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do Jornalismo
Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. Camila Maurer
a
M453h
Maurer, Camila
ISBN 978-65-5663-994-9
ISBN Digital 978-65-5663-995-6
CDD 070
Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico, bem-vindo ao livro História e Fundamentos do
Jornalismo! Este material ajudará a compreender as origens históricas da
atividade jornalística e de que maneira ela evoluiu a partir de uma série de
transformações tecnológicas, econômicas, sociais e culturais.
Bons estudos!
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 1, veremos que a atividade que, hoje, conhecemos como
jornalismo, teve origem a partir das necessidades de informar e de ser informado.
Essas necessidades fizeram surgir o que chamamos de fenômenos pré-jornalísticos,
os quais já eram registrados desde a Roma Antiga.
2 FENÔMENOS PRÉ-JORNALÍSTICOS
Existem muitas versões que explicam o nascimento do jornalismo.
Alguns estudiosos acreditam que, mesmo antes de conhecer a escrita, os homens
primitivos já faziam jornalismo, pois transmitiam, através de pinturas nas paredes
das cavernas, informações relativas às condições do tempo e aos resultados
da caça, aspectos determinantes para a sobrevivência. Desse modo, é possível
afirmar que nenhuma civilização sobreviveu sem informação, nem mesmo as
mais primitivas.
3
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
• Periodicidade.
• Frequência regular.
• Conteúdos de caráter noticioso (novidades do império).
• Conjunto de pessoas destinadas, exclusivamente, à redação das Actas (os
primeiros “jornalistas”).
• Difusão pública da informação.
• Difusão a distância e “massiva”, dentro das possibilidades da época.
Lage (2001) explica que os materiais citados eram folhas escritas à mão,
copiadas diversas vezes. As pessoas responsáveis por redigir essas publicações
eram trabalhadores intelectuais, contratados, especialmente, para esse fim, e que
não tinham relação direta com o conteúdo ou com a finalidade da mensagem. Por
esse motivo, o autor considera que esses indivíduos tenham sido os predecessores
mais antigos do jornalista moderno. Esses materiais eram destinados a um público,
relativamente, amplo, e, ao contrário das Actas Diurnas, a respeito das quais já
falamos, não eram publicados pelo governo, mas por financiadores privados com
interesses comerciais.
NOTA
O termo “burguesia” faz referência a uma classe social que surgiu no fim da Idade
Média, com a expansão do comércio e das cidades medievais, chamadas de “burgos”. Na
época, a respeito da qual estamos falando no texto, a burguesia era composta, basicamente,
pelos comerciantes, pessoas que habitavam e trabalhavam nos burgos. O surgimento e a
ascensão da burguesia marcaram a transição da Idade Média para a Idade Moderna.
5
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
FONTE: <https://www.dw.com/pt-br/museu-gutenberg-reconstr%C3%B3i-hist%C3%B3ria-da-
tipografia/a-16747104>. Acesso em: 24 abr. 2021.
NOTA
6
TÓPICO 1 — NASCIMENTO E EVOLUÇÃO DA IMPRENSA
7
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
3 PRIMEIROS JORNAIS
Conforme o relato de Lage (2001), os primeiros jornais dos quais se
tem registro surgiram na Alemanha, entre 1609 e 1610, nas cidades de Bremen,
Estrasburgo e Colônia. Em 1620, já existiam jornais nas cidades europeias de
Frankfurt, Berlim, Basiléia, Hamburgo, Amsterdã e Antuérpia. Em 1621, começou
a circular o primeiro jornal de Londres, na Inglaterra, Current of General
News. Dez anos depois, surgia, em Paris, França, o jornal La Gazette.
8
TÓPICO 1 — NASCIMENTO E EVOLUÇÃO DA IMPRENSA
NOTA
9
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
10
TÓPICO 1 — NASCIMENTO E EVOLUÇÃO DA IMPRENSA
5 INDUSTRIALIZAÇÃO DA IMPRENSA
A Revolução Industrial, no século XIX, levou à mecanização dos processos
de produção de jornais. Com isso, as tiragens e a circulação dos periódicos se
multiplicaram. Por outro lado, os empresários do ramo precisavam fazer grandes
investimentos para a aquisição das máquinas.
11
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
DICAS
No vídeo a seguir, produzido pelo Diário do Grande ABC, você poderá conhecer
um pouco mais a respeito da linotipo e do funcionamento dela: https://www.youtube.com/
watch?v=7DY63gvSuYI.
12
TÓPICO 1 — NASCIMENTO E EVOLUÇÃO DA IMPRENSA
13
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
TUROS
ESTUDOS FU
Nos anos seguintes, foram criadas a Associated Press, em 1844, nos Estados
Unidos, a Wolff, na Alemanha, em 1849, e a Reuters, na Inglaterra, em 1851.
Juntas, essas agências respondiam por, praticamente, todo o fluxo internacional
de notícias da época. A pioneira Havas foi fechada logo após a Segunda Guerra
Mundial, “sob acusação de ter colaborado com os nazistas, quando os alemães
ocuparam a França” (ERBOLATO, 2001, p. 202). Em seu lugar, foi criada a France
Presse, em 1944, ainda em atividade.
14
TÓPICO 1 — NASCIMENTO E EVOLUÇÃO DA IMPRENSA
NOTA
15
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
O primeiro jornal desse tipo foi o New York Sun, que entrou em
circulação em setembro de 1833. No ano seguinte, a tiragem já era de cinco mil
exemplares, e, depois de dois anos da inauguração, atingiu a marca de 15 mil.
Nos anos seguintes, outros jornais do gênero foram criados em Nova York e em
outros grandes centros urbanos do país (SCHUDSON, 2010). A seguir, veremos
a primeira página da primeira edição do New York Sun, que circulou em 3 de
setembro de 1833. No alto da página, lê-se “Price One Penny” (preço um centavo).
O primeiro parágrafo declarou o objetivo do jornal, que instaurava um novo
modelo de jornalismo: “O objetivo deste jornal é colocar, diante do público, a um
preço dentro das possibilidades de todos, todas as notícias do dia, e, ao mesmo
tempo, oferecer um vantajoso meio para a publicidade” (tradução livre).
