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MEDIÇÃO DE DESGASTE DA FERRAMENTA DE CORTE

Dário Carvalho Viveiros, Universidade Federal do Piauí


João Gabriel Alves de Castro, Universidade Federal do Piauí
Luana Pereira Santos Vicente, Universidade Federal do Piauí

Resumo: Para este trabalho, propõe-se a análise da influência do avanço, em diferentes condições, no desgaste de uma
ferramenta de corte durante o processo de torneamento do aço AISI 1045. Ademais, para o processo experimental,
utilizou-se para auxílio um microscópio óptico para análise do desgaste, além de uma revisão bibliográfica como base.
Assim, com a confirmação de diversos autores e com base nos dados apresentados, o avanço exerce influência no
desgaste de flanco máximo das ferramentas de corte, sendo este o motivo para a escolha de determinado parâmetro de
estudo neste trabalho. Obtivemos os seguintes valores: para o primeiro avanço de 0,1392 mm/rot um desgaste de flanco
de 0,70 mm; o segundo avanço de valor maior igual a 0,3544 mm/rot resultou em um desgaste de 1,65 mm.

Palavras-chave: Avanço, ferramenta de corte, desgaste, torneamento.

1 INTRODUÇÃO

O processo de formação do cavaco e o deslizamento do mesmo sobre a ferramenta de corte promove a ocorrência
de diferentes mecanismos de desgaste, tais como a difusão, deformação sob tensão de compressão, cisalhamento plástico
a altas temperaturas, attrition, abrasão e desgaste de entalhe (Machado et al, 2009). Apesar do custo de aquisição de
ferramentas de corte seja relativamente pequeno quando considerado todo o processo de fabricação, há uma perda de
produtividade e custo adicional devido a altas taxas de desgaste e avarias frequentes. Portanto, torna-se relevante o estudo
e entendimento dos processos pelo qual as ferramentas se desgastam (Machado et al, 2009).
Um dos fatores que influência no desgaste da ferramenta de corte é o avanço. De acordo com a literatura (Machado
et al, 2011) e trabalhos experimentais (Borges, 2020) maiores avanços geram maior desgaste da ferramenta. Portanto, este
trabalho visa medir o desgaste da ferramenta de corte no torneamento do aço AISI 1045 com ferramenta de aço rápido,
avaliando o efeito do avanço nessa variável de saída.

2 METODOLOGIA

Os ensaios de torneamento foram realizados no torno mecânico convencional TCK-1660ECO da fabricante Veker,
com potência nominal de 3,3 kW. O material usinado nos ensaios foi o aço AISI 1045 em estado normalizado, com dureza
de Brinell entre 170 e 210 HB e geometria cilíndrica de 42,35 mm de diâmetro e 100 mm de comprimento. A ferramenta
de corte utilizada foi de metal duro revestido da classe P, com designação ISO TNMG160408R-M.
Apenas duas diferentes condições de corte foram testadas pela variação do avanço, conforme especificada pela
Tabela 1. A velocidade de corte (𝑣𝑐 ) se manteve constante em todo processo, de aproximadamente 300 m/mm. A
profundidade de corte também foi mantida constante, igual a 0,5 mm. Para cada ensaio, foi utilizada uma ferramenta com
aresta de corte nova.
Tabela 1 – Condições de corte utilizadas no trabalho.

Condição de corte Avanço (f) – mm/rot


C1 0,1392
C2 0,3544

Para os ângulos da ferramenta de corte, foram medidos os seguintes valores: 𝑋𝑟 = 73°; 𝜇𝑟 = 90°; 𝑋′𝑟 = 17°.
Para 73° considerado o ângulo de saída da ferramenta (Figura 1).

Figura 1 – Ângulos da ferramenta de corte medidos no plano de referência.

O parâmetro de saída analisado nos ensaios foi desgaste de flanco máximo da ferramenta (𝑉𝐵𝐵𝑚𝑎𝑥 ). Ele foi medido
com o auxílio de um microscópio óptico e software de edição de imagens. O desgaste foi medido após a usinagem de 15-
20 mm de comprimento usinado na direção de avanço.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 1 apresenta a estrutura da peça após usinagem, para as duas condições. O desgaste de flanco, visível nas
imagens, foi medido em 0,70 mm para a primeira condição de avanço. E em 1,65 mm para a segunda condição de avanço.
Observou-se um maior desgaste de flanco para a segunda condição, em comparação com a primeira. Em consonância
com o descrito na teoria (Machado et al., 2011), e os resultados experimentais de Borges (2020) e de Bordin, Nabinger e
Zeilmann (2011). Notou-se ainda a formação de APC para o primeiro valor de avanço, devido à baixa velocidade de corte.
A mesma foi parcialmente removida durante o processo com maior avanço.

Figura 1 – Imagens da ferramenta pós usinagem, em ampliação 200x. À esquerda, após primeiro corte. À direita, após o
segundo corte.
Como explica Stephenson e Agapiou (2016), o desgaste de flanco é decorrente das forças abrasivas envolvidas no
processo de usinagem. O contato entre as superfícies resulta em abrasão da ferramenta. Entre os principais fatores que
influenciam no desgaste de flanco, estão a dureza e o avanço da ferramenta. No presente caso, ficou evidenciado o efeito
do avanço no desgaste de flanco.

4 CONCLUSÃO

Assim, baseado nos resultados obtidos, além da base bibliográfica utilizada, fica perceptível o efeito do avanço no
desgaste da ferramenta de corte, onde o aumento do valor desse parâmetro, ocasiona um aumento significativo do desgaste
de flanco máximo da ferramenta.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADA, M.N., PEREIRA, T.B., SOUZA, M.V. de, 2016. Análise da Influência da velocidade de avanço no desgaste
da aresta de uma ferramenta de corte. In XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica. Vale do Paraíba,
Brasil.
BORDIN, F.M., NABINGER, E. and ZEILMANN, R.P., 2011. “Relação entre o desgaste e a força de avanço na
determinação do fim de vida de uma broca helicoidal”. In 6º Congresso Brasileiro de Fabricação. COBEF, Caxias
do Sul, Brasil.
BORGES, G. da C., 2020. Análise da relação dos parâmetros de corte com a qualidade superficial e desgaste da ferramenta
de metal duro com tripla camada de revestimento no torneamento a seco do aço SAE 4140. Dissertação de mestrado
para o programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da UFRG.
BUZZATTO, P. H. F.; NETO, D. M. D., REBELLO, R. C., “Substituição de um Processo de Rebarbação Manual por um
Processo de Rebarbação Eletroquímica”, 68 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnologia em Mecatrônica
Industrial) – Departamentos Acadêmicos de Eletrônica e Mecânica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
2011, Curitiba – PR
MACHADO, A.R., ABRAÃ, A.M., COELHO, R.T., DA SILVA, M. B., 2011. Teoria da usinagem dos materiais. 2.ed.
São Paulo: Blücher.
STEPHENSON, D.A., AGAPIOU, J.S., 2016. Metal cutting theory and practice. 3 rd. New York: CRC Press.

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