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VII Conferencia Brasileira sobre Estabilidade de Encostas

COBRAE 2017 - 2 a 4 Novembro


Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
© ABMS, 2017

Análise das Condições de Ruptura de um Talude Rodoviário:


Estudo de Caso na BR-101/BA
Camilla Maria Torres Pinto
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, Brasil, c.camillamaria@gmail.com

Mario Sergio de Souza Almeida


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, Brasil, mario.almeida@ufrb.edu.br

RESUMO: Este trabalho apresenta uma análise investigativa das condições de ruptura de um talude
rodoviário da BR-101/BA. A investigação consistiu em análises probabilísticas acerca da
estabilidade do talude, retroanálises, e variação do nível do lençol freático. O talude localiza-se no
Km 199, Cachoeira-BA, e sofreu uma ruptura na década de 1990, cujo grande volume de solo
deslocado permanece no local, obstruindo parte do acostamento da via. Foram realizados ensaios de
caracterização e de resistência ao cisalhamento, dos quais foram obtidos os parâmetros necessários
para as análises de estabilidade no software Slope/W. Por meio dos testes de cisalhamento
realizados, o de compressão triaxial, em triplicata, e o de cisalhamento direto, com as tensões
confinantes de 50, 100 e 200 kPa, foram obtidos os parâmetros de resistência do solo. Dentre as
cinco análises probabilísticas realizadas, em quatro análises isoladas, a probabilidade de ruptura do
talude foi muito baixa e, em alguns casos, tendendo a zero, além de apresentar um Fator de
Segurança maior que a unidade. No entanto, ao adicionar o lençol freático no topo do talude, a
quinta abordagem probabilística caracterizou a ruptura por um Fator de Segurança = 0,908, além de
apresentar Probabilidade de Ruptura = 89%. Para a primeira retroanálise realizada, encontrou-se o
par coesão e ângulo de atrito correspondendo a 63% do valor referência encontrado nos ensaios, e
para a segunda retroanálise, foi encontrada uma coesão de 1,00 kPa para o ângulo de atrito de 29°,
mantido constante. Ao considerar um nível de confiança de 95%, os parâmetros obtidos pela
segunda retroanálise estão próximo ao limite mínimo deste intervalo estatístico, apresentando tal
possibilidade de ruptura.

PALAVRAS-CHAVE: Establidade de Taludes, Condições de Ruptura, Análise Probabilística.

1 INTRODUÇÃO coeficiente ao longo de todo o maciço. Neste


contexto, nas últimas décadas, surgiu a análise
A ruptura de encostas e taludes é um problema probabilística da estabilidade de taludes, a qual
recorrente no mundo inteiro e de grande objetiva quantificar essas incertezas por meio
complexidade para a Engenharia Civil. A de parâmetros estatísticos como a probabilidade
heterogeneidade e anisotropia dos solos de ruptura e o índice de confiabilidade.
corroboram para essa situação. Para a análise da Segundo Gerscovich (2012), os estudos
estabilidade de taludes são utilizados em larga de estabilidade também se aplicam na análise de
escala os métodos determinísticos, em taludes já rompidos, pois fornecem informações
particular, o método do equilíbrio-limite, pela relevantes sobre os parâmetros de resistência
facilidade e aplicabilidade. Tais métodos têm dos materiais envolvidos e auxiliam no
sua representação vinculada a um fator de estabelecimento de medidas corretivas. Assim,
segurança como único indicador da estabilidade os parâmetros necessários para atingir a ruptura
de um talude, negligenciando as diversas podem ser calculados na retroanálise e
variações do solo, bem como a variação deste

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comparados com os parâmetros de resistência Retirada de Amostras Deformadas e
atribuídos no projeto original. Indeformadas.
Este trabalho buscar analisar as Definiu-se o local de coleta como sendo
condições de ruptura de um talude rodoviário, a crista de ruptura do talude, para ambas as
utilizando técnicas probabilísticas, variação de amostras. Devido à altura considerável entre a
lençol freático e retroanálises. crista e a plataforma da BR-101.
Conforme a quantidade necessária de
material para os ensaios de resistência ao
2 MATERIAL E MÉTODOS cisalhamento, realizados em triplicata, foram
coletadas duas amostras indeformadas de
2.1 Área de Estudo dimensões 30x30x30 cm, especificadas pela
Norma técnica.
Para o presente estudo utilizou-se um talude de A Figura 2 ilustra o processo de coleta
corte localizado às margens da BR-101, Km da amostra indeformada de solo.
199, próximo à cidade de Cachoeira-BA. Esse
talude passou por um processo de ruptura na
década de 1990, onde uma expressiva massa de
solo se deslocou, obstruindo parte do
acostamento da via, conforme pode ser
identificado através da Figura 1.

