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REMOTO EMERGENCIAL?
Resumo:
O presente trabalho é fruto da inquietação dos autores, que em percurso formativo
de doutoramento em programa de pós graduação em educação, ao terem as aulas
presenciais suspensas, e constatando uma escalada de substituição de aulas
presenciais por outras ações formativas mediadas pelas tecnologias digitais de
informação e comunicação (TDIC), percebem limites e possibilidades de reflexões
sobre as práticas em curso nesta área. Assim, o texto que ora se apresenta é uma
inflexão aos objetos e objetivos dos estudos para a tese doutoral, mas se justifica
pela urgência desse processo diante do enfrentamento das questões educacionais
em período de pandemia pelo Covid-19, doença infectocontagiosa que nos levou a
todos a uma quarentena forçada e necessária, fazendo emergir as fragilidades, na
educação superior no Brasil quanto aos usos das TDIC. Observamos como
necessário este estudo exploratório, bem como o entendemos ser o relato de nossa
participação nesse tempo, contrapondo a EaD e suas características ao modelo
adotado, em tempos pandêmicos, que podemos nomear de ensino remoto
emergencial.
Palavras-chave: Educação a Distância, Ensino Remoto Emergencial, Políticas
Públicas para EaD, Planejamento e Gestão para EaD.
Abstract:
The present work is the result of the concern of the authors, who are undergoing a
doctoral training course in a postgraduate program in education when their face-
to-face classes are suspended and noting an escalation in the substitution of face-
to-face classes with other training actions mediated by digital information and
communication technologies (DICT), they perceive limits and possibilities for
reflections on current practices in this area. Thus, the text presented here is an
inflection to the objects and objectives of the studies for the doctoral thesis, but it is
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Doutoranda (2020) e Mestre (2017) em Educação pela UNIFESP. Na mesma universidade integra o Grupo
de Pesquisa LEC: Linguagem, Educação e Cibercultura (UNIFESP); MBA em Gestão de Projetos pela USP
(2020); Especialista em Design Instrucional para EAD Virtual pela UNIFEI (2014); Especialista em Língua
Inglesa pela UNESP (2013); licenciada em Língua Inglesa e Portuguesa pela UNIBERO (1999); graduada em
Letras com habilitação em tradutor/interprete pela UNIBERO (1996).
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Doutorando (2019) e Mestre (2016) em Educação pela UNIFESP. Na mesma universidade integra o
Grupo de Pesquisa LEC: Linguagem, Educação e Cibercultura. Especialista em Planejamento,
Implementação e Gestão da EaD pela UFF. Especialista em Design Instrucional para EaD Virtual pela
UNIFEI. Especialista em Gestão Escolar pela USP. Especialista em Formação Docente para o Ensino
Superior pela UNINOVE. Possui MBA em Coaching pela Faculdade Profissional - FAPRO/PR. É Bacharel e
Licenciado em Filosofia pela USP, Licenciado em Pedagogia pela UNIBAN
justified by the urgency of this process in the face of Covid-19 facing educational
issues in a pandemic period, infectious and contagious disease that led us all to a
forced and necessary quarantine, causing weaknesses to emerge in higher
education in Brazil regarding the uses of DICT. We observed this exploratory study
as necessary, as well as we understand it to be the report of our participation at
that time, contrasting distance education and its characteristics with the model
adopted, in pandemic times, which we can name as emergency remote education.
Keywords: Distance Learning, Emergency Remote Teaching, Public Policies for DL,
Planning and Management for DL
1. Introdução
O presente texto decorre da inquietação dos autores, que em percurso formativo
de doutoramento em programa de pós graduação em educação, ao terem as aulas
presenciais suspensas, e constatando uma escalada de substituição de aulas presenciais
por outras ações formativas mediadas pelas tecnologias digitais de informação e
comunicação (TDIC), percebem limites e possibilidades de reflexões sobre as práticas
em curso nesta área. Cabe ressaltar que os autores, desenvolvem pesquisas e atuam na
área que implicam a educação a distância (EaD) como ponto de observação.
Assim, o texto que ora se apresenta é uma inflexão aos objetos e objetivos de
nossos estudos para a tese doutoral, mas se justifica pela urgência desse processo diante
do enfrentamento das questões educacionais em período de pandemia pelo Covid-19,
doença infectocontagiosa que nos levou a todos a uma quarentena forçada e necessária.
Observamos como necessário este estudo exploratório, pois os autores além de
profissionais da educação básica na rede pública estadual paulista, são profissionais da
educação superior.
