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Olinda,
2021
1
Thays Karyne Barbosa da Silva
Olinda,
2021
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THAYS KARYNE BARBOSA DA SILVA
_________________________________
Prof. Mercia Aparecida Souza de Melo Silva
Olinda,
2021
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AGRADECIMENTO
Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por mais um ciclo que se fecha, pois só
ele sabe da batalha interna que assume esse semestre, obrigado por me mostrar o quanto eu
posso ter e fazer tudo que eu quiser almejar, obrigado por me fortalecer nos momentos
difíceis, pois só o Senhor saber o quanto eu precisava passar por esse processo.
Gostaria de agradecer a minha mãe e ao João (meu padrasto) por sempre investirem
no meu sucesso, pois sem eles não poderia ter chegado até aqui, quero agradecer a eles por
terem me suportado nos dias difíceis e me amarem incondicionalmente em qualquer
momento.
Gostaria de agradecer a Gabi minha terapeuta, que foi essencial nesse processo, pois
sem ela eu não teria condições mentais para ter concluído meu “abismo”.
Gostaria de agradecer a todos os meus professores da FACHO, pois cada um em sua
maneira contribuíram para a minha formação, queria destacar dois professores em particular
que nesse ano foram fundamentais para nesse trabalho, o primeiro é o professor Fernando,
que quando estávamos na construção do projeto me orientava e meu auxiliava muito (me
castravar como um bom psicanalista) e a segunda é professora Mércia que aceitou minha
proposta e me compreendeu no meu momento mais difícil na escrita
Gostaria de agradecer a Tayça e Milena por terem se disponibilizado a lerem meu
trabalho enquanto ainda era um esboço e gostaria de agradecer a Raquel por sempre me
fortalecer em cada projeto que assumo.
Gostaria de agradecer a Larissa por todos os momentos no estágio onde eu chegava
desabafando minhas frustrações e também gostaria de agradecer as meninas do vôlei que
mesmo sem saberem estão me ajudando a evoluir profissionalmente e pessoalmente, pois é
com elas que aprendo a lutar por meus objetivos.
E por último, gostaria de agradecer a mim mesma por ser quem estou querendo ser,
por mais um processo doloroso de amadurecimento e por saber que a cada processo que passo
estou me tornando uma pessoa melhor e que saber, que quando tudo parecer impossível é aí
que eu tenho que tentar.
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RESUMO
O presente trabalho busca apresentar, de maneira sucinta, uma perspectiva pouco explorada
academicamente no Brasil: compreender o processo simbólico das estruturas arquetípicas e a
individuação do negro, tendo como base teórica as ideias de Jung (1973), além de apresentar
uma breve historicidade da negritude no Brasil. Em vista disso, o objetivo geral desta
pesquisa é investigar a influência religiosa do simbolismo das estruturas arquetípicas sobre a
individuação do negro candomblecista. Trata-se, portanto, de uma análise bibliográfica, pois
foi realizada através de várias leituras de dissertações, artigos e livros a respeito da psicologia
junguiana e do candomblé. Esta produção encontra-se dividida em três capítulos: o primeiro
abordando a religiosidade em algumas perspectivas; já o segundo falando sobre a escravatura
sofrida pela pessoa negra, como também o sincretismo religioso, e o terceiro, que tem como
nosso último enfoque foi está no processo de individuação do negro candomblecista, trazendo
alguns relatos a respeito da ascensão da negritude, desde o Brasil colônia até os presentes
dias.
ABSTRACT
This work intends to present, in a brief way, a little explored perspective on the academic
field in Brazil: the focus is to comprehend the symbolic process of the archetypal structures
and the individuation of the black, based theoretically on Jung’s (1987) ideas besides the
presentation of a brief historicity of the blackness in Brazil. Therefore, the general objetive of
this research is to investigate the religious influence of the symbolism of the archetypal
structures on the individuation of the black candomblecist. Thus, this study is a bibliographic
analysis, since it was accomplished through several readings of dissertations, articles and
books of the matter of Jungian Psychology and of candomblé. This production is divided in
three chapters: the fist one approaches the religiosity in some perspectives; the second one
explores the slavery suffered by the black person, as well as the religious syncretism; and the
third, which evolves around the individuation of the black candomblecist, brings some reports
about the ascension of the blackness, since Brazil cologne until nowadays.
