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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE SOBRE A ESCRAVIDÃO NEGRA NO BRASIL

METODOLOGIA DA COMISSÃO
NACIONAL DA VERDADE SOBRE A
ESCRAVIDÃO NEGRA NO BRASIL

Brasília - DF
2015
COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE SOBRE A ESCRAVIDÃO NEGRA NO BRASIL

FICHA TÉCNICA
COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE SOBRE A ESCRAVIDÃO NEGRA NO BRASIL

APRESENTAÇÃO
COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE SOBRE A ESCRAVIDÃO NEGRA NO BRASIL

INTRODUÇÃO

CONSIDERANDO, que a Declaração e Programa de Ação de Durban, adotada na Conferência


Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia, Intolerância Correlata promovida pela
Organização das Nações Unidas em 2001, em seus pontos 13,14 e 15 dispõe que:
Reconhecemos que a escravidão e o tráfico escravo, incluindo o tráfico de escravos
transatlântico, foram tragédias terríveis na história da humanidade, não apenas por sua
barbárie abominável, mas também em termos de sua magnitude, natureza de
organização e, especialmente, pela negação da essência das vítimas; ainda
reconhecemos que a escravidão e o tráfico escravo são crimes contra a humanidade e
assim devem sempre ser considerados, especialmente o tráfico de escravos
transatlântico, estando entre as maiores manifestações e fontes de racismo,
discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata; e que os Africanos e
afrodescendentes, Asiáticos e povos de origem asiática, bem como os povos indígenas
foram e continuam a ser vítimas destes atos e de suas consequências;
Reconhecemos que o colonialismo levou ao racismo, discriminação racial, xenofobia e
intolerância correlata, e que os Africanos e afrodescendentes, os povos de origem
asiática e os povos indígenas foram vítimas do colonialismo e continuam a ser vítimas de
suas consequências. Reconhecemos o sofrimento causado pelo colonialismo e
afirmamos que, onde e quando quer que tenham ocorrido, devem ser condenados e sua
recorrência prevenida.Ainda lamentamos que os efeitos e a persistência dessas
estruturas e práticas estejam entre os fatores que contribuem para a continuidade das
desigualdades sociais e econômicas em muitas partes do mundo ainda hoje;
Reconhecemos que o apartheid e o genocídio, nos termos do direito internacional,
constituem crimes de lesa-humanidade e estão entre as maiores manifestações e fontes
de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata; reconhecemos o mal
não-dito e o sofrimento causado por estes atos e afirmamos que onde quer que tenham
ocorrido, devem ser condenados e sua recorrência prevenida.

CONSIDERANDO que em 1948, a Assembleia das Nações Unidas adotou a Convenção para a
Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio.

CONSIDERANDO que a Assembleia das Nações Unidas de 1968 aprovou a Convenção sobre a
Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes contra a Humanidade.

CONSIDERANDO que a Assembleia das Nações Unidas de 1973 aprovou a Convenção


Internacional sobre a Supressão e Punição do Crime de Apartheid.

CONSIDERANDO que cinquenta anos após haver adotado a Convenção para a Prevenção e
Repressão ao Crime de Genocídio. A Assembleia das Nações Unidas de 1998, aprovou o Estatuto
de Roma que instituiu o Tribunal Penal Internacional.

CONSIDERANDO que o Estatuto de Roma assim dispõe em seu Preâmbulo:


Conscientes de que todos os povos estão unidos por laços comuns, de que suas culturas
configuram um patrimônio em comum e observando com preocupação que esse delicado
mosaico pode se romper a qualquer momento.
Tendo presente que, neste século milhões de crianças, mulheres e homens têm sido
vítimas de atrocidades que desafiam a imaginação e chocam profundamente a
consciência da humanidade.
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Reconhecendo que esses graves crimes constituem uma ameaça para a paz e segurança
do bem estar da humanidade.
Afirmando que os crimes graves que preocupam a comunidade internacional em seu
conjunto não devem ficar sem castigo e que para assegurar que sejam efetivamente
submetidos a ação da justiça, cumpre adotar medidas no plano nacional e fortalecer a
cooperação internacional. (...)

