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Artigo

publicado
na edição 69
MAR/ABR 2019

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Cadeias de
suprimentos inteligentes Business Intelligence gerando agilidade no
processo de informação e decisão, dentro
da cadeia de suprimentos

Leonardo Ferreira
CEO da Confraria Corporativa – Consultoria e Treinamentos, é graduado em
Administração de Empresas e mestrando em Engenharia de Produção e de Manufatura
pela Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), com MBA em Gestão Empresarial e pós-graduação em Gestão Industrial.
Especialista em Gestão pela Qualidade, Produtividade e Logística, Lean Manufacturing e
Black Belt Seis Sigma, possui experiência de 20 anos em gestão empresarial, trabalhando
e prestando serviços junto a empresas nacionais e multinacionais. Professor universitário,
escritor e palestrante na área de gestão e educação, é membro do Grupo de Excelência
em Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística (Gelog) do Conselho Regional de
Administração do Estado de São Paulo (CRA-SP), e membro e representante técnico do
Instituto Paulista de Excelência em Gestão (IPEG).
leonardo.ferreira@confrariacorporativa.com.br

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Gerenciar as informações nos sentidos a montante e a
jusante é fundamental para um melhor resultado na cadeia
de suprimentos. Porém, como identificar as informações
estratégicas, mediante uma grande quantidade de dados
entre os elos da cadeia? A utilização de recursos de
tecnologia da informação se faz necessário, visando à
agilidade e à qualidade na tomada de decisão. Dentro dessa
proposta, a Business Intelligence tem se mostrado uma
solução factível e viável, no ambiente corporativo.

Responda uma pergunta: você é BUSINESS INTELLIGENCE


inteligente? Aliás, antes de respon- A Business Intelligence extrai inteligência a partir de dados sobre um
der essa pergunta, será esclarecido determinado negócio, tendo o objetivo de converter o volume de dados
o que é inteligência. A inteligência é em informações relevantes ao negócio, por meio de relatórios analíticos e,
a capacidade de compreender e re- sequencialmente, utilizar esse conhecimento para as decisões estratégicas.
solver novos problemas e conflitos, Veja a Figura 1.
e se adaptar a novas situações.
Você deve estar se perguntando:
Dado
mas o que esse tipo de pergunta e
informação tem a ver com o con- Dado
teúdo da cadeia de suprimentos? Informação
Dado
Dentro do mundo corporativo,
também se deve buscar a inteligên- Dado Informação Conhecimento
cia, ou seja, as empresas precisam INTELIGÊNCIA
Dado Informação Conhecimento (Decisão)
ser inteligentes. Por que não as ca-
deias de suprimentos? Dado Informação Conhecimento
No mundo corporativo, existe o
Dado Informação
conceito Business Intelligence (BI),
traduzido como inteligência de ne- Dado
gócio. Tal conceito é definido como
um conjunto de aplicações e méto- Dado

dos, que proporciona aos gestores Volume Valor


uma visão integrada da organiza-
ção. Figura 1: Fluxo de transformação na BI.

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A base da BI considera a cadeia de valor (Figura 2) e, com o uso da Tec- Nesse processo, é necessário co-
nologia da Informação (TI), faz acontecer o fluxo esboçado na Figura 1. A letar as informações internas e ex-
cadeia de valor ou value chain teve a sua primeira abordagem por meio de ternas, considerando a organização
Porter (1985), atribuindo elementos-chaves para uma vantagem competiti- como um ser vivo e em interação
va dentro das organizações. O modelo subdivide os elementos em ativida- com outras empresas e com o mer-
des primárias, que são as essenciais para o atendimento das necessidades cado. O destino desses dados tran-
dos clientes, e atividades de apoio, que, como o próprio nome descreve, sacionais é intermediado por meio
serve para auxiliar a execução das atividades primárias. de um Extract Transform Load
Infraestrutura da empresa
((ETL) extração, transformação e
planejamento, financiamento, relações institucionais carga dos dados), que é uma siste-
ATIVIDADES DE

ADMINISTRAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS


Recrutamento, treinamento, sistema de remuneração (interno) matização de tratamento e limpeza
APOIO

DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO dos dados, porém, com a base de


Design de processos, sistemas, pesquisas
AQUISIÇÃO
conhecimento ainda precisando ser

