Você está na página 1de 8

Substâncias tóxicas presentes nas castanhas, amêndoas, e figos secados.

Os frutos secos e secados são fundamentais numa alimentação rica e


variada, são ricos em proteínas, fibras, gorduras insaturadas e possuem
elevados níveis de ácidos gordos essenciais, minerais e vitaminas,
principalmente as vitaminas E, A, B1 e B2.
Para avaliar a segurança dos alimentos e assegurar os interesses dos
consumidores, a ASAE elabora um plano de controlo dos géneros
alimentícios que se apresentam colocados no mercado retalhista, ou seja,
colocados à venda ao consumidor final. Este plano de controlo (Plano
Nacional de Colheita de Amostras (PNCA)), é um plano elaborado com
base no risco, tendo em conta o risco associado aos géneros alimentícios, a
taxa de incumprimento dos anos anteriores e a capacidade da ASAE na
deteção do perigo.
O que são frutos secos e frutos secados
A água é constituinte fundamental de todos os alimentos. No entanto, no
que diz respeito à segurança alimentar e conservação dos mesmos, a água
pode ser um problema.
De facto, no que concerne à preservação dos alimentos, os aspetos mais
importantes para a preservação dos géneros alimentícios são a temperatura,
atividade da água (Aw), pH, potencial de redução, conservantes e a
competição de microorganismos.
Para a indústria alimentar, mais importante que a quantidade de água
presente num alimento, é a atividade que esta exerce. Na verdade, a
atividade da água pode estar relacionada com a quantidade, mas em certa
medida, é independente. A atividade da água, uma propriedade
termodinâmica, é definida pelo equilíbrio da humidade relativa do ar que
envolve o sistema à mesma temperatura, isto é, o rácio entre a pressão do
vapor de água de um alimento e a pressão do vapor de água destilada da
atmosfera em contacto com o alimento. Uma das formas se reduzir o Aw é
através da adição de um soluto. Tradicionalmente, obtém-se esta redução
com a adição de açúcar na formulação de doces e compotas ou na salga do
bacalhau e presunto.
Os frutos secos são os frutos que, na natureza, aparecem com uma baixa
percentagem de água, nos quais se incluem os amendoins e os frutos de
casca rija, como a noz, a amêndoa, a castanha e a avelã. Por outro lado, os
frutos secados são frutos carnudos que posteriormente, por intervenção
do homem, é-lhes retirada a maioria da água apresentando características
organoléticas interessantes e diferentes à sua natureza. Nestes incluem-se
por exemplo as tâmaras secas e as passas de uvas. Estes frutos, quer sejam
secos ou secados, por possuírem um baixo Aw, conservam-se durante mais
tempo que uma fruta convencional, no entanto não estão livres de
contaminação química e microbiológica. Os alimentos com um reduzido
Aw, são mais resistentes à contaminação da maioria dos microrganismos,
no entanto alguns fungos, por necessitarem de uma menor quantidade de
água, podem encontrar um substrato ideal para se multiplicarem livre de
competição. De facto, a indústria alimentar conjuga diferentes efeitos
conservadores, sendo o (Aw) um dos mais importantes, baixando-se para
níveis inferiores a 0.8 para aumentar a longevidade dos produtos.
Frutos Secos e secados, panorama nacional
Olhando para a produção nacional de frutos secos, segundo os dados do
INE, produz-se em Portugal cerca de 38.000 toneladas de frutos secos por
ano, correspondentes apenas à produção de amêndoa, avelã, castanha e noz.
Já em relação aos hábitos de consumo de frutos secos e secados, cada
Português consome em média 4,1Kg de frutos secos por ano e 0,9Kg de
frutos secados por ano.

Quais os perigos associados aos frutos secos e frutos secados


De uma forma global, os perigos com maior representatividade no grupo
dos frutos secos e frutos secados são as micotoxinas. Estas toxinas são
produzidas por fungos e podem-se realçar dois importantes subgrupos: as
aflatoxinas e ocratoxinas.

