura, maior é o número de vazios


nas argamassas, o que pode influenciar negativamente nas características
do estado endurecido. Quanto à microestrutura, foi possível observar que
um maior tempo de mistura indica superfícies menos regulares. 

Palavras-chave: Argamassa. Procedimento de mistura. Microestrutura.

56
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

1. INTRODUÇÃO
As argamassas geralmente são misturadas de duas formas: manual
ou mecânica. Quando são misturadas manualmente, dificilmente é atin-
gido o mesmo nível de desaglomeração e incorporação de ar obtido após a
mistura mecânica, devido à menor eficiência, causando menor produtivi-
dade nos serviços que a utilizam (ROMANO et al., 2010).
Ainda segundo Romano et al. (2010), a mecanização da etapa
de mistura no processo construtivo representa um avanço em relação ao
processamento do revestimento. Os dois tipos de equipamentos mais uti-
lizados em obras para esse fim são as Betoneiras (B) e os misturadores
de Eixo Horizontal (EH). Entretanto, as diferenças conceituais entre os
equipamentos impõem às argamassas distintas histórias de cisalhamento,
interferindo diretamente na eficiência do processamento.
Para Hemalatha et al. (2015), o processo de mistura é eficaz quan-
do torna uma mistura homogênea, sendo essa uma pré-condição para
resultados de ensaios confiáveis. É importante controlar o processo de mis-
tura assim como os ensaios de forma cuidadosa para se obterem resultados
consistentes. O procedimento de mistura refere-se a todos os parâmetros
durante a mistura, como o tipo de misturador, a duração da mistura, o
tempo de relaxamento e a introdução de aditivos quando necessário.
O procedimento de mistura das argamassas de revestimento, ou
seja, a sequência de adição dos insumos na mistura é fundamental para
o desempenho no estado fresco. Nesse procedimento, deve existir uma
garantia de homogeneidade, a padronização do traço e o controle do
consumo de água, que são fatores que deverão influenciar diretamente na
obtenção de bons resultados (YANG, 1995).
O procedimento de mistura também irá impactar no desempenho
no estado endurecido das argamassas, pois, quando há uma distribuição
uniforme das partículas através de um método de mistura adequado, re-
sultando no melhor empacotamento das mesmas, existe o aumento da
resistência mecânica do material (PARK et. al., 2006).
Dificilmente uma mistura manual conseguirá atingir o mesmo
nível de desaglomeração e teor de ar aprisionado, quando comparada ao

57
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

procedimento mecânico e, por esse motivo, a NBR 7200 (ABNT, 1998)


preconiza a utilização de mistura por processo mecanizado e, somente
em casos excepcionais, por processo manual. O processo manual tende a
apresentar uma menor eficiência, provocando a diminuição da produtivi-
dade da aplicação do revestimento. A mecanização no processo de mistura
desses materiais representa um avanço na tecnologia das argamassas de
revestimento (ROMANO et al., 2009).
Além do procedimento de mistura, a NBR 7200 (ABNT, 1998) sa-
lienta a necessidade das diversas argamassas produzidas no decorrer da obra
de manterem a mesma trabalhabilidade e, para isso, se faz necessário corrigir
teores de agregados e adições das misturas, quando há variação de umidade.
Esse trabalho teve como objetivo analisar a influência dos tipos de
misturadores utilizados assim como o tempo de mistura e sua influência
nas propriedades mecânicas e microscópicas por meio de um levantamento
bibliográfico sobre o assunto.

2. METODOLOGIA
A revisão seguiu as orientações dos itens do Preferred Reporting
Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) (LIBERATI
et al., 2009). Os artigos selecionados para esse trabalho foram pesqui-
sados diretamente no Portal de Periódico CAPES (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). As palavras-chaves uti-
lizadas na busca foram: argamassa, mortar, misturador, mortar mixer,
mixer, estado fresco, estado endurecido e microscopia. Com a ajuda dos
operadores booleanos AND e OR, foram também utilizados os seguintes
sinônimos para auxílio nas buscas, argamassa industrial, argamassa indus-
trializada, industrialized mortare MEV.

2.1. Critérios de seleção


Para os critérios de inclusão, foram considerados os artigos revi-
sados por pares, data de publicação (delimitando pesquisas entre 2009 e
2018) e os idiomas português e inglês.

58
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

No entanto, para os critérios de exclusão, foram excluídos estudos


com argamassas que não apresentavam propriedades mecânicas em suas
análises, além de trabalhos que acrescentavam algum tipo de adição à mis-
tura de argamassa.

2.2. Análise de dados


Os estudos foram analisados por diversas variáveis: as propriedades
físicas e mecânicas de argamassas; influência de misturadores nas proprie-
dades no estado fresco e endurecido das argamassas, além do tempo de
mistura e por ensaios microscópicos.

3. RESULTADOS
Utilizando a metodologia Prisma para a pesquisa, foi encontrado
um total de 385 artigos, os quais foram considerados aptos, artigos revisa-
dos por pares. Nesse processo, foram excluídos 79 artigos que não foram
revisados por pares, artigos publicados a partir de 2009, sendo 16 destes
excluídos por terem sido publicados antes desse período, além de escritos
nos idiomas português e inglês, observando que apenas 9 foram excluídos.
Após esse levantamento, um total de 74 artigos foram elegíveis para serem
incluídos na análise. Trabalhos que envolvessem argamassas com algum
tipo de adição ou substituição, ou seja, argamassas com presença de outros
materiais, não foram incluídos nesse trabalho. Assim, 68 trabalhos não
estavam atendendo ao que foi proposto. Logo após os critérios de exclusão
para identificar quais artigos seriam realmente relevantes para a pesquisa,
foram selecionados 6 artigos, sendo ainda acrescentados 3, considerados
relevantes, pesquisados fora da plataforma CAPES. O processo da seleção
dos artigos está ilustrado na Figura 7.

59
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Figura 7: O processo da seleção dos artigos.

Fonte: Autor.

A Tabela 6 descreve as características dos estudos avaliados.


Existem apenas dois estudos que avaliam as argamassas industrializadas
com as características requeridas, sendo eles os trabalhos de Fukui (2018)
e Romano (2009), tendo apenas Fukui (2018) comparado os dois tipos de
argamassas, industriais e produzidas em obra.
Os dados apresentados na Tabela 7 referentes ao estado fresco,
representados pelos ensaios de teor de ar incorporado, seguiram recomen-
dações de cálculo da NBR 13278 (ABNT, 2005).

60
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 6: Resumo dos parâmetros e resultados por estudo

Resistên- Resis- Absor- Tempo


Teor de ar Índice de
cia à com- tência à ção de Microes- Mistu- de mis-
N° Estudo incorpora- consistência
pressão tração água trutura rador tura
do (%) (mm)
(MPa) (MPa) (%) (s)

7 dias = 7 dias =
Checin 13,72 4,19
1 64,04 - 0,21 - - -
et al. 28 dias = 28 dias =
13,07 4,21

28 dias = 28 dias =
Haach 12,29 3,63 100,00
2 - - - - 240
et al. 28 dias = 28 dias = 150,00
2,80 1,42

Fukui M 14,00 MP e 45, 60 e


3 - - 260,00 - -
et al. MP 16,50 M 260

EH 14
dias =
Romano EH 28,70 EH 120, 240
4 - 1,93 - - -
et al. B 20,23 eB e 360
B 14 dias
= 2,7

Superfí-
Mello 28 dias = 28 dias = cie áspera
5 19,00 256,00 0,36 - -
et al. 13,34 1,17 e formato
irregular

30, 60,
França 28 dias =
6 - 3,28 - - - MP 120 e
et al. 2,00
180

M 28 dias M 28 dias
= 7,70 = 2,65 M 10,80 M 200,00 M 300
Ramos
7 - - BeM
et al. B 28 dias B 28 dias B 17,80 B 218,50 B 360
= 6,60 = 2,62

Andrade
28 dias = 28dias =
8 Neto e 13,66 284,00 11,54 MP 120
2,20 1,50
Silva

7 dias =
24,7 Superfí-
Prasittiso- 60, 900,
9 - - - - cie irre- MP
pineTrejo 28 dias = 3600
gular
30,4

*EH – Argamassadeira de Eixo Horizontal; B – Betoneira; M – Manual; MP –


Misturador planetário.

61
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Quanto aos ensaios no estado endurecido, são representados pelos


ensaios de resistência à compressão e à tração que foram calculados usando
a NBR 13279 (ABNT, 2005) como referência. Há ainda trabalhos que
apresentaram análises em nível microscópico, no qual foi utilizado MEV
(Microscopia Eletrônica de Varredura) por parte dos pesquisadores, tam-
bém sendo apresentados os tipos de misturadores de argamassa utilizados,
assim como o tempo de mistura das argamassas.

4. DISCUSSÃO
O tempo de avaliação para os ensaios mecânicos de resistência à
compressão é padronizado, tendo os autores utilizado a idade inicial de
sete dias e a idade final de vinte e oito dias, o que, segundo Neville (1995),
explica que os corpos de provas de concreto adquirem cerca de 99% de sua
capacidade de resistência aos 28 dias, da mesma forma que se apresentam
os ensaios de resistência à flexão.
Todos os autores que fizeram os ensaios de resistência mecânica,
mesmo com variação entre os traços, obtiveram valores similares de resis-
tência à compressão, com destaque para o trabalho de Haach et al. (2011),
no qual o traço de 1:1:6 com fator a/c de 1,6 apresenta resistência de 2,80
MPa, enquanto para o traço de 1:3 com fator a/c de 0,6 a resistência é
de 12,29 Mpa. Isso evidencia que,quando se aumenta o fator a/c, existe
uma redução da resistência mecânica da argamassa, assim comoquando se
diminui a quantidade de cimento em função do agregado, o resultado será
o mesmo. Por outro lado, o trabalho de Prasittisopin e Trejo (2015) apre-
sentou valores bem superiores, com resistência à compressão de 30,4 MPa
aos 28 dias, valores esses acima do padrão da norma de referência ASTM
C150 (ASTM, 2007), fato que pode ser explicado pelo baixo fator a/c de
0,40, além da possível diferença entre a composição química do cimento
nos diferentes países.
Quanto ao teor de ar incorporado, há apenas variação no primeiro
estudo, tendo o trabalho de Checin et al. (2016) mostrado valor muito
maior que os outros trabalhos avaliados, cerca de três vezes os outros estu-
dos.

62
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

A Figura 8 apresenta resultados de incorporação de ar no estudo de


Romano et al. (2009), no qual se demonstra que a variação do tempo de
mistura gerou alterações nas quantidades de teor de ar incorporado, sendo
os traços misturados em argamassadeira de eixo horizontal com maiores
níveis de ar incorporado.

Figura 8: Teor de ar incorporado.

Fonte: Adaptado de Romano et al. 2009

Quanto ao índice de consistência, que determina a trabalhabili-


dade das argamassas, os ensaios que foram feitos conforme a NBR 13276
(ABNT, 2005), alguns trabalhos ainda não levaram em consideração tal
ensaio, que é de extrema importância. Entre os que o fizeram, dois apresen-
taram praticamente mesmo índice, indicando uma boa trabalhabilidade,
enquanto o outro apresentou valor baixo, indicando menor trabalhabili-
dade da argamassa utilizada, fato que pode ser explicado pela baixa fração
do traço (1:3), mesmo com relação à água aglomerante 0,6 considerada
relativamente alta.

63
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Quanto ao nível microscópico, no trabalho de Mello et al. (2012),


foi observada a superfície das argamassas como sendo ásperas assim como o
formato das partículas irregulares, o que contribui para o intertravamento
entre as partículas, favorecendo uma melhor compactação, gerando menor
índice de vazios e aumentando, por consequência, sua resistência mecâni-
ca.
No trabalho de Prasittisopin e Trejo (2015), a face fraturada das
amostras com tempo de mistura igual a 3 minutos, apresentou superfícies
mais uniformes que as amostras que passaram um maior tempo. No entan-
to, superfícies das amostras que passaram 60 e 90 minutos apresentaram
superfícies irregulares, conforme se observa na Figura 9.
Quanto aos tipos de misturadores mecânicos, foram observados
três tipos: os de eixo horizontal, do tipo planetário e betoneira, além da
mistura manual. No trabalho de Fukui et al. (2018), no qual foram com-
paradas argamassas produzidas com misturador planetário e no método
manual, foi observado que a mistura manual obteve menores valores de
teor de ar incorporado e, consequentemente, maior embricamento das
partículas, provocando aumento da viscosidade, além de menor homoge-
neidade do traço, o que desfavorece a sua qualidade. Outro fator observado
está na comparação entre argamassas industrializadas e argamassas prepa-
radas diretamente no canteiro de obras, evidenciando que, para os traços
industrializados, há maior trabalhabilidade, independentemente do tipo
de misturador utilizado, sem influenciar diretamente as suas propriedades
mecânicas.

64
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Figura 9: Microestrutura de argamassas (a/c 0,485) após cura de 30 dias e


misturas de: (a) 3 minutos; (b) 60 minutos; e (c) 90 minutos

Fonte: Prasittisopin e Trejo, 2015

Por outro lado, no trabalho Romano et al. (2009), houve compara-


ção entre os tipos de misturadores, EH e B, evidenciando o quanto os equi-
pamentos influenciam nas propriedades físicas e mecânicas das argamassas.
Desse modo, indicam que argamassas produzidas em betoneiras tendem a
apresentar maior teor de ar incorporado e, ainda, que se fazem necessários
cuidados com a etapa de mistura, uma vez que o teor de ar pode gerar uma
maior quantidade de vazios, e isso reduziria suas propriedades mecânicas.
Quanto ao tempo de mistura, Haach et al. (2011) utilizaram o
tempo estipulado pela NBR 9287 (ABNT, 1984), de 240s, incluindo os
períodos de pausa, enquanto Romano et al. (2009) adotaram o tempo
baseado nos procedimentos de obras, sendo eles de 120s, 240s e 360s, ob-
servando que o tempo de 240s se equipara ao tempo sugerido pela norma
mencionada acima.Os resultados de Romano et al. (2009) indicam que o
aumento do teor de ar incorporado está diretamente ligado ao aumento
do tempo de mistura. Logo, apesar de um maior tempo de mistura pro-
porcionar melhora na trabalhabilidade devido à criação de bolhas de ar na
argamassa, essa quantidade de vazios criada no processo pode reduzir as
propriedades mecânicas, como de resistências à compressão e tração das
argamassas utilizadas.
Fukui et al. (2018) e França et al. (2013) seguiram o procedimento
descrito pela NBR13276 (ABNT, 2005) de 260s, sendo esse procedimen-
to de mistura recomendado para misturas em laboratório. Como estavam
avaliando a influência do tempo de mistura, foram adicionados outros pe-

65
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

ríodos, os de 30s, 120s e 180s para comparação dos resultados. Vale salien-
tar que há diferença nos tempos apresentados nos dois trabalhos. Apesar de
seguirem a mesma norma, visto que no primeiro trabalho é contabilizado
todo o período de mistura incluindo pausas no equipamento e no segundo
é contabilizado apenas o tempo de mistura com o equipamento ligado, no
caso o tempo de 120s seria equivalente ao de 260s, se somado o período
de pausa do equipamento. De um modo geral, o tempo de mistura tem
grande influência no teor de ar incorporado, indicando que, quanto mais
tempo se passa com a mistura de argamassas, maior é o volume de ar in-
corporado.

5. PERSPECTIVAS FUTURAS
Com base nessa temática, uma dissertação de mestrado será desen-
volvida na qual serão avaliadas as características no estado fresco e endure-
cido das argamassas industrializadas, em função da utilização de diferentes
tipos de misturadores e diferentes tempos de mistura. Um item que pôde
se observar, ainda pouco avaliado diante de tais características, é a análise
microscópica, para se entender melhor a evolução da microestrutura nas
diferentes condições de mistura e tempos diferentes.
Apesar disso, as possibilidades de pesquisas são múltiplas, visto que para
argamassas o processo de mistura se mostra como de grande impacto em
suas características, além de estudos em função da sua durabilidade, mistu-
ras com fibras e outras adições e aditivos serem de grande relevância.

6. CONCLUSÃO
Os estudos que abordam as influências dos tipos de misturadores
nas propriedades dos diversos tipos de argamassas ainda são pouco abor-
dados pelos pesquisadores. Apesar de ser um procedimento extremamente
comum e simples, afigura-se como de grande influência nas características
tanto no estado fresco como no endurecido das argamassas. Observando
que traços de argamassas quando são produzidos em obras, perdem con-

66
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

sideravelmente sua qualidade, logo não possuem boa homogeneização,


conforme comprovado pelos estudos analisados.
O tempo de mistura avaliado também se mostrou de grande im-
portância, indicando que, quanto mais tempo uma argamassa passa em
processo de mistura, maior é o teor de ar incorporado, fato que pode vir a
gerar vazios, que não propiciam boas características no estado endurecido.
Faz-se necessária, portanto, a realização de mais estudos que abordem o
tema, objetivando gerar mais informações tanto para pesquisadores como
para gestores de obras, com o propósito de que as argamassas produzidas
nos canteiros sejam cada vez mais bem produzidas, reduzindo, assim, pro-
blemas futuros.

REFERÊNCIAS
ANDRADE NETO, J. S.; SILVA, V. S. Influência da sequência de mistura
nas propriedades de argamassas industrializadas. In: XII Simpósio Bra-
sileiro de Tecnologia das Argamassas, 2017, São Paulo. Anais - SBTA
2017, 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7.200


– Execução de revestimentos de paredes e tetos de argamassas inorgânicas
– Procedimento. Rio de Janeiro, 1998.

_____. NBR 13.276 -Argamassa para assentamento e revestimento de pa-


redes e tetos: preparo da mistura e determinação do índice de consistência.
Rio de Janeiro, 2005a.

_____. NBR 13.278 - Argamassa para assentamento e revestimento de


paredes e tetos – Determinação da densidade de massa e do teor de ar in-
corporado. Rio de Janeiro, 2005.

_____. NBR 13279 - Argamassa para assentamento e revestimento de


paredes e tetos – Determinação da resistência à tração na flexão e à com-
pressão. 2. ed. Rio de Janeiro, 2005b.

67
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

_____.NBR 9287 -Argamassa para assentamento para alvenaria de blocos


de concreto. Determinação da retenção de água, Rio de Janeiro; 1984.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM


C150. Standard specification for portland cement.ASTM C150- 07, West
Conshohocken, PA, 8. 2007.

CECHIN, L.; TORKARSKI R. B.; TRENTO, T. P. W.; MATOSKI, A.


Utilização da Areia Industrial em Argamassas de Revestimento. Principia
(João Pessoa), v. Único, p. 77-87, 2016.

FRANCA, M. S.; CARDOSO, F. A.; PILEGGI, R. G.  Influência do


procedimento de mistura em laboratório nas propriedades de argamas-
sas. Ambiente construído [online]. 2013, vol.13, n.2, pp.111-124.

FUKUI, E.;MARTINS, E. J.;CAMPOS, H. F.; PINTO, M. C. C.; SIL-


VA, S. H. L.; ROCHA, T. M. S.; LORIVAL, V.; COSTA, M. R. M. M.
Efeito do procedimento de mistura no comportamento no estado fresco de
argamassas de revestimento produzida em obra e industrializada. Materia
(Rio de Janeiro). 2018.

HAACH, V. G.; VASCONCELOS, G.; LOURENÇO, P. B. Influence of


aggregates grading and water/cement ratio in workability and hardened
properties of mortars.  Construction and Building Materials(Amster-
dam). v. 25, n. 6, p. 2980-2987, 2011. 

HEMALATHA T., RAM SUNDAR K. R., MURTHY A. R., NAGESH


R. I.Influence of Mixing Protocol on Fresh and Hardened Properties of
Self-compacting ConcreteConstruction and Building Materials. 98, p.
119-127. 2015.

LIBERATI, A.; ALTMAN D.G.; TETZLAFF J.; MULROW C.; GOT-


ZSCHE P.C.; IOANNIDIS J.P.A.; CLARKE M.; DEVEREAUX P.J.;
KLEIJNEN J.; MOHER D. The PRISMA statement for reporting syste-
matic reviews and meta-analyses of studies that evaluate health care inter-

68
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

ventions: explanation and elaboration. Annalsofinternal medicine, v.151,


n.4, p.w-65-w-94, 2009.

MELLO, A. L.; Carvalho, R. F.; SILVA, V. S.Características da argamassa


contendo resíduos de plásticos como alternativa aos agregados naturais.
In: Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. Juiz de
Fora. ENTAC: Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construí-
do. Juiz de Fora: ANTAC, 2012. v. 1. p. 3707-3716.

NEVILLE, A. M. Properties of concrete, Fourth edition, Longman, Edin-


burgh. 1995.

PARK, K. B., PLAWSKY, J. L., LITTMAN, H., PACCIONE, J. D. Mor-


tar properties obtained by dry premixing of cementitious materials and
sand in a spout-fluid bed mixer. Cement and Concrete Research. v. 36,
p. 728 – 734, 2006.

PRASITTISOPIN, L; TEJO, D. Effects of mixing variables on hardened


characteristics of Portland cement mortar. ACI MaterialsJournal. 112, p.
399-407, 2015.

RAMOS, M. G.; VIEIRA, F. L.; PILEGGI, R. G.; CASALI, J. M.; BE-


TIOLI, A. M. Efeito do tipo de mistura manual e mecânico nas proprie-
dades de argamassa industrializada. In: XII Simpósio Brasileiro de Tec-
nologia das Argamassas, 2017, São Paulo. XII Simpósio Brasileiro de
Tecnologia das Argamassas, 2017.

ROMANO, R. C. O.; SCHREURS, H.; SILVA, F. B.; CARDOSO, F. A.;


BARROS, M., M. S. B.; JHON, V. M.; PILEGGI, R.G. Impacto do Tipo
de Misturador e do Tempo de Mistura nas Propriedades de Argamassas
Industrializadas. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 9, n. 4, p. 109-
118, out./dez. 2009.

ROMANO, R. C. O.; SCHREURS, H.; SILVA, F. B.; CARDOSO, F. A.;


BARROS, M., M. S. B.; JHON, V. M.; PILEGGI, R.G. Efeito do Pro-

69
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

cedimento de Mistura nas Características de Argamassas de Revestimento


Industrializadas. In: Congresso Português de Argamassas de Constru-
ção. 3., Lisboa, 2010. Anais... Lisboa: ANTAC, 2010.

YANG, M.; JENNINGS, H. M. Influences of mixing methods on the mi-


crostructure and rheological behavior of cement paste.Advanced Cement
Based Materials.v.2, pp.70-78, 1995.

70
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

CAPITULO 4: PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS


ENCONTRADAS EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Lydia Marques Barreto


Willames de Albuquerque Soares
Tomi Zlatar
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Eliana Cristina Barreto Monteiro

RESUMO
A cidade do Recife apresenta uma grande diversidade de construções, e
estas, por sua vez, possuem várias manifestações patológicas, que dimi-
nuem a vida útil, degradando a estrutura e o patrimônio, algo de grande
valia. Diante disso, as construções da atualidade declinam um maior cui-
dado no tocante à qualidade e ao desempenho das construções, visando à
correção das manifestações patológicas e à preservação desse patrimônio,
sendo fundamental o estudo da conservação de edificações com interesse
histórico. Esse estudo tem como objetivo revisar sistematicamente a lite-
ratura relacionada a manifestações patológicas em estruturas de concretos
por meio da metodologia PRIMA. A busca dos artigos foi feita no Portal
de Periódicos da Capes que proporcionou 757 artigos, e, após a aplicação
dos critérios de elegibilidade, foram incluídos 10 artigos completos para a
revisão. A partir destes, procedeu-se à análise das principais manifestações
patológicas. A presente revisão demonstra que todos os casos estudados en-
contram- se em estado de degradação não desejável, evidenciando, assim, a
necessidade de manutenções corretivas emergenciais para, posteriormente,
serem adotados programas de manutenções preventivas, visando à preser-
vação dos patrimônios históricos.

Palavras-Chave: Manifestações Patológicas, edificações de igrejas, Inspeção


de edificações, Mapeamento Patológico, Patrimônio Histórico.

71
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

1. INTRODUÇÃO
As construções da atualidade declinam um maior cuidado no
tocante à qualidade e ao desempenho das construções. A vida útil dos
materiais construtivos e a durabilidade são conceitos, que antes não eram
analisados nas edificações, Na atualidade, eles são cruciais para as decisões
projetuais e a execução das edificações.
Antigamente as edificações não possuíam normas e técnicas cons-
trutivas. Buscavam a aplicação de fórmulas empíricas e a utilização de
materiais primários e rústicos, sendo os artesãos experientes essenciais para
a conclusão da obra. Várias cidades brasileiras, que utilizaram as práticas
construtivas dos colonos portugueses, apresentam construções históricas
com variados tipos de manifestações patológicas.
Segundo Carmo (2003), a origem dos problemas patológicos está
relacionada a alguma falha cometida em, pelo menos, uma das fases da
construção, e estão associados a um conjunto de sintomas, apresentadas
durante o uso da edificação.
A análise e investigação de manifestações patológicas se afiguram de gran-
de relevância em construções históricas, uma vez que essas construções
têm importância fundamental para a memória cultural das cidades. Isso
demonstra que a correção das manifestações patológicas está ligada dire-
tamente à preocupação no tocante à preservação do patrimônio histórico.
De acordo com Vicente, Ferreira e Silva (2005), a conservação
de edificações com interesse histórico vem sendo bastante discutida nas
esferas artísticas, políticas e técnicas. Existem duas vertentes, uma de im-
portância social, na qual o desenvolvimento da comunidade se inicia com
a preservação e a valorização da identidade cultural e da história. A outra
vertente estabelece a importância dos estudos da conservação e do restauro
de edificações históricas.
Segundo Helene (2014), o ramo da engenharia responsável pelo
estudo das patologias das edificações é essencial na preservação das edifi-
cações históricas, uma vez que é responsável por identificar, entender os
sintomas, os mecanismos e as origens, visando ao tratamento das manifes-
tações patológicas.

72
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Segundo Arêde e Costa (2003), as edificações históricas apresen-


tam diversidade nos materiais e nos elementos estruturais, e isso dificulta a
percepção do real funcionamento da estrutura e das condições e de como
elas se encontram. Nesse sentido, faz-se necessário, pois, adotarem-se pro-
cedimentos que permitam a realização de inspeções detalhadas.
De acordo com Tomaz (2010), existe uma tendência natural do
homem moderno de olhar as edificações antigas como obras desatualizadas
e ultrapassadas, que devem ser demolidas, dando lugar a edificações mais
modernas. Tal pensamento causa um grande impacto na preservação e va-
lorização do patrimônio histórico.
Segundo Costa (2010), há inúmeras formas de apresentar os resul-
tados nos relatórios de inspeções. Uma delas se faz por meio de gráficos de
incidência, no qual se descrevem as ocorrências dos problemas. Os mapas
de danos são definidos como a linguagem gráfica e usados para representar
os danos encontrados.
Várias pesquisas são feitas mediante inspeções visuais, identifican-
do o estado de conservação das fachadas de edificações históricas. Nesse
sentido, esse estudo teve como objetivo revisar a literatura relacionada a
manifestações patológicas em estruturas de concreto, identificando as ma-
nifestações patológicas mais encontradas em edifícios históricos.

2. METODOLOGIA
2.1. Estratégia de pesquisa
A revisão da literatura foi baseada na revisão sistemática “Preferred
Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analyses” – PRISMA
(MOHER et al., 2009). Os artigos selecionados para esse estudo foram
encontrados no banco de dados do Portal de Periódicos da CAPES. As
palavras-chave usadas para a busca foram “Manifestações Patológicas”,
“edificações de igrejas”, “Inspeção de edificações”, “Mapeamento
Patológico”, “Patrimônio Histórico”, “Pathological Manifestations”,
“Church Buildings”, “Inspection Buildings”,“Demage Map” e “Historical
Patrimony” combinadas com o descritor booleano “OR”. Foram aplicados

73
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

os filtros disponíveis pelo portal: “no título”, “por pares”, “idioma inglês” e
“últimos 10 anos”.

2.2. Critérios de inclusão


Foram incluídos artigos em Inglês e Português que possuíam no
título as palavras-chaves, sendo esses artigos revisados por pares e dos últi-
mos 10 anos, entre de 2008- 2018.

2.3. Critérios de exclusão


Foram excluídos artigos que não abordam a Engenharia Civil ou
cujo tema não estava relacionado com o mapeamento de danos em edifí-
cios históricos.

2.4. Seleção dos estudos


Ano da edificação, Tipos de materiais concreto ou pedra, princi-
pais manifestações patológicas e manutenções ou restauros realizados fo-
ram as variáveis definidas, que foram critérios importantes para a seleção
dos artigos. Depois da aplicação dos critérios já descritos, os artigos foram
selecionados com base na leitura dos títulos seguida da leitura dos resumos.
Após a seleção dos artigos por meio dos títulos e resumos, os artigos com-
pletos foram lidos.

4. RESULTADOS
Utilizando a estratégia Prisma de pesquisa, foram inicialmente en-
contrados 757 artigos no portal CAPES. Depois da aplicação dos critérios
de seleção como tempo de publicação (2008-2018), idioma (Português e
Inglês) e avaliados por pares, o número de artigos foi reduzido a 224 estu-
dos. Após encontrar o quantitativo de 224 artigos, procedeu-se à seleção
por títulos, atingindo o número de 162 artigos que poderiam ser incluídos
na revisão. Entretanto, após a obtenção do quantitativo da seleção por

74
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

título, realizou-se uma seleção, tendo sido excluídos os artigos que não são
abordavam Construção Civil. Obteve-se, assim, um total de 83 antigos,
tendo sido, em seguida, feita uma seleção da qual 42 artigos foram excluí-
dos por resumo, totalizando 41 artigos relevantes à proposta da pesquisa.
Os 41 artigos foram analisados por completo, sendo 31 excluídos por não
atenderem aos critérios de inclusão. O processo de seleção dos artigos re-
sultou em 10 estudos que foram incluídos nessa revisão, conforme ilustra-
do no fluxograma da figura 10. Nela, está evidenciado todo o processo de
seleção aplicada na revisão.

Figura 10: Apresentação do diagrama de fluxo da literatura pesquisada

Fonte: autor 2018

75
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 7: Variáveis analisadas nos estudos selecionados.


Ano da Manuten-
País /Ci- Principais manifesta-
N° Estudo edifica- Tipos de materiais ções/ Res-
dade ções patológicas
ção tauros
Fissuras, descola-
Taveres et al., Portugal/
1 1940 Adobe e concreto armado mento de reboco e -
2012 Ilhavo
pintura e corrosão
Bolor, vegetação,
degradação das Revitali-
Cavalcante et Brasil/ João Alvenaria de tijolos e estruturas de madei- zação em
2 1917
al., 2013 Pessoa concreto ra, fissuras, desco- 1988 a
lamento de reboco e 2009
pintura.
Bolor, degradação
Cunha et al., Brasil/ Flo- das estruturas de
3 1919 Alvenaria de tijolos -
2013 rianópolis madeira, manchas de
umidade
Fissuras, descola-
Courard et al., Bélgica/
4 1930 Concreto armado mento de reboco e -
2012 Liege
pintura e corrosão
Fissuras, bolor, cor-
Barbosa, Ma- Brasil/ Juiz Alvenaria de tijolos,
5 1920 rosão descolamento -
ria et al.,2013 de Fora pórticos em concreto
de reboco e pintura
Pedras de calcário, apare-
Restauro
lhadas com larga espessu-
em meados
ra para os embasamentos Sujidade, vegetação,
Rocha et al., Brasil/ dos anos
6 1580 e suporte das estruturas fissuras, crosta negra
2018 Olinda 2000 até
e as paredes internas e umidade
julho de
construídas com tijolos
2012
ou adobe.
Citron et al., Crosta negra, sujida-
Brasil/
7 1930 Alvenaria de tijolos de e descolamento de -
Carazinho
2018 reboco e pintura
Almeida et al., Brasil/
8 1928 Alvenaria de tijolos Trincas e fissuras -
2013 Vitória
Sujidades, vegeta-
Serviços
Alvenaria de pedra lajes ção, descolamento
emergen-
Macedo et al., Brasil/ em concreto armado e da pintura, perda de
9 1578. ciais (ma-
2018 Olinda pilares, ora de pedra ora seção da alvenaria de
nutenção
de concreto armado pedra descolamento
corretiva)
do reboco e fissuras.
Tran-
sição Fissuras, trincas e
Brandão et al., Brasil/ Juiz entre o Alvenaria de tijolos, rachaduras, sujidade
10 -
2018 de Fora século madeira e ferro e descolamento de
XIX e reboco e pintura.
XX

Fonte: Autor.

76
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Buscando uma melhor visualização dos dados extraídos para a aná-


lise, foram utilizadas na tabela 7 as seguintes variáveis: referência/ ano do
artigo; ano da edificação; tipos de materiais; principais manifestações pa-
tológicas encontradas nos estudos e manutenções/restauros das edificações.
Nesse estudo, pôde se observar que manutenções e restauros nas edificações
históricas são poucos ou até nulos, ressalvando que a preservação das edifica-
ções não é uma prioridade dos órgãos responsáveis, talvez por haver desco-
nhecimento da importância histórica e cultural das edificações. Em alguns
estudos, existem apenas serviços emergenciais de manutenção corretivas em
vez de as manutenções serem preventivas. Dessa forma, a revisão se propõe
a identificar as principais manifestações patológicas dos estudos, a fim de
estabelecer uma análise da degradação dos bens históricos.

5. DISCUSSÃO
A análise dos condicionantes para o desenvolvimento das anomalias
é fundamental para o entendimento da origem das manifestações patoló-
gicas. É crucial que se tenha uma conduta de intervenção apropriada a fim
de que se faça um restauro que garanta o não aparecimento das mesmas
anomalias, aumentando, assim, a vida útil da estrutura.
De acordo com Tavares et al. 2012, a correção em tempo das mani-
festações patológicas acarretará uma redução significativa no custo das obras
de reparo, podendo, até mesmo, salvar a construção da ruína. Destacaram,
ainda, que a maioria das manifestações patológicas surgiram por falta de
manutenção ou a partir da adoção incorreta de reparo. As principais mani-
festações patológicas encontradas em seu estudo foram as fissuras, a corrosão
de armaduras, o descolamento de reboco e pintura.
Segundo Cavalcante et al. (2013), as edificações históricas estão pro-
pensas à degradação, causada, principalmente, por falta de manutenção ou
uso irregular. Destacaram que as manifestações patológicas podem ser decor-
rentes de prováveis intempéries e/ou degradação da estrutura e, se analisadas
preventivamente, evitam maiores gastos na correção do problema. As princi-
pais manifestações patológicas existentes no estudo foram bolor, crescimento
de vegetação não intencional, degradação das estruturas de madeiras, fissuras
e descolamento de reboco e pintura, sendo as causas prováveis relacionadas a

77
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

infiltrações, principalmente na coberta. Quanto às fissuras, podem estar rela-


cionadas à movimentação térmica, diferenciadas entre o elemento estrutural
e a platibanda.
De acordo com Cunha et al. (2013), cada parte da construção tem
a sua função, no entanto, com o passar do tempo, as edificações podem
não apresentar um bom desempenho devido ao aparecimento de patologias.
Com o intuito de valorizar o patrimônio histórico estudado, decidiram diag-
nosticar os problemas dos telhados e das paredes da edificação para desenvol-
ver um projeto, visando erradicar as patologias existentes decorrentes da falta
de manutenção preventiva. As principais manifestações patológicas encon-
tradas no estudo foram provocadas pelo estado do telhado da edificação. A
infiltração provocou a degradação das estruturas de madeira, favorecendo a
proliferação de organismos, como o cupim, que, em decorrência da falta de
manutenção, comprometeu toda a estrutura. A obstrução da rede de coleta
pluvial ocasionou nas paredes o aparecimento de manchas de umidade e
bolor.
Segundo Courard et al. (2012), o concreto armado é um elemen-
to-chave da evolução arquitetônica, de grande importância no desenvolvi-
mento da arquitetura das igrejas católicas, principalmente durante a segunda
parte do século XX. No estudo, foram realizadas inspeções visuais e testes
laboratoriais não destrutivos que contribuíram para se produzir um diagnós-
tico claro das manifestações patológicas. As técnicas não destrutivas são cada
vez mais utilizadas não só para a avaliação da resistência mas também para a
detecção de fissuras. Em sua pesquisa, procedeu à análise, tendo constatado
que fissuras, corrosões e descolamento de reboco e pintura foram as princi-
pais manifestações patológicas existentes.
Barbosa et al. (2013), visando assegurar o trabalho de prevenção do
bem cultural e a transmissão de seus significados para as atuais e futuras gera-
ções, realizaram uma criteriosa análise visual e diagnosticaram as manifesta-
ções patológicas na edificação. As intervenções são necessárias em virtude das
diversas manifestações patológicas que comprometem a durabilidade e vida
útil da edificação histórica. As principais manifestações patológicas encon-
tradas foram: fissuras, bolor, corrosão e descolamento de reboco e pintura.
Segundo Rocha et al. (2018), para a elaboração de um mapa de da-
nos, é imprescindível o levantamento de informações sobre a edificação, para

78
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

que se possa entender melhor os problemas patológicos. Dessa forma, os


métodos construtivos, o histórico de intervenções e o entendimento do local
onde a edificação está edificada são fatores primordiais para uma boa análise
das manifestações patológicas existentes. No tocante às principais manifes-
tações patológicas encontradas, tem-se: sujidade, crescimento de vegetação
não intencional, fissuras, crosta negra e umidade.
De acordo com Citron et al. (2018), o diagnóstico do estado das
edificações é um passo fundamental na tentativa de reabilitar uma edificação
antiga com um grande valor histórico e cultural. Em geral, as principais ma-
nifestações patológicas encontradas são: crosta negra, sujidade e descolamen-
to de reboco e pintura. Essas manifestações patológicas seriam facilmente
evitadas, se houvesse manutenções preventivas nas edificações.
Almeida et al. (2013) ressaltaram que, quando uma edificação está
ocupada, as autoridades competentes não conseguem fazer intervenções e
ações conservadoras na edificação. Constataram, também, em seu estudo, a
necessidade da execução de programa de manutenção preventiva, a fim de
preservar o patrimônio público, mantendo a população em contato com sua
própria história.
Em seu estudo, ainda, realizaram inspeções visuais para a identifi-
cação dos problemas e das anomalias da edificação, tendo sido encontradas
como as principais manifestações patológicas as trincas e as fissuras.
De acordo com Macedo et al. (2018), uma edificação histórica pre-
cisa estar aliada à necessidade de manutenção, bem como existirem profis-
sionais experientes para diagnosticar e resolver os problemas patológicos nos
monumentos com interesse especial de preservação. Em seu estudo, cons-
tataram que grande parte dos problemas patológicos existentes decorre da
presença da umidade e deterioração natural do elemento construtivo a partir
da ação do intemperismo. As principais manifestações encontradas foram
sujidades, vegetação, descolamento da pintura, perda de seção da alvenaria
de pedra, descolamento do reboco e fissuras.
Segundo Brandão et al.(2018), intervenção em patrimônio é, ou,
pelo menos, deveria ter o objetivo de proteger aquilo que representa a iden-
tidade coletiva da comunidade. O patrimônio cultural, seja ele reconhecido
ou não, resguarda valores da memória do grupo no qual está inserido, sendo
essenciais a recuperação e a restauração. Normalmente, ocorrem de modo

79
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

emergencial e de custo elevado. Inegavelmente, esse cenário poderia ser evi-


tado, caso a principal ação se voltasse à manutenção preventiva do imóvel.
Os autores ainda identificaram que a falta de manutenção preventiva por
longos períodos provocou as manifestações patológicas, sendo as principais
as fissuras, trincas e rachaduras, sujidade e descolamento de reboco e pintura.
Cerca de 80% dos autores encontraram fissuras em seus estudos.
Em 70% destes, o deslocamento de reboco e pintura aparecem entre as
principais manifestações patológicas encontradas. Em 30% dos estudos, as
principais manifestações foram: bolor, crosta negra, sujidade e o crescimento
de vegetação não intencional. 20% dos autores analisaram a degradação das
estruturas de madeira das edificações como a principal manifestação patoló-
gica existente.

6. CONCLUSÃO
O registro e a inspeção das manifestações patológicas podem ser
utilizados tanto para a conservação de bens históricos quanto para a sua pre-
servação. Ressalta-se a importância da manutenção e o reparo das edificações
para impedir o surgimento de maiores problemas e gastos financeiros.
Pelo fato de todos os prédios históricos considerados em artigos estu-
dados e apresentados nessa revisão encontrarem-se em estado de degradação
não desejável por falta de manutenção ou manutenção inadequada, o estudo
induz à reflexão sobre a importância e a necessidade de se ter uma manuten-
ção adequada e periódica visando à conservação do patrimônio histórico.

REFERENCIAS
ALMEIDA, M ; TAVARES, E; ÁVILA, L ; LUCA, L. Ocorrência de fis-
suras e trincas em edificação histórica na cidade de Vitória- ES.In: CON-
GRESSO INTERNACIONAL SOBRE PATOLÓGICA E RECUPERA-
ÇÃO DE ESTRUTURAS, 9. 2013, João Pessoa.

ARÊDE, A.; COSTA, A. Inspecção e diagnóstico estrutural de constru-


ções históricas: algumas contribuições da FEUP. In: A INTERVEN-
ÇÃO NO PATRIMÔNIO. PRÁTICAS de CONSERVAÇÃO e REABI-

80
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

LITAÇÃO. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Portugal,


p. 55 – 88, 2003.

BARBOSA, M; SANTOS, W; PEREIRA;P; OLIVEIRA, I . Cine Theatro


Central.In: CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE PATOLÓGI-
CA E RECUPERAÇÃO DE ESTRUTURAS, 9. 2013, João Pessoa.

BRANDÃO, G. ; PAIVA, C ; AMARAL, W; ALVES, J . Entorno de bem


cultural e ação mercadológica: causa e consequência de arruinamento.
CONFERÊNCIA SOBRE PATOLOGIA E REABILITAÇÃO DE EDI-
FÍCIOS, 6, 2018.

CAVALCANTE, R ; CARVALHO, J; SILVA, L. As manifestações pato-


lógicas em edificações históricas: um estudo de caso no Convento de São
Frei Pedro Gonçalves.In: CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE
PATOLÓGICA E RECUPERAÇÃO DE ESTRUTURAS, 9. 2013, João
Pessoa.

CARMO, Paulo Obregon do. Patologia das Construções. In: Programa


de Atualização Profissional. UFSM. Santa Maria: CREA-RS, 2003.

CITRON, R; MENDES, A ; TALAMINI, J. Patrimônio ArtDeco Em


Carazinho/Rs: Reconhecimento, Valorização E Preservação.CONFE-
RÊNCIA SOBRE PATOLOGIA E REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS,
6, 2018.

