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Olá, Bom dia a todas!

Gostaria de agradecer a presença de todas aqui hoje nesse momento


importante do meu percurso acadêmico.

Meu trabalho é sobre O PAPEL DA INSTRUÇÃO IMPLÍCITA NO PROCESSO


DE ENSINO/APRENDIZAGEM DE L2.

Primeiramente irei falar sobre a fundamentação teórica e em seguida o


percurso metodológico da pesquisa.

A Fundamentação teórica esta divida em três seções: a primeira consiste em


apresentar um embasamento teórico sobre o papel da instrução no
aprendizado de segunda língua (L2), a segunda seção consiste em apresentar
os conceitos de instrução implícita e explícita; como esses conceitos foram
abordados nos estudos ao longo dos anos, assim como, os problemas
metodológicos que surgiram em alguns estudos; e por fim, a terceira seção
consiste em apresentar uma descrição sobre o que é atenção, e como esse
construto poderia estar relacionado com os tipos de instrução durante o
aprendizado de L2.

O papel da instrução no aprendizado de L2

Estudos da área de Aquisição de Segunda Língua buscam compreender qual é


o papel da instrução na aprendizagem de segunda Língua (L2).

De acordo com Crookes e Chaudron (2001), a essência do ensino de segunda


língua em sala de aula encontra-se na natureza da instrução e na interação
entre professores e alunos.
- Essa reflexão mostra a importância da instrução, pois seria a base para um
ambiente facilitador do aprendizado de L2.

Há uma certa dificuldade em se obter uma definição clara sobre o termo


instrução, pois vários estudos adotam esse termo com diferentes significados
(Spada, 1997).
No entanto, Ellis (2005) e Housen e Pierrard (2005), trouxeram definições
consideradas apropriadas para esse estudo.
Para Ellis (2005), instrução é uma tentativa de intervir no desenvolvimento da
interlinguagem, que é um sistema de transição criado pelo aprendiz, ao longo
de seu processo de assimilação de uma língua estrangeira (LE/L2). Ou seja, a
instrução é uma tentativa de auxiliar o aprendiz no desenvolvimento da sua da
interlinguagem (SELINKER, 1972).
Para Housen e Pierrard (2005), a instrução é “qualquer tentativa sistemática de
possibilitar ou facilitar a aprendizagem de uma língua, manipulando
mecanismos de aprendizagem e/ou as condições sob as quais estes ocorrem”2
(p. 2, tradução minha).

Sendo assim, o termo instrução refere-se a uma intervenção pedagógica, que


busca facilitar ao processo aprendizagem de L2.
Em 1983, houve um marco importante para os estudos sobre instrução, quando
Long questionou em seu estudo se a instrução faz ou não diferença no
aprendizado de L2.
De acordo com o autor, após ele revisar alguns estudos sobre o tratamento
instrucional, ele sugere que a instrução faz diferença no aprendizado de L2.

Ellis (1984), em seu estudo sobre o aprendizado de WH-questions por crianças


através da instrução, mostra que os participantes não foram capazes de reter a
estrutura gramatical. Esse resultado foi avaliado por Long, em 1987, onde ele
aponta que a escolha da estrutura gramatical não coincidiu com o estágio de
desenvolvimento linguístico dos participantes, e isso pode ter contribuído para
um resultado desfavorável para a instrução.

Esse mesmo estudo de Long, onde ele reconsidera a questão sobre a eficácia
da instrução, ele revisa alguns estudos levando em conta os quatro domínios
operacionalizados de aquisição de segunda língua (processos de ASL; rota de
ASL; taxa de ASL; nível de obtenção final de L2) *colocar no slide o que é cada
um

Sendo assim, Long conclui em seu estudo que a instrução traz benefícios para
o processo de aprendizagem de L2.

1990 – os estudos sobre instrução se voltaram para investigar qual tipo de


instrução é mais benéfica para o aprendizado de L2. No entanto, no início, os
estudos eram superficiais, o que gerava resultados não conclusivos sobre qual
tipo de instrução traz mais benefícios para o aprendizado de L2.