 Aflatoxinas

As toxinas mais importantes para este grupo de géneros alimentícios são as


aflatoxinas, produzidas por três espécies de Aspergillus, A. lavus e A.
parasiticus e A. nominus. Estas toxinas são um problema global e devem
ser encaradas não só como uma toxina “per si”, mas também como um
carcinogénio. Na verdade, as aflatoxinas são ubiquitárias e a sua evicção
total é difícil. A ingestão destas toxinas, em grandes quantidades num curto
espaço de tempo, tem uma série de efeitos tóxicos, começando por efeitos
agudos no fígado. Por outro lado, sabe-se que a ingestão de pequenas
quantidades, prolongada no tempo, através de géneros alimentícios
contaminados, tem efeitos carcinogénicos.

 Ocratoxinas

As ocratoxinas são produzidas por fungos tais como: Penicillium


Verrucosum, Aspergillus ochraceus e, ocasionalmente, pela espécie
Aspergillus niger. A ocratoxina A é a principal micotoxina deste grupo e a
única com interesse do ponto de vista da segurança alimentar. Os efeitos do
Aw e da temperatura são os principais fatores a ter em conta no controlo do
desenvolvimento destes fungos e da consequente formação da Ocratoxina
A, o que torna evidente o controlo exigível aos operadores económicos na
produção, manipulação, transporte e armazenagem dos géneros
alimentícios. Do ponto de vista da segurança alimentar, a IARC,
(International Agency for Research on Cancer), classificou a Ocratoxina A
como um possível carcinogénio. Além disso, sabe-se que esta toxina tem
efeitos nefrotóxicos, hepatotóxicos, teratogénicos, imunotoxicos e ainda é
responsável pela Nefropatia Endémica dos Balcãs. Com o nível atual dos
conhecimentos científicos e técnicos, e apesar dos melhoramentos
introduzidos nas técnicas de produção e de armazenagem, não é possível
impedir completamente o desenvolvimento destes
bolores. Consequentemente, as micotoxinas não podem ser inteiramente
eliminadas dos alimentos através de qualquer tratamento térmico e/ou outro
tratamento e foram por isso fixados limites tão baixos quanto
razoavelmente possíveis (Regulamento (CE) 1881/2006).
Resultados PNCA entre 2013 e 2015 – Grupo dos frutos secos e secados
No âmbito do Plano de controlo dos géneros alimentícios (PNCA), foram
colhidas entre 2013 e 2015, para ensaios laboratoriais, 305 amostras neste
grupo de géneros alimentícios, sendo que a repartição das colheitas pelos
diversos grupos, em termos de número e de percentagem, encontra-se
esquematizada na tabela 1 e gráfico 1 seguinte.

Tabela 1 – Número de amostras colhidas por ano e por subgrupo


Gráfico 1 – Número e percentagem de amostras colhidas por subgrupo
Atendendo às suas características naturais e por isso ao risco associado, nas
amostras colhidas neste grupo de géneros alimentícios foi principalmente
pesquisada a presença de micotoxinas, nomeadamente de Aflatoxinas e
Ocratoxina A. Contudo, em 2013 e na sequência de alertas RASFF, que
destacavam a presença de perigos microbiológicos neste grupo de géneros
alimentícios, foram colhidas amostras de frutos secos e secados para
análises microbiológicas, nomeadamente para pesquisa de Salmonella em
25g e contagem de Listéria monocytogenes por grama. Neste contexto, nos
anos de 2013 a 2015 foram efetuadas 343 determinações nas 305 amostras
colhidas, de acordo com a distribuição indicada na tabela 2 e gráfico 2.

Tabela 2 – Tipo e número de determinações efetuadas por ano no grupo de


frutos secos e secados
Gráfico 2 – Tipo e número de determinações efetuadas por ano no grupo de
frutos secos e secados.
Como apresentado no gráfico 3, no total de 305 amostras colhidas neste
grupo de géneros alimentícios, 12 amostras apresentaram-se não
conformes, o que corresponde a 4% de não conformidades neste grupo.

Gráfico 3 – Percentagem de amostras não conformes entre 2013 e 2015 no


Grupo dos frutos secos e secados
Em 2013 foram detetadas duas amostras de figos secados com um teor de
Aflatoxinas muito superior ao teor máximo estabelecido no Regulamento
CE n.º1881/2006, que fixa os teores máximos de certos contaminantes
presentes nos géneros alimentícios.
Foi ainda detetada, com teor de Aflatoxina superior ao legalmente fixado, 1
amostra de fruto secado (figo).
Tabela 3 – Número de amostras conformes e não conformes por ano no
grupo de frutos secos e secados.