COSTA, L. G. G., Cronidas: Elaboração da base de dados para auxílio


em representação de mapa de danos. 2010. 102 f. Dissertação de Mes-
trado, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2011.

COURARD. L ; GILLARD. A; DARIMONT. A ; BLEUS. JM ; PA-


QUET. P .Pathologies of concrete in Saint-Vincent Neo-Byzantine Chur-
ch and Pauchotre inforced artificial stone. Construction and Building-
Materials vol. 34 2012. P. 201–210.

CUNHA, B; ZIMMERMANN, C; SILVA,P; ROMAN,R; OSTRO-

81
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

WSKI, R. Investigações de manifestações patológicas em patrimônio


histórico: Estudo de caso do Hospital e Maternidade Carlos Corrêa. In:
CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE PATOLÓGICA E RECU-
PERAÇÃO DE ESTRUTURAS, 9. 2013, João Pessoa.

HELENE, P.R.L. Introdução a corrosão das armaduras. In: Daniel Véras


Ribeiro (Org.). Corrosão em estruturas de concreto armado: teoria,
controle e métodos de análises. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. p. 1 – 12.

MACEDO, J ; CARDOSO, A; ROCHA . E; MONTEIRO, E. Danos em


Edificações históricas: análise comparativa entre duas igrejas em Olinda-
PE.CONFERÊNCIA SOBRE PATOLOGIA E REABILITAÇÃO DE
EDIFÍCIOS, 6, 2018.

MOHER, D.; LIBERATI, A.; TETZLAFF, J.; ALTMAN, D.G. The


PRISMA statement for reportingsystematic reviews and meta-analyses of
studies that evaluate healthcare interventions: explanation and elabora-
tion. Annals of internal medicine, v.151, n.4, p.65-94, Jul. 2009.

ROCHA. E; MACEDO. J; CORREIA. P; MONTEIRO. E. Adaptação


de mapa de danos para edifícios históricos com problemas patológicos:
Estudo De Caso Da Igreja Do Carmo Em Olinda PE. Revista de La
Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patologia y Recu-
peracion de da Construcción, vol. 8 2018 p. 51-63.

TAVARES, A; COSTA, A; VARUM, H. Common Pathologies in Compo-


site Adobe and Reinforced Concrete Constructions. Journal of performa-
ce of constructed facilities,vol. 26 2012. p. 389 – 401.

TOMAZ, P. A Preservação do Patrimônio Cultural e sua Trajetória no


Brasil, Vol.7, 2010,12p.

VICENTE, R.; FERREIRA, T. M.; SILVA, J. A. R. M. Supporting urban


regeneration and building refurbishment. Strategies for building appraisal
and inspection of old building stock in city centres. Journal of Cultural
Heritage. [S.I.]: Elsevier, n. 15, p. 1 – 14, 2015.

82
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

CAPITULO 5: TECNOLOGIAS DIGITAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Michelli Tomaz Vaconcelos Fialho


Alberto Casado Lordsleem Jr.
Emilia Kohlman Rabbani
Tomi Zlatar

RESUMO
A indústria da construção civil representa aproximadamente 10% do PIB
mundial, porém as tecnologias digitais aplicadas ao setor ainda são pouco
exploradas no Brasil e no mundo. Contribuem para esse cenário a mão de
obra, que demanda pouca tecnologia, e o não conhecimento das possibili-
dades que a transformação digital pode trazer. Esse trabalho teve como ob-
jetivo sistematizar o conhecimento relativo às tecnologias digitais aplicadas
ao setor. A revisão bibliográfica foi realizada seguindo o método PRISMA,
no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de
Nível Superior CAPES/MEC, utilizando as palavras-chave combinadas
em pares e aplicando os filtros de pesquisa, resultando na seleção de 10
artigos relevantes para o tema. O estudo evidenciou que existem várias
tecnologias digitais voltadas para a indústria da construção, com o enfoque
principal na melhoria dos processos.

Palavras-chave: Tecnologias digitais. Construção civil. Inovação tecnoló-


gica.

83
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

1. INTRODUÇÃO
A indústria da construção civil representa uma parcela importante
do produto interno bruto mundial, resultando num produto com um ele-
vado grau de investimento, tanto para as empresas do setor quanto para os
clientes que o adquirem, segundo Azevedo et al. (2011).
Trata-se de uma atividade extensa e complexa, porém de suma importância
na indução do crescimento dos setores que lhe servem de fornecedores de
insumos. Em 2015, a indústria da construção civil respondia por 8,48%
do PIB brasileiro. Em 2010, quando o PIB do Brasil teve um aumento de
7,5%, o PIB da construção civil cresceu em 13,1%, demonstrando que, ao se
melhorar a economia, é na construção civil que aparecem os primeiros resul-
tados positivos. A atuação do setor na produção de obras públicas também
lhe atribui um importante papel na política de geração de emprego e renda,
tornando-se fundamental para os novos ciclos de crescimento no Brasil.
Segundo Brockmann, Brezinski e Erbe (2016), a indústria da cons-
trução civil é frequentemente criticada por sua falta de inovação, no entan-
to essa mesma indústria planeja e constrói os maiores projetos do mundo.
Abreu e Jungles (2000) citam que o setor da construção civil apresenta di-
versas particularidades em comparação a outros setores, tais como: natureza
única dos seus empreendimentos, produtos considerados de longa vida útil,
dependência entre empresas fornecedoras, dependência de outros setores in-
dustriais, além de uma baixa frequência de inovações consideradas radicais.
Toledo, Abreu e Jungles (2000) enfatizam que, como algumas ino-
vações acontecem no decorrer dos anos, não são facilmente percebidas, além
do fato de a construção civil ser uma indústria conservadora, com baixa
orientação ao futuro e ao cliente e ainda apresentar uma baixa performance
em termos de produtividade, qualidade e funcionalidade do produto em
comparação a outras indústrias. Dessa forma, Gradvohl, Freitas e Heineck
(2011) acreditam que são amplas as possibilidades do uso da tecnologia para
suprir tais demandas.
Tibuzzi (2018), em seu estudo sobre design computacional na cida-
de de Londres, afirma que as mudanças provenientes da adoção de inovações
tecnológicas e digitais vêm transformando significativamente a arquitetura e
a utilização dos edifícios modernos, influenciando, inclusive, no desempe-
nho e na sustentabilidade dessas edificações.

84
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Por outro lado, uma outra pesquisa citada no mesmo relatório


(ABDI, 2017), realizada também pelo PwC (CEO Pulse SurveyofInnovation
- 2013), indicou que os fatores que limitavam o investimento à inovação,
segundo os 246 CEOs entrevistados em diversos países, são: recursos finan-
ceiros (43%), cultura organizacional existente não compatível com inovação
(41%), falta de talento (30%), fatores regulatórios e políticos (21%).
Dentre os fatores limitadores à inovação apresentados, a indústria
da construção civil brasileira possui atualmente uma forte redução de re-
cursos, aliada a uma cultura organizacional bastante tradicional. Segundo
Loganathan (2017), nos países em desenvolvimento, como o Brasil, a indús-
tria da construção civil enfrenta muitas dificuldades, demandando mudan-
ças estruturais tanto nos sistemas de gestão quanto nas práticas construtivas,
passando essas mudanças necessariamente pela adoção de novas tecnologias.
Essa pesquisa teve como objetivo sistematizar o conhecimento rela-
tivo às tecnologias digitais adotadas atualmente no mundo, considerando os
grandes desafios da indústria da construção.

2. METODOS
A metodologia utilizada para a pesquisa seguiu as orientações dos
itens do PRISMA - Relatório Preferidos para Revisões Sistemáticas e Meta-
análises (Liberati et al., 2009). Os artigos selecionados para esse estudo foram
pesquisados no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento
Pessoal de Nível Superior CAPES/MEC. As palavras-chave utilizadas para a
busca foram: “tecnologias digitais”, “gestão da inovação”, “startup”, “tecno-
logia”, “construção civil”, “digital technologies”“construction industry”, “in-
novation management”, “startup”, “information technology”, combinadas
em pares, no título e no assunto, utilizando-se o operador booleano “OR”.

3. RESULTADOS
Na fase de seleção, foram incluídos os artigos que foram revisados
por pares, com até 5 anos de publicação (de 2013 a 2018), publicados nos
idiomas português, inglês, francês ou espanhol. Posteriormente, foram ex-
cluídos os artigos que não continham tópicos relacionados à engenharia
civil, por meio da leitura dos títulos e, num segundo momento, da leitura do
resumo. A figura 11 apresenta o fluxo de seleção dos artigos.

85
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Figura 11: Fluxograma da pesquisa realizada

Fonte: Autora.

A partir da leitura completa dos artigos, buscou-se identificar quais


tecnologias digitais para a construção civil eram apresentadas e, ainda, de
que forma essas tecnologias poderiam trazer benefícios ao setor, além de ca-
talogar quais passos seriam necessários para dar continuidade ao trabalho,
como forma de contribuir com futuros estudos sobre a citada tecnologia.
A fase de elegibilidade resultou na inclusão de 10 artigos, após a
leitura completa destes. A Tabela 8 relaciona os artigos incluídos, com as
variáveis consideradas para esse trabalho.

86
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 8: artigos e variáveis consideradas


Novas
Nº. Referência Benefícios do uso Próximos passos
Tecnologias
Integração entre os agentes
Explorar o potencial para in-
desenvolvedores do projeto;
tegração entre os agentes com
Hautala, K. ; Modelagem de atualização de informações
dispositivos móveis; definir
Järvenpää, M. informações de maneira compartilhada;
1 uma terminologia comum para
; Pulkkinen, em projetos de acompanhamento da execução
alinhar diferentes ferramentas,
P., 2017 pontes, em 3D. da obra; atualizações dentro
plataformas e processos de
do sistema de modelagem de
colaboração eficientes.
informações.
Integração do projeto arquite-
Estereotomia tônico, estrutural e desempe- Projetar estruturas que tenham
com o auxílio nho ambiental com uma mes- grandes desafios do ponto de
Tibuzzi, E.,
2 da tecnologia ma interface; otimização do vista estético; reduzir custos
2018
(análise de ele- projeto, com redução do uso de contribuindo com o meio
mentos finitos) materiais, tempo de fabricação ambiente.
e auxiliar na execução.
Controle de materiais e equi- Melhorar a precisão da locali-
pamentos, sua localização e zação dos objetos, em função
Uso da Realida-
Javier I. et al., informações dentro da edifica- da origem do rastreamento;
3 de Aumentada e
2013 ção já construída; visualização utilizar todo o potencial do
Modelo Virtual.
desse ambiente com o uso de modelo BIM em outras fases
equipamentos apropriados. (construção e operação).
Comparativo da percepção dos
benefícios, impactos e dificul- Desenvolver, de forma con-
dades da utilização do BIM em tínua, o ambiente BIM e da
BIM(Building
Xu, J. et al., duas cidades da China (Xangai cultura BIM; analisar os efei-
4 Information
2018 e Whenzou); ações de fomento tos do tamanho das empresas
Modeling).
à utilização do BIM, levando nas percepções individuais
em consideração o ambiente sobre o BIM.
BIM local.
BIM(Building
Information
Modeling),
Simulação digital da estrutura;
Análise de Ele-
alinhamento consistente do
mentos Finitos Incentivar a capacidade dos
fluxo digital (projeto, fabrica-
(FEA), fabri- profissionais da construção
ção e transporte); uso cada vez
Huijben, F.; cação digital civil, para aprender coletiva-
mais antecipado das tecnolo-
5 Ploeg, C. V. (impressão 3D), mente, adaptar, ajustar, adotar
gias disponíveis; atendimento
D., 2018 ferramentas e implementar essas novas
às necessidades de tempo e
de controle tecnologias no processo de
custos baixos; atendimento às
numérico com- projeto.
exigências de desempenho das
putadorizado
edificações.
(CNC), manu-
fatura auxiliada
por robô.

87
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Novas
Nº. Referência Benefícios do uso Próximos passos
Tecnologias

Murugan, S. Previsão do número de horas


Rede Neural
6 B. ; Sundar, de retrabalho e o número de O artigo não sugere.
Artificial
M. L., 2017 defeitos.

BIM (Building
Gerenciamento de edificações;
Information
melhoria das práticas relacio- Formar profissionais e estu-
Javier, I. et Modeling)
7 nadas à manutenção; promoção dantes na utilização de tecno-
al., 2014 e Realidade
de um ambiente colaborativo logia BIM - MAR.
Aumentada
entre as partes interessadas
Móvel

Visualização de informações Avaliar experimentalmente a


Shin, D. H.; Realidade
8 das atividades de construção realidade aumentada reden-
2008 Aumentada
para obras complexas. rizada.

Protótipo de
software, basea-
Seleção do tipo de escava- Incluir todas as especificações
do na técnica de
Prasad, K. ; deira ideal, com a análise das técnicas detalhadas para es-
implantação de
Zavadskas, E. melhores características do cavadeiras e carregadeiras de
9 função de qua-
K. ; Chakra- equipamento em comparação rodas, para tornar o protótipo
lidade (QFD),
borty, S., 2015 com o canteiro e o serviço a de software desenvolvido mais
desenvolvido
ser executado. eficiente e poderoso.
no Visual Ba-
sic 6.

Virtual Design
Yee, P. ; Avaliação para a prática de Adoção de quadro de avalia-
and Construc-
Fischer, M. gestão de projetos em BIM, ção, estabelecendo um sistema
10 tion (VDC) ou
; Kam, C., incluindo planejamento e de pontuação baseado em
projeto virtual e
2017 desempenho dos projetos. indicadores.
construção

Fonte: a autora.

4. DISCUSSÕES
A utilização de tecnologias digitais na construção civil ainda é um
campo a ser explorado, que demanda uma condução estruturada e técnica,
atendendo às necessidades peculiares dessa indústria.
Analisando-se os artigos citados, constata-se que, assim como em
outros segmentos, a inovação tecnológica é um processo, que pode se basear
no desenvolvimento de novos modelos de negócios, ou seja, produtos que
não existiam antes ou baseados na eficiência, com a melhoria de processos

88
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

já existentes (Demonel e Marx, 2015). Na indústria da construção civil, res-


paldando-se nos resultados dos artigos analisados, as tecnologias digitais para
promover a eficiência e a melhoria dos processos mostraram-se as mais pro-
pícias. Como já foi citado, Logantathan (2017) afirma que as dificuldades da
construção civil demandam mudanças no sistema de gestão ou nas práticas
construtivas. Mediante a adoção de novas tecnologias, evidencia-se com essa
pesquisa uma maioria de soluções voltadas para a gestão.
Baseando-se na Tabela 8 e seguindo a ordem de identificação dos
artigos, foi elaborada a tabela 9, na qual se constata se a tecnologia digital
resultou na inovação de um produto novo ou de uma melhoria de processo,
com impacto em gestão ou práticas construtivas.

Tabela 9: Classificação das novas tecnologias em Produto ou Processo


Impacto
No. Tecnologias digitais desta pesquisa Inovação por em
Eficiênca em
1 Modelagem de informações em projetos de pontes em 3D. Gestão
processo
Estereotomia com o auxílio da tecnologia (análise de elementos
Eficiênca em
2 finitos), como forma de integrar o projeto arquitetônico, estrutural e Gestão
processo
desempenho ambiental com uma mesma interface.
Uso da Realidade Aumentada por meio de um novo software,auxi-
3 liando no controle de materiais e equipamentos, localização e infor- Produto novo Gestão
mações, na edificação já construída.
Comparativo da percepção dos benefícios, impactos e dificuldades
Eficiênca em
4 da utilização do BIM em duas cidades da China (Xangai e When- Gestão
processo
zou).
BIM, Análise de Elementos Finitos (FEA) para simulação digital da Gestão /
Eficiênca em
5 estrutura, fabricação digital (impressão 3D), ferramentas de controle Práticas
processo
numérico computadorizado (CNC), manufatura auxiliada por robô. construtivas
Utilização de uma Rede Neural Artificial para prever o número de
Eficiênca em
6 horas de retrabalho e o número de defeitos por US $ 1 milhão em Gestão
processo
escopo de projeto e 200.000 horas previstas no total.
BIM (Building Information Modeling) e Realidade Aumentada Eficiênca em
7 Gestão
Móvel para gerenciamento de edifícios. processo

Eficiênca em
8 Realidade Aumentada Gestão
processo
Protótipo de software, baseado na técnica de implantação de função
9 de qualidade (QFD), é projetado e desenvolvido no Visual Basic 6, Produto novo Gestão
para seleção entre escavadeiras.
Virtual Design and Construction (VDC) ou projeto virtual e cons- Eficiênca em
10 Gestão
trução processo

Fonte: a autora.

89
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Loreto (2018) também cita que a cadeia da construção busca inovar


em dois segmentos: eficiência e modelo de negócios. O primeiro procura
criar novas maneiras para aprimorar e tornar mais eficientes os processos
já existentes, enquanto que o segundo abrange novas oportunidades de
negócios ainda não pensados, para solucionar problemas da indústria.
Dos 10 (dez) artigos selecionados para essa pesquisa, apenas 2
(dois), ou seja, 20%, apresentaram novos produtos para o setor, ambos
softwares: o primeiro para uso da Realidade Aumentada (RA), contribuin-
do com a gestão da manutenção (Irizarry et al., 2013), e o segundo, que
auxilia na escolha de equipamentos de transporte de materiais dentro do
canteiro de obras, de acordo com suas características e o tipo de trabalho
a ser realizado (Prasad, Zavadskas e Chakraborty, 2015). Entre os mesmos
artigos, um apresenta uma solução voltada para práticas construtivas em
detrimento de 9 (nove) tecnologias digitais voltadas à gestão.
Demonel e Marx (2015) ainda descrevem que os pilares para a
inovação tecnológica são: o processo interfuncional para as atividades de
cada fase, a conexão com o mercado e os níveis de decisão. Ou seja, os
artigos encontrados refletem a inovação dentro dos processos inerentes às
fases de concepção, execução e entrega de uma construção.
Segundo Hatuala, Järvenpää e Pulkkinen (2017), as tecnologias
digitais representam mais que apenas ferramentas para atingir o mesmo
objetivo de uma maneira melhor, modificando a forma como as pessoas
trabalham, além de influenciarem fundamentalmente modelos de negócios
e processos. A metodologia BIM, de forma a integrar as informações entre
os agentes do projeto, que traz benefícios à construção como um todo,
necessita do uso de softwares e sistemática de trabalho digital no dia a dia
dos projetos, modificando a forma de trabalho desses agentes.
Nesse sentido, Tibuzzi (2018) reforça a importância do uso de
uma técnica antiga que pode dar subsídios e influenciar novos projetos
e melhorar a gestão, com o auxílio da tecnologia. Em seu trabalho, ele
apresenta a definição de estereotomia como “a ciência de corte de sólidos
tridimensionais em formas particulares”. Essa aplicação datada do século
15, auxiliada pelas técnicas de modelagem digital e análise de elementos
finitos, auxiliou na concretização de projetos arquitetônicos de grande re-
levância, resultando em estruturas rígidas e autoportantes. Ele defende o

90
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

uso dessa técnica como forma de reduzir os custos de projeto e de uso de


materiais, viabilizando a inovação na arquitetura e contribuindo com o
meio ambiente.
Também buscando melhorar a gestão, Irizarry et al. (2013) reali-
zaram um estudo com o uso da realidade aumentada (RA), para o geren-
ciamento da manutenção das construções, mediante o desenvolvimento e
a aplicação de um software (InfoSPOT), que acessa as informações sobre
materiais e instalações, identificados por meio de uma modelagem anterior
em BIM, fornecendo os dados para os gestores de manutenção, otimizan-
do as decisões e reduzindo ineficiência de informações. Esses dados são ali-
mentados e acessados pelo gestor de maneira interativa e rápida, por meio
de um tablet. Tal estudo corrobora outra abordagem feita pelo mesmo
autor em 2012, na qual ele mesmo sugere que os agentes envolvidos no
projeto possam trabalhar num mesmo ambiente colaborativo, podendo
estar em áreas geograficamente distintas, porém com o mesmo objetivo, o
de gerenciar edificações. Desde 2012, ele pressupõe como fundamental a
formação do estudante e do profissional de construção civil em relação à
utilização da tecnologia BIM, aliada à da Realidade Aumentada.
Seguindo a tendência do uso de inovações tecnológicas em ges-
tão, Shin (2008) identificou em seu artigo diversos usos para a Realidade
Aumentada na construção civil, a exemplo de estruturas subterrâneas, in-
formações de manutenção da construção, orientação de montagem e cons-
trução, trabalhos de campo de infraestrutura, projetos para áreas externas,
planejamento urbano e detalhamento de projetos. Para isso, ele indica a
necessidade da validação da adequação de tecnologias de RA na construção
civil, sugerindo diversos tipos de sistemas para cada uma das atividades:
layout, escavação, perfuração, transporte, corte, movimento de materiais,
conexão através de solda, espalhamento de material, acabamento, pulveri-
zação, cobertura, inspeção, coordenação, supervisão, instrução de equipes
e logística. Ele afirma que os entraves para utilização das tecnologias dimi-
nuem, à medida que a tecnologia de RA avança dia a dia.
Baseado na tecnologia de modelagem BIM, que traz ferramentas
para a melhoria do processo de gestão dos projetos, Xu et al. (2018) te-
ceram um comparativo entre duas cidades da China em relação ao uso
dessa tecnologia, indicando a importância do usuário em relação à “aposta”

91
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

numa nova tecnologia. O estudo propõe que aspectos locais sejam avalia-
dos antes do fomento à utilização desse tipo de tecnologia, a fim de definir
ações estruturadas de incentivo, seja pelo poder público ou privado. Isso
corrobora o que Silva, Bagno e Salermo (2014) defendem: a gestão da ino-
vação é tida como um desafio, devendo as empresas avaliarem seus esforços
a partir de uma visão mais ampla da cadeia, à procura de suas forças e
fraquezas relacionadas às competências necessárias a cada fase do processo.
Na opinião de Huijben e Ploeg (2018), os seguintes fatores-chave
podem ser identificados em relação ao uso eficaz da modelagem BIM na
indústria da construção: necessidade de processos de baixo custo; disponi-
bilidade de novas tecnologias; e maiores exigências em relação ao desempe-
nho do edifício como um todo. Segundo os autores, é papel do profissional
de construção perceber as necessidades dos nossos clientes e traduzir essas
necessidades em padrões de construção e processos eficientes que possam
refletir num melhor desempenho. Dessa forma, é primordial a capacidade
do profissional em adotar essas novas tecnologias, que irão facilitar o aten-
dimento a essa demanda, especialmente na fase de projetos.
No artigo de Yee, Fischer e Kam (2017), eles enfatizam a importân-
cia de uma utilização do Virtual Design Construction (VDC), cujo escopo
é mais amplo que o BIM. Eles definem o VDC como o “uso de modelos de
desempenho multidisciplinares de projetos de construção, incluindo mo-
delos de produto, organização e processos”. O trabalho apresenta um nível
de pontuação para avaliar a adoção do VDC nas organizações, baseado em
quatro áreas: planejamento, utilização, tecnologia e desempenho. Nesse
trabalho, são atribuídos pesos para categorias divididas entre as quatro
áreas, a fim de caracterizar as relações entre o nível de atendimento dos ob-
jetivos do negócio e o uso do VDC. Os autores enfatizam o entendimento
de algumas entidades em que o BIM pode alcançar a abrangência do VDC,
o que torna este trabalho extensivo também ao uso do BIM, avançando na
utilização dessas tecnologias digitais para a gestão dos processos.
Falando em gestão do canteiro de obras, um fator presente em todas
as obras é a segurança do trabalho durante a execução, principalmente se
existirem muitos retrabalhos e erros durante o processo. Murugan e Sudar
(2017) apresentam nesse artigo um estudo para prever o número de horas
de retrabalho e de possíveis erros de construção por meio de testes com

92
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

alguns algoritmos e com o auxílio de uma Rede Neural Artificial (RNA).


O estudo testou três algoritmos e validou um como o mais próximo, sendo
praticamente iguais os valores previstos e os dados de saída encontrados.
A prevenção como foco desse estudo, sendo avaliados três algoritmos e
indicado um como o mais próximo (Grey Wolf Optimization - GWO),
pode fornecer indicadores de perda e, consequentemente, gerar ações para
mitigá-los.
Uma das tecnologias digitais voltadas para a mudança nas prá-
ticas construtivas pode ser encontrada no artigo de Prasad, Zavadskas
e Chakraborty (2015). Eles desenvolveram o uso de um software para
auxiliar a seleção entre equipamentos de transporte no canteiro de obras
(escavadeira), levando em consideração as características dos equipamen-
tos, bem como o tempo de percurso no uso de recursos e no material
a ser transportado. Tendo em vista o custo elevado desses equipamentos
e, ainda, que o serviço de transporte dentro da obra é uma atividade de
apoio, a importância de uma boa escolha impacta diretamente nos custos
indiretos da obra. Os autores enfatizam que o grande número de máquinas
ofertadas, com características diversas e a dificuldade em comparar essas
características podem acarretar más escolhas desse tipo de equipamento
em obra. Nesse sentido, um software foi desenvolvido, com o objetivo de
comparar essas caraterísticas e propor o melhor equipamento para o uso
em questão.
Os artigos aqui apresentados corroboram com o que Ozorhon
(2013) compartilha: a decisão por inovação na construção civil é impac-
tada, principalmente, por fatores relacionados ao projeto, seguidos por
fatores relacionados à gestão e à produção, o que corrobora para a inserção
de mecanismos de gestão, com forte tendência ao modelo de inovação
voltado para a eficiência.

4. CONCLUSÃO
Com base nos artigos analisados, foi possível concluir que existe a
disponibilidade de tecnologias digitais com soluções voltadas para a indús-
tria da construção civil e, ainda, que grande parte tem sua atuação voltada

93
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

para a gestão e eficiência dos processos, tendo em vista a quantidade de


artigos com soluções apresentadas nesse viés.
Tecnologias voltadas para novos produtos e modelos de negócios
que auxiliem tanto a gestão quanto as práticas construtivas ainda precisam
ser mais exploradas.
Como proposta de perspectivas para novos estudos, tem-se a for-
mação do engenheiro civil frente à crescente demanda pelo uso de tecno-
logias digitais.
A partir do surgimento de soluções inovadoras de base tecnológica,
estima-se uma maior facilidade e velocidade na operação dos processos,
bem como no surgimento de produtos que contribuam para um maior
desenvolvimento da indústria da construção civil.

REFERÊNCIAS
ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Relatório Téc-
nico 3 – Relatório Sondagem de Inovação, agosto, 2017.

AZEVEDO, R. C., ENSSLIN, L., LACERDA, R. T. de O., FRANÇA, L.


A., GONZÁLEZ, C. J. I., JUNGLES, A. E., ENSSLIN, S. R.Avaliação de
desempenho do processo de orçamento: estudo de caso em uma obra de
construção civil. Ambiente Construído, Vol. 11, n. 1, p. 85-104, 2011.

BROCKMANN, C.; BREZINSKI, H.; ERBE, A. Innovation  in  Cons-


truction Megaprojects, Journal of Construction Engineering and Ma-
nagement, Vol.142(11), 2016.

CONSTRUTECH VENTURES, <https://construtechventures.com.


br/>, acessado em 08/10/2018.

DEMONEL, W.; MARX, R. Gestão da Cadeia de Inovação em ambien-


tes de baixa intensidade tecnológica. Produção, Vol.25(4), pp.988-999,
2015.

94
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

GRADVOHL R. F.; FREITAS, A. A. F. de; HEINECK, L. F. Desenvol-


vimento de um modelo para análise da acumulação de capacidades tecno-
lógicas na indústria da construção civil: subsetor de edificações. Ambiente
Construído, vol. 11, jan/mar, 2011.

HAUTALA, K., JÄRVENPÄÄ, M.; PULKKINEN, P. Digitalization trans-


forms the construction sector throughout asset’s life-cycle from design to
operation and maintenance. Stahlbau, Vol.86 (4), p.340-346, 2017.

HUIJBEN, F., PLOEG, Chris. Computational design in the building in-


dustry - Threekey drivers for effectively applying computational design in
the building industry, Stahlbau, Vol.87(2), pp.87-94, 2018.

JAVIER I., J.,MASSOUD, G..,GRACELINE W., G., WALKER B. In-


foSPOT: A mobile Augmented Reality method for accessing building in-
formation through a situation awareness approach, Automation in Cons-
truction, Vol.33, pp.11-23, 2013.

JAVIER, I., GHEISARI, M., WILLIAMS G., ROPER K. Ambient in-


telligence environments for accessing building information: A health care
facility management scenario, Facilities, Vol. 32 Issue: 3/4, pp.120-138,
2014.

LOGANATHAN, S., SRINATH, P., KUMARASWAMY, M., KALIDIN-


DI,S., VARGHESE, K. Identifying and Addressing Critical Issues in the
Indian Construction Industry: Perspectives ofLargeBuilding  Construc-
tion Clients, Journalof Construction in Developing Countries, Vol.22,
pp.121-144, 2017.

LORETO, B.“Construtech: inovação que vem de fora do canteiro de


obras”,Ademi-PE, Recife, 06 jun. 2018.

MURUGAN, S. B., SUNDAR, M. L. Investigatesafetyandquality perfor-


mance atconstructionsite using artificial neural network, Journal of Intel-
ligent&Fuzzy Systems, Vol.33 (4), p.2211-2223, 2017.

95
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

OZORHON, B. Analysis of construction innovation process at project


level. J. Manage. Eng., pp. 455–463, 2013.

PRASAD, K., ZAVADSKAS, E., CHAKRABORTY, S. A software pro-


totype for material handling equipment selection for  construction  sites,
Automation in Construction, Vol.57, p.120, 2015.

SHIN, D. H., DUNSTON, P. S. Identificationofapplicationareas for Aug-


mented Reality in industrial constructionbasedontechnologysuitability.
Automation in Construction,Vol. 17, p. 882-894, 2008.

TIBUZZI, E. Revisiting Stereotomic Principles in Contemporary AEC


Practice. Nexus Network Journal, September, pp.1-13, 2018.

TOLEDO, R.de, ABREU, A. F.de, JUNGLES, A. E. A difusão de inova-


ções tecnológicas na indústria da construção civil. In: Encontro Nacional
de Tecnologia do Ambiente Construido, 8., Anais... Salvador, 2000.

XU, J., JIN, R., PIROOZFAR, P., WANG, Y., KANG, B. G., MA, L.,
WANATOWSKI, D., YANG, T. Constructing a BIM Climate–Based
Framework: Regional Case Study in China, Journal of Construction En-
gineering and Management, Vol.144(11), 2018.

YEE, P., FISCHER, M., KAM, C.Prospective validation of virtual design


and construction methods, Journal of Information Technology in Cons-
truction, June, Vol.18, pp.214-239, 2013.

96
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

CAPITULO 6: MÉTODOS PARA PREVISÃO DE CUSTOS PARA


OBRAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL: A REVISÃO SISTEMÁTICA

Eduardo José Melo Lins


Alexandre Duarte Gusmão
Tomi Zlatar
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani

RESUMO
O orçamento de obras de construção civil envolve um grande número
de fatores e incertezas, e estes fazem a elaboração de estimativas de custos
se tornar um grande desafio. Os modelos para previsão de custos surgem
como grandes aliados à prática da engenharia civil. O presente estudo
teve como objetivo revisar estudos que tratam sobre modelos matemáti-
cos e computacionais para a estimativa de custos, de maneira automática
e semiautomática. A revisão seguiu as diretrizes do “Preferred Reporting
Items for Systematic Reviews and MetaAnalysis (PRISMA)”. Os artigos
selecionados foram indexados no Portal de Periódicos da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Google Scholar.
As palavras-chave utilizadas foram “cost”, “price”, “construction of buil-
dings”, “building construction”, combinadas com os descritores boleanos
“AND” e “OR”. Inicialmente, 706 artigos foram encontrados, dos quais
17 artigos estavam de acordo com os critérios de inclusão. Após leitura
completa dos textos, 3 artigos foram excluídos. Os modelos para previ-
são de custos foram agrupados em 3 grupos. O Grupo G1 corresponde
aos modelos para previsão de custos; o Grupo G2 dedicado à previsão de
custos e tempo (cronograma), e o Grupo G3, aos modelos para previsão
de quantidades, tempo e custos. Os estudos abordam sobre Modelos de
Máquina de Vetores de Suporte (SVM), Modelos de Rede Neural Artificial
(RNA), Modelo Baseado em Ontologia (Sistema de Raciocínio Semântico)

97
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

(SRS) e Modelo Building Information Model (BIM) com o uso do forma-


to Industry Foudation Class (IFC). Os melhores resultados para a previsão
de G1 correspondem ao SVM, com precisão igual a 99,57%, e RNA, com
99,00%. Os melhores resultados para a previsão de G2 correspondem ao
SVM, com precisão de 99,57%. Os melhores resultados para a previsão de
G3 correspondem ao Modelo baseado em Ontologia (SRS) e BIM, com
100% de precisão. Apesar dos bons resultados, o desafio é fazer os citados
modelos, atualmente restritos à academia, serem utilizados pelo mercado
da construção civil.

Palavras-chave: Orçamento de Obras Civis; Automação da Estimativa de


Custos; Quantitativos; Custo Direto; Precisão.

98
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

1. INTRODUÇÃO
A indústria da construção civil é o motor, que move a economia,
que representa um dos maiores setores da atividade econômica global. As
obras de construção civil são diversas, abrangendo desde a construção de
grandes usinas de energia e rodovias, que custam bilhões de dólares, à cons-
trução de prédios e residências unifamiliares (HALPIN e WOODHEAD,
2004, p. 9).
A ABNT NBR 12219:1992, norma técnica da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que versa sobre a elaboração de
caderno de encargos para a execução de edificações, define custo como o
somatório das despesas efetuadas para elaboração do produto final, obra
acabada ou a consecução de um serviço. A citada norma traz a definição
do preço unitário como aquele estabelecido previamente à execução de
uma unidade de serviço, conforme critérios de seleção, e preço total como
o preço de um serviço ou obra computado segundo a soma dos preços
parciais, preços especiais e reajustes [atualizações monetárias], quando
aplicável. De acordo com Mattos (2014, p. 22), a estimativa de custos – e
o consequente estabelecimento do preço de venda – é basicamente um
exercício de previsão de estimativa de custos para obras de construção civil.
Qualquer que seja o tipo de contrato para execução de obras de construção
civil, por empreitada, cessão de mão de obra, preços unitários, preço global
ou integral (turnkey), o orçamento deve partir da discriminação minuciosa
dos serviços a serem realizados, do levantamento dos quantitativos para
cada serviço e da definição dos custos unitários obtidos por meio da com-
posição dos consumos de insumos – custos diretos, mais os gastos com a
infraestrutura necessária à execução – custos indiretos, riscos, bonificação e
impostos (TISAKA, 2006, p. 37). A estimativa precisa de custos no estágio
inicial dos projetos de construção é um fator importante para o sucesso
desses projetos, contudo é difícil estimar, com rapidez e precisão, os custos
de construção na fase de planejamento, quando desenhos e especificações
técnicas ainda estão incompletos (KIM et al., 2013, p. 1, tradução nos-
sa). A técnica orçamentária tradicional envolve a identificação, descrição,
quantificação, análise e valoração de uma grande série de itens, requerendo,

99
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

portanto, muita atenção e habilidade técnica dos profissionais responsáveis


pela elaboração do citado documento técnico (MATTOS, 2014, p. 22).
De acordo com Alqahtani e Whyte (2016, p. 31), os projetos de
construção civil são únicos, com custos que dependem de uma estimativa
do uso de recursos (insumos) e da escolha de especificações. Os riscos e as
incertezas estão presentes em todas as fases do projeto, inclusive na fase de
estimativa de custos, e estes, dentre outros fatores, devem ser levados em
consideração para evitar atrasos e perdas de recursos. A imprecisão de es-
timativas de custos para obras civis é um grande obstáculo, podendo levar
a projetos concluídos inadequadamente e a falhas na realização e cumpri-
mento de objetivos (ALQAHTANI e WHYTE, 2013, p. 61, tradução
nossa). Segundo Ugur et al. (2018, p. 2), os desenhos nem sempre estão
disponíveis para o orçamentista na fase de pré-estimativa, quando a decisão
de investimento é tomada e os recursos necessários para o investimento e o
custo final do projeto são determinados, sendo utilizados para tanto os da-
dos disponíveis de projetos anteriores [método de estimativa paramétrica].
Na indústria da construção civil, a história do passado não pode
ser definida como um preditor efetivo do futuro, portanto a previsão de
projetos requer uma abordagem especializada e moderna.
As estimativas de custos de construção, com resultados confiáveis,
não são passíveis de serem desenvolvidas com técnicas lineares, uma vez
que as aplicações de dados de custo em projetos de construção são comple-
xas e de natureza não linear, fazendo com que as técnicas tradicionais de
estimação linear não sejam adequadas. Tal cenário torna imprescindível o
desenvolvimento de abordagens avançadas, mediante o uso da Inteligência
Artificial (IA), para a estimativa dos dados de séries temporais para projetos
de construção civil (VAHDANIA et al., 2012, p. 12, tradução nossa).
O desenvolvimento de tecnologias da informação para a indústria
da construção civil resultou na oferta de inúmeras aplicações de softwares,
com o uso de métodos matemáticos e computacionais para a automação,
parcial ou integral, do processo de estimativa de custos para a construção
(MA et al., 2013, p. 126, tradução nossa).
Embora as tecnologias para a automação do processo de estima-
tiva de custos tenham evoluído nas últimas décadas, ainda permanecem

100
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

lacunas de conhecimento em pesquisas relacionadas à previsão precisa de


custos, especialmente para abordar todas as variáveis que compõem os
custos de obras civis (ALQAHTANI e WHYTE, 2016, p. 31, tradução
nossa). Frente à importância da previsão de custos para construção civil,
vários métodos preditivos foram propostos para a estimativa de custos,
desde análises de regressão multivariáveis, baseadas em estatística, até téc-
nicas de aprendizado de máquina, tais como as Árvores de Classificação
e a Regressão (CART), Redes Neurais Artificiais (RNA), Máquinas de
Vetores de Suporte (SVM), Máquinas de Vetores de Suporte de Mínimos
Quadrados (LS-SVM), dentre outros (CHENG e HOANG, 2014, p.
223, tradução nossa). Modelos probabilísticos de estimativa de custos, a
exemplo do Modelo de Previsão de Regressão Linear (LR) e Redes Neurais
Artificiais (RNA), permitem estimar os custos de projeto, contudo a apli-
cabilidade e aceitabilidade de estimativas de custos por meio do uso de
métodos probabilísticos é discutível, uma vez que os modelos requerem
uma significativa quantidade de dados estatísticos e complexos algoritmos
matemáticos (CHOU e TSENG, 2011, p. 642, tradução nossa). O desem-
penho de um modelo para estimativa de custos, em regra, é determinado
através da medição do seu viés [erro sistemático], consistência e precisão,
as quais estão relacionadas à diferença na média entre os custos reais e
os custos estimados, considerando tanto o grau de variação em torno da
média quanto a combinação com o viés e a consistência (KIM e AN, 2007,
p. 135, tradução nossa). O efetivo desempenho dos modelos estatísticos
também está relacionado à eliminação do overfitting, evitando que o mode-
lo estatístico, embora se ajuste muito bem ao conjunto de dados, mostra-se
ineficaz para prever novos resultados.
Tecnologia de ponta para o desenvolvimento de projetos de cons-
trução civil, a metodologia Building Information Model (BIM) com o uso
do formato Industry Foudation Class (IFC) – Open BIM, permite, dentre
as diversas aplicações possíveis, a automação da previsão de estimativas de
quantidades e custos com precisão e alta qualidade dos resultados. Embora
a ferramenta BIM possa calcular automaticamente a quantidade de ma-
terial, não pode fornecer qualquer informação sobre os itens de trabalho
[custos unitários] (LEE et al., 2014, p. 104, tradução nossa). Segundo
Cunha (2018), o Governo do Estado de Santa Catarina promoveu, no ano

101
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

de 2014, de forma pioneira, a primeira licitação da Administração Pública


brasileira para a contratação da elaboração dos projetos executivos de en-
genharia para o Instituto de Cardiologia de Santa Catarina adotando-se o
Modelo BIM em IFC, cujo escopo incluiu o orçamento e planejamento
prévio da obra.
O presente estudo teve como objetivo revisar estudos que tratam
sobre modelos matemáticos e computacionais para a estimativa de custos
de maneira automática e semiautomática.

2. METODOLOGIA
A elaboração dessa revisão sistemática foi baseada nas diretri-
zes do PRISMA - Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and
Meta-Analyses. Os artigos, potencialmente úteis, selecionados para esse
estudo, foram encontrados no Portal de Periódicos da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Google Scholar.
As palavras-chave utilizadas foram “cost”, “price”, “construction of buil-
dings”, “building construction”, combinadas com os descritores boleanos
“AND” e “OR”. Todas as buscas foram realizadas para os últimos cinco
anos, especificamente para os anos compreendidos entre 2003 e 2018. A
pesquisa foi realizada em maio de 2018, contemplando os artigos publi-
cados até aquela data. Os critérios para a inclusão dos artigos na revisão
sistemática foram os seguintes: (a) artigos de pesquisa que abordaram mo-
delos para a previsão de estimativa de quantidades, tempo e custos para
obras civis; (b) estudos sobre métodos matemáticos e computacionais,
automáticos ou semiautomáticos, para a previsão de estimativa de quanti-
dades, tempo e custos para obras civis; (c) artigos científicos com análise da
precisão de modelos para a previsão de estimativa de quantidades, tempo e
custos para construção civil.
Foram excluídos os artigos com modelos e métodos nos quais não
havia a análise da precisão dos resultados obtidos com o uso destes. Os
estudos foram selecionados, segundo os métodos, com maior precisão e
qualidade dos resultados para os cálculos de quantitativos, tempo e custos
para serviços de construção civil.

102
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

3. RESULTADOS
Inicialmente, 706 registros foram encontrados, dos quais nove
foram obtidos por meio de referências bibliográficas. Dezessete artigos
estavam de acordo com os critérios de inclusão. Após leitura completa dos
textos, três artigos foram excluídos. A Figura 12 apresenta a estratégia de
busca utilizada nas bases de dados anteriormente citadas.

Figura 12: Diagrama de fluxo da seleção de artigos.

Com respeito à organização e sistematização das informações, após a


recuperação dos artigos completos, foi realizada a leitura destes, que permitiu
a divisão das investigações em três Grupos, segundo as variáveis testadas com
o uso dos modelos e métodos para a previsão de estimativas de custos para
obras civis, quais sejam: custos (G1); tempo [cronograma] e custos (G2); e
quantidades, tempo e custos (G3).