LISTA DE QUADROS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO…....................................................................................................9
OBJETIVOS...........................................................................................................12
4. CONCLUSÃO ...........................................................................................27
5. REFERÊNCIAS ........................................................................................28
INTRODUÇÃO
Este trabalho foi desenvolvido por uma aluna do curso de bacharelado em psicologia
da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda, tendo como propósito a elaboração do trabalho
de conclusão de curso do ano de 2021.2.
A respectiva pesquisa pretende analisar as informações acerca da psicologia e da
religião para que possa estabelecer relações, de modo que traga explicações de como se dá o
processo simbólico das estruturas arquetípicas na individuação do negro candomblecista. Será
abordada uma breve explicação sobre a religião e, mais à frente, analisaremos a psicologia
analítica como mediadora desses conteúdos científicos de Carl Gustav Jung (1978) diante da
temática religiosa do assunto. Após essas análises iniciais, adentrarmos nas questões acerca da
influência do candomblé no processo de individuação do negro no Brasil.
Quando observamos o passado, vemos a exploração dos povos negros no Brasil, cuja
população fora trazida para atuar enquanto mão de obra escravizada. Conforme apresenta
Piazza (1979), Povos oriundos da África cujas crenças se caracterizavam como: politeístas
(povo Iorubá, povo Fon, povo Fanti-Axanti - vindo do Guiné); islamizadas (povo Haussá,
povo Mandinga, povo Pleura) e os animistas (povo Bantu - vindo da Angola, Congo,
Moçambique).
Esses povos foram divididos por toda a colônia e, em decorrência dessas divisões e do
poder exercido pelo sistema colonial, muitos se converteram ao cristianismo e outros
ressignificaram suas crenças, fazendo assim uma nova cultura intitulada atualmente de
afro-brasileira. Os africanos têm uma enorme contribuição na construção cultural brasileira,
porém, devido à repressão da colonização, essas culturas foram menosprezadas,
principalmente suas religiões e crenças culturais.
Uma dessas religiões é o Candomblé. Iniciado na realidade brasileira, na Bahia, por
volta do século XIX, o Candomblé é uma religião concebida por fundamentos teológicos e
rituais próprios, que tem como propósito alcançar a espiritualidade por meio dos orixás.
Assim, segundo Barbosa Junior (2017), tem como intuito a valorização da ancestralidade e o
misticismo que vai da crença de comunicar-se com os orixás, bem como inteirar-se dos seus
mitos históricos divinos.
Originalmente, o Candomblé foi constituído no Brasil como forma de reunir povos de
várias nações em um só terreiro, fazendo, dessa maneira, uma unificação das tribos africanas
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como forma de resistência e de proteção de suas culturas apesar das diversas etnias, como
apresenta Barbosa Junior (2017). Cada vez mais o Candomblé tem influência na vida social
do brasileiro, através da sua cultura, das músicas e até na relação interpessoal. Antes, os
negros que eram escravos faziam suas celebrações como forma de conexão com seu
continente africano e hoje essa celebração é um resgate à ancestralidade.
Para fazer um paralelo com a religião, é importante pensarmos nos fundamentos da
psicologia junguiana com base epistemológica, que visa à relação que Jung tinha com a
psicologia e as práticas religiosas. É através dos estudos a respeito do inconsciente coletivo,
inconsciente pessoal e a estrutura arquetípica de Jung que iremos fundamentar este trabalho.
O inconsciente coletivo é responsável pela seleção da ação e percepção da psique, constituído
por um reservatório de imagens primordiais. Segundo Jung (1980, p. 60), as imagens
primordiais “[...] são as formas mais antigas e universais da imaginação humana. São
simultaneamente sentimento e pensamento. Têm como que vida própria [...]”, e vêm sendo
passadas de geração em geração não como forma consciente, mas de modo reativo às
respostas predispostas no mundo, que podem ser acionadas a qualquer momento com a
combinação de formas simbólicas.