CONSIDERANDO que em seus artigos 5, 6 e 7 o Estatuto de Roma define os crimes da


competência do Tribunal Penal Internacional:
Artigo 5.
Crimes sob a jurisdição do Tribunal.
A jurisdição do Tribunal se limitará aos crimes graves que preocupam a comunidade
internacional em seu conjunto.
O Tribunal terá jurisdição em conformidade com o presente Estatuto sobre os seguintes
crimes:
Crime de genocídio.
Os crimes contra a humanidade.
Os crimes de guerra.
(...)
Artigo 6.
Genocídio.
Para os fins do presente Estatuto, entende-se por genocídio qualquer um dos atos
mencionados a seguir, praticados com a intenção de destruir total ou parcialmente um
grupo nacional, étnico, racial ou religioso como tal:
Matar membros do grupo.
Causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo.
Submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe
destruição física total ou parcial.
Adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo.
Efetuar transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.
Artigo7.
Crimes contra a humanidade.
Para fins do presente Estatuto, entende-se por crime contra a humanidade, qualquer um
dos presentes atos, quando praticados como parte de algum ataque generalizado ou
sistemático contra uma população civil e com conhecimento de tal ataque:
Homicídio.
Extermínio.
ESCRAVIDÃO.
Deportação ou transferência forçada de populações.
Encarceramento ou outra privação grave de liberdade física, em violação às normas
fundamentais do direito internacional.
Tortura.
Estupro, escravidão sexual, prostituição forçada, esterilização forçada ou abusos sexuais
de gravidade comparável.
Perseguição de um grupo ou coletividade com identidade própria fundada em motivos
políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos, de gênero, como definido no
parágrafo 3°, ou outros motivos universalmente conhecidos como inaceitáveis conforme o
direito internacional, em conexão com qualquer ato mencionado no presente parágrafo ou
em qualquer crime da jurisdição deste Tribunal.
Desaparecimento de pessoas.
O CRIME DE APARTHEID.

CONSIDERANDO que a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de


Discriminação Racial adotada pela ONU em 1965, dispõe em seu Preâmbulo:
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Os Estados partes na presente Convenção.


CONSIDERANDO que a Carta das Nações Unidas baseia-se em princípios de dignidade
e igualdade inerentes a todos os seres humanos e que todos os Estados Membros
comprometeram-se a tomar medidas separadas e conjuntas em cooperação com a
Organização para a consecução de um dos propósitos das Nações Unidas que é
promover e encorajar o respeito universal e observância dos direitos humanos e
liberdades fundamentais para todos, sem discriminação de raça, sexo, idioma ou religião.
CONSIDERANDO que a Declaração Universal dos Direitos do homem proclama que
todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos e que todo homem tem
todos os direitos estabelecidos na mesma, sem distinção de qualquer espécie
principalmente de raça, cor ou origem nacional.
(...)
Convencidos que a existência de barreiras raciais repugna os ideais de qualquer
sociedade humana(...)
Resolvidos a adotar todas as medidas necessárias para eliminar rapidamente a
discriminação racial em todas as suas formas e manifestações, e a prevenir e combater
doutrinas e práticas racistas com o objetivo de promover o entendimento entre as raças e
construir uma comunidade internacional livre de todas as formas de segregação racial e
discriminação racial. (...)

CONSIDERANDO que em seu Artigo 2°,alínea e, 2 essa Convenção dispõe que:


Cada Estado parte compromete-se a favorecer quando for o caso: as organizações e
movimentos multirraciais e outros meios próprios a eliminar as barreiras entre as raças e
a desencorajar o que tende a fortalecer a divisão racial.
Os Estados partes tomarão, se as circunstâncias o exigirem, nos campos social,
econômico, cultural e outros, as medidas especiais e concretas para assegurar como
convier o desenvolvimento a esses grupos com o objetivo de garantir-lhes em condições
de igualdade, o pleno exercício dos direitos do homem e das liberdades fundamentais.
Essas medidas não deverão, em caso algum, ter a finalidade de manter direitos desiguais
ou distintos para os diversos grupos raciais, depois de alcançados os objetivos em razão
dos quais foram tomadas.

CONSIDERANDO que a Organização Internacional do Trabalho em repelência a qualquer forma de


escravidão, de trabalhos forçados ou em condições análogas a de escravo adotou sua convenção
N.29 de Abolição do Trabalho Forçado em 1930 e também sua convenção N.105 adotada em
Genebra na Conferência internacional do Trabalho de 1957.