103
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

As Tabela 10 e 11 apresentam as principais características dos es-


tudos selecionados. Dos quatorze estudos incluídos, doze abordam vinte e
oito modelos para previsão de estimativa de custos para construção civil, dos
quais dois também abordam sete modelos para previsão de estimativa de
tempo [prazo] e custos, e outros dois estudos abordam dois modelos para
previsão de quantidades, tempo e custos.
Os 28 modelos para previsão de estimativas de custos (G1) con-
sistem em: 1 Modelo de Probabilidade a Priori (MPP); 5 Modelos com o
uso de Regressão: Regressão Linear (LR), Regressão Linear Múltipla (MLR),
Regressão Não Linear (NLR), Análise de Regressão (RA), e Regressão
Logística (RLOG); 8 Modelos com o uso de Máquina de Vetor de Suporte
(SVM): 5 Modelos com o uso de Máquina de Vetor de Suporte (SVM),
2 Modelos com o uso do Modelo de Máquina de Vetores de Suporte de
Mínimos Quadrados (LS-SVM), 1 Modelo Estimate at Completion (EAC-
LSPIM) - Modelo Híbrido das Técnicas Avançadas LS-SVM/MLIE/DE; 9
Modelos com o uso de Rede Neural: 4 Modelos de Rede Neural Artificial
(RNA), 1 Modelo de Rede Neural Supervisionada (RNS), 1 Modelo de Single
- Modelo de Rede Neural Artificial (S-RNA), 1 Modelo Bootstrap Aggregating
- Rede Neural Artificial (BA-RNA), 1 Modelo Adaptive Boosting - Rede
Neural Artificial (AB-RNA), e 1 Modelo de Redes Neurais de Propagação
Reversa (BPNN); 1 Modelo da Técnica de Aprendizado de Máquina (M5-
MT); 1 Modelo Bagging–Árvores de Classificação e Regressão (B-CART);
1 Modelo Bagging–Multi-layer Perceptron Neural Networks (B-MLP); 1
Modelo Radom-Árvores de Classificação e Regressão (R-CART); e 1 Modelo
Random-Multi-Layer Perceptron Neural Networks (R-MLP).
Os sete modelos para previsão de estimativas de tempo e custo (G2)
consistem em: 2 Modelos com o uso de Regressão: Regressão Linear (LR) e
Regressão Logística (RLOG); 2 Modelos com o uso de Máquina de Vetor
de Suporte (SVM); e 3 Modelos com o uso de Rede Neural: Single - Modelo
de Rede Neural Artificial (S-RNA), Bootstrap Aggregating - Rede Neural
Artificial (BA-RNA); Adaptive Boosting - Rede Neural Artificial (AB- RNA);
e Redes Neurais de Propagação Reversa (BPNN).
Os dois modelos para a previsão de quantidades, tempo e custos
(G3) consistem em: 1 Modelo baseado em IFC para estimativa de custos
semiautomática com BIM Estimate; e 1 Modelo Baseado em Ontologia
(Sistema de Raciocínio Semântico) e BIM.

104
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Os estudos selecionados correspondem a diversas tipologias de obras


de construção civil, quais sejam: ferrovia, rodovias, edifícios residenciais,
escolas, hospitais, escritórios, instalações recreativas, hotéis e lojas de depar-
tamento.
Dos quatorze estudos selecionados, um foi desenvolvido na América
do Sul (Brasil), nove na Ásia (China, Coréia, Egito e Palestina), três na
Europa (Turquia e Bósnia Herzegovina), e um na Oceania (Austrália), em
uma patente demonstração da importância global da temática dos métodos
tecnológicos para previsão de estimativa de custos para a construção civil.
Nove técnicas Estatísticas, de Inteligência Artificial e Computacionais
para a previsão de custos, quantidades e cronograma, contempladas nessa
revisão sistemática, são brevemente apresentadas a seguir:

3.1. Regressão Linear (LR)


A Regressão Linear (LR) nasceu da tentativa de relacionar mate-
maticamente um conjunto de observações de certas variáveis, designadas
genericamente por Xk (k=1...p), com as leituras de uma certa grandeza Y
(MATOS, 2018, p. 4). De acordo com Martins e Domingues (2014, p.
311), prioritariamente, a análise de regressão é usada com o propósito de
previsão. O modelo de regressão linear simples pode ser representado pela
Equação 1. Segundo Matos (2018, p.4), a predição tem como objetivo
obter uma relação que permita, perante futuras observações das variáveis
Xk, prever o correspondente valor de Y, sem a necessidade de medi-lo. Na
Regressão Linear p = 1.
Y = α+βXi+εi (1)
Xk (k=1...p); p=1
Onde:
Y: variável dependente (variável de estudo);
Xi: é a variável independente;
α: intercepto da reta;
β: inclinação da reta;
εi: é o erro aleatório de Y para a observação i componente do modelo.

105
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

3.2. Regressão Linear Múltipla (MLR)


Segundo Figueira (2006, p. 20), o modelo de Regressão Linear
Simples apresenta algumas limitações, tendo em vista que, em algumas
situações, é necessário analisar a influência de diversas variáveis indepen-
dentes sobre uma variável dependente, as quais implicam o emprego da
Regressão Linear Múltipla (MLR). A incorporação de outras variáveis
independentes no modelo tem o objetivo de melhor explicar e prever o
comportamento da variável dependente Y (MARTINS e DOMINGUES,
2014, p.340). Na Regressão Linear Múltipla ou Multi-regressão p > 1. O
modelo de regressão linear múltipla pode ser representado pela Equação 2.
Yi = α+β1X1i+β2X2i+...+βkXki+εi (2)
Xk (k=1...p); p>1
Onde:
Yi: variável dependente (variável de estudo);
X1i, X2i, Xki: são as variáveis independentes;
β: determina a contribuição da variável independente Xi;
εi: é o erro aleatório de Y para a observação i componente do modelo.

3.3. Regressão Não Linear (NLR)


A Regressão Não Linear (NLR) é um método de análise de regres-
são, no qual os dados observacionais são modelados por uma função, que
é uma combinação não linear dos parâmetros do modelo e depende de
uma ou mais variáveis independentes, sendo os dados ajustados por um
método de aproximações sucessivas (KLAUS, 2002, tradução nossa). Um
Modelo Não Linear (MNL), em matemática, consiste em uma função não
linear nos parâmetros. Em estatística, um modelo de regressão não linear
descreve alguma quantidade relacionada à distribuição de probabilidades
de uma variável aleatória Y como uma função não linear nos parâmetros
(ZEVIANE et al., 2013, p. 15). Para o modelo de Regressão Não Linear,
na maioria das vezes, as formulações de possíveis modelos são baseadas
em considerações teóricas inerentes ao fenômeno que se tem interesse de
modelar, os quais são denominados modelos mecanísticos (MAZUCHELI

106
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

e ACHCAR, 2002, p. 1762). Segundo Zeviane et al. (2013, p. 13), a prin-


cipal vantagem do modelo não linear sobre o modelo linear é a de sua esco-
lha estar associada a conhecimento prévio sobre a relação a ser modelada e
ao fato de geralmente apresentar interpretação prática para os parâmetros.
O modelo de Regressão Não Linear pode ser representado pela Equação 3.
Yi = α℮βxi+εi (3)
Onde:
Yi: variável dependente (variável de estudo);
Xi: é a variável independente;
β: determina a contribuição da variável independente Xi;
εi: é o erro aleatório de Y para a observação i componente do modelo.

3.4. Regressão Logística (RLOG)


O modelo de Regressão Logística (RLOG) permite o cálculo (pre-
visão) da probabilidade de um evento particular, com base em um conjunto
de variáveis independentes que podem ser numéricas ou não (MARTINS e
DOMINGUES, 2014, p. 369). A Regressão Logística pode ser, em função
da natureza da variável dependente Y, do tipo Nominal ou Ordinal. De
acordo com Figueira (2006, 67), nos modelos de Regressão Linear Simples
ou Múltipla, a variável dependente Y é uma variável aleatória de natureza
contínua numérica (intervalar ou razão), contudo, em algumas situações,
a variável dependente é qualitativa e expressa por duas ou mais categorias,
ou seja, admite dois ou mais valores, exigindo o emprego da Regressão
Logística.
Segundo Figueira (2006, p. 69), há duas classes importantes de
modelos lineares generalizados, dentre elas os modelos logit, nos quais a
variável dependente pode ser associada a uma variável aleatória Bernoulli,
denominada Regressão Logística, e pelos modelos loglinear, nos quais a va-
riável dependente é associada a uma variável aleatória Poisson. O modelo
de Regressão Logística pode ser representado pela Equação 4.

107
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

(4)

Onde:
π (x): função monotônica com valores entre zero e um, quando x varia na
reta real;
x: é a variável independente; e
β: vetor de parâmetros do modelo. Se β0=0 e β1=-1, então π (x) é chamada
de função de distribuição logística.

3.5. Máquina de Vetor de Suporte (SVM)


Do termo em inglês Support Vector Machines (SVM), as Máquinas
de Vetores de Suporte constituem uma técnica da ciência da computação
para um conjunto de métodos de aprendizado supervisionado, aprendi-
zagem de máquina, com princípios na Teoria do Aprendizado Estatístico
de Vapnick. A técnica é fundamentada nos princípios indutivos da
Minimização de Risco Estrutural, os quais são derivados da Teoria do
Aprendizado Estatístico, sendo esta baseada no fato de o erro da técnica
de aprendizagem junto aos dados de validação (erro de generalização) ser
limitado pelo erro de treinamento mais um termo que depende da dimen-
são VC Vapnick-Chervonenkis (ZUBEN, 2018, p.37).
A teoria das Máquinas de Vetores de Suporte (SVMs) é uma nova
técnica estatística com o uso de Inteligência Artificial (IA). Essa teoria de
aprendizado pode ser vista como uma técnica de treinamento alternativa
para função de base polinomial, função de base radial e classificadores de
percepção multicamada. Em muitos aplicativos, as Máquinas de Vetores
de Suporte demonstraram fornecer um desempenho mais alto do que as
máquinas de aprendizado tradicionais e foram apresentadas como fer-
ramentas poderosas para resolver problemas de classificação e regressão
(CHENG e WU, 2005, p. 2, tradução nossa).
Em problemas de classificação, o principal objetivo é construir um
classificador (preditor) a partir de um conjunto de dados conhecidos, que
seja capaz de determinar corretamente a classe de novos exemplos, cujas
mencionadas classes podem ser visualizadas como categorias dos dados e

108
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

descrevem o fenômeno de interesse sobre o qual se deseja fazer previsões


(LORENA, 2005 p. 2). Os SVMs permitem a análise de dados e o reco-
nhecimento de padrões, usados para classificação e análise estatística de
regressão, o qual toma como entrada um conjunto de dados e prediz, para
cada entrada, de qual das duas possíveis classes a entrada faz parte, o que
faz do SVM um classificador linear binário não probabilístico (Figura 13).

Figura 13: Resultado de uma Máquina de Vetor de Suporte (SVM). Fonte:


Zuben (2018, p. 68).

Uma técnica alternativa às tradicionais Máquinas de Vetores


de Suporte (SVM) são as Máquinas de Vetores de Suporte de Mínimos
Quadrados (LS-SVM), baseadas no SVM. Requerem, contudo, apenas a
solução de um conjunto de equações lineares, em detrimento do SVM
padrão, que envolve um complexo problema de programação quadrática,
o qual é longo e computacionalmente difícil (VAHDANIA et al., 2012, p.
12, tradução nossa).

3.6. Rede Neural Artificial (RNA)


Segundo Zuben e Attux (2018, p.14), uma Rede Neural Artificial
(RNA) é definida como uma estrutura de processamento (rede), passível
de implementação em dispositivos eletrônicos, composta por um número

109
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

de unidades interconectadas (neurônios artificiais). Cada unidade apresen-


ta um comportamento específico de entrada e saída (computação local),
determinado pela sua função de transferência, pelas interconexões com
outras unidades e, possivelmente, pelas entradas externas.
As Redes Neurais Artificiais (Figura 14) são modelos, que buscam
simular o processamento de informação do cérebro humano, e são com-
postas por unidades de processamento simples, os neurônios, que se unem
por meio de conexões sinápticas (FERNEDA, 2006, p. 26). Não há regras
pré-estabelecidas para determinar os parâmetros no desenvolvimento de
modelos de Redes Neurais Artificiais (RNA), e os melhores parâmetros são
normalmente obtidos por meio de tentativas e erros (DAVIES, 1994, p.
22, tradução nossa). Os modelos de Inteligência Artificial, dentre eles as
Redes Neurais, produzem melhores resultados de previsão do que aqueles
obtidos a partir de modelos estatísticos de regressão (WANG e GIBSON
JÚNIOR, 2010, p. 344, tradução nossa).

Figura 14: Estrutura típica de uma Rede Neural de Alimentação


Multicamadas. Fonte: Adel et al. (2016, p. 1730).

110
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

3.7. Building Information Modeling (BIM)


Da expressão em inglês Building Information Modeling, o BIM é
um conjunto de softwares de base de dados, em formato digital, de todos
os aspectos a considerar na edificação de um projeto. Ele permite a criação
de um modelo visual 3D para facilitar a visualização do resultado final do
projeto em estudo, podendo conter, de forma integrada, as especificações de
materiais, custos, prazos, dentre outros dados.
Com o uso do BIM (Figura 15), é possível visualizar o modelo de
diferentes perspectivas, em função da especialidade do projeto, bem como
acrescentar ou modificar informações em tempo real, dentre outras possibi-
lidades (CARDOSO et al., 2013, p. 4). O BIM é classificado, segundo suas
funcionalidades, em 7 (sete) dimensões, quais sejam: dimensão 2D, na qual
são tratadas as plantas, cortes e elevações; dimensão 3D, onde são desenvol-
vidos os modelos tridimensionais digitais (perspectivas); dimensão 4D, na
qual é integrado o cronograma na sequência de etapas e construção; dimen-
são 5D, onde são inclusas as questões de custos e orçamento; dimensão 6D,
a qual está relacionada a questões da sustentabilidade ambiental, como a
Avaliação do Ciclo de Vida (AVC) e o desempenho energético da edificação;
e a dimensão 7D, na qual são tratadas as questões relacionadas à segurança
do trabalho (BORGES et al., 2018, p. 145).

Figura 15: Processo geral de estimativa de custos com o uso do BIM. Fonte:
Lee et al. (2014, p. 97).

111
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

3.8. Industry Foudation Class (IFC)


Do termo em inglês Industry Foundation Class, o IFC é um forma-
to de arquivo de trocas, de domínio público, o qual proporciona a intero-
perabilidade entre produtos de diferentes softwares do Building Information
Modeling (BIM) (CUNHA, 2018) e apresenta propriedades de objetos,
materiais, relações entre objetos, além das propriedades geométricas (AN-
DRADE e RUSCHEL, 2009, p. 81).
Para que se tenha uma boa interoperabilidade entre os softwares
BIM, é de fundamental importância a implementação de um padrão de
protocolo internacional de trocas de dados nos aplicativos e nos processos
de projeto, sendo o principal protocolo usado o IFC, modelo de dados
do edifício baseado em objetos, do tipo não proprietário. O IFC, de acor-
do com a International Alliance for Interoperability (2008), é um formato
aberto, neutro e com especificações padronizadas para o BIM, podendo ser
usado no planejamento, projeto, construção e gerenciamento de edifícios
(ANDRADE e RUSCHEL, 2009, p. 81).

3.9. Ontologia - Sistema de Raciocínio Semântico (SRS)


A Ontologia ou Sistema de Raciocínio Semântico (SRS) consiste
em uma técnica computacional de organização de informações (Figura 16),
cuja estrutura é baseada na descrição de conceitos e dos relacionamentos se-
mânticos entre eles, a qual gera uma especificação formal e explícita de uma
conceitualização compartilhada (MORAIS e AMBRÓSIO, 2007, p. 1).
Segundo Almeida (2014, p. 244), a Ontologia consiste em um sis-
tema de categorias estruturadas em níveis hierárquicos, em geral, na forma
de uma árvore invertida, na qual a categoria de mais alto nível é nomeada
“entidade”. Há três sistemas de categorias, quais sejam: o aristotélico, o
kantiniano e o husserliano (THOMASSON, 2018).
Em Representação do Conhecimento (RC), um subcampo da
Inteligência Artificial (IA), o termo Ontologia corresponde a uma teoria
representativa dos principais fatos e regras que governam parte da reali-
dade, com fins computacionais. Em ciência da computação, observam-se
dois significados para o termo Ontologia. O primeiro diz respeito ao uso

112
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

de princípios ontológicos para entender e modelar a realidade, ou seja,


fornecer uma descrição do que existe e caracterizar entidades nas ativi-
dades de modelagem. O segundo significado diz respeito à representação
de um domínio em uma linguagem de representação computacional, o
qual consiste em um conjunto de declarações expressas em linguagem de
representação, o qual pode ser processado por mecanismos de inferência
automatizados (ALMEIDA, 2014, p.250).

Figura 16: Fluxo de dados para o processo de Inferência Ontológica com o


uso do BIM e Raciocínio Semântico. Fonte: Lee et al. (2014, p. 100).

113
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 10: Principais características dos estudos selecionados

NR Estudo País Método de Estimativa

Modelo de Probabilidade a Priore (MPP) - Software


1 PALHA (2012) Brasil
Microsoft Excel

Modelo de Previsão de Regressão Linear (LR) - Softwa-


re DTREG - Modelo “Custo-Tempo” de Bromilow
PETRUSEVA Bósnia
2 Modelo de Máquina de Vetor de Suporte (SVM) - Mé-
et al. (2017) Herzegovina
todo de Kernel - Software DTREG - Modelo “Custo-
-Tempo” de Bromilow

Modelo de Rede Neural Supervisionada (RNS) Otimiza-


ADEL et al. da com Algoritmos Genéticos
3 Egito
(2016) (Algoritmo de Levenberg-Marquardt / Função Tangente
Hiperbólica)

EL-SAWALHI Modelo de Máquina de Vetores de Suporte (SVM) -


4 Palestina
(2015) Software NeuroSolution 5.07 para Excel

GUNAYDIN Modelo de Rede Neural (RNA) - Software NeuroSolu-


5 e DOGAN Turquia tion (Técnica de Aprendizagem de Propagação Retró-
(2004) grada)

CHENG e WU China -
6 Modelo de Máquina de Vetores de Suporte (SVM)
(2005) Taiwan

Modelo de Regressão Logística; Single - Modelo de


Rede Neural Artificial (S-RNA) - Software NeuroSolu-
tion; BootstrapAggregating - Modelo de Rede Neural
WANG et al. China -
7 Artificial (BA-RNA) - Software NeuroSolution; Adapti-
(2012) Taiwan
veBoosting - Modelo de Rede Neural Artificial (AB-R-
NA) - Software NeuroSolution; Modelo de Máquina de
Vetores de Suporte (SVM) - Método de Kernel

114
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

NR Estudo País Método de Estimativa

Modelo Técnica de Aprendizado de Máquina (M5-MT);


CHENG e Modelo de Rede Neural Artificial (RNA); Modelo Míni-
China -
8 HOANG mos Quadrados - Máquina de Vetores de Suporte (LS-S-
Taiwan
(2014) VM); Estimateat Completion (EAC-LSPIM) - Modelo
Híbrido das Técnicas Avançadas LS-SVM/MLIE/DE

Modelo de Análise de Regressão (RA); Modelo de


KIM et al.
9 Coréia Máquina de Vetor de Suporte (SVM); Modelo de Rede
(2013)
Neural (RNA)

Modelo de Regressão Não Linear (NLR); Modelo de


Predição de Redes Neurais de Propagação Reversa
VAHDANI et China -
10 (BPNN) ; Modelo Mínimos Quadrados - Máquina de
al. (2012) Taiwan
Vetores de Suporte (LS-SVM) com Técnica de Valida-
ção Cruzada

ALQAHTANI Modelo de Regressão Linear Múltipla (MLR); Modelo


11 e WHYTE Austrália de Rede Neural (RNA)
(2015)

Modelo B-CART Bagging-Árvores de Classificação e


Regressão; Modelo B-MLP Bagging-Multi-LayerPer-
UGUR et al.
12 Turquia ceptron Neural Networks ; Modelo R-CART Radom-
(2018)
-Árvores de Classificação e Regressão; Modelo R-MLP
Random-Multi-LayerPerceptron Neural Networks

Estimativa de custo TBP convencional ; Modelo basea-


MA et al.
13 China do em IFC para estimativa de custo TBP semiautomática
(2013)
com BIM - Estimate - Software Autodesk RevitStructure

Modelo de Estimativa de Custo Convencional; Modelo


LEE et al. de Estimativa de Custo Baseado em Ontologia (Sistema
14 Coréia
(2014) de Raciocínio Semântico) e BIM (BIM RS)

115
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 11: Principais características dos estudos selecionados

NR Tipo de Construção Tamanho da Amostra Duração Variável/Precisão

1 Ferrovia; 4 Especialistas
Estimadores vs Máquina;
1 Ferrovia Experiência: A = 20 anos; B 36 meses Custo: 95,00%
= 10 anos; C = 39 anos; D =
13 anos

Custo/ Tempo: 66,58%;


2 Estruturas 75 Estruturas -
Custo/ Tempo: 99,57%

75 Rodovias (Validado em 11
3 Rodovia - Custo: 84,00%
Rodovias)

70 Rodovias (Validado em 3
4 Rodovia - Custo: 95,00%
Rodovias)

Edifícios Residências de 4 30 Edifícios Residenciais


5 - 8 andares (Estruturas em (Validado em 6 Edifícios - Custo: 93,00%
Concreto Armado) Residenciais)

6 Habitações Coletivas 29 Habitações Coletivas - Custo: <90,00%

Custo/ Tempo:
64,00%/68,00%
Custo/ Tempo:
Escolas, Casas, Edifícios
76,00%/68,00%
Residenciais, Hospitais,
92 Projetos (Validado em 25 Custo/ Tempo:
7 Escritórios, Instalações 3 a 73 meses
Projetos) 76,00%/72,00%
Recreativas, Hotéis e Lojas
Custo/ Tempo:
de Departamento
84,00%/80,00%
Custo/ Tempo:
92,00%/76,00%

116
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

NR Tipo de Construção Tamanho da Amostra Duração Variável/Precisão

Custo: 89,10%; Cus-


Edifícios em Concreto
13 Projetos (Validado em 2 15 a 63 to: 93,50%; Custo:
8 Armado (9 a 17 andares,
Projetos) meses 94,70%; Custo:
incluindo o subsolo)
98,40%

Custo: 94,32%; Cus-


217 Edificações (Validado em
9 Edificações (Escolas) - to: 92,52%; Custo:
67 Edificações)
94,73%

Custo/Fatores de In-
fluência: 42,27%
100 Habitações Coletivas;
Custo/Fatores de In-
10 Habitações Coletivas (Validado em 20 Habitações -
fluência: 67,42%
Coletivas)
Custo/Fatores de In-
fluência: 81,45%

20 Projetos de Construção
Custo: 97,00%; Custo:
11 Projetos de Construção (Obras de Manutenção/Recu- 18 anos
99,00%
peração)

Edifícios Habitacionais de
Custo: 85,49%; Cus-
Concreto Armado de Múl- 63 Edifícios Habitacionais de
to: 89,28%; Custo:
12 tiplos Andares (Projetos Concreto Armado de Múlti- -
86,47%; Custo:
Típicos, Bloco Único, 2 a plos Andares
87,37%
15 andares)

Edifício em Concreto
1 Edifício em Concreto Ar- Quantidades: não inf.;
13 Armado, moldado ‘in loco’ -
mado Quantidades: 67,00%
(CIPC), 6 andares (Escola)

5 Analistas Estimadores vs
Máquina; Experiência: A = Quantidades: 0,00%;
14 Ladrilhos Cerâmicos NA
8 anos; B = 10 anos; C = 16 Quantidades: 100,00%
anos; D = 8 anos; E = 12 anos

117
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

4. DISCUSSÃO
Adiante, são analisadas as principais características dos modelos
matemáticos e computacionais empregados nas previsões de estimativas
para a construção civil, segundo os Grupos: (G1) Custos; (G2) Tempo
[cronograma] e Custos; e (G3) Quantidades, Tempo e Custos.

4.1 Modelos para Previsão da Estimativa de Custos (G1)


Os 28 Modelos para Previsão da Estimativa do Grupo G1 corres-
pondem aos relacionados na Tabela 12.

Tabela 12: Estudos que abordam Modelos para Previsão da Estimativa de


Custos (G1)

Estudo Modelos

PALHA (2012) MPP

PETRUSEVA et al. (2017) LR, SVM

ADEL et al. (2016) RNS

El-SAWALHI (2015) SVM

GUNAYDIN e DOGAN (2004) RNA

CHENG e WU (2005) SVM

WANG et al. (2012) RLOG, SVM, S-RNA, BA-RNA, AB-RNA

CHENG e HOANG (2014) LS-SVM, EAC-LSPIM, RNA, M5-MT

KIM et al. (2013) RA, SVM, RNA

VAHDANIA et al. (2012) NLT, LS-SVM, BPNN

ALQAHTANI e WHYTE (2015) MLR, RNA

UGUR et al. (2018) B-CART, B-MLP, R-CART, R-MLP

Fonte: Autores

O estudo desenvolvido por Palha (2012) a respeito do Modelo de


Probabilidade a Priori (MPP), com o uso do software Microsoft Excel e empre-

118
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

go da distribuição de probabilidade de Weibull e Regressão Linear Simples


(SLR) tem como particularidade a utilização de entrevistas com profissionais
para obtenção do conhecimento a priori destes, os quais podem ter níveis
diferentes de experiência em obras de uma dada especialidade, para determi-
nação dos valores equiprováveis de probabilidade. As informações forneci-
das por meio de entrevistas individuais com os especialistas, por variável, as
quais são posteriormente tratadas, podem ser utilizadas para determinação
do valor esperado de forma individual, com os parâmetros do especialista
mais experiente, ou ainda, misturá-los. Segundo Palha (2012), a metodo-
logia adotada para o cálculo da Probabilidade a Priori, aplicável às obras
contratadas por Administração e Aliança, consiste na aplicação do Diagrama
de Pareto para definição das variáveis mais representativas a serem estudadas
(valor dos serviços que compõem a obra); realização de entrevistas com os
especialistas envolvidos direta ou indiretamente com o problema (o valor da
obra), as quais lastreiam a elicitação da Probabilidade a Priori; transformação
para a distribuição de Weibull e aplicação do método de Regressão Linear
Simples (SLR) para correlação entre o valor da variável e sua probabilidade
de ocorrência; e posterior cálculo das curvas de densidade de probabilidade
para cada variável aleatória (v.a.), com o uso do método de distribuição sub-
jetiva para uma proporção incerta descrita por Raiffa (1977), de modo que
seja calculado o valor esperado e sua variabilidade, utilizando-se o teorema
de Bayes.
A determinação da função probabilidade é construída a partir de
entrevistas com profissionais que tenham conhecimento a priori a respei-
to do tema. Nas entrevistas, o especialista determina quais intervalos têm
probabilidades equiprováveis. O procedimento é desenvolvido em 8 etapas,
quais sejam: exposição do problema aos especialistas; apresentação de valo-
res máximos (cm) e mínimo (c0) pré-estabelecidos; subdivisão do intervalo
em pontos equiprováveis; escolha do ponto de probabilidade equiprovável
e determinação de um ponto dentro do intervalo c0-c0,5; determinação de
um ponto dentro do intervalo c0,5-cm; realização do teste de consistência,
perguntando-se onde está a probabilidade de “p” e “c” acontecer dentro ou
fora do intervalo c0,25-c0,75; avaliar se a resposta do entrevistado é coerente
com o restante da entrevista; repetir o procedimento para obtenção do maior
número de pontos da função densidade de probabilidade; analisar estatisti-
camente os dados, para ajustar os pontos a uma distribuição de probabilida-

119
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

de; e modelar a curva de densidade de probabilidade para determinar o valor


esperado para o custo unitário utilizando o teorema de Bayes.
De acordo com Palha (2012), o processo como um todo é van-
tajoso do ponto de vista da flexibilidade e agilidade para determinação
de um valor de custo para um dado empreendimento, contudo a autora
aponta como dificuldade a grande resistência do mercado à metodologia
e a necessidade da utilização de profissionais com vasta experiência, pois,
caso contrário, serão altas as margens de variação dos dados. O estudo foi
aplicado a onze variáveis de uma obra ferroviária (escavação, compactação,
concreto, forma, etc.) , obtendo erro = 16,00%.
O estudo desenvolvido por Adel et al. (2016) apresenta um mode-
lo paramétrico para estimativa de custo preliminar de projetos rodoviários.
Um banco de dados de 75 projetos rodoviários foi coletado e organizado
para o desenvolvimento do modelo. Entrevistas em profundidade com
especialistas foram realizadas para selecionar os fatores de entrada conve-
nientes para o desenvolvimento do modelo. Um modelo de Rede Neural
Supervisionada (RNS) com uma camada oculta otimizada por Algoritmos
Genéticos foi estabelecido para a determinação de parâmetros com
impacto significativo no custo de projetos rodoviários. O modelo utilizou
o algoritmo de Levenberg-Marquardt como uma regra de retropropagação
e a função Hyperbolic Tangent como uma função de transferência para ca-
madas ocultas e de saída. O modelo foi treinado e avaliado para determinar
a ligação entre o custo dos projetos de rodovias, seus fatores de entrada
e assegurar seu desempenho preditivo, respectivamente. Em seguida, foi
realizado um estudo de caso para testar sua validade e precisão em relação
ao manuseio de aplicações práticas reais. Os resultados mostraram que o
modelo desenvolvido é confiável para ser usado em estágios iniciais de
projetos rodoviários. Assim, um módulo de interface gráfica do usuário foi
codificado para o modelo, a fim de facilitar o seu uso e manipulação em
futuros projetos rodoviários. O modelo RNS obteve precisão = 84,00%.
El-Sawalhi (2015) desenvolveu um estudo com o emprego do
Modelo de Máquina de Vetor de Suporte (SVM) para a estimativa pre-
liminar dos custos (técnica paramétrica) para obras rodoviárias. Foram
identificados os principais fatores que afetam a estimativa de custos com
92 especialistas em gerenciamento de projetos, escolhidos de 3 grupos:

120
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

proprietários (55%); construtores (32%); e consultores (13%). A citada


escolha foi realizada de forma aleatória e não substitutiva, por meio de
um questionário, dividido em duas partes. A primeira parte referente às
informações gerais, e a segunda, a 18 fatores que afetam a estimativa de
custos. Foi utilizada uma escala de cinco pontos para classificar os níveis de
concordância das respostas, sendo 1 e 5 referentes ao baixo e alto nível de
concordância, respectivamente. Mediante essa pesquisa, foram identifica-
dos os cinco principais fatores que afetam os custos de obras rodoviárias,
quais sejam: propriedade do equipamento; espessura da camada asfáltica;
número de camadas asfálticas; área da estrada; e volume de cortes e aterros
no local. Por outro lado, os resultados indicam os cinco fatores que menos
afetam os custos, a saber: qualidade da camada de base; espessura da cama-
da de intertravamento; custos indiretos; e especificações do meio-fio. Para
construir o Modelo SVM, com o uso do software NeuroSolution 5.07 para
Excel, foram processadas as seguintes etapas: construção do modelo; coleta
de dados e limitações de organização; e divisão dos dados em 3 conjuntos:
treinamento, teste e validação. Foram utilizados 70 projetos rodoviários
para a modelagem. O modelo SVM desenvolvido foi capaz de prever, com
sucesso, os custos do projeto rodoviário com uma precisão de 95%.
O estudo desenvolvido por Gunaydin e Dogan (2004) teve como
objetivo introduzir uma nova abordagem sobre o uso de Rede Neural (RN)
para a estimativa de custos do sistema estrutural de um edifício nas fases
iniciais de projeto. Foram utilizados dados de trinta projetos estruturais de
edifícios em concreto armado, construídos na Turquia, com 4 a 8 andares,
para treinar e testar a metodologia de RN, segundo oito parâmetros de
entrada disponíveis na fase inicial do projeto estrutural, quais sejam: área
total do edifício; relação entre a área do pavimento tipo e a área total do
edifício; relação entre a área do terreno e a área total do edifício; número
de pavimentos; direção de armação da estrutura do edifício (uma ou duas
direções); sistema de fundações do edifício; tipo de sistema construtivo; e
localização do núcleo do edifício. O dado de saída refere-se ao custo do
sistema estrutural por metro quadrado. O modelo mostrou ser capaz de
fornecer estimativas de custo de construção por metro quadrado. A me-
todologia permite a estimativa de custos de maneira econômica e rápida,
contudo traz consigo a desvantagem em relação à necessidade de informa-

121
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

ções detalhadas do projeto, incertezas em relação ao desenvolvimento do


projeto e mudanças dos parâmetros de projeto, dentre outras. O modelo
de RN foi capaz de prever, com sucesso, os custos do projeto estrutural
para edifícios com uma precisão média de 93%.
A pesquisa desenvolvida por Cheng e Wu (2005) comparou o de-
sempenho dos modelos de Máquina de Vetor de Suporte (SVM) e Redes
Neurais (RN) com os resultados obtidos da proposição de um novo méto-
do, denominado Modelo de Inferência Neural Fuzzy Evolutivo (EFNIM),
para prever o custo estimado de construção nas etapas iniciais de estudo de
viabilidade de um projeto. O EFNIM foi desenvolvido com a combinação
de três técnicas: os Algoritmos Genéticos (AGs), os quais são dedicados à
otimização; à Lógica Fuzzy (FL), dedicada à imprecisão e raciocínio apro-
ximado; e às Redes Neurais (RNs), responsáveis pelo aprendizado e ajuste
de curvas.
A combinação de AG, FL e RN compensou os deméritos de um
paradigma pelos méritos do outro. Para o desenvolvimento do mencionado
estudo, foram utilizados 10 padrões de entrada para a estimativa de custos
de construção, quais sejam: área do canteiro de obras (m2); propriedades
geológicas; influência do número de chefes de família; impactos sísmicos;
número de proprietários; área total de piso (m2); andares acima do ter-
reno natural; andares abaixo do terreno natural; padrão de acabamento;
e padrão das instalações prediais. O padrão de saída refere-se ao custo de
construção por metro quadrado. Também foram identificados quatro fa-
tores de impacto na estimativa de custos através de revisão da literatura
e de entrevistas com especialistas, quais sejam: propriedades geológicas;
impactos sísmicos; padrão de acabamento; e classe de facilidades.
Para validação do modelo, foram utilizados os dados de 29 proje-
tos de habitações coletivas em concreto armado, construídas em Taiwan,
entre os anos de 1997 e 2001, aplicando-se o EFNIM, RN e SVM. Com
base nos resultados do treinamento, o erro médio da previsão/tempo de
computação para os modelos EFNIM, RN e SVM são respectivamente,
menor que 8,13%/superior a 300 minutos, menor que 54,91%/maior do
que 5 minutos e menor que 9,00%/menor do que 5 minutos. Logo, o
SVM apresentou o melhor desempenho.

122
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

O estudo desenvolvido por Cheng e Hoang (2014) propõe um


novo modelo de previsão de custo de construção com o uso de Máquina
de Vetor de Suporte de Mínimos Quadrados (LS-SVM), Estimativa de
Intervalo baseado em Aprendizagem de Máquina (MLIE) e Evolução
Diferencial (DE). LS-SVM é uma técnica de aprendizagem supervisiona-
da, utilizada para análise de regressão. MLIE é adotado para inferência de
intervalos de precisão. A DE é implantada no processo de validação cru-
zada para procurar os valores ideais dos parâmetros de ajuste. Em síntese,
o modelo proposto, denominado EAC-LSPIM, é um modelo híbrido de
várias técnicas avançadas, incluindo LS-SVM, MLIE e DE, para auxílio
na previsão de custos de construção, o qual incorpora as forças e atenua
as fraquezas de cada técnica individual. A utilização do LS-SVM é dupla:
primeiro é usado para inferir a função subjacente entre os dados de entrada
e a estimativa pontual da Estimativa para Conclusão (ETC); em seguida, é
empregado para modelar o relacionamento de mapeamento entre os dados
de entrada e os limites de previsão da Estimativa na Conclusão (EAC).
Além disso, usando o MLIE, o modelo permite a determinação do inter-
valo de previsão avaliando a incerteza inerente no conjunto de dados, sem
qualquer suposição ou conhecimento prévio sobre a distribuição do erro
do modelo. O mecanismo de busca DE é utilizado no processo de valida-
ção cruzada, tendo em vista evitar o excesso de ajuste, o qual identifica,
com êxito, o conjunto mais apropriado de parâmetros de ajuste e elimina a
necessidade de experiência ou processo de tentativa e erro na configuração
de parâmetros.
O modelo EAC-LSPIM produz resultados de uma estimativa de
custos associada a um valor pontual em um intervalo de valores, limi-
tes de previsão inferior e superior, o qual fornece resultados de previsão
precisos e confiáveis. O mencionado modelo tem a capacidade de operar
automaticamente sem intervenção humana e conhecimento de domínio,
com grande potencial para auxiliar os tomadores de decisão no âmbito
do gerenciamento da construção, particularmente no planejamento e mo-
nitoramento de custos de construção. A Probabilidade de Cobertura do
Intervalo de Previsão (PICP) para o modelo proposto EAC-LSPIM, a qual
mede a proporção de pontos de dados dentro do Intervalo de Previsão (PI),
é de 98,43%.

123
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

A pesquisa desenvolvida por Kim et al. (2013) teve como objetivo


comparar a precisão de três técnicas utilizadas para a estimativa de custos
de construção, a saber: a Análise de Regressão (RA), Rede Neural (RN) e
técnicas de Máquina de Vetores de Suporte (SVM). Os dados utilizados no
estudo correspondem aos custos diretos reais de construção de 217 escolas
na província de Keyonggi, Coréia, entre os anos de 2004 e 2007. Dez
variáveis de entrada e uma de saída foram extraídas dos dados coletados. As
variáveis de entrada são: ano de construção; custo de construção; padrão de
acabamento; aquisição de terrenos; número de salas de aula; área de cons-
trução; área bruta de piso; quantidade de andares; pavimentos abaixo do
terreno natural; e pé direito. O ano de construção não foi utilizado como
variável, uma vez que todos os custos coletados foram convertidos para um
mesmo ano-base. A variável de saída consiste no custo total de construção.
Os dados de custos coletados de 217 prédios escolares foram divi-
didos aleatoriamente em 20 dados de teste, 67 dados de validação cruzada
e 130 dados de treinamento. Foi estimado o custo de construção de 217
escolas, sendo 197 casos utilizados para o desenvolvimento de validação de
modelos, e 20 casos foram utilizados para testar o modelo. O desempenho
de cada modelo foi medido pela Taxa Média de Erro Absoluto (MAER), a
qual é calculada pela razão da diferença entre o custo estimado pela aplica-
ção do modelo (Ce) e o custo real coletado (Ca), dividido pelo custo real
coletado (Ca), e por fim dividido pelo número de dados de teste (n).
Os resultados dos modelos de RA, RN e SVM correspondem a
MAER de 5,68, 5,27 e 7,48, respectivamente. Todos os três modelos de-
monstraram uma alta correlação entre os custos de estimativa e os custos
diretos reais. O modelo de Rede Neural (RN) forneceu os resultados de
estimativa mais precisos, bem como provou ser útil e adequado para lidar
com problemas complexos e para o desenvolvimento de modelos prediti-
vos de fácil utilização.
O estudo desenvolvido por Vahdania et al. (2012) apresenta um
modelo inteligente para melhorar a precisão do custo preliminar de cons-
trução. O modelo proposto é baseado em duas técnicas, a Máquina de
Vetor de Suporte de Mínimos Quadrados (LS-SVM) e a validação cruzada
k-fold. A técnica LS-SVM é utilizada para lidar com o mapeamento de
entrada e saída de dados e concentra-se nos custos, e a validação cruzada

124
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

k-fold é empregada para treinar o LS-SVM a fim de fornecer uma avaliação


mais realista da precisão, dividindo o conjunto de dados totais em vários
conjuntos de treinamento e oferecendo resultados confiáveis. Foram uti-
lizados dados reais de projetos de 20 habitações coletivas, executados em
Taiwan, no período compreendido entre os anos de 1997 a 2001.
Para o conjunto de dados reais, foram considerados 10 fatores
de entrada, quais sejam: a área do canteiro de obras (m2); propriedades
geológicas; influência do número de chefes de família; impactos sísmicos;
número de proprietários de imóveis; área total (m2); andares acima do
terreno natural; andares abaixo do terreno natural; padrão de acabamento;
e padrão das instalações prediais. O dado de saída corresponde ao custo
normalizado do projeto de construção. O desempenho do modelo propos-
to é comparado com duas importantes técnicas de Inteligência Artificial, a
saber Regressão Não Linear (LNR) e Redes Neurais de Propagação Reversa
(BPRN).
O modelo proposto considerou o princípio da minimização de
riscos estruturais, buscando minimizar um limite superior do erro de ge-
neralização, em vez de minimizar o erro de estimativa no conjunto de
treinamento. O modelo apresentado forneceu ao LS-SVM um maior po-
tencial para generalizar a relação de entrada-saída aprendida durante a fase
de treinamento para desenvolver estimativas adequadas para novos dados
de entrada. Em contraste com as técnicas tradicionais de teste e avaliação,
LNR e BPRN, o modelo LS-SVM com validação cruzada k-fold, obteve
mais méritos com características de alta confiabilidade e evitando overfit-
ting.
Dos resultados comparativos, baseados nos índices de Erro Médio
Absoluto (MAPE), Erro Quadrático Médio (MSE) e R-quadrado (R2),
concluiu-se que o modelo proposto, LS-SVM com validação cruzada
k-fold, apresentou melhor desempenho de generalização e gerou menor
erro de estimação utilizando o conjunto de dados disponíveis nos projetos
de construção. O modelo proposto obteve um R2 igual a 81,45%, enquan-
to LNR e BPRN obtiveram R2 igual a 42,27% e 67,42%, respectivamen-
te. Os resultados computacionais ilustram que o modelo de Inteligência
Artificial apresentado funciona melhor do que as outras duas importantes
técnicas.