O presente artigo disporá de uma apresentação teórico-histórica sobre a EaD,
sua origem no Brasil e seu desenvolvimento, face os aspectos legais, inclusive. Ainda,
apresenta-se a discussão conceitual acerca do que se tem feito a título de EaD nas ações
de substituições das aulas presenciais, na educação superior, como caminho de
possibilidades e limites da prática docente.
A primeira geração do EaD teve início no século XVIII com o anúncio de um curso
de taquigrafia por correspondência na cidade de Boston. Durante décadas, muitas
pessoas se profissionalizaram por meio de material impresso, entregue pelos carteiros,
em suas casas. No Brasil destacamos os cursos ofertados pelo Instituto Universal
Brasileiro, que iniciou as suas atividades em 1941 na cidade de São Paulo com a oferta
de cursos profissionalizantes.
A segunda geração começa a ganhar destaque na década de 1930, por meio de
transmissões realizadas pelo rádio e anos mais tarde pela TV. A rádio Sociedade do Rio
de Janeiro idealizada por Edgard Roquete Pinto foi a primeira a oferecer programas
educativos no Brasil. A Terceira geração começa com a criação e expansão das
universidades abertas e teve início no final da década de 1960 com a British Open
University (Universidade Aberta Britânica). A quarta geração inicia com a oferta de
cursos por meio de teleconferências e interação síncrona, sendo necessário o uso de
computadores e conexão com a internet. 3
Imagem 02: Evolução do Total das matrículas em EaD - Período 2009 a 2018
Fonte: Associação Brasileira de Educação a Distância - ABED (Censo Digital 2018)
As matrículas na modalidade a distância que vinham em trajetória crescente
desde 2009, tiveram um “boom” a partir de 2016. Neste cenário surge legislação
específica para o setor. O quadro 02 apresenta a síntese da legislação que regula a
modalidade a partir 1996, ano em que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
em seu artigo 80, passa a reconhecer a educação a distância como modalidade de
ensino.
LEI Nº 9.394 de 20 de dezembro A EaD passa a ser reconhecida como modalidade de ensino em
de 1996 LDB – Lei de Diretrizes e todos os níveis: graduação, educação básica e ensino técnico
Bases da Educação Nacional
(artigo 80)
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Decreto Legislativo Nº 6 de 2020. Reconhece, para os fins do art. 65 da Lei Complementar nº 101, de 4
de maio de 2000, a ocorrência do estado de calamidade pública.
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Portaria Nº 343, DE 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas
em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19. PORTARIA Nº
345, DE 19 DE MARÇO DE 2020. Altera a Portaria MEC nº 343, de 17 de março de 2020.
4. Considerações finais
Apesar das instituições de Ensino Superior já possuírem aparato tecnológico para
uma ação de resposta mais rápida à emergência educacional provocada pela pandemia,
ainda assim, o planejamento para tal implementação não existia. Os equívocos
metodológicos se fizeram latentes e a falta de formação continuada dos professores
para os usos das TDIC emergiram.
Sem, contudo, desmerecer tais ações emergenciais, notamos que a temática do
planejamento, implementação e gestão da EaD se tornarão pauta das ações formativas
pós-pandemia. O que pode trazer um incremento qualitativo à Educação Superior no
Brasil, inclusive provocando avanços nas políticas públicas.
Referências
Associação Brasileira de Educação a Distância [ABED]. 2018. Censo EAD.BR: relatório
analítico da aprendizagem a distância no Brasil 2017. Disponível em:
<http://abed.org.br/arquivos/CENSO_EAD_BR_2018_impresso.pdf>. Acesso em 30
maio 2020.
BRASIL. 2018. Portaria nº 50, de 3 de julho de 2018. Institui Grupo de Trabalho com a
finalidade de atualizar e produzir proposta de Referenciais de Qualidade da Educação
Superior a Distância. Diário Oficial da União, Brasília, 05 jul. 2018. Seção 1, p.14
BRASIL. 2018. Portaria Nº 1.428, de 28 de dezembro de 2018. Dispõe sobre a oferta, por
Instituições de Educação Superior - IES, de disciplinas na modalidade a distância em
cursos de graduação presencial. Diário Oficial da União, Brasília, 28 dez 2018. Seção 1,
p. 59
BRASIL. 2020. Decreto Legislativo Nº 6 de 2020. Reconhece, para os fins do art. 65 da Lei
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a ocorrência do estado de calamidade
pública.