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Tribunal Superior Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

29/09/2022

Número: 0600962-96.2022.6.00.0000
Classe: DIREITO DE RESPOSTA
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Superior Eleitoral
Órgão julgador: Juiz Auxiliar - Ministro Paulo de Tarso Vieira Sanseverino
Última distribuição : 06/09/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Direito de Resposta
Objeto do processo: Trata-se de Pedido de Direito de Resposta proposto pela COLIGAÇÃO PELO
BEM DO BRASIL contra a COLIGAÇÃO BRASIL DA ESPERANÇA, pelos seguintes supostos fatos:

- nos dias de 5 e 6 de setembro de 2022, durante a propaganda eleitoral gratuita da Coligação


representada, houve a veiculação de ofensas à honra e à imagem do Presidente da República Jair
Bolsonaro e de sua família, produzida mediante mecanismos sofisticados induzindo o eleitorado a
(falsa) sensação de que ele e seus filhos são agentes políticos desonestos, porquanto possuem
mais de uma centena de imóveis adquiridos no exercício de mandatos eletivos, sendo a maioria
comprada por meio de "dinheiro em espécie" ("dinheiro vivo"), de origem supostamente ilícita.

Destaca-se o seguinte texto:

"Mansão de 20 mil metros quadrados no interior de São Paulo; mansão no Rio de Janeiro; mansão
de 6 milhões em Brasília. Esses são apenas 3 dos 107 imóveis comprados pela família Bolsonaro
desde sua entrada na política.
A investigação da imprensa revelou outro escândalo: 51 desses imóveis foram pagos em dinheiro
vivo, no valor atualizado de 25 milhões. De onde vem tanto dinheiro vivo da família Bolsonaro? É
um escândalo tamanho família."

Requer-se, no presente DR, seja reconhecida a prática do ilícito e concedida a resposta, a ser
veiculada no mesmo horário e meio em que divulgadas as inserções da representada que contém o
vídeo combatido, na mesma proporcionalidade destas, por tempo não inferior a 1 (um minuto).
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
COLIGAÇÃO PELO BEM DO BRASIL (REQUERENTE) ADEMAR APARECIDO DA COSTA FILHO (ADVOGADO)
MARINA FURLAN RIBEIRO BARBOSA NETTO
(ADVOGADO)
TARCISIO VIEIRA DE CARVALHO NETO registrado(a)
civilmente como TARCISIO VIEIRA DE CARVALHO NETO
(ADVOGADO)
EDUARDO AUGUSTO VIEIRA DE CARVALHO registrado(a)
civilmente como EDUARDO AUGUSTO VIEIRA DE
CARVALHO (ADVOGADO)
MARINA ALMEIDA MORAIS (ADVOGADO)
COLIGAÇÃO BRASIL DA ESPERANÇA (REQUERIDA) MARIA EDUARDA PRAXEDES SILVA (ADVOGADO)
FERNANDA BERNARDELLI MARQUES (ADVOGADO)
GEAN CARLOS FERREIRA DE MOURA AGUIAR
(ADVOGADO)
MARCELO WINCH SCHMIDT (ADVOGADO)
ANGELO LONGO FERRARO (ADVOGADO)
MIGUEL FILIPI PIMENTEL NOVAES (ADVOGADO)
EUGENIO JOSE GUILHERME DE ARAGAO (ADVOGADO)
EDUARDA PORTELLA QUEVEDO (ADVOGADO)
VICTOR LUGAN RIZZON CHEN (ADVOGADO)
VALESKA TEIXEIRA ZANIN MARTINS (ADVOGADO)
MARIA DE LOURDES LOPES (ADVOGADO)
CRISTIANO ZANIN MARTINS (ADVOGADO)
Procurador Geral Eleitoral (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
15815 28/09/2022 21:07 Decisão Decisão
7220
index: DIREITO DE RESPOSTA (12625)-0600962-96.2022.6.00.0000-[Direito de Resposta]-
DISTRITO FEDERAL-BRASÍLIA