Assim, Norris e Ortega (2000) publicaram uma metanálise que tinha como
objetivo fornecer uma síntese sobre o estado da arte das pesquisas
experimentais e quase-experimentais, e fornecer um resumo quantitativo dos
resultados dessas pesquisas. A princípio foram identificados 250 estudos, no
entanto, apenas 49 apresentaram dados estatísticos suficientes para uma
análise mais conclusiva.

O estudo buscou responder duas principais questões: 1 – Quão eficaz é a


instrução de L2? 2 – Qual é a eficácia relativa de diferentes tipos de instrução
de L2?

O resultado dessa metanálise indicaram que os efeitos da instrução são


duráveis, baseado na análise dos testes posteriores à instrução, que
favoreciam os grupos que recebiam a instrução. E também os resultados
indicaram uma vantagem dos tratamentos do tipo explícito sobre os
tratamentos do tipo implícito.

Doughty (2008) aponta, baseada nessa metanálise que apesar do aumento do


número de pesquisas e a melhora na operação das variáveis, o estado de
pesquisas e a melhora na operação das variáveis, o estado das pesquisas em
geral sobre instrução de L2 e seus resultados ainda estão longe do que é
considerado realmente confiável.
INSTRUÇÃO IMPLÍCITA E EXPLÍCITA

Rod Ellis (2009) traz uma clara definição sobre os tipos de instrução.

Ele começa categorizando a instrução em termos de intervenção direta e


indireta.

A intervenção direta consiste em especificar previamente o que os aprendizes


devem aprender.
A intervenção indireta consiste em criar condições para que o aprendiz possa
aprender através de experiências comunicativas.

Há uma certa relação entre as definições de intervenção direta e indireta com


as definições de instrução implícita e explícita.

A intervenção indireta é por natureza implícita, pois o foco da atenção do


aprendiz se encontra apenas no significado, já a intervenção direta pode
constituir dos dois tipos de instrução.

Sendo assim, a instrução implícita é uma instrução que proporciona ao


aprendiz
inferir sobre as regras sem ter consciência dessas regras em momento algum,
e
a instrução explícita é uma instrução onde as regras são apresentadas de
forma
que o aprendiz tenha consciência delas (DEKEYSER, 2008; DOUGHTY, 2008;
ELLIS, 2005, 2009).

*FIGURA 1 – TIPOS DE INSTRUÇÃO DE L2

*FIGURA 2 – FORMAS IMPLÍCITA E EXPLÍCITA DE INSTRUÇÃO


Explicar a figura 1 ligando com a figura 2

Os conceitos de instrução implícita e explícita também se convergem com as


definições apresentadas por Long (1991) sobre instruções focada na forma.
Long (ibidem) propõe três definições que distingue como a atenção dos
aprendizes às formas é direcionada. São elas: Focus on Forms; Focus on
Form; Focus on Meaning. De acordo com o autor, Focus on Forms consiste no
ensino de pontos gramaticais de acordo com um currículo sintético, e Focus on
Form consiste em atrair a atenção do aprendiz para elementos linguísticos
conforme eles vão ocorrendo acidentalmente durante as aulas, cujo foco é no
significado ou comunicação. Por fim, Focus on Meaning consiste em uma
abordagem onde não há nenhuma tentativa de manipular a atenção do
aprendiz para as formas linguísticas (LONG, ibidem).

Assim, de acordo com a metanálise de Norris e Ortega (2000), não houve


diferença significativa no resultado da análise que investigou Focus on Form e
Focus on Forms.
Por fim, os autores observaram uma ordem dos tipos instrucionais, partindo do
mais eficiente para o menos eficiente
FOCUS ON FORM EXPLÍCITA > FOCUS ON FORMS EXPLÍCITA > FOCUS
ON FORM IMPLÍCITA > FOCUS ON FORMS IMPLÍCITA

Então assim vemos que a instrução explícita possui uma certa vantagem sobre
a instrução implícita quando verificamos qual é a mais benéfica para o
aprendizado de L2

No entanto, Por outro lado, em alguns estudos a instrução implícita se mostrou


ser mais eficiente.

