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SJPE&D | IX Seminário de Jovens Pesquisadores em Economia e Desenvolvimento

Linha 1: Instituições, Inovação e Desenvolvimento

EMPRESAS FAMILIARES E O DILEMA DA SUCESSÃO GERACIONAL

Soraia Moh’d Khalil Salameh Ahmad


Alessandra Troian
Sibele Vasconcelos de Oliveira
Rita Inês Paetzhold Pauli

Resumo: Dados do PWC (2019) indicam que 90% das empresas brasileiras possuem perfil
familiar. Todavia, parte considerável dessas empresas não sobrevivem após a segunda e a
terceira geração o que é atribuído, fundamentalmente devido ao mal planejamento de seus
sucessores. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo apresentar os desafios e a
relevância do planejamento do processo sucessório em empresas familiares.
Metodologicamente, a pesquisa se caracteriza como descritiva e utilizou como instrumento de
coleta de dados, a revisão bibliográfica. Como principais resultados, observou- a necessidade
quanto ao planejamento da sucessão familiar. Visto que, apenas 30% das empresas sobrevivem
à segunda geração e menos de 15% sobreviveram à terceira geração. Ademais, constatou-se
que 75% das empresas familiares encerram suas atividades após terem sua gerência sucedida
pelos seus herdeiros.

Palavras-chave: Organizações. Planejamento. Sucessão.

1 INTRODUÇÃO
No Brasil, foi registrado que existem entre de seis a oito milhões de empresas que
desempenham um papel significativo no desenvolvimento econômico, social e político. Desse
total, constatou-se que cerca de 90% das empresas são familiares, sendo que juntas, empregam
75% da mão-de-obra que atua no mercado de trabalho. Também realizam importantes
contribuições para o Produto Interno Brasileiro, chegando a apresentar participação de até 65%
(SEBRAE, 2015; PWC, 2019). As empresas são inicialmente constituídas dentro de um grupo
familiar, e tem como objetivo que a continuidade de seus empreendimentos seja bem sucedida
(COSTA e VALDISSER, 2017).
Entretanto, percebe-se que parte considerável dessas empresas não sobrevivem após a
segunda e a terceira geração devido ao mal planejamento de seus sucessores (CASILLAS,
VASQUEZ; DÍAZ, 2007). Isto posto, o presente estudo tem como objetivo apresentar os
desafios e a relevância do planejamento do processo sucessório em empresas familiares.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO
A sucessão familiar pode ser considerada como um processo de transferência de poder
entre uma geração e outra (LODI, 1987). E tem como objetivo verificar qual a maneira de
preparar as etapas que levarão a continuidade dessas empresas (GOMES et al., 2015). Nesse
aspecto, destacam-se suas vantagens, a saber: a continuidade, a agilidade do sistema decisório,
o conhecimento como pessoa, a visão de longo prazo, a existência do espírito de família e a
facilidade de transferência de conhecimento e das experiências adquiridas para seus herdeiros
(OLIVEIRA, 2010). Apesar dessas vantagens, sem promover um adequado planejamento das
atividades empresariais não serão possibilitadas as condições adequadas de minimização de
risco de sua manutenção no mercado, diante das incertezas inerentes ao ambiente econômico.

3 METODOLOGIA
A pesquisa apresenta caráter descritivo. A técnica de coleta de dados adotada foi a de
revisão bibliográfica. Foram utilizados como base artigos, monografias e dissertações sobre as
empresas familiares e sucessão familiar.

