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SADHANA

“Primeiro você constrói o Sadhana, depois o


Sadhana constrói você.
Eu lembro uma linda história de um Yogi que costumava acordar cedo de manhã e
ele fazia o seu Sadhana às 2 ou 3 horas na madrugada.

Em um dia muito frio ele ouviu uma voz dizendo: “você acorda cedo toda a manhã,
por que você hoje não fica somente relaxado? Está tão frio lá fora, este cobertor é
lindo, você pode somente relaxar e se divertir. Vamos! Eu vou cantar uma canção
para você. Você relaxa e amanhã você faz, não se preocupe! Amanhã você faz a
mesma coisa”. E o Yogi respondeu para esta voz: “Ok! Esta é uma boa ideia e eu
vou lhe dar uma resposta”.

Então ele se levantou, pegou a coberta, caminhou alguns passos em direção ao rio
e sem pestanejar pulou no rio com coberta, roupa e tudo. Tremendo de frio ele
disse para sua mente: “nunca mais faça isso comigo. Se você fizer isso outra vez,
eu a colocarei em uma água ainda mais fria.””

Parvinder Singh

O que é Sadhana?

Sadhana significa uma prática espiritual diária. Isso significa escolher


conscientemente, a cada dia, criar um espaço onde seja possível fortalecer a
intuição para olhar para a vida de forma clara e real.

Um dos significados do prefixo ‟Sadh‟ é „acertar o alvo‟. Neste sentido, é possível


entender o Sadhana como uma prática de ajuste do foco, direcionando a energia
para reconhecer o acesso a um campo de presença que está sempre disponível,
mas que requer um comprometimento para que esteja vigorando como consciência.

Há muitas formas de se praticar um Sadhana e é muito importante que cada um


encontre a sua forma de criar este relacionamento.

Sadhana Pessoal

O ambiente tem um enorme impacto na prática do Sadhana. As cores, o cheiro, os


ruídos ao redor afetam o campo eletromagnético criando ou ajudando a dissolver
barreiras. O mais indicado é que o local de prática seja arejado e fresco.

A constância e o horário da prática também têm grande relevância para o Sadhana.


Os ensinamentos indicam que o melhor horário para esta prática é cerca de 2 horas
e meia antes do sol nascer. Mas para que seja possível fazer uma avaliação mais
assertiva é interessante utilizar a seguinte lógica:

01. Quanto tempo é possível destinar ao Sadhana?


02. Qual é o momento do dia em que é possível manter no mesmo horário todos os
dias?

A constância, em um primeiro momento, é mais importante que o horário da prática.


Ao se adquirir o hábito diário, fica mais fácil o ajuste para realizar a prática antes do
sol nascer.

Há uma confluência de fatores neste horário que facilitam a limpeza do


subconsciente. Os raios de sol entram na atmosfera da terra com uma angulação
especifica que impacta de forma diferente os processos da mente. E, nos contextos
regionais, há uma pouca movimentação da vida diárias das pessoas interferindo no
campo eletromagnético.

Ter um tapete próprio, de tecido natural e uso pessoal também é muito importante.
Com isso há um isolamento entre a atração magnética da Terra e a possibilidade de
manter a energia sutil criando um campo facilitador para os próximos dias.

Sugere-se tomar uma ducha de água fria, que ativa a circulação e acorda o corpo. O
uso de roupas soltas, limpas e confortáveis é altamente indicado, assim como um
tecido que cubra a cabeça.

Praticar logo pela manhã prepara a mente e o corpo antes de enfrentar o mundo a
cada dia e é um momento muito sagrado onde é possível se conectar com a própria
presença antes que a confusão e os assuntos da vida interfiram na prática.

Tempos de Prática

40 dias : Mudança de um hábito


90 dias : Confirmação de um novo hábito
120 dias : O novo hábito passa a fazer parte
1.000 dias : Maestria neste novo hábito

Sadhana em Grupo

O Sadhana em grupo desenvolve a consciência de grupo. Esta consciência é um


estágio intermediário entre consciência individual e universal. No início do Sadhana,
cada pessoa tem uma vibração diferente, mas no final a energia de todos é
equilibrada e misturada.

No Kundalini Yoga há dois modelos de Sadhana. Um deles desenhado por Yogi


Bhajan, mestre que ensinou publicamente no ocidente, chamado de Sadhana
Aquariano. E o outro, conhecido como Sadhana do Shabad Guru, que utiliza os
Banis que compõe o Nitnem.
Sadhana Aquariano

Praticado nas horas ambrosiais, foi ensinado por Yogi Bhajan para que as pessoas
pudessem se preparar para a transição da Era de Peixes e entrada na Era de
Aquário.