Khamesipour (2015) investigou os efeitos da instrução implícita e explícita no


aprendizado de vocabulário.
De acordo com o autor, os resultados obtidos do pós-teste imediato aplicado
após a instrução implícita foram melhores que os resultados do pós-teste
imediato aplicado após a instrução explícita.
Assim, os resultados desse estudo sugerem que os participantes que
receberam a instrução implícita foram capazes de reter o conhecimento do
vocabulário trabalhado, indicando, que, para o aprendizado de vocabulário, a
instrução implícita se mostrou mais benéfica.

Andrews (2007), investigou o efeito das instruções, implícita e explícita, de


estruturas gramaticais complexas e simples no aprendizado de L2. Os
resultados de Andrews (ibidem) mostraram que não houve diferença
significativa entre os tratamentos para os grupos que receberam a instrução da
regra simples, mas houve diferença significativa entre os tratamentos para os
grupos que receberam a instrução da regra complexa, sendo a explícita mais
efetiva para a última

Com base no resultado desses estudos (ANDREWS, 2007; KHAMESIPOUR,


2015), a instrução implícita se mostra ser mais benéfica para alguns aspectos
do ensino de L2, como o ensino de vocabulário, e para algumas regras
gramaticais, como o ensino de regra simples (por exemplo, concordância
verbal).

Nazari (2013) buscou investigar os efeitos da instrução implícita e explícita na


habilidade dos aprendizes de aprender gramática e usar de forma apropriada
na escrita.
Os resultados mostraram que o grupo de participantes que recebeu a instrução
explícita obteve uma melhor performance nos testes do que o grupo de
participantes que recebeu a instrução implícita. No entanto, para o autor, o tipo
de teste de verificação do aprendizado pode ter contribuído para que o grupo
que recebeu a instrução explícita obtivesse melhores indicativos, pois uma
parte contextualizada do teste de gramática e o teste de escrita, onde os
participantes tinham que escrever sentenças usando a estrutura alvo
trabalhada nas instruções, eram testes de produção de escrita e exigiam que
os alunos se referissem às regras que aprenderam (NAZARI, ibidem)

Os resultados de Nazari (ibidem) mostram que o tipo de testes usados para


verificar o aprendizado dos participantes contribuiu para um resultado onde a
instrução explícita é mais benéfica para o aprendizado de L2. Sendo assim,
Nazari (ibidem) argumenta que a escolha da estrutura gramatical (presente
perfect) e o tipo de teste de verificação de conhecimento podem ter contribuído
para o resultado de seu estudo apontar uma vantagem da instrução explícita
sobre a implícita.

Asaei e Rezvani (2015) investigaram os efeitos da instrução implícita e explícita


no aprendizado de colocações e seu uso na escrita
Os resultados mostraram que para o ensino de colocações, tanto a instrução
implícita quanto a instrução explícita trazem benefícios para o aprendizado. Ou
seja, não houve nenhuma diferença significativa entre o grupo que recebeu a
instrução implícita e o grupo que recebeu a instrução explícita

Norris e Ortega (2000), em sua metanálise, mostram que há uma certa


vantagem da instrução explícita sobre a instrução implícita em estudos que
buscam investigar os efeitos dessas duas instruções no aprendizado de L2. No
entanto, ao analisar a metodologia utilizada nesses estudos, muitos
pesquisadores (DOUGHTY, 2008; DEKEYSER, 2008; ELLIS, 2009; NORRIS;
ORTEGA, 2000) identificaram alguns problemas metodológicos, como por
exemplo, testes de verificação do aprendizado que podem ter favorecido a
instrução explícita.

PROBLEMAS METODOLÓGICOS EM ESTUDOS SOBRE TIPOS DE


INSTRUÇÃO DE L2

Alguns autores (DEKEYSER 2008; ELLIS, 2009; NORRIS; ORTEGA, 2000)


apontam que há problemas metodológicos em estudos que comparam os dois
tipos de instrução, implícita e explícita, para poder determinar qual se sobressai
dentro de um determinado contexto.

