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A EDUCAÇÃO SUPERIOR EM TEMPOS DE PANDEMIA: EAD OU ENSINO

REMOTO EMERGENCIAL?

HIGHER EDUCATION IN PANDEMIC TIMES: DL OR EMERGENCY REMOTE TEACHING?

• Silvia Cristina Gomes Nogueira1 (UNIFESP – sisi.nogueira9@gmail.com )


• Valter Pedro Batista2 (UNIFESP - valterpbatista@gmail.com)

Resumo:
O presente trabalho é fruto da inquietação dos autores, que em percurso formativo
de doutoramento em programa de pós graduação em educação, ao terem as aulas
presenciais suspensas, e constatando uma escalada de substituição de aulas
presenciais por outras ações formativas mediadas pelas tecnologias digitais de
informação e comunicação (TDIC), percebem limites e possibilidades de reflexões
sobre as práticas em curso nesta área. Assim, o texto que ora se apresenta é uma
inflexão aos objetos e objetivos dos estudos para a tese doutoral, mas se justifica
pela urgência desse processo diante do enfrentamento das questões educacionais
em período de pandemia pelo Covid-19, doença infectocontagiosa que nos levou a
todos a uma quarentena forçada e necessária, fazendo emergir as fragilidades, na
educação superior no Brasil quanto aos usos das TDIC. Observamos como
necessário este estudo exploratório, bem como o entendemos ser o relato de nossa
participação nesse tempo, contrapondo a EaD e suas características ao modelo
adotado, em tempos pandêmicos, que podemos nomear de ensino remoto
emergencial.
Palavras-chave: Educação a Distância, Ensino Remoto Emergencial, Políticas
Públicas para EaD, Planejamento e Gestão para EaD.

Abstract:
The present work is the result of the concern of the authors, who are undergoing a
doctoral training course in a postgraduate program in education when their face-
to-face classes are suspended and noting an escalation in the substitution of face-
to-face classes with other training actions mediated by digital information and
communication technologies (DICT), they perceive limits and possibilities for
reflections on current practices in this area. Thus, the text presented here is an
inflection to the objects and objectives of the studies for the doctoral thesis, but it is

1
Doutoranda (2020) e Mestre (2017) em Educação pela UNIFESP. Na mesma universidade integra o Grupo
de Pesquisa LEC: Linguagem, Educação e Cibercultura (UNIFESP); MBA em Gestão de Projetos pela USP
(2020); Especialista em Design Instrucional para EAD Virtual pela UNIFEI (2014); Especialista em Língua
Inglesa pela UNESP (2013); licenciada em Língua Inglesa e Portuguesa pela UNIBERO (1999); graduada em
Letras com habilitação em tradutor/interprete pela UNIBERO (1996).
1
2
Doutorando (2019) e Mestre (2016) em Educação pela UNIFESP. Na mesma universidade integra o
Grupo de Pesquisa LEC: Linguagem, Educação e Cibercultura. Especialista em Planejamento,
Implementação e Gestão da EaD pela UFF. Especialista em Design Instrucional para EaD Virtual pela
UNIFEI. Especialista em Gestão Escolar pela USP. Especialista em Formação Docente para o Ensino
Superior pela UNINOVE. Possui MBA em Coaching pela Faculdade Profissional - FAPRO/PR. É Bacharel e
Licenciado em Filosofia pela USP, Licenciado em Pedagogia pela UNIBAN
justified by the urgency of this process in the face of Covid-19 facing educational
issues in a pandemic period, infectious and contagious disease that led us all to a
forced and necessary quarantine, causing weaknesses to emerge in higher
education in Brazil regarding the uses of DICT. We observed this exploratory study
as necessary, as well as we understand it to be the report of our participation at
that time, contrasting distance education and its characteristics with the model
adopted, in pandemic times, which we can name as emergency remote education.
Keywords: Distance Learning, Emergency Remote Teaching, Public Policies for DL,
Planning and Management for DL