O Sadhana Aquariano sintoniza os gunas, os chakras e a mente para fortalecer a


intuição, resistência física e mental, autoconsciência e uma nova profundidade de
experiência espiritual capaz de sustentar a própria presença diante das mudanças
globais, competição implacável, sobrecarga de informações e os desafios
ecológicos e ambientais.

Começa com a recitação do Japji Sahib, a primeira composição sagrada de Guru


Nanak, que reverencia a natureza e desperta a consciência para a experiência total
da instância que nunca se dividiu. No nível celular, ele altera a frequência vibratória
do ser, criando novos padrões neuronais no cérebro à medida que faz uma limpeza
profunda.

O Sadhana continua com a prática de um Kriya de Kundalini Yoga e uma série de


meditações com os sete mantras aquarianos.

Longo Ek Ong Kar (7 minutos)

Ek(â) Oan(g) Kar(â) Sât(e) Nam(u) Sri Wah Heguruu

“Um único Criador. Verdade é a sua identidade. Grandiosa, além de qualquer


descrição, é Sua Infinita Sabedoria”.

Este mantra impulsiona a energia Kundalini, abre todos os Chakras, fortalecendo o


relacionamento entre denso e sutil, finito e infinito.

Waah Yantee, Kar Yankee (7 minutos)

Wah(â) Yantí
Kar(â) Yantí
Djâg(â) Dút(â) Patí
Ada Ket(â) Wah(â)
Barâma Dé Trésha Guruu
Ít(â) Vaheguruu

“Grande Ser, Ser Criativo. Tudo O que é Criativo através dos tempos. Tudo isso é o
Grande Um. Os três aspectos do divino: Brahma, Vishnu, Mahesh (Shiva). Isto é
Wahe Guru”.

Com a prática deste mantra é possível ir além dos Gunas, além da Criação.

Mul Mantra (7 minutos)



 Ek(â) Oan(g) Kar(â)
Sat(e) Nam(u)
Kârâtaa Purâkh(u)
Nerâp‟au Nerâvér(u)
Âkal(â) Muurât(e)
Âdjuni Sép‟an(g)
Gur(â) Prâsad(e)
Djâp(u)
Ad(e) Sâch(u)
Djudaad(e) Sâch(u)
Hé P‟i Sâch(u)
Naanâk(â) Hossi P‟i Sâch(u)

“Só há uma única fonte criadora e ela é a Verdadeira identidade. Criação e ação.
Sem medo. Sem vingança. Representação do Infinito. Não nascida. Auto iluminada.
Pura dádiva. Medite! Verdade no início. Verdade através dos tempos. Verdadeira
neste instante. Oh Nanâk! Sempre verdadeira.”

Neste mantra estão contidos todos os ensinamentos. Com ele é possível limpar
todos os padrões estruturados de forma equivocada, para que seja possível
experimentar a plenitude.

Sat Siri, Siri Akal (7 minutos)

Sât(â) Sri, Sri Âkaal(â),


Sri Âkaal(â), Maahaa Âkaal(â)
Maahaa Âkaal(â), Sât(e) Nâm(u),
Âkaal(â) Muurât(e)
Vaaheguruu

“Verdade essencial. Supremo Infinito. Supremo Infinito. Grande Infinito. Grande


Infinito. A verdadeira identidade. Eterna. Além de qualquer descrição, é Luz e
Sabedoria.”

Este mantra convoca a condição para que a natureza eterna seja reconhecida como
uma grande benção. É um movimento que se direciona para fora de todos os
limites, proporcionando a experiência daquilo que não tem forma. Que está além de
qualquer descrição.

Rakhe Rakhan Har (7 minutos)

Râkhe Rakhanâhaar(e) Aap(e) Ubaareân(u)


Gur(â) Ki Péri Pae Kâdj(â) Sâvaareân(u)
Hoaa Aape Deaal(u) Mânâh(u) Nâ Vesaareân(u)
Saad‟(â) Djânaa Ké Sangu(e) P‟âvâdjâl(u) Taareân(u)
Saakât(â) Nendâk(â) Dushât(â) Khen(â) Maah(e) Bedaareân(u)
Tes(u) Saaheb(â) Ki Tek(â) Naanâk(â) Mâné Maah(e)
Djes(u) Semârât(â) Sukh(u) Hoe Sâgâle Duukh(â) Djaahe

“Oh, Força Criativa, nos salve e conduza pela travessia da vida... Reverenciando
está instância criativa, todas as ações se tornam adequadas. Nos tornamos
amáveis, misericordiosos e compassivos. Há uma permanente lembrança desta
força que mantém a vida. Sustentando este estado, não nos perdemos neste
mundo-oceano. Este estado é quem me ensina, meu suporte, minha âncora... Oh,
Nanak... Mantenha firme na sua mente: pela meditação e repetição do Naam,
Meditando e lembrando do Criador, o contentamento vem e todas as tristezas e
dores desaparecem.”