16
TÓPICO 1 — NASCIMENTO E EVOLUÇÃO DA IMPRENSA
NOTA
17
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
Outro aspecto que os diferenciava dos jornais que existiam nos Estados
Unidos, até então, era a forma de financiamento. Ao contrário dos jornais
tradicionais, sustentados, diretamente, pelas elites políticas e comerciais que,
deles, beneficiavam-se, os penny papers eram financiados pela venda de espaço
publicitário e de exemplares. Essa publicidade, por sua vez, era voltada para
públicos diversos, e os jornais não faziam distinções morais entre anunciantes,
aceitando todos os tipos de anúncios e recebendo críticas pelo excesso de anúncios
de medicamentos e de médicos, conforme o relato de Schudson (2010).
Na época dos primeiros penny papers, a imprensa ainda não era uma
indústria nos Estados Unidos, e não havia uma classe profissional de jornalistas
que compartilhasse dos mesmos valores. Conforme o relato de Schudson (2010),
a partir do final do século XIX, estabeleceram-se os valores profissionais que
moldaram o jornalismo moderno e que se fazem presentes até os dias de hoje,
como veremos a seguir.
18
TÓPICO 1 — NASCIMENTO E EVOLUÇÃO DA IMPRENSA
19
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
20
TÓPICO 1 — NASCIMENTO E EVOLUÇÃO DA IMPRENSA
DICAS
21
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
22
AUTOATIVIDADE
23
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F – V – V.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
24
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste tópico, abarcaremos as origens da comunicação
eletrônica, a qual percorreu um longo caminho de pesquisas e de descobertas
para que possamos, hoje, desfrutar de tecnologias instantâneas de transmissão
de informação.
25
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
NOTA
26
TÓPICO 2 — ORIGENS DA COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA
NOTA
NOTA
29
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
30
TÓPICO 2 — ORIGENS DA COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA
NOTA
31
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
FONTE: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/historia-rochas-lunares-podem-
derrubar-teorias-da-conspiracao-sobre-chegada-do-homem-lua.phtml>. Acesso em: 24 abr. 2021.
32
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
33
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Televisão.
b) ( ) Rádio.
c) ( ) Telégrafo com fio.
d) ( ) Telégrafo sem fio.
a) ( ) Gluglielmo Marconi.
b) ( ) Roberto Landell de Moura.
c) ( ) David Sarnoff.
d) ( ) John Logie Baird.
34
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V – V – F – V – F.
b) ( ) F – V – V – F – F – V.
c) ( ) F – V – V – F – V – V.
d) ( ) V – F – F – V – F – F.
35
36
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 3, estudaremos as fases da evolução do jornalismo no mundo,
a partir do exposto por pesquisadores brasileiros e estrangeiros, como Ciro
Marcondes Filho (2000), Nelson Traquina (2005) e Jean Charron e Jean de Bonville
(2016). A partir do estudo desses autores, você entenderá que o modo de apresentar
as notícias e a própria função do jornalismo, com a sociedade, passaram por
transformações ao longo do tempo, causadas por questões históricas, culturais,
tecnológicas e econômicas.
37
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
38
TÓPICO 3 — PARADIGMAS JORNALÍSTICOS: AS QUATRO FASES DO JORNALISMO MUNDIAL
39
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
40
TÓPICO 3 — PARADIGMAS JORNALÍSTICOS: AS QUATRO FASES DO JORNALISMO MUNDIAL
41
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
42
TÓPICO 3 — PARADIGMAS JORNALÍSTICOS: AS QUATRO FASES DO JORNALISMO MUNDIAL
Essa forma de jornalismo tinha, como ideal, a polarização das ideias e das
opiniões, de acordo com os interesses dos patrocinadores, geralmente, políticos.
Ainda, aqui, encontrava-se a maioria dos leitores e dos anunciantes.
44
TÓPICO 3 — PARADIGMAS JORNALÍSTICOS: AS QUATRO FASES DO JORNALISMO MUNDIAL
45
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
46
TÓPICO 3 — PARADIGMAS JORNALÍSTICOS: AS QUATRO FASES DO JORNALISMO MUNDIAL
47
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
48
TÓPICO 3 — PARADIGMAS JORNALÍSTICOS: AS QUATRO FASES DO JORNALISMO MUNDIAL
49
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
50
TÓPICO 3 — PARADIGMAS JORNALÍSTICOS: AS QUATRO FASES DO JORNALISMO MUNDIAL
51
UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
52
TÓPICO 3 — PARADIGMAS JORNALÍSTICOS: AS QUATRO FASES DO JORNALISMO MUNDIAL
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UNIDADE 1 — ORIGENS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO JORNALISMO
LEITURA COMPLEMENTAR
Eduardo Ribeiro
Jornalista
54
TÓPICO 3 — PARADIGMAS JORNALÍSTICOS: AS QUATRO FASES DO JORNALISMO MUNDIAL
FONTE: <https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2021/01/ele-nasceu-ha-160-anos-e-inventou-
o-radio-mas-o-brasil-nao-o-conhece.shtml>. Acesso em: 24 abr. 2021.
55
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
56
AUTOATIVIDADE
I- Jornalismo de transmissão
II- Jornalismo de opinião
III- Jornalismo de informação
IV- Jornalismo de comunicação
58
REFERÊNCIAS
AGUIAR, P. Notas para uma história do jornalismo de agências. Fortaleza, 2009.
PRADO, M. História do rádio no Brasil. São Paulo: Editora Da Boa Prosa, 2012.
59
SPONHOLZ, L. As ideias e seus lugares: objetividade em jornalismo no Brasil e
na Alemanha. Comunicação e Política, v. 11, n. 2, p. 144-166, 2004.
60
UNIDADE 2 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
61
62
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Pronto para iniciar a segunda unidade deste livro?! Então, vamos lá!
No Tópico 1 desta segunda unidade, você compreenderá como se deu a
implantação da imprensa no Brasil. Dessa forma, perceberá que a censura à
leitura e à informação, típica em Portugal, estendeu-se ao Brasil-Colônia, e foi,
ainda, intensificada a partir de 1808, quando da chegada da Família Real.
63
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
64
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA MÍDIA IMPRESSA NO BRASIL
FONTE: <https://www.gov.br/imprensanacional/pt-br/assuntos/noticias/brasil-celebra-206-anos-
da-gazeta-do-rio-de-janeiroprimeiro-jornal-impresso-no-pais>. Acesso em: 24 abr. 2021.