O processo simbólico é o mediador das diversas contradições entre quaisquer
princípios e oposições do sujeito entre o consciente e o inconsciente. Segundo Sereba (2010),
essa oposição ativa uma ação inconsciente que se expressa de forma simbólica com uma
função de compensação dessa divergência, tornando o símbolo o equilíbrio da psique. Esse
processo simbólico que o candomblecista de forma inconsciente harmoniza começa a ser
buscado nos arquétipos a uma representatividade. Para Hall e Nordby (1973), os arquétipos
são os conteúdos do inconsciente coletivo. Nele, há diversas variações de arquétipos, como,
por exemplo, a representação de Deus, do Diabo, da morte, dos objetos naturais, dos objetos
criados pelo homem, etc.
Os arquétipos atuam como forma imaginária nessa construção, trazendo
representações dos deuses africanos que, de forma consciente, contribuem no
desenvolvimento da personalidade dos candomblecistas, fazendo com que o ego deles se
desenvolva através das experiências pessoais. Nessa forma consciente da representatividade
divina, os candomblecistas poderiam desenvolver duas funções: a extroversão, para se
relacionar com o mundo externo, e a introversão para se relacionar consigo mesmo.
Para Jung (1973, p. 427 apud FADIMAN e FRAGER, 1986, p. 52) “O ego quer
sempre explicações, a fim de consolidar sua existência”. Nessa busca de realizações, o
candomblecista começa seu processo de individuação. Essa atividade se dá segundo a teoria
11
junguiana, por ser um fator singular do indivíduo, essa construção que requer um desenvolver
pessoal e social, tendo predisposição de agrupar elementos da psique coletiva, a fim de formar
uma personalidade única e exclusiva.
Diante dessas explicações, o problema de pesquisa deste trabalho decorrerá da
seguinte pergunta: como ocorre o processo simbólico das estruturas arquetípicas na
individuação do negro candomblecista? Observando por um lado científico, o trabalho tem a
finalidade de ressaltar a importância da psicologia analítica no contexto religioso, como forma
de ampliar os estudos voltados para essa área, examinando, de forma metafisicamente, que
está fundamentada no ser de modo geral e que não se limita a estudar uma área específica
como Jung costumava acreditar, exercendo, assim, um conhecimento que vai além da psique.
Desse modo, a produção dissertativa justifica-se socialmente na importância do
conhecimento da religião do candomblé nos dias atuais para que haja uma interrupção de
estereótipos negativos que a sociedade tem construído a respeito das religiões de matrizes
africanas. Há poucos estudos direcionados às religiões de matrizes africanas na psicologia
brasileira e, dessa forma, o objetivo da escolha deste trabalho é agregar na elaboração da
individualização do ser negro candomblecista em sociedade, com o intuito de fazer com que
ele contribua para estudos futuros a respeito da psicologia e da religião, não como áreas
individuais, mas como forma conjunta entre a ciência e a religiosidade.
A presente investigação trata de uma pesquisa bibliográfica, pois foi realizada através
de várias leituras de dissertações, artigos e livros a respeito da psicologia junguiana e do
candomblé. Na pesquisa bibliográfica, segundo Severino (2007 p. 122) “utilizam-se [de]
dados de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente
registrados”. Além disso, adotou-se a metodologia qualitativa, porque “ela se preocupa, nas
ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela
trabalha com o universo de significados” (MINAYO, 2001 p. 21). O trabalho tem como foco
compreender o processo simbólico das estruturas arquetípicas e a individuação do negro.
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OBJETIVOS
objetivos gerais
Investigar a influência religiosa do simbolismo das estrututras arquetípicas sobre a
individuação do negro candomblecista
objetivos específicos
A) Analisar a religião como função psíquica numa perspectiva junguiana
B) Examinar a condição do simbolismo na formação dos arquétipos dos orixás
C) Explicar como ocorrre a construção da individuação do negro candomblecista
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Diante dos cientistas e estudiosos citados, Jung desenvolve estudos, através da sua
experiência pessoal, a respeito das várias religiões que existem para ele. Elas apresentam-se
como um fenômeno autêntico, na medida em que recolhem e conservam as imagens
simbólicas oriundas das profundezas do inconsciente e as criam em seus dogmas, fazendo que
haja conexões com as estruturas básicas da vida psíquica. Jung usava a palavra religião no
sentido de religio ou melhor re e ligar; para ele religar o consciente com certos poderosos
fatores do inconsciente a fim de que sejam tomados em atenta consideração (SILVEIRA,
1981).
