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AS IMPLICAÇÕES DA PANDEMIA DA COVID-19 NAS

DESIGUALDADES DA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA,


POBREZA E FOME NO BRASIL

Soraia Moh’d Khalil S. Ahmad; Mitali Daian Alves Maciel; Rita Inês P. Pauli; Sibele Vasconcelos de Oliveira
UFSM
INTRODUÇÃO

O Brasil está situado entre os dez países mais desiguais do mundo,


sendo a única nação latino-americano na lista (UNO, 2020).

Os impactos da desigualdade na distribuição de renda, na pobreza e


na fome afetam milhões de pessoas no Brasil e no mundo e podem ser
agravados por diversos acontecimentos (QUINZANI, 2020).

ANPEC| XXV ENCONTRO DA REGIÃO SUL


15 e 16 de Setembro de 2022
INTRODUÇÃO

O final do ano de 2019 e o início do ano de 2020 foram marcados


pelo surgimento do novo coronavírus. Para controlar o número de
pessoas que estavam contraindo o vírus, foram decretadas algumas
medidas protetivas em diferentes cidades, estados e países, incluindo o
Brasil.

Dentre as medidas adotadas pelas autoridades, o isolamento social


e a quarentena, acabaram afetando inúmeros trabalhadores. Muitos
perderam seus vínculos empregatícios e renda.
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OBJETIVO

Refletir sobre o agravamento da desigualdade de renda, da


pobreza e da fome no Brasil em tempos da pandemia da COVID-19.

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METODOLOGIA
-Qualitativo e caráter descritivo;

Técnicas de pesquisa
-Revisão de literatura;
-Levantamento de dados secundários: (FGV), (IBGE), Organização
das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Rede
Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e
Nutricional (Rede PENSSAN).

Análise dos resultados


- Análise interpretativa ANPEC| XXV ENCONTRO DA REGIÃO SUL
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Desigualdade na distribuição de renda no Brasil

A desigualdade de renda se caracteriza pela distribuição desigual de


renda em determinada região ou país, sendo influenciada por fatores
históricos, sociais e pela falta de investimento em políticas sociais.

É a marca mais expressiva da sociedade brasileira. O Brasil é o 7º


país mais desigual do mundo, no qual 1% da população mais rica
concentra aproximadamente 50% de toda a riqueza do país.

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Desigualdade na distribuição de renda no Brasil

Fatores explicativos: a ação do comércio externo atuando sobre o


mercado de trabalho; o efeito da educação; e a existência de
imperfeições no mercado de fatores e sua remuneração.

A mensuração de desigualdade mais popularizada é a da concentração


de renda apurada pelo Coeficiente de Gini, que aponta a diferença entre
os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos (quanto mais próximo
a um, mais desigual é o país ou região).

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Desigualdade na distribuição de renda no Brasil
Evolução da Renda domiciliar per capita entre 2012 a 2019.
Renda Domiciliar Per Capita (em R$) versus Ano
-Em 2015, houve queda de
1420
1392
1407
3,3%.
Renda Domiciliar Per Capita (em R$)

1400 1388

1380
1360 1346 1335 1335
1342
1340
1320 1306
-Em 2016 e 2017, a queda se
1300 manteve em 0,74%.
1280
1260
1240
2012 2013 2014 2015
Ano
2016 2017 2018 2019
-Em 2018, aumentou 3,81%.
Renda Domiciliar Per Capita (em R$)

-Em 2019, aumentou 1,3%


-Entre 2012 e 2014 aumentou 6,6%.
em relação ao ano de 2018.
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Desigualdade na distribuição de renda no Brasil
Evolução do Coeficiente de Gini entre 2012 a 2019.
-Entre 2016 e 2018 o
Coeficiente de Gini versus Ano
0.55
0.545
coeficiente apresentou
0.543
0.545 0.541

0.54
0.538 0.539 aumento de 1,4%.
Coeficiente de Gini

0.534
0.535
0.527
0.53

0.525
0.525
-Já em 2019, foi registrada
0.52

0.515
uma queda de 0,25% no
2012 2013 2014 2015
Ano
2016 2017 2018 2019
coeficiente.
Coeficiente de Gini

-Entre 2012 e 2015 apresentou queda de 2,9%.

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Noções e evolução da pobreza no Brasil

A pobreza humana significa a privação de oportunidades e é um


conceito multidimensional (SEN, 2000). 

Absoluta: a insuficiência de renda para garantir uma nutrição


adequada e a falta de acesso a serviços públicos essenciais, como
educação, moradia e saúde. 

Relativa: define as necessidades a serem satisfeitas em função do


modo de vida predominante na sociedade em questão, de modo a
incorporar a redução da desigualdade entre os indivíduos.

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Noções e evolução da pobreza no Brasil
Evolução da pobreza:

-Entre 1970 e 1980, o índice de Gini aumentou de 0,561 para 0,592.