125
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

O trabalho desenvolvido por Alqahtani e Whyte (2015) compa-


ra o desempenho dos Modelos de Regressão Linear Múltipla (MR) e de
Rede Neural (RNA) para estimar os custos de operação e manutenção de
edifícios. Foram utilizados os dados históricos de 20 projetos imobiliários
(obras de manutenção e recuperação predial) para testar os citados mo-
delos. Para o desenvolvimento dos modelos, foram utilizados 11 fatores
históricos estudados ao longo de 18 anos de gestão imobiliária, dados de
entrada, quais sejam: acabamento interno; reparos em telhados; limpeza
interna; mão de obra para os serviços de manutenção; taxas de administra-
ção; outras taxas; seguro; gás; eletricidade; e óleo combustível.
Os mencionados custos históricos, segundo os autores, correspon-
dem a 70% dos custos operacionais. Também foram utilizados sete fatores
históricos, não-custo, que afetam os custos de manutenção e recuperação
predial, quais sejam: tipo de prédio; área bruta do piso; área de telhado
inclinado; área de telhado plano; área envidraçada externa; número de
andares acima do terreno natural; e número de andares abaixo do terreno
natural. Os dados de saída representam os valores reais dos custos de ope-
ração. Os autores afirmam que os modelos de RNA proporcionam exce-
lente desempenho em termos de projetos de treinamento e testes quando
comparados à modelagem de MR. O melhor modelo global desenvolvido
com RNA é capaz de estimar os custos operacionais com 99% de precisão,
enquanto o MR apresentou uma precisão de 97%.
Ugur et al. (2018) discutem modelos para a estimativa inicial de
custos de construção de edificações em concreto armado de múltiplos
andares construídos na República da Turquia. A pesquisa baseia-se nos
desenhos e nas quantidades de 63 projetos de unidades habitacionais de
concreto armado de múltiplos andares, os quais variam de 2 a 15 pavimen-
tos. O estudo desenvolvido pelos mencionados autores teve como objetivo
eliminar a necessidade de especialização e o longo tempo de cálculo de
estimativas de custos de construção, através do aumento da precisão da
estimativa de custos com o uso de técnicas individuais de Aprendizado
de Máquina (ML), particularmente a retropropagação de Redes Neurais
Artificiais (RNA) definida como Perceptron Multicamada (MLP) e Árvores
de Classificação e Regressão (CART) e compararam o desempenho de dois
algoritmos ML, quais sejam Bagging (B) e Subespaço Aleatório (R).

126
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

O Bagging aumenta a precisão reduzindo a variação de classificado-


res individuais. Os Subespaços Aleatórios lidam com o problema de over-
fitting e proporcionam a precisão máxima da estimativa, os quais treinam
estimadores em amostras aleatórias ao invés de todo o conjunto, a fim de
reduzir a correlação entre estimadores. Quatro conjuntos de modelos de
aprendizagem foram construídos utilizando dois métodos conjuntos e dois
modelos convencionais de Inteligência Artificial: Bagging Multicamada
Perceptron (B-MLP); Bagging Árvores de Classificação e Regressão
(B-CART); Subespaços Aleatórios Multicamada Perceptron (R-MLP); e
Subespaços Aleatórios Árvores de Classificação e Regressão (R-CART).
Os dados de entrada (vetor de entrada), calculados a partir dos desenhos,
compreendem oito variáveis: pé direito (m); número de apartamentos em
um piso (nr); número total de apartamentos (nr); área de piso do pavi-
mento tipo (m2); área de fachada (m2); área de aberturas de fachada (m2);
número de andares (nr); e média de áreas planas (m2).
A precisão dos modelos, relação entre os dados originais e es-
timados, foi avaliada utilizando-se três parâmetros: o Coeficiente de
Determinação (R2); o Erro Absoluto Relativo (RAE); e o Erro Quadrático
Relativo de Raiz (RRSE). O melhor desempenho de previsão, de acordo
com as estatísticas R2, RAE e RRSE, é calculado pelos conjuntos MLP
(B-MLP, R-MLP), seguidos pelos conjuntos CART. Ao serem comparados
o B-MLP, o R-MLP com o MLP e o CART, é verificado que os métodos
MLP e CART são piores para esses indicadores sem algoritmos conjuntos.
Os resultados do estudo mostram que a precisão dos modelos de conjuntos
é maior do que a dos modelos individuais, em uma clara evidência de
que aqueles podem melhorar os modelos individuais de aprendizado de
máquina. Os modelos propostos B-CART, R-CART, B-MLP e R-MLP
obtiveram um R2 igual a 85,49%, 86,47%, 89,28% e 87,37%, respectiva-
mente.
Dos 28 modelos para previsão da estimativa de custos de constru-
ção (Figura 17), os que apresentaram maior precisão dos resultados foram
os Modelos de Máquina de Vetores de Suporte (SVM), com precisão igual
a 99,57% para o estudo desenvolvido por Petruseva et al. (2017). O se-
gundo melhor desempenho foi verificado para os Modelos de Rede Neural

127
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Artificial (RNA), com precisão igual a 99,00% para o estudo desenvolvido


por Alqahtani e Whyte (2015).
Os modelos SVM e RNA foram desenvolvidos e testados na elabo-
ração de orçamentos preliminares, momento no qual não estão disponíveis
os projetos executivos, essenciais ao adequado cálculo dos custos. Portanto,
tais modelos estão limitados à elaboração de estimativas incipientes, ou
seja, não são aplicáveis ao desenvolvimento de orçamentos detalhados.

Figura 17: Modelos para previsão da estimativa de custos e respectiva


precisão.
R-MLP

R-CART

B-MLP

B-CART

M5-MT
Método Previsão de Estimativa de Custos

BPNN

AB-RNA

BA-RNA

S-RNA

RNA

RNS

EAC-LSPIM

LS-SVM

SVM

RA

RLOG

MLR

NLR

LR

MPP

50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
UGUR et al. (2018) Precisão % ALQAHTANI e WHYTE (2015)
VAHDANIA et al. (2012) KIM et al. (2013)
CHENG e HOANG (2014) WANG et al. (2012)
CHENG e WU (2005) GUNAYDIN e DOGAN (2004)
El-SAWALHI (2015) ADEL et al. (2016)
PETRUSEVA et al. (2017) PALHA (2012)

Fonte: Autores.

128
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

4.2 Modelos para Previsão da Estimativa de Tempo e Custos (G2)


Os 7 Modelos para Previsão da Estimativa do Grupo G2 corres-
pondem aos relacionados na Tabela 13.

Tabela 13: Estudos que abordam Modelos para Previsão da Estimativa de


Tempo e Custos (G2)
Estudo Modelos
PETRUSEVA et al. (2017) LR, SVM
WANG et al. (2012) SVM, RLOG, S-RNA, BA-RNA, AB-RNA

Fonte: Autores

Os pesquisadores Petruseva et al. (2017) utilizaram um banco de da-


dos de custos de 75 estruturas construídas na Bósnia Herzegovina, os quais
foram obtidos por meio de questionários e entrevistas com construtores e
engenheiros. Os principais dados coletados foram: preço contratado; prazo
de execução; preço real; prazo real; e as razões para o não cumprimento do
prazo. Os 75 projetos de construção previamente realizados foram utiliza-
dos para criar modelos de previsão do preço real de construção em função
do tempo real de construção, usando Regressão Linear (LR) e Máquina
de Vetores de Suporte (SVM), com o emprego do software de modelagem
preditiva Predictive Modeling Software (DETREG), após a qual tiveram a
precisão comparada. Segundo os autores, a previsão do custo de construção
foi modelada, implementando-se o modelo de custo-tempo proposto por
Bromilow no modelo de Regressão Linear.
O modelo corresponde à equação T = k CB, onde T é o tempo con-
tratado; C é o preço contratado; k é o parâmetro para medir a produtividade,
a qual expressa o tempo médio necessário para a construção de um valor
monetário; e B é um parâmetro que expressa a dependência do tempo na
mudança do preço. A forma linear da equação é dada por lnT = lnK + B lnC,
ou ainda, lnC = 1/B lnT – 1/B lnK. O tempo real é usado como variável in-
dependente (preditor), e o preço real é usado como variável alvo. A precisão
dos modelos é medida pelos estimadores: coeficiente de determinação R2, o
qual corresponde à relação entre os valores previstos e os reais da variável alvo
C; e o Erro Percentual Absoluto Médio (MAPE).

129
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Para a modelagem com SVM, é utilizada a validação cruzada em


V, na qual a proporção V-1 / V das linhas do conjunto de dados é usada
durante o processo de treinamento. Os autores apontam como ponto fraco
do modelo SVM a velocidade de convergência em relação ao modelo LR. Os
citados modelos são aplicáveis à previsão rápida e eficiente de custo, não dis-
pensando o processo de estimativa de custo detalhado. Os modelos são limi-
tados à aplicação em projetos de construção sem forte influência de fatores
físicos, tais como as condições climáticas. Os modelos LR e SVM obtiveram
precisão dos resultados iguais a 66,58% e 99,57%, respectivamente.
O trabalho proposto por Wang et al. (2012) aborda temas relati-
vos à previsão de custo e ao sucesso do cronograma inicial para obras de
construção civil, usando conjuntos de Redes Neurais (RN), agregação de
bootstrap e boost adaptativo e modelos de classificação de Máquina de Vetores
de Suporte (SVM). Os resultados do modelo são os sucessos de custo ou
cronograma, conforme medidos pela variação de custo ou cronograma, os
quais são obtidos, comparando-os aos inicialmente previstos. Para a análi-
se do nível de definição do escopo do projeto, é utilizada uma ferramenta
desenvolvida pelo Construction Industry Institute (CII), denominada Project
Definition Rating Index (PDRI), em tradução livre Índice de Classificação de
Definição de Projeto. O PDRI, para Projeto de Construção, é uma lista
abrangente e ponderada de elementos essenciais para definição do escopo,
que devem ser abordados no processo de planejamento inicial, o qual é com-
posto por 64 elementos, agrupados em 11 categorias e organizados em três
seções principais.
Para o desenvolvimento do mencionado estudo, foi utilizada uma
amostragem de 92 projetos de construção, executados entre os anos de 2007
e 2010, dos quais foram disponibilizados o planejamento inicial e as in-
formações do planejamento final. O custo total de construção dos citados
projetos corresponde a aproximadamente 1,1 bilhão de dólares americanos,
abrangendo uma ampla variedade de tipos de construção, incluindo edifí-
cios escolares, casas, prédios de apartamentos, hospitais, escritórios, templos,
instalações recreativas, hotéis e lojas de departamento. Os modelos de Redes
Neurais foram construídos no ambiente NeuroSolutions.
Dos 92 projetos, 57 foram escolhidos aleatoriamente para o conjun-
to de dados de treinamento, 10 para validação cruzada e 25 para testes. Um
classificador de RN de propagação reversa com uma camada oculta foi cria-

130
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

do com o NeuroSolutions. A partir da avaliação do PDRI, o qual é composto


por três subpontuações (estudo de viabilidade, projeto executivo e execução
do projeto), uma pontuação é obtida após a avaliação dos status do planeja-
mento inicial desse projeto. Realizado o teste, descobriu-se que os melhores
resultados da previsão foram obtidos utilizando-se como entradas do modelo
as três subpontuações, em detrimento da pontuação total. Para um único
classificador de Redes Neurais, foram obtidas precisões totais iguais a 76,0%
e 68,0%, para custo e cronograma, respectivamente.
Com o uso dos 11 classificadores de RN (agregação de bootstrap),
foram obtidas precisões iguais a 76,0% e 72,0%, para custo e cronogra-
ma, respectivamente. Com o uso de RN (boost adaptativo), no qual existe
a atribuição de pesos para a agregação do classificador final, em detrimento
da agregação de booststrap, em que todos os classificadores têm pesos iguais,
foram obtidas precisões iguais a 84,0% e 80,0%, para custo e cronogra-
ma, respectivamente. A modelagem com Máquinas de Vetores de Suporte
(SVM) foi implantada no ambiente Matlab usando o software LS-SVMlab.
Os conjuntos de dados de treinamento e teste foram iguais aos da
modelagem com o uso de Redes Neurais. As pontuações PDRI de três seções
são usadas como dados de entrada, os quais são primeiro randomizados, e
o conjunto ideal de parâmetros é obtido minimizando o viés de previsão de
treinamento por meio de uma série de tentativas e erros.
Para o modelo SVM, foram obtidas precisões totais iguais a 92,0% e
76,0%, para custo e cronograma, respectivamente. O modelo SVM fornece
a melhor previsão geral para a previsão do custo. Contudo, para a previsão
de cronograma, independente do conjunto de RN ou SVM, o desempenho
não é tão bom, sendo o modelo RN (boost adaptativo) o de melhor preci-
são, a qual é igual a 80,0%. O autor aponta que os modelos de Inteligência
Artificial produzem melhores resultados, quando comparados aos modelos
tradicionais de regressão logística.
Dos 7 modelos para previsão de tempo e custos (Figura 18), os que
apresentaram maior precisão nos resultados foram os Modelos de Máquina
de Vetores de Suporte (SVM), com precisão igual a 99,57% para o estudo
desenvolvido por Petruseva et al. (2017). O segundo melhor desempenho,
também para SVM, com precisão de 76,00%, foi o desenvolvido por Wang
et al. (2012).

131
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Os modelos de previsão de estimativa de tempo e custos SVM pos-


suem a limitação de não dispensarem o processo de estimativa de custos
detalhado, contudo são uma boa opção para a elaboração de estimativas de
custos, associadas às estimativas de prazo, de maneira eficiente e precisa.

Figura 18: Modelos de previsão de estimativa de tempo e custos e respectiva


precisão. Fonte: Autores.

AB-RNA
Método de Previsão de Estimativa

BA-RNA
de Tempo e Custos

S-RNA

RLOG

SVM

LR

50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
Precisão %

WANG et al. (2012) PETRUSEVA et al. (2017)

4.3 Modelos para Previsão da Estimativa de Quantidades, Tempo


e Custos (G3)
Os 2 Modelos para Previsão da Estimativa do Grupo G3 corres-
pondem aos relacionados na Tabela 14.

Tabela 14: Estudos que abordam Modelos para Previsão da Estimativa de


Quantidades, Tempo e Custos (G3)
Estudo Modelos
MA et al. (2013) BIM-E IFC
LEE et al. (2014) BIM RS

Fonte: Autores

Os pesquisadores Ma et al. (2013) desenvolveram um estudo


de uma metodologia baseada em Ontologia, Sistema de Raciocínio

132
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Semântico, o qual permitiu inferir os itens de trabalho mais adequados


para elementos e materiais de construção civil, usando dados do Building
Information Model (BIM). Trata-se de um modelo de estimativa de custo
baseado em Ontologia e BIM (BIM RS). Foram comparados os resultados
inferidos pelo método BIM RS com aqueles inferidos pelo mecanismo de
inferência do conhecimento especializado, processo tradicional, para 5 va-
riáveis aplicadas aos ladrilhos cerâmicos (tipo, tamanho, espessura, largura
de junta, material da junta).
O processo tradicional foi desenvolvido por cinco engenheiros,
com experiência de 8, 10, 16, 8 e 12 anos. Os resultados mostraram que
os cinco engenheiros selecionaram itens de trabalho (especificações) di-
ferentes, enquanto os itens de trabalho selecionados pelo BIM RS foram
os mesmos. Os autores apontam que, para automatizar por completo o
processo de inferência BIM RS, é necessário o desenvolvimento de um
analisador de dados IFC. A precisão verificada para o BIM RS é de 100%.
O estudo desenvolvido por Lee et al. (2014) aborda uma meto-
dologia Building Information Model (BIM), denominada BIM-Estimate,
estimativa com BIM em tradução livre, com o uso do formato Industry
Foudation Class (IFC), tendo em vista que o IFC propicia a interoperali-
dade entre produtos de diferentes softwares BIM. O BIM-Estimate (BIM-E
IFC) consiste em um modelo computacional com algoritmos na lingua-
gem C++ para estimativa de custos para projetos de construção de maneira
semiautomática. Para testar o BIM-E IFC, foi utilizado o projeto de um
edifício em concreto armado com elementos moldados in loco, o qual foi
desenvolvido com o Autodesk Revit Structure.
Tabelas de condições de classificação e de terminologias e uma ma-
triz de prioridade de item de custo (matriz CIP) são integradas ao BIM-E
e acessadas por meio do ActiveX Data Objects (ADO). Foram formulados o
mapa de processo geral e os algoritmos chave envolvidos. Uma breve com-
paração foi feita entre a estimativa de custos tradicional (softwares comuns),
utilizando-se os dados do IFC do modelo de projeto com BIM-Estimate.
Os resultados comprovaram que a estimativa com o uso do BIM-E IFC re-
duz significativamente a carga de trabalho para a elaboração do orçamento
e os possíveis erros na estimativa de custos tradicional.

133
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Os autores apontam que 67% dos itens de construção foram au-


tomaticamente classificados em conformidade com os custos esperados,
e 33% dos itens foram inseridos manualmente pelos orçamentistas. Os
quantitativos para todos os itens foram automaticamente retirados, cal-
culados e resumidos. O BIM-E IFC demonstra ter alto potencial para
melhorar a eficiência de trabalhos e a precisão de estimativas de custos. A
precisão verificada para o BIM-Estimate IFC é de 67%.
Os 2 modelos para previsão de quantidades, tempo e custos (Figura
19), apresentam interessantes abordagens distintas. O estudo desenvolvido
por Ma et al. (2013) apresenta uma metodologia baseada em Ontologia
(Sistema de Raciocínio Semântico) e BIM, voltada para a especificação
automática de itens de trabalho, com 100% de precisão. Por outro lado,
o estudo desenvolvido por Lee et al. (2014) apresenta uma metodologia
denominada BIM-Estimate, a qual permite a classificação e atribuição de
custos para itens de trabalho, de forma semiautomática, que corresponde a
uma precisão de 67% para a operação classificação.
O BIM RS e BIM Estimate IFC são os mais completos e modernos
modelos empregados para a elaboração de orçamentos detalhados de ma-
neira automática, eficiente e precisa, uma vez que permitem a associação
de um banco de dados de composições de custos associadas às especifica-
ções de serviços de construção civil, bem como o planejamento da obra
associado ao orçamento de custos.

Figura 19: Modelos para previsão de estimativa de tempo e custos e


respectiva precisão. Fonte: Autores.
Tempo e Custos

BIM RS
Estimativa de
Quantidades,
Método de

BIM-E IFC

50 60 70 80 90 100
Precisão %

LEE et al. (2014) MA et al. (2013)

134
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

5. CONCLUSÕES
O principal achado do presente estudo foi verificar que a utilização
de modelos matemáticos e computacionais para a previsão de estimativa de
custos, para obras de construção civil, pode proporcionar efeitos positivos
na elaboração de trabalhos técnicos de engenharia de custos e planejamen-
to, seja para orçamentos estimativos ou detalhados, tendo em vista a preci-
são e velocidade proporcionada pelos citados modelos tecnológicos. Além
da precisão, os mencionados modelos melhoram e aumentam a eficiência
dos trabalhos de elaboração de orçamentos e planejamentos, bem como
otimizam o trabalho intelectual dos profissionais envolvidos na elaboração
de documentos de estimativa de custos e planejamentos preliminares, uma
vez que boa parte das atividades são processadas de forma automática.
Dos modelos analisados na revisão PRISMA, é possível deduzir ser
viável o desenvolvimento de um novo modelo com o uso de Inteligência
Artificial, denominado Modelo de Projeção de Custo Detalhado com
BIM (BIM-MPCD), o qual reside na ideia da aglutinação das qualida-
des e potenciais das Máquinas de Vetores de Suporte (SVM), precisas na
elaboração de estimativas de custos iniciais e da subsequente projeção dos
mesmos para custos detalhados, com emprego do BIM Estimate IFC, sen-
do imprescindível a compilação de bancos de dados para os dois níveis de
estimativa de custos e segundo a mesma tipologia de obra.
A eficiência dos trabalhos e a precisão das estimativas de custos,
tarefa que envolve a análise de diversos fatores, tais como especificações
técnicas, quantidades de serviços, tempo de execução (cronograma), cus-
tos diretos, custos indiretos, riscos, bonificações, impostos, dentre outros
fatores, depende do método empregado para a elaboração destas.
Com o advento dos métodos computacionais, os modelos matemá-
ticos foram aprimorados e refinados, de modo que novos métodos tecno-
lógicos foram desenvolvidos para a estimativa de custos da construção civil
por meio da automação de diversas tarefas, outrora desenvolvidas de forma
manual ou com o uso de softwares tradicionais. Os métodos computacio-
nais e matemáticos abordados na presente revisão sistemática, a exemplo
dos Modelos de Máquina de Vetores de Suporte (SVM), Modelos de Rede
Neural Artificial (RNA), Metodologia baseada em Ontologia (Sistema de
Raciocínio Semântico) e a Metodologia Building Information Model (BIM)

135
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

com o uso do formato Industry Foudation Class (IFC), correspondem


às ferramentas tecnológicas, que proporcionam uma nova forma de fazer
engenharia de custos, com maior precisão da estimativa de quantidades,
tempo (cronograma) e custos para investimentos em obras de construção
civil, com eficiência e precisão elevada dos resultados, chegando a citada
precisão ao patamar dos 99% para os melhores modelos.
Boa parte dos modelos verificados no presente estudo foram de-
senvolvidos para a estimativa de custos em estágios iniciais, momento nos
quais se têm em mãos poucos elementos e informações técnicas necessárias
à elaboração de um orçamento detalhado. Contudo, os modelos mais com-
pletos, a exemplo do Modelo baseado em Ontologia e BIM permitem o
desenvolvimento de estimativas de custos automáticas, eficientes e precisas.
O desafio atual, frente às ferramentas tecnológicas disponíveis para
a estimativa de custos da construção civil, é qualificar os profissionais de or-
çamento, e encorajar os empresários da construção civil e a Administração
Pública a utilizarem, de forma sistemática, as citadas ferramentas. Outra
questão importante é fazer com que os métodos matemáticos e computa-
cionais que hoje estão restritos à academia, sejam utilizados pelo mercado
da construção civil.

REFERÊNCIAS
ADEL, K.; ELYAMANY, A.; BELAL, M. A.; KOTB, A. S. Developing Pa-
rametric Model for Conceptual Cost Estimate of Highway Projects. Inter-
national Journal of Engineering Science and Computing. v. 6, n. 7, p.
1728-1734, jul. 2016.

ALMEIDA, M. B. Uma abordagem integrada sobre ontologies: Ciência da


Informação, Ciência da Computação e Filosofia. Perspectivas em Ciência
da Informação. v. 19. n. 3, p. 242-258, jul./set. 2014.

AX’LQAHTANI, A. WHYTE, A. Estimation of life-cycle costs of buil-


dings: regression vs artificial neural network. Built Environment Project
and Asset Management, v. 6, p. 30-43. 2016. https://doi.org/10.1108/BE-
PAM-08-2014-0035

136
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

ALQAHTANI, A; WHYTE, A. Artificial Neural Networks Incorporation


Cost Significant Items towards Enhancing Estimation for (life-cycle) Cos-
ting of Construction Projects. Australasian Journal of Construction Eco-
nomics and Building. v. 13, n. 3, p.51-64, 2013.

ANDRADE, M. L. V. X.; RUSCHEL, R. C. Interoperabilidade de apli-


cativos BIM usados em arquitetura por meio do formato IFC. Gestão &
Tecnologia de Projetos. v. 4, n. 2, p.76-111, 2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12219:


elaboração de caderno de encargos para execução de edificações. Rio de Ja-
neiro, 1992.

BORGES, J. G.; CALDAS, L. R.; PAULSE, P. C.; HORA, K. E. R.; CAR-


VALHO, M. T. M. Uso do BIM no Processo de Quantificação de Emissões
de CO2 no Projeto de Edificações: Estudo de Caso para o Software Desig-
nbulider. Revista Eletrônica de Engenharia Civil. v. 14, n. 1, p. 142-156,
2018.

CARDOSO, A.; MAIA, B.; SANTOS, D.; NEVES, J.; MARTINS, M.


BIM: O que é? Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto – FEUP.
Disponível em: <https://paginas.fe.up.pt/~projfeup/bestof/12_13/files/
REL_12MC08_01.PDF>. Acesso em: 05 set. 2018.

CHENG, M. Y.; WU, Y. W. Construction Conceptual Cost Estimates


Using Support Vector Machine. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM
ON AUTOMATION AND ROBOTICS IN CONSTRUCTION
ISARC, 22., 2005, Ferrara, Italia. Anais… 2005, Italia, p. 1-5.

CHENG, M. Y.; HOANG, N.D. Interval estimation of construction cost


at completion using least squares support vector machine. Journal of Civil
Engineering and Management. v. 20, n. 2, p. 223-236, 2014.

CHOU, J. S. TSENG, H. C. Establishing expert system for prediction ba-


sed on the project-oriented data warehouse. Expert Systems with Applica-
tions, v. 38, p. 640-651, 2011.

137
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

CUNHA, J. M. F. OPEN BIN: IFC ou não IFC? Eis a questão! Linke-


dIn. Florianópolis, 26 abr. 2017. Disponível em: <https://pt.linkedin.
com/pulse/open-bim-ifc-ou-n%C3%A3o-eis-quest%C3%A3o-joao-mar-
cos-farias-da-cunha.> Acessado em: 18 jun. 2018.

DAVIES, P.C. Design issues in neural network development. Neurovest


Journal. vol. 5, p. 21–25, 1994.
EL-SAWALHI, N. I. Support Vector Machine Cost Estimation Model for
Road Projects. Journal of Civil Engineering and Architecture. vol. 9, p.
1115-1125, 2015.

FERNEDA, E. Redes neurais e sua aplicação em sistemas de recuperação


de informação. Ciência da Informação. vol. 35, n. 1, p. 25-30, 2006.

FIGUEIRA, Cleonis Viater. Modelos de Regressão Logística. Porto Ale-


gre, RS, 2006. Originalmente apresentada como dissertação de mestrado.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2006.

GUNAYDIN, H. M.; DOGAN, S. Z. A neural network approach for


early cost estimation of structural systems of buildings. International
Journal of Project Management. vol. 22, p. 595-602, 2004.

HALPIN, D.W. WOODHEAD, R.W. Administração da Construção


Civil. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ. Livros Técnicos e Científicos Editora
(LTC). 2004. 348 p.

KLAUS, S. Numerical Data Fitting in Dynamical Systems: A Practical


Introduction with Applications and Software. 2002. 1. ed. Springer Scien-
ce & Business Media. Alemanha. 2002. 396 p.

KIM, G.H.; AN S.H. A Study on the Correlation between Selection Me-


thods of Input Variables and Number of Data in Estimating Accuracy;
Cost Estimating Using Neural Networks in Apartment Housing Projects.
Journal of the Architectural Institute of Korea. v. 23, n. 4, p. 129-137,
2007.

138
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

KIM, G. H.; SHIN, J. M.; KIM, S.; SHIN, Y. Comparison of School


Building Construction Costs Estimation Methods Using Regression
Analysis, Neural Network, and Support Vector Machine. Journal of Buil-
ding Construction and Planning Research. v. 1, p. 1-7, 2013. https://
doi.org/10.4236/jbcpr.2013.11001

LEE, S. K; KIM, K. R; YU, J. H. BIM and ontology-based approach for


building cost estimation. Automation in Construction. v. 41, p. 96-105,
2014.

LORENA, Ana Carolina. Investigação de estratégias para a geração


de máquinas de vetores de suporte multiclasses. São Carlos, SP, 2006.
Originalmente apresentada como tese de doutorado. Universidade de São
Paulo, 2006.

MA, Z. WEI, Z. ZHANG, X. Semi-automatic and specification-com-


pliant cost estimation for tendering of building projects based on IFC data
of design model. Automation in Construction, v. 30, 12 dez. 2013.

MARTINS, G. A.; DOMINGUES, O. Estatística Geral e Aplicada. 5.


ed. São Paulo, SP. Atlas. 2014. 399 p.

MATOS, M. A. Manual Operacional para a Regressão Linear. Facul-


dade de Engenharia da Universidade do Porto – FEUP. Disponível em:
<https://web.fe.up.pt/~mam/regressao.pdf>. Acesso em: 05 set. 2018.

MATTOS, A.D. Como preparar orçamento de obras: Dicas para or-


çamentistas – Estudos de Caso – Exemplos. 2014. 2. ed. São Paulo, SP.
PINI. 2016. 277 p.

MAZUCHELI, J.; ACHCAR, J. A. Algumas considerações em regressão


não linear. Acta Scientiarum. vol. 24, n. 6, p. 1761-1770, 2002.

MORAIS, E. A. M.; AMBRÓSIO, A. P. L. Ontologias: conceitos, usos,


metodologias, ferramentas e linguagens. Instituto de Informática da Uni-

139
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

versidade Federal de Goiás – INF. Disponível em: < http://www.portal.


inf.ufg.br/sites/default/files/uploads/relatorios-tecnicos/RT-INF_001-07.
pdf>. Acesso em: 06 set. 2018.

PALHA, Raquel Perez. Modelo de Probabilidade a Priori para Estima-


tiva de Custos na Gestão de Projetos em Construção Civil. Recife, PE,
2012. Originalmente apresentada como dissertação de mestrado. Univer-
sidade Federal de Pernambuco, 2012.

PETRUSEVA, S. ZILESCA-PANCOVSKA, V. ZUJO, V. BRKAN-VEJ-


ZOVIE, A. Construction Costs Forecasting: Comparison of the Accuracy
of Linear Regression and Support Vector Machine Models. Technical Ga-
zette. v. 24, p. 1431-1438. 2017.

RAIFFA, H. Teoria da Decisão. São Paulo, SP. Vozes. 1977.

THOMASSON, A. L. Categories. Stanford Encyclopedia of Philosophy.


Disponível em: < https://plato.stanford.edu/entries/categories/ >. Acesso
em: 05 set. 2018.

TISAKA, M. Orçamento na construção civil: consultoria, projeto e exe-


cução. 1. ed. São Paulo, SP. 2007. PINI, 2016. 367 p.

UGUR, L.O. KANIT, R. ERDAL, H. NAMLI, E. ERDAL, H.I.


BAYCAN, U.C. ERDAL, M. Enhanced Predictive Models for Construc-
tion Costs: A Case Study of Turkish Mass Housing Sector. Comput Econ.
23 abr. 2018. https://doi.org/10.1007/s10614-018-9814-9

VAHDANIA, B.; MOUSAVI, M. S.; MOUSAKHANI, M.; SHARIFI,


M.; HASHEMI, H. A Neural Network Model Based on Support Vector
Machine for Conceptual Cost Estimation in Construction Projects. Jour-
nal of Optimization in Industrial Engineering. v. 10, p. 11-18, 2012.

WANG, Y. R.; GIBSON JÚNIOR, G. E. A study preproject planning


and project success using ANNs and regression models. Automation e
Construction. v. 19, p. 341-346, 2010.

140
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

WANG, Y. R.; YU, C. Y.; CHAN, H. H. Predicting construction cost


and schedule success using artificial neural networks ensemble and support
vector machines classification models. International Journal of Project
Management. v. 30, n. 4, p. 470-478, 2012. https://doi.org/10.1016/j.
ijproman.2011.09.002

ZEVIANE, W.M.; RIBEIRO JÚNIOR, P. J.; BONAT, W. H. Modelos de


regressão não linear. In: 15º SIMPÓSIO DE ESTATÍSTICA APLICA-
DA À EXPERIMENTAÇÃO AGRONÔMICA, 2013, Campina Gran-
de. Curso... Campina Grande: Universidade Estadual da Paraíba, 2013,
p. 1-101.

ZUBEN, F. J. V. Máquinas de vetores-suporte. Faculdade de Engenha-


ria Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de Campinas –
FEEC. Disponível em: <ftp://ftp.dca.fee.unicamp.br/pub/docs/vonzu-
ben/ia353_1s13/topico8_1s2013.pdf>. Acesso em: 05 set. 2018.

ZUBEN, F. J. V.; ATTUX, R. R. F. Redes Neurais Artificiais. Faculda-


de de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de
Campinas – FEEC. Disponível em: <ftp://ftp.dca.fee.unicamp.br/pub/
docs/vonzuben/ia013_1s07/topico5_07.pdf>. Acesso em: 05 set. 2018.

141
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

142
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

CAPITULO 7: ESTUDO DE INDICADORES DE


SUSTENTABILIDADE SOCIAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Juliana Ferreira Bezerra Mocock


Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Tomi Zlatar

RESUMO
A perspectiva da sustentabilidade de projetos de construção tem focado no
uso de indicadores ambientais para a avaliação e certificações de susten-
tabilidade, necessitando incorporar efetivamente indicadores sociais que
possam caracterizar a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos nas
diferentes fases do ciclo de vida de uma construção. Objetiva-se estudar e
identificar indicadores sociais que podem ser utilizados para avaliar a sus-
tentabilidade social dos projetos de construção civil. Para isso, foi utilizada
a metodologia PRISMA, com identificação, triagem e inclusão de artigos
buscados no Portal de Periódicos da CAPES. Os 12 artigos incluídos nesse
estudo foram caracterizados por meio da análise das seguintes variáveis:
qualidade de vida, harmonia com os arredores, participação da sociedade,
segurança e saúde, qualidade do ambiente, o país do estudo e o tipo de obra
na qual os indicadores foram empregados. Pode-se observar que a maioria
dos artigos não tratava de estudo de caso. Pode-se inferir, portanto, que o
uso de indicadores sociais ainda é restrito à literatura, necessitando de mais
aplicações práticas para a criação de benchmarking nesse setor. Quanto ao
tipo de projeto analisado em cada estudo, a maioria empregou indicadores
como ferramentas do desenvolvimento sustentável. A variável “Qualidade
de Vida” obteve a maior entrada de indicadores sociais, totalizado em 24.
Vale ressaltar que alguns indicadores se repetem. Embora alguns resultados
não estejam diretamente aplicados à construção civil, pode-se agregar suas
contribuições ao setor. Apesar das limitações do estudo, pode-se concluir a
necessidade de indicadores que possam quantificar de acordo com critérios

143
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

estabelecidos estudando a realidade local para medir a sustentabilidade


social na construção civil.

Palavras-chave: Sustentabilidade social; Indicadores; Construção civil;


PRISMA.

144
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

1. INTRODUÇÃO
A dimensão social é um dos principais pilares da sustentabilidade.
Apesar disso, a avaliação dos aspectos sociais é menos priorizada em relação às
dimensões econômicas e sociais. Valdés-Vásquez e Klotz (2012) observam esse
fato em projetos públicos que ainda não integram eficientemente os aspectos
sociais, focando no desempenho socioeconômico.
Uma das formas de avaliar a sustentabilidade em uma obra se dá por
meio do uso de indicadores. Indicadores de sustentabilidade são usados para
que os responsáveis pelos projetos e pelas obras saibam se um objetivo está sen-
do atingido ou não (VÁZQUEZ et al., 2015). Um exemplo seria se o consumo
de energia de uma edificação está dentro do previsto por um indicador de uma
certificadora de sustentabilidade.
Heravi et al. (2015) afirmam que os indicadores ambientais desenvol-
vidos estão focados, principalmente, em desempenho energético, uso eficiente
da água, qualidade do ambiente interior, gestão de resíduos e poluição. Saade
et al. (2014) levantaram também indicadores ambientais, entre eles consumo
de energia, emissões de CO2, consumo de água e emissões de compostos or-
gânicos voláteis (COVs) para os principais materiais e componentes de uma
habitação no contexto do Brasil. Quanto à dimensão econômica, Heravi et al.
(2015) ainda afirmam que o custo do ciclo de vida é considerado o principal
indicador dessa dimensão.
Basicamente, indicadores sociais são medidas empíricas da felicidade
das pessoas e seu nível de satisfação com referência a condições específicas
(BOZZ; ASPRONE; MANFREDI, 2015). Esses indicadores raramente são
abordados na literatura, sendo um desafio dada a falta de consenso na proposta
de indicadores relevantes. Para Vázquez et al. (2015), os indicadores estão inter-
relacionados, assim como as dimensões da sustentabilidade. Por exemplo, no
estudo de Fuss et al. (2018), um indicador para gestão de resíduos sólidos pode
ser enquadrado na dimensão ambiental e simultaneamente na social, dadas a
disposição adequada desses resíduos, preservando o meio ambiente, e na dig-
nificação do trabalho do catador de lixo na cadeia da reciclagem. Entretanto,
uma das principais desvantagens no setor da construção é o fato de as questões
sociais serem subestimadas e ofuscadas em detrimento da dimensão ambiental.
Projetos de construção civil visam construir infraestruturas para ser-
viços e instalações de importância para a sociedade, tais como nas áreas de

145
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

transportes e abastecimento de energia (SIERRA; YEPES; PELLICER, 2018).


Nesse sentido, não considerar a dimensão social nessas obras pode surtir efeitos
não só no próprio projeto mas também na sociedade. Diante disso, esse traba-
lho visa identificar indicadores sociais aplicáveis à construção civil.
A literatura científica destaca a necessidade de engajar a sustentabili-
dade social de maneira mais eficaz na indústria da construção. De acordo com
Montalbán-Domingo et al. (2018), as contribuições anteriores foram concen-
tradas no estabelecimento de estratégias e na definição de guias para incentivar
e facilitar a inclusão de critérios sociais no setor.
Li et al. (2018) identificaram 22 indicadores de sustentabilidade so-
cial (ISS) na China, dentre os quais o fator de envolvimento da comunidade
recebeu maior ênfase nos resultados. Esse dado sugere que a indústria de cons-
trução chinesa está progredindo em direção a uma forma mais transparente e
inclusiva de tomada de decisão.
No Brasil, pode-se afirmar que a segurança do trabalhador é respon-
sável pela maior parte dos ISS. Entretanto, é necessário compreender que a
sustentabilidade vai além disso. Podem ser propostos, por exemplo, dois outros
grandes grupos de indicadores para a construção civil brasileira.
Na etapa de projeto, como em Jacoski, Dreher e Medeiros (2016), é
importante pensar nas possíveis condições de trabalho que os trabalhadores
da obra encontrarão enquanto a executam. Nessa fase, sugere-se consultar os
especialistas responsáveis pelo projeto. Durante a execução da obra, para a
prevenção de acidentes, pode-se pensar nos indicadores que pertenceriam à
etapa da execução da obra. Quanto ao pós-obra, vale ressaltar a importância
do usuário final, bem como sua opinião sobre o produto que está recebendo e
seus impactos na vizinhança.
No estudo de Techio, Gonçalves e Costa (2016), observa-se um movi-
mento de transformação da representação da sustentabilidade ao incluir ques-
tões associadas à conscientização, responsabilidade, equilíbrio e preocupação
com o futuro. Os autores explicam essa transformação como “consequência
da sustentabilidade como prática com destaque recente que continua a ser
ampliada e incorporada no campo social”. As certificadoras de sustentabilidade
têm um papel fundamental na incorporação desses indicadores. As exigências
do mercado têm levado cada vez mais empresas a buscarem se certificar, princi-
palmente quanto à qualidade, segurança e saúde ocupacional, gestão ambiental
e responsabilidade social (SILVA et al., 2017).

146
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Pode-se concluir que o maior desafio do desenvolvimento sustentá-


vel, não só na construção civil, mas como um todo, diz respeito à redução
do impacto ambiental, aumentando a justiça social dentro de um orçamento
disponível. O setor precisa assumir compromissos com a sociedade e o meio
ambiente, construindo empreendimentos que busquem reduzir o impacto
ambiental e promover o desenvolvimento da comunidade local.

2. MÉTODOS
Para realizar este trabalho, foi utilizada o método Preferred Reporting
Items for Systematic Reviewsand Meta-Analyses, conhecido como PRISMA
(MOHER et al., 2009). Para tanto, no dia 14 de outubro de 2018, foi reali-
zada uma pesquisa no Portal de Periódicos da Capes utilizando a combinação
de palavras-chaves (“social sustainability indicator*” OR “indicator* for social
sustainability”) AND construction.
Na etapa de identificação, registraram-se todos os resultados encontra-
dos a partir da busca. Nos filtros da primeira pesquisa, foram incluídas apenas
publicações em periódicos revisados por pares, excluindo-se uma resenha.
O segundo critério foi em relação ao ano de publicação, o qual deveria
estar compreendido entre o intervalo de 2014 e 2018. Na sequência, retira-
ram-se publicações diferentes de artigos científicos.
Ao final da aplicação dessa triagem, foram excluídos artigos a partir
da leitura do título e do resumo. Por fim, foram lidos os artigos na íntegra e
selecionados aqueles aptos a fazerem parte desse estudo.
Após a seleção, os artigos foram caracterizados através da análise das
seguintes variáveis: qualidade de vida, harmonia com os arredores, participa-
ção da sociedade, segurança e saúde, qualidade do ambiente. Essas variáveis
foram definidas por meio da revisão de literatura, sendo consideradas como
os principais grupos de indicadores de sustentabilidade social. Também foram
consideradas como variáveis o país do estudo e o tipo de obra na qual os indi-
cadores foram empregados, quando disponíveis.

3. RESULTADOS
Na Figura 20, apresentam-se os critérios de inclusão e exclusão. A
Tabela 15 apresenta a análise dos estudos de acordo com as variáveis pré-esta-

147
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

belecidas. Pode-se observar que a maioria dos artigos (8) não tratava de estudo
de caso; apenas 4 foram resultados de uma aplicação, sendo o restante um estu-
do teórico. Pode-se inferir, portanto, que o uso de indicadores ainda é restrito
à literatura, necessitando de mais aplicações para aprimoramento. Quanto ao
tipo de projeto analisado em cada estudo, a maioria empregou indicadores
como ferramentas do desenvolvimento sustentável. Em seguida, edificações
verdes, construção pesada e projeto público foram as três categorias com mais
resultados. Vale ressaltar a adoção de indicadores na gestão (KOH et al., 2017).

Figura 20: Fluxograma dos critérios de seleção dos artigos para a revisão
sistemática

Fonte: Autores.
As Figuras 21, 22, 23, 24 e 25 mostram a quantidade de indicadores
de cada estudo em cada grupo. A variável “Qualidade de Vida” obteve a maior

148
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

entrada de indicadores sociais, totalizado 24. Vale ressaltar que alguns indica-
dores se repetem.
Três artigos (ATANDA; ÖZTÜRK, 2018; LI et al., 2018; SARTORI;
SILVA; CAMPOS, 2014) tiveram mais indicadores no grupo “Participação da
Sociedade”. Esse fato ressalta a importância do envolvimento da comunidade
e da consideração da realidade local nos projetos.
Nessa mesma análise, Bozza, Asprone e Manfredi (2015) e Koh et al.
(2017) dedicaram mais indicadores à variável “Qualidade de Vida”; Ardda,
Mateus e Bragança (2018) e Shiau e Chen-Yu (2016), à “Qualidade do
Ambiente”; e Pope e WU (2014), à “Segurança e Saúde”.
Ghoddousi, Nasirzadeh e Hashemi (2018) e Marsal-Llacuna (2016)
tiveram um indicador para cada grupo. Os grupos com mais indicadores
em Sakellariou (2018) foram “Qualidade de Vida” e “Harmonia com os
Arredores”, enquanto que, em Zuo e Zhao, (2014) este último foi substituído
por “Segurança e Saúde”.
Pode-se observar que os artigos avaliados apresentam indicadores que
podem ser categorizados nos grupos de ISS. A partir dos resultados, foi possível
perceber que um indicador pode ser incluído em mais de um grupo, haja
vista que esses indicadores estão sempre interrelacionados, não só na mesma
dimensão, como também em relação às outras dimensões. Por exemplo, o in-
dicador “exposição reduzida a contaminantes químicos transportados pelo ar”
(ARDDA; MATEUS; BRAGANÇA, 2018) foi vinculado ao grupo Qualidade
do Ambiente; entretanto, pode-se relacionar esse indicador a outros do grupo
“Qualidade de Vida”. O mesmo acontece com os indicadores de Segurança e
Saúde os quais também podem ser parte do grupo “Qualidade de Vida”.
Consideram-se de extrema importância os indicadores relacionados à
Participação da Sociedade. Em Marsal-Llachuna (2016) e Pope e Wu (2014),
aparecem os indicadores de representatividade das minorias e das diversas clas-
ses sociais. Um exemplo que pode ser citado é a participação das mulheres no
mercado de trabalho. Não é só na construção civil que esse grupo ainda en-
frenta desiguais condições de trabalho. Não é possível falar de sustentabilidade
sem que haja justiça e igualdade social. Diante disso e do fato de que as mu-
lheres representam metade da população mundial, devem-se criar estratégias
e políticas que as insiram no mercado, garantindo, assim, a representatividade
desse grupo. Embora os dois trabalhos citados acima não estejam diretamente
aplicados à construção civil, pode-se agregar suas contribuições ao setor.