1. Introdução
O presente texto decorre da inquietação dos autores, que em percurso formativo
de doutoramento em programa de pós graduação em educação, ao terem as aulas
presenciais suspensas, e constatando uma escalada de substituição de aulas presenciais
por outras ações formativas mediadas pelas tecnologias digitais de informação e
comunicação (TDIC), percebem limites e possibilidades de reflexões sobre as práticas
em curso nesta área. Cabe ressaltar que os autores, desenvolvem pesquisas e atuam na
área que implicam a educação a distância (EaD) como ponto de observação.
Assim, o texto que ora se apresenta é uma inflexão aos objetos e objetivos de
nossos estudos para a tese doutoral, mas se justifica pela urgência desse processo diante
do enfrentamento das questões educacionais em período de pandemia pelo Covid-19,
doença infectocontagiosa que nos levou a todos a uma quarentena forçada e necessária.
Observamos como necessário este estudo exploratório, pois os autores além de
profissionais da educação básica na rede pública estadual paulista, são profissionais da
educação superior.
O presente artigo disporá de uma apresentação teórico-histórica sobre a EaD,
sua origem no Brasil e seu desenvolvimento, face os aspectos legais, inclusive. Ainda,
apresenta-se a discussão conceitual acerca do que se tem feito a título de EaD nas ações
de substituições das aulas presenciais, na educação superior, como caminho de
possibilidades e limites da prática docente.

2. O surgimento da EaD no Brasil


O surgimento da educação a distância está imbricado com os processos de
globalização que provocam mudanças no campo da economia, mas para além deste
interfere na cultura e consequentemente no campo educacional. Ainda que, a EaD se
constituiu em séculos passados, podemos afirmar que ela se mostra com um potencial
2
para transformar o futuro. Esta transformação se dá através de um ensino capaz de
centralizar-se no educando, bem como favorecendo ao professor assumir seu papel de
facilitador, orientador das ações formativas, das trilhas de aprendizagem que serão
disponibilizadas ao educando, e este assumindo o seu processo de autoeducação, como
protagonista, pois terá a flexibilidade do tempo e espaço do estudo alocados na sua
auto-gestão, buscando a autonomia. (FREITAS, 2002).
Estudos e pesquisas sobre a história da EaD, subdividem o seu percurso em 5
momentos, ou em 5 gerações. Nesses estudos, podemos encontrar algumas diferenças
nos anos de transição entre uma geração e outra e/ou nas mídias/meios utilizados. No
trabalho aqui apresentado, utilizaremos como base a organização realizada pelos
autores MOORE e KEARSLEY (2013). O quadro 01 apresenta a síntese dessas gerações.

Quadro 01. Gerações da Educação a Distância


Geração Meio / Mídia(s)

1ª Material em papel enviado pelos correios

2ª Transmissão por Rádio e TV

3ª Universidades abertas (tecnologias de telecomunicação)

4ª Teleconferências (computador e internet)

5ª Aulas virtuais com a utilização do computador e internet / tecnologias digitais de


(Atual) informação e comunicação – TDIC

Fonte: Adaptado pelos autores com base em MOORE e KEARSLEY (2013)

A primeira geração do EaD teve início no século XVIII com o anúncio de um curso
de taquigrafia por correspondência na cidade de Boston. Durante décadas, muitas
pessoas se profissionalizaram por meio de material impresso, entregue pelos carteiros,
em suas casas. No Brasil destacamos os cursos ofertados pelo Instituto Universal
Brasileiro, que iniciou as suas atividades em 1941 na cidade de São Paulo com a oferta
de cursos profissionalizantes.
A segunda geração começa a ganhar destaque na década de 1930, por meio de
transmissões realizadas pelo rádio e anos mais tarde pela TV. A rádio Sociedade do Rio
de Janeiro idealizada por Edgard Roquete Pinto foi a primeira a oferecer programas
educativos no Brasil. A Terceira geração começa com a criação e expansão das
universidades abertas e teve início no final da década de 1960 com a British Open
University (Universidade Aberta Britânica). A quarta geração inicia com a oferta de
cursos por meio de teleconferências e interação síncrona, sendo necessário o uso de
computadores e conexão com a internet. 3

A quinta geração - momento atual - é marcada pelo uso de computadores,


tabletes e celulares e conexão com a internet, além das tecnologias digitais de
informação e comunicação.
Neste contexto, a modalidade tem crescido de forma exponencial nos últimos
anos. O Censo Digital, realizado pela Associação Brasileira de Educação a Distância -
ABED em 2018, evidencia esse crescimento. Na imagem 01, podemos ver o quantitativo
de matrículas na EaD, no período compreendido entre 2009 - 2014 e na imagem 02 a
evolução no total de matrículas no período de 2009 - 2018.

Imagem 01. Quantitativo de matrículas na EaD (2009 a 2018)


Fonte: Associação Brasileira de Educação a Distância - ABED (Censo Digital 2018)

Imagem 02: Evolução do Total das matrículas em EaD - Período 2009 a 2018
Fonte: Associação Brasileira de Educação a Distância - ABED (Censo Digital 2018)
As matrículas na modalidade a distância que vinham em trajetória crescente
desde 2009, tiveram um “boom” a partir de 2016. Neste cenário surge legislação
específica para o setor. O quadro 02 apresenta a síntese da legislação que regula a
modalidade a partir 1996, ano em que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
em seu artigo 80, passa a reconhecer a educação a distância como modalidade de
ensino.