Segundo Jung (1978) todas as religiões originam-se basicamente de encontros com
esses fatores dinâmicos do inconsciente, seja em sonhos, visões ou êxtases. Esses fatores
apresentam-se constelados em imagens dos mais diversos aspectos: deuses, demônios,
espíritos, no entanto reconhece todos os deuses possíveis e imagináveis, sob a condição única
de que sejam ou tenham sido atuantes no psiquismo do homem. Assim, “Como toda função, a
religiosidade é susceptível de ser desenvolvida, cultivada e aprofundada, e poderá também ser
negligenciada, deturpada ou reprimida.” (SILVEIRA, 1981,p.131).
A linguagem das religiões é construída através de símbolos ao longo dos tempos. Sem
dúvida, essa construção vem atuando profundamente sobre a vida dos homens, as cerimônias
religiosas coletivas originam-se de necessidades de proteção e funcionam como uma cautela
entre o divino e o humano, presente no inconsciente coletivo. Em vista disso, Silveira
apresenta a seguinte contribuição sobre o ego: “Quando Jung fala de religião não está nunca
se referindo a qualquer credo ou a qualquer igreja em particular. O que o interessa é a atitude
religiosa como função psíquica natural, é a experiência religiosa na qualidade de processo
psíquico” (SILVEIRA, 1981, p. 139).
15
[...] que Xangô, deus do trovão, violento e viril, tinha sido comparado a São
Jerônimo, representado por um ancião calvo e inclinado sobre velhos livros, mas que
é frequentemente acompanhado, em suas imagens, por um leão docilmente deitado a
seus pés. E como o leão é um dos símbolos da realeza entre os iorubás, São
Jerônimo foi comparada a Xangô, o terceiro soberano dessa nação (VERGER, 2002
p. 26)
20
As semelhanças dos Santos Católicos foram associadas com os Orixás de acordo com
o arquétipo que era constelado por esses povos, de acordo com as suas crenças e
conhecimentos. enquanto de uma forma individual, aqui no Brasil, a questão arquetípica
também se revelava individualmente (HOLANDA, 1998 apud SILVA, FIGUEIREDO, 2018).
Nos cultos de Candomblé há um modo de individuação específica para cada candomblecista,
onde a devoção é elaborada em conjunto, mas a adoração ao orixá é feita de maneira que a
representação arquetípica seja o criador de tudo que existe (SILVA, FIGUEIREDO, 2018). No
quadro abaixo podemos ver detalhadamente a respeito dos santos católicos e os orixás e suas
representações.
Ser negro é, além disso, tomar consciência do processo ideológico que, através de
um discurso mítico acerca de si, engendra uma estrutura de descobrimento que o
aprisiona numa imagem alienada, na qual se reconhece. Ser negro é tomar posse
desta consciência e criar uma nova consciência que reassegura o respeito às
diferenças e que reafirma uma dignidade alheia a qualquer nível de exploração.
Assim, ser negro não é uma condição dada, a priori, é um vir a ser. Ser negro é
tornar-se negro.
Ouane et al (2005) afirma que ao construir uma identidade negra positiva em uma
sociedade que, historicamente, ensina aos negros, desde muito cedo, que para ser aceito é
preciso negar-se a si mesmo, é um desafio enfrentado por essa população, sendo entendida
como um processo contínuo construído pelos negros nos vários espaços. É através dessas
novas percepções de vida que Souza (1983) traz o seu pensamento sobre o mito negro, ele se
configura em produzir uma singularidade para o problema do negro em sociedade, este mito
vai travar um desafio de modo que cause um rompimento com a submissão.
O mito negro constituído de anseios de um mundo opressor tem como foco fortalecer
uma conquista de identificação com os ancestrais. Segundo Souza (1982), essa reinvenção da
identidade negra reflete ao povo negro candomblecista. Contudo, essa concepção não veio de
forma gratuita, mas aponta para a intelectualização e politização da população afrorreligiosa.
O processo de individuação do negro candomblecista é marcado pela violência racial e pela
intolerância religiosa. Hoje, esses impasses ainda são pertinentes, pois o racismo é a base
26
estruturante de diversas violações no país. Dentre elas, podemos considerar a violação do
direito ao culto, em que os candomblecistas negros são os mais afetados psicologicamente.
