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Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo

2007 set-dez; 19(3):300-11

Resistência à fadiga cíclica flexural de instrumentos rotatórios de Ni-Ti


em razão do uso e do torque*.
Flexural cyclic fatigue resistance of Ni-Ti rotary instruments due to
number of uses and torque.

Dirce Akemi Sacaguti Kawakami**


Giulio Gavini***

RESUMO
Introdução: O objetivo deste estudo é avaliar a resistência à fadiga cíclica flexural de instrumentos rotatórios
de níquel-titânio #25/0,04 de 25mm (K 3, SybronEndo), submetidos a variados torques de acionamento e
repetidos ciclos de usos. Métodos: Determinou-se, além do fator de variação número de uso, se há influência
relacionada com o torque e, ainda, a possibilidade de interação entre número de uso e torque. Valendo-se
de motor elétrico (300 rpm), foram instrumentados 320 canais simulados, utilizado-se 80 instrumentos
divididos em 4 grupos com 20 espécimes cada, de acordo com os torques (0,5 Ncm, 1,0 Ncm, 2,0 Ncm
e 6,0 Ncm) a que seriam submetidos. Cada grupo foi subdividido em 4 subgrupos com 5 espécimes, de
acordo com o número de usos (1, 3, 5 e 7 ciclos de usos). Todos os instrumentos foram submetidos a ensaio
dinâmico de fadiga cíclica flexural num dispositivo desenvolvido para tal. A fratura do instrumento era
facilmente detectada pelo sensor, e nesse momento o contador e o temporizador paravam imediatamente.
Resultados e Conclusões: No que diz respeito ao fator de variação número de uso, não houve diferença es-
tatística significante, enquanto as comparações feitas com o torque de 6,0 Ncm apresentaram valores de t
calculado altamente significativo, com p < 0,01. Também não ocorreu interação significante entre os fato-
res de variação número de usos e torque. Pode-se concluir que o torque afetou a resistência à fadiga cíclica
flexural dos instrumentos rotatórios de NiTi, sendo menor naqueles submetidos a torque elevado, enquanto
o número de usos em até 7 vezes não foi afetado.
Descritores: Instrumentos odontológicos – Torque – Níquel-titânio – Dentística operatória
ABSTRACT
Introduction: The aim of this study was to evaluate the flexural cyclic fatigue resistance of nickel-titanium
rotary instruments #25/0,04, of 25mm (K 3, SybronEndo), when submitted to several torque values and
number of uses. Methods: It was to detect whether, in addition to the factor number of uses, there would
be an influence related to torque, or even the possibility of an interaction between number of uses and tor-
que. Driven by an electrical motor (300 rpm), were prepared 320 simulated canals, using 80 instruments
divided in 4 groups of 20 sample each, based on torque values (0,5 Ncm, 1,0 Ncm, 2,0 Ncm e 6,0 Ncm).
Each group was randomly divided in 4 subgroups of 5 samples each, according to the number of uses (1, 3,
5 and 7 cycles). All files were submitted to flexural cyclic fatigue test realized in a device that was developed
for it. The fracture of the instrument was easily detected at moment which the counter and the timer were
immediately stopped. Results and Conclusion: In regards to the number of uses factor, there was not a sta-
tistically significant difference, while comparisons made with torque value set at 6,0 Ncm showed t values
significantly high, with p<0.01. It was not seen any interaction between both variables, number of uses and
torque. It can be concluded that torque affected the resistance to flexural cyclic fatigue of nickel-titanium
rotary instruments, being low on those tested at high torque value; while the factor number of uses up to
7 times did not affect the results.
DESCRIPTORS: Dental instruments – Torque - Nickel-Titanium – Dentistry operative

*** Resumo da Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) para obtenção do título de Mestre em Endodontia.
*** Mestranda em Endodontia pelo Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP).
*** Professor Livre Docente da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), Professor Titular da Faculdade de Odontologia Universidade
Santa Cecília (UNISANTA).