Quadro 02: Síntese da Legislação para EaD


Legislação Síntese

LEI Nº 9.394 de 20 de dezembro A EaD passa a ser reconhecida como modalidade de ensino em
de 1996 LDB – Lei de Diretrizes e todos os níveis: graduação, educação básica e ensino técnico
Bases da Educação Nacional
(artigo 80)

Decreto nº 5.622/2005 Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, institui orientações


gerais: metodologia, avaliação do desempenho do aluno, o
credenciamento de instituições entre outros.

Decreto 5.773/2006 Regulamentar, supervisionar e avaliar as instituições de


educação superior e de cursos sequenciais no sistema federal
de ensino.

Decreto 6.303/2007 Credenciamento junto a SINAES (Sistema Nacional de Avaliação


da Educação Superior)

Decreto Nº 9.057/2017: - Atualiza a legislação que regulamenta a educação à distância


- Define, ainda, que a oferta de pós-graduação lato sensu EAD,
não necessita de credenciamento específico, ou seja, as
instituições que já possuem o credenciamento EAD, estão
autorizadas a ofertar essa modalidade.

PORTARIA Nº 2.117, DE 6 DE Art. 2º As IES poderão introduzir a oferta de carga horária na


DEZEMBRO DE 2019 modalidade de EaD na organização pedagógica e curricular de
seus cursos de graduação presenciais, até o limite de 40% da
carga horária total do curso.
Fonte: Elaborado pelos autores com base na legislação vigente.

A síntese da legislação aqui apresentada, comprova que a modalidade foi se


estruturando ao longo dos anos, trazendo uma série de requisitos e pré-requisitos que 5
precisam ser levados em conta para a sua oferta. Entre eles, metodologia de ensino,
infraestrutura e formação adequada aos profissionais envolvidos. Se há ausência desses
requisitos, não podemos configurar a oferta como educação a distância, pelo simples
fato, de alunos e professores estarem em espaços diferentes. O que nos leva ao conceito
de ensino remoto, ou como estamos vendo nesse momento ímpar, como consequência
do afastamento social por conta da prevenção ao Covid 19, o ensino remoto
emergencial, conceito que iremos tratar a seguir.

3. Em tempos de pandemia: EaD ou ensino remoto emergencial


Chegamos a um ponto em que se cruzam os caminhos da educação a distância
com as bases que a fundamentam enquanto modalidade de ensino capaz de alterar o
tempo e espaço, no sentido de favorecer uma prática formativa em tempo de incertezas,
e neste momento atual, o mundo enfrenta uma pandemia e, aqui no Brasil, esta situação
tem se manifestado fortemente, e segundo as ciências da saúde na voz de organismos
internacionais e autoridades sanitárias nacionais, a única estratégia eficaz é o
isolamento e distanciamento social, pois trata-se de uma doença infectocontagiosa.
Ainda que se constate, no Brasil, vozes dissonantes quanto à esta estratégia de
preservação da saúde da coletividade, as autoridades nacionais legislaram3 sobre o
estado de calamidade pública para que se possa acionar outros dispositivos para o
enfrentamento da pandemia.
No tocante ao isolamento e distanciamento social, muitos locais no Brasil
atenderam à esta recomendação e, a área educacional foi rapidamente afetada por
previsão legal4 de suspensão das aulas presencias, em todos os níveis de ensino,
substituindo-as por aulas em meios digitais enquanto durar a situação pandêmica.
Um grande esforço foi empreendido para instaurar um processo que desse
conta de transportar para o meio digital o que, até então, acontecia presencialmente
nas salas de aula. Mas seria isto, o que chamamos EaD? Se retomarmos a definição de
Moore e Kearsley (2013, p.2): “educação a distância é o aprendizado planejado que
ocorre normalmente em um lugar diferente do ensino, o que requer comunicação por
meio de tecnologias e uma organização especial”. Veremos que não. Pois tratar da EaD
é atentar-se às suas características, como ter um planejamento, com ações de formação
dos atores envolvidos, bem como o conhecimento do ferramental a ser utilizado, assim
como o conhecimento prévio do público-alvo da ação formativa.
Neste contexto, o que temos, no Ensino Superior é uma avalanche de tentativas
de trasladar as ações realizadas presencialmente para uma plataforma que dê conta de
acessos múltiplos pelos alunos, a fim de assistirem às aulas. Ficando evidente a falta de
planejamento. Por isso, o melhor é nominar tal ação de ensino remoto mediado por
tecnologia, e não de EaD.

