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CONTRAPONTO

Por SOUZA, Nilton. em ETA/UFAL

Contraponto a duas vozes

Regras: adicionamos uma segunda melodia, mais grave ou mais aguda ao CF (cantus firmus – melodia
base); São cinco as espécies de contraponto a duas vozes; São usados apenas os sons naturais da escala
diatônica; A distância máxima entre as vozes deve ser de 10ª; O CF deve ser iniciado e finalizado pela
tônica; a penúltima nota do CF deve sair do acorde de V ou VII grau; deve-se evitar o trítono (intervalo
de 4ª aum.); evitar saltos na mesma direção e o salto dissonante composto; evitar a repetição de sons;
evitar a repetição de grupos de sons; evita arpejos; evitar o cruzamento de vozes;

Movimentos das vozes:


Paralelo: as vozes se movimentam na mesma direção
Contrário: as vozes se movimentam em direções diferentes
Obliquo: uma das voes continua na mesma direção enquanto a outra faz um movimento divergente.

Intervalos:
Consonância Perfeita (CP): uníssono; 5ª e 8ª.
Consonância Imperfeita (CI): 3ª e 6ª.
Dissonância (D): 2ª, 4ª e 7ª.

Deve-se evitar:
5ª e 8ª paralela: quando as vozes se movimentam paralelamente em intervalos de 5ª ou de 8ª.
5ª e 8ª oculta: quando as vozes são precedidas de qualquer outro intervalo por movimento paralelo.
5ª e 8ª intermitente: quando as vozes encadeiam uma CP com qualquer outro intervalo que conduza, por
movimento contrário, a outra CP.

Contraponto de 1º Espécie:
Regra: para cada som do C.F. adicionamos um som consonante.
Não pode usar dissonância; deve-se iniciar o contraponto (voz contraposta ao CF) com uns., 5ª e 8ª; o uns.
deve ser evitado durante o exercício; evitar a repetição continua do mesmo intervalo;

Contraponto de 2ª Espécie:
Regra: para cada som do C.F., adicionamos dois sons na voz superior ou inferior.
Seguimos as regras de acentuação dos compassos: 4/4 = F f mf f; 3/4= F f f; 2/4= F f .
Nos tempos fortes (F) só colocamos sons consonantes (uns, 5ª, 8ª, 3ª e 6ª); nos tempos fracos (f) sons
consonantes e dissonantes (2ª, 4ª e 7ª); a dissonância deve aparecer como nota de passagem (NP)1;
começar o contraponto no tempo fraco (f) do 1º compasso usando uns, 3ª, 5ª e 8ª quando realizado na voz
aguda; e 8ª quando o contraponto for realizado na voz grave.
Evitar: repetição de intervalos de 5ª e 8ª nos tempos fortes;

Contraponto de 3ª espécie:
Regra: para cada som do C.F. adicionamos quatro sons na voz superior ou inferior.
As consonâncias podem ser usadas nos tempos fortes (F) e fracos (f); as dissonâncias podem ser usadas
apenas nos tempos fracos (f); podemos usar a cambiata2; na cambiata é possivel que o som dissonante se
localize nos tempos fortes do compasso;
Evitar: que na cambiata o 1º e último som sejam iguais; evitar o intervalo de 5ª dim na finalização da
cambiata; evitar o uso da cambiata em compasso 3/4 e 6/4;

Cantraponto de 4ª espécie:

1
Nota de passagem (NP) acontece quando um som dissonante aparece entre dois sons consonantes numa distancia de
terça e na mesma direção melódica.
2
A cambiata é uma sequencia de cinco notas que deve começar nos tempos fortes do compasso e conter pelo menos 3
consonancias e 2 dissonancia na sequancia. Apenas o 1ª e último son deve ser consonante. A cambiata apresenta duas
formas: ascendente: 2ª-3ª-2ª-2ª, a última nota resulta em 2ª acima do 1º som da fórmula; descendente: 2ª-3ª-2ª- 2ª, a
última nota resulta em 2ª abaixo do 1º som da fórmula.
Regra: para cada som do C.F. é contraposto um som sincopado na mesma duração. Esse som começa no
tempo fraco do compasso e se prolonga até o tempo forte do compasso seguinte.

Segue as regras anteriores. O tempo forte pode conter uma consonância, mas, é preferível a dissonância
introduzindo a formula de suspensão melódica: preparação (P), suspensão (S) e resolução (R).
Formula de Suspensão Melódica: O intervalo de Preparação deve ser uma consonância em relação ao
C.F. Este deve ser prolongado até o tempo forte do compasso seguinte, quando a mudança de som do C.F
provoca um novo intervalo; o intervalo de Suspensão, uma dissonância, deve ser resolvido (Resolução)
em um intervalo consonante, completando a formula.
Dicas de resolução: Quando o tempo forte apresentar uma consonância pode prosseguir por grau
conjunto ou com saltos consonantes; evitar o paralelismo entre as vozes; há a possibilidade de
combinação com a 2ª espécie; quando usar o compasso ternário deve-se usar a combinação da 3ª com a 4ª
espécie;
Resoluções possíveis com o C.F. V/VII – I/VIII no penúltimo e último compasso:
Contraponto na voz superior Contraponto na voz inferior
10 – 6 – 8 2–3–8
4 – 10 – 8 5–6–8
7–6–1 3 – 10 – 8
X–2–1 2–3–1
X–4–3 4–3–1
X–7–6 5–3–1
X–9–8 4–5–8

Contraponto de 5ª espécie:
Regra: podem ser usadas semibreves, mínimas, semínimas e colcheias. Ela é uma combinação das
espécies anteriores. O ritmo desenvolve um papel fundamental dessa forma a melhor combinação rítmica
das figuras apresenta sons de menor duração somente após os sons de maior duração; a organização
rítmica da melodia precisa se equilibrar alternando sons longos e curtos.
Dicas: seguindo a formula de suspensão melódica adota-se agora uma variação, a resolução interrompida:
coloca-se um som (consonante) intermediário entre a dissonância e a nota de resolução. O salto melódico
da nota intermediária não deve ultrapassar uma 5ª.
O som intermediário pode se desdobrar em duas colcheias, sendo que a dissonância deve ocorrer apenas
na segunda colcheia. As colcheias dever ser colocadas apenas nos tempos fracos com deslocamento por
grau conjunto. É preferível iniciar o contraponto em 5ª espécie como na 2ª, 3ª e 4ª espécie. As resoluções
seguem o padrão da 2º e 3º espécies.

Fontes consultadas:
TRAGTENBERG, Livio. Contraponto: uma arte de compor. 2ª ed. São Paulo: EDUSP, 2002.
SCHOENBERG, Arnold. Exercícios preliminares em contraponto. Leonardo Stein (ed.).
Tradução de Eduardo Seicman. SãoPaulo: Via Lettera, 2001.
____________________. Fundamentos da composição musical. Tradução de Eduardo Seicman.
3ª Ed. . São Paulo: EDUSP, 2008.

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