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Kawakami DAS, Gavini G. Resistência à fadiga cíclica flexural de instrumentos rotatórios de ni-ti em razão do uso e do torque. Revista
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INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA tipo de substância irrigante e o método de esterilização


A aplicação do níquel-titânio (NiTi) na instrumen- (Borges et al.12 2001, Melo et al.44 2002) também podem
tação rotatória endodôntica foi sugerida primeiro por influenciar na fadiga cíclica flexural dos instrumentos de
Civjan et al.20 em 1975. Mas somente em 1988, Walia et NiTi.
al.86 (1988) viabilizaram a produção de limas endodôn- O raio de curvatura é um dos fatores mais importan-
ticas em NiTi. Esses novos instrumentos manuais exi- tes para a fadiga cíclica, pois quanto menor o raio, maior
biram um aumento significante na elasticidade e maior é o risco de fratura (Pruett et al.55 1997,Haikel et al.33
resistência à fratura por torção quando comparados com 1999). Outros fatores significantes incluem diâmetro e
os de aço inoxidável (Walia et al.86 1988). Desde então, conicidade do instrumento, assim como o grau de cur-
após contínuas pesquisas foram desenvolvidas limas de vatura. Instrumentos com grande conicidade e diâmetro
níquel-titânio acionadas a motores elétricos ou pneumá- de ponta elevado, quando utilizados em canais curvos,
ticos. Devido às características de superelasticidade e de fraturam após poucas rotações. Sattapan et al.60 (2000),
efeito memória de forma da liga de níquel-titânio, es- observaram que os instrumentos que sofrem fadiga tor-
sas limas de níquel-titânio rotatórias prometem melhor cional tendem a mostrar sinais de deformação perma-
desempenho na modelagem de canais com curvaturas nente adjacente ao ponto de fratura, enquanto os que
acentuadas que as limas de aço inoxidável, além de pos- falham por fadiga cíclica geralmente não demonstram
sibilitar ao clínico criar um preparo mais cônico, mais nenhum sinal de deformação plástica ao redor do pon-
eficiente e mais previsível. Cada vez mais, novos sistemas to de fratura. Depósitos dentinários nas superfícies dos
de limas vêm surgindo no mercado, com variações na instrumentos mostram-se fundamentais nas fraturas dos
conicidade, na secção transversal, no tipo de ponta, no instrumentos no uso clínico (Alapati et al.3, 2004). A
desenho da parte ativa e até no tipo de acionamento. avaliação das superfícies de fratura sob microscopia ele-
Apesar da maior flexibilidade e resistência à torção, trônica de varredura confirma a predominância da fra-
a fratura ainda é um fator preocupante nos instrumen- tura do tipo dúctil, refletida pelas inúmeras microbolhas
tos de NiTi, especialmente após uso prolongado (Yared92 na superfície de fratura. Tem sido proposto que partícu-
2004). Infelizmente, a maioria dessas fraturas ocorre las de óxido geradas durante o processo de manufatura
inesperadamente, sem apresentar qualquer sinal de de- podem servir de sítios para essas microbolhas (Alapati et
formação permanente. Fadiga cíclica flexural e fadiga al.2, 2005).
torcional são as causas de fraturas mais comuns nos ins- Outros estudos sobre fadiga cíclica têm sido condu-
trumentos rotatórios de NiTi (Pruett55 1997). Fadiga zidos utilizando dispositivos dinâmicos (Haikel et al.33
cíclica ocorre quando um instrumento é submetido a 1999, Li Um et al.39 2002), por simularem o meio clíni-
sucessivas cargas de compressão e tensão no mesmo pon- co. Este trabalho tem o propósito de avaliar a resistência
to, como ocorre na instrumentação rotatória na região à fadiga cíclica flexural de instrumentos rotatórios de
da curvatura. Quando o instrumento é flexionado, no níquel-titânio #25, conicidade 0,04 e 25mm de compri-
ponto de flexão, o metal sofre tensão na porção exter- mento (K3, SybronEndo), submetidos a variados torques
na, e compressão na porção interna simultaneamente. A de acionamento e números de usos em canais simula-
fratura torcional ocorre quando a ponta do instrumento dos, valendo-se de dispositivo apropriado para ensaios
ou qualquer outra parte dela trava na parede do canal dinâmicos. Procurou-se determinar se, além do fator de
radicular enquanto a haste continua sendo rotacionada. variação número de uso, haveria influência relacionada
A continuidade da carga leva a exceder o limite de resis- com o torque e, ainda, a possibilidade de interação entre
tência à fratura do instrumento. número de uso e torque.
Dentre os fatores que mais podem influenciar na
fratura do instrumento endodôntico estão as condições MATERIAIS E MÉTODOS
anatômicas como raios e ângulos de curvatura do canal Para o presente estudo, foram instrumentados 320 ca-
radicular, o número de usos do instrumento, o torque nais simulados, utilizando 80 instrumentos rotatórios de
utilizado e a experiência do operador (Maendel et al.41 níquel-titânio do sistema K3 Endo (SybronEndo,USA)
1999, Baumann e Roth8 1999 Mesgouez45 2003, , Ya- de 25mm de comprimento, calibre #25 e conicidade
red et al.97 2002, Yared et al.96 2001). Além do sistema 0,04 num motor elétrico acionado à velocidade de 300
de NiTi utilizado, a velocidade de rotação do motor, o rpm.