CONSIDERANDO que o fato de haver subscrito a Carta da Organização dos Estados Americanos e
de ser membro da OEA, acarreta ao Brasil compromisso com os princípios e fundamentos éticos
previstos no Preâmbulo da Convenção interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e
Formas Correlatas de Intolerância, antes mesmo de subscrevê-la, assim dispondo esse Preâmbulo:
OS ESTADOS PARTES NESTA CONVENÇÃO, CONSIDERANDO que a dignidade
inerente e a igualdade de todos os membros da família humana são princípios básicos da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Declaração Americana dos Direitos e
Deveres do Homem, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos e da Convenção
Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial.
REAFIRMANDO o firme compromisso dos Estados Membros da Organização dos
Estados Americanos com a erradicação total e incondicional do racismo, da discriminação
racial e de todas as formas de intolerância, sua convicção de que essas atitudes
discriminatórias representam a negação dos valores universais e dos direitos inalienáveis
e invioláveis da pessoa humana e dos propósitos e princípios consagrados na Carta da
Organização dos Estados Americanos, na Declaração Americana dos Direitos e Deveres
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do Homem, na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, na Carta Social das


Américas, na Carta Democrática Interamericana, na Declaração Universal dos Direitos
Humanos, na Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial e na Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos
Humanos.
RECONHECENDO o dever de se adotarem medidas nacionais e regionais para promover
e incentivar o respeito e a observância dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais de todos os indivíduos e grupos sujeitos a sua jurisdição sem distinção de
raça, cor, ascendência,origem nacional ou étnica.
CONVENCIDOS de que os princípios da igualdade,da não discriminação entre os seres
humanos são conceitos democráticos dinâmicos que propiciam a promoção da igualdade
jurídica efetiva e pressupõe uma obrigação por parte do Estado de adotar medidas
especiais para proteger os direitos de indivíduos ou grupos, que sejam vítimas da
discriminação racial em qualquer esfera de atividade, seja pública ou privada com vistas a
promover condições equitativas para a igualdade de oportunidades, bem como combater
a discriminação racial em todas as suas manifestações individuais, estruturais e
institucionais.
CONSCIENTES de que o fenômeno do racismo demonstra uma capacidade dinâmica de
renovação que lhe permite assumir novas formas pelas quais se dissemina e se expressa
política, social, cultural e linguisticamente.
LEVANDO EM CONTA que as vítimas do racismo, da discriminação racial e de outras
formas correlatas de intolerância nas Américas são, entre outras, afrodescendentes,
povos indígenas, bem como outros grupos e minorias raciais e étnicas ou grupos que por
sua ascendência ou origem nacional ou étnica são afetados por essas manifestações…

CONSIDERANDO que a Carta Política Cidadã de 1988 dispõe que:


Art.1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal constitui-se em Estado democrático de direito e tem
como fundamentos:
II. A cidadania;
III. A dignidade da pessoa humana;
IV. Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I. Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II. Garantir o desenvolvimento nacional;
III. Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV. Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
II. Prevalência dos direitos humanos;
VIII. Repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Art.5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à segurança e à propriedade nos termos seguintes:
XLI. A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais;
XLII.A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de
reclusão nos termos da lei.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais além de outros que visem a
melhoria de sua condição social:
XXX. Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.
Art. 215, §1º O Estado protegerá as manifestações populares, indígenas e afro-brasileiras
e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
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Art. 216, §5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de


reminiscências históricas dos antigos quilombos.
Art.242, §1º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das
diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro.
ADCT
Art. 68. Aos remanescentes das comunidades quilombolas que estejam ocupando as
suas terras é reconhecida a propriedade definitiva devendo o Estado emitir-lhes os títulos
respectivos.

CONSIDERANDO que a Lei n.12.288 de julho de 2010 dispõe que:


Art.1°. Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população
negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos
individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e demais formas de
intolerância étnica.
Art.4º. A participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade na
vida econômica, social, política e cultural do País será promovida, prioritariamente por
meio de:
I. Inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social;
II. Adoção de medidas, programas e políticas de ação afirmativa;
III. Modificação das estruturas institucionais do Estado para o adequado
enfrentamento e a superação das desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da
discriminação étnica;
IV. Promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à discriminação
étnica e às desigualdades étnicas em todas as suas manifestações individuais,
institucionais e estruturais;
V. Eliminação dos obstáculos históricos socioculturais e institucionais que impedem
a representação da diversidade étnica nas esferas pública e privada;
VI. Estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da sociedade civil
direcionadas à promoção da igualdade de oportunidades e ao combate ás desigualdades
étnicas, inclusive mediante à implementação de incentivos de critérios de
condicionamento e prioridade no acesso aos recursos públicos;
VII. Implementação de programas de ação afirmativa destinados ao enfretamento das
desigualdades étnicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança
trabalho, moradia, meios de comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à
terra, à justiça e outros.
Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir-se-ão em políticas públicas
destinadas a reparar as distorções e desigualdades sociais e demais práticas
discriminatórias adotadas, nas esferas pública e privada, durante o processo de formação
social do país.