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

DIREITO DE RESPOSTA (12625) Nº 0600962-96.2022.6.00.0000 (PJe) - BRASÍLIA -


DISTRITO FEDERAL

Relator: Ministro Paulo de Tarso Vieira Sanseverino


Representante: Coligação Pelo Bem do Brasil
Advogados(as): Tarcisio Vieira de Carvalho Neto e outros(as)
Representada: Coligação Brasil da Esperança
Advogados(as): Cristiano Zanin Martins e outros(as)

DECISÃO

Trata-se de representação por direito de resposta ajuizada pela Coligação Pelo Bem
do Brasil em desfavor da Coligação Brasil da Esperança, por meio da qual impugna suposta
prática de desinformação em propaganda eleitoral gratuita na televisão, ao argumento de que seu
teor transmite ao público fatos inverídicos e gravemente descontextualizados de que Jair Messias
Bolsonaro, candidato à presidência da República, e sua família estariam envolvidos em
escândalo na compra de diversos imóveis com dinheiro em espécie.

A representante argumenta, em síntese, que (ID 158019100):

a) o conteúdo impugnado trata de inserção veiculada na propaganda eleitoral


gratuita da Coligação Brasil da Esperança, nos dias 5 e 6 de setembro de 2022, na qual teria sido
reproduzido “fato fortemente descontextualizado” (p. 2), em ofensa à honra e à imagem do
candidato à reeleição, assim como à de sua família;

b) em trecho do programa, o locutor narra a seguinte mensagem (p. 2): “Mansão de


20 mil metros quadrados no interior de São Paulo; mansão no Rio de Janeiro; mansão de 6
milhões em Brasília. Esses são apenas 3 dos 107 imóveis comprados pela família Bolsonaro
desde sua entrada na política. A investigação da imprensa revelou outro escândalo: 51 desses
imóveis foram pagos em dinheiro vivo, no valor atualizado de 25 milhões. De onde vem tanto
dinheiro vivo da família Bolsonaro? É um escândalo tamanho família”;

c) a referida inserção, “produzida mediante mecanismos sofisticados de indução de


pensamentos negativos sobre candidato adversário, degrada a boa imagem do Representado,
ambicionando imputar, no seio do eleitorado, de forma absolutamente descontextualizada e vil, a
(falsa) sensação de que ele e seus filhos são agentes políticos desonestos, porquanto possuem
mais de uma centena de imóveis adquiridos no exercício de mandatos eletivos, sendo a maioria
comprada por meio de ‘dinheiro em espécie’, de origem supostamente ilícita” (p. 2);

Assinado eletronicamente por: PAULO DE TARSO VIEIRA SANSEVERINO - 28/09/2022 21:07:02 Num. 158157220 - Pág. 1
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22092821070006400000156844493
Número do documento: 22092821070006400000156844493
d) é vedada a utilização de informações falsas ou descontextualizadas com o fito de
prejudicar candidato, razão pela qual a divulgação da referida propaganda eleitoral afronta o
disposto nos arts. 51, inciso IV, e 53, § 1º, da Lei das Eleições; 9º e 9º-A da Res.-TSE nº
23.610/2019;

e) de acordo com a compreensão doutrinária quanto ao assunto e também em


conformidade com a jurisprudência deste Tribunal, “a garantia da livre manifestação de
pensamento não possui caráter absoluto, afigurando-se possível a condenação por propaganda
eleitoral negativa, no caso de a mensagem divulgada ofender a honra ou a imagem do candidato,
dos partidos ou coligações, ou divulgar fatos sabidamente inverídicos (Agravo Regimental no
Recurso Especial Eleitoral nº 060027662, Acórdão, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJE de
10/05/2022)” (p. 4-5);