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Os instrumentos foram divididos em 4 grupos de 20 velocidade de 300 rpm e torque idêntico ao empregado
espécimes cada, baseados nos torques a que seriam sub- durante a fase de preparo dos canais simulados. A fratura
metidos. Cada grupo foi subdividido em 4 subgrupos de do instrumento era facilmente detectada pelo sensor, e
5 espécimes, de acordo com o número de usos (Quadro nesse momento o contador e o temporizador paravam
1). imediatamente. Os dados registrados no contador e no
Quadro 1- Distribuição dos espécimes temporizador foram transformados em segundos.
De posse de todas as informações acima relacionadas,
Torque foram realizados os testes estatísticos, inicialmente a aná-
lise de variância (Fatorial a x b) e depois o teste de t de
Nº de usos 0,5 Ncm 1,0 Ncm 2,0 Ncm 6,0 Ncm
Student, para verificar se existia diferença estatisticamen-
1 5 5 5 5 te significante entre as amostras testadas, utilizando-se o
3 5 5 5 5 grau de significância de 5%.
5 5 5 5 5
RESULTADOS
7 5 5 5 5
Sendo as amostras independentes, a distribuição
Total de
20 20 20 20 amostral normal e as variâncias iguais, empregou-se aná-
espécimes
lise de variância (Fatorial a x b) para verificar se existia
Inicialmente, todos os grupos foram submetidos ao diferença estatisticamente significante entre as amostras
processo de esterilização, e também após cada seqüência
de uso. Todas as limas foram submetidas a ensaios de
fadiga cíclica flexural por meio de um dispositivo que
permitia ao instrumento girar livremente, reproduzindo
a instrumentação rotatória num canal curvo (40º e raio
de curvatura de 5mm), simulando o movimento de pe-
cking, onde a lima deslizava pelo sulco criado no anel de
aço temperado. Foi utilizada peça de mão com contra-
ângulo redutor de 16:1, acionado por motor elétrico na

Figura 2 - Vista superior do dispositivo experimental

180
160
140
120
0,5 Ncm
100
1,0 Ncm
80
2,0 Ncm
60
6,0 Ncm
40
20
0
1º. Uso 3º. Uso 5º. Uso 7º. Uso

Figura 3 - V
 alores originais da média, expressos em segundos, para
Figura 1 - Dispositivo experimental para ensaio de fadiga cíclica os diferentes grupos.