3
6
Decreto Legislativo Nº 6 de 2020. Reconhece, para os fins do art. 65 da Lei Complementar nº 101, de 4
de maio de 2000, a ocorrência do estado de calamidade pública.

4
Portaria Nº 343, DE 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas
em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19. PORTARIA Nº
345, DE 19 DE MARÇO DE 2020. Altera a Portaria MEC nº 343, de 17 de março de 2020.
4. Considerações finais
Apesar das instituições de Ensino Superior já possuírem aparato tecnológico para
uma ação de resposta mais rápida à emergência educacional provocada pela pandemia,
ainda assim, o planejamento para tal implementação não existia. Os equívocos
metodológicos se fizeram latentes e a falta de formação continuada dos professores
para os usos das TDIC emergiram.
Sem, contudo, desmerecer tais ações emergenciais, notamos que a temática do
planejamento, implementação e gestão da EaD se tornarão pauta das ações formativas
pós-pandemia. O que pode trazer um incremento qualitativo à Educação Superior no
Brasil, inclusive provocando avanços nas políticas públicas.

Referências
Associação Brasileira de Educação a Distância [ABED]. 2018. Censo EAD.BR: relatório
analítico da aprendizagem a distância no Brasil 2017. Disponível em:
<http://abed.org.br/arquivos/CENSO_EAD_BR_2018_impresso.pdf>. Acesso em 30
maio 2020.

BRASIL. 1996. Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases


da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez 1996. Seção 1, p. 27833

BRASIL. 2007.Referências de Qualidade para a Educação Superior a Distância. Disponível


em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.pdf>. Acesso em
27 maio 2020.

BRASIL. 2017. Decreto Nº 9.057, de 25 de maio de 2017. Regulamenta o art. 80 da Lei


nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 26 maio 2017. Seção 1, p. 3-4

BRASIL. 2017. Portaria Normativa nº 11, de 20 de junho de 2017. Estabelece normas


para o credenciamento de instituições e a oferta de cursos superiores a distância, em
conformidade com o Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017. Diário Oficial da União,
Brasília, 21 jun. 2017. Seção 1, p. 9

BRASIL. 2018. Portaria nº 50, de 3 de julho de 2018. Institui Grupo de Trabalho com a
finalidade de atualizar e produzir proposta de Referenciais de Qualidade da Educação
Superior a Distância. Diário Oficial da União, Brasília, 05 jul. 2018. Seção 1, p.14

BRASIL. 2018. Portaria Nº 78, de 19 de setembro de 2018. Atualização dos Referenciais


de Qualidade da Educação Superior a Distância/2007. Diário Oficial da União, Brasília, 7
20 set 2018. Seção 2, p. 23-24

BRASIL. 2018. Portaria Nº 1.428, de 28 de dezembro de 2018. Dispõe sobre a oferta, por
Instituições de Educação Superior - IES, de disciplinas na modalidade a distância em
cursos de graduação presencial. Diário Oficial da União, Brasília, 28 dez 2018. Seção 1,
p. 59

BRASIL. 2018. Resolução CNE/CES nº 1, de 6 de abril de 2018. Estabelece diretrizes e


normas para a oferta dos cursos de pós-graduação lato sensu denominados cursos de
especialização, no âmbito do Sistema Federal de Educação Superior, conforme prevê o
Art. 39, § 3º, da Lei nº 9394/1996, e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, 09 abr. 2018. Seção 1, p.43

BRASIL. 2020. Decreto Legislativo Nº 6 de 2020. Reconhece, para os fins do art. 65 da Lei
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a ocorrência do estado de calamidade
pública.

BRASIL. 2020. Ato do Presidente da Mesa do Congresso Nacional Nº 42, DE 2020.


Prorroga em 60 dias a vigência da Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020.

BRASIL. 2020. PORTARIA Nº 343, DE 17 DE MARÇO DE 2020. Dispõe sobre a substituição


das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de
pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19.

BRASIL. 2020. PORTARIA Nº 345, DE 19 DE MARÇO DE 2020. Altera a Portaria MEC nº


343, de 17 de março de 2020.

FREITAS, Isa Aparecida. Trilhas de desenvolvimento profissional: da teoria à prática. In:


Anais do 26º ENANPAD. Salvador: ANPAD, 2002.

MOORE, M.G.; KEARSLEY, G. Educação a Distância: sistemas de aprendizagem on-line.


São Paulo: Cengage Learning, 2013.

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