CONSIDERANDO que o relatório do Grupo de Trabalho de Peritos da ONU em missão de visita ao


Brasil em dezembro de 2013 reconheceu a persistência do racismo institucional no nosso país.
CONSIDERANDO que as desigualdades raciais e o racismo no Brasil, agora reconhecidos inclusive
pela Organização das Nações Unidas, são consequências tardias da escravidão negra. Fato
reconhecido pela Declaração e Programa de Ação de Durban adotada na Conferência Mundial
contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata promovida pela ONU em
2001, na África do Sul.
CONSIDERANDO que o Estado brasileiro patrocinou a escravidão negra e inclusive auferiu recursos
financeiros com ela.
CONSIDERANDO que centenas de milhares de pessoas africanas tiveram suas vidas ceifadas pelo
tráfico negreiro e pela escravidão.
CONSIDERANDO que a sociedade brasileira vive atormentada até os nossos dias pelas
consequências desses fatos, que insistem em repercutir ainda no presente.
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CONSIDERANDO que o Estado brasileiro jamais adotou um pedido formal de desculpas aos
afrodescendentes pela prática da escravidão.
CONSIDERANDO que a Lei Áurea e seus desdobramentos implicaram em marginaliza-ção da
comunidade afrodescendente.
CONSIDERANDO que a sociedade brasileira precisa ainda colocar-se frente a frente com esse
passado, para apagar as manchas que ele deixou.
CONSIDERANDO que o Estado brasileiro mantém até os nossos dias um silêncio sepulcral quanto
ao Crime de Escravidão e suas consequências.
Considerando que os instrumentos do Regime Internacional de Combate ao Racismo consideram
urgente, a justa reparação e superação desse passado:

O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinícius


Furtado Coelho decide:

Instituir no âmbito da Ordem dos Advogados do Brasil uma COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE
SOBRE A ESCRAVIDÃO NEGRA NO BRASIL composta de 12 membros por ele indicados.
Será propósito dessa Comissão colocar em mesa, os fatos alusivos à escravidão, de tal forma que a
sociedade brasileira possa livrar-se das sombras desse passado e a partir de então, congratular-se
num estilo de vida multirracial e multicultural.

CONSIDERANDO que essa alta responsabilidade e elevada missão não se esgota no âmbito da
sociedade civil,o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil,Marcus
Vinícius Furtado Coelho decide ainda:

Expedir Ofício à Excelentíssima Sra. Presidenta da República Dilma Roussef, sugerindo a instituição
de Comissão similar a essa, no âmbito do Poder Executivo Federal.

Expedir Ofícios, dando ciência da criação dessa Comissão Nacional da Verdade sobre a Escravidão,
às seguintes autoridades: Ao Excelentíssimo Sr. Presidente do Supremo Tribunal Federal e do
Conselho Nacional de Justiça, Ministro Ricardo Lewandowski; ao Excelentíssimo Sr. Procurador
Geral da República e Presidente do Conselho Nacional do Ministério Público, Rodrigo Janot; ao
Excelentíssimo Sr.Presidente do Congresso Nacional, Senador Renan Calheiros; ao Excelentíssimo
Sr.Ministro da Justiça José Eduardo Cardoso; a Excelentíssima Sra. Ministra da SEPPIR, Luiza
Bairros.

Brasília,03 de novembro de 2014

Marcus Vinícius Furtado Coelho


Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
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SUMÁRIO
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1. CONTATO ENTRE OS MEMBROS DA COMISSÃO:

1.1 EMAIL

cnvenb@oab.org.br

1.2 WHATSAPP

1.3 TELEFONE

1.3 FACEBOOK

https://www.facebook.com/messages/conversation-1407228102913562
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2. CONTATO COM O PÚBLICO EXTERNO:

 Através da Página oficial do facebook onde terão acesso e poderão se comunicar postando
PISTAS das provas que precisamos;
 Através do email da Comissão (cnvenb@oab.org.br);
 Através de Audiência Pública caso haja necessidade;
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3. SUB COMISSÕES
3.1 Estaduais:

 Serão criadas através de cada seccional da OAB;


 Terão Audiência Pública de Posse a exemplo da Nacional com a presença de pelo menos 1
Membro da Comissão Nacional;