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testadas, procurou-se determinar se, além do fator de meister et al.68 2006), além de resultar em ganho de pro-
variação número de uso, haveria influência relacionada dutividade e maior conforto, tanto para o profissional
com o torque e, ainda, a possibilidade de interação entre quanto para o paciente.
eles (p < 0,01). Pouco se sabe a respeito dos limites de sua aplicação,
No que diz respeito ao fator de variação número de dos riscos da utilização da instrumentação rotatória e dos
uso, pelo resultado do respectivo valor de F, conclui-se meios mais eficientes para o uso dessa nova tecnologia
que as diferenças não são estatisticamente significativas, (Gambarini28 2001). Deve-se sempre ter em mente que
aceitando-se a hipótese de nulidade. características como ângulo de corte, número de lâmi-
O F-teste do fator de variação torque foi elevado, nas, desenho da ponta, conicidade e secção transversal
(p=0,0002), indicando que o efeito do torque sobre a podem influenciar na flexibilidade, na eficiência de cor-
fadiga cíclica flexural é muito significativo, rejeitando-se te, e na resistência à torção dos instrumentos.
sob esse aspecto a hipótese de nulidade e aceitando-se a Apesar dos instrumentos de níquel-titânio serem
hipótese alternativa. considerados, por alguns autores, mais resistentes que os
O valor de F para a interação número de uso e torque de aço inoxidável em relação ao desgaste, flexibilidade
permite inferir que não ocorreu interação significante e deflexão angular 46, 24, 86, 16, 17, 18, 11, 47, 35, 100, outros rela-
entre os fatores de variação independentes, aceitando-se tam a sua maior fragilidade quanto à fratura por torção
a hipótese de nulidade. (Canalda et al.18 1995, Rowan et al.58 1996, Kazemi et
Todas as comparações feitas com o torque de 6,0 al.35 2000, Marsicovetere et al.42 1996, Schäfer et al.65
N.cm apresentaram valores de t calculado altamente sig- 2003).
nificativo, com p < 0,01. Rejeita-se assim H0 e se aceita Apesar da maior resistência torcional e flexibilidade,
a Hipótese experimental: o torque afeta a resistência à a fratura ainda é um fator preocupante nos instrumen-
fadiga cíclica flexural das populações investigadas, sen- tos de NiTi, especialmente após uso prolongado (Yared92
do em média menor nos instrumentos rotatórios de ní- 2004). Infelizmente, a maioria dessas fraturas ocorre
quel-titânio de número 25, conicidade 0,04 e 25mm de inesperadamente, sem apresentar qualquer sinal de de-
comprimento (K3, Sybron Endo), submetidos a torque formação permanente. Fadiga cíclica flexural e fadiga
elevado. torcional são as causas de fraturas mais comuns nos ins-
trumentos rotatórios de NiTi (Pruet55 1997, ).
DISCUSSÃO Dentre os fatores que mais podem influenciar na
A introdução da liga de níquel-titânio trouxe grande fratura do instrumento endodôntico estão: as condições
avanço à Endodontia (Camps e Pertot16 1994, Camps e anatômicas como raios (Haïkel et al.33 1999, Borges et
Pertot17 1995, Canalda-Sahli et al.18 1996). As proprie- al.12 2001) e ângulos de curvatura do canal radicular (Pa-
dades mecânicas particulares dessa liga têm permitido o tiño et al.49 2005, Zelada et al.99 2002, Martin et al.43
surgimento de novos instrumentos acionados por dis- 2003), tratamentos de superfície dos instrumentos 38, 57,
positivos elétricos ou pneumáticos (Serene et al.69 1995, 8, 82, 21, 59, 67, 36, 30,
número de usos do instrumento 75, 27,
Duerig et al.24 1999, Civjan et al.20 1975,Walia et al.86 84, 5, 2, 89, 90, 92,
torque utilizado 27, 28, 10, 64, 98, 61,
1988). 54, 74, o adestramento do operador (Maendel et al.41
Muitos estudos têm demonstrado que a instrumenta- 1999, Baumann e Roth8 1999, Mesgouez45 2003, , Ya-
ção rotatória com limas de níquel-titânio pode ser mais red e Sheiman91 2002, Yared et al.96 2001,), o sistema
rápida, eficiente (Schäfer e Florek65 2003, Schäler e Er- de NiTi utilizado (Xu et al.87 2006, Yao et al.88 2006),
ler63 2006, Schäfer et al.62 2006,Guelzow et al.31 2005), a velocidade de rotação do motor (Gabel et al.26 1999,
promovendo preparo mais cônico, minimizando a cria- Dietz et al.23 2000, Yared et al.96 2001, Daugherty e
ção de degraus, zips e transportes foraminais (Thomp- Gound22 2001, Li e Lee39 2002, Martin et al.43 2003), o
son e Dummer79 1998, Thompson e Dummer80 1998, tipo de substância irrigante (Busslinger13 1998, Stokes et
Calberson et al.14 2004, Calberson et al.15 2002, Shäfer al.73 1999), e o método de esterilização (Borges12 1998,
e Florek65 2003, Shäfer e Erler63 2006, Shäfer e Erler62 Melo et al.44 2002).
2006, Shäfer e Schulz66 2004, Rangel et al.56 2005, Pa- O diâmetro e a conicidade 71, 85, 7, 32, 76, 33, 89, 90, 12, tam-
qué e Musch48 2005, Guelzow et al.31 2005, Kaptan et bém exercem influência sobre a fadiga cíclica dos ins-
al.34 2005, Tasdemir78 2005, Perez et al.51 2005, Schirr- trumentos com grande conicidade e diâmetro de ponta