f) a propaganda negativa em questão parte de argumento falacioso, por meio do


qual se tenta “incutir, na mente dos eleitores, a figura de um Presidente da República desonesto,
mediante a utilização de informação falsa, gravemente descontextualizada, o que transborda (e
muito!) do campo do debate político aberto, da crítica ácida ou dos exageros de retórica” (p. 5-6);

g) a narrativa de que a compra dos imóveis teria se dado mediante “dinheiro vivo”
seria imprópria por dois motivos: primeiro porque não haveria ilicitude na compra de imóveis em
espécie e, em segundo lugar, porque no corpo da matéria da UOL que serviu de base à
veiculação se diz que os negócios foram realizados “em moeda corrente” – ou seja, pagamento
em reais – o que, todavia, é diferente de “dinheiro vivo”, que significa papel moeda ou cédulas;

h) a inserção impugnada – ao acusar o candidato Bolsonaro de ter cometido


desonestidade e corrupção passiva por meio da utilização de informação descontextualizada –
revela a prática de discurso de ódio, que é vedada pela legislação de regência e pelo
entendimento jurisprudencial desta Corte;

Ao final, com fundamento nos arts. 58 da Lei nº 9.504/1997 e 32, inciso III, da Res.-
TSE nº 23.608/2019, pede o reconhecimento do ilícito e a concessão da resposta a ser veiculada
no mesmo horário e meio em que divulgadas as inserções da representada, na mesma
proporcionalidade destas e por tempo não inferior a um minuto.

Foi apresentada contestação (ID 158041642), em que a representada,


preliminarmente, alega afronta ao art. 32, inciso III, alínea b, da Res.-TSE nº 23.608/2019 por
falta de juntada da “mídia da gravação impugnada” (p. 3).

Quanto ao mérito, defende que “a inserção impugnada se limitou a expor uma


reportagem jornalística, produzida pelo renomado portal de notícias UOL, sem qualquer
deturpação ou edição” (p. 5-6). Nesse sentido, sustenta não ter sido veiculada informação
sabidamente inverídica ou ofensiva à imagem de Jair Messias Bolsonaro.

A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pela improcedência do pedido, por


meio de parecer assim ementado (ID 158049093):

Eleições 2022. Direito de resposta. A Resolução TSE n. 23.608/2019 impõe que a


petição inicial seja acompanhada do texto da resposta pretendida, apenas nos
casos em que a ofensa ocorrer por meio da imprensa escrita. Fatos noticiados na
mídia não embasam o pedido de direito de resposta por não configurarem fato
sabidamente inverídico.

Excepcionalidade do direito de resposta. Precedentes

Assinado eletronicamente por: PAULO DE TARSO VIEIRA SANSEVERINO - 28/09/2022 21:07:02 Num. 158157220 - Pág. 2
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É o relatório. Passo a decidir.

Afasto de plano a preliminar arguida pela representada, visto que a documentação


anexada à inicial pela representante (ID 158019101) supre a exigência prevista no art. 32, inciso
III, alínea b, da Res.-TSE nº 23.608/2019.

Quanto ao mérito, a Coligação Pelo Bem do Brasil pretende a concessão do direito


de resposta em decorrência da veiculação, nos dias 5 e 6 de setembro de 2022, de propaganda
eleitoral na televisão, em que a coligação representada transmite ao público fato inverídico e
gravemente descontextualizado, de que Jair Messias Bolsonaro, candidato à presidência da
República, e sua família, estariam envolvidos em escândalo na compra de diversos imóveis com
dinheiro em espécie.

Transcrevo o teor da inserção impugnada (ID 15801900, p. 2):

Mansão de 20 mil metros quadrados no interior de São Paulo; mansão no Rio de


Janeiro; mansão de 6 milhões em Brasília. Esses são apenas 3 dos 107 imóveis
comprados pela família Bolsonaro desde sua entrada na política.