Figura 2. Processo de coleta da amostra indeformada.


Figura 1. Talude localizado às margens da BR-101/BA e
Massa de Solo Deslocada.
2.2 Ensaios de Caracterização do Solo
2.1.1 Geometria do Talude
Os ensaios de caracterização do solo foram
A geometria do talude, para posterior simulação realizados a partir da amostra deformada de
da estabilidade, foi levantada topograficamente solo, coletada em campo. A preparação da
a partir da determinação da geometria do talude amostra para ensaios de caracterização foi
pré-ruptura. Utilizou-se o equipamento Estação realizada seguindo-se as exigências da ABNT
Total Leica, modelo TC407, com precisão NBR 6457 – Amostras de Solo – Preparação
angular de 1” e precisão linear de 1 mm. Para para Ensaios de Compactação e Ensaios de
isso, tomou-se como referência a geometria da Caracterização.
parte intacta do maciço, ao lado da ruptura. Realizou-se a granulometria conjunta
conforme as orientações e exigências da NBR
2.1.2 Coletas de Amostras de Solo 7181/ABNT–1984 – Solo – Análise
Granulométrica, a qual viabilizou combinar
As coletas de amostras deformadas e sedimentação e peneiramento, ilustrados na
indeformadas de solo foram realizadas de Figura 3, e obter a curva granulométrica
acordo com a ABNT NBR 9604/86 – Abertura conjunta do solo.
de Poço e Trincheira de Inspeção em Solo, com

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Figura 3. Ensaio de Granulometria Conjunta.

Os ensaios referentes aos limites de


consistência do solo foram capazes de Figura 4. Corpos de Prova Utilizados em Ensaio Triaxial.
determinar os limites de liquidez e plasticidade,
realizados segundo as orientações e exigências 2.3.2 Ensaios de Cisalhamento Direto
das NBR 6459/ABNT-1984 e
NBR7180/ABNT–1984, respectivamente. Neste ensaio foram talhados três corpos de
Realizou-se também o ensaio de Massa prova em molde prismático, correspondentes às
Específica dos Sólidos, conforme a NBR tensões normais aplicadas de 50, 100, e 200
6508/ABNT–1984. kPa. Similarmente ao ensaio triaxial, ocorreu de
forma drenada e em triplicata, e foi executado
2.3 Ensaios de Resistência ao Cisalhamento para a determinação dos parâmetros de
do Solo resistência ao cisalhamento do solo, a partir da
envoltória gerada. Esses ensaios serviram como
2.3.1 Ensaios Triaxiais base de comparação com os resultados dos
ensaios triaxiais.
Os ensaios triaxiais realizados foram do tipo
CD – Consolidado Drenado em corpos de prova 2.4 Tratamento Estatístico dos Ensaios
(CPs) talhados das amostras indeformadas e Triaxiais
levados à saturação. Foram aplicadas tensões de
confinamento de 50, 100 e 200 kPa. Os ensaios O tratamento estatístico ocorreu de acordo com
triaxiais foram realizados em triplicata, ou seja, o procedimento adotado por Almeida et al.
para cada tensão de confinamento adotada (2016) e Galo (2017). Consistiu na construção
foram realizados três ensaios, totalizando nove de envoltórias de Mohr e ajuste da melhor reta
corpos de prova. pelo Método dos Mínimos Quadrados (MMQ)
A Figura 4 ilustra os corpos de prova em para obtenção dos valores de coesão (c’) e
preparação para o ensaio triaxial. ângulo de atrito (’), utilizando-se os resultados
dos ensaios triaxiais realizados para as tensões
de confinamento adotadas, ou seja, de 50, 100 e
200 kPa.
Os valores de resistência obtidos foram
utilizados no ajuste da envoltória média de
resistência e na obtenção do desvio padrão dos
valores em torno do valor ajustado. Desta forma
foi possível obter, para um nível de confiança
de 95%, uma região provável de resistência ao
cisalhamento do solo.