4 SUCESSÃO FAMILIAR: importância quanto ao planejamento


A sucessão familiar acontece gradativamente e de maneira planejada, para que seja bem
sucedida. Do contrário, se houver falhas no planejamento, põe-se em risco a continuidade da
empresa (ALCÂNTARA; MACHADO FILHO, 2014). Diante disso, para Belausteguigoitia,
(2007), o desafio das empresas familiares é sobreviver a mais de uma geração.
Visto que, a elaboração de um plano de sucessão não é uma tarefa fácil e demanda
tempo, principalmente pela ausência de um padrão que atenda às necessidades das empresas
em geral, dadas suas especificidades. Essa dificuldade pode resultar na incapacidade de preparo
dos sucessores, o que pode impactar de forma negativa a sucessão e sobretudo, a sobrevivência
das empresas (LEE; LIN; LIN, 2000). Por isso, deve haver um conjunto de estratégias de médio
a longo prazo dentro das empresas familiares para manterem suas continuidades. Dessa forma,
destaca-se a importância do planejamento em relação a sucessão, pois observa-se que cada vez
mais as empresas têm deixado de existir por não saberem como agir em relação à sucessão.
Constatou-se que apenas 15% das empresas familiares conseguem passar o patrimônio
para a terceira geração. Índice que preocupa ao observarmos que a principal razão são os
conflitos familiares que, por sua vez, são resolvidos de forma incorreta na maioria das situações
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(OLIVEIRA, 2014). Da mesma forma, no Brasil, observou-se que apenas 30% das empresas
sobrevivem à segunda geração e menos de 15% sobreviveram à terceira geração (MARTINS
et. al., 2008). Ainda, constatou-se que 75% das empresas familiares encerram suas atividades
após terem sua gerência sucedidas pelos herdeiros. E apenas sete a cada 100 empresas
sobrevivem até a terceira geração (PWC, 2019).
Um dos motivos para o fechamento dessas empresas seria o fato de que os problemas
relacionados à sucessão levam, no mínimo, de três a cinco anos para serem solucionados,
período no qual nem todas as empresas familiares conseguem se manter de portas abertas.
Através dos dados, percebe-se cada vez mais a importância do planejamento tanto da sucessão
quanto da gestão de negócios dentro das empresas familiares (GALLI, 2015)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dadas as contribuições que as empresas familiares tem apresentado para economia
brasileira, foi observada a necessidade tanto do planejamento da sucessão familiar quanto do
planejamento da gestão de negócios dessas organizações. Visto que, as empresas familiares não
tem sobrevivido a segunda e a terceira geração por não estarem preparadas para lidar com o
processo sucessório, devido à falta de planejamento. Nesse aspecto, as empresas devem realizar
um planejamento que envolva um conjunto de estratégias de médio a longo prazo que tenha
como escopo sua continuidade.

REFERÊNCIAS
ALCÂNTARA, N. B.; MACHADO FILHO, C. A. P. O processo de sucessão no controle de
empresas rurais brasileiras: um estudo multicasos. Organizações Rurais & Agroindustriais. v.
16, n. 1, p. 139-151, 2014

BELAUSTEGUIGOITIA, I. Organizational Climate as Antecedent of Commitment,


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CASILLAS, J.C.; VÁZQUEZ, A.; DÍAZ, C. Gestão da empresa familiar: conceitos, casos
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COSTA, S. R. P.; VALDISSER, C. R. Sucessão Empresarial: a preparação do sucessor


para o processo sucessório em pequenas empresas familiares de Monte Carmelo, MG;
2017.

GALLI, L.C.L.C; Empresas Familiares: aspectos comportamentais, estruturais, gerenciais e


contextuais. Jaboticabal: FUNEP 2015.
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GOMES, G.S.; MOREIRA, K. & EVANGELISTA, S. et al. Planejamento sucessório: um
desafio para as empresas familiares. In: Observatorio De La Economía Latinoamericana.
Revista Eumednet. Cuba, 2015.

LEE, K., LIN, W.S.; LIN, G. H. Succession and Survival of Family Businesses.
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LODI, J. B. Sucessão e Conflitos na Empresa Familiar. Pioneira. São Paulo, 1987.

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terceira geração”, Revista de Ciências da Administração, vol. 10, n. 22, p. 30-54, 2008.

OLIVEIRA, D.P.R. Empresa familiar: como fortalecer o empreendimento e aperfeiçoar o


processo sucessório.3ª Edição, São Paulo: Editora Atlas, 2010.
OLIVEIRA, A. A. Empresas familiares na cidade de São Luis de Montes Belos (GO):
Caracterização e processo de sucessão no setor de comércio, indústria e serviços. Exame de
qualificação (Mestrando em Desenvolvimento Regional) - Faculdades Alves Faria, 2014.

PWC. Empresas familiares e plano de sucessão. 2019. Disponível em:


https://www.pwc.com.br/pt/sala-de-imprensa/artigos/empresas-familiares-e-plano-de-
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ROTH, L.; TISSOT, M. C. H.; GONÇALVES, R. B. Family-Owned Business Succession and


Governance: A Multiple Case Study in Brazil. Revista de Ciências da Administração, vol.
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SEBRAE. Artigos para MPE's: No Brasil, 90% das empresas são familiares. Folha de
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SOUSA, D. K. M. A.; OLIVEIRA, E. A. A. Q.; LIMA, C.S. T. de. A empresa familiar e suas
contribuições para o desenvolvimento regional. In: VIII Seminário Internacional sobre
Desenvolvimento Regional, Santa Cruz do Sul. Territórios, redes e Desenvolvimento
Regional: perspectivas e desafios, vol. 8, 2017.

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