65
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
DICAS
68
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA MÍDIA IMPRESSA NO BRASIL
FONTE: <https://acervo.estadao.com.br/noticias/personalidades,assis-chateaubriand,325,0.htm>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
70
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA MÍDIA IMPRESSA NO BRASIL
FONTE: <https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Capa_O_Cruzeiro_n%C2%BA_1_de_10_
nov_1928.png>. Acesso em: 24 abr. 2021.
71
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
A seguir, você poderá ter uma ideia das capas da revista Manchete,
durante um carnaval. Na figura, em destaque, a atriz Wilza Carla.
72
TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA MÍDIA IMPRESSA NO BRASIL
FONTE: <https://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,carnaval-em-revista,10758,0.htm>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
73
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
74
AUTOATIVIDADE
75
III- Chateaubriand era uma figura polêmica. Algumas pessoas o
consideravam uma pessoa de caráter duvidoso, o qual se valia das
próprias influências políticas para construir a imagem de alguém, ou
para destruir os adversários
76
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, você entenderá como o rádio e a televisão foram implantados
no Brasil. Também, veremos um panorama completo dos programas jornalísticos
que surgiram com a chegada desses novos meios de comunicação.
77
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
Com essas técnicas de ler os jornais e de assinalar o que era mais relevante
de ser falado no rádio, Roquette-Pinto, também, pode ser apontado como o
pai da prática chamada de Gillette-Press, ou seja, quando o locutor de rádio lê
as matérias diretamente do jornal. Atualmente, visto como algo ruim, a forma
desenvolvida por Roquette-Pinto, à época, não tinha nada de negativa, já que
era a única oportunidade da maior parte dos ouvintes ficar a par das notícias do
Brasil e do mundo, já que o custo para a aquisição de um jornal era considerado
alto para muitos brasileiros.
78
TÓPICO 2 — HISTÓRIA DO RÁDIO E DA TV NO BRASIL
FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=1EACZEDx6eo&ab_channel=TupiEsportes>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
79
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
DICAS
81
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
82
TÓPICO 2 — HISTÓRIA DO RÁDIO E DA TV NO BRASIL
83
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
84
TÓPICO 2 — HISTÓRIA DO RÁDIO E DA TV NO BRASIL
FONTE: <https://observatoriodatv.uol.com.br/noticias/68-anos-de-tv-no-brasil-relembre-
curiosidades-da-historia-do-veiculo>. Acesso em: 24 abr. 2021.
85
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
DICAS
86
TÓPICO 2 — HISTÓRIA DO RÁDIO E DA TV NO BRASIL
87
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
Em um país com índices de leitura muito baixos, cujo rádio era o grande
companheiro e disseminador de entretenimento e de informações, a televisão
passou a dominar a audiência, encantada com essa nova invenção.
6 PROGRAMAS JORNALÍSTICOS
De acordo com Araújo (2017), o primeiro programa noticioso da televisão
brasileira foi ao ar em 19 de setembro de 1950, um dia após a estreia da TV Tupi,
de São Paulo. O programa era o Imagens do Dia, o qual exibia imagens brutas
(sem edição) dos principais acontecimentos daquele dia. Interessante observar
que não havia satélite, e nenhuma outra emissora de televisão em todo o país, o
que nos faz supor que tais imagens se limitavam à capital paulista. Outro autor
da área, Fernando Morgado, discorda dessa informação, e afirma que o primeiro
programa noticioso foi ao ar, ainda, no dia 18 de setembro de 1950.
88
TÓPICO 2 — HISTÓRIA DO RÁDIO E DA TV NO BRASIL
89
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
FONTE: <https://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/antes-de-estrear-jornal-nacional-
quase-foi-substituido-pelo-reporter-esso-na-globo-28444>. Acesso em: 24 abr. 2021.
90
TÓPICO 2 — HISTÓRIA DO RÁDIO E DA TV NO BRASIL
91
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
6.4 SENSACIONALISMO NA TV
O Homem do Sapato Branco, apresentado por Jacinto Figueira Júnior,
foi ao ar na TV Globo, em 1968, e na TVS, do Rio, no final da década de 1970,
além da Record, de São Paulo. Em 1981, foi exibido pelo SBT. O formato não
era um noticiário, mas pode ser considerado um dos primeiros programas
sensacionalistas da televisão brasileira. “O Homem do Sapato Branco abordava
temas, como violência urbana, pessoas hermafroditas, marginais, curandeiros e
outros assuntos que faziam parte do denominado mundo cão (expressão criada
pelo próprio apresentador)” (ARAÚJO, 2017, p. 72).
93
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
NOTA
94
TÓPICO 2 — HISTÓRIA DO RÁDIO E DA TV NO BRASIL
É possível dizer que grande parte dos brasileiros pulou essa etapa de
assistir a uma TV a cabo, passando direto para a televisão por streaming, ou para
as plataformas que surgiram já na década passada, com o aumento da velocidade
da internet. A questão do poder aquisitivo foi outro fator determinante para a
baixa audiência da televisão por assinatura brasileira.
95
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
96
AUTOATIVIDADE
97
3 O Brasil foi o pioneiro na implantação da televisão na América Latina, o
que aconteceu em setembro de 1950. Considerando o que você estudou a
respeito do nascimento da televisão no Brasil, analise as sentenças a seguir:
98
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
IMPRENSA NA DITADURA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, falaremos da atividade jornalística no Brasil
durante os momentos nos quais o país viveu regimes ditatoriais: durante o Estado
Novo (1937-1945) e durante o Regime Militar (1964-1985). Como você sabe, as
atividades de produzir e de difundir informações sofreram duras restrições
nesses momentos históricos.
99
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
DICAS
O Regime Militar, por sua vez, estendeu-se de 1964 até 1985, oscilando
entre épocas de relativa “abertura” e, outras, de recrudescimento. Ao longo desse
período, cinco militares se sucederam no poder: Humberto de Alencar Castelo
Branco (1964-1967), Artur da Costa e Silva (1967-1969), Emílio Garrastazu Médici
(1969-1974), Ernesto Geisel (1974-1979) e João Baptista de Oliveira Figueiredo
(1979-1985).
atingidos pela ditadura do Estado Novo foi O Estado de São Paulo, mantido sob
intervenção do governo, enquanto Julio Mesquita Filho, o proprietário, partiu
para o exílio. O jornal só foi devolvido aos proprietários em 1945, com o fim do
período ditatorial. Em 1945, liquidou-se a ditadura, com importante participação
da imprensa. Assim, foram abolidos os instrumentos de repressão e de censura e
a imprensa readquiriu a liberdade.