3.2 Municipais:

 Serão criadas através de cada Comissão Estadual pela OAB;


 Terão Audiência Pública de Posse a exemplo da Nacional e Estadual com a presença de
pelo menos 1 Membro da Comissão Estadual;

3.3 Funcionamento da Comissão:

3.3.1 Nacional
 Presidente e um Vice-Presidente;
 Um Secretário, que manterá o registro de suas atividades.
 Um Relator, que deverá elaborar o seu relatório final e entregá-lo ao Presidente da
Comissão, que o subscreverá, juntamente com o Vice-Presidente.
 O Presidente e o Vice-Presidente da Comissão, não integrarão qualquer dos dois Grupos de
Trabalho, assumindo a coordenação de ambos.

3.3.1 Estadual e Municipal


 Seguem o Modelo da Comissão Nacional
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4. PRODUTO

 Elaborar um relatório capaz de fundamentar, apto a justificar o dever de se reparar os fatos


relativos à escravidão negra.
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4. PRAZOS
4.1 - NACIONAL
 Relatório Parcial – Dezembro/2015.
 Relatório Final – Dezembro/2016.

4.2 - ESTADUAL
 Relatório Parcial – Outubro/2015.
 Relatório Final – Outubro/2016.

4.3 - MUNICIPAL

 Relatório Parcial – Setembro/2015.


 Relatório Final – Setembro/2016.
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5. QUESTÕES NORTEADORAS - FOCO

 Quais foram, por quem foram e como foram cometidos, os crimes que tornaram realidade, a
escravização de pessoas negras no Brasil?
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6. ESTRATÉGIA DE TRABALHO

 Dividir a Comissão em 2 Grupos de Trabalho:


a) Grupo de Trabalho de Pesquisas Bibliográficas - GT-1
b) Grupo de Trabalho de Coleta de Dados (Provas Materiais) - GT-2

6.1 GT 1
 Arregimentar pesquisa bibliográfica, direcionada a responder às questões norteadoras;
 Realizar entrevistas, com autores vivos, das obras visitadas

6.2 GT 2
 Coletar provas materiais e documentais, dos crimes que “viabilizaram” a escravização de
pessoas negras;
 fotografar, filmar, digitalizar materiais;
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7. ESTRUTURA DO RELATÓRIO

 Introdução;
 1. Relato, com encadeamento lógico, dos principais elementos coligidos pelo GT-1.
 2. Relato, com encadeamento lógico, dos principais elementos coligidos pelo GT-2.
 3. Fundamentação lastreada no Regime Internacional de Combate ao Racismo, ordenada
por uma técnica argumentativa direcionada a apontar a responsabilização do Estado e o
dever de REPARAÇÃO.
 4. Propostas de modalidades viáveis de reparação.
 5. Conclusão.

Os Relatórios Municipais devem ser encaminhados no PRAZO ao email da Comissão Estadual;


Os Relatórios Estaduais devem ser encaminhados no PRAZO ao email da Comissão Nacional;
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8. PARCERIAS

8.1 Assinar Termo de Cooperação Técnica com os lócus de Produção das fontes Bibliográficas
(Universidades, Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, Museus, Arquivos Públicos,
Arquivos de Dioceses, etc);
 (Modelo da Comissão Nacional);

8.2 . Assinar Termo de Cooperação Técnica com Setores Estratégicos para garantir
FINANCIAMENTO de passagens e diárias para atividades do GT-2 (Universidades Públicas e
Privadas, Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, Museus, Governos do Estado,
Prefeituras, Secretarias de Ciência e Tecnologia, Fundações de Apoio à Pesquisa Estaduais, etc );

8.3 Através de FINANCIAMENTO de Universidades, Institutos Federais de Educação, Ciência e


Tecnologia e outros, pode-se alocar bolsistas e estagiários para as atividades meio e fim da
Comissão;
 (Profissionais ou alun@s dos Cursos de Biblioteconomia, Direito, Ciências Sociais, História,
Antropologia, etc)
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9. BASE DE DADOS

ESTADUAL:
 Todos os documentos ficam sob a guarda da Secretaria da Comissão Estadual;
 Todas as provas documentais devem ser digitalizadas e encaminhadas ao email da
Comissão (cnvenb.pa@gmail.com);

NACIONAL
 Todos os documentos ficam sob a guarda da Secretaria da Comissão Nacional;
 Todas as provas documentais devem ser digitalizadas e encaminhadas ao email da
Comissão (cnvenb@oab.org.br);
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BIBLIOGRAFIA

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