Tabela 4 – Número e tipo de amostras conformes e não conformes por ano


no grupo de frutos secos e secados
Uma curiosidade sobre as amêndoas amargas …
Investigadores encontraram a diferença genética entre as amêndoas
silvestres amargas e as doces domesticadas.

Descreveram a sequenciação do genoma da amêndoa e compararam


secções em variedades amargas e doces até encontrarem a sequência que
era diferente.

As amêndoas ocupam um lugar na dieta humana há milhares de anos, antes


mesmo de serem cultivadas e adoçadas. Passagens na Bíblia, por exemplo,
observam a amargura da amêndoa.

A maioria das amêndoas produzidas hoje é naturalmente saborosa e segura


para se comer. Naquela época, porém, muitas eram amargas e venenosas.
Mesmo hoje, consumir 50 – ou menos – amêndoas amargas e selvagens
pode matar um adulto e apenas um punhado contém cianeto suficiente para
ser letal para uma criança.
Eventualmente, porém, a menção foi feita nos primeiros escritos de
criadores gregos inserindo pedaços de pinheiro nos troncos de
amendoeiras, resultando em frutas mais doces. Acredita-se agora que isto
causou stress às árvores, impedindo-as de produzir amigdalina – a toxina
responsável pelo sabor amargo. Nesse novo esforço, os cientistas
procuraram descobrir as diferenças genéticas entre amêndoas amargas e
doces.

O trabalho da equipa envolveu o sequenciamento do genoma da amêndoa e


o estudo das diferenças entre as variedades para determinar que parte do
genoma era responsável pela produção da amigdalina. Os investigadores
acabaram por estudar e comparar as diferentes variedades ao longo de dois
anos.

Eventualmente, encontraram o que estavam à procura: uma proteína


chamada bHLH2. Descobriram que, em amendoeiras silvestres, o bHLH2
liga-se a dois genes, instigando a produção de amigdalina. Em variedades
domésticas doces, existe uma mutação da bHLH2 que não consegue ligar-
se aos genes, por isso, a produção de amigdalina não ocorre.

“Amêndoas silvestres são amargas e letais, mesmo em pequenas


quantidades, por causa dessa amigdalina “, disse o co-autor do estudo,
Stefano Pavan, professor de genética agrícola e melhoramento de plantas
na Universidade de Bari.

Hoje, muitas pessoas nunca ouviram falar de amêndoas venenosas, muito


menos de encontrar uma em estado selvagem – embora algumas pessoas
ainda comam amêndoas amargas em pequenas doses. Na Tunísia, por
exemplo, as pessoas ainda fazem xarope de orgeat com amêndoas amargas.
Produzir e vender amêndoas é um grande negócio. Estatísticas recentes
mostram que apenas a Califórnia exportou aproximadamente 1.06 mil
milhões de quilogramas no ano passado. Os cientistas acreditam que as
suas descobertas ajudarão os produtores de amêndoas a tornarem-se mais
eficientes.

Atualmente, a natureza às vezes interfere nos esforços de cultivo humano,


permitindo que algumas amendoeiras cresçam com a versão selvagem de
bHLH2 – mas os agricultores não são capazes de identificá-las até que
produzam frutos. Agora, podem testá-las assim que surgirem para
identificar aquelas que eventualmente produzirão amêndoas amargas.
As amêndoas amargas são usadas para fazer óleo de amêndoas que é
utilizado como agente de condimento para alimentos e licores como o
Amaretto. De outra forma não são comestíveis pois contêm naturalmente
substâncias tóxicas como o ácido hidrociânico. Estes componentes são
removidos quando se fabrica o óleo de amêndoas.
Apesar de calóricas, as amêndoas são ótimos alimentos desintoxicantes
porque são ricas em fibras e vitamina E. Segundo um estudo publicado no
Journal of the National Cancer Institute, pesquisadores encontraram uma
correlação negativa entre a ingestão de vitamina E e o risco de cancro do
fígado.

Fonte (ASAE): www.asae.pt

Você também pode gostar