Em vista disso, Rodrigues (2021) defende que o racismo religioso tem um sentido de uma
discriminação contra um povo etnicamente distinto de outros que habitam o território
brasileiro.
Segundo Rodrigues (2021), quando o racismo ataca a religiosidade negra, atinge todo
um complexo cultural afro que se manifesta nos terreiros, pois é a cultura que dá sentido de
vida aos candomblecistas, pois o candomblé é uma tradição cultural expressa numa religião
que cultua a natureza e o ser humano na sua forma intrínseca e extrínseca, sendo que essa
religião carrega em si uma riqueza de manifestações culturais que lhes são próprias.
O preconceito, a discriminação e a intolerância se caracterizam pelas formas perversas
de julgamentos precipitados, sustentados pela ignorância, pelo moralismo e pelo
conservadorismo. Conforme Pereira (2017), essas situações são consideradas racismo que
discrimina a religião de determinados povos e, ao mesmo tempo, discrimina esses povos que
ela representa, os quais culminam em ações prejudiciais a determinados grupos de pessoas.
Ainda segundo Pereira (2017), a preservação dos costumes religiosos representou muito mais
do que a valorização de aspectos meramente culturais, ela motivou uma forma de resistência
ao sistema hegemônico que tem pensamentos dominantes, bem como o fato de os negros
candomblecistas sempre serem alvos de intolerância no Brasil.
Pereira (2017) nos faz refletir que, com o avanço da ideia de uma suposta democracia
racial no país, a intolerância religiosa, assim como o racismo e a discriminação racial ganham
características ocultas. Contudo, surgem novos ataques e novas formas de aniquilação contra
os negros candomblecistas, fazendo, dessa maneira, uma reafirmação socio-historico-cultural
de uma formação preconceituosa do Brasil. A intolerância, atualmente, é o reflexo da
perseguição declarada no passado pela igreja católica. Logo, em vista desses problemas
sociais, o candomblé para o negro candomblecista representa muito mais do que a
espiritualidade em suas relações com suas divindades, pois traz a resistência secular de seus
ancestrais, produzindo uma importância na luta contra a dominação e opressão negra.
27
4. CONCLUSÃO
Compreendemos que, mesmo após décadas de lutas travadas pela negritude brasileira,
ainda estamos longe de vivenciar uma igualdade de liberdade religiosa, política, cultural,
racial, entre outras. Mesmo em pleno século XXI, ainda nos deparamos com situações de
racismo e preconceito estrutural, perpassando por todas as camadas sociais, jogando de forma
arbitrária a população negra à subalternidade, sendo vista como uma raça inferior. Esses
impasses são atribuídos também à cultura e à religiosidade de pessoas negras, que por décadas
a religião dessa sociedade não era vista como tal.
Atualmente, a legislação brasileira deu um passo importante na tentativa de solucionar
vários problemas históricos, porém com a falta de fiscalização e mecanismos de controle
infelizmente muitas leis ficam apenas no papel, deixando a população negra à mercê da
própria sorte. Falar sobre o processo de individuação da negritude candomblecista vai além da
esfera religiosa, pois se trata de uma identificação e afirmação negada historicamente a preço
de muito sangue. Hoje, não é diferente. O sangue do povo negro continua sendo derramando,
já que continua buscando seu lugar de direito que lhe foi retirado.
Dessa maneira, seguindo por este caminho, é possível perceber que as produções
acadêmicas e científicas são escassas no Brasil diante da produção eurocêntrica, havendo a
necessidade de maior aprofundamento neste tema. Assim, esperamos que este trabalho
contribua como mais uma ferramenta investigativa, tendo em vista que este assunto é bastante
vasto para ser apreciado em uma totalidade. Em suma, reconhecer o direito de fala e
autoridade da negritude não é um favor que se faz, mas sim é uma reparação histórica,
devolvendo aquilo que foi retirado à força desta população: sua dignidade e humanidade.
28
REFERÊNCIAS
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min.
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30
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2021.
Silveira, Nise da. Jung: vida e obra. 7 ed. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1981.
ANEXO
32
Olinda, 07 de 10 de 2021.
_____________________________________________