Este mantra é um dos mais poderosos mantras de proteção. Quando nos


refugiamos no divino, todos as nossas questões são atendidas. Há uma
confirmação de que tudo será provido.

Waheguru Waheguru Waheguru Wahejio (22 minutos)

Vaheguruu Vaheguruu Vaheguruu Vahedjio

“Grande e indescritível é a Sabedoria universal, capaz de trazer luz para escuridão!


É com ela que me relaciono”.

Este mantra causa um atrito muito sutil contra o centro do palato e estimula o
meridiano conhecido no Ocidente como o Meridiano de Cristo e, no Oriente como
Sattvica Buddha Bindu. A língua e os lábios, em seus movimentos, correspondem
ao Sol e à Lua. As feridas da vida são suavizadas com a Infinita Bênção induzida
por este mantra. Expressa o êxtase através do Conhecimento e da Experiência.

Ao entoar este mantra o sistema nervoso recebe um impacto positivo e encontra


uma sintonia sutil com uma frequência mais elevada. Como consequência, todo o
sistema relaxa e um ambiente propício é criado para que seja possível reconhecer
um campo de força que está sempre disponível.

Um grande silêncio pode ser reconhecido onde é possível ouvir e agir a partir do
núcleo essencial em cada um.

Guru Mantra (5 minutos)

Guru Guru Vaheguruu Guru Ram(â) Das(â) Guru

Este mantra é um mergulho profundo no centro do peito. Dissolve todos os dramas


e redireciona a rota para a perspectiva essencial, além de proporcionar uma
consciência de cura. É um mantra de humildade, relaxamento, auto-cura e alivio
emocional. Invoca o espírito de humildade e graça. Reconecta a experiência do
Infinito ao finito.

Finalização do Sadhana Aquariano

É indicado que ao fim do Sadhana Aquariano seja feita a leitura de um Hukam.


Especialmente na tradição dos Shabads, o Hukam é retirado do Guru Granth Sahib.

Se houver um GurDwara no local, sugere-se que todos se direcionem para lá onde


é feita a leitura do Hukam.

Para se abrir o Guru Granth Sahib são necessários alguns procedimentos.


Depois da leitura do Hukam, encerra-se da mesma forma que uma aula regular,
com a Canção do Sol e o mantra Sat(e) Nam(u).

Sadhana do Shabad Guru

“O Sadhana deste Nitnem, nós fazemos cinco Banis de manhã. Jap Ji Sahib é o
primeiro, Jaap Sahib é o segundo, Tav-Prasad Savaiye terceiro, Chaopai é o quarto,
Anand Sahib é o quinto. O primeiro bani é do 1º Guru e o terceiro bani é do 5º Guru.
Do segundo ao quarto é do 10º Guru, Guru Gobind Singh. Jap Ji Sahib é do Guru
Nanak. Jaap Sahib e Chaupai Sahib é do Gobind Singh. Anand Sahib foi escrito por
Guru Amar Das, 3º Guru.

Cada bani tem um elemento primordial como se ele estivesse na frente e os outros
elementos estivessem seguindo-o, apoiando-o. Jap Ji tem o elemento primordial da
Mãe Terra. Ele traz consigo os pauris onde os elementos mudam. Do segundo pauri
em diante, terceiro, quarto e quinto. Assim os quatro elementos vêm em seguida.
Jaap é a Água. É como experimentar as ondas do oceano. Percebem as ondas?
Todos os bani são assim. O elemento primordial é a Água. Após mais algumas
estrofes, os outros Elementos virão em seguida, um após o outro. No próximo bani,
Tav Prasad Savaee-ay, o elemento primordial é o Fogo. O elemento primordial é o
fogo. O quarto é o Chopai, o elemento primordial é o Ar. O quinto é Anand o
elemento é o Éter. E Anand significa bem-aventurança.”

Parvinder SIngh

Este Sadhana também é praticado nas horas ambrosiais. Há uma certa liberdade na
quantidade de Banis a serem recitados, podendo ser praticado com o Japji Sahib e
o Jaap Sahib somente ou na recitação em sequência dos quatro primeiros, deixando
o último para ser recitado próximo a hora do almoço ainda na parte de manhã.

Antes de finalizar, pode-se entoar o mantra Wahe Guru no formato Simran. Esta
recitação meditativa atua fortemente no chakra da coroa, removendo o véu da ilusão
da mente e conectando a essência.

Assim como no Sadhana Aquariano, para finalizar é feito a leitura do Hukam e


recomenda-se que um alimento especial, Prashad, seja servido para todos.

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