149
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 15: Resultados da revisão dos artigos

Referência Grupos e Indicadores de Sustentabilidade Social Outras Variáveis


Qualidade Harmonia Participação Segurança e Qualidade Tipo do
de Vida com os Arre- da Sociedade Saúde do Am- País do Estudo Projeto
dores biente
Instalação de
ventilação na
Acessibilidade
Respeito ao cozinha e ba-
ao transporte
valor cultural nheiros; Expo-
público; Segurança
Privacidade e o contexto sição reduzida a
Acessibili- contra fogo
visual; Aces- circundante; contaminantes
dade ao local e terremoto;
Ardda, so ao espaço Uso de mate- químicos trans-
de trabalho; Manutenção Edificações
Mateus e aberto priva- riais e técnicas portados pelo ar;
1 Acessibilidade de edifícios; Palestina Habitacio-
Bragança do; Acesso tradicionais Exposição redu-
aos serviços Segurança nais
(2018) fácil para locais; Manu- zida a materiais
públicos; da casa;
pessoas com tenção do valor de acabamento
Acessibilidade Segurança
deficiência. patrimonial de tóxicos; Zona de
aos espaços do bairro.
uma instalação não fumantes;
públicos ao ar
existente. Redução de
livre.
ruídos; Luz do
dia apropriada.
Ferramentas
Inovações e Participação,
Atanda Saúde e se- Qualidade do de Avalia-
acessibilidade; gestão e moni- Estudo
2 e Öztürk Educação. gurança dos ambiente interno ção para
Local susten- toramento direto Teórico
(2018) habitantes. e da água. Edificações
tável. da sociedade.
Verdes
Bozza,
Segurança,
Asprone Acessibilidade Segurança,
educação, Resiliência da Eficiência e Estudo Sistemas
3 e Man- e funcionalida- saúde e
saúde e comunidade. funcionalidade. Teórico Urbanos
fredi de da cidade. bem-estar.
bem-estar.
(2015)
Ghod-
dousi, Segurança
Oportuni-
Nasir- Acessibili- Uso direto do e saúde dos Contaminação Estudo
4 dades de Rodovias
zadeh e dade. produto final. trabalhado- do solo. Teórico
emprego.
Hashemi res.
(2018)
Conhe-
Koh Integração da Gestão e
cimento, Saúde e Uso e manuten- Estudo
5 et al. comunidade Capital humano. Uso dos
habilidades, bem-estar. ção. Teórico
(2017) com empresas. Recursos
motivação.
Melhor
capacidade Canais parti-
de manuten- cipativos de
Projeto ade-
ção para a stakeholders
quado em Conveniên-
comunidade; bem estabele-
termos de cia, eficiên-
Projeto cidos; Meca- Design e constru-
estética, den- cia e segu-
funciona bem nismos práticos ção ecológicos e
sidade, altura rança para
com tarifas para lidar com sustentáveis; Me-
e permeabili- pedestres e
Li et al. socialmente conflitos de didas de preven- Projeto
6 dade visual; usuários de China
(2018) aceitáveis; partes interessa- ção e mitigação Público
Harmonização transporte
Influência das,; Feedback contra a poluição
do(s) pro- público;
positiva da oportuno aos do ar, da água e
jeto(s) pro- Garantia de
localização participantes; do ruído.
posto(s) com segurança
do projeto/ Incentivo à
o contexto pública.
uso da terra participação das
natural local.
na sociedade; partes interes-
Espaço públi- sadas.
co aberto.

150
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Referência Grupos e Indicadores de Sustentabilidade Social Outras Variáveis


Qualidade Harmonia Qualidade
Participação Segurança e do Am- País do Estudo Tipo do
de Vida com os Arre- da Sociedade Saúde Projeto
dores biente

Harmonia Não-discri-
Representa-
Oportunida- entre as partes minação por
Marsal- tividade das
des de empre- interessadas sexo, gêne- Estudo Governança
7 -Llacuna minorias e das SmartCities.
go iguais para e os diversos ro, idade e Teórico das Cidades
(2016) diversas classes
todos. setores envol- orientação
sociais.
vidos. sexual.

Sistema de
Impactos
Qualidade Informações
Pope ambientais na População e Representa-
do ar; Estados Geográfi-
8 e WU vida pessoal área benefi- tividade das Qualidade do ar.
Impactos Unidos cas para a
(2014) e profissional ciada. minorias.
ambientais. Qualidade
dos usuários.
do Ar

Geração de Tecnologias
emprego; para eliminar
Sakella- Benefícios problemas Segurança Gestão efetiva
Estudo Engenharia
9 riou sociais do ambientais; Produtividade. e saúde no dos recursos
Teórico Sustentável
(2018) desenvolvi- Sociedade e trabalho. naturais.
mento para a projeto inte-
maioria. grados.

Valorização da
Sartori, Desenvol-
Sustentabili- diversidade; Avaliação do
SIlva e Desmateriali- Estudo vimento
10 dade a longo Participação Bem-estar. ciclo de vida
Campos zação. Teórico Social
prazo. pública nas social.
(2014) Sustentável
decisões.

Investimentos e Pesquisa e
Treinamento Desempenho gestão de rela- desenvolvimen-
Shiau e Segurança Construção
e educação; socioambien- ções; Aceitação to; Impacto na
11 Chen-Yu do trabalha- Taiwan de redes
Estabilidade tal; Geração de da comunidade; comunidade; Re-
(2016) dor; eólicas
no emprego; empregos. Impactos na cursos humanos
comunidade. da comunidade.

Educação
para a sus- Avaliação
Sensibilização Saúde e pro-
Zuo e tentabilidade; dos impactos
para redução dutividade;
12 Zhao Treinamento sociais e Conforto tér- Estudo Edificações
de resíduos e Avaliação
(2014) para o uso consideração mico. Teórico Verdes
questões am- dos impac-
de transporte da comunidade
bientais. tos sociais.
público e local.
bicicletas.

151
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Figura 21: Quantidade de indicadores em cada estudo – grupo: qualidade de


vida

Fonte: Autores.

Figura 22: Quantidade de indicadores em cada estudo – grupo: harmonia


com os arredores

Fonte: Autores.

152
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Figura 23: Quantidade de indicadores em cada estudo – grupo: participação


da sociedade

Fonte: Autores.

Figura 24: Quantidade de indicadores em cada estudo – grupo: segurança e


saúde

Fonte: Autores.

153
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Figura 25: Quantidade de indicadores em cada estudo – grupo: qualidade do


ambiente

Fonte: Autores.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para efeito desse trabalho, o estudo restringiu-se: a artigos perten-
centes ao banco de dados do Portal de Periódicos da Capes; as palavras-
-chave usadas na busca das publicações; e o fato de os trabalhos conside-
rados serem apenas do tipo artigo científico em periódicos revisados por
pares. Destaca-se que, embora a palavra construction tenha sido adotada
como palavra-chave na busca, vários dos resultados recuperados não eram
estudos abordados na área da construção civil. Sugere-se, desse modo, a
adoção de novas palavras-chave para a busca.
Os estudos apresentaram indicadores sociais que puderam ser
agrupados em 5 grandes grupos a saber: qualidade de vida, harmonia
com os arredores, participação da sociedade, segurança e saúde e qualida-
de do ambiente. Apesar da peculiaridade de aplicação desses indicadores
às perspectivas locais de cada estudo, percebe-se que esses cinco grandes
temas abrangem os principais indicadores sociais aplicados aos projetos

154
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

de construção considerados nos estudos. Sugere-se que estudos futuros se-


jam direcionados a identificar metodologias que possam guiar na escolha,
quantificação e aplicação de indicadores sociais, considerando as peculiari-
dades específicas dos projetos de construção.

REFERÊNCIAS
ARDDA, N.; MATEUS, R.; BRAGANÇA, L. Methodology to identify
and prioritise the social aspects to be considered in the design of more sus-
tainable residential building – application to a developing country.Buil-
dings,v. 8, n. 130, 2018. http://doi.org/10.3390/buildings8100130

ATANDA, J. O.; ÖZTÜRK, A. Social criteria of sustainable development


in relation to green building assessment tools.Environment, Develop-
ment and Sustainability.https://doi.org/10.1007/s10668-018-0184-1

BONZA, A.; ASPRONE, D.; MANFREDI, G. Developing an integra-


ted framework to quantify resilience of urban systems against disasters.
Nat Hazards, v. 78, p. 1729-1748, 2015. http://doi.org/10.1007/s11069-
015-1798-3

FUSS, M.; BARROS, R. T. V.; POGANIETZ, W. R. Designing a fra-


mework for municipal solid waste management towards sustainability in
emerging economy countries – an application to a case study in Belo Ho-
rizonte, Brazil. Journal of Cleaner Production, v. 178, p. 655-665, 2018.
https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2018.01.051

GHODDOUSI, P.; NASIRZADEH, F; HASGEMI, H. Evaluating


highway construction projects’ sustainability using a multicriteria group
decision-making model based on bootstrap simulation. J. Constr. Eng.
Manage., v. 144, n. 9, 2018. http://doi.org/10.1061/(ASCE)CO.1943-
7862.0001514

HERAVI, G.; FATHI, M.; FAEHI, S. Evaluation of sustainability indica-


tors of industrial buildings focused on petrochemical projects.Journal of

155
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Cleaner Production, v. 109, p. 92-107, 2015. https://doi.org/10.1016/j.


jclepro.2015.06.133

JACOSKI, C. A.; DREHER, A. R.; MEDEIROS, R. de.Conceitos de


bioclimatologia e sustentabilidadeaplicados a fase de projetoemhabitações
de interesse social.Revista da Universidade Vale do Rio Verde, v. 14, n.
1, p. 145-159, jan/jul, 2016. http://dx.doi.org/10.5892/ruvrd.v14i1.2448

KOH, S. C. L.; GUNASEKARAN, A.; MORRIS, J.; OBAYI, R.; EBRAH-


IMI, S. M. Conceptualizing a circular framework of supply chain resource
sustainability. International Journal of Operations & Production Ma-
nagement, v. 37, n. 10, p. 1520-1540, 2017.https://doi.org/10.1108/
IJOPM-02-2016-0078

LI, H.; ZHANG, X.; NG, T.; SKITMORE, M.; DONG, Y. H. Social
sustainability indicators of public construction megaprojetcts in China. J.
Urban Plann. Dev., v. 144, n. 4, p. (04018034)1-10, 2018.https://doi.
org/10.1061/(ASCE)UP.1943-5444.0000472

MARSAL-LLACUNA, M. L. City indicators on social sustainability as


standardization technologies for smarter (citizen-centered) governance of
cities.Soc Indic Res, v. 128, p. 1193-1216, 2016. http://doi.org/10.1007/
s11205-015-1075-6

MOHER, D; LIBERATI, A.; TETZLAFF J; ALTMAN, D.G.; PRISMA


Group, The. Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-A-
nalyses: the PRISMA Statement. Ann Intern Med, v. 151, n. 4, p. 26264–
269, 2009. http://doi.org/10.7326/0003-4819-151-4-200908180-00135

MONTALBÁN-DOMINGO, L.; GARCÍA-SEGURA, T.; SANZ, M. A.;


PELLICER, E. Social sustainability criteria in public-work procurement:
an international perspective. Journal of Cleaner Production, v. 198, p.
1355-1371, 2018. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2018.07.083

POPE, R.; WU, J.A multi-objective assessment of anair quality monito-

156
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

ring network using environmental, economic, and social indicators and


GISbased models.Journal of the Air & Waste Management Association,
v. 64, n. 6, p. 721-737, 2014. http://doi.org/10.1080/10962247.2014.8
88378

SAADE, M. R. M.; SILVA, M. G. da; GOMES, V.; FRANCO, H. G.;


SCHWAMBACK, D.; LAVOR, B. Material eco-efficiency indicator for
Brazilian buildings.Smart and Sustainable Built Environment, Emerald,
v. 3, n. 1, p. 54-71, 2014. https://doi.org/10.1108/SASBE-04-2013-0024

SAKELLARIOU, N. A historical perspective on the engineering ideolo-


gies of sustainability: the case of SLCA. Int J Life Cycle Assess, v. 23, p.
445-455, 2018. http://doi.org/10.1007/s11367-016-1167-9

SARTORI, S.; SILVA, F. L. da; CAMPOS, L. M. de S. Sustainability and


sustainable development: a taxonomy in the field of literature. Ambien-
te&Sociedade, v. 17, n. 1, p. 1-20, 2014.

SHIAU, T. A.; CHEN-YU, J. K. Developing an indicator system for mea-


suring the social sustainability of offshore wind power farms. Sustainabi-
lity, v. 8, n. 470, 2016. http://doi.org/10.3390/su8050470

SIERRA, L. A.; YEPES, V.; PELLICER, E.A review of multi-criteria as-


sessment of the social sustainability of infrastructures. Journal of Cleaner
Production, v. 183, p. 496-513, 2018. https://doi.org/10.1016/j.jcle-
pro.2018.03.022

SILVA, D. H. da; SANTANA, E. da S.; SILVA, J. F. T.; ALMEIDA, S.;


LIMA, S. F. de. Construçãosustentávelnaengenharia civil. Ciênciasexatas
e tecnológicas, v.4, n. 2, p. 89-100, 2017.

TECHIO, E. M.; GONÇALVES, J. P.; COSTA, P. N. Social represen-


tation of sustainability in civil construction among college students.
Ambient.soc., v. 19, n. 2, p. 187-204, 2016.http://dx.doi.org/10.1590/
1809-4422ASOC130991V1922016.

157
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

VALDÉS-VÁSQUEZ, R.; KLOTZ, L. Social sustainability considerations


during planning and design: a framework of processes for construction
projects. Journal of Construction Engineering and Management, v.
139, n.1, p.80-89, 2012.https://doi.org/10.1061/(ASCE)CO.1943-
7862.0000566

VÁSQUEZ, P.; RÍO, J. A. del; CEDANO, K. G.; MARTÍNEZ, M.; JEN-


SEN, H. J. An entanglaed model for sustainability indicators.PLoS ONE,
v. 10, n. 8, p. 1-12, 2015.https://doi.org/10.1371/journal.pone.0135250

ZUO, J.; ZHAO, Z. Y. Green building research-current status and future


agenda: a review. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 30, p.
271-281, 2014.http://dx.doi.org/10.1016/j.rser.2013.10.021

158
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

CAPITULO 8: APLICAÇÃO DO MODELO DE PREDIÇÃO DE


ACIDENTES DO HIGHWAY SAFETY MANUAL (HSM) PARA
MELHORIA NA SEGURANÇA VIÁRIA NO BRASIL E NO MUNDO

Cleyton Roberto Bezerra dos Santos


Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Tomi Zlatar

RESUMO
O modelo de predição de acidentes do Highway Safety Manual (HSM) é
uma ferramenta, que auxilia na análise de dados sobre acidentes de trânsito.
O objetivo dessa revisão é investigar a aplicação desse modelo nas regiões
brasileiras e em outros países. A metodologia utilizada seguiu as diretrizes
da PRISMA - Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta
Analysis. Os trabalhos selecionados foram retirados das seguintes bases
de dados: Capes, Scopus, SciELO, Google Acadêmico e Web of Science.
Os resultados mostram que várias características exercem efeito sobre a
ocorrência dos acidentes, dentre as quais: volume de tráfego, infraestrutura
disponível, cronograma de obras estipulado e propostas de soluções com
foco na racionalização de recursos. Pode-se observar que a maioria dos
trabalhos estudaram a aplicação do modelo em vias rurais, porém também
foram encontrados trabalhos em vias e interseções urbanas. Nesse sentido,
a presente pesquisa demonstra a viabilidade de aplicação do HSM nos
diversos sistemas viários, sendo seus resultados utilizados como parâmetros
para tomada de decisões de engenharia e administrativas de segurança viá-
ria, tendo como foco a redução do número de acidentes.

Palavras-chave: Segurança Viária. Acidentes. Manual. Calibração.

159
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

1. INTRODUÇÃO
A avaliação mais ampla dos projetos viários, que englobam as ca-
racterísticas gerais do traçado, a sinalização viária, os dispositivos auxiliares
de sinalização e as próprias condições das áreas lindeiras, garantem, mesmo
em condições de saída de pista, a presença de dispositivos para assegurar
a segurança dos usuários da via e atenuar os riscos relacionados com o
ambiente viário (SOUZA, 2012).
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o
Brasil se encontra na quarta colocação no que diz respeito aos países com
os maiores números de mortes nas Américas, ficando atrás da República
Dominicana, Belize e Venezuela. O Brasil registra cerca de 47 mil mortes
no trânsito por ano, sendo que 400 mil pessoas apresentam algum tipo de
sequela. De acordo com a Folha de São Paulo (apud Observatório Nacional
de Segurança Viária, 2017), o montante dos custos com esses acidentes é
de R$ 56 bilhões, com o qual poderiam ser construídas 28.000 escolas ou
1.800 hospitais.
No ano de 2010, a American Association of State Highway and
Transportation Officials (AASHTO) publicou a primeira edição do
Highway Safety Manual (HSM), o qual fornece um modelo para predição
de acidentes (AASHTO, 2010). Esse modelo apresenta uma relação en-
tre alguns fatores modificadores de acidentes, os quais estão relacionados
com as variações entre características geométricas e operacionais da via na
qual o modelo está sendo aplicado e as condições padrões adotadas por ele
(MOTTA JÚNIOR, 2017).
O modelo de previsão de acidentes do HSM auxilia na análise de
dados sobre acidentes de trânsito ocorridos no sistema viário em conjunto
com outras variáveis que possibilitam a determinação de trechos conside-
rados críticos. Nesses locais, várias características exercem efeito sobre a
ocorrência dos acidentes. Porém, para que se tenha uma real interpreta-
ção dos dados, devem-se comparar as taxas históricas de acidentes a uma
determinada taxa esperada, obtida por meio de modelos de previsão de
acidentes (SILVA, 2011).

160
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

A vantagem de se utilizarem modelos de previsão de acidentes é


que se pode calcular a taxa esperada de acidentes considerando alterações
que podem ocorrer nas vias arteriais em estudo, sobretudo em relação ao
volume de tráfego e à forma de controle da circulação (CLAUDE, 2012).
Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma investi-
gação sobre a aplicação dos modelos de previsão de acidentes do HSM no
Brasil e no mundo .

2. MATERIAIS E MÉTODOS
A revisão bibliográfica foi feita a partir das diretrizes do método
Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta Analysis - PRISMA
(MOHER et al., 2009). Os trabalhos utilizados para esse estudo foram en-
contrados no Portal de Periódicos da Capes, Scopus, entre outras bases de
dados. As palavras-chave utilizadas para a busca foram “HSM”, “Highway
Safety Manual”, “Accident Predictive Models”, “Safety Performance
Functions”, “Crash Modification Factors”, “Accident Predictive Models” e
“Modelos de Previsão de Acidentes” combinadas com os descritores boo-
leanos “AND” e “OR”, com as palavras “Calibration”, “Road Safety” e
“Intersections”.
Após a aplicação dos critérios de exclusão (trabalhos repetidos, pu-
blicados anteriormente a 2010 e que não utilizaram o modelo do HSM),
foi feita a leitura e análise de todos os títulos dos trabalhos encontrados. A
partir disso, foram selecionados os trabalhos que atenderam aos critérios
de inclusão. Em seguida, realizou-se a leitura dos títulos e dos resumos dos
trabalhos incluídos.
Os trabalhos que causaram incertezas na determinação dos crité-
rios de inclusão no título ou no resumo foram deixados para uma posterior
avaliação. Aqueles trabalhos elegidos foram obtidos e lidos na íntegra.

2.1 Critérios de inclusão


Foram incluídos trabalhos publicados em inglês e português, que
aplicaram os modelos de previsão de acidentes do HSM em vias urba-

161
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

nas e rurais, assim como em interseções. Outro critério de inclusão foi a


aplicação do modelo matemático do Método de Bayes e de Distribuição
Binomial Negativa.

2.2 Critérios de exclusão


Foram aplicados os filtros disponíveis pela plataforma Capes,
Scopus e de outras bases de dados pesquisadas (SciELO, Google Acadêmico
e “Web of Science”): repetidos e com datas de publicação inferiores a 2010,
assim como os trabalhos que não tratassem de modelos de previsão de aci-
dentes do HSM. A combinação de palavras-chave resultou em uma grande
quantidade de trabalhos irrelevantes para o estudo.

2.3. Análise de dados


As informações retiradas dos artigos incluídos foram colocadas
em planilhas do Microsoft Excel®. Com isso, pôde-se comparar, analisar
e discutir as informações. As variáveis analisadas em trabalhos incluídos
foram: ano de publicação; país onde foi realizado o estudo; necessidade de
calibração dos dados; período dos dados; local de aplicação do modelo; e
método matemático utilizado.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com a utilização dessa estratégia de pesquisa, inicialmente, encon-
trou-se um total de 1748 trabalhos, dos quais 789 do Portal de Periódicos
da Capes, 567 da base Scopus (n = 567) e 392 de outras bases. Após a
utilização dos filtros (“tópicos”; “idiomas”; “tipo de recurso”; e “data de
publicação”), o número de trabalhos foi reduzido a 524 trabalhos analisa-
dos. Somente 47 deles preencheram os critérios de inclusão. Após a leitura
e análise completa, 23 trabalhos foram excluídos, por não se adequarem
aos critérios de inclusão. Finalmente, a seleção resultou em 14 trabalhos
incluídos nessa revisão, conforme ilustrado na Figura 26.

162
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Figura 26: Apresentação do diagrama de fluxo da literatura pesquisada

Fonte: Autores.

A Tabela 16 apresenta os resultados com as variáveis levadas em


consideração para avaliar a utilização de modelos de previsão de acidentes
em vias urbanas e rurais, assim como em interseções. Foram compiladas
as informações sobre: o ano de publicação; país, estado ou cidade onde
foi realizado o estudo; necessidade de calibração dos dados; coeficiente de
calibração calculado; período dos dados considerados pelo estudo; local
específico de aplicação do modelo; e método matemático utilizado além
do uso do Método de Bayes.

163
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 16: Características dos estudos analisados


Período dos
País, Estado ou Categorias Fatores de Trechos Homogê-
Nr Estudo dados cole-
Município viárias Calibração neos e Interseções
tados
Silva, K. R. S. Estado de São Vias Rurais de Variados, mas não in-
1 2002 a 2006
(2011) Paulo (Brasil) Pista Simples feriores a 200 metros
3,73
Apenas infor-
ma os Npre-
Duarte, R. M. Cidade do Por- Interseções do
2 2008 a 2011 vistos para
S.(2012) to (Portugal) Meio Urbano
cada mês de 12 interseções
cada ano
Vias Rurais de
Entre Caratinga
Motta Júnior, Mão Dupla e
3 2011 a 2015 e Leopoldina
L. F. M.(2017) Pista Simples Variados, mas não in-
(MG) 17,25
(BR-116) feriores a 200 metros
Regiões de
Whairich,
Minas Gerais e Vias rurais de
4 D. R. L. S. ( 2011 a 2013
Goiás/ Distrito pista dupla
2016) 1,27 17,81 quilômetros
Federal
Apenas infor-
Claude, M. ( Taguatinga Interseções ma os Npre-
5 2005 a 2010 32 interseções
2012) (DF) urbanas vistos para
cada ano
Wood et al. Nebraska Vias urbanas
6 - 1,275 -
(2015) (EUA) (ruas)
Wang et al.
7 - Florida (EUA) Interseções 0,872 -
(2015)
Singh et al.
8 2007 a 2014 Índia Vias rurais 0,799 -
(2016)
0,98 para
Interseções Ur-
semaforizada
Cunto et al. banas semafo-
9 2014 Fortaleza (CE) e 2,15 para -
(2015) rizadas e não
não semaro-
semaforizadas
fizada
Costa, T. G.;
Belo Horizonte
10 Barbosa, H. 2007 a 2011 Vias Urbanas 1,06 -
(MG)
M. (2014)
Estado de Vias rurais de
Banihashemi,
11 2006 a 2008 Washington pista simples e 7,6 Variáveis
M.( 2012)
(EUA) dupla

Park et al. California e


12 - Vias rurais - -
(2016) Textas (EUA)

Apenas infor-
Interseções 68 em regiões subur-
Costa, J. O. et ma os Npre-
13 2008 a 2012 Portugal rurais e subur- banas e 109 em zonas
al. (2016) vistos para
banas rurais
cada ano
D’Ávila, R. F. Vias rurais de 104 seções de 500
14 2010 Minas Gerais -
(2015) pista simples metros

Fonte: Autores

164
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Como a primeira edição do HSM foi publicada em 2010, sendo


este o modelo referencial na área, a maioria dos trabalhos publicados con-
centram-se no ano de sua publicação em diante. Observa-se que os dados
analisados em cada trabalho, em sua maioria, estão compreendidos em
períodos relativamente longos (quatro a cinco anos), mas também há tra-
balhos realizados com dados obtidos de curtos períodos, como é o caso de
um dos trabalhos selecionados (WANG et al., 2015), que teve sua análise
com dados de um período de um mês.
É importante salientar que, quanto maior for o período de levan-
tamento dos dados, mais representativos e adequados os coeficientes de
calibração obtidos. Períodos curtos podem levar a considerações equivoca-
das, podendo não representar, na maioria das vezes, a realidade da região
estudada (CUNTO; SOBREIRA; FERREIRA, 2015).
O modelo de previsão utilizado em todos os trabalhos foram os do
Highway Safety Manual (HSM). Dos trabalhos escolhidos, 7 (SILVA, 2011;
MOTTA JÚNIOR, 2016; WAIHRICH, 2016; SINGH; SACHDEVA;
PAL, 2016; PARK; LORD; WU, 2016; D’ÁVILA; BARBOSA, 2015;
BANIHASHEMI, 2012) foram aplicados em vias rurais (rodovias), cinco
(DUARTE, 2012; CLAUDE, 2012; CUNTO; SOBREIRA; FERREIRA,
2015; WANG et al., 2015; COSTA; FREITAS; PEREIRA, 2016), em
interseções urbanas, e dois (COSTA; BARBOSA, 2014b; WOOD;
GOOCH; DONNELL, 2015), em vias urbanas. A Figura 27 apresenta a
distribuição do número de artigos por tipo de local analisado.

Figura 27: Locais específicos de aplicação do HSM

Fonte: Autores

165
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Os estudos variam sua metodologia de aplicação conforme a locali-


dade (interseções, vias urbanas e rurais, curas horizontais). Pôde-se verificar
que os trabalhos realizados no Brasil (SILVA, 2011; MOTTA JÚNIOR,
2016; WAIHRICH, 2016; CLAUDE, 2012; CUNTO; SOBREIRA;
FERREIRA, 2015; COSTA; BARBOSA, 2014b) tiveram como concen-
tração de suas análises os trechos de vias rurais e interseções urbanas, uma
vez que, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal – PRF (2017), a
maior quantidade de acidentes viários se verifica nos locais supracitados.
Houve a aplicação do modelo do HSM em quatro países: Brasil
(SILVA, 2011; MOTTA JÚNIOR, 2016; WAIHRICH, 2016; CLAUDE,
2012; CUNTO; SOBREIRA; FERREIRA, 2015; COSTA; BARBOSA,
2014b; D’ÁVILA; BARBOSA, 2015), Estados Unidos da América (PARK;
LORD; WU, 2016; WANG et al., 2015; WOOD; GOOCH; DONNELL,
2015; BANIHASHEMI, 2012), Índia (SINGH; SACHDEVA; PAL,
2016) e Portugal (DUARTE, 2012; COSTA; FREITAS; PEREIRA,
2016). Também é possível determinar a média dos fatores de calibração
encontrados para cada categoria de via (Figura 28):

Figura 28: Distribuição dos países nos quais foram realizados os trabalhos

Fonte: Autor.

166
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

No mesmo país, houve a aplicação em estados e municípios di-


versos. No Brasil, por exemplo, verificou-se a aplicação do HSM nos esta-
dos de Minas Gerais (WAIHRICH, 2016; COSTA; BARBOSA, 2014b;
D’ÁVILA; BARBOSA, 2015), Goiás (WAIHRICH, 2016), São Paulo
(SILVA, 2011), Ceará (CUNTO; SOBREIRA; FERREIRA, 2015) e no
Distrito Federal (WAIRICH, 2016; CLAUDE, 2012), embora o trabalho
tenha sido realizado por Waihrich (2016), abrangendo 2 estados, Goiás e
Minas Gerais.
O HSM tem como limitação o fato de abordar os efeitos de ca-
racterísticas geométricas individuais do traçado e do controle de tráfego
como independentes entre si, não levando em consideração as potenciais
interações. No entanto, reconhece que tais interações são muito difíceis de
serem quantificadas. Ao citar o Brasil, a autora afirma que existem dife-
renças regionais acentuadas, recomendando o desenvolvimento de estudos
específicos para diferentes regiões e estados (SILVA, 2011).
Como foi visto anteriormente, a aplicação do HSM é difundida
em todo o mundo; para tanto, é necessário realizar calibrações de modo
que sejam feitas adaptações para as realidades regionais. Segundo a pesqui-
sa realizada por Wairich (2016): “a transferência do modelo HSM não se
confirmou como uma alternativa efetiva, o que não descarta a possibilida-
de da obtenção de um modelo calibrado com algum grau de sucesso em
outras rodovias e para outras regiões”.
O processo de calibração é importante, uma vez que é a partir dele
que ocorre a aplicação de um fator multiplicativo que tem por finalida-
de fazer com que o número total de acidentes previstos seja relacionado
adequadamente ao número total de acidentes observados na região do es-
tudo (SILVA, 2011). A calibração deve incluir, por exemplo, as condições
geográficas regionais e a frequência total de acidentes observados para um
período de um ou mais anos (PARK; LORD; WU, 2016). É possível de-
terminar a média dos fatores de calibração encontrados para cada categoria
de via (Figura 29):

167
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Figura 29: Média do fator de calibração para as diferentes categorias de viárias

Fonte: Autores

A ausência de calibração pode induzir a erros consideráveis, in-


fluenciando os aspectos econômicos e sociais (WOOD; GOOCH;
DONNELL, 2015). O procedimento de calibração sugere que o método
de escolha dos elementos viários não deve seguir a prerrogativa da maior
concentração de acidentes, e sim devem ser selecionados aleatoriamente
(WAIRICH, 2016).
Banihashemi (2012), por exemplo, apresentou uma análise de
sensibilidade, avaliando a qualidade do Fator de Calibração para variáveis
tamanhos de amostra de calibração. Duarte (2012) verificou um elevado
desajuste no valor previsto com relação ao número observado de acidentes,
chegando a um valor de 7,6, considerado excessivamente alto pelo autor.
Por outro lado, no trabalho de Cunto, Sobreira e Ferreira (2015), para in-
terseções semaforizadas, foi obtido um Fator de Calibração de 0,98, indi-
cando que o número de acidentes observados foi bem próximo ao número
previsto de acidentes estipulado HSM, sem calibração.

168
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Para as interseções não semaforizadas, no entanto, o Fator de


Calibração médio obtido foi de 2,15, sugerindo que o número de acidentes
observados é superior ao dobro do número de acidentes previstos a partir
do método sem calibração. Silva (2011), por exemplo, encontrou um Fator
de Calibração de 3,73, indicando que o número de acidentes observados
é quase quatro vezes superior ao do número de acidentes previstos a partir
do método sem calibração do HSM.
Em 5 trabalhos (SILVA, 2011; MOTTA JÚNIOR, 2016;
WAIHRICH, 2016; D’ÁVILA; BARBOSA, 2015; WOOD; GOOCH;
DONNELL, 2015), foram utilizados trechos com tamanhos superiores
a 200 metros. Segundo o DNER (1998), a extensão máxima admitida
para um segmento homogêneo é de 7000 metros e, por motivos de cunho
construtivo, deve apresentar uma extensão mínima de 200 metros.
Também é importante salientar que o HSM recomenda o uso de
segmentos homogêneos relacionados com o número de faixas, raio de cur-
vatura, presença de rampa, largura da via, larguras dos acostamentos, entre
outros fatores, sugerindo-se segmentos com comprimentos não inferiores
a 500 metros (D’ÁVILA; BARBOSA, 2015). Portanto, pode-se perceber
que há uma divergência quanto aos comprimentos mínimos a serem ado-
tados, segundo o DNER e HSM, no entanto, quando se trata de trabalhos
realizados no Brasil, normalmente, adota-se o proposto pelo DNER.
Segundo o DNIT (2010), a presença de um conjunto de carac-
terísticas semelhantes é que permite a segmentação destes em trechos
homogêneos, agrupando-os pelo volume de tráfego constante em toda
sua extensão, admitindo-se que sejam providos das mesmas características
geométricas, como a sinuosidade horizontal, ou que estejam localizados no
mesmo tipo de uso de solo lindeiro.
Quanto ao modelo matemático utilizado, a maioria dos traba-
lhos utilizou o método empírico de Bayes, sendo que dois deles (PARK;
LORD; WU, 2016; COSTA; FREITAS; PEREIRA, 2016) utilizaram a
distribuição binomial negativa. O método de Bayes é o mais usado quando
se quer realizar estudos de previsão de acidentes, uma vez que auxilia no
refinamento das estimativas, pela obtenção do número esperado de aciden-
tes para cada trecho, sejam eles grandes ou pequenos (WOOD; GOOCH;
DONNELL, 2015).

169
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

A abordagem bayesiana é caracterizada por ter uma rigorosa base


estatística, tornando-a excelente para verificar o grau de confiabilidade de
outras possíveis metodologias que venham a ser desenvolvidas (D’ÁVILA;
BARBOSA, 2015). Segundo o HSM (2010), é recomendável, para apli-
cação do método Empírico de Bayes, que o histórico de acidentes esteja
disponível em um período mínimo de dois anos. Além disso, durante o
período de análise, deve-se manter as características geométricas e opera-
cionais da via.
O modelo de distribuição binomial negativa também é ampla-
mente utilizado para modelagem da ocorrência de acidentes, no entanto
apresenta algumas limitações, sendo a mais notável delas a incapacidade de
tratar com dados dispersos e estimar a dispersão em conjuntos amostrais
pequenos e médios (PARK; LORD; WU, 2016).
No trabalho de Costa, Freitas e Pereira (2016), os métodos de Bayes
e Binomial Negativo foram comparados, sendo que os autores concluíram
que o modelo proposto pelo HSM para as interseções de três ramos das
vias quer suburbanas quer urbanas não apresentam resultados satisfató-
rios. Entretanto, em ambos os casos, as estatísticas de avaliação do ajuste
clássicas, como o desvio-padrão da média e o desvio-padrão quadrático da
média apresentaram valores aceitáveis, isto é, próximos de zero.
Como perspectiva, tem-se a necessidade de garantir a qualidade
e completude dos dados de entrada exigidos pelos modelos do HSM, a
fim de possibilitar a determinação das melhorias que possam resultar nas
maiores reduções de acidentes.

4. CONCLUSÕES
A maioria dos trabalhos incluídos nessa revisão sistemática mos-
trou a necessidade de calibração dos dados de acidentes de trânsito para
a realidade regional, utilizando como base o histórico de 3 a 5 anos de
acidentes registrados. Há resultados divergentes do supracitado, já que se
observaram dois trabalhos que não citaram as calibrações realizadas, consi-
derando-se, portanto, como não realizadas.

170
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Os trabalhos estudados aplicaram os modelos de predição do


HSM, em sua maioria, em vias rurais, onde ocorrem grande parte dos
acidentes registrados. O Método de Bayes foi predominante nos estudos,
uma vez que apresenta elevado grau de confiabilidade dos resultados, com
duas exceções, as quais aplicaram distribuição binomial negativa.
Pode-se concluir que o HSM tem aplicação mundial e que, desde
que utilizado respeitando as condições regionais, serve como base para aná-
lise das variáveis críticas que contribuem para a ocorrência dos acidentes.
Para tanto, deve-se considerar os volumes de tráfego, a infraestrutura dis-
ponível e o cronograma de obras estipulado e propostas de soluções, com
foco na racionalização de recursos.

REFERÊNCIAS
BANIHASHEMI, M. Sensitivity analysis of data set sizes for Highway Sa-
fety Manual calibration factors. Transportation Research Record: Jour-
nal of the Transportation Research Board, Transportation Research Board
of the National Academies, Washington, D.C., no. 2279, p. 75–81, 2012.

CLAUDE, G. F. M. Previsão da Ocorrência de Acidentes de Trânsito


em Interseções de Vias Arteriais Urbanas – O Caso de Taguatinga/DF.
2012. 171 f. Dissertação (Mestrado em Transportes) - Departamento de
Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília.

COSTA, J.; FREITAS, E.; PEREIRA, P. Aplicação do método de previsão


de acidentes do HSM a Portugal - estudo comparativo para interseções
de três ramos. In: XXX Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e
Ensino em Transportes, 2016, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Fe-
deração das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), 2016.

COSTA, T. G.; BARBOSA, H. M. Modelos de previsão de acidentes de


trânsito em vias urbana de Belo Horizonte. In: XXV ANPET - Congres-
so de Pesquisa e Ensino em Transportes, 2011, Belo Horizonte. Anais...
Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, (UFMG), p. 1-10,
2011.

171
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

______ Avaliação da transferibilidade de modelos de previsão de acidentes


para vias urbanas em Belo Horizonte. In: XXVIII ANPET - Congresso
de Pesquisa e Ensino em Transportes, 2011, Curitiba. Anais... Curitiba:
Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), p. 1-13, 2014.

CUNTO, F., SOBREIRA, L., & FERREIRA, S. Assessing the transfera-


bility of the Highway Safety Manual predictive method for urban roads
in Fortaleza City, Brazil. Journal of Transportation Engineering, v. 141,
p.8, 2015.

CUNTO, F. J. C., NODARI, C. T., BARBOSA, H. M. Transferência de


modelos de previsão de acidentes entre cidades brasileiras. Transportes, v.
22, n. 3, 2014.

D’ÁVILA, R. F.; BARBOSA, H. M. Aplicação do método de previsão


de acidentes do HSM a Portugal – estudo comparativo para interseções
de três ramos. In: XXIX ANPET - Congresso de Pesquisa e Ensino em
Transportes, 2015, Ouro Preto. Anais... Ouro Preto: Universidade federal
de Ouro Preto (UFOP), p. 1581-1592, 2015.

DNER - Departamento Nacional de Estradas e Rodagem. Guia de Redu-


ção de Acidentes com Base em Medidas de Engenharia de Baixo Custo.
Rio de Janeiro: DCTec, 1998, 140p.

DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes. Manual


de Sinalização Rodoviária, 3ª edição. Rio de Janeiro, 2010.

DUARTE, R. M. S. Aplicação do método de previsão de acidentes do


Highway Safety Manual em interseções do meio urbano. 2012. 76 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Departamento de Enge-
nharia Civil, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto.

FOLHA DE SÃO PAULO. São Paulo: Grupo Folha, 2017. Diário. Dis-
ponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2017/05/
1888812-transito-no-brasil-mata-47-mil-por-ano-e-deixa-400-mil-com-
-alguma-sequela.shtml>. Acesso em: 09 de maio 2018.

172
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

HSM - Highway Safety Manual. Washington: American Association of


State Highway and Transportation Officials, 2010.

ITE - Transportation Planning Handbook, 3rd Edition. Institute of


Transportation Engineers. 2009.

MOTTA JÚNIOR, L. F. Aplicação do modelo de previsão de acidentes


do Highway Safety Manual no perímetro urbano cortado por rodo-
via de mão dupla e pista simples. 2017. 119 f. Dissertação (Mestrado
em Ambiente Construído) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de
Fora.

MOHER, David et al. Preferred reporting items for systematic reviews


and meta-analyses: the PRISMA statement. PLoS medicine, v. 6, n. 7, p.
e1000097, 2009.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório Global sobre o


Estado da Segurança Viária 2015. Sumário. Disponível em: http://www.
who.int/violence_injury_prevention/road_safety_status/2015/Summary_
GSRRS2015_POR.pdf. Acesso em: 10 de maio 2018.

PARK, B. J.; LORD, D.; WU, L. Finite mixture modeling approach for
developing crash modification factors in highway safety analysis. Acci-
dents Analysis and Prevention, v. 97, p. 274-287, 2016.

POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (PRF). Acidentes. 2017. Disponí-


vel em: < https://www.prf.gov.br/portal/dados-abertos/acidentes >. Acesso
em: 19 de junho de 2018.

SILVA, K. C. R. (2011). Aplicação do modelo de previsão de acidentes


do HSM em rodovias de pista simples do estado de São Paulo. Disser-
tação de Mestrado em Engenharia de Transportes, Escola de Engenharia de
São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos. 95 p.

173
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

SINGH, G.; SACHDEVA, S. N.; PAL, M. M5 model tree based predicti-


ve modeling of roads acidentes on non-urban sections of highway in India.
Accidents Analysis and Prevention, v. 82, p. 180-191, 2015.

SOUZA, M. L. Procedimento para Avaliação de Projetos de Rodovias


Rurais Visando a Segurança Viária. Brasília: Universidade de Brasília,
2012.

WAIHRICH, D. R. L. S. Calibração do Método de Previsão de Aci-


dentes do Highway Safety Manual (HSM) para Trechos Rodoviários
de Pista Dupla no Brasil, 2016. 132 f. Dissertação (Mestrado em Trans-
portes) - Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de
Brasília, Brasília, 2016.

WANG, J. H. et al. Estimating safety performance trends over time for


treatments at intersections in Florida. Accidents Analysis and Preven-
tion, v. 96, p. 108-117, 2016.