FONTE: <https://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19681214-28738-nac-0001-999-1-not>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
103
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
DICAS
Para saber mais a respeito do período no qual o jornal O Estado de São Paulo
teve edições apreendidas, leia o texto a seguir, da Associação Brasileira de Imprensa (ABI):
http://www.abi.org.br/a-historia-da-censura-no-estadao/.
Nos primeiros anos, a Veja amargou prejuízo em razão dos grandes textos
que espantavam os leitores. Principalmente, na década de 1980, no entanto,
consolidou-se como a mais importante revista de generalidades nacionais e
internacionais, com várias seções, como política, economia, televisão e livros. O
ranking semanal dos livros mais lidos pelos brasileiros e as páginas amarelas,
com entrevistas bombásticas com personalidades dos mundos político e artístico
nacionais, foram outras novidades trazidas pela Veja. Assim como todo veículo
de comunicação de grande porte, a revista, também, cometeu erros históricos,
como a capa com a foto do cantor Cazuza, debilitado pelas complicações do vírus
HIV, o que gerou revolta.
104
TÓPICO 3 — IMPRENSA NA DITADURA
4.4 RADIOBRÁS
A criação da Radiobrás foi outra iniciativa da ditadura militar. Segundo
Ferraretto (2001), o Art. primeiro, da Lei n° 6.301, de 15 de dezembro de 1975,
criou a Radiobrás, e deixou claro que o interesse maior era a integração nacional,
ou seja, foi criada para divulgar as informações que eram de interesse do governo
militar. Ocorre que a rádio da BBC britânica era sintonizada no Brasil e tinha
grande audiência. O serviço em português, dessa rádio britânica, informava as
notícias de tortura e de desaparecimento de presos no Brasil. Isso precisava ser
combatido pelo governo brasileiro, a fim de contar a versão dele a respeito do que
acontecia no país naquela época.
Essa rede de comunicação terrestre foi o apoio para que a Rádio Jovem
Pan, de São Paulo, criasse o Jornal de Integração Nacional, em 1972, com blocos
informativos gerados em algumas cidades, como Brasília, Porto Alegre, Manaus,
Natal, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. É importante destacar que tudo
isso ocorreu antes da existência das redes de rádio via satélite, mas representou
um avanço importante nas comunicações do país. A diferença desse noticiário
para os jornais que surgiram anos depois, nas principais rádios brasileiras, era
que, neste, as notícias não eram centralizadas em uma redação em São Paulo,
como acontece na maioria das rádios até hoje.
105
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
A boa relação com os militares foi bem utilizada por Marinho, o qual
expandiu a Globo, a todo o Brasil, com as condições tecnológicas oferecidas
pelos militares a partir de 1965, na tentativa de integrar o país por meio das
comunicações, tarefa, amplamente, cumprida pela Globo.
Marinho viria a ser, então, ainda mais influente do que Assis Chateaubriand,
tornando-se um dos homens mais ricos e poderosos do Brasil. A partir do final da
década de 1960, a TV Globo conseguiu autorização para virar rede de televisão,
antes mesmo da Tupi e de outras emissoras já existentes, como TV Rio e TV
Record. A Tupi, dos Diários Associados, só se tornou rede de televisão nacional
via satélite na década de 1970, porque as emissoras de São Paulo e do Rio de
Janeiro operavam de forma independente. As emissoras da Tupi, também, já
viviam, praticamente, sucateadas, sem a continuidade dos investimentos iniciais.
106
TÓPICO 3 — IMPRENSA NA DITADURA
FONTE: <https://www.terra.com.br/diversao/tv/blog-sala-de-tv/ha-15-anos-morria-roberto-
marinho-o-homem-que-mudou-a-tv,bac9b18b884ab6a6393b4bf60b6e6f49gzofw9yr.html>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
DICAS
107
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
Em 2009, uma instituição sem fins lucrativos, que leva o nome dele, foi
criada, com os objetivos de preservar a memória do jornalista e de contribuir na
luta pela democracia, pelos direitos humanos e pela liberdade de expressão.
109
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
DICAS
5 IMPRENSA E RESISTÊNCIA
Durante a ditadura militar, alguns veículos de imprensa, considerados
“alternativos”, surgiram com o corajoso propósito de fazer oposição ao regime.
Entre 1964 e 1980, nasceram e morreram cerca de 150 periódicos que tinham esse
objetivo (KUCINSKI, 2018). Dentre eles, o tabloide Pif-Paf, criado em junho de
1964, por Millôr Fernandes, após ser demitido da revista O Cruzeiro, a respeito
da qual já falamos no Tópico 2. Essa publicação fazia oposição ao regime através
do humor, mas durou apenas oito edições.
DICAS
110
TÓPICO 3 — IMPRENSA NA DITADURA
FONTE: <https://www.hypeness.com.br/2019/12/o-pasquim-a-incrivel-historia-do-jornal-de-
humor-que-desafiou-a-ditadura-e-ganha-exposicao-em-sp-ao-completar-50-anos/>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
DICAS
111
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
LEITURA COMPLEMENTAR
112
TÓPICO 3 — IMPRENSA NA DITADURA
— Não deu tempo para isso, mas foi até bom, porque tivemos a
oportunidade de fazer uma revisão mais acurada. Além do jornalista Carmo
Chagas, responsável pela edição do texto, participaram, desse trabalho, a equipe
da editora digital A2, colegas do Centro de Documentação e Informação, o editor
executivo Ilan Kow e outros companheiros aos quais recorri quando necessário.
Tensão
113
UNIDADE 2 — HISTÓRIA DO JORNALISMO NO BRASIL
correspondente em São José dos Campos (SP), preso na própria cidade e levado
para as dependências do DOI-Codi, em 1975, em São Paulo, onde, na mesma
semana, o jornalista Vladimir Herzog tinha sido torturado e morto.
Coragem
114
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
115
AUTOATIVIDADE
117
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, G. F. Telejornalismo: da história às técnicas. Curitiba: Intersaberes, 2017.
FARIA, A. A. Jovem Pan Sat, Ano 2000. São Paulo: Maltese, 1996.
