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com/2018)
017 (/REVISTA/017.HTM)
A torta, no entanto, possui compostos tóxicos/ antinutricionais, que devem ser bem
conhecidos, tanto para questões de segurança quanto para que processos de
destruição dos mesmos possam ser desenvolvidos.
Compostos tóxicos e seus efeitos
Diversos estudos com animais, ruminantes (bovinos e caprinos) ou não
(camundongos, ratos, frangos, peixes, humanos), demonstraram que as sementes
são tóxicas e dependendo da dose podem levar os animais à morte. [1,2,8] O quadro
clínico-patológico pode envolver diarréia, dispnéia, desidratação, hemorragia no
rúmen, pulmões, rins e coração, congestão e edema pulmonares, associados com
alguns achados patológicos.
Em geral, as intoxicações não são graves (não levam a óbito), ocorrem devido à
ingestão de sementes, e os sintomas são relacionados com irritação gastrointestinal
devido à inflamação aguda provocada pelo pinhão-manso. A sintomatologia inicia-
se após a ingestão de pelo menos duas ou três sementes, com ardência na garganta
entre 30 minutos a uma hora após a ingestão, vômitos acentuados, dor abdominal
intensa, seguida de diarréia importante (algumas vezes com sangue), levando a
quadro severo de desidratação, o que pode acarretar espasmos musculares,
distúrbios respiratórios e hipotensão. Em casos mais raros, de intoxicação severa,
ocorrem efeitos no sistema nervoso central (como o coma) e lesão renal. Não existe
antídoto para a intoxicação, sendo recomendada lavagem estomacal caso o
tratamento se dê logo após a ingestão. A hidratação deve ser enérgica e precoce, e
outras medidas de suporte costumam ser eficientes (como uso de antieméticos e
antiespasmódicos), sendo que a alta se dá em torno de 48 horas. Deve-se estar
atento, pois a sintomatologia clínica – vômito, diarréia e miose (constrição da
pupila) – poderia ser confundida com intoxicação por organofosforados, de
ocorrência alta em áreas rurais. [6]
Estes e outros efeitos vêm sendo relacionados à presença nos grãos de dois fatores:
a curcina e ésteres de forbol.
Não é possível destruir o éster de forbol por tratamento térmico, nem tampouco
alterar o teor de fitato, mas os componentes protéicos podem ser desnaturados por
um tratamento térmico adequado. [12]
Simone Mendonça
Embrapa Agroenergia, Brasília (DF)
simone.mendonca@embrapa.br (mailto:simone.mendonca@embrapa.br)
Agradecimentos
À Sra. Heloísa Rey Farza, da Gerencia Geral de Toxicologia da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Brasília/DF), pelos dados disponibilizados. A PAC-Embrapa e
CNPq pelo financiamento da pesquisa.
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