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2.5 Análises da Estabilidade do Talude Aplicou-se por fim, a envoltória com
intervalo de 95% de confiança, a fim de analisar
Para as análises de estabilidade do talude foi se o par de parâmetros encontrados na condição
utilizado o software Slope/W, pertencente ao de ruptura do talude estaria contido.
pacote de análises Geotécnicas da GeoStudio. O
programa conta com um módulo de análise
probabilística baseada no método de Monte 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Carlo, o que permitiu o desenvolvimento de tal
abordagem. 3.1 Geometria do Talude
Foram realizadas cinco abordagens
probabilísticas, cruzando as diversas Os dados obtidos, a partir do levantamento
possibilidades a partir dos ensaios realizados e topográfico, apresentaram a altura de 39,14 m e
das médias e desvios gerados em relação aos comprimento 96,47 m. A Figura 5 expõe a
parâmetros de resistência do solo: ângulo de existência de diversas banquetas no talude.
atrito e coesão. Para o peso específico, utilizou-
se a média de todos os corpos de prova.
Abordagens probabilísticas: I – média
dos ensaios triaxiais; II – média entre os ensaios
triaxiais e de cisalhamento direto; III –
envoltória contendo os nove ensaios triaxiais
realizados; IV – combinação dos nove ensaios
triaxiais realizados, agrupando os de três em
três, por tensão de confinamento, totalizando
dezoito envoltórias; V – mesmos parâmetros de Figura 5. Geometria do Talude Rodoviário.
resistência da análise III, considerando o lençol
3.2 Caracterização Geotécnica
freático no topo do talude.
Para a retroanálise, foram considerados
Os resultados dos ensaios de caracterização,
como parâmetros estatísticos de partida, os
incluindo, granulometria conjunta, limites de
resultados de coesão e ângulo de atrito da
consistência, massa específica dos sólidos,
terceira abordagem, na qual a envoltória de
massa específica natural, além do índice de
tensões engloba os nove ensaios realizados.
vazios e porosidade, obtidos para o solo na
Considerou-se que, estatisticamente, essa
condição de campo, estão sumarizados nas
configuração é a mais representativa e confiável
Tabelas 1 e 2.
dentre todas.
A retroanálise ocorreu para duas Tabela 1. Granulometria e Limites de Consistência.
situações distintas, uma considerando a Granulometria Limites de
variação em ambos os parâmetros de resistência
– coesão e ângulo de atrito –, e a outra (%) consistência (%)
considerando apenas a coesão variando. Ambas Areia Silte Argila WL WP IP
as situações almejaram encontrar o par de 63 5 32 50 24 26
valores inerentes à situação de ruptura, na qual
o fator de segurança é considerado unitário. Tabela 2. Índices Físicos do Solo.
Na primeira retroanálise, os parâmetros s NAT
de resistência foram reduzidos de forma e n
(kN/ m³) (kN/ m³)
constante, em intervalos de 10% dos valores
18,1  0,43 0,30
originais estabelecidos. Já na segunda, a coesão
foi reduzida em intervalos de 5 kPa e
posteriormente 1 kPa, até atingidr a ruptura
(Fator de Segurança = 1,00), para um ângulo de
atrito constante.

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De acordo com os resultados preliminarmente, sua pequena variação, quando
apresentados na Tabela 1, e conforme a comparado à coesão.
avaliação realizada tátil visualmente, no
momento da coleta, onde classificou-se
previamente o solo que compõe o talude como
de predominância arenosa, é possível observar
que essa constatação foi confirmada, onde cerca
de 37% das partículas que o constituem são
passantes na peneira #200 e, portanto,
aproximadamente 63% é composto de
partículas grossas. Entretanto, a fração fina do
solo é representativa. Além disso, o IP superior
a 15% permite classificar o solo como de alta
plasticidade.
Figura 7. Envoltória 1 de resistência ao cisalhamento.
3.3 Resistência ao Cisalhamento

3.3.1 Ensaios de Compressão Triaxial

A Figura 6 apresenta três CPs ensaiados, após a


finalização dos ensaios triaxiais. Assim como
na fase de preparação do ensaio, foi possível
observar a grande heterogeneidade do solo
também nas amostras rompidas. É possível
observar, também, o plano de cisalhamento em
cada amostra.
Verificou-se esse comportamento em
todos os ensaios de compressão triaxial Figura 8. Envoltória 2 de resistência ao cisalhamento.
realizados.

Figura 6. Corpos de Prova – Envoltória 1. Figura 9. Envoltória 3 de resistência ao cisalhamento.