O ESTADO DE SÃO PAULO. "Globo" e o poder, nos EUA. São Paulo: Op.cit, 1987.
PRADO, M. História do rádio no Brasil. São Paulo: Editora da Boa Prosa, 2012.
JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
119
120
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 1, abordaremos os primeiros passos da internet, uma invenção
que mudou, para sempre, a comunicação, e quebrou paradigmas, anteriormente,
dominantes. Você conhecerá algumas das figuras pioneiras do advento da era
digital e entenderá que a internet primitiva era muito, muito diferente da internet
que você usa hoje.
Você, também, verá que o advento da era digital possibilitou uma série
de novos formatos de comunicação midiática, os quais foram apropriados pelo
jornalismo, como blogs e podcasts.
121
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
Depois do telégrafo sem fio, embrião do rádio, descobriu como foi possível
transmitir a notícia através do meio de comunicação que transmitia voz e música
a longas distâncias. O rádio revolucionou a forma de receber a informação e se
tornou o primeiro meio de comunicação de massas. O segundo deles, a televisão,
com imagem ao som, causou uma nova revolução a partir das décadas de 1930
e 1940, chegando ao Brasil na década seguinte. Com o advento dos satélites, as
imagens eram capazes de circular pelo globo em poucos minutos.
122
TÓPICO 1 — CHEGADA DA ERA DIGITAL
123
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
FONTE: <https://www.tecmundo.com.br/web/115559-criador-internet-fatura-us-1-milhao-nobel-
da-computacao.htm>. Acesso em: 29 abr. 2021.
DICAS
Como havia todo um incômodo gerado pelo fato daqueles que criaram
a Arpanet não terem mais o controle sobre a rede, em 1983, houve uma divisão
estratégica e importante. A rede militar passou a se chamar MILNET, enquanto
a Arpanet se tornou uma rede de pesquisa acadêmica entre universidades. A
partir daí, os interesses comerciais entraram em cena, para que a rede pudesse ser
compartilhada entre as mais variadas organizações da sociedade civil. “A história
não pode ser reescrita, mas, com o roteiro que temos hoje, sem a ARPA, não teria
havido nenhuma Arpanet, e, sem a Arpanet, a internet, como a conhecemos hoje,
não existiria” (CASTELLS, 2003, p. 23).
124
TÓPICO 1 — CHEGADA DA ERA DIGITAL
NOTA
A Guerra Fria tinha esse nome porque não ocorreram confrontos armados
entre Estados Unidos e União Soviética durante o período, embora cada um desses dois
países apoiasse outras guerras regionais, além de ser mais uma questão ideológica. Os
Estados Unidos apareciam como uma superpotência que defendia os interesses dos países
ocidentais, enquanto os soviéticos defendiam os orientais.
125
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
DICAS
FONTE: <https://link.estadao.com.br/fotos/geral,steve-jobs-e-steve-wozniak,908435>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
126
TÓPICO 1 — CHEGADA DA ERA DIGITAL
FONTE: <https://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/04/apple-faz-37-anos-conheca-
historia-da-empresa-criada-por-steve-jobs.html>. Acesso em: 24 abr. 2021.
DICAS
Para ficar mais por dentro da história da Apple, recomendamos o vídeo a seguir,
do canal TecMundo, no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=Fhvp2tQJK3A.
127
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
3 INTERNET NO BRASIL
A primeira conexão com a rede mundial de computadores, no Brasil, foi
realizada em 1991, e, a partir de 1994, a Empresa Brasileira de Telecomunicações
(Embratel) já oferecia acesso à internet. Mesmo assim, a data oficial de criação
da internet brasileira se remete, segundo Prata (2012), ao dia 31 de maio de
1995, quando foi criado o Comitê Gestor da Internet no país (CGI). “O comitê
é responsável por administrar os nomes dos domínios no Brasil, a interconexão
de redes nacionais e estrangeiras, além de representar a web em organismos
internacionais relacionadas à internet no mundo” (PRATA, 2012, p. 33).
128
TÓPICO 1 — CHEGADA DA ERA DIGITAL
FIGURA 5 – DISQUETES
FONTE: <https://www.techtudo.com.br/listas/2019/06/dez-curiosidades-sobre-disquetes-que-
fizeram-sucesso-nos-pcs-dos-anos-90.ghtml>. Acesso em: 24 abr. 2021.
129
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
DICAS
DICAS
O Jornal do Brasil foi o primeiro jornal online da América Latina a ter uma
edição regular diária. Nos anos seguintes, surgiram, também, o Uol, do Grupo
Folha, e o Globo Online. Como as demais iniciativas da época, o JB Online seguia
o modelo transpositivo, ou seja, replicava, no ambiente online, parte do conteúdo
da edição impressa. Para se ter uma ideia do pioneirismo, é válido destacar que
a edição online do New York Times, um dos principais jornais do mundo, só
surgiu em 1996. Em 1999, apareceu, no Brasil, o primeiro veículo com conteúdo
voltado, exclusivamente, para a internet, o site Último Segundo. Ao contrário
das iniciativas de jornalismo online anteriores, esse veículo não estava ligado a
empresas jornalísticas tradicionais, o que representou uma quebra de paradigma
naquele momento.
131
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
132
TÓPICO 1 — CHEGADA DA ERA DIGITAL
DICAS
133
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
Nesse novo cenário, surgiram as redes sociais. Pela primeira vez, desde o
surgimento da comunicação de massa, o público poderia deixar de ser, somente,
receptor das mensagens, e passar a ser emissor, o que significava uma inversão
de um paradigma existente desde o início da prática jornalística. As redes
sociais colocaram a comunicação online em outro patamar, pois permitiram
que muitas pessoas falassem para muitas outras a partir de qualquer lugar do
planeta. Nesse ecossistema, o compartilhamento de informações tende a crescer
de forma exponencial. O relacionamento das pessoas com a informação e as
tecnologias de comunicação mudou muito, e isso trouxe uma série de impactos
para a prática jornalística.
3.3.1 Blogs
Não é exagero afirmar que, no início, quem utilizava a internet chegava
a anotar, no papel, os principais sites nos quais se podia navegar. Fazer listas de
sites interessantes era algo normal diante da falta de buscadores, como o Google.