A investigação da imprensa revelou outro escândalo: 51 desses imóveis foram


pagos em dinheiro vivo, no valor atualizado de 25 milhões. De onde vem tanto
dinheiro vivo da família Bolsonaro? É um escândalo tamanho família.

Nos termos do art. 58 da Lei nº 9.504/1997, é assegurado o direito de resposta a


candidato, partido ou coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou
afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer
veículo de comunicação social.

A jurisprudência desta Corte Superior, firmada na perspectiva do referido art. 58 da


Lei nº 9.504/1997, é consolidada no sentido da natureza absolutamente excepcional da
concessão do direito de resposta, que somente se legitima, sob pena de indevido
intervencionismo judicial no livre mercado de ideias políticas e eleitorais, com comprometimento
do próprio direito de acesso à informação pelo eleitor cidadão, nas hipóteses de
fato sabidamente inverídico, ou em casos de graves ofensas pessoais, capazes de
configurarem injúria, calúnia ou difamação.

Nesse sentido, os seguintes precedentes deste Tribunal Superior: AgR-REspEl nº


0600102-42/MG, rel. Min. Alexandre de Moraes, PSESS de 27.11.2020; R-Rp nº 0600947-69/DF,
rel. Min. Carlos Horbach, PSESS de 27.9.2018; R-Rp nº 0601048-09/DF, rel. Min. Luis Felipe
Salomão, PSESS de 25.9.2018; Rp nº 0601494-12/DF, rel. designado Min. Admar Gonzaga,
PSESS de 3.10.2018.

Sobre a hipótese dos autos, destaca-se o entendimento firmado por esta Corte no
julgamento da Rp nº 0600952-52, de minha relatoria, em que apreciada controvérsia envolvendo
o mesmo material publicitário impugnado neste pedido de direito de resposta. Na
oportunidade, o plenário, por unanimidade, referendou a decisão monocrática de minha lavra, no
sentido de que a publicidade se fundamenta em matéria jornalística divulgada na imprensa,
pelo Portal UOL, na data de 30.8.2022, de modo que a sua veiculação não transmite
informação gravemente descontextualizada ou suportada por fatos sabidamente
inverídicos. Confira-se trecho do acórdão:

[...]

Assinado eletronicamente por: PAULO DE TARSO VIEIRA SANSEVERINO - 28/09/2022 21:07:02 Num. 158157220 - Pág. 3
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22092821070006400000156844493
Número do documento: 22092821070006400000156844493
Na hipótese dos autos, a propaganda impugnada apresenta imagens do candidato e
de seus filhos com o seguinte conteúdo em áudio e legenda (ID 158015131, p. 2):

Mansão de 20 mil metros quadrados no interior de São Paulo; mansão no Rio de


Janeiro; mansão de 6 milhões em Brasília. Esses são apenas 3 dos 107 imóveis
comprados pela família Bolsonaro desde sua entrada na política. A investigação
da imprensa revelou outro escândalo: 51 desses imóveis foram pagos em
dinheiro vivo, no valor atualizado de 25 milhões. De onde vem tanto dinheiro vivo
da família Bolsonaro? É um escândalo tamanho família.

Em análise superficial, típica dos provimentos cautelares, observa-se que a


publicidade questionada se baseia, conforme reconhece a própria representante (ID
158015131, fl. 7), em matéria jornalística divulgada na imprensa pelo Portal UOL, na
data de 30.8.2022, de modo que a veiculação impugnada não transmite, como
alegado, informação gravemente descontextualizada ou suportada por fatos
sabidamente inverídicos.

Sobre este último aspecto, o entendimento desta Corte é de que “fatos


sabidamente inverídicos a ensejar a ação repressiva da Justiça Eleitoral são
aqueles verificáveis de plano” (R–Rp nº 0600894–88/DF, Rel. Min. Sérgio
Banhos, PSESS de 30.8.2018, g.n.), o que não é o caso dos autos, pois a
veracidade dos fatos mencionados na propaganda impugnada não foi submetida a
apuração das esferas públicas competentes.