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elevado, quando utilizados em canais curvos, pois fratu- diga cíclica e dinâmica dos instrumentos rotatórios de
ram após poucas rotações. Sattapan et al.60 (2000) obser- níquel-titânio (Pruet55 1997, Haïkel et al.33 1999, Yared
varam que os instrumentos que sofrem fadiga torcional et al.93 1999), a relação da força exercida durante o pre-
tendem a mostrar sinais de deformação permanente ad- paro do canal radicular e o risco clínico da distorção e/
jacente ao ponto de fratura, enquanto os que falham por ou fratura do instrumento ainda não foi adequadamente
fadiga cíclica geralmente não demonstram nenhum sinal estudado, o que estimulou a realização deste estudo.
de deformação plástica ao redor do ponto de fratura. No que diz respeito ao fator de variação número de
Depósitos dentinários nas superfícies dos instrumentos uso, pelo resultado do respectivo valor de F, conclui-se
mostram-se fundamentais nas fraturas dos instrumentos que as diferenças não são estatisticamente significativas,
no uso clínico (Alapadi et al.3 2004). A avaliação das su- aceitando-se a hipótese de que o número de uso não afe-
perfícies de fratura sob microscopia eletrônica de varre- tou a resistência à fadiga cíclica flexural.
dura confirma a predominância da fratura do tipo dúctil O F-teste do fator de variação torque foi elevado,
(Haïkel et al.33 1999, Kazemi e Stenman35 2000, Li e (p=0,0002), indicando que o efeito do torque sobre a
Lee39 2002, Alapati et al.2 2005), refletido pelas inúme- fadiga cíclica flexural é muito significativo. O torque afe-
ras microbolhas na superfície de fratura. ta a resistência à fadiga cíclica flexural das populações
Sattapan et al.60 (2000) constataram que a fratura fle- investigadas, sendo em média menor nos instrumentos
xural ocorre quase na mesma freqüência da fratura por rotatórios de níquel-titânio de número 25, conicidade
torção, existindo dúvidas no que se refere aos principais 0,04 e 25mm de comprimento (K3, SybronEndo), sub-
fatores relacionados com essa ocorrência. metidos a torque elevado.
Nesse contexto, autores como Mello et al.44 2002; O valor de F para a interação número de uso e torque
Haïkel et al.33 1999; Kuhn e Jordan37 2002; Pruett et permite inferir que não ocorreu interação significante
al.55 1997; Zelada et al.99 2002, afirmam categorica- entre o torque e o número de uso.
mente que as condições anatômicas do canal radicular Os resultados deste estudo diferem dos resultados ob-
desempenham importante papel no risco de fratura por tidos por Pessoa52 (2003), pois o seu estudo foi realizado
fadiga cíclica, não permitindo que o instrumento seja em um ensaio de fadiga cíclica parcialmente dinâmico,
reutilizado inúmeras vezes. onde o instrumento era acomodado dentro de um sul-
A fratura flexural pode, então, ocorrer devido a um co-guia confeccionado em aço temperado, com apenas
mínimo defeito na superfície do instrumento (Eggert e a ponta livre, sem que houvesse deslocamento do mes-
Petters25 1999), ou após uma aplicação cíclica de tensão mo e então, rotacionado até o momento da sua fratura.
quando rotacionado em canais curvos. Clinicamente, Neste estudo, ao aparelho utilizado por Pessoa52 (2003),
pode ser considerada a mais preocupante, pois o instru- foi acrescido um cilindro pneumático controlado por
mento pode fraturar mesmo dentro do seu limite elásti- uma válvula direcional de fluxo, que controla o fluxo de
co e sem qualquer deformação permanente aparente 50, ar, e dois sensores eletromagnéticos, que determinam o
60, 72, 19, 5, 40, 27, 70
. avanço horizontal da lima. Os impulsos e velocidades
O estresse mecânico dos instrumentos rotatórios de puderam ser controlados, permitindo ao conjunto mi-
níquel-titânio está fortemente ligado à curvatura do ca- cromotor/contra-ângulo desenvolver movimento de
nal e à dureza da dentina (complicações anatômicas), penetração e retirada, enquanto o instrumento era ro-
mas é também proporcional ao torque do motor (Pruet55 tacionado a 300 rpm e torque idêntico ao empregado
1997, Haïkel et al.33 1999), portanto a resistência à fadi- durante a fase de preparo dos canais simulados. Apesar
ga cíclica do instrumento deve diminuir com o seu uso do ensaio de Pessoa52 (2003) ser parcialmente dinâmico,
clínico prolongado 75, 27, 28, 84, 52, 4, 89, 90, 6, 33 . Porém não se a deflexão ocorria sempre no mesmo ponto, enquanto
observa unanimidade a respeito 93, 94, 81, 76, 77, 53, 1. que no presente trabalho, a distribuição da carga numa
Sattapan et al.61 (2000) acreditam que as deforma- área maior do instrumento aumentou sua vida útil. O
ções observadas nos instrumentos rotatórios de NiTi, resultado mostra que até sete usos não há diminuição da
estão associadas muito mais ao modo como as limas são resistência à fadiga cíclica.
utilizadas ao número de vezes a que são submetidas à Deve-se considerar também que Pessoa52 (2003)
instrumentação de canais radiculares. utilizou instrumentos do sistema RaCe (FKG), de sec-
Apesar de muitos estudos prévios terem avaliado fa- ção transversal triangular e com menor massa metálica,