-Entre 1980 a 1993, o PIB apresentou queda em 1981, 1983, 1988,
1990 e 1992.
-A partir de 1993 até 2003 houve queda nos índices de pobreza no
país, ficando abaixo de 35%.
-Entre 2003 e 2011, a pobreza apresentou queda de 12,5%.
-Entre 2012 e 2014 o índice de pobreza apresentou queda, porém,
voltou a elevar-se até 2017.
-Em 2018, a taxa de pobreza foi de 12,1%.
-Em 2019 a taxa de pobreza chegou a 25,9%.
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-Em 2020, chegou a 24,1%. 15 e 16 de Setembro de 2022
A mazela da fome
A fome esta relacionada com a má distribuição das riquezas e com a
concentração de renda. E está presente em todos os continentes,
embora seja mais acentuada em alguns, como a África.

Aguda: a necessidade de se alimentar com urgência.


Crônica: se relaciona com a alimentação insuficiente, causando nos
indivíduos falta de energia para realizarem suas atividades básicas do
dia a dia.

Medidas: deficiência calórica, diversidade alimentar, mortalidade


relacionada à desnutrição, falta de acesso econômico aos alimentos.
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A mazela da fome
A insegurança alimentar ocorre quando uma pessoa não tem acesso
regular e permanente aos alimentos.

Leve: incerteza quanto ao acesso aos alimentos em um futuro


próximo e/ou quando a qualidade da alimentação já está comprometida.

Moderada: quantidade insuficiente de alimentos para o consumo


diário.

Insegurança alimentar grave: é a privação no consumo de alimentos


(fome). ANPEC| XXV ENCONTRO DA REGIÃO SUL
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DESIGUALDADE, POBREZA E FOME: O
AGRAVAMENTO NA PANDEMIA DA COVID-19
Coeficiente de Gini -Em 2021 o valor bateu
recorde com o maior grau
0.543
de desigualdade já
2019

0.625 registrado.
Ano

2020

-Houve uma queda de


2021 0.64

0.48 0.5 0.52 0.54 0.56

Coeficiente de Gini
0.58 0.6 0.62 0.64
20,1% na renda média da
Fonte: FGV (2021). 2019 2020 2021 população no final de 2020,
-Entre 2019 e 2021, ficou acima de toda em comparação ao início do
série histórica pré-pandemia. ano. ANPEC| XXV ENCONTRO DA REGIÃO SUL
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DESIGUALDADE, POBREZA E FOME: O
AGRAVAMENTO NA PANDEMIA DA COVID-19
Taxa de desemprego no Brasil versus Ano
-Em 2021 recuou para 13,5
2019 11.9
milhões.

14.7 -No intervalo de um ano,


Ano

2020

7,3 milhões de pessoas


2021 13.5
ficaram desempregadas no
0 2 4 6 8 10 12 14 16 país.
Taxa de desemprego no Brasil

Fonte: IBGE (2021; 2022). 2019 2020 2021

-Em 2020 o número de pessoas


desempregadas chegou a 14,7 milhões. ANPEC| XXV ENCONTRO DA REGIÃO SUL
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DESIGUALDADE, POBREZA E FOME: O
AGRAVAMENTO NA PANDEMIA DA COVID-19
Agravamento da fome e da insegurança alimentar no Brasil, no contexto da pandemia da COVID-19
Insegurança alimentar Insegurança alimentar grave (fome)
Ano
116,8 milhões (55,2% da população) 19 milhões (9% da população)
2020 125,2 milhões (58,7% da população) 33,1 milhões (15,5% da população)
2021

Fonte: Rede PENSSAN (2021; 2022).

8,4 milhões de novos brasileiros(as) com insegurança alimentar;


14, 1 milhões em situação de insegurança alimentar grave;

A piora na crise econômica, o aumento das desigualdades sociais e a


perpetuidade da pandemia mantiveram 58,7% da população brasileira
em insegurança alimentar, nos mais variados níveis de gravidade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível identificar que a crise econômica, social e política já
existentes, somadas à crise sanitária, têm ampliando as privações da
população brasileira.

Em 2021 o Coeficiente de Gini apresentou o maior nível já


registrado (0,64); 17,7 milhões de pessoas voltaram à condição de
pobreza e 14,1 milhões encontravam-se em situação de fome.

Ficam evidentes os desafios que o Estado enfrenta para superar esse


problema conjuntural e corrigir a trajetória socioeconômica do país.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, torna-se necessário reconhecer a extensão das
desigualdades sociais e da pobreza, além de reconhecer a fome como
uma violação do direito básico e, não apenas, relacioná-la à pobreza e
à desigualdade social.

Nesse sentido, o Estado deve voltar suas preocupações a criação de


políticas públicas que priorizem a proteção social e a criação de
mecanismos de distribuição e transferência de renda para a população
mais vulnerável.

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OBRIGADA!

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