WOOD, J. S.; GOOCH, J. P.; DONNELL, E. T.; Estimating the safety


effect so flane widths on urban streets in Nebraska using the propensity
scores-potential outcomes framework. Accidents Analysis and Preven-
tion, v. 82, p. 180-191, 2015.

174
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

CAPITULO 9: ANÁLISE DOS CUSTOS DE ACIDENTES


DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL: UMA REVISÃO
SISTEMÁTICA

Gercica Cristina Gomes de Macêdo


Tomi Zlatar
Felipe Mendes da Cruz
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Ana Rosa Bezerra Martins
Bianca M. Vasconcelos
Eliane Maria Gorga Lago
Béda Barkokébas Junior

RESUMO
Evidências mostram que, além de causarem sofrimento humano inesti-
mável, os acidentes do trabalho geram um custo econômico significativo,
gerando perda anual estimada de 3,94% do Produto Interno Bruto mun-
dial. Os custos dos acidentes podem ser separados em custos diretos e indi-
retos. A construção de edifícios constitui-se a quarta atividade econômica
com mais despesas previdenciárias relacionadas a acidentes do trabalho no
Brasil. Esse estudo teve como objetivo comparar as ferramentas utilizadas
para levantamento de custos de acidentes, analisar os impactos desses cus-
tos nas empresas da construção civil, investigar fatores dos custos diretos e
indiretos semelhantes dos estudos e identificar quais métodos podem ser
aplicáveis no setor da construção civil. As pesquisas foram realizadas no
Portal de Periódicos CAPES por meio da metodologia PRISMA. Foram
encontrados 1017 artigos que se aplicavam ao tema pesquisado. A partir
dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados dez artigos. Os

175
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

estudos mostraram métodos distintos de levantamento de custos de aci-


dentes do trabalho e consequente disparidade entre esses custos. Essas di-
ferenças podem ser atribuídas a diversos fatores, como setores econômicos
diferentes, o que gera acidentes do trabalho com consequências e custos
diferentes. Foram encontrados nos estudos e nas legislações brasileiras e
europeias fatores semelhantes de custos diretos, como despesas médicas e
seguros; e indiretos, como perda de produtividade, tempo para investiga-
ção, despesas legais e danos materiais. Diante dos resultados encontrados,
percebe-se a necessidade e a importância de se realizar esse levantamento
nas empresas, a partir de um método adequado a cada realidade, que iden-
tificará futuramente, com melhor eficiência, o impacto que esses custos
terão na empresa, contribuindo com o fortalecimento das estratégias de
prevenção de acidentes do trabalho.

Palavras-Chave: custos de acidentes do trabalho, construção civil, custos


indiretos, custos diretos, segurança do trabalho.

176
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

1. INTRODUÇÃO
Segundo Barbosa Filho (2015), acidentes de trabalho são eventos,
que resultam em lesões que causam perdas a própria vítima e sua família.
Outro aspecto são os custos econômicos dos acidentes que são difíceis de
serem estimados. Os acidentes também provocam perdas de imagem fren-
te aos clientes afetando novos negócios, a qualidade, a produtividade e a
competitividade dos empreendimentos. O conceito legal de acidente do
trabalho é definido pela Lei 8.213/91 como aquele que ocorre pelo exer-
cício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos
segurados referidos no inciso VII do art. 11 dessa Lei, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional, que cause a morte ou a perda ou redu-
ção, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL,
1991b).
Segundo a Organização Internacional do Trabalho - OIT (2017),
todos os dias morrem pessoas em consequência de acidentes de trabalho ou
doenças relacionadas com o trabalho - mais de 2,78 milhões de mortes por
ano, no mundo. Além disso, há cerca de 374 milhões de acidentes e doen-
ças não fatais relacionados ao trabalho a cada ano. Segundo o Ministério
da Previdência Social (BRASIL, 2016), no Brasil, esse número chegou a
578.935 em 2016, dos quais 2.265 resultaram em óbitos, uma média de
seis por dia. Segundo o Ministério da Previdência Social (2014), o setor da
construção civil tem uma elevada importância econômica, cuja relevância
se manifesta também no grande número de trabalhadores, que exercem
suas atividades nesse setor, que tradicionalmente é intensivo em mão de
obra. No Brasil, o Ministério da Previdência Social (2016), através da pu-
blicação do seu Anuário Estatístico da Previdência Social, indica que, no
ano de 2015, foram registrados 31.945 acidentes de trabalho típicos na
construção civil, representando 8,33% do total em comparação com os
demais setores econômicos.
Quando ocorre um acidente do trabalho, o fato tem repercussões
no âmbito penal, civil, previdenciário e trabalhista. Além disso, a reparação
do dano deve ser a mais ampla possível, buscando restituir ao máximo a
situação anterior do acidentado. Na esfera administrativa, o acidente po-
derá resultar como consequências: embargos e/ou interdições, de acordo

177
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

com a legislação brasileira apresentada na Norma Regulamentadora nº


3 do Ministério do Trabalho, bem como multas, estabelecidas de acordo
com a Norma Regulamentadora nº 28; aos profissionais, de acordo com
a gravidade da falta, pode ser aplicada sanções como advertência, multas,
cancelamento definitivo ou perda do registro profissional, de acordo o ar-
tigo 71 da Lei 5194/1966 (BARBOSA FILHO, 2015).
Além de causarem um sofrimento humano inestimável, os aci-
dentes de trabalho e as doenças profissionais geram um custo econômico
significativo, ocasionando perda anual estimada de 3,94% do Produto
Interno Bruto Mundial (OIT, 2017). Segundo Dados do Ministério
Público do Trabalho (2017), no período de 2012 a 2017, foram gastos R$
26.235.501.489 com benefícios acidentários (auxílio-doença, aposentado-
ria por invalidez, pensão por morte e auxílio-acidente – sequelas) concedi-
dos no Brasil.
O Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho do
Ministério Público do Trabalho (2017) calculou o volume de despesas do
INSS entre 2012 e 2017 apenas com o afastamento de trabalhadores en-
volvidos na atividade econômica construção de edifícios de todo o país. Os
gastos chegaram a mais de 509 milhões de reais, sendo a quarta atividade
econômica com mais despesas previdenciárias relacionadas a acidentes de
trabalho.
Para Barbosa Filho (2011), os primeiros estudos econômicos da
segurança do trabalho datam do final da década de 1920. H. W. Henrich
definiu os custos dos acidentes como formados por custos diretos (CD),
designados como custos segurados, e indiretos (CI) ou não segurados.
Em seus estudos, procurou estabelecer uma relação linear entre CD e CI.
Segundo Henrich (1959), a partir da análise dos acidentes (5000 casos) nas
empresas seguradas por sua companhia de seguros, Heinrich chegou a uma
relação de 4:1, na qual o custo indireto seria quatro vezes mais que o custo
direto.
O conhecimento dos custos de acidentes do trabalho possibilita
conscientização dos empregadores, no que diz respeito à implementação
das medidas de prevenção de saúde e segurança ocupacionais, evitando os
acidentes do trabalho.

178
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

O objetivo desse estudo foi comparar as ferramentas utilizadas


para levantamento de custos de acidentes do trabalho, analisar os impac-
tos desses custos nas empresas da construção civil, investigar fatores que
influenciam os parâmetros dos custos diretos e indiretos e identificar quais
métodos podem ser aplicáveis para a saúde e segurança ocupacional no
setor da construção civil.

2. METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a pesquisa seguiu as orientações dos
itens do Relatório Preferidos para Revisões Sistemáticas e Meta-análises –
PRISMA (LIBERATI et al., 2009). As pesquisas foram realizadas no Portal
de Periódicos CAPES (COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO
DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR, 2017). As palavras-chave deter-
minadas em inglês, por razão do tema escolhido, foram: “Accident Costs”,
“Safety”, “Accident”, “Cost”, “Construction Industry”, “Civil Construction”,
utilizando a combinação oferecida pelo site CAPES, “OR”, selecionando
as pesquisas “No título” e “No assunto”.
Foram excluídos os trabalhos com mais de dez anos (publicados
antes de 2008), os que foram publicados em língua diferente do inglês e
português, os artigos que eram repetidos e os artigos cujos resumos não
teriam similaridade com a pesquisa.
Com relação aos critérios de inclusão, foram escolhidos, na pesquisa, os
títulos dos artigos que tratavam de custos de acidentes do trabalha na
Construção Civil e demais setores econômicos no âmbito mundial.
Os dados analisados incluíram os métodos utilizados para levan-
tamento de custos de acidentes do trabalho que sejam aplicáveis ao setor
da construção civil; os critérios adotados para escolha dos parâmetros dos
custos diretos e indiretos dos acidentes do trabalho; os resultados obtidos
por meio da aplicação das metodologias de custos utilizados; e as limita-
ções dos estudos.

179
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

3. RESULTADOS
Foram identificados 1017 artigos na plataforma da CAPES utili-
zando as palavras-chaves determinadas. Desses artigos, 304 foram elimi-
nados, por apresentarem data de publicação superior a 10 anos; após essa
etapa, foram excluídos 15 artigos que eram diferentes do idioma inglês e
português. O próximo critério de seleção (inclusão ou exclusão) referiu-se
à inclusão de artigos por título, sendo excluídos 657 artigos que não tra-
tavam de custos de acidentes do trabalho. Após a seleção por título, foram
excluídos 9 artigos por repetição. Os resumos foram lidos, e excluídos 9
artigos que não estavam no contexto da pesquisa, sobrando 23 artigos
para leitura. Foram excluídos 15 artigos que não estavam relacionados
com o tema. Foram adicionados 2 artigos obtidos a partir de indicação
e de outras referências. Por fim, os artigos foram lidos e analisados e, em
seguida, selecionados os que tratavam somente de custos de acidentes do
trabalho na construção civil e demais setores econômicos, resultando no
total de 10 artigos (BATTAGLIA; FREY; PASSETTI, 2014; EVERETT
et al., 1996; FALKNER; ARNOLD, 2012; FENG; ZHANG; WU, 2015;
FROTTÉ et al., 2017; JALLON; IMBEAU; DE MARCELLIS-WARIN,
2011; LÓPEZ-ALONSO et al., 2013; EVERETT et al.,1996; IKPE et
al.,2012; MIRCEA et al., 2015; RAJENDRAN et al.,2017)a Usina de
Recicláveis Sólidos Paraná (USIPAR incluídos nessa revisão para uma aná-
lise abrangente. O processo de seleção e aplicação dos critérios de inclusão
e exclusão estão resumidos por meio do fluxograma da pesquisa apresenta-
da na Figura 30.

180
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Identificação Figura 30: Fluxograma do processo de seleção dos artigos

Número de artigos identificados no periódico da CAPES Artigos de revistas


(N=1017) interessantes (N=2)

Excluídos por anos


(N=304)

Filtro 10 anos (N=713)

Excluídos por língua


(N=15)

Filtro língua (EN/PT)


(N=698)

Excluídos por título


(N=657)
Triagem

Registros após seleção por


título (N=41)

Excluídos os repetidos
(N=9)

Registros após exclusão dos


repetidos (N=32)

Excluídos por resumo (N=9)

Registros após excluídos


por Resumo (N=23)
Elegibilidade

Artigos a serem lidos


(N=23))

Excluídos por não terem


relacão com o tema (N=15)
Inclusão

Estudos sobre Custos de


Acidentes do Trabalho na
Construção Civill(N=10)

Fonte: Autores

Variáveis relevantes que foram analisadas nos estudos estão


ilustradas nas tabelas 17, 18, 19 e 20.

181
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 17: Características dos estudos incluídos

Quantidade
Origem dos Setor econô-
Nº Referências País Método de Acidentes
dados mico
analisados

Entrevistas estrutu-
radas; registros de
arquivamento; ques-
tionários; análise de
Feng; Zhang; 47 obras de Construção
1 Cingapura correlação bivariada; 168
Wu (2015) Cingapura Civil
informações do
projeto; registros de
acidentes e de custos
de acidentes

AUVA*, Grã-Breta-
 Falkner; Ar- BG BAU*, nha, EUA, Construção Dados estatísticos dos
2 -
nold (2012) OSHA*, Aústria e Civil órgãos de cada País
HSE* Alemanha

Uso de questionários;
aplicação da pesquisa
em locais de cons-
40 obras de
López-A- trução; aplicação de
construção Construção
3 lonso et al. Espanha testes de hipóteses es- 178
do Sul da Civil
(2013) tatísticos (kolmogoro-
Espanha
v,spearman e pearson);
uso da distribuição de
Poisson

Pesquisa intervencio-
nista; pesquisa especi-
ficamente construtiva;
Battaglia;
Healthy Construção mapeamento de ati-
4 Frey; Passetti Itália 236
Company Civil vidades; construção
(2014)
de novas ferramentas
e/ou
soluções de gestão

Revisão de literatura
usando as bases de
dados, Compendex,
Jallon; Revisão de Construção Inspec,
Imbeau; De Literatura Civil e In- Proquest, PubMed,
5 - -
Marcellis- de 29 arti- dústria de ScienceDirect e Web
Warin, (2011) gos Manufatura of Science; abordagem
“top-down”,”bot-
tom-up” e local para
custos indiretos

182
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Quantidade
Origem Setor eco-
Nº Referências País Método de Acidentes
dos dados nômico
analisados

Gestão que se baseia


na ‘’ Teoria das Res-
Empresa
Gavious et Indústria trições ‘’; modelo
6 Industrial - -
al. (2009) Química para estimar o custo
Israelense
total de um acidente
industrial

Estatística
de Acidente
Mircea et al. Setor Elé- Cálculo de perda de
7 do Trabalho Romênia -
(2015) trico renda pessoal
do Setor
Elétrico

Questionário, análise
Indústria da de Custo Benefício
Ikpe et al. Reino Construção
8 Construção do investimento em -
(2012) Unido Civil
Civil prevenção, pesquisa
quantitativa

93 projetos
Rajendran et Construção
9 de constru- EUA Questionário -
al., (2017) Civil
ção civil

Everett et al. Empresa Construção


10 EUA Questionário -
(1996) Americana Civil

* AUVA - Allgemeine Unfallversicherungsanstalt; BG BAU - Berufsgenossenschaft der


Bauwirtschaft münchen; OSHA - Occupational Safety and Health Administration; HSE -
Helth and Safety Executive
Fonte: Autores

183
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 18: Custos diretos dos estudos incluídos

Custos Diretos

Indenizações por
Despesas Pagamento de
Nº Referências Danos Multas Seguro incapacidade ou
Médicas salário
morte

Feng; Zhang;
1 - Sim - Sim Sim Sim
Wu (2015)

 Falkner; Ar-
2 - Sim - Sim Sim Sim
nold (2012)

López-Alonso
3 - - - Sim - -
et al. (2013)

Battaglia;
4 Frey; Passetti - Sim - Sim - Sim
(2014)

Jallon;
Imbeau; De
5 - Sim - Sim Sim -
Marcellis-
Warin, (2011)

Gavious et al. Sim($ Sim($ Sim($ Sim($


6 - -
(2009) 50000) 2600) 2000) 50000)

Mircea et al.
7 - Sim Sim - - Sim
(2015)

Ikpe et al.
8 Sim Sim - - - -
(2012)

Rajendran et
9 - Sim - - - -
al., (2017)

Everett et al.
10 Sim - - Sim Sim Sim
(1996)

Fonte : Autores

184
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 19: Custos indiretos dos estudos incluídos

Custos Indiretos
Perdas
devido Mate-
Bens Perdas
Tempo à subs- riais de
Perda de Des- ou Cro- de
para tituição Trans- pri- Ima-
Nº Referências produtivida- pesas danos no- fun-
Investi- do tra- porte meiros gem
de/produção Legais mate- grama cioná-
gação balhador socor-
riais rios
lesiona- ros
do
Feng;
1 Zhang; Wu Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim - - Sim
(2015)

 Falkner;
2 Arnold - - - - - - - - - Sim
(2012)

López-A-
3 lonso et al. Sim - - Sim - - - Sim -  
(2013)
Battaglia;
Frey;
4 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Passetti
(2014)
Jallon;
Imbeau;
5 De Marcel- Sim Sim Sim Sim Sim - Sim Sim Sim -
lis-Warin,
(2011)

Gavious et Sim($ Sim($ Sim($


6 - - - - - Sim -
al. (2009) 228000) 21850) 1500)

Mircea et
7 Sim - Sim - Sim - - Sim - -
al. (2015)

Ikpe et al.
8 Sim - Sim - Sim - - - - -
(2012)

Rajendran
9 et al., Sim - Sim - - - - - - -
(2017)

Everett et
10 Sim Sim - - - Sim - - - -
al. (1996)

Fonte: Autores

185
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 20: Custos totais dos estudos incluídos


Custos Custos
Nº Referências Diretos Custos Totais Conclusões Limitações
Indiretos
A taxa de
resposta e a
Custo dos acidentes A relação entre a
do tamanho
totais médio é de taxa de frequência de aciden-
Feng; da amostra
0,25% do montante tes e dos custos dos acidentes
1 Zhang; Wu - - deveriam ser
total do contrato de é dependente do nível de
(2015) maiores; par-
um projeto de cons- risco do
ticularidades
trução projeto
de cada setor
econômico
4 vezes os A análise de custos de aciden-
 Falkner; 320 mil custos di- tes exige grande esforço de
1,92 bilhões de
2 Arnold milhões retos (1,6 todos e a previsão de financia- -
euros mento adicional por emprega-
(2012) de euros bilhões
de euros) dores e contratados
O custo dos acidentes está
diretamente relacionado com
o número total de
trabalhadores. Aplicação do
modelo de Poisson prevê
3,8 milhões de euros o número de acidentes que
López-A- ocorrem em um canteiro de
para 178 aciden-
3 lonso et al. - - obras, sendo possível estimar -
tes/21.348 euros por os custos também. 55% dos
(2013)
acidente acidentes ocorridos durante
a fase de estruturas e de 14%
na fase de terraplanagem;
57,30% de acidentes ocor-
reram no primeiro terço do
projeto
Classificação
dos aciden-
Os custos de acidentes ten-
tes; análise
1,6 milhões de dem a crescer em proporção à
dos custos
Battaglia; euros por ano; Custo gravidade do acidente; tempo
dos acidentes
4 Frey; Passe- - - médio por acidente total dedicado a um acidente é
não contras-
tti (2014) 6.494 euros 22,5 h; total de dias de ausên-
tam com a
cia para todos os acidentes foi
realização de
de 7024 dias
zero aciden-
tes
Estudo Estudo 3:
0,31 bi- Estudo 1: Custo total
3: $ 0,91 $lhões;Es-
bilhões;Es- tudo 4: por trabalhador $
tudo 4: 1269; Estudo 2:$
Jallon; $ 19,89 13000 por acidente; Agrupar os acidentes de
Imbeau; De $ 12,05 bilhões; trabalho em categorias; con-
bilhões; Estudo 6: Estudo 3: $ 1,22
5 Marcellis- Estudo siderar o número de dias de -
6: 103,73 bilhões; Estudo 4: tempo perdido e o nível de
Warin, $ 51,77 $bilhões; $ 31,94 bilhões;
(2011) bilhões; produtividade
Estudo 6: $ 155,50
Estudo 14: Estudo
14: $ bilhões; Estudo 14:
$ 1391 por 1156 por $ 2547 por acidente
acidente acidente

186
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Custos Custos
Nº Referências Custos Totais Conclusões Limitações
Diretos Indiretos

Uma avaliação confiável


que também fornece
avaliação de risco pode
Gavious et al. $355.950 para um
6 $ 104600 $ 251350 ajudar os gestores a pla- -
(2009) acidente
nejar corretamente o
investimento em medidas
de segurança

A análise de custo-benefí-
cio é útil para
fornecer evidência para
Mircea et al. 5350 euros para
7 - - a rentabilidade de uma -
(2015) um acidente
medida específica

Empresas de Grande
Porte têm custos maiores
Ikpe et al. de acidentes. Empresas
8 - - - -
(2012) de pequeno porte gastam
mais em prevenção de
acidentes.

Os custos médios
de lesões e de
O custo de prevenção
programas de pre-
representa em média
Rajendran et venção orçados Processo de
9 - - 5- 6% de um orçamento
al., (2017) para os projetos da coleta de dados
total para manter taxas
amostra variou de
de lesões em níveis baixos
0,001 a 20% do
custo do projeto

Os custos totais de
acidentes em cons-
trução ficam entre
Os custos de acidentes
Multiplicador US $ 21 bilhões
subiram de um nível de
Everett et al. de 1,65 a 2,54 (7,9% do total
10 - 6,5% dos custos de cons- -
(1996) vezes os custos custos de cons-
trução em 1982 entre
diretos trução) e US $ 40
7,9% e 15,0% em 1996
bilhões (15,0% do
total de custos de
construção)

Fonte: Autores

187
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

4. DISCUSSÃO
4.1 Discussão Geral
Oito dos estudos apresentaram análise dos custos para o setor da
construção civil (BATTAGLIA; FREY; PASSETTI, 2014; EVERETT
et al., 2017; FALKNER; ARNOLD, 2012; FENG; ZHANG; WU, 2015;
IKPE et al., 2012; JALLON; IMBEAU; DE MARCELLIS-WARIN,
2011; LÓPEZ-ALONSO et al., 2013; RAJENDRAN et al.,2017).
O setor da construção civil absorve elevada mão de obra devido a
sua variada oferta de trabalho sem muitas restrições (TAKAHASHI et al.,
2012). As taxas de acidentes do trabalho nesse setor são muito elevadas
em comparação com outros setores econômicos (LÓPEZ-ALONSO et al.,
2013).
Os acidentes do trabalho acarretam prejuízos para a empresa, para
o acidentado e/ou sua família e ainda para a sociedade como um todo.
Convém salientar que cabe à empresa garantir a todos os funcionários do
canteiro de obras, sejam eles terceirizados ou não, todas as medidas de
segurança e saúde do trabalho previstas em lei (PARISI JÚNIOR et al.;
2014).
De acordo com Henrich (1959), os custos de acidentes do tra-
balho são formados pelos custos diretos e indiretos. No Brasil, a ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas), através da NBR 14280
(ABNT, 2001), define os custos diretos como o total das despesas cobertas
pelo seguro de acidentes. Complementarmente, de acordo com outro estu-
do (FENG; ZHANG; WU, 2015), os custos diretos tendem a ser aqueles
associáveis ao tratamento da lesão e a qualquer compensação oferecida
aos trabalhadores como consequência da lesão. Os custos indiretos são as
despesas não cobertas pelo seguro de acidente do trabalho e, em geral,
não facilmente computáveis. Nesse sentido, a NBR 14280(ABNT, 2001)
cita alguns parâmetros a serem seguidos para mensurar esses custos, sendo
estes:

188
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

a) Despesas com reparo ou substituição de máquina, equipamento ou ma-


terial avariado;
b) Despesas com serviços assistenciais não segurados;
c) Pagamento de horas-extras em decorrência do acidente;
d) Despesas jurídicas;
e) Complementação salarial ao empregado acidentado;
f ) Prejuízo decorrente da queda de produção pela interrupção do funcio-
namento da máquina ou da operação de que estava incumbido o aciden-
tado, ou do impacto emocional que o acidentado causa aos companheiros
de trabalho;
g) Desperdício de material ou produção fora de especificação, em virtude
de anormalidade no estado emocional causada pelo acidente;
h) Redução da produção pela baixa do rendimento do acidentado durante
certo tempo, após o regresso ao trabalho;
i) Horas de trabalho dispendidas pelos empregados que interrompem seu
trabalho normal para ajudar o acidentado;
j) Horas de trabalho dispendidas pelos supervisores e por outras pessoas:
- Na ajuda ao acidentado;
- Na investigação das causas do acidente;
- Em providências para que o trabalho do acidentado continue a ser
executado;
- Na seleção e no preparo de novo empregado;
- Na assistência jurídica;
- Na assistência médica para os socorros de urgência;
- No transporte do acidentado.

De acordo com a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no


Trabalho - EU-OSHA (2002), os custos totais e os benefícios devem in-
cluir os custos visíveis e os custos ocultos, juntamente com os custos que
podem ser facilmente quantificáveis e os que apenas podem ser expressos
em termos qualitativos. Além disso, os acidentes também geram custos a
suportar por outras empresas, pelos próprios trabalhadores e pela socieda-

189
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

de em geral, como nos casos em que a empresa poderá não cobrir os custos
resultantes de cuidados de saúde prestados aos trabalhadores ou em que as
pensões por invalidez são garantidas por meio de fundos coletivos. E, para
formar uma ideia clara dos custos emergentes de acidentes de trabalho, é
necessário realizar uma avaliação econômica. Nesse estudo, a EU-OSHA
(2002) insere um conjunto mínimo de fatores de custos que devem ser
incluídos na avaliação de custos, como: despesas com tratamentos médicos
e reabilitação, custos com acidentes mortais, custos com qualidade de vida,
custos de dor e sofrimento, indenizações, perdas de produção, despesas não
cobertas por seguros ou compensações, salários pagos nas atividades, custo
com substituições de equipamentos. É possível se perceberem semelhanças
entre os componentes de custos considerados no Brasil e na Europa.

4.2 Métodos para cálculo dos custos utilizados nos estudos


Diversos métodos foram utilizados pelos estudos para levantar
os custos de acidentes do trabalho de acordo com cada realidade. Cinco
estudos (EVERETT et al., 2017; FALKNER; ARNOLD, 2012; FENG;
ZHANG; WU, 2015; IKPE et al., 2012; RAJENDRAN et al.,2017) uti-
lizaram questionários com aplicação de entrevistas estruturadas. De acor-
do com López-Alonso et al. (2013), a utilização de questionário fornece
comparabilidade de respostas e são obtidas medições quantitativas de uma
grande variedade de aspectos. Um dos estudos (FALKNER; ARNOLD,
2012) utilizou dados estatísticos dos Órgãos que regulam a saúde e se-
gurança do trabalhado de cada país. São eles: AUVA, BG BAU, OSHA e
HSE.
Um dos artigos (FENG; ZHANG; WU, 2015) usou registros de
empresas de acidentes e de custos de acidentes, informações dos projetos
das obras e aplicou análise de correlação bivariada para verificar a correla-
ção entre variáveis determinantes para o estudo.
O estudo de López-Alonso et al. (2013) utilizou a aplicação de
testes de hipóteses estatísticos (Kolmogorov, Spearman e Pearson) para a
tomada de decisões quanto às variáveis analisadas. As hipóteses iniciais
foram testadas utilizando Spearman e Pearson, para medir a correlação
entre duas variáveis. O teste de Kolmogorov de normalidade mostrou que

190
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

as variáveis de acidentes industriais não seguem uma distribuição normal,


com exceção da variável número médio de trabalhadores. Foi verificada
nesse estudo a aleatoriedade da ocorrência dos eventos, sendo utilizada a
distribuição de Poisson, que é adequada para eventos que ocorrem alea-
toriamente e de forma independente no tempo. Com a aplicação dessa
distribuição de probabilidade, é possível prever o número de acidentes do
trabalho que ocorrem em um canteiro de obras, a partir de um conjunto
de variáveis significativas e também estimar o custo.
Um dos estudos (BATTAGLIA; FREY; PASSETTI, 2014) uti-
lizou a pesquisa intervencionista e pesquisa especificamente construtiva,
visando à resolução de problemas em um ambiente organizacional da vida
real, à construção de novas ferramentas e/ou soluções de gestão. A pesquisa
intervencionista envolve o engajamento ativo com a lógica e a prática local,
em vez de uma perspectiva exclusivamente conceitual, em que os pesqui-
sadores estão diretamente envolvidos no fluxo em tempo real dos eventos.
Foi utilizada uma ferramenta baseada no mapeamento de atividades para
a tomada de decisão, que se baseia em documentar todas as consequências
dos eventos ocorridos (acidentes do trabalho) e, em seguida, avaliar os
custos associados a essas consequências. Os acidentes foram divididos em
simples e complexo, diferenciando-se de acordo com a gravidade das con-
sequências. Dentre os acidentes analisados para esse estudo, os acidentes
do trabalho foram causados, principalmente, por choques, quedas, escor-
regões, tropeços e cortes.
Foi feita uma revisão de literatura em um dos es-
tudos (JALLON; IMBEAU; DE MARCELLIS-WARIN,
2011) utilizando-se as bases de dados, Compendex, Inspec,
Proquest, PubMed, ScienceDirect e Web of Science, que incluiu 29 arti-
gos. Foram analisadas três abordagens de coleta para os custos indiretos
e verificado qual seria a melhor opção dentre os estudos. A abordagem
“top-down” utiliza dados nacionais, estatísticas ou resultados de outros
estudos para calcular o custo indireto médio por acidente. A abordagem
“bottom-up” usa dados locais, geralmente coletados por meio de pesquisas,
questionários ou entrevistas em uma amostra de acidentes do trabalho no
mesmo setor de atividade, para obter uma estimativa do custo médio defi-
nida de acordo com a gravidade do acidente ou setor industrial. Essas duas

191
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

abordagens ignoram variações nas distribuições de custos de acidentes que


são determinadas por fatores específicos para o acidente ou para a organi-
zação. Por outro lado, a abordagem “local” é baseada em dados locais da
própria empresa para obter um custo indireto específico referente àquela
realidade. De acordo com o autor, a abordagem “local” parece ser atual-
mente o melhor método para o cálculo dos custos indiretos comparado
com os demais, pois permite às empresas uma melhor precisão dos custos.
O estudo de Gavious et al. (2009) usou um modelo para estimar o
custo total de um acidente industrial baseado na metodologia da “Teoria
das Restrições”, ao qual diz que todo o funcionamento de um sistema
de produção é limitado por seus ”gargalos”, sendo necessário que esses
pontos no processo de produção sejam geridos cuidadosamente para se
atingir plena capacidade de produção. O autor afirma que a probabilidade
de acidentes de trabalho é relativamente maior nas estações onde existe
“gargalo”, em comparação a outros locais no processo de produção.
Foi possível perceber entre os estudos que praticamente nenhuma
metodologia de levantamento de custos de acidentes foi semelhante, além
do uso de questionários específicos para a coleta desses dados.

4.3 Custos diretos dos estudos incluídos


Segundo Santana (2006), no Brasil, uma parte substancial dos cus-
tos diretos com acidentes de trabalho recai sobre o Ministério da Previdência
Social que, por meio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS),
tem a missão de garantir o direito à previdência social. Esta é definida
como um seguro social destinado a reconhecer e conceder direitos aos se-
gurados, cujas contribuições destinam-se ao custeio de despesas com vários
benefícios. O INSS é responsável pelo recolhimento das contribuições e
custeio das despesas com o pagamento dos benefícios do Sistema Único de
Benefício (SUB).
Segue definição dos componentes dos custos diretos mais citados
nos artigos estudados, conforme ilustrado na tabela 18:
• Danos: relacionam-se com os danos causados a produtos, equi-
pamentos, máquinas, matéria-prima e os custos de limpeza;

192
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

• Despesas Médicas: são os custos médicos, referentes ao trata-


mento médico imediato no local do acidente, hospitalização ou
equipamento, que se torna inutilizável após o acidente;
• Multas: são as multas, que a empresa pagará ao Governo, refe-
rentes às violações dos procedimentos de segurança ou desobe-
diência a Lei;
• Seguros: pagamento anual de uma empresa, que varia de ano a
ano, de acordo com os acidentes ocorridos no ano anterior;
• Indenizações por incapacidade ou morte: compensação que não
foi coberta pela apólice de seguro e paga pelas empresas;
• Pagamento de salário: salário das vítimas pago pelas empresas.

Na Figura 31, é possível perceber os fatores de custos diretos anali-


sados e a proporção dos artigos que os consideram.

Figura 31: Custos Diretos dos Estudos Incluídos

Fonte: Autores

Percebe-se que seguro e despesas médicas foram os fatores mais


considerados nos artigos. Isso pode ser atribuído à obrigatoriedade de as

193
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

empresas terem seguro tanto no Brasil como na Europa, o qual cobre as


despesas médicas provenientes dos acidentes do trabalho. Multas e danos
foram fatores considerados em apenas um dos estudos (GAVIOUS et al.,
2009), no qual se analisou um acidente ocorrido na indústria química.
Comparando os fatores utilizados nos custos diretos com as legis-
lações brasileiras e europeias, percebe-se que, no Brasil, de acordo com a
NBR 14280 (ABNT, 2001), definem-se os custos diretos apenas como o
total das despesas cobertas pelo seguro de acidentes. Na Europa, no estudo
da EU-OSHA (2002), não foram segregados os custos totais em diretos e
indiretos, mas se pode perceber que os fatores de despesas com tratamentos
médicos, indenizações e salários pagos nas atividades são considerados, nas
análises dos custos, semelhantes aos considerados nos estudos, podendo ser
justificados pelo fato de três estudos (BATTAGLIA; FREY; PASSETTI,
2014; FALKNER; ARNOLD, 2012; LÓPEZ-ALONSO et al., 2013) se-
rem realizados na Europa.
Três artigos apresentam valores monetários para os custos diretos
de acidentes. No estudo de Falkner & Arnold (2012), os acidentes de tra-
balho atualmente geram custos diretos de 320 milhões de euros para a
indústria da construção e da economia na Áustria. Na revisão de literatura,
em um dos artigos (JALLON; IMBEAU; DE MARCELLIS-WARIN,
2011), 4 estudos informaram os custos indiretos, a saber: estudo 3: $ 0,91
bilhões; estudo 4: $ 12,05 bilhões; estudo 6: $ 51,77 bilhões; estudo 14:
$ 1391 por acidente. No estudo de Gavious et al. (2009), foi analisado
um acidente, tendo os custos diretos que esse acidente gerou totalizado $
104.600.
No Brasil, segundo a Lei n. 8212, de 24 de julho de 1991 (BRASIL,
1991a), o GILRAT (Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa
Decorrente dos Riscos do Ambiente de Trabalho) é um conjunto de bene-
fícios, que tem a finalidade de fornecer ao trabalhador um suporte quando
forem vítimas de acidentes do trabalho. Logo, esse seguro deve ser pago
por todas as empresas ao INSS. Essa contribuição é calculada a partir do
enquadramento da empresa em três níveis de risco, 1%, 2% ou 3%, segun-
do a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), impostas
sobre a folha de pagamento das empresas. Esses percentuais poderão ser

194
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

reduzidos ou majorados, de acordo com o art. 10 da Lei 10.666/2003


(BRASIL, 2003). Isso representa a possibilidade de estabelecer a tarifação
individual das empresas, flexibilizando o valor das alíquotas: reduzindo-as
pela metade ou elevando-as ao dobro, por meio da adoção de um fator
chamado Fator Acidentário Previdenciário (FAP). O FAP depende do de-
sempenho da empresa em saúde e segurança do trabalho, considerando,
dessa maneira, os registros de acidentes de trabalho na empresa e, também,
o seu ramo de atividade econômica. Dessa forma, torna-se um estímulo
ampliar a cultura da prevenção.

4.4 Custos indiretos dos estudos incluídos


Os estudos incluídos na revisão sistemática consideraram, em sua
grande maioria, os seguintes fatores no cálculo dos custos indiretos que são
definidos a seguir:
• Perda de produtividade/produção: incluem custos com as pa-
radas nos trabalhos pelo acidentado e pelos colegas, diminui-
ção da produtividade do trabalhador substituto durante o seu
período de aprendizagem, diminuição na produção, possível
novo gargalo, causando atraso nos processos;
• Tempo para investigação: esse custo está relacionado ao tempo
de trabalho gasto para investigar o acidente, dedicado à instru-
ção para o trabalhador substituto;
• Perdas devido à substituição do trabalhador lesionado: relacio-
nam-se ao custo de contratação de novos trabalhadores para
substituir os acidentados, o que inclui o tempo investido no
recrutamento e o treinamento dos novos trabalhadores;
• Despesas legais: medidas pelas multas e custos legais impostos
pelos sistemas judiciais ou em decorrência de acidente;
• Bens ou danos materiais: cobrem reparos de máquinas, perdas
de produtos acabados e aqueles em processo. Algumas máqui-
nas podem ser cobertas pelo seguro, que seria um custo direto,
mas, se o sinistro tiver uma consequência que o seguro não
ressarce, transforma-se em custo indireto;

195
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL


Transporte: medido pelos custos de transporte do trabalhador
ferido;
• Materiais de primeiros socorros: medidos pelo valor de mate-
riais de primeiros socorros consumidos no acidente;
• Imagem: relacionada com a imagem pública e a moral da em-
presa que foi denegrida;
• Cronograma: quando ocorre um acidente, há uma desacele-
ração na produção, afetando o cronograma da empresa, cau-
sando danos ao cliente, podendo eles cancelar o contrato ou
exigir um preço mais baixo;
• Perdas de funcionários: quando o bom funcionário não retor-
na mais ao trabalho devido à incapacidade ou morte.
Na Figura 32, é possível se perceber a relação entre a quantidade de
artigos incluídos e os fatores dos custos indiretos analisados.

Figura 32: Custos Indiretos dos Estudos Incluídos

Fonte: Autores

Nota-se que perda de produtividade foi o fator mais considerado


nos artigos incluídos. Isso pode ser atribuído ao impacto que o acidente

196
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

do trabalho tem com paralisações dos trabalhadores, acidentados ou não,


atrasando o processo produtivo, além da ausência do acidentado, caso
seja acidente com afastamento. Tempo para investigação e perdas devido
à substituição podem estar associados à perda de produtividade, pois a
empresa gastará tempo para investigar os acidentes e tempo para treinar
o trabalhador que irá substituir o acidentado, caso o afastamento seja sig-
nificativo.
O fator despesas legais, considerado nos custos indiretos, se as-
semelha a multas, considerado nos custos diretos, inclusive na definição.
Como apenas um dos estudos (GAVIOUS et al., 2009) considerou nos
custos diretos, não seria relevante considerar como um critério de seleção.
No entanto, para os custos indiretos, quatro estudos (BATTAGLIA; FREY;
PASSETTI, 2014; FENG; ZHANG; WU, 2015; JALLON; IMBEAU;
DE MARCELLIS-WARIN, 2011; LÓPEZ-ALONSO et al., 2013) consi-
deraram esse fator como critério nas análises. No Brasil, as despesas legais
podem estar associadas às responsabilidades que as empresas estão sujeitas
quando ocorre um acidente do trabalho no âmbito administrativo, penal,
civil, previdenciário e trabalhista. Logo, esse custo pode ser muito maior
do que se imagina, dependendo da gravidade do acidente.
O custo indireto é um fator considerado tanto no Brasil como
na Europa, o que possibilita uma comparação destes com as legislações
brasileiras e europeias. No Brasil, de acordo com a NBR 14280 (2001),
os custos indiretos são despesas não cobertas pelo seguro de acidente do
trabalho e, em geral, não facilmente computáveis.
Nessa NBR, os fatores semelhantes encontrados foram: perda de
produtividade, tempo para investigação, perdas devido à substituição,
despesas legais e bens ou danos materiais. Na Europa, no estudo da EU-
OSHA (2002), os custos totais não foram divididos em diretos e indiretos,
mas se pode perceber a inclusão de fatores como perda de produtividade e
bens ou danos materiais. Nesse estudo, porém, são explicitadas de forma
abrangente despesas não cobertas por seguros, podendo concluir que qual-
quer custo que seja relevante para a empresa considerar deve ser incluído,
pois os custos do estudo da EU-OSHA (2002) não são taxativos, e sim
exemplificativos.

197
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

No setor da construção civil, é possível considerar todos os fatores


dos custos indiretos dos estudos, porém o fator imagem seria um de difícil
mensuração por se tratar de um custo abstrato.
Quatro estudos detalham os valores monetários relacionados aos
custos indiretos dos acidentes estudados. No estudo de Falkner & Arnold
(2012), os acidentes de trabalho atualmente geram custos indiretos de 4
vezes maiores que os custos diretos, ou seja, 1,6 bilhões de euros para a in-
dústria da construção e da economia. No estudo de Gavious et al. (2009),
foi analisado um acidente, e os custos indiretos que esse acidente gerou
foi de $ 251.350, chegando-se à conclusão de que os custos indiretos são
2,415 vezes maiores do que os diretos, embora a maioria das empresas não
calculem regularmente esses custos. No estudo de Everett et al. (1996),
os custos indiretos representam um multiplicador de 1,65 a 2,54 vezes os
custos diretos.
De acordo com um dos estudos (FENG; ZHANG; WU, 2015),
os custos indiretos são considerados custos ocultos ou custo iceberg, in-
formado no estudo de Bird (1974), ou seja, os custos poderiam ser muito
maiores que os custos diretos categorizados ou apresentados, fazendo uma
analogia com o iceberg.
Pouca informação está disponível sobre os custos indiretos, além
de ser difícil quantificar com precisão, pois não são facilmente levantados
pelo sistema de contabilidade da empresa ou não são corretamente associa-
dos aos custos diretos (JALLON; IMBEAU; DE MARCELLIS-WARIN,
2011).