Dessa forma, a referência ao termo “dinheiro em espécie” se mostra, à primeira


vista, adequado à submissão ao debate público.

Com efeito, no processo eleitoral, a difusão de informações sobre os candidatos –


enquanto dirigidas a suas condutas pretéritas e na condição de homens públicos,
ainda que referentes a fato objeto de investigação, denúncia ou decisão judicial não
definitiva – e sua discussão pelos cidadãos, são essenciais para ampliar a
fiscalização que deve recair sobre as ações do aspirante a cargos políticos e
favorecer a propagação do exercício do voto consciente (AgR-REspe nº 060045-
34/SE, Rel. Min. Edson Fachin, DJe de 4.3.2022)..

Por sua vez, no que diz respeito ao uso das expressões “a imprensa revelou outro
escândalo” (ID 158015131, fl. 6) e “de onde vem tanto dinheiro vivo da família
Bolsonaro? “É um escândalo tamanho família” (ID 158015131, fl. 7), o alegado
caráter irônico e retórico não aparenta ser, à primeira vista, suficiente para
caracterizar a propaganda como inverídica ou gravemente descontextualizada, pois,
nos termos da jurisprudência desta Corte, “não devem ser caracterizados como
‘fake news’ [...] as notícias veiculadas em tom exaltado e até sensacionalista”
(RESPE nº 972-29/MG, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, DJe de 26/08/2019, g.n.).

No texto da propaganda, não se verifica, tampouco, em juízo preliminar, a existência


de imputação de crime, ofensa pessoal, ou atribuição de qualificação capaz de atrair
o ódio ao candidato, pois sua mensagem não busca atribuir-lhe “características
como a de rejeição a determinados extratos sociais, de adoção de pontos de vista
ideologicamente extremados e antidemocráticos” (REspEl nº 0600072-23/MA, Rel.
Min. Luís Roberto Barroso, Rel. designado(a) Min. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto,
DJe de 10/09/2021).

Ademais, consoante entendimento desta Corte Superior “não se podem considerar

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Número do documento: 22092821070006400000156844493
referências interpretativas como degradante e infamante. Não ultrapassado o limite
de preservação da dignidade da pessoa, é de se ter essa margem de liberdade
como atitude normal na campanha” (Rp 2409-91/DF, Rel. designada Min. Cármen
Lúcia, PSESS de 25.8.2010).

Assim, ao menos nesse juízo sumário, ausente a plausibilidade das alegações de


prática de discurso de ódio ou da presença de fatos sabidamente inverídicos ou de
grave descontextualização, não se entrevê a possibilidade da atuação repressora da
Justiça Eleitoral, o que, por sua vez, é suficiente para o indeferimento da medida
cautelar pleiteada.

Ante o exposto, indefiro o pedido de tutela provisória de urgência.

Ademais, verifica-se ainda, que a eminente Ministra Maria Claudia Bucchianeri


decidiu pela improcedência de outros dois pedidos de direito de resposta, também formulados
pela coligação ora representante e que impugnavam o mesmo material publicitário em apreço
(DR nº 0601104-03 e DR 0601123-09).

Nesse contexto, em observância ao princípio da intervenção mínima e da


preponderância da liberdade de expressão, inexistem, no caso concreto, os pressupostos
necessários à excepcionalíssima concessão do direito de resposta, visto que o teor da inserção
impugnada versa sobre fatos amplamente noticiados pela imprensa. Além disso, a matéria já
foi deliberada por esta Corte Superior, que decidiu reiteradas vezes pelo não reconhecimento do
ilícito de natureza eleitoral.

Ante todo o exposto, nos termos do art. 36, § 6º, do RITSE, julgo improcedente o
pedido.

Publique-se.

Brasília, 28 de setembro de 2022.

Ministro PAULO DE TARSO VIEIRA SANSEVERINO


Relator

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Número do documento: 22092821070006400000156844493

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