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quando comparados aos instrumentos do sistema K3 níquel-titânio, desde que o operador seja experiente.
(SybronEndo) empregados neste experimento. Tal fato Sattapan et al.61 (2000) mostraram que o torque na
também pode explicar a diferença de resultados observa- fratura foi significantemente maior que o torque durante
dos entre os dois estudos. a instrumentação. No presente estudo, nenhum instru-
Segundo observações de Yao et al.88 (2006), o instru- mento mostrou travamento, deformação ou fratura du-
mento K3 0,04 #25 foi significantemente mais resisten- rante a instrumentação, quando os instrumentos foram
te à fadiga cíclica quando comparado com os sistemas usados com uma leve pressão apical como no estudo de
ProFile e RaCe, provavelmente devido à área de secção Sattapan et al.61 (2000), por um operador experiente,
transversal da RaCe ser menor que a da K3 e da ProFile. confirmando que a técnica de instrumentação e o ades-
De acordo com o fabricante, as espiras da K3 tornam- tramento do usuário influenciam nas falhas dos instru-
se mais profundas à medida que caminha do D0 para o mentos (Thompson e Dummer79 1998).
D16. Devido ao diâmetro do corpo metálico não aumen- Este estudo foi realizado em canais simulados para
tar na mesma proporção que a conicidade da superfície reduzir a variação na técnica de instrumentação e limi-
externa, a flexibilidade ao longo de toda a extensão do tar a variabilidade dos parâmetros como comprimento,
instrumento é realçada. E por outro lado, a espessura largura, anatomia, raio e ângulo de curvatura do canal.
do corpo metálico não diminui drasticamente na ponta A pressão exercida no contra-ângulo durante a instru-
do instrumento, portanto, não compromete a resistência mentação foi bem leve, nunca sendo forçado no sentido
torcional da lima. Ainda, a conicidade da RaCe aumenta apical.
somente a 8mm da ponta do instrumento, enquanto a Com relação ao ângulo e ao raio de curvatura, a op-
da K3 tem isso distribuído nos 16mm totais da sua parte ção por 40º e 5mm respectivamente recaiu em razão de
ativa, suportando a idéia de que a área da secção trans- representar melhor as condições clínicas de um canal
versal da parte ativa pode ter um papel fundamental na com curvatura gradual. Portanto, os resultados aqui ob-
resistência à fadiga cíclica. tidos não podem ser transferidos para aquelas situações
Se por um lado o número de usos não alterou a resis- de curvaturas terminais e abruptas, onde parece dimi-
tência à fadiga cíclica flexural da população investigada, nuir a resistência à fadiga cíclica flexural.
o torque afetou, sendo em média menor nos instrumen- No que se refere ao instrumento selecionado para o
tos rotatórios de níquel-titânio de número 25, conici- presente trabalho, foram utilizadas limas K3 (SybronEn-
dade 0,04 e 25mm de comprimento (K3, SybronEndo), do) de número 25, conicidade 0,04 e 25mm de compri-
submetidos a torque elevado, o que vai ao encontro dos mento. A escolha desse sistema recaiu no fato de ser o
achados de Gambanini28 (2000), Gambanini27 (2001), mais facilmente encontrado no mercado nacional.
Yared e Kulkarni98 (2004). Na seleção do calibre e da conicidade, buscou-se um
Uma possível explicação para esse resultado é que o instrumento que apresentasse conicidade diferente do
estresse mecânico do instrumento rotatório de NiTi é padrão ISO e diâmetro de ponta compatível com o tra-
também proporcional ao torque do motor. Se um motor balho no terço apical, ou seja, uma lima que pode ser
de alto torque é utilizado, o limite de torque máximo do classificada como crítica no processo da fadiga cíclica.
instrumento é excedido freqüentemente, aumentando o Segundo o fabricante, a lima K3 (SybronEndo) possui
estresse mecânico e o risco de deformação plástica ou fra- secção transversal em tripla hélice assimétrica, com guias
tura do instrumento. Discordando dos achados de Peters radiais amplas e áreas de alívio, projetada para diminuir
e Barbakow53 (2005), que fala da necessidade de um alto o atrito e controlar a profundidade de corte, prevenindo
torque durante a instrumentação em canais simulados o efeito de rosca durante a sua utilização.
de resina, explicando a alta incidência de deformações e Autores como Haïkel et al.33 (1999); Gambarini et
fraturas no estudo. al.27 (2001); Pruet55, (1997); Yared et al.94 (2000) e Ze-
Contrariando, portanto, os resultados de (Yared et lada et al.99 (2002), corroboram que metodologias com
al.93 (1999), Yared et al.94 (2000); Bonetti et al.10 (1998) essas características são as mais adequadas para estudar
e Peters e Barbakow53 (2005), onde bons resultados fo- se a resistência à fadiga cíclica de instrumentos rotató-
ram obtidos com torques altos e Yared et al.95 (2001) e rios de NiTi, pois ensaios estáticos não refletem a real
Yared e Sheiman91 (2002) ainda salientam que o torque condição clínica, já que os sistemas automatizados foram
não afeta a fadiga cíclica dos instrumentos rotatórios de idealizados para adentrar no canal radicular em movi-