De acordo com Orduña (2007), o primeiro weblog foi criado por Tim-Berners
Lee, em 1992, intitulado de What’s New in 1992, com o objetivo de divulgar as
informações de pesquisas do projeto World Wide Web, o que acabou gerando a
própria internet que conhecemos hoje. Portanto, pode-se dizer que o primeiro
blog do mundo surgiu antes da internet comercial, a qual só chegaria ao Brasil a
partir de 1995. O advento da Web 2.0, no entanto, deu, ao blog, uma nova vida, ao
incorporar elementos de interatividade, como comentários e compartilhamentos.
134
TÓPICO 1 — CHEGADA DA ERA DIGITAL
especialistas das mais diversas áreas, como no caso dos professores, ou seja, a
ideia original do diário acabou tendo múltiplas possibilidades. Usam-se blogs
para abrigar conteúdos de áudio e de vídeo e como ponto de apoio para os
podcasts, como veremos mais à frente.
135
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
3.3.3 MP3
Uma revolução em termos de áudio foi o surgimento do MPEG Layer 3,
também, conhecido como MP3, em 1998. Trata-se de um sistema de compressão
de áudio por meio de algoritmo. Tornou-se comum gravar CDs no computador
para ouvir nos automóveis ou nos discmans, aparelhos portáteis que rodavam
Compact Disc (CD). Era possível ouvir música digital com qualidade superior,
por meio de um fone de ouvido, em qualquer lugar. Esse aparelho sucedeu os
antigos walkmans, nos quais se podia ouvir música por meio de fones de ouvido
acoplados a um tocador de fita-cassete, totalmente analógico.
3.3.4 Podcast
Podcast é um programa de áudio ou de vídeo que se diferencia dos demais
em virtude do tipo de distribuição, intitulado de podcasting, o que veremos mais
à frente. Nos Estados Unidos, os podcasts são mais comuns por reunir áudio e
vídeo, mas, como no Brasil, os de áudio são maioria, tentaremos nos limitar a
explicar esse fenômeno sob a ótica brasileira (apenas em áudio), como forma de
facilitar a compreensão do que estamos tratando.
136
TÓPICO 1 — CHEGADA DA ERA DIGITAL
137
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
• O podcast no Brasil
138
TÓPICO 1 — CHEGADA DA ERA DIGITAL
DICAS
139
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
140
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A história da internet teve início no final dos anos 1960 e no início dos anos 1970,
com a criação da Arpanet, uma rede de computadores que, inicialmente, serviu a
propósitos militares, e, mais tarde, passou a ser usada para pesquisa científica.
• No Brasil, a internet chegou em meados dos anos 1990, ainda muito cara, lenta
e de possibilidades muito limitadas, se comparada com as tecnologias que
usamos hoje.
141
AUTOATIVIDADE
142
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.
b) ( ) Apenas a sentença III está correta.
c) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
d) ( ) Apenas a sentença II está correta.
143
144
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2 desta unidade, abordaremos algumas informações
importantes para compreender o panorama atual do jornalismo. Conheceremos
os hábitos dos brasileiros em relação ao consumo de mídia, importantes para
pensarmos em novos negócios jornalísticos. Você verá que, apesar do aumento do
consumo de internet, a televisão, ainda, é o meio de comunicação mais relevante
para os brasileiros.
145
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
O número de pessoas que tem acesso aos jornais, pelo menos, uma vez por
semana, permanece igual ao da pesquisa anterior, ou seja, 21%. Somente 7% deles
acompanham diariamente, e o dia da semana que mais leem é a segunda-feira.
146
TÓPICO 2 — PANORAMA ATUAL DO JORNALISMO
147
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
148
TÓPICO 2 — PANORAMA ATUAL DO JORNALISMO
Agora sim, seria possível ter uma forte estabilidade de conexão, sem as
quedas constantes do DSL, aliada à rapidez do fluxo dos dados, o que propiciou
o surgimento de empresas que, simplesmente, não existiam alguns anos antes.
Aqui, estamos falando, principalmente, dos streamings de áudio e de vídeo,
como Netflix, Fox, HBO Max, Amazon Prime, Globoplay e Disney Plus, só para
citar alguns exemplos. “Em 2002, a, também, norte-americana COMCAST NBC/
Universal, maior conglomerado de mídia do planeta, proprietária dos Estúdios
Universal/NBC, começou a oferecer internet de alta velocidade aos seus clientes
por DSL e por cabo” (WOLF, 2015, p. 125).
149
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
FONTE: <https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2017/01/ha-10-anos-steve-jobs-
apresentava-o-iphone-ao-mundo.html>. Acesso em: 24 abr. 2021.
DICAS
150
TÓPICO 2 — PANORAMA ATUAL DO JORNALISMO
DICAS
A matéria publicada pelo site Tec Mundo conta a história dos tablets na era
pré-iPad: https://www.tecmundo.com.br/internet/3624-a-historia-dos-tablets.htm.
3.2 HIPERJORNALISMO
Toda a revolução do complexo tecnológico, aqui, relatada, gerou novos
processos de produção e de distribuição da informação, como no caso da Realidade
Aumentada, quando um texto de jornal ou de revista pode conter possibilidades
de interação com tablets ou smartphones, através de aplicativos feitos para esse
fim. Trata-se do chamado hiperjornalismo, sendo amplificada a experiência
do leitor, o que o faz se conectar com outras experiências que permitem uma
narrativa da notícia. “Hiper-realidade é a capacidade tecnológica de combinar
realidade virtual, realidade física, inteligência artificial e inteligência humana,
integrando-as, de forma natural, para o acesso do usuário” (KIRNER; TORI, 2006
apud OLIVEIRA, 2017, p. 155).
151
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
3.3 NEWSGAMES
Nos últimos anos, o jornalismo, também, apropriou-se de outro tipo de
plataforma que abrange milhões de adeptos em todo o mundo: os games. Foram
criados programas capazes de utilizar um game para explicar uma notícia ou
para contar uma história real, algo que aconteceu, uma notícia, por exemplo, o
que oferece uma experiência imersa e diferenciada a quem está procurando tal
informação. O usuário pode, literalmente, jogar a notícia. São jogos que agregam
forte conteúdo opinativo ou crítico frente a atualidades ou acontecimentos
extremamente recentes. Nesse jogo, o jogador se posiciona conforme os
conhecimentos de mundo em face ao conteúdo de tal informação. O poder de
interação está, exatamente, na construção dos cenários do acontecimento. Existem,
por exemplo, os newsgames de infográficos e os de documentários.