Analisando-se as envoltórias geradas, a 3.3.2 Ensaios de Cisalhamento Direto


partir das Figuras de 7 a 9, pelos ensaios
triaxiais em triplicata, percebe-se que há grande A envoltória de resistência cisalhamento do
variação da coesão, oscilando entre 15,7 e 43,6 solo, apresentada na Figura 10, obtida do ensaio
kPa, o que corrobora para a heterogeneidade de cisalhamento direto, revela um valor de
verificada do material que compõe o talude. No coesão inferior aos três obtidos nos ensaios
entanto, ao analisar-se o ângulo de atrito das triaxiais. Em relação ao ângulo de atrito,
diferentes envoltórias, nota-se, entretanto, essa variação é menos pronunciada.

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Contudo, não é possível afirmar que essa
diferenciação c
aracteriza um comportamento do solo, visto que
foi realizado apenas um ensaio de cisalhamento
direto, ao passo que o ensaio triaxial foi
realizado em triplicata.

Figura 12. Superfície de Ruptura e FS para Análise I.

Figura 10. Envoltória de Resistência ao Cisalhamento do


Solo – Ensaio de Cisalhamento Direto.

3.4 Análises de Estabilidade do Talude

Com a geometria do talude implantada no


software Slope/W, representada pela Figura 12,
o maciço foi definido para as análises do
presente trabalho, de acordo com os respectivos
valores de coesão e ângulo de atrito.
Para a Análise I – Ensaios Triaxiais com
Três Envoltórias de Resistência ao
Cisalhamento, o fator de segurança médio
Figura 13. Fator de Segurança x Probabilidade de Ruptra
(FSmed) encontrado e apresentado na Figura
– Análise I.
12, é superior à unidade. Por se tratar de uma
análise probabilística, a obtenção de um FSmed A Tabela 3 apresenta para as Análises
superior a 1,0 não é suficiente para concluir de I a IV, além do FSmed, os fatores de
sobre a estabilidade do maciço, uma vez que, segurança mínimo e máximo (FSmin e FSmax),
além do Fator de Segurança, a Probabilidade de o desvio padrão do fator de segurança (Ϭ FS) e
Ruptura (PR) também é um parâmetro o coeficiente de variação de FS (CV).
significativo para ser analisado. Dessa forma, a Observa-se, através da Tabela 3, a não
Figura 13, chamada de função densidade de caracterização da ruptura do talude para as
probabilidade, sendo um dos vários resultados abordagens mencionadas, tanto em relação ao
ofertados pelo Slope/W, representa a variação Fator de Segurança, quanto em relação à
do FS do talude em função da probabilidade de Probabilidade de Ruptura.
ruptura que, em outras palavras, significa a Percebe-se ainda, que a Análise II –
probabilidade do FS ser menor que a unidade. Ensaios Triaxiais e de Cisalhamento Direto,
apresenta a maior PR, uma vez que seu
Coeficiente de Variação também é maior,
corroborando para a importância da análise
probabilística e demonstrando a influência da
variação do FS ao longo do maciço.

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Tabela 3. Resultados das Análises de I a IV. parâmetros fornecidos pela análise
Anális FS FS FS
Ϭ FS
CV PR probabilística.
e min max med (%) (%)
0,27 16,0
I 0,709 2,753 1,711 0,45
5 7
II 0,361 2,998 1,688 0,35 21,2 3
9 7
III 1,205 2,099 1,658 0,12 7,24 -

IV 0,713 2,506 1,712 0,22 13,1 0,2


5 4

Já a Análise V considerou, além da


análise estatística dos parâmetros de resistência
do solo, a simulação do lençol freático no topo
do talude. Foram utilizados coesão (c’) = 20,4
kPa e ângulo de atrito (φ’) = 29º, parâmetros
estatísticos definidos na análise III, por
considera-los, em função do tratamento Figura 15. Fator de Segurança x Probabilidade de Ruptra
estatístico dado pelo método dos mínimos – Análise V.
quadrados, os mais confiáveis para caracterizar
a resistência ao cisalhamento do solo. Tabela 4. Resultados da Análise V.
Nesta abordagem, foi obtido um FS
FS FS CV PR
menor que a unidade, indicando a ruptura do FS med Ϭ FS
ANÁLISE min max (%) (%)
talude para esta condição. Além disso, obteve- V 0,07
se ainda uma Probabilidade de Ruptura do 0,591 1,22 0,908 8,04 89,0
3
talude de 89%, isto é, há 89% de chance do
Fator de Segurança ser menor que a unidade, Para as retroanálises também foram
mesmo que em algum ponto do maciço esta utilizados os parâmetros estatísticos da coesão e
variável seja superior a 1,00. A Figura 14 ilustra ângulo de atrito definidos na Análise III.
o rompimento do talude e o FS que caracteriza A primeira retroanálise variou ambos os
tal processo. parâmetros de existência, reduzindo-os em
intervalos de 10%. O resultado está disposto na
Tabela 5, o qual corresponde à coesão de 12,88
kPa e ângulo de atrito de 18,26º, isto é, com
63% dos valores iniciais atingiu-se a ruptura do
talude.