4.5 Custos totais


Os custos totais de acidentes do trabalho foram apresentados em
quase todos os estudos incluídos, representando a soma dos custos diretos
e custos indiretos. De acordo com um dos estudos (FENG; ZHANG;
WU, 2015), os custos totais de acidentes médio é de 0,25% do montante
total do contrato de um projeto de construção, baseando-se em dados de
168 acidentes do trabalho. Em um dos estudos (FALKNER; ARNOLD,
2012), o custo total foi de 1,92 bilhões de euros. No estudo de López-

198
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Alonso et al. (2013), foi informado o custo total em 3,8 milhões de euros
para um total de 178 acidentes do trabalho, o que seria 21348 euros por
acidente. Em outro estudo (BATTAGLIA; FREY; PASSETTI, 2014), o
custo total foi de 1,6 milhões de euros, o que representa 6.494 euros por
acidente em média. Na revisão de literatura, em um dos artigos (JALLON;
IMBEAU; DE MARCELLIS-WARIN, 2011), apresentam-se os resultados
referentes a 6 estudos que analisaram e chegaram a custos totais de: estudo
1: $ 1269 por trabalhador; estudo 2: $ 13000 por acidente; estudo 3: $
1,22 bilhões; estudo 4: $ 31,94 bilhões; estudo 6: $ 155,50 bilhões; estudo
14: $ 2547 por acidente. No estudo de Gavious et al. (2009), foi analisado
um acidente, e os custos totais que esse acidente gerou foi de $ 355.950.
No estudo de Mircea et al. (2015), o valor do custo total para um acidente
do trabalho foi de 5350 euros. Rajendran et al. (2017) concluíram que
os custos médios de lesões e de programas de prevenção orçados de uma
amostra de 93 projetos da construção civil variaram de 0,001 a 20% do
custo do projeto. Entretanto, para Everett et al. (1996), os custos totais de
acidentes no setor da construção ficam entre US $ 21 bilhões (7,9% do
total custos de construção) e US $ 40 bilhões (15,0% do total de custos de
construção).
Pode-se verificar a disparidade entre os custos provenientes dos aci-
dentes de trabalho para cada estudo. Essas diferenças podem ser atribuídas
a diversos fatores, como setores econômicos diferentes, o que gera aciden-
tes do trabalho com consequências completamente diferentes, consequen-
temente com custos diferentes também. Outro fator pode ser decorrente
da metodologia utilizada para o levantamento dos custos de acidentes do
trabalho, como verificado nos estudos, pois cada estudo utilizou um méto-
do diferente. Os custos de acidentes do trabalho podem variar também de
acordo com a política adotada em cada País, visto que a quantidade total
de acidentes do trabalho diverge em cada país.
Sendo assim, foi possível concluir em um dos estudos (FENG;
ZHANG; WU, 2015) que a relação entre a taxa de frequência de acidentes
e dos custos dos acidentes é dependente do nível de risco do projeto. Além
disso, quanto mais o trabalho é executado por empresas subcontratadas,
maiores têm sido os custos indiretos de acidentes. De forma semelhante, o

199
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

estudo de López-Alonso et al. (2013) concluiu que o custo dos acidentes


está diretamente relacionado com o número total de trabalhadores.
Além disso, quanto maior o tamanho do projeto, em termos econô-
micos, quanto maior o investimento feito em medidas de saúde e seguran-
ça, os custos de acidentes tendem a diminuir. Um estudo (BATTAGLIA;
FREY; PASSETTI, 2014) concluiu que os custos de acidentes tendem a
crescer em proporção à gravidade do acidente. Foi analisado também que
o tempo total dedicado a cada acidente, em média, é de 22h30min, e o
total de dias de ausência referente aos acidentes analisados nesse estudo foi
de 7024 dias. De acordo com um dos estudos (JALLON; IMBEAU; DE
MARCELLIS-WARIN, 2011), para facilitar a determinação dos custos de
acidentes do trabalho, é necessário agrupar os acidentes do trabalho em
categorias, considerar o número de dias perdidos devido ao acidente e ao
nível de produtividade da empresa.
As ferramentas de análise de custos de acidentes do trabalho devem
estar associadas a atividades de gestão e integradas com relatórios de análise
de acidentes e sistemas de contabilidade, a fim de facilitar a aquisição e a
análise de dados (BATTAGLIA; FREY; PASSETTI, 2014).
Por fim, o levantamento dos custos de acidentes do trabalho é um
fator motivador para melhorar o desempenho em segurança do trabalho,
pois proporciona aos gestores conhecer as implicações desses custos nas
empresas, incentivando-os a planejar corretamente o investimento em
medidas de segurança do trabalho a partir da perspectiva econômica e ad-
ministrativa, na perspectiva de tomar iniciativas de prevenção de acidentes
do trabalho de forma voluntária.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio dos estudos analisados, foi possível observar métodos
distintos de levantamento de custos de acidentes do trabalho e consequen-
te disparidade entre esses custos. Essas diferenças podem ser atribuídas a
diversos fatores, como setores econômicos diferentes, o que gera acidentes
do trabalho com consequências e custos diferentes. Todos os métodos dos
estudos podem ser utilizados na construção civil, visto que, em quase todos

200
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

os estudos, esse setor econômico foi analisado. Foram encontrados, nos


estudos e nas legislações brasileiras e europeias, fatores semelhantes de cus-
tos diretos, como despesas médicas e seguros; e indiretos, como perda de
produtividade, tempo para investigação, despesas legais e danos materiais.
Foi possível perceber a dificuldade em se obterem os custos de
acidentes do trabalho. Apesar disso, é de suma importância realizar esse
levantamento nas empresas, a partir de um método adequado a cada reali-
dade, que identificará futuramente, com melhor eficiência, o impacto que
esses custos terão na empresa, e perceber a necessidade da prevenção de
acidentes do trabalho. Além disso, a relevância de programas de prevenção
pode ser justificada a partir de critérios econômicos, despertando o interes-
se das empresas, já que os acidentes e eventuais óbitos geram ônus para as
empresas.

6. FUTURAS PERSPECTIVAS
A partir dessa análise, é possível sugerir perspectivas futuras para
estudo, como: buscar outros métodos que podem ser aplicados ao setor da
construção civil no Brasil e no âmbito mundial; associar as responsabilida-
des civil, administrativa, penal, previdenciária e trabalhista com os custos
de acidentes do trabalho; aplicação de métodos de levantamento de custos
distintos para acidentes específicos com trabalho em altura na construção
civil, com a finalidade de comparar qual melhor se adequaria diante das
análises.
Outra possibilidade de estudos futuros seria analisar como são
calculados os custos das lesões pelas corretoras de seguro, identificando
os principais critérios avaliados. Analisar os custos que são incluídos no
cálculo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com relação aos
acidentes do trabalho e como se relacionam com os dados coletados e re-
gistrados nas empresas construtoras.

201
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

REFERÊNCIAS
AGÊNCIA EUROPEIA PARA A SEGURANÇA E SAÚDE NO TRA-
BALHO (EU-OSHAS) (2002). FACTS 27 – Custos socioeconómicos
resultantes de AT. ISSN 1681-2166. Disponível em: <http://agency.osha.
eu.int/publications/factsheets/>. Acesso em: 08 de junho de 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT).


NBR 14280: cadastro de acidente do trabalho: procedimento e classifica-
ção. Rio de Janeiro, 2001.

BARBOSA FILHO, A. N. Segurança do trabalho e gestão ambiental.


São Paulo: Atlas. ISBN:978-852246272-8. 4 ed. 2011.

BARBOSA FILHO, A. N. Segurança do Trabalho na Construção Civil.


São Paulo: Atlas. ISBN:978-85-224-9941-0. 1 ed. 2015.

BATTAGLIA, M.; FREY, M.; PASSETTI, E. Accidents at Work and Costs


Analysis : A Field Study in a Large Italian Company. Industrial Health.
DOI:  10.2486/indhealth. 2013-0168. p. 354–366, 2014.

BIRD, F.E., 1974. Management Guide to Loss Control. Institute Press,


Atlanta. ISBN: 0909126003. p. 242-243, 1974.

BRASIL. Lei n° 8.212 de 24 de julho de 1991a. Lei Orgânica da Segurida-


de Social; Lei do Custeio da Previdência Social. Brasília: Senado Federal.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Poder Legislativo,
Brasília, DF, 25 jul. 1991. Seção 1, p. 14801.

BRASIL. Lei nº 8213, de 24 de julho de 1991b. Lei de Benefícios da Pre-


vidência Social. Brasília: Senado Federal. Diário Oficial [da ]República
Federativa do Brasil. Poder Legislativo, Brasília, DF, 25 jul. 1991. Seção
1, p. 14809.

202
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

BRASIL. Lei n° 10666 de 8 de maio de 2003. Dispõe sobre a concessão


da aposentadoria especial ao cooperado de cooperativa de trabalho ou de
produção e dá outras providências. Brasília: Senado Federal. Diário Ofi-
cial [da ]República Federativa do Brasil. Poder Legislativo, Brasília, DF,
09 maio 2003. Seção 1, p. 1.

BRASIL, MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Anuário Esta-


tístico da Previdência Social, 2016. Disponível em <http://www.previ-
dencia.gov.br/wp-content/uploads/2018/01/AEPS-2016.pdf>. Acesso em
11 maio 2018.

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍ-


VEL SUPERIOR. 2017. “Portal Periodicos CAPES.” 2017. Disponível
em: <http://www.periodicos.capes.gov.br/>. Acesso em: 10 de março de
2018.

EVERETT, J. G. et al. COSTS OF ACCIDENTS AND INJURIES TO


THE CONSTRUCTION INDUSTRY. Journal of Construction Engi-
neering and Management, v. 122, n. June, p. 158–164, 1996.

FALKNER, L.; ARNOLD, J. Health and safety , prevention and accident


costs in construction industry in international comparison. Arbeitsschutz
, Prävention und Unfallfolgekosten im Bauwesen im internationalen Ver-
gleich. Geomechanich and Tunnelling. DOI: 10.1002/geot.201200049,
v. 5, n. 5, p. 621–630, 2012.

FENG, Y.; ZHANG, S.; WU, P. Factors influencing workplace ac-


cident costs of building projects. Safety Science. DOI: 10.1016/j.
ssci.2014.08.008. v. 72, p. 97–104, 2015.

GAVIOUS, A.; MIZRAHI, S.; SHANI, Y.; MINCHUK, Y. The costs


of industrial accidents for the organization: Developing methods and
tools for evaluation and cost-benefit analysis of investment in safety.
Journal of Loss Prevention in the Process Industries. DOI:10.1016/j.
jlp.2009.02.008. v. 22, n. 4, p. 434–438, 2009.

203
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

HEINRICH, H. W. Industrial accident prevention. New York, McGra-


w-Hill Book Company. ISBN: 0070280584, 1959.

IKPE, E. et al. Cost-Benefit Analysis for Accident Prevention in Construc-


tion Projects. Journal of Construction Engineering and Management,
v. 138, n. AUGUST, p. 991–998, 2012.

JALLON, R.; IMBEAU, D.; DE MARCELLIS-WARIN, N. Develo-


pment of an indirect-cost calculation model suitable for workplace use.
Journal of Safety Research. DOI:10.1016/j.jsr.2011.05.006. v. 42, n. 3,
p. 149–164, 2011.

LIBERATI, A. et al. PRISMA Statement for Reporting Systematic Re-


views and Meta-Analyses of Studies That Evaluate Health Care Interven-
tions : Annals of Internal Medicine, v. 151, n. 4, p. W65–W94, 2009.

LÓPEZ-ALONSO, M.; DAVILA, M. P. I.; GAMEZ, M. C. R.;MU-


NOZ, T. G.The impact of health and safety investment on construction
company costs. Safety Science DOI: 10.1016/j.ssci.2013.06.013. v. 60,
p. 151–159, 2013.

MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. (2014). Informe de Pre-


vidência Social. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.
br/wpcontent/uploads/2014/10/Ret_Offset_Informe_julho_2014.pdf>.
Acesso em: 27 maio 2018.

MIRCEA, P. M. et al. Assessment of the technical and economic dimen-


sion implications of electrical work accidents. Journal Sustainable Ener-
gy, v. 6, n. 2, p. 86–90, 2015.

OBSERVATÓRIO DIGITAL DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRA-


BALHO (MPT-OIT): 2017. Dados acessados em 28 de maio de 2018.
Disponível em: <http://observatoriosst.mpt.mp.br>. Acesso em: 27 maio
2018.

204
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

OIT. (2017c). Safety and health at work. Disponível em: <http://www.


ilo.org/global/topics/safety-and-health-at-work/lang--en/index.htm>.
Acesso em: 25 de maio de 2018.

PARISI JUNIOR, G.; VASCONCELOS, B.; BARKOKÉBAS JUNIOR,


B.; PARISI, P.Gerenciamento dos Processos de Segurança e Saúde do Tra-
balho de Empresas Subcontratadas/Terceirizadas em Empresa da Cons-
trução Civil: estudo de caso. Revista Sodebras, v.9, n.98, p.23-30, 2014.

RAJENDRAN, S. et al. Optimum Injury and Illness Prevention Costs for


U . S . Construction Projects. v. 22, n. 4, p. 1–7, 2017.

SANTANA, V. S.; ARAUJO-FILHO, J. B.; ALBUQUERQUE-OLIVEI-


RA, Paulo Rogério; BARBOSA-BRANCO, Anadergh. (2006). Acidentes
de trabalho: custos previdenciários e dias de trabalho perdidos. Rev. Saúde
Pública [online]. vol.40, n.6, pp. 1004-1012. ISSN: 0034-8910.2006.

TAKAHASHI, M. A. B. C.; SILVA, R. C.; LACORTE, L. E. C.; CE-


VERNY, G. C. O.; VILELA, R. A. G. Precarização do trabalho e risco
de acidentes na construção civil: um estudo com base na Análise Co-
letiva do Trabalho (ACT). Saúde e Sociedade, São Paulo, v.21, n.4, p.1-
11, out.-dez. 2012. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0104-
12902012000400015>. Acesso em: 30 maio 2018.

205
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

206
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

CAPITULO 10: USO DE CINZA DE LODO DE ESGOTO NA


COMPOSIÇÃO DE MATERIAIS CIMENTÍCIOS: REVISÃO PRISMA

Camilla Lais Lima dos Santos


Stela Fucale Sukar
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Tomi Zlatar

RESUMO
A Indústria da Construção Civil é um setor com participação expressiva na
economia, embora gere grandes impactos. Na busca por desenvolvimento
mais sustentável do setor, nos anos recentes, tem-se buscado avaliar a apli-
cação de resíduos na produção de seus insumos. O lodo de esgoto, resíduo
sólido proveniente do tratamento de esgotos, é um exemplo. A destinação
do lodo é feita normalmente em aterros sanitários, demandando grandes
áreas, oferecendo ainda risco de contaminação de cursos hídricos. Esse tra-
balho teve como objetivo apresentar uma revisão bibliográfica a respeito do
uso de lodo de esgoto, na forma de cinza, composição de materiais cimen-
tícios, sendo esta realizada de forma sistemática, por meio das diretrizes
do “Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalysis
(PRISMA)”. Os artigos selecionados foram encontrados por meio de
pesquisa no portal de periódicos CAPES, utilizando-se as palavras-chave
“sewage sludge” e “cement”. Inicialmente, foram encontrados 120 estudos
e, após a aplicação dos filtros e critérios de inclusão e exclusão, 20 estudos
foram selecionados. A maioria dos estudos incluídos na revisão utilizaram
o lodo em forma de cinza, como adição ou substituição ao cimento. A tem-
peratura média de calcinação das cinzas foi de 1000±28°C. Nos materiais
cimentícios com adição de cinza de lodo de esgoto, observou-se: retardo
do início e fim de pega; redução da densidade de 1-27%; aumento da
porosidade de até 30%; aumento da absorção de água de 1-240%; redução

207
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

da trabalhabilidade em torno de 20%; e redução da resistência mecânica,


variando de 1-90%. A aplicação de cinza de lodo de esgoto mostrou-se
viável em percentuais de até 30% de adição, contribuindo como uma des-
tinação potencial para esse tipo de material e para uma prática sustentável
na indústria da construção civil.
Palavras-chave: Lodo de Esgoto. Cinza. Cimento. Argamassa. Concreto.
Caracterização física e mecânica.

208
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

1. INTRODUÇÃO
Dados levantados em 2017 pela Agência Nacional de Águas (ANA,
2017) informaram que a geração diária de esgoto no Brasil é de 9,1 mil to-
neladas, apresentando os seguintes números para os serviços de esgotamento
sanitário: 43% do esgoto produzido é coletado e tratado; 12% destinado
às fossas sépticas; 18% é apenas coletado; e 27% é lançado a céu aberto.
Isso significa que apenas 55% da população possui esgotamento sanitário
adequado, ou seja, um número muito aquém do desejado, uma vez que o
serviço é fundamental para o bem-estar da população.
Do esgoto coletado em 2017, 70,5% foi tratado nas denominadas
Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), procedimento necessário, prin-
cipalmente em função dos patógenos presentes nesse resíduo. Esse processo
resulta num efluente líquido, devidamente tratado, que retorna aos corpos
hídricos e num resíduo semissólido, pastoso, predominantemente orgâni-
co, denominado de lodo (PEDROSA et al., 2010). A NBR 10004 (ABNT,
2004) classifica o lodo de esgoto como resíduo sólido, e, apesar de sua ori-
gem, não precisa ser classificado segundo critérios de patogenicidade.
Do total do esgoto tratado no Brasil, cerca de 10% tem uso direto
para aplicação no solo e uso industrial. Na indústria da construção, o lodo
pode ser utilizado: para a produção de elementos cerâmicos, para incorpo-
ração deste na fabricação de cimento e como agregado na produção de con-
cretos (CASTRO, SILVA e SCALIZE, 2015). Os 90% de esgoto tratado se
destinam, em sua maioria, a aterros sanitários.
Houve pouca atenção à gestão dos tratamentos de esgotos no Brasil,
tendo em vista que, nos últimos 10 anos, o crescimento foi de apenas 1,7%
(IBGE, 2010).
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
- Lei nº 12.3051 (BRASIL, 2010), um dos seus objetivos consiste em in-
centivar à indústria da reciclagem por meio do uso de matérias primas e
insumos provenientes de materiais reciclados. Dessa forma, é importante
que se encontrem meios de reinserir o lodo da ETE na cadeia produtiva.
Diversas são as variáveis que interferem na qualidade dos insumos
produzidos com lodo de esgoto: temperatura de incineração do lodo, forma
de aplicação (cinza, agregados ou na forma bruta), percentual de substitui-

209
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

ção, entre outras. Nesse sentido, o trabalho tem por objetivo investigar sobre
o emprego de lodo de esgoto, na forma de cinza, na composição de materiais
cimentícios, destacando-se, assim, os parâmetros utilizados nos estudos le-
vantados e os valores das variáveis encontradas, a fim de servir de base para
comparação com estudos futuros.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
A revisão desenvolvida seguiu as diretrizes dos Itens de Relatório
Preferidos para Revisões Sistemáticas e Meta-análises (PRISMA) apresen-
tados por MOHER et al. (2009). Os artigos selecionados para esse estu-
do foram encontrados por meio de pesquisa, no portal de periódico da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES,
2018), ferramenta online, que permite o acesso aos jornais de várias bases de
dados existentes. Foram usadas as palavras-chave “sewagesludge” e “cement”
na busca avançada do portal. Os operadores booleanos “AND” e “OR” fo-
ram combinados às palavras para que os artigos que apresentassem os termos
no título ou no assunto fossem inclusos nos resultados da busca.

2.1. Critérios de inclusão e exclusão


Os filtros “publicado de 2013 a 2018”, “artigos”, “idioma” e “revi-
sado por pares” foram aplicados para a seleção dos artigos. Foram incluídos
artigos em inglês, português e espanhol que realizaram ensaios de caracteri-
zação física, mecânica ou química do lodo de esgoto ou dos materiais cimen-
tícios produzidos com esse material.
Foram excluídos trabalhos que apresentavam estudos da aplicação
do lodo de esgoto para outras finalidades, por exemplo, solo.

2.2. Análise de dados


Os critérios analisados nos artigos selecionados foram: temperatu-
ra de incineração do lodo, percentual de substituição ou adição do lodo
nas misturas, relação água/cimento (a/c) adotada e destino da aplicação.

210
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

3. RESULTADOS
Utilizando-se essa estratégia de pesquisa, 120 artigos foram inicial-
mente encontrados. Quando da aplicação dos filtros, a pesquisa gerou a
identificação de 39 estudos; após a aplicação dos critérios de exclusão, foram
excluídos 26 artigos. Mais 7 artigos foram incluídos, sendo estes resultantes de
referências bibliográficas de 13 artigos escolhidos na etapa anterior, pois eram
pertinentes ao tema pesquisado. A seleção resultou ao final em 20 artigos que
foram incluídos nessa revisão, conforme ilustrado na Figura 33. A Tabela 21
indica as variáveis adotadas nas pesquisas levantadas da revisão, enquanto que
as Tabelas 22 e 23 mostram, respectivamente, resultados da revisão sobre a
caracterização química e física/mecânica dos materiais estudados.

Figura 33: Esquema de fluxo da literatura pesquisada.

Fonte: Autores

211
Tabela 21: Variáveis adotadas nas pesquisas levantadas da revisão.

212
Temperatura de incineração Forma de
Referência País Percentuais de aplicação (%) Cimento Água/cimento Produto
(°c) aplicação
1. Baeza- Argamassa e pasta: CEM Argamassas,
Brotonset al. Espanha 800 Cinza Adição: 5, 10, 15 e 20 II/BL-32.5 R e Concreto: 0,68 pastas e
(2014) CEM II BM (S-LL)-42.5R concretos
2. Naamane; Seco a 40. E calcinado em
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA

Rais; Taleb Marrocos 300, 400, 500, 600, 700 e Cinza Substituição ao clínquer: 5, 10, 15 e 20 CPJ45 0,5 Argamassa
(2016) 800. (50 min. em cada)
3. Záleskáet al. Compósitos
Alemanha 700 (por 2hs) Cinza Adição: 10, 20, e 30 CEM I 42.5 R 0,5
(2018) cimentícios
Lama com 97,5% de líquidos em
4. Ash et al. Reino Lama de substituição à água e % de substituição
(Tratamento com cal) CEM I 42.5 R 0,8 Argamassa
(2017) Unido esgoto de cinza volante (u-FA) de 0, 10, 20 e
30 em relação ao cimento.
Substituição ao cimento: 10, 20, 30 CEM II 42,5 (em M1:
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

5. Vouk; Serdar; 105 (por 24hs) e 800 (por e 40. Algumas amostras com 5 de amostra de controle e M2:
Croácia Cinza 0,5 Argamassa
vučinić (2017) 3 a 5hs) aditivos minerais (metacaulim e sílica com cinza e sem adições
ativa) minerais)
105 (24-26hs), 800 (por Cinzas
6. Vouk et al. CEM II/B- M (S-V)
Croácia 3hs), 900 e 1000 (por (2 amostras Substituição ao cimento: 5, 10, 20 e 30. 0,5 Argamassa
(2018) 42.5N
2,5hs) - C1 e C2)
105 (por 2hs), 950 (por
M1 (adição na mistura crua): 0, 1, 3, 5,
7. Huang et al. 30min.) e elevada para
Alemanha Lodo 1* 10, 15, 20, 25 e 30. M2 (ao clínquer já - - Cimento
(2017) 1450 a 10/min (mantida por
produzido): 0, 1, 3, 5, 10, 15
60min.)

Substituição ao cimento: 0, 10, 20 e 30


A areia foi totalmente substituída por Atendia os critérios de BS
8. Li et al.(2017) China - Cinza 0,4 Argamassa
resíduo de vidro proveniente de tubos EN 197 (2000)
catódicos

9. Tantawyet Substituição ao cimento: 0, 5, 10,15


Egito 800 (por 2hs) Cinza OPC CEM I (no.42.5) 0,25 Pasta
al.(2017) e 20
Substituição da argila para produção
10. Tay; Show 1000, 1100 e 1300 do clínquer. Proporção da cinza na
Cingapura Cinza - 0,8 Cimento
(1993) (variando de 0,5 a 6 horas) mistura com calcário: 25, 40, 50, 60
e 75
Temperatura de incineração Forma de
Referência País Percentuais de aplicação (%) Cimento Água/cimento Produto
(°c) aplicação

11. Tay; Show Substituição: 5, 10, 20, 30, 40, 50 e


Cingapura 1000 Cinza - - Argamassa
(1994) 100

12. Yanget al. 950 (por 30min.) e 1450


China Cinza Adição: 5, 10, 15 e 30 - - Cimento
(2016) (por 2hs)
13. Lin et al. Adição: 0,5; 1; 1,5; 2; 2,5; 3; 5; 8; 10;
China 1450 (por 2hs) Cinza - 0,5 Pasta
(2012) 12 e 15 em peso de farinha crua
Coreia do 750 a 800 e sinterização de Agregado
14. Mun (2006) 1:1, 1:3 e 1:5 - (argila:lodo) - 0,5 Concreto
Sul 1050 a 1150 (10-15min) leve
Cruz AzulTM, Monterrey,
15. Barrera-Díaz Tratamento químico com Adição em relação à massa do cimento:
México Lama México - Cimento 0,75** Concreto
(2011) cal 50
Portland Tipo II
16. Valls et al.
Espanha 105 (Secagem) Lodo 2* Adição ao cimento: 2, 5; 5 e 10.  - 0,56 Concreto
(2004)

Na argamassa (substituição do
17. Cheen et cimento): 10, 20, 25 e 30 No concreto 0,5 (argamassa) e Argamassa e
França 25 - 900 (10/min) Cinza CEM II/A-LL 42.5R
al.(2013) (substituição da areia e cimento: 2 e 0,55 (concreto) concreto
10, respectivamente

18. Cheen; Pooh


China - Lodo 3* Substituição ao cimento: 5, 10 e 20 - 0,5 Argamassa
(2017)
0,5 (0 a 25% de
19. Kosior- Substituição ao agregado: 10, 25, 50 substituição),
Polônia 600-850 Cinza CEM I 42,5N – HSR/NA Concreto
Kazberuk (2011) e 100 0,57 (50%) e 0,67
(100%)
20. Perez-
Blocos de
Carrionet al. Espanha 800 Cinza Substituição do cimento: 10 e 20 CEM I 52.5R 0,67
Concreto
(2014)

*L1 = Lodo bruto (seco 105°C) como matéria- prima (M2) e cinza como adição direta (M1); L2 = Lodo bruto seco; L3 = Cinzas de lodo de esgoto
(CLE) e Cinza fina de lodo de esgoto (CFLE); ** 0,75 (referência) e com o uso da lama não foi adicionado água.
Fonte: Autores.

213
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
Tabela 22: Concentração dos principais óxidos encontrados nos materiais utilizados nas pesquisas levantadas.

214
Concentração dos óxidos (%)
Nº Referência (Ver
Observações MgO Al2O3 SiO2 CaO TiO2 Fe2O3 SO3 K2O Na2O P2O5
Tabela 21)
1 - 3,22 9,64 17,27 30,24 0,92 8,52 8,95 1,28 0,94 14,25

S5** 1,19 4,07 18,84 59,12 - - 3,16 - 0,12 0,3


APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA

S10** 1,35 4,02 18,17 58,34 - - 3,31 - 0,11 0,58


2*
S15** 1,36 3,97 18,13 53,73 - - 3,37 - 0,09 0,86

S20** 1,39 3,8 18,08 56,38 - - 3,45 - 0,1 1,27

3 - 4,1 7,9 30,8 19,7 1 3,5 2,7 2,3 0,6 25,3

4 - 3,35 2,53 8,54 33,78 0,4 11,11 4,45 0,58 23,46 8,04
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

5 - 2,98 8,63 19,15 49,81 0,97 4,56 2,23 0,36 0,12 5,21

C1** 4,3 14,3 3,9 39,4 0,8 8,2 6,3 1,3 0,3 16,1
6*
C2** 2,9 7,6 23 24,6 0,4 5,9 5,2 0,6 0,2 11

M1 – 0** 0,76 4,78 22,25 68,54 - 3,61 - - - -

M1 – 15** 1,14 4,96 21,52 66,28 - 3,21 - - - -


7
M1 – 30** 1,34 4,63 22,47 57,6 - 2,9 - - - -

M2 – 15** 0,89 5,24 23,77 61,85 - 3,63 - - - -

8 - - 14,44 27,24 6,34 5,04 27,35 3,45 2,77 - 12,28

9 - 3,93 9,13 53,9 6,8 - 8,05 6,04 1,62 1,43 7,12


1:1
10* 2,1 6,6 24,6 52,1 - 6,3 4,9 1,1 0,2 -
(cinza:calcário)
Concentração dos óxidos (%)
Nº Referência (Ver
Observações MgO Al2O3 SiO2 CaO TiO2 Fe2O3 SO3 K2O Na2O P2O5
Tabela 21)
11 - 2,1 6,6 24,6 52,1 - 6,3 4,9 1,1 0,2 -

12 - 1,5 5,6 25,2 6,4 - 4,2   1,2 0,6 4,9

13 - 0,55 3,08 12,1 44,5 - 2,2 0,38 0,38 0,12 -

14 - 2,21 20,94 52 4,06 0,94 8,98   3,11 1,3 5,31

15 - - - - - - - - - - -

16 - 2,73 12,9 29,7 22,7 - 10,1 3,22 1,83 1,11 12,4

17 - 4,3 26,3 30,1 7,35 0,71 5,63 0,13 10,9 2,53 11,8

CLE** 3,15 12,2 27,78 10,42 0,52 18,23 6,1 1,88 7,28 9,72
18
CFLE** 3,16 12,26 27,91 10,47 0,52 18,32 6,13 1,89 7,32 9,77

19 - 2,65 6,32 34,68 15,42 0,41 10,32 0,6 1,3 0,7 18,17

20 - 2,7 8,9 19,2 30,6 1 10 11,1 1,4 0,8 12,3

Média - 2,36 8,57 24,26 35,13 1,05 8,31 4,29 1,94 2,26 9,33

Desvio Médio - 0,98 4,10 7,22 19,48 0,61 4,19 2,02 1,19 2,87 5,04

2*: Temperatura de incineração igual a 800°C; 6*: 900°C; 10*: 1000°C (temperaturas que apresentaram os melhores resultados em
cada estudo). **S5, S10, S15, S20: diferentes percentuais de substituição do lodo de esgoto em relação ao clínquer; C1, C2: Cinzas
provenientes de lodos de duas origens distintas; CLE: Cinza de Lodo de Esgoto; CFLE: Cinza Fina de Lodo de Esgoto
Fonte: Autores.

215
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
Tabela 23: Resultados de caracterização física e mecânica nas pesquisas levantadas.

216
Nº Referência Resistência à flexão Absorção de água
Forma de aplicação Resistência à compressão (%) Densidade (%) Outros (%)
(Ver Tabela 21) (%) (%)
  Argamassa Concreto Argamassa
A5 -14,7 +1,4 -19,2 +10,1 -1,3
1 A10 -10,3 -2,9 -17,8 +17,7 -2,9 -
A15 -10,5 -7,1 -19,2 +23,7 -3,2
A20 -15,5 -21,4 -26,0 +30,1 -4,3
  Argamassa (cinza calcinada a 800°C)
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA

S5 +3 +2,7 -1,3
2 S10 -5 +4,2 -2,1 -
-
S15 -8 +4,6 -2,9
S20 -13 +6,5 -4,1
  Compósito Porosidade
A10 -0,7 -13,2 +0,4 +3,1
3
A20 -2,3 -28,1 - -1,3 +6,3
A30 -2,7 -32,5 -1,7 +8,4
  Argamassa (*CV-np = 0) Fluidez
4
  -37 +2 - - -1,7
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

  Argamassa (sem adições minerais)  


Trabalhabilidade
5 -19
S10 -1 -8 - -
Início e fim de pega
-5 e -4
  (*C1) (*C2) (C1) (C2) (C1) (C2) (C1) (C2) Ar incorporado
S5 +10 -1 +6 -1 +10
6 S10 -8 -3 -7 -2 Trabalhabilidade
- -
S20 -10 -10 -1 -17 -10
S30 -15 -23 -9 -21 (a cada 10% de cinza)
  *M1 *M2 M1 M2 M1 M2 M1 M2 Início e fim de pega
S15 -8 -13 -12 -2 +1 -1 0 +4 (M1) S15: +7 e -23
7
S30 -12 - -2 +1 +4 S30: +26 e -13;
                  (M2) S15: +63 e +8
  Argamassa
S10 -5 -3 +1,6 -1,5
8 -
S20 -16 +16 +3,4 -1,9
S30 -17 +8 +7,8 -2,4
  Pasta Porosidade
S5 -3 -1 +2
9 S10 -10 -3 +10
- -
S15 -14 -5 +15
S20 -23 -7 +31
Nº Referência Resistência à flexão Absorção de água
Forma de aplicação Resistência à compressão (%) Densidade (%) Outros (%)
(Ver Tabela 21) (%) (%)
Argamassa (cinza obtida a 1000°C por 4hs) Início e fim de pega
10
1:1* -70 - - -21 -78 e -70
  Argamassa Início e fim de pega
S5 +1 -3 -11 e -9
S10 0 -9 -19 e -15
S20 0 -11 -39 e -17
11
S30 -8 - - -13 -50 e -20
S40 -72 -15 -56 e -22
S50 -83 -17 -67 e -37
S100 -91 -21 -78 e -70
12 Caracterização química -
          Início e fim de pega
A5 -1 -1 +22 e +24
13 - -
A10 -4 -2 +40 e +77
A15 -4 -1 +47 e +85
1:1 +10 +16 -19 +5
14 1:3 +7 +7 -14 +1 -
1:5 +3 +7 -14 -1
15 A50 -110 (Máx) - - - -
                  Porosidade
16 A5 -61 -30 +20 -14 0
A10 -74 -52 +23 -16 1
Argamassa Concreto Argamassa
S10 -23 -5 -11
17 S20 -36 -21 - - -
S25 -50 -32
S30 -56 -36
  *CLE *CFLE CLE CFLE
S5 -4 -1 -7 -5
18 - - -
S10 -9 0 -3 -1
S20 -4 -2 -7 -5
S10 -10 -21 +7 -3
S25 -15 -25 +21 -4
19 -
S50 -75 -58 +97 -17
S100 -80 -71 +236 -27
20 S10 25 - - -2 -

A: adição e S: substituição; + (aumentou) e – (diminuiu) em relação aos valores das amostras de referências
*CV-np: Cinza volante não processada; C1e C2: Cinzas 1 e 2; M1: Mistura com cinza adicionada diretamente; M2: Lodo bruto como matéria prima.
Obs.: % aproximados, dada a natureza gráfica de parte dos resultados.
*CLE = CLE; CFLE = Cinza Fina de Lodo de Esgoto.

Fonte: Autores.

217
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

4. DISCUSSÃO
A composição química e as propriedades físicas da Cinza Fina de
Lodo de Esgoto (CLE) dependem da composição da água residual, do
processo de tratamento do lodo e da temperatura de combustão (VOUK
et al., 2018).
Segundo TAY e SHOW (1993), a reatividade do cimento depende
da natureza quase amorfa da estrutura colapsada. Isso indica que existe
uma temperatura ótima de incineração do ponto de vista da resistência,
abaixo da qual a estrutura de rede ainda se mantém intacta, enquanto que
acima, a recristalização ou colapso da estrutura começa. O estudo mos-
trou, ainda, que, com o aumento do tempo de queima, ocorreu acréscimo
da densidade do cimento produzido. Com isso, mesmo a temperatura uti-
lizada nos estudos sendo de 1000±208ºC, é necessário verificar qual será a
mais adequada para o estudo da aplicação do lodo de esgoto na produção
do cimento, uma vez que, como mostrado na Tabela 21, a composição das
cinzas provenientes do lodo varia.
Em 80% dos artigos investigados (SHOW, 1993; KOSIOR-
KAZBERUK, 2011; LIN et al., 2012; CHEN et al., 2013; TANTAWY
et al., 2013; BAEZA-BROTONNS et al., 2014; PEREZ-CARRION et
al; 2014; NAAMANE; RAIS; TALEB, 2016; YANG et al., 2016; VOUK;
SERDAR; VUCINIC, 2017; VOUK et al.; HUANG et al., 2017; LI et
al., 2017; TAY; CHEN; POON, 2017; ZÁLESKÁ et al., 2018), o lodo foi
incrementado aos materiais cimentícios em forma de cinzas. Isso se deve
ao fato de apresentarem componentes semelhantes ao cimento, que lhe
conferem características pozolânicas, sendo utilizados para estudos como
adição ou em substituição ao cimento em argamassas e concretos; e no
clínquer para produção de cimento.
O estudo de HUANG et al. (2017) deixa evidente que a forma
de aplicação interfere nas propriedades do produto final. Para adição das
cinzas de lodo de esgoto como adição direta na mistura, os valores de resis-
tência à compressão e flexão foram inferiores aos de referência. Mas, como
adição à massa crua para produção do cimento, os resultados foram supe-
riores à de controle, recomendando-se a aplicação de até 15% no primeiro
caso e de até 30%, no segundo.

218
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Apesar da diversificação dos percentuais de substituição e adição


estudados, percentuais superiores a 30% só foram adotados , quando apli-
cado lodo de esgoto na forma de cinzas para a produção de cimento (TAY;
SHOW, 1993, 1994) ou na forma de agregados (MUN, 2006; KOSIOR-
KAZBERUK, 2011). Resultados comparáveis e até superiores às amostras
de controle foram identificados para os percentuais de substituição de até
10% (SHOW, 1993; KOSIOR-KAZBERUK, 2011; CHEN et al., 2013;
PEREZ-CARRION et al.; 2014; ASH et al., 2017; HUANG et al., 2017;
LI et al.; TAY; 2017; CHEN; POON, 2017); e para 20%, os resultados
são comparáveis ao de controle (KOSIOR-KAZBERUK, 2011; PEREZ-
CARRION et al.; 2014; ASH et al., 2017; VOUK; SERDAR; VUCINIC,
2017). Tantawy et al. (2013) observaram que até 20% de substituição do
cimento por cinza de lodo de esgoto diminuíram efetivamente os danos
térmicos da pasta de cimento.
O estudo realizado por ZÁLESKÁ et al. (2018) mostra uma diminuição na
produção de CO2 e consumo de energia com o aumento do conteúdo de
cinza de lodo de esgoto na mistura; para o compósito com 30% de adição,
as reduções foram de 21% de CO2 e 11% de energia, em comparação com
a mistura de referência.
Para melhor apresentação da discussão das propriedades físicas e
mecânicas dos materiais cimentícios apresentados nos estudos encontra-
dos, estas são tratadas individualmente a seguir.

4.1. Absorção de Água


Dos 7 estudos que verificaram a absorção de água (VALLS et al.,
2004; MUN, 2006; KOSIOR-KAZBERUK, 2011; BAEZA-BROTONS
et al., 2014;NAAMANE; RAIS; TALEB, 2016; HUANG et al., 2017 e LI
et al., 2017), apenas Mun (2006), que utilizou a cinza proveniente do lodo
de esgoto como agregado leve na produção de concreto, verificou redução
de aproximadamente 15-20%, comparada com a absorção do agregado
leve convencional estudado. Entretanto, aumentou à medida que se adi-
cionou lodo na proporção de 1:1 para 1:3 (argila: lodo), mantendo-se esta,
quando o aumento foi de 1:3 para 1:5.

219
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

As cinzas apresentam uma área específica maior, acarretando uma


absorção maior de água. Durante o processo de cura do concreto, por
exemplo, ocorre perda de água e, com isso, um aumento na quantidade de
poros e, consequentemente, menores valores de resistência são verificados.

4.2. Densidade
De 11 estudos que avaliaram essa propriedade, 10 encontraram
valores menores de densidade, comparados com os das amostras de refe-
rência (BAEZA-BROTONS et al., 2014; HUANG et al., 2017; KOSIOR-
KAZBERUK, 2011; LI et al., 2017; MUN, 2007; NAAMANE; RAIS;
TALEB, 2016; PEREZ-CARRION et al., 2013; TANTAWY et al., 2013;
TAY; SHOW, 1993, 1994; VALLS et al., 2004; ZÁLESKÁ et al., 2018).
A redução máxima aproximada foi de até 27% (KOSIOR-KAZBERUK,
2011). Aspecto potencialmente positivo, pois os produtos apresentariam
um peso menor sobre as estruturas que os recebessem, assim como uma
menor energia necessária para aplicação, no caso, por exemplo, de arga-
massas para revestimento.
Essa redução da densidade é consequência do aumento da porosi-
dade, uma vez que a densidade é definida pela razão entre massa e volume;
ou seja, devido à quantidade maior de vazios na amostra contendo lodo
tratado, para um mesmo volume, a massa que ocupa esse volume é menor
do que a da amostra sem o lodo.

4.3. Porosidade
A porosidade aumentou com o incremento de CLE, sendo os valo-
res encontrados, para aplicação em forma de adição, menores que os valo-
res para substituição. Para adição de cinza, o crescimento da porosidade foi
de 3-9%, quando para substituição de 10-31% (TANTAWY et al., 2013;
ZÁLESKÁ et al., 2018). Em ambos os casos, utilizou-se lodo em forma
de cinza e comparados os resultados que apresentavam os percentuais de
substituição e adição iguais.

220
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

O aumento da porosidade é um aspecto negativo, uma vez que


acarretará a redução dos valores de resistência dos produtos. A durabilida-
de é diretamente afetada, uma vez que o torna mais suscetível à entrada de
agentes agressivos, como ocorre com o concreto.

4.4. Início e fim de pega


Início e fim de pega são propriedades importantes para que se ob-
tenham as condições de lançamento adequadas; no caso do concreto, para
lançamento deste na forma, e no caso da argamassa, para que possibilite
a aplicação pelo trabalhador. Na maioria dos casos, o que se deseja é um
início de pega retardado, mas, após a pega, um endurecimento rápido.
Quando a cinza foi utilizada como substituição, ambos, início e
fim de pega, tiveram seus tempos reduzidos (TAY; SHOW, 1993, 1994;
VOUK; SERDAR; VUČINIĆ, 2017). Como adição, quando introduzida
à massa crua, o início de pega foi retardado e o fim acelerado; e ao clín-
quer já produzido, início e fim de pega foram retardados (HUANG et al.,
2017).

4.5. Trabalhabilidade
À medida que se aumentou a quantidade de cinza na mistura,
a trabalhabilidade foi reduzida (VOUK; SERDAR; VUČINIĆ, 2017;
HUANG et al., 2017; LI et al. 2017) atingindo uma redução máxima de
aproximadamente 20%. Uma solução para esse caso seria uma moagem
maior, tornando as partículas de cinzas mais lisas e menos porosas, melho-
rando, assim, a trabalhabilidade (CHEN et al., 2013).

4.6. Resistência à compressão simples e à flexão


Os resultados observados sugerem que, até certo percentual de
substituição, os valores de resistência à compressão e flexão são superiores
aos de controle ou equiparáveis a eles. A partir desse percentual, ainda
se tem uma faixa dentro da qual a aplicabilidade permanece, mas deve

221
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

ser feita de forma mais cuidadosa. Depois dessa faixa, a aplicação não é
mais viável como insumo para produção de materiais cimentícios, pois os
valores de resistência caem consideravelmente, fazendo-se necessário o uso
de aditivos e de outros que aumentam o custo de produção.
Foram registradas redução mínima e máxima aproximada de 1 e
90% para a resistência à compressão, e de 1 e 70 para resistência à tração
na flexão. Apenas Mun (2006) encontrou valores superiores de resistência
à compressão e flexão superiores à amostra de controle para todas as pro-
porções do agregado utilizado. O agregado de referência utilizado consistia
em agregado comercial leve.
É necessário aplicar mais estudos no futuro que explorem, de for-
ma mais aprofundada, as características químicas das CLE, assim como seu
efeito na durabilidade dos materiais produzidos com elas.

5. CONCLUSÃO
Pelos resultados gerais, a adição do lodo em forma de cinza ocasio-
na redução da densidade, aumento da absorção de água, aumento da poro-
sidade, redução da trabalhabilidade, redução das resistências à compressão
e flexão.
Conforme seja tratado o lodo e adicionado às misturas, os efeitos
negativos podem ser reduzidos, e os positivos, potencializados.
A diferença dos resultados encontrados pelos autores pode ser justificada
não apenas pela temperatura de incineração, diferentes percentuais e da
forma de aplicação mas também pela variabilidade do lodo de esgoto.
A aplicação direta do material estudado mostrou-se viável até per-
centuais de 20-30%, apresentando-se com potencial para uma destinação
correta do lodo de esgoto e contribuindo com a adoção de práticas mais
sustentáveis na indústria da construção civil.

REFERÊNCIAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10004: Resíduos
sólidos: classificação. Rio de Janeiro, 2004.

222
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Atlas esgotos: despolui-


ção de bacias hidrográficas. Brasília, DF, 2017.

ASH, F.; HAMOOD, A.; KHATIB, J. M.; WILLIAMS, C. The effective-


ness of using Raw Sewage Sludge (RSS) as a water replacement in cement
mortar mixes containing Unprocessed, Construction and Building Ma-
terials, v. 147, p. 27–34, Apr. 2017.

BAEZA-BROTONS, F.; GARCÉS, P.; PAYÁ, J.; SAVAL, J. M. Portland


cement systems with addition of sewage sludge ash. Application in concre-
tes for the manufacture of blocks. Journal of Cleaner Production, v. 82,
p. 112–124, Jul. 2014.

BARRERA-DÍAZ, C.; MARTÍNEZ-BARRERA, G.; GENCEL, O.;


BERNAL-MARTÍNEZ, L. A.; BROSTOW, W. Processed wastewater
sludge for improvement of mechanical properties of concretes. Journal of
Hazardous Materials, v. 192, n. 1, p. 108-115, May. 2011.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacio-


nal de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998;
e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2010.

CAPES - COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PES-


SOAL DE NÍVEL SUPERIOR. Disponível em: <http://www.periodicos.
capes.gov.br/>. Acesso em: 12 mai. 2018

CASTRO, A.; SILVA, O.; SCALIZE, P. Cenário da disposição do lodo de


esgoto: uma revisão das publicações ocorridas no Brasil de 2004 a 2014.
Multi-ScienceJournal, v. 12, n. 2, p. 66-73, 2015.

CHEN, M.; BLANC, D.; GAUTIER, M.; MEHU, J.; GOURDON, R.


Environmental and technical assessments of the potential utilization of
sewage sludge ashes (SSAs) as secondary raw materials in construction.
Waste Management, v. 33, n. 5, p. 1268–1275, Feb. 2013.

223
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

CHEN, Z.; POON, C. S. Comparative studies on the effects of sewage


sludge ash and fly ash on cement hydration and properties of cement mor-
tars. Construction and Building Materials, v. 154, p. 791–803, Aug.
2017.

HUANG, M.; FENG, H.; LI, N.; SHEN, D.; ZHOU, Y.; JIA, Y. Addi-
tion of large amount of municipal sewage sludge as raw material in cement
clinker production. Environmental Science and Pollution Research, v.
24, n. 36, p. 27862–27869, Oct. 2017.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional


de Saneamento Básico 2008. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

KOSIOR-KAZBERUK, M. Application of SSA as partial replacement of


aggregate in concrete. Polish Journal of Environmental Studies, v. 20, n.
2, p. 365–370, 2011.

LI, J. S.; GUO, M. Z.; XUE, Q.; POON, C. S. Recycling of incinerated


sewage sludge ash and cathode ray tube funnel glass in cement mortars.
Journal of Cleaner Production, v. 152, p. 142–149, Mar. 2017.

LIN, Y.; ZHOU, S.; LI, F.; LIN, Y. Utilization of municipal sewage sludge
as additives for the production of eco-cement. Journal of Hazardous Ma-
terials, v. 213–214, p. 457–465, Feb. 2012.

MOHER, D.; LIBERATI, A.; TETZLAFF, J.; ALTMAN, D.G. The


PRISMA statement for reporting systematic reviews and meta-analyses of
studies that evaluate health care interventions: explanation and elabora-
tion. Annals of internal medicine, v.151, n.4, p.65-94, Jul. 2009.

MUN, K. J. Development and tests of lightweight aggregate using sewage


sludge for nonstructural concrete. Construction and Building Materials,
v. 21, n. 7, p. 1583–1588, Ago. 2006.

224
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

NAAMANE, S.; RAIS, Z.; TALEB, M. The effectiveness of the incinera-


tion of sewage sludge on the evolution of physicochemical and mechanical
properties of Portland cement. Construction and Building Materials, v.
112, p. 783–789, Mar. 2016.

PEDROZA, M.; VIEIRA, G.; SOUSA, J.; PIKLER, A.; LEAL, E.; MI-
LHOMEN, C. Produção e tratamento de lodo de esgoto – uma revisão.
Revista Liberato, v. 11, n. 16, p. 149-160, Dec. 2010.

PEREZ-CARRION, M. T.; BAEZA-BROTONS, F.; PAYÁ, J.; SAVAL,


J. M.; ZORNOZA, E.; BORRACHERO, M. V.; GARCÉS, P. Potencial
use of Sewage Sludge Ash as a Cement Replacement in Precast Concrete
Blocks. Materiales de Construcción, v. 80, n. 179, p. 142–150, Mar.
2014

TANTAWY, M. A.; EL-ROUDI, A. M.; ABDALLA, E. M.; ABDEL-


ZAHER, M. A. Fire Resistance of Sewage Sludge Ash Blended Cement
Pastes, Journal of Engineering, v. 2013, p. 1–7, 2013.

TAY, J.; SHOW, K.; Innovative civil engineering material from sewage
sludge: biocement and its use as blended cement material. Journal of Ma-
terials in Civil Engineering, v. 6, n. 1, p. 23–33, 1994.

TAY, J; SHOW, K. Manufacture of cement from sewage sludge, Journal


of Materials in Civil Engineering, v. 5, n. 1, p. 19–29, 1993.

VALLS, S.; YAGÜ, A.; Válzquez, E.; MARISCAL, C. Physical and me-
chanical properties of concrete with added dry sludge from. Cement and
Concrete Research, v. 34, n. 12, p. 2203-2208, Feb. 2004.

VOUK, D.; NAKIC, D.; STIRMER, N.; CHEESEMAN, C. Influence


of combustion temperature on the performance of sewage sludge ash as
a supplementary cementitious material. Journal of Material Cycles and
Waste Management, Feb. 2018.

225
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

VOUK, D.; SERDAR, M.; VUČINIĆ, A. A. Use of incinerated sewage


sludge ash in cement mortars: case study in Croatia. Tehnickivjesnik -
Technical Gazette, v. 24, n. 1, p. 43-51, 2017.

YANG, Z.; ZHANG, Y.; LIU, L.; SEETHARAMAN, S.; WANG, X.;
ZHANG, Z. Integrated Utilization of Sewage Sludge and Coal Gangue
for Cement Clinker Products: Promoting Tricalcium Silicate Formation
and Trace Elements. Materials, v. 9, n. 4, Apr. 2016.

ZÁLESKÁ, M.; PAVLÍK, Z.; PAVLÍKOVÁ, M.; SCHEINHERROVÁ,


L.; POKORNÝ, J.; TRNÍK, A.; SVORA, P.; FOŘT, J.; JANKOVSKÝ,
O.; SUCHORAB, Z.; ČERNÝ, R. Biomass ash ‑ based mineral admixtu-
re prepared from municipal sewage sludge and its application in cement
composites. Clean Technologies and Environmental Policy, v. 20, p.
159–171, Nov. 2018.

226
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

CAPITULO 11: VERIFICAÇÃO DOS CUSTOS DIRETOS


E INDIRETOS DOS ACIDENTES DE TRABALHO NA
CONSTRUÇÃO CIVIL

Bruno de Sousa Teti


Eliane Maria Gorga Lago
Bianca M. Vasconcelos
Tomi Zlatar
Béda Barkokébas Junior

RESUMO
Nos últimos anos, é evidente o surgimento de programas aperfeiçoados de
segurança na Indústria da Construção Civil (ICC), envolvendo a preven-
ção de acidentes, o controle de danos à propriedade, programas de saúde
ocupacional, controle de poluição, segurança patrimonial, segurança de
produtos e de sistemas e segurança fora do trabalho. Apesar disso, perce-
be-se não existir um esforço organizado em conjunto. O objetivo desse
trabalho é mostrar os grandes gastos gerados pelos acidentes de trabalho
na construção civil, quantificando as despesas do período analisado, re-
lacionando-as com os investimentos feitos em segurança e fornecendo
os percentuais encontrados. A revisão seguiu as diretrizes do PRISMA,
Relatório Preferidos para Revisões Sistemáticas e Meta-análises, e as pa-
lavras-chave, utilizadas em inglês por motivo de abrangência, foram: “sa-
fety engineering”, “accident prevention”, “construction”, “accident costs”,
“costs”, “injury” e “injuries”. Para combinação das palavras, foi utilizado
o descritor booleano “OR” e selecionadas as opções “no título” e “no re-
sumo”, para encontrar os trabalhos. Foi possível mostrar a importância de
um planejamento construtivo na área de segurança e saúde do trabalho,

227
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

ficando evidente que as atividades preventivas não são um gasto, mas um


investimento.

Palavras-chave: Segurança e Saúde Ocupacional. Custos de acidente.


Construção Civil

228
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

1. INTRODUÇÃO
A construção civil é um dos setores mais importantes na economia
nacional, pois absorve considerável parcela de força de trabalho, de recursos
materiais e financeiros. Nos últimos tempos, é evidente o surgimento de
softwares voltados para a segurança do trabalho na Indústria da Construção
Civil (ICC), envolvendo a prevenção de acidentes, controle de danos à pro-
priedade, programas de saúde ocupacional, controle de poluição, segurança
patrimonial, segurança de produtos e de sistemas e segurança fora do traba-
lho. Apesar disso, não existe um esforço organizado em conjunto. São todos
programas independentes, aplicados de diversas maneiras e com intensidade
variável pelas indústrias (Elias et. al., 2006). Portanto, toda essa revolução tec-
nológica tem gerado custos que não estavam incluídos no início do negócio.
Esses custos, diretos e indiretos, se devem ao elevado número de acidentes
e doenças de trabalho. Para Haupt et. al. (2016), a atividade da construção
disponibiliza cenários que, se indevidamente cuidados, levam o trabalhador
do setor a uma situação de grave e iminente risco, como a construção de
edificações verticais residências ou não residências apresentam índices altos
de morte dos funcionários devido a acidentes por choques elétricos, quedas
de diferença de nível e atingido por materiais estranhos.
Entretanto, os custos não são gerados apenas pelas mortes decorren-
tes do trabalho. O afastamento dos funcionários por doenças ou lesões leves
ou até incapacitantes é uma variável, que onera e, em alguns casos, impossi-
bilita a finalização do empreendimento. Assim, tornou-se necessário o apro-
fundamento relativo às formas dispendiosas que os empregadores enfrentam
quando essas situações ocorrem. Os custos diretos e indiretos são a definição
e quantificação dos gastos que uma doença ou acidente trazem para o pro-
prietário e a sociedade, desde o momento inicial até o reestabelecimento
do trabalhador a sua vida habitual, ou o suporte a ele ou à família devido a
sua incapacidade de recuperação ou morte, respectivamente (Laufer, 1987;
Hinze et. al., 1992; Ikpe et al., 2012; Feng et. al., 2015).
Os custos econômicos de acidentes de construção são baseados
em quatro componentes: pagamento por doença, custos administrativos,
custos de recrutamento e compensação e custos de seguro. Existe uma
grande variação dos custos computados, e isso ocorre devido à análise
singular de cada estudo. Para quantificar uma amostra, é necessário rela-

229
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

cionar o investimento feito para aquela construção e os gastos que ela teve
devido a esses problemas (Haupt et.al., 2016). Waehrer et. al. (2009) in-
vestigaram os custos totais por acidentes de trabalho nos Estados Unidos,
no ano de 2002 e encontram um gasto de U$ 11,5 bilhões. Para margear o
quão dispendioso foi esse período, eles relacionaram com o investimento
anual do governo americano, U$ 76,7 bilhões, e descobriram que a cons-
trução civil foi responsável por 15% dos gastos de todas as indústrias no
país
Esse estudo teve como objetivo identificar as principais atividades
geradoras de custo na construção civil, analisando a relação entre o valor
investido em segurança com o valor do custo de acidente e fornecendo os
percentuais encontrados.

2. MÉTODOS
A metodologia utilizada para obtenção dos dados na pesquisa seguiu
as diretrizes do PRISMA, Relatório Preferidos para Revisões Sistemáticas
e Meta-análises (Liberati et. al., 2009). Os artigos encontrados foram
pesquisados através do Portal de Periódicos CAPES/MEC9, que possui
acesso a 537 bases de armazenamento de dados. Posteriormente à utiliza-
ção desse portal, foram investigadas as referências bibliográficas dos artigos
selecionados para estender o acervo dessa pesquisa. As palavras-chave, uti-
lizadas em inglês por motivo de abrangência, foram: “safety engineering”,
“accident prevention”, “construction”, “accident costs”, “costs”, “injury” e
“injuries”. Para combinação das palavras, foi utilizado o descritor booleano
“or” e selecionadas as opções “no título” e “no resumo”, para encontrar os
trabalhos.

2.1. Critérios de exclusão


Na pesquisa, foi utilizado apenas o filtro de idioma, para restringir
os artigos encontrados, sendo apenas considerados artigos publicados em:
português, espanhol e inglês. Na leitura completa dos trabalhos, foram
excluídos os que não traziam de forma quantitativa os custos totais com

230
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

acidentes de trabalho direto e/ou indireto investigado em um determinado


período e local.

2.2. Critérios de inclusão


Os artigos que passaram pelo crivo da seleção por critérios de in-
clusão foram os que apresentaram quantitativamente os custos produzidos
pela Indústria da Construção Civil (ICC), a proporção relativa aos custos
diretos e indiretos, suas principais atividades e os principais eventos gera-
dores de acidentes e, consequentemente, custos.

2.3. Análise de dados


A análise dos dados encontrados nos artigos foi feita de duas for-
mas. Para os gastos descritos na pesquisa, utilizou-se o método quantitativo
para armazenar os resultados numéricos encontrados em cada período de
investigação dos casos. O segundo método foi o qualitativo, para classificar
as atividades praticadas pela empresa e os principais eventos geradores dos
maiores custos na situação estudada.

3. RESULTADOS
O número de artigos encontrados, após as pesquisas de todas as pa-
lavras-chave e análise das referências bibliográficas, totalizou 144, distribuí-
dos nas principais plataformas de armazenamento. Após aplicação do filtro
”idioma” (66), da exclusão pela leitura dos títulos (42) e resumos (10) e a
retirada das duplicatas (11), restou um total de 15 artigos para seleção através
da leitura completa. No fim, foram selecionados para inclusão no trabalho
desenvolvido 4 artigos (Everett et. al.,1996; Head et. al., 1998; Waehrer et
al., 2009; Haupt et. al., 2016), como mostra o fluxograma da figura 34.
A tabela 24 apresenta três pontos encontrados na pesquisa: as prin-
cipais atividades que são praticadas nas empresas, os principais eventos, em
comum, que geram os maiores custos na ICC e o país em que a pesquisa foi
conduzida.

231
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

A tabela 25 mostra os custos diretos e indiretos e os custos totais


encontrados nos acidentes estudados, a proporção entre os custos dire-
tos e indiretos e o período em que foi realizada a pesquisa.

Figura 34: Processo de seleção dos artigos


Identificação

Artigos identificados através da busca na plataforma CAPES e por meio de


triagem de referências de artigos incluídos
(N = 146)

Artigos selecionados por idioma e por Artigos excluídos por critérios de


ano de publicação idioma e ano de publicação
(N = 146) (N = 78)

Artigos selecionados pelo título Artigos excluídos pelo título


(N = 68) (N = 25)
Seleção

Artigos selecionados devido a repe-


Artigos excluídos devido a repetições
tições
(N = 29)
(N = 43)

Artigos excluídos por resumo e sem


Artigos selecionados por resumo
acesso
(N = 14)
(N = 5)
Elegibilidade

Texto de artigos completos avaliados


Texto de artigos completos excluídos
para elegibilidade
(N = 5)
(N = 9)
Incluídos

Número de artigos incluídos na síntese qualitativa desta revisão


(N = 4)

Fonte: Autor.

232
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 24: Principais atividades e eventos

Estudos Eventos com lesões (gasto total) Principais atividades País

Excesso de Construção de
Atingido por
residenciais e não
Waehrer et. al. Queda de nível esforço
objeto Estados Unidos
residenciais, trabalhos
(2007) U$ 953.379,260 U$ da América
U$854,923,225 elétricos e instalações
951,230,268 de encanamento
Head et. al.
Construção em geral* Nova Zelândia
(1995)
Everett et al. Choque elé- Atingido por Estados Unidos
Queda de nível Construção em geral*
(1996) trico objeto da América?

Excesso de Construção de re-


Atingido por
Haupt et al. Queda de nível sidenciais, trabalho
esforço objeto África do Sul
(2016) U$ 448.609,00 elétrico e trabalho em
U$ 31.867,00 U$ 187.930,00 altura
* Não foi informado o investimento médio dos casos analisados

Fonte: Autores, 2018.

Tabela 25: Custos totais, proporção entre os custos diretos/indiretos e


período
Investi-
Investimento
Estudo Ano Diretos Indiretos Proporção Total mento/
anual
gastos (%)
Waehrer et U$ 11,50 U$ 76,7
2002 15
al. (2007) bilhões bilhões
U$
Head et al. U$ 313,086 U$ 1,23 394 estudos
1995 912,696 2.90:1
(1995) milhões bilhões de caso*
milhões
(U$
1979 1,781 (U$ 7,124 / (U$ 8,90/ (U$ 137/
Everett et
& / U$ U$ 19,889) 1:3.60 U$ 31,90) 6,5 / 11,9 U$ 286, 6)
al. (1996)
1996 12,047) bilhões bilhões bilhões
bilhões
Haupt et U$ 10,09 U$ 22,09 U$ 32,90 100 estudos
2009 1:2.27
al. (2016) milhões milhões milhões de caso*
* Não foi
informado
o inves-
timento
médio dos
casos anali-
sados

Fonte: Autores, 2018.

233
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

4. DISCUSSÃO
A pesquisa sistemática desenvolvida descreveu, com os estudos
incluídos, que todos os custos, diretos e indiretos, poderiam ser evitados
com a aplicação das normas correspondentes aos seus locais de investigação
(Everett et. al., 1996; Head et. al., 1998; Waehrer et al., 2009; Haupt et.
al., 2016). Haupt et. al. (2016) e Waehrer (2009), concluíram que algumas
atividades, como queda de nível e choque elétrico, geraram custos maiores
do que excesso de esforço e atingidos por objeto, pois são eventos mais
arriscados, e cada falha cometida origina lesões de graus incapacitantes
ou leva à morte. Os referidos autores relatam que o risco de queda, ex-
cesso de esforço e o de ser atingido por objetos são os principais eventos
enumerados por eles. Porém, temperaturas extremas, choques elétricos e
riscos ergonômicos geram gastos elevados com frequência devido à alta
necessidade de capacidade física que as atividades do ramo de construção
civil requisitam.
Todos os acidentes na ICC geram despesas para os empregadores
relacionados e à sociedade, sendo esses gastos definidos de forma direta e
indireta. É possível inferir que os custos indiretos são mais dispendiosos,
pois eles estão relacionados com toda a perda produtiva do processo cons-
trutivo. Everett et. al. (1996), em análise de um estudo conduzida no ano
de 1979, encontraram um total de gastos nos Estados Unidos de U$ 8,9
bilhões, dos quais U$ 7,1 bilhões eram relativos aos custos indiretos, e
U$ 1,8 bilhões aos custos diretos, a relação custos direto/indireto, ou seja,
chega-se a uma proporção de 1:3,94. Na mesma pesquisa, porém, em uma
análise do ano de 1996, o crescimento dos gastos totais aumentou e foi
quantificado em U$ 31,9 bilhões, em que U$ 12,0 bilhões e U$ 19,9 bi-
lhões, eram, respectivamente, de custos diretos e indiretos, tendo uma re-
lação custo direto/indireto de 1:1,66. Haupt et. al. (2016) investigaram os
custos de acidentes de trabalho na África do Sul, no período de 2009, para
100 casos de empresas privadas e encontraram um total de gastos de U$
32,9 milhões, dos quais U$ 10,0 milhões correspondiam a custos diretos,
e U$ 22,9, aos custos indiretos, resultando numa relação de 1:2,29. Com

234
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

esses dados, é possível ratificar as informações encontradas na literatura,


que afirmam que os custos indiretos são superiores aos custos diretos.
Dentre os estudos incluídos para análise, Head et. al. (1995) tive-
ram um resultado divergente. Em uma pesquisa feita na Nova Zelândia,
no ano de 1995, os custos totais com acidentes de trabalho foram de U$
1,23 bilhões, dos quais U$ 912,6 bilhões referiam-se a custos diretos, e U$
313,09, a custos indiretos, chegando a uma relação de 3,60:1. Os autores
dessa pesquisa concluíram que o viés desse resultado está relacionado com
a omissão por parte das empresas a respeito dos custos indiretos suportados
pela comunidade e pelos empregados.
Apesar da quantificação dos custos desses estudos, é necessário
ter o conhecimento dos investimentos feitos nas áreas para se ter a com-
preensão do impacto dos custos dos acidentes de trabalho ocorridos no
setor. Nesse caso, os trabalhos de Waehrer et. al. (2007), no período de
2002, e Everett et. al. (1996), no período de 1979 e 1996, informaram
os investimentos anuais de cada país e relacionaram com os custos totais.
Em 2002, o investimento foi de U$ 76,7 bilhões com uma despesa total
para acidentes de trabalho em U$ 11,5 bilhões, e isso corresponde a 15%
do investimento total para todas as indústrias. Em 1979 e 1996, foram
investidos, respectivamente, U$ 137,0 bilhões e U$ 286,6 bilhões, com
despesa total fixada em U$ 8,9 bilhões e U$ 31,9 bilhões, correspondendo
a 6,5% e 11,9% dos investimentos totais para o setor da indústria no país
nos respectivos anos.

5. CONCLUSÃO
Foi possível perceber em todos os estudos que os gastos com os
acidentes nas atividades elevaram as despesas das empresas responsáveis,
contudo apenas 50% dos casos relataram o percentual de aumento no
orçamento anual: 6,5% e 15% dos custos diretos. Em 75% dos estudos
analisados, as atividades com maiores índices de acidente foram: queda de
nível, choque elétrico e atingido por objetos.
Portanto, os dados aqui relatados revelam um caminho que deve
ser analisado para a prevenção dos acidentes. Ficou evidente, portanto,

235
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

quais são os principais eventos que geram custos para as atividades laborais
da construção civil.
Para estudos futuros, devem ser incluídos mais casos para análise
dos custos diretos e indiretos para cada ano de investimento.

REFERÊNCIAS
ELIAS, A.; DENIZOT, R.; SC, M. ASPECTOS DA CONSTRUÇÃO
CIVIL NA ANÁLISE DOS CUSTOS DE ACIDENTES DO TRABA-
LHO. Anais do Congresso Nacional de Excelência em Gestão, 2006.

EVERETT, J. G.; JR., P. B. F. Costs of Accidents and Injuries To the


Construction Industry. Journal of Construction Eengineering and Ma-
nagement / June 1996 J., n. June, p. 158–164, 1996.

FENG, Y.; ZHANG, S.; WU, P. Factors influencing workplace accident


costs of building projects. Safety Science, v. 72, p. 97–104, 2015.

HAUPT, T. C.; PILLAY, K. Investigating the true costs of construction


accidents. Journal of Engineering, Design and Technology, v. 14, n. 2,
p. 373–419, 2016.

HEAD, L.; HARCOURT, M. The Direct and Indirect Costs of Work


Injuries and Diseases in New Zealand. Asia Pacific Journal of Human
Resources, v. 36, n. 2, p. 466–474, 1998.

HINZE, B. J.; APPELGATE, L. L.; MEMBER, A. C o s t s o f construc-


tion injuries. v. 117, n. 3, p. 537–550, 1992.

IKPE, E. et al. Cost-Benefit Analysis for Accident Prevention in Construc-


tion Projects. Journal of Construction Engineering and Management,
v. 138, n. 2012, p. 991–998, 2012.

LAUFER, A. Construction accident costs and management safety motiva-


tion. Journal of Occupational Accidents, v. 8, n. 4, p. 295–315, 1987.

236
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

LIBERATI, A. et al. Annals of Internal Medicine Academia and Clinic


The PRISMA Statement for Reporting Systematic Reviews and Meta-A-
nalyses of Studies That Evaluate Health Care Interventions : Annals of
Internal Medicine, v. 151, n. 4, 2009.

WAEHRER, G. M. et al. Costs of Occupational Injuries in Construction


in the United States Geetha. Accid Anal Prev. 2007 November ; 39(6):
1258–1266, v. 49, n. 18, p. 1841–1850, 2009.

237
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

238
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

CAPITULO 12: CUSTOS E INVESTIMENTOS EM SEGURANÇA


E SAÚDE DO TRABALHO EM CANTEIROS DE OBRA DA
CONSTRUÇÃO CIVIL

Rafael Costa Manta


Felipe Mendes da Cruz
Tomi Zlatar
Béda Barkokébas Junior

RESUMO
A Indústria da Construção Civil é um dos setores produtivos, que mais
acidentam no Brasil, com mais de 40 mil acidentes no ano de 2015. O
investimento em segurança deve ser enxergado como um benefício e não
apenas como uma obrigação legal. Esse artigo teve como objetivo fazer um
levantamento da literatura acerca do investimento em SST em canteiros de
obras da Construção Civil com diferentes características e orçamentos, de
modo a contribuir para um melhor dimensionamento do percentual desti-
nado à segurança. A metodologia utilizada para a realização dessa pesquisa
seguiu as diretrizes do PRISMA - Preferred Reporting Items for Systematic
Reviews and Meta Analysis. Percebe-se que os custos com segurança variam
de acordo com as particularidades de cada local, tipo de estrutura, número
de funcionários e tamanho da obra. A pesquisa mostrou que as empresas
construtoras destinam, por vezes, um investimento para Segurança ocupa-
cional menor do que o necessário. Um ambiente de trabalho seguro gera
uma equipe mais produtiva e reduz as perdas. Um acidente de trabalho
pode gerar perda humana ou econômica e comprometer a rentabilidade
do empreendimento.

239
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Palavras-chaves: Segurança Ocupacional. Investimento em segurança do


trabalho. Gestão SST. Construção Civil. Segurança no canteiro. PRISMA.

240
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

1. INTRODUÇÃO
De acordo com o AEPS - Anuário Estatístico da Previdência
Social (MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL;
DATAPREV, 2015), relatório divulgado pela Previdência Social do Brasil,
no ano de 2015, foi contabilizado um total de 612.632 acidentes de traba-
lho no país, sendo destes 41.012 apenas do setor da Construção Civil.
A legislação trabalhista obriga os empregadores a implantar me-
didas de gerenciamento de saúde e segurança em canteiros de obras da
Construção Civil. No entanto, visando maximizar o lucro, diversas cons-
trutoras e empreiteiras acabam enxergando o custo com SST como um
peso em seus orçamentos e executando apenas medidas básicas para o
cumprimento da lei, (MAHCICEK; GURCANLI, 2015) (CHENG et
al., 2010), por vezes destinando um orçamento inferior ao necessário para
manter boas condições de trabalho e a manutenção da segurança.
Esse artigo teve como objetivo proceder a um levantamento
da literatura acerca do investimento em SST em canteiros de obras da
Construção Civil com diferentes características e orçamentos, de modo a
contribuir para um melhor dimensionamento do percentual destinado à
segurança e ao impacto desses investimentos nos resultados das empresas.

2. METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a realização dessa pesquisa seguiu as
diretrizes do PRISMA - Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and
MetaAnalysis (Liberati et al., 2009). Os artigos encontrados foram pes-
quisados na base de dados Scopus (Elsevier, [s.d.]), maior banco de dados
de resumo e citações de literatura revisada por pares: revistas científicas,
livros e trabalhos de conferência. Apresentando uma visão abrangente do
resultado da pesquisa mundial nos campos da ciência, tecnologia, medi-
cina, ciências sociais e artes e humanidades, a Scopus possui ferramentas
inteligentes para rastrear, analisar e visualizar a pesquisa.
As palavras-chave para a busca foram: “occupational safety”, “in-
vestment”, “safety management”, “cost”, “fines”, “construction” e “workplace

241
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

safety”. As palavras foram escolhidas, com o objetivo de encontrar traba-


lhos que tratassem de investimento e custo com segurança ocupacional em
canteiros de obras da Construção Civil.
Definidas em inglês, por motivo de abrangência e selecionando
as pesquisas “No título” e “No resumo” e nas “Palavras-chaves” oferecidas
pela feramenta do Scopus. Como estratégia de extensão da busca, foram
verificadas as referências dos artigos selecionados para inclusão de novos
artigos.

2.1 Critérios de exclusão


Foram excluídos os trabalhos que foram publicados em língua di-
ferente do inglês e português, que não tratavam de custos e investimento
em Segurança e Saúde do Trabalho e os publicados há mais de dez anos,
uma vez que, devido ao tempo, os artigos podem apresentar valores defa-
sados, fora da realidade atual e, portanto, não são interessantes para fins de
comparação.

2.2 Critérios de inclusão


Quanto aos critérios de inclusão e seleção, foram incluídos na
pesquisa apenas os artigos que tratavam de custos e investimentos em
Segurança e Saúde do Trabalho (SST) com aplicação na Construção Civil.

2.3 Análise de dados


Os critérios dos dados analisados foram o tipo da obra e da estrutu-
ra (edifícios em concreto armado ou aço, por exemplo); amostra pesquisa-
da; área total construída e número de torres e pavimentos; modelo no qual
o trabalho foi baseado; Custo hora-homem e custo por metro quadrado;
investimento em segurança (percentual do orçamento total destinado a
custos com SST).

242
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

3. RESULTADOS
Por meio da aplicação das Palavras-chaves na base de dados, foram
encontrados 2.934 artigos que se aplicavam ao tema da pesquisa. Um artigo
foi incluído de outra fonte conhecida pelos autores. Após a aplicação dos
filtros de trabalhos publicados a menos de dez anos (2008 a 2018), foram
excluídos 1.269 artigos. Em seguida, foram excluídos 108 trabalhos que
estavam publicados em língua diferente do inglês ou português e aplicado
filtro do tema, excluindo todos que não estavam relacionados à engenharia
(995). Após a aplicação desses filtros, sobraram 562 artigos, com os quais
foi feita uma seleção por título, excluindo (507) os que não se referiam a
custo e investimento com Segurança e Saúde do trabalho.
Restando 56 artigos, o próximo passo foi a seleção por resumo, ex-
cluindo os trabalhos que não forneciam dados sobre investimento e custo
com SST na indústria da Construção Civil. Após essa etapa, o número de
artigos interessantes para a pesquisa foi reduzido a sete artigos elegíveis,
(SUN et al., 2010), (Rosa FILHO, 2017), (MAHCICEK & GURCANLI,
2015), (GURCANLI et al. 2015), (IBARRONDO-DÁVILA et al. 2015),
(YILMAZ; KANIT, 2017) e (PELLICER et al., 2014).Esss artigos foram
lidos e estudados. A figura 35 apresenta o fluxograma que resume todo o
processo de revisão aqui descrito.

243
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Figura 35: Fluxograma da pesquisa realizada

244
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

Tabela 26: Trabalhos encontrados na literatura e dados analisados


Custo Custo
Orçamento em SST com SST Amostra Investi-
Autores/ Tipo da Área Lugar da Baseado
Nr da obra homem- converti- e Viés de mento em
Referências Obra total (m2) Pesquisa em
(USD) -hora do (USD/ pesquisa Segurança
(USD) m²)
Zou
Aplicado et al. Média de
(SUN et al., 70 a 240 (2010) 2,70% do
1 - - - - Austrália em seis
2010) milhões obras ;Sun orçamen-
e Zou to total
(2010)
Quatro
PCMAT
torres de
Aplicado e orça-
(ROSA concreto 3,20% do
9,51 Recife- em uma mento
2 FILHO, armado 21.168 - 14,74 orçamen-
milhões Brasil obra da
2017) com 15 to total
própria
pavimen-
obra
tos
Pequeno Foram
(MAHCI- e médio 25 estudadas (Gur-
2,60%
CEK; GUR- porte e edifícios 0,95 Istambul apenas canli
3 - 9,37 do custo
CANLI, estrutura de 252 – USD – Turquia 25 obras et al.,
total
2015) de con- 221.972 residen- 2011)
creto ciais
Foram
Obras de
(GURCAN- estudadas (Gur-
pequeno 1,92%
LI; BILIR; 230 – 0,85 Istambul apenas canli
4 e médio - 5,68 do custo
SEVIM, 118.200 USD – Turquia 25 obras et al.,
porte de total
2015) residen- 2011)
concreto
ciais
Parcial-
Custos
mente
ocultos
aplicado
(Ibarrondo- repre-
58,78 Andalusia- apenas
5 Dávila et al. - - - - - sentam
milhões Espanha em dois
2015) mais de
projetos
90% dos
de cons-
custos
trução
Testado
(YILMAZ, em ape-
Edifício Gurcan- 5,15%
MUSTAFA; nas uma
6 residen- - 1.055 - 8,47 Turquia lı et al., do custo
KANIT, constru-
cial 2015 total
2017) ção de
edifício
O mode-
lo não é
(An-
Constru- sensível
dreoni
ção de ao tipo 5% do
(PELLICER 1986);
7 edifício 24.600.000 - - - Espanha de custo
et al., 2014) (Brody
projeto total
et al.,
ou outras
1990).
caracte-
rísticas

245
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

4. DISCUSSÕES
Rosa Filho (2017) realizou o levantamento detalhado do custo
da segurança do trabalho em uma obra da Construção Civil com quatro
torres de 15 pavimentos cada e orçamento estimado em R$ 31 milhões,
com base nos projetos e no PCMAT - Programa de Condições e Meio
Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Civil da própria obra,
de forma a estimar o valor a ser gasto com a implantação das medidas de
segurança, para ser tomado como base em futuros orçamentos.
Verificou-se que o custo com segurança, estimado por Rosa Filho
(2017), representou 3,20% do orçamento total, valor superior ao que foi
previsto pela empresa (2,16%), o que representa diferença de orçamento
superior a 350 mil reais.
Mahcicek e Gurcanli (2015) e Gurcanli et al. (2015) estudaram
diversas construções de Edifícios residenciais em concreto armado em
Istambul, na Turquia, com o objetivo de realizar uma análise e avaliação de
riscos e determinar as despesas de segurança para evitar acidentes e reduzir
perdas. Uma estimativa do custo com segurança na fase de planejamento
da construção é realizada. Foram encontrados para os dois estudos custos
médios com SST de 2,6% e 1,92% do custo total, respectivamente.
A parcela do custo SST em relação ao orçamento total diminui
de acordo com o aumento de área de construção. Com os dados da pes-
quisa, Mahcicek e Gurcanli (2015) e Gurcanli et al. (2015) realizaram a
análise da regressão e determinaram uma relação matemática para estimar
o percentual do custo com SST com base na área da obra. Os autores
encontram as seguintes expressões:

y = -1,123 ln (x) + 11,362; R² = 0,61146 (1)


(GURCANLI et al., 2015)*
y= -1,239 ln(x)+12.053; R²=0,72 (2)
(MAHCICEK et al., 2015)**
*recomendado para obra com menos de 10.000 m²
**obtido através de 25 estudos com área até 12.000m²

246
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

De acordo com Ibarrondo-Dávila et al. (2015), as empresas de


construção seriam mais propensas a investir na melhoria dos seus sistemas
de SST , se tivessem um sistema de informação baseado em um modelo
para o cálculo, análise e controle de custos de segurança e que destacasse os
benefícios a serem obtidos com o investimento em segurança.
Ainda de acordo com o autor, para gerenciar os custos de seguran-
ça, é necessário levar em consideração as atividades que os influenciam. No
entanto, de acordo com a prática contábil padrão em empresas de constru-
ção, os itens que compõem esses custos não são identificados. As empresas
de construção precisam implementar um sistema de contabilidade de ges-
tão para obter informações apropriadas sobre os custos de segurança, para
orientar suas decisões no gerenciamento de segurança (IBARRONDO-
DÁVILA, 2015).
Yılmaz, Mustafa e Kanit (2017) estimaram os custos dos inves-
timentos em segurança em um prédio residencial de 5 andares e área de
1.055 m² utilizando um software. A proporção de estimativa de custos
de SST para a conta de custos de construção encontrados foi de 5,15%.
A proporção de estimativa de custos de SST para área de construção é de
8,47 USD/m².
Pellicer et al. (2014) propõe um método inovador para calcular
os custos de saúde e segurança em projetos de construção. Baseia-se em
uma abordagem teórica que classifica esses custos em três níveis básicos
categorias: custos de seguro, custos de prevenção e custos de acidentes. Os
custos para o projeto testado chegaram a aproximadamente 5% do custo
total do orçamento.

5. CONCLUSÕES
Percebe-se que os custos com segurança variam de acordo com as
particularidades de cada local, tipo de estrutura, número de funcionários e
tamanho da obra, sendo que, quanto maior a área, menor o custo percen-
tual com SST, quando comparado ao custo total.
A pesquisa mostrou que as empresas construtoras destinam, por
vezes, um percentual para segurança ocupacional em relação ao orçamento

247
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

total menor do que o necessário. Os modelos e métodos aqui citados po-


dem ser úteis para uma estimativa aproximada do investimento adequado
e auxiliar os gestores nos planejamentos e nas tomadas de decisões.
Estudos e pesquisas futuras, detalhadas, com a criação de modelos
específicos e adaptados ao tipo de edificação, área, orçamento, tipo método
construtivo e a realidade de cada localidade, para estimar melhor o custo
necessário destinado à Segurança e saúde do Trabalho, seriam de grande
contribuição para auxiliar as empresas na fase de planejamento.
O investimento em segurança deve ser enxergado como um bene-
fício e não apenas como uma obrigação legal. Um ambiente de trabalho
seguro gera uma equipe mais produtiva e reduz as perdas. Além disso, um
acidente de trabalho que possa vir a ocorrer por falta de investimento em
SST pode gerar grandes perdas humanas ou econômicas que podem vir a
comprometer toda a rentabilidade do empreendimento.

REFERENCIAS
CHENG, C.W; LEU, S.S; LIN, C.C.; CHIHHAO, F. Characteristic
analysis of occupational accidents at small construction enterprises. Safety
Science, v. 48 n. 6, p. 698–707, 2010.

ELSEVIER. About Scopus. Disponível em: <https://www.elsevier.com/


solutions/scopus>. Acesso em: 4 fev. 2018.

GURCANLI, G. E.; BILIR, S.; SEVIM, M. Activity based risk assessment


and safety cost estimation for residential building construction projects.
Safety Science, v. 80, n. 112, p. 1–12, 2015. Disponível em: <http://dx.
doi.org/10.1016/j.ssci.2015.07.002>

IBARRONDO-DÁVILA, M. P.; LÓPEZ-ALONSO, M.; RUBIO-GÁ-


MEZ, M. C. Managerial accounting for safety management. The case of a
Spanish construction company. Safety Science, v. 79, p. 116–125, 2015.

LIBERATI, A. ALTMAN, D. G.; TETZLAFF, J.; MULROW, C.;


IOANNIDIS, J. P.; CLARKE, M; DEVEREAUX, P. J.; KLEIJNEN, J.;

248
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

MOHER, D. PRISMA Statement for Reporting Systematic Reviews and


Meta-Analyses of Studies That Evaluate Health Care Interventions : An-
nals of Internal Medicine, v. 151, n. 4, p. W65–W94, 2009.

MAHCICEK, S. B.; GURCANLI, G. E. An Approach for Safety Cost


Estimation. Sustainable Solutions in Structural Engineering and Cons-
truction, n. October, 2015.

MF, Ministério da Fazenda; INSS, Instituto Nacional do Seguro Social;


DATAPREV, Empresa de Tecnologia e Informação da Previdencia Social.
Anuário Estatístico da Previdência Social. Anuário Estatístico da Previ-
dência Social, v. 24, n. 250, p. 1–917, 2015. Disponível em: <http://
www.previdencia.gov.br/wp-content/uploads/2015/08/AEPS-2015-FI-
NAL.pdf>

PELLICER, E.; CARVAJAL, G. I.; RUBIO, M. C.; CATALÁ, J.A method


to estimate occupational health and safety costs in construction projects.
KSCE Journal of Civil Engineering, v. 18, n. 7, p. 1955–1965, 2014.

ROSA FILHO, C. de D. Análise do custo de segurança do trabalho em


obra de edificação vertical do Recife. 2017. Universidade de Pernambu-
co, Recife, 2017.

SUN, A. C. S.; ZOU, P. X. W.; LONG, B.; MARIX-EVANS, P. Case Studies


of Return on Investment in Contruction Safety Management. In: PROCS
26TH ANNUAL ARCOM CONFERENCE 2010, Anais...2010.

YILMAZ, M.; KANIT, R. A practical tool for estimating compulsory


OHS costs of residential building construction projects in Turkey. Safey
Science, 2017.

249
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

250
APLICAÇÕES DO MÉTODO PRISMA
PARA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NA ENGENHARIA CIVIL

ORGANIZADORES

Tomi Zlatar, Ph.D.


Pesquisador de Pós-doutorado do PEC/POLI/UPE
E-mail: tomi.zlatar@poli.br
Lattes: https://bit.ly/2FnMbaD

Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani, Ph.D.


Professora Associada e Livre docente da UPE
E-mail: Emilia.rabbani@upe.br
Lattes: https://bit.ly/2YaIEE7

Béda Barkokébas Junior, Ph.D.


Professor Associado e livre docente da UPE
E-mail: beda.jr@upe.br
Lattes: https://bit.ly/2JmWBuY

251
Tipografia
Bebas Neue
Adobe Garamond Pro
Este livro foi desenvolvido no ano de 2018, como um dos trabalhos da disciplina de
Metodologia de Ensino e Pesquisa Tecnológica - MEPT lecionada aos alunos de
mestrado do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil - PEC da Escola
Politécnica da Universidade de Pernambuco - POLI/UPE. Mediante a colaboração
de seus orientadores e professores da disciplina, os alunos desenvolveram artigos
nas diversas linhas de atuação dos grupos de pesquisa, vinculados ao
PEC/POLI/UPE, a saber: AQUAPOLI (Grupo de Recursos Hídricos), AMBITEC
(Grupo de Pesquisa de Engenharia Aplicada ao Meio Ambiente), DESS (Grupo de
Ensino, Extensão e Pesquisa de Desenvolvimento Seguro e Sustentável), NSHT
(Ergonomia, Higiene e Segurança do Trabalho), POLITECH (Tecnologia e Gestão
da Construção de Edifícios). Doze artigos foram escolhidos para compor o
conteúdo deste livro e servir de exemplo de artigos científicos de revisão
sistemática da literatura utilizando o método PRISMA – Principais itens para
relatar revisões sistemáticas e meta-análises aplicadas a diversas áreas da
Engenharia Civil.

Realização:

PEC

Você também pode gostar