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Nesta aula, nós vamos falar um pouco de harmonia, uma vertente chamada Substituição de Acordes. Vamos
entender o conceito e a aplicação prática com exemplos em audio.
Introdução: a substituição de acordes é uma ferramenta da harmonia funcional que trabalha com a
rearmonização de trechos musicais usando a lógica da função harmônica, da formação dos acordes e da troca de
sensação, trazendo uma cor diferente a música. É através dela que imprimimos personalidade em uma
interpretação ou buscamos novas possibilidades na cadência harmônica.
Função harmônica: cada acorde dentro de uma cadência harmônica desempenha uma função vital para o
funcionamento do trecho musical, ou não seria escolhido. Essa função está diretamente relacionada com a
sensação que transmite, o que o acorde impõe. De forma genérica podemos separar essas funções em 3
categorias abrangentes…
Acorde Subdominante - passa sensação de movimento, se afasta do repouso, tem tensão intermediária.
C | F | G7 | F
O primeiro acorde é C7M (C E G B), tem estrutura estável e passa a ser referência quando relacionado com os
demais acordes. É o ponto de partida, traz sensação de repouso, marco inicial. Acorde Tônico.
O segundo acorde é F7M (F A C E), tem estrutura estável. Como o primeiro acorde definiu a referência, ao tocar
esse acorde de F7M o nosso ouvido entende a relação como afastamento do repouso, afastamento da referência,
movimento. A música começou a andar. Acorde Subdominante.
O terceiro acorde é G7 (G B D F), é instável, tenso. Dentro da sua estrutura duas notas entram em conflito, o Si e o
Fá. Existe entre elas 3 tons de distância (trítono), que é um intervalo dissonante. Nosso ouvido precisa da
resolução dessa tensão, precisa que ela caminhe para o repouso. Acorde Dominante.
O quarto acorde é C7M, a nossa referência inicial. Quando ele reaparece resolvemos a tensão do trítono e
voltamos ao ponto de partida, fechamos o ciclo, repousamos. Acorde Tônico.
Campo Harmônico Maior: Para entender como classificar a função dos acordes vamos analisar a cadência do
exemplo anterior.
Escala de Dó Maior (C D E F G A B)
Acorde de G7: Possui as notas (G B D F). A tensão foi provocada pelo trítono entre F e B. A nota B existe dentro do
nosso acorde de repouso, o C7M, então é a nota F que cria distanciamento. Podemos dizer que todos os acordes
do campo harmônico que possuem esse trítono são dominantes.
Acorde de F7M: Possui as notas (F A C E). Como ela tem a nota F na estrutura, que já foi definida como nota de
afastamento do repouso, mas não possui o B, consideramos esse acorde como subdominante, de tensão
intermediária.
Acorde de C7M: Possui as notas (C E G B), são as notas referência. Como elas são o ponto de partida na
cadência, não imprimem tensão. Todos os acordes que tem a nota F ausente na estrutura podem ser
enquadrados como tônicos.
Então:
Acordes tônicos - aqueles que não tem a quarta justa da escala (F).
Acordes subdominantes - aqueles que possuem a quarta justa (F) mas não tem a sétima da escala (B).
Acordes dominantes - aqueles que tem o trítono: quarta e sétima da escala (F e B).
Campo Harmônico Menor: Usa a mesma lógica do campo harmônico maior, mas a nota de distanciamento do
repouso é a sexta menor da escala (que é a quarta na relativa maior).
Acordes subdominantes - aqueles que possuem a sexta menor da escala, mas não o trítono (4-7).
Então nos Campos Harmônicos de Dó menor natural, harmônico e melódico fica assim…
Grau 1 – Cm7 (C Eb G Bb), Cm7M (C Eb G B), Cm6 (C Eb G A) – não tem Láb, então são Tônicos.
Dm7 (D F A C) – Na prática o acorde de Dm7 da melódica não tem função dentro do campo harmônico, pois
possui A ao invés de Ab. Em alguns casos pode ser chamado de subdominante, mas é incomum, pois a cadência
SUB-DOM-T onde o SUB é menor normalmente resolve num acorde maior. Ex: Dm7-G7-C, raramente resolve no
menor: Dm7-G7-Cm. Então como o primeiro grau da melódica é um acorde menor, considera-se esse segundo
como sem função dentro do campo harmônico, ele é usado quando a cadência vai para Dó maior.
Grau 3 – Eb7M (Eb G Bb D), Eb7M(#5) (Eb G B D) – não tem Láb, então são Tônicos.
F7 (F A C Eb) – O acorde de F7 tem a nota A ao invés de Ab, então não é sub do campo, mas subdominante blues.