Tabela 5. Resultado da Retroanálise I.


RETROANÁLISE I
Redução c' (kPa) φ' (°) FS
0% 20,4 29 1,658
10% 18,41 26,08 1,473
20% 16,36 23,18 1,295
30% 14,32 20,29 1,122
35% 13,29 18,84 1,038
36% 13,09 18,55 1,021
37% 12,88 18,26 1,004
Figura 14. Superfície de Ruptura e FS para Análise V. 38% 12,68 17,97 0,975
40% 12,27 17,39 0,954
A Figura 15 mostra o gráfico de
Probabilidade de Ruptura e a Tabela 4 traz os A partir dos ensaios de resistência ao
cisalhamento e da pouca variação do ângulo de

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atrito observada entre os mesmo, foi realizada a 4 CONCLUSÕES
Retroanálise II, mantendo-o constante. Dessa
forma, obteve-se Fator de Segurança unitário, As análises probabilísticas realizadas
indicando a ruptura, apenas com a variação da permitiram concluir que, para as condições
coesão, conforme a Tabela 6. naturais do solo, há baixa probabilidade de
Percebeu-se que, para o ângulo de atrito ruptura. No entanto, a análise probabilística
constante, a ruptura só ocorreria para uma realizada com a inserção do lençol freático no
coesão igual a 1 kPa, próxima a uma coesão topo do talude, indica que a ruptura pode ter
nula. No entanto, a nulidade da coesão sido ocasionada em um período intenso de
caractezaria uma ruptura plana e não circular, precipitações.
como de fato, observou-se em campo. Conclui-se que a instabilidade do
maciço apresenta maior relação com o nível de
Tabela 6. Resultado da Retroanálise II. água no solo do que com a geometria, de fato.
RETROANÁLISE II Destaca-se que os valores fornecidos
c' (kPa) φ' (°) FS pelos ensaios de laboratório sofreram influência
20,4 29 1,658 significativa do solo variegado.
15,4 29 1,544
10,4 29 1,429
5,45 29 1,316 REFERÊNCIAS
1,45 29 1,027
1,25 29 1,017 ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
1,15 29 1,012 (1984) Solo – Análise granulométrica. (NBR-7181).
1,00 29 1,004 ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
(1984) Solo – Determinação do limite de liquidez.
(NBR-6459).
Considerando-se um nível de confiança ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
(NC) de 95%, foram calculadas as resistências (1984) Solo – Grãos de solos que passam na peneira
ao cisalhamento do solo, considerando que sua 4,8 mm - Determinação da massa específica . (NBR-
variação ocorre apenas na coesão. Desta forma, 6508).
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
buscou-se, com este tratamento, observar se os (1984) Solo – Determinação do limite de
parâmetros encontrados na retroanálise II estão plasticidade. (NBR-7180).
contidos neste intervalo. Almeida, M. S. S., Machado, S. L, Andrade, H. M. C.,
Comparando-se a envoltória de ruptura Cerqueira, R. C. V., Prado, T. M. B. (2016) Aplicação
do solo, obtida na retroanálise II, com a faixa de de Conceitos Probabilísticos na Análise da
Estabilidade de Taludes em Solos Não Saturados, In:
resistência ao cisalhamento, é possível observar, COBRAMSEG, 2016, Belo Horizonte, Anais, 8p.
na Figura 19, que a mesma encontra-se muito Galo, D. B. (2005) Análise Semiprobabilística de
próxima do limite inferior estabelecido com NC Estabilidade Aplicada à Análise de Riscos em
de 95%, o qual é estabelecido por média ± Barragens de Rejeitos – Um Estudo de Caso,
1,96Ϭ. Dissertação de Mestrado, Mestrado em Engenharia
Ambiental e Urbana da Escola Politécnica,
Universidade Federal da Bahia, 126 p.
Gerscovich, D. (2012) Estabilidade de Taludes, Oficina
de Textos, São Paulo, 149 p.

Figura 19. Gráfico de Resistência ao Cisalhamento para


NC = 95%.

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