Um dos primeiros newsgames a ganhar repercussão internacional
foi o September 12th. O produto trabalha com o tema “terrorismo” e
foi desenvolvido pelo designer uruguaio Frasca, cujo famoso projeto
Newsgaming.com mistura jornalismo com videogames. Faz parte,
desse projeto, outro exemplo emblemático de newsgame, difundido
na mídia impressa, pelo jornal espanhol El Pais: o Play Madrid, que
aborda os ataques terroristas na cidade espanhola em 2004. Já o
newsgame norte-americano do The New York Times, Food Import
Folly, versa a respeito da falta de fiscalização na importação de
alimentos nos Estados Unidos (OLIVEIRA, 2017, p. 176).
152
TÓPICO 2 — PANORAMA ATUAL DO JORNALISMO
A autora cita, ainda, o game criado pela Revista Galileu, para comemorar
os 25 anos da queda do Muro de Berlim. Segundo a autora, a experiência mais bem-
sucedida de newsgame, no Brasil, até hoje, produzida pelo núcleo jovem da Editora
Abril, para a Revista Super Interessante, em 2011, é intitulada de Filosofighters,
jogo premiado internacionalmente. Em 2016, a mesma revista produziu o Science
Kombat, o que reúne cientistas famosos da história (OLIVEIRA, 2017).
FONTE: <https://super.abril.com.br/blog/newsgames/filosofighters-conheca-os-bastidores-do-
newsgame-360-lancado-pela-super/>. Acesso em: 24 abr. 2021.
153
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
DICAS
154
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
155
AUTOATIVIDADE
156
3 A ampliação da velocidade da internet, no Brasil, a partir da década de 2000,
permitiu novas possibilidades de transmissão e de recepção de conteúdos
de entretenimento e de jornalismo. Essa melhoria mudou as formas de se
conectar e de se relacionar com a internet. Com base no que você estudou,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas:
157
158
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
FUTURO DO JORNALISMO
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, refletiremos a respeito dos desafios do cenário contemporâneo
e do futuro do jornalismo diante de tantas oportunidades. Você verá que o
contexto de disseminação de informações falsas, as famosas fake news, reforça a
importância e a necessidade de oferecer, à sociedade, informações confiáveis, cuja
veracidade tenha sido checada a partir de rígidos padrões profissionais.
Para se ter uma ideia, “fake news” foi eleita a palavra do ano de 2017
pelo prestigiado dicionário britânico Collins. É definida como informações
falsas, muitas vezes, sensacionalistas, divulgadas sob o disfarce de notícias. O
termo tem sido usado de forma intensa, e, muitas vezes, indevida no discurso
159
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
160
TÓPICO 3 — FUTURO DO JORNALISMO
161
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
DICAS
DICAS
162
TÓPICO 3 — FUTURO DO JORNALISMO
163
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
DICAS
164
TÓPICO 3 — FUTURO DO JORNALISMO
DICAS
Uma das vantagens das iniciativas que operam apenas na internet é que o
investimento inicial para começar a operar é muito menor do que no caso de um
jornal tradicional ou uma emissora de rádio e TV. Mesmo assim, a preocupação
com a sustentabilidade financeira é um elemento central para que a iniciativa
possa prosperar, independentemente do modelo de negócio que se pretenda
adotar, com ou sem publicidade.
165
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
166
TÓPICO 3 — FUTURO DO JORNALISMO
DICAS
167
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
FONTE: <https://www.youtube.com/channel/UCUM4-KGZEXC2pk6zRDL9jMQ>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
168
TÓPICO 3 — FUTURO DO JORNALISMO
LEITURA COMPLEMENTAR
Rogério Christofoletti
Têm sido cada vez mais frequentes as ações de big techs para “salvar
o jornalismo”. São programas de treinamento e capacitação, impulsos para a
inovação, desenvolvimento de soluções tecnológicas e até incentivo a pequenos e
grandes negócios. Entre as corporações preocupadas com o jornalismo, destacam-
se Google e Facebook que têm feito grande alarde de seus gestos em toda a parte.
Em um cenário de crise catastrófica no setor, esses movimentos deveriam ser
comemorados, mas não podemos nos enganar: há um preço a pagar pela ajuda
dos maiores conglomerados do planeta. Resta saber se jornalistas e organizações
de mídia estão dispostos a arcar com as consequências de receber recursos
daqueles que não são propriamente seus aliados.
Há, pelo menos, duas razões para que o jornalismo olhe com desconfiança
para Google e Facebook: eles contribuíram para tornar mais aguda a sua crise
financeira, e eles ajudam a disseminar notícias falsas e discursos de ódio. Em
menos de duas décadas, as duas big techs sugaram imensos oceanos de verbas
publicitárias que antes irrigavam os negócios jornalísticos. Hoje, estima-se que,
juntas, elas abocanhem dois terços de tudo o que se gasta com publicidade na
internet mundial. Dinheiro é um recurso escasso e inelástico. Quer dizer: para ir a
um lugar, ele tem que sair de outro. Neste sentido, é claro que Google e Facebook
drenaram grande volume daquilo que era a principal forma de sustentar jornais,
revistas, sites e emissoras de rádio e televisão mundo afora. Não é, portanto,
exagerado dizer que Google e Facebook colaboraram com a crise, ajudando a
quebrar muitos negócios no setor. Alguém poderá dizer que os serviços de
anúncios que eles criaram vêm viabilizando também parte do mercado, mas
não vamos tapar o sol com a peneira: depois de Google e Facebook, o mercado
jornalístico encolheu em tamanho e pluralidade, seus ganhos reduziram e as
“oportunidades” criadas não reverteram a crise.
Para além disso, é cada vez mais claro que as big techs são os motores mais
potentes para difusão de notícias falsas, discursos de ódio e teorias conspiratórias. É
nesses ambientes que a polarização das sociedades é intensificada e um rizomático
ecossistema de desinformação floresceu e se estabeleceu. Alguém poderá dizer
que Google e Facebook oferecem apenas as plataformas onde isso acontece e que
a responsabilidade é das pessoas e grupos que se dedicam a isso. De novo: não
podemos fechar os olhos para a realidade. Google e Facebook não fornecem só
os ambientes onde mentira e intolerância se espalham, mas também definem os
termos de uso e têm total controle sobre os algoritmos que regem a distribuição
dos conteúdos. Isto é, poderiam coibir o ódio com mais firmeza e ajudar a frear
169
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
a desinformação, mas fazem muito menos do que está ao seu alcance por uma
razão simples: isso afetaria o coração de seus negócios. Google e Facebook vivem
à base do uso de suas plataformas e da disseminação de conteúdos viralizantes,
independente se são verdadeiros ou não, se são socialmente inflamatórios ou não.