MARGEM
VALOR
Componentes, maquinário, materiais de consumo, serviços refinada, formatada e dimensiona-
Aquilo pelo que
LOGÍSTICA
DE ENTRADA
OPERAÇÕES
(produção)
LOGÍSTICA DE MARKETING E
SAÍDA VENDAS
SERVIÇO
PÓS-VENDA
os compradores da (Figura 4).
estão dispostos
(inbound) (outbound) a pagar.
•Recebimento Transformação Distribuição Motivação e Suporte COMPLEXIDADE DAS
•Armazenagem de insumos
•Manuseio de em produto
do produto
acabado
facilitação dos
clientes para a
ao cliente,
resolução de INFORMAÇÕES DE BI
materiais
•Almoxarifado
acabado adquisição do
produto
reclamações,
assistência Outro ponto relevante que deve
•Controle de técnica
estoque ser considerado é que quanto maior
•Devoluções
o valor gerado pelas análises, maior
ATIVIDADES PRIMÁRIAS será a complexidade em obtê-las.
Figura 2: Cadeia de valor. Fonte: Adaptado de Porter (1985, apud Christopher, 2012). Veja na Figura 5 a relação entre o
valor agregado e a complexidade de
Na Figura 3, é possível visualizar a interação entre a cadeia de valor e a informações de BI.
BI, na qual algumas ferramentas de TI são utilizadas para a coleta de dados Não há dúvida de que o poder de
e transformação da informação, em que são ilustrados os sistemas Enterpri- Business Intelligence pode aumen-
se Resource Planning ((ERP) planejamento dos recursos da empresa), Cus- tar consideravelmente o valor do
tomer Relationship Management ((CRM) gestão do relacionamento com o gerenciamento da cadeia de supri-
cliente) e Supply Chain Management ((SCM) software de gerenciamento da mentos (SCM). Entretanto, tradicio-
cadeia de suprimentos), em âmbitos operacional e tático. nalmente, a integração entre o SCM
Essas informações são encaminhadas a um data warehouse (armazém e a BI não é tão fácil de se alcançar.
de dados), que concentra as informações referentes às atividades da orga- Ferramentas analíticas geralmente
nização de forma consolidada. Os softwares de BI geram informações para não são plug and play com o SCM,
a tomada de decisão. tornando complexa a integração.

BI
Plug and Play ou tec-
nologia ligar e usar foi
Data warehouse Níveis
gerencial e
criada em 1993, com o
estratégico
B2B, objetivo de fazer com que
B2C,
B2B, SCM EDI o computador reconheça
EDI e configure automatica-
Clientes e
Fornecedores CRM consumidores mente qualquer dispo-
ERP Nível
sitivo que seja instalado,
operacional facilitando a expansão
Atividades segura dos computado-
da cadeia Suprimentos Produção Logística de Vendas e Pós-venda
de valor saída marketing res e eliminando a confi-
guração manual.
Figura 3: Sistemática da BI.

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no ciclo da cadeia de suprimentos,
relacionamento com o consumidor,
entre outros fatores, que aumentam
a competitividade da empresa, fren-
te à concorrência. A BI é justamen-
te o meio de gerar a agilidade nesse
processo de informação e decisão
dentro do SCM.

Figura 4: ETL.

Ações de inteligência REFERÊNCIAS


• BEZERRA, André Luiz Batista;
Estratégico MONTEIRO, Aluisio.Vantagem
competitiva em logística empre-
Análise do macroambiente sarial baseada em tecnologia de
Tecnologia
Modelagem estatística informação.VI SEMEAD Ensaio –
Dinâmica da indústria Política Gestão Tecnológica, 2003.
Agregação de
• BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.;
Análise dos principais fornecedo- COOPER, M. B. Gestão logística
valor res e da cadeia produtiva.
Análise competitiva (o que os de cadeias de suprimentos. Porto
concorrentes estão fazendo). Alegre: Bookman, 2006.
Indicadores de desempenho dos • CHRISTOPHER, Martin. Logística
processos (custo, produtividade). e gerenciamento da cadeia de
Indicadores de commodities
(preços, m.o., ociosidade). suprimentos. São Paulo: Cengage
Indicadores macroeconômicos. Learning, 2012.
Tático
• GARTNER GROUP. Quadrante
Baixa Complexidade Alta mágico para plataformas de
inteligência de negócio e analítica.
Figura 5: Complexidade das informações de BI. Fonte: Adaptação de Corporate Strategy Connecticut USA, 2010.
Board/Análise Atman. • PIRES, S. Gestão da cadeia de supri-
mentos (Supply Chain Management):
Porém, qual a dificuldade de aplicar ou integrar a BI ao SCM? Imagine conceitos, estratégias, práticas e
quantas são as informações que circulam dentro de uma cadeia de supri- casos. São Paulo: Atlas, 2011.
mentos e considere que são originadas de fontes diferentes, como fornece- • PORTER, M. Estratégia competitiva:
técnicas para análise de indústrias
dores, produtores, vendedores, varejistas, atacadistas etc. São informações e da concorrência. Rio de Janeiro:
diversas sobre a demanda, a produção, as capacidades, os estoques, o flu- Campus, 1986.
xo de material, entre outras, que devem ser rapidamente gerenciadas para • STEPHENS, S. Supply Chain
atender um mercado cada vez mais exigente. operations reference model version
5.0: a new tool to improve Supply
Chain efficiency and achieve best
practice. Information Systems Fron-
CONSIDERAÇÕES FINAIS tiers, v. 3, n. 4, pp. 471-476, 2001.
Para as cadeias de suprimentos, a agilidade é uma das palavras-chaves, • TAYLOR, D. A. Logística na cadeia
nos dias atuais. A gestão das operações e do fluxo de informações, em toda de suprimentos: uma perspectiva
a cadeia de valor, permite avaliar os pontos fortes e fracos de fornecimento, gerencial. São Paulo: Person, 2010.
auxiliando as tomadas de decisões, que resultam na redução de custos, me-
lhoria da qualidade do produto e do serviço, ampliação de lucros, agilidade

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