Norris e ortega – tipos de testes – 4 testes

De acordo com Ellis (2009), os três primeiros tipos de testes acima, sugeridos
por Norris e Ortega (2000), “provavelmente permitirão que os alunos utilizem
seu conhecimento explícito das estruturas-alvo e, portanto, podem ser
pensados para favorecer a instrução explícita12” (p. 20, tradução minha).

Na metanálise de Norris e Ortega (2000), apenas 16% dos estudos analisados


incluíram testes do tipo (4), resposta livre construída na produção da L2, e a
análise desses estudos indicou uma certa vantagem da instrução implícita
sobre a explícita. Portanto, os estudos que incluíram testes do tipo resposta
livre construída obtiveram resultados a favor da instrução implícita ser mais
eficaz para o aprendizado de L2, pelo fato de que esses testes são capazes de
verificar se o aprendiz foi capaz de reter a estrutura linguística através da
instrução implícita.

Segundo Schmidt (1990), o termo awareness se refere à uma consciência


explícita do aprendiz de L2, a qual apresenta três níveis diferentes de atenção,
os quais são:
- percepção – o primeiro nível de atenção, se refere à organização mental e à
capacidade de criar representações internas de eventos externos e pode
ocorrer tanto de forma consciente como de forma inconsciente.
- noticing – que se refere a um registro consciente do aprendiz a aspectos
específicos da língua.
-compreensão - que possui um alto nível de consciência, que se refere ao
momento onde o aprendiz começa a racionalizar, explicitamente, sobre as
estruturas linguísticas, como por exemplo, entender o uso de estruturas
gramaticais.

Como visto acima, awareness se refere ao nível de atenção do aprendiz.


Conforme Schmidt (2001), atenção não se refere a um mecanismo apenas,
mas a uma variedade de mecanismos ou subsistemas, que incluem estado de
alerta, orientação e detecção.
- estado de alerta - refere-se a quando uma informação de alta prioridade é
detectada, fazendo com que o aprendiz mantenha um estado de vigilância.
- orientação - refere-se ao momento onde o recurso atencional do aprendiz fica
comprometido a estímulos sensoriais
- detecção – refere-se ao registro cognitivo do estímulo que é uma condição
necessária e suficiente para um aprendizado mais profundo.

Schmidt (2012) aponta que memória, habilidades (por exemplo, falar uma
língua), rotinas, aprendizagem e conhecimento são, amplamente, e talvez
exclusivamente, um efeito colateral do processo atencional. Logo, a atenção
possui um papel importante para o aprendizado de L2 e serve como base para
esse processo. Para Schmidt (2001), a atenção é necessária para vários
aspectos da aprendizagem de L2.

Leow (2001), em um estudo qualitativo e quantitativo feito para investigar o


papel da consciência no sistema atencional humano e seus efeitos no
comportamento de L2, aponta que pelo menos três níveis de atenção –
percepção, noticing, e compreensão – puderam ser identificados e medidos
quando aprendizes de L2 notaram uma forma morfológica enquanto
completavam uma tarefa de resolver problemas.
Ou seja, aqueles que demonstraram alto nível de atenção obtiveram uma
performance melhor do que aqueles que demonstraram níveis mais baixos de
atenção.

Além disso, os resultados desse estudo (LEOW, ibidem) contribuem para a


argumento de Schimdt (2001, 2012), de que a atenção consciente (explícita)
desempenha um importante papel do desenvolvimento da L2, pois sugerem
que mais consciência sobre as formas linguísticas poderia contribuir para o
reconhecimento e precisão gramatical em tarefas de produção de escrita. Ou
seja, ter algum nível de atenção por parte dos aprendizes contribui para o
processo de aprendizagem de L2.

Em concordância com os autores acima, Doughty (2008), ao correlacionar a


atenção com a instrução, destaca que o papel principal da instrução é
manipular a atenção do aprendiz para o input, promovendo o noticing de
aspectos linguísticos. No caso da instrução implícita, a atenção é atraída para a
forma linguística, sem que haja menção metalinguística sobre a forma, e na
instrução explícita a atenção é direcionada para a forma linguística (HOUSEN;
PIERRARD, 2005).

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