Grau 5 – Gm7 (G Bb D F) em Dó menor – não tem função tonal, tem função modal.
G7 (G B D F) em Cm harmônico e melódico – tem o trítono entre a quarta e sétima, então são dominantes.
Quando o tom é Dó menor tonal, modifica-se o acorde de quinto grau Gm7 para G7.
Grau 6 – Ab7M (Ab C Eb G) – tem o Láb, então é subdominante.
O acorde de Am7(b5) não tem a nota Láb, então é tônico. Ele na verdade é uma inversão do primeiro grau com a
nota característica da escala melódica. Cm6 (C Eb G A).
Grau 7 – Bb7 (Bb D F Ab), Bo (B D F Ab) – tem o Láb, então são subdominantes. Vamos ver adiante que esse
acorde de Bo pode ser visto também como dominante pois substitui o G7.
Substituição Tipo 1 - É a troca do acorde por outro que desempenhe a mesma função dentro do campo
harmônico.
ou…
ou…
Tensões disponíveis por grau do campo harmônico: Cada acorde dentro de cada campo harmônico pode ser feito
de inúmeras maneiras, com suspensão, baixo trocado, notas de tensão, com ou sem sétima. Essas possibilidades
podem ser encontradas na tabela abaixo:
Acorde de Empréstimo Modal (AEM): Vem da escala homônima (mesmo nome). Numa música em Dó maior são
acordes que vem de Dó menor e vice-versa. São acordes com função subdominante que mantém a função na
troca da tonalidade homônima.
Cadência 1: Tom de Dó maior - C | G | F | F
C | G | F | Fm (AEM)
ou ainda C | G | Ab | Bb
e assim por diante. É preciso tomar cuidado quando rearmonizar com o AEM para não chocar com a melodia.
Existe também uma alternativa que é mudar a melodia para enquadrar na nova harmonia.
C | G | Ab | Bb
Elaborando as cadências:
T | D | SD | SD – C | G | F | F
Algumas sugestões…
Toco guitarra e violão a 25 anos e atuo profissionalmente a 20 anos. Toquei em bandas de vários ...leia mais »
COMENTÁRIOS ( 48 )
fabio
24/10/2016 11:22
Olá Denis. tenho uma dificuldade em entender um caso particular da música do queen " A Kind Of Magic". Minha
dúvida é que o guitarrista usou uma progressão de acordes onde a 6ª é maior. O tom da musica é Ré, e ela começa
pela 5ª(Lá) e logo vai para a 6ª(Si). Será um tipo de empréstimo modal?..obg
Marina
29/06/2016 11:48
Oi Denis, encontrar os campos harmônicos disponíveis é fácil e me sinto muito agradecida por isso também, mas
encontrar tão detalhado assim me surpreendeu. Me esclareceu muito mesmo e foi grande a ajuda. Obrigada amigo
da música e pessoa iluminada.
Renato
26/11/2015 14:12
blz de aula .
Alexandre
16/10/2015 21:58
E aí,Denis!Tudo bem?
Me tira uma dúvida,por favor: Estou tocando uma música em C e lá no meio tem o acorde B7.O que esse acorde
representa no campo harmônico de C,já que não faz parte do tom de A que é relativo e do tom de Eb que tem o C
como relativo?
Hailton
03/02/2016 18:40
Alexandre esse B7 é uma dominante secundária e logo pode observar que em sua música deve ter vindo o
acorde de Em. Ou, de repente, poderia aparecer outra dominante até que se feche o ciclo e o acorde resolva as
tensões. Recomento ler novamente pra entender.
Hailton
03/02/2016 18:40
Alexandre esse B7 é uma dominante secundária e logo pode observar que em sua música deve ter vindo o
acorde de Em. Ou, de repente, poderia aparecer outra dominante até que se feche o ciclo e o acorde resolva as
tensões. Recomento ler novamente pra entender.
Hailton
03/02/2016 18:41
Alexandre esse B7 é uma dominante secundária e logo pode observar que em sua música deve ter vindo o
acorde de Em. Ou, de repente, poderia aparecer outra dominante até que se feche o ciclo e o acorde resolva as
tensões. Recomento ler novamente pra entender.
felipeleitor
29/07/2015 22:23
Estou em busca de uma lista de possíveis acordes com função de subdominante na tonalidade de C que não F e
Dm...
Rômulo
09/06/2015 15:05
Muito doido....
PauloBentes
13/03/2015 08:58
Caro Deniswarren, observei que lá na primeira sequência de acordes: C | F | G7 | F, não seria C | F | G7 | C? Desculpe, eu
sou iniciante e gostaria de tirar essa dúvida. Grato. Paulo
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