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Introdução: a substituição por acordes de mesmo trítono é uma das formas mais antigas e comuns usadas na troca de acordes dentro
da cadência harmônica em músicas como o Jazz e a Bossa Nova. Ela traz como resultado a inclusão de notas que não pertencem ao
campo harmônico oferecendo inúmeras alternativas na elaboração do trecho musical.
O Trítono (intervalo de 3 tons): é um dos intervalos mais importantes dentro da música tonal ocidental, pois, cria contraste e
movimento, faz oposição a estabilidade fornecida pelo grau tônico. O trítono divide a oitava, que possui 6 tons, em duas partes iguais de
3 tons. E se repete a cada 3 tons, ou seja, a cada trítono de distância.
Tonalidade: vários fatores contribuem para a formação e determinação do conceito de tonalidade. Vou explicar dentro da tonalidade de
Dó Maior.
Tônica: vai ser a nota referência, ela cria o parâmetro inicial, o ponto de partida – Nota Dó.
Escala: fornece as outras notas, além da tônica – Dó Maior (C D E F G A B). A escala é composta de 7 intervalos, todos medidos a
partir da nota de referência, o Dó.
Segunda Maior – Dó + 1 tom = Ré.
C | F | G7 | C
T | SD | D | T
Ciclo Tonal
O terceiro acorde (G7) é o ápice provocado pela tensão do trítono, quer ser resolvido.
O quarto acorde (C) é o retorno ao ponto de partida, o fechamento do ciclo tonal, a volta ao repouso.
Historicamente, a aceitação do trítono e da sua resolução foram determinantes para a consolidação da ideia tonal. Escutamos o trítono e
entendemos prontamente o caminho que será tomado, como a dissonância será resolvida. Esse conceito está tão implantado que
mesmo no acorde de tríade (G), onde a ausência da sétima (F) dissolve o trítono, escutamos a tensão, criamos a expectativa.
Cadencia C | F | G | C (audio)
É usando essa lógica que fazemos a substituição do acorde de trítono por outro que tenha, na sua estrutura, o mesmo trítono.
Como o trítono se mantém a cada 3 tons, ao deslocar o acorde de G7 3 tons acima ou abaixo mantemos o mesmo trítono, mas o acorde
muda para Db7.
Muda para
Pelas regras da harmonia tradicional evita-se fazer um movimento de vozes chamado “Quintas paralelas”. Isso acontece quando existe
um intervalo de quinta justa entre duas vozes de um acorde e esse intervalo se mantém nas mesmas vozes do acorde seguinte.
No acorde de Db7 existe um intervalo de quinta justa entre o baixo (corda 5, nota Db) e a nota seguinte (corda 4, nota Ab) que se
mantém no acorde de C7M (C – G). Essa regra passou a ser ignorada na harmonia funcional, mas é comum encontrar a versão desse
acorde substituto sem a quinta, com uma décima primeira aumentada (nota G – lembrança do acorde de G7) para corrigir o problema.
Solução para as quintas paralelas
Condução das vozes: é sempre interessante observar de que forma as notas vão ser dispostas dentro do acorde para criar uma
melodia que ajude a justificar a substituição. Os acordes substitutos possuem notas que muitas vezes não fazem parte do campo
harmônico da cadência, mas que se dispostas de maneira correta soam como cromatismo ou aproximações cromáticas. Note esse tipo
de condução nos exemplos abaixo.
Substituição 2: pelo Grau 7 do Campo Harmônico. Vimos anteriormente que a distribuição da função de dominante dentro do campo
harmônico maior ou menor está associada a presença do trítono da escala dentro da estrutura do acorde. Como o Bm7(b5) tem o
mesmo trítono de G7 ele pode ser um substituto.
Deslocando o Bm7(b5) 3 tons acima mantemos o trítono mas o acorde muda para Fm7(b5), que é o próximo acorde substituto.
Substituição 3: a inversão do acorde de Bm7(b5) é o acorde de Dm6, eles possuem as mesmas 4 notas.
Bm7(b5) tem as notas (B D F A) e o acorde de Dm6 tem as notas (D F A B), só mudam a ordem. Então o acorde de Dm6 pode ser
usado para substituir o Bm7(b5) e por consequência para substituir o G7.
Deslocando o Dm6 3 tons acima mantemos o trítono mas o acorde muda para Abm6, que é o proximo acorde substituto.
Substituição 4: uma variação do acorde de Bm7(b5) é o acorde de Bo, eles possuem 3 notas em comum…
O acorde de Bm7(b5) tem as notas (B D F A) e o acorde de Bo tem as notas (B D F Ab). O trítono é o mesmo nos dois acordes, por
consequência podemos usar o Bo como substituto de G7.
Ciclo dos diminutos: o acorde diminuto é um acorde simétrico, ou seja, a distância entre suas notas é sempre a mesma, 1 ½ tom. Ele
pode ser encarado como a soma de 2 trítonos.
A cada 1 ½ tom de deslocamento no braço da guitarra o acorde diminuto é o mesmo, suas notas só mudam de disposição dentro da
estrutura do acorde.
Bo (B D F Ab)
Na prática, só existem 3 acordes diminutos que se repetem a cada 1 ½ tom no braço da guitarra:
Bo = Do = Fo = Abo (G#o)
Relação de proximidade entre T7 e To: podemos encarar o acorde diminuto como um acorde de sétima da dominante (b9) sem a
tônica.
G7(b9) vai ter as notas (G B D F Ab), tirando a tônica Sol fica (B D F Ab) = Bo = Do = Fo = Abo
2 – Se o baixo está tocando a nota Sol, podemos tocar apenas o complemento do acorde (Bo, Do, Fo ou Abo) e a soma resultará no
G7(b9). Podemos inclusive alternar entre os diminutos, seja no formato harmônico (acorde) ou melódico (arpejo), que a harmonia se
mantém.
Formação: C7 – C E G Bb
Então C7 pode ser substituído por Gb7, Gb7(#11), Em7(b5), Eo, Bbm7(b5), Bbo, Gm6, Go, Dbm6, Dbo.
Formação: A7 – A C# E G
Então, A7 pode ser substituído por Eb7, Eb7(#11), C#m7(b5), C#o, Gm7(b5), Go, Em6, Eo, Bbm6, Bbo.