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de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo 2007 set-dez; 19(3):300-11

mento, com avanço gradual de mm em mm, com valores tudo apenas uma das variáveis dentre as muitas possíveis
de torque e velocidade previamente determinados para que ocorrem durante o preparo químico-cirúrgico do
seu acionamento. canal radicular, onde há uma inter-relação de múltiplos
A velocidade de acionamento utilizada neste estudo tipos de estresses resultantes de diferentes mecanismos,
foi fixada em 300 rpm, por ser recomendada pelo fabri- que podem influenciar na vida útil do instrumento ro-
cante. tatório de NiTi.
Portanto, uma análise conjunta dos experimentos Fica evidente a dificuldade em estabelecer regras para
que pesquisam a influência do torque e do número de o descarte dos instrumentos rotatórios de NiTi, em fun-
uso dos instrumentos rotatórios de NiTi, leva a crer que ção da grande quantidade de variáveis que norteiam essa
um dos meios de prevenir as fraturas é descartando os técnica.
instrumentos regularmente após alguns usos, ou usando Cabem, portanto, algumas medidas que orientem a
motores de baixo torque, que operem abaixo do limite prevenção de acidentes que podem ocorrer durante a fase
de torque permitido para cada instrumento rotatório de do preparo químico-cirúrgico, realizando outros estudos
NiTi. com variações de torque entre 2 e 6 Ncm, ou até mesmo
Apesar de ainda não haver consenso no meio cien- com número de usos acima de sete vezes.
tífico de quanto seria essa quantidade de usos e nem o
torque máximo permitido para cada sistema de limas, CONCLUSÕES
pode-se afirmar, a partir dos resultados deste estudo, que A análise dos resultados obtidos pela metodologia
em relação aos instrumentos rotatórios de níquel-titânio aplicada no presente estudo permite concluir que o tor-
de número 25, conicidade 0,04 e 25mm de comprimen- que afetou a resistência à fadiga cíclica flexural dos ins-
to (K3, SybronEndo), a utilização até sete vezes, num trumentos utilizados.
torque máximo de 2 Ncm, não afetou a resistência à fa- Por outro lado, o número de usos de 1, 3, 5 e 7 ve-
diga cíclica flexural dos mesmos. zes não alterou a resistência à fadiga cíclica flexural dos
É necessária a utilização do senso crítico ao interpre- instrumentos.
tar, extrapolar e correlacionar os resultados deste estudo Quanto à interação número de uso e torque, pode-se
“in vitro” com a prática clínica, pois foi avaliada neste es- inferir que não ocorreu interação significante entre os
fatores de variação.

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