O investimento
A Google News Iniciative alardeia que quer construir “um futuro mais
forte para o jornalismo”. Para isso, atua em três planos: cria produtos “para
atender às necessidades das organizações de notícias e expandir seus negócios
digitais”; firma parcerias “para resolver os desafios mais importantes da indústria
jornalística”; e desenvolve e apoia “programas para impulsionar a inovação”
no setor. É uma estratégia abrangente, robusta e muito atenta às demandas de
profissionais e empresas. Ao mesmo tempo em que oferecem cursos de capacitação
e ações de educação para a mídia, promovem gincanas de inovação, apoiam meios,
como Azmina, Jota, Estadão e O Globo, e criam projetos, como a Rede Digital
Premium de Jornais e o Impacto.Jor. As soluções apresentadas pelo gigante do Vale
do Silício passam todos por seus canais, como o YouTube, GooglePlay e Google
News. Fora do Brasil, a iniciativa do Google alcança associações empresariais,
como a Global Editors Network, Online News Association e Associação Mundial
de Jornais, passa por centros formativos e escolas de jornalismo, como o Poynter,
e alcança empreendimentos de qualificação profissional, como o Trust Project
(Projeto Credibilidade, no Brasil).
170
TÓPICO 3 — FUTURO DO JORNALISMO
Facebook tem sido menos agressivo nesse mercado, mas está por trás de
iniciativas como o recém-lançado curso da Abraji, Reconstrução do Jornalismo
Local, o Atlas da Notícia, o robô Fátima (de Aos Fatos) e o projeto Vaza Falsiane,
ambos dedicados a combater notícias falsas. Aliás, o projeto Comprova, consórcio
nacional de veículos para checagem de fatos, tem apoio de Facebook e Google. Você
leu certo: Facebook e Google ajudando a combater o ambiente de desinformação
que tanto alimentam e fazem crescer…
A fatura
Não podemos nos dar ao luxo de sermos ingênuos. Faz tempo que o slogan
“don’t be evil” não faz mais sentido para o Google. Faz tempo que Facebook
deixou de ser só uma rede social de amigos. Os maiores players da internet estão
entre as marcas mais valiosas do capitalismo global, e seus movimentos interferem
no desenvolvimento tecnológico mundial, moldam comportamentos sociais,
definem prioridades econômicas e estremecem alguns pilares da democracia.
Nunca houve empreendimentos privados dessa natureza e alcance, e não é
exagero dizer que Google e Facebook projetem sombras sobre países inteiros com
sua influência e poder. Eles são o mais próximo do que imaginou Dave Eggers, em
seu romance distópico, O Círculo, no qual uma empresa de tecnologia cria tanta
dependência humana que ensaia absorver em sua plataforma digital o próprio
processo político. É de totalitarismo que estamos tratando; de totalitarismo
privado no capitalismo de vigilância e de sedução pelo solucionismo tecnológico.
171
UNIDADE 3 — JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
Enfim, não é fácil abrir mão do pouco dinheiro disponível para salvar
o jornalismo, mas a fatura de cobrança virá, e ela pode significar perda de
autonomia, independência, liberdade, senso crítico e credibilidade. O jornalismo
já cometeu erro parecido recentemente, quando relegou às redes sociais e às
plataformas uma etapa de seu processo produtivo: a distribuição das notícias e
conteúdos. Deu de bandeja parte de seu trabalho e, com isso, se distanciou mais
ainda do público. Não aceitar o dinheiro pode não ser a melhor saída, mas recebê-
lo acriticamente pode representar a volta de um pacto parecido como que fez o
Fausto, de Goethe. Quanto custará aceitar ao jornalismo aceitar o dinheiro de
Facebook e Google? Está na hora de falarmos sobre isso.
172
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
173
AUTOATIVIDADE
I- Iniciativas de fact checking existem desde os anos 1990, mas ganharam força
no cenário de desinformação que encontrou terreno fértil nas redes sociais.
II- A disseminação de fake news tem influência comprovada em processos
eleitorais em todo o mundo.
III- No Brasil, esse problema se torna ainda mais complexo, pois grande parte
do consumo de informação se dá através de aplicativos de mensagens
instantâneas como o WhatsApp, que tem mais de 100 milhões de usuários
no país.
174
IV- As origens históricas do fact checking remetem aos Estados Unidos, nos
anos 1980, quando Ronald Reagan carregava a fama de cometer erros
e exageros frequentes em suas declarações à imprensa. Jornais, como
o Washington Post, publicavam suas declarações acompanhadas de
destaques e correções.
I- O advento das plataformas digitais, no entanto, atraiu boa parte das verbas
publicitárias para esses ambientes, deixando os veículos tradicionais com
uma fatia muito menor do bolo publicitário.
II- Diante desse cenário de queda nas receitas provenientes da publicidade,
muitas empresas fizeram cortes de salário, demissões e extinguiram produtos.
III- A instituição de assinaturas digitais é um modelo de negócio que não
funcionou bem no Brasil, pois as pessoas não estão dispostas a pagar por
um bom conteúdo.
IV- O jornal norte-americano New York Times foi pioneiro na adoção de
assinaturas digitais como forma de financiamento. Em 2020, os recursos
provenientes de assinaturas (entre digital e impresso) superaram, pela
primeira vez na história do veículo, as verbas provenientes da publicidade.
175
REFERÊNCIAS
BALDESSAR, M. J. Mundo digital: Jornal do Brasil na internet no tempo do
PC 386. 2009. Disponível em: http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/
encontros-nacionais/7o-encontro-2009-1/Mundo%20digital.pdf. Acesso em: 24
abr. 2021.
BUCCI, E. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
176
MACHADO, E. La estructura de la noticia en las redes digitales: un estudio de las
consecuencias de las metamorfosis tecnológicas en el periodismo. Barcelona: Facultad
de Ciencias de la Comunicación/Universidad Autónoma de Barcelona, 2000.
177