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ISSN: 1696-8352
RESUMO
Este artigo tem como objetivo avaliar os efeitos dos programas de Benefício de Prestação
Continuada (BPC) e Bolsa Família (PBF) sobre a redução da pobreza no Brasil entre os
anos de 2012 e 2022. Foi adotada a técnica de estimação de dados em painel a fim de
captar as especificidades das unidades da federação brasileira. Os resultados mostram que
as transferências realizadas pelo BPC e PBF contribuem para a redução da pobreza. No
entanto, seu impacto é menor relativamente a outras variáveis como nível de ocupação e
diminuição da alta desigualdade de renda, as quais possuem maior efetividade no
enfretamento da pobreza.
ASBTRACT
This article aims to evaluate the effects of the Continuous Provision Benefit (BPC) and
Bolsa Família (PBF) programs on poverty reduction in Brazil in the period between 2012
and 2022. The technique of panel data estimation was adopted in order to capture the
specificities of the Brazilian Federation Units. The results show that the transfers made
by the BPC and PBF contribute to the reduction of poverty. However, its impact is smaller
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in relation to other variables such as employment level and reduction of high income
inequality, which are more effective in tackling poverty
RESUMEN
Este artículo tiene como objetivo evaluar los efectos de los programas de Prestación de
Provisión Continua (BPC) y Bolsa Familia (PBF) en la reducción de la pobreza en Brasil
en el período comprendido entre 2012 y 2022. Se adoptó la técnica de estimación de datos
de panel con el objetivo de capturar las especificidades de las Unidades de la Federación
Brasileña. Los resultados muestran que las transferencias realizadas por el BPC y el PBF
contribuyen a la reducción de la pobreza. Sin embargo, su impacto es menor en relación
con otras variables como el nivel de empleo y la reducción de la alta desigualdad de
ingresos, que son más eficaces para combatir la pobreza.
1 INTRODUÇÃO
É fato estilizado que o Brasil é um país que possui um grande número de pessoas
vivendo em condição de pobreza. O enfrentamento de tal problema é objeto de
preocupação dos formuladores de políticas públicas não só no Brasil, mas em âmbito
mundial. Inclusive, a agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da
Organização das Nações Unidas (ONU) tem como objetivo número 1 a erradicação da
pobreza.
O combate à pobreza requer ações que promovam o bem estar da população,
dando-lhes condições de viverem uma vida digna. Uma das formas para o enfrentamento
da pobreza é por meio das transferências de renda em que o governo concede recursos
para as pessoas que atendem aos critérios de elegibilidade dos programas existentes. No
Brasil, os programas de Benefício de Prestação Continuada (BPC) e Bolsa Família (PBF)
são os mais importantes e eles contribuem para amenizar a pobreza de muitas famílias,
sobretudo daquelas que possuem dificuldades de obter renda via mercado de trabalho.
Vale a pena mencionar que a renda do trabalho no Brasil é o principal componente
da renda domiciliar total, 75,7% em 2012 e 74,5% em 2022, enquanto os benefícios dos
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Uma questão central que norteia a criação e manutenção das políticas sociais é o
enfrentamento da pobreza. Defini-la não é algo simples dada a multidimensionalidade
que a caracteriza. Por isso, segundo Vinhais e Souza (2006), é importante entender todas
as suas causas para que possam ser aplicadas as políticas adequadas para combatê-la. De
modo geral, segundo a abordagem monetária, a pobreza é caracterizada pela insuficiência
de renda para que uma pessoa atenda suas necessidades mais vitais para sua sobrevivência
e da sua família.
No entanto, a pobreza é uma situação que vai muito além da renda insuficiente.
Envolve privação de acesso a bens e serviços a que todos deveriam ter direito como
alimentação, vestuário, moradia, saneamento básico, água potável, energia elétrica,
segurança, educação, saúde, emprego, segurança, transporte etc.
Para medir a pobreza, é muito comum o estabelecimento de linhas de pobreza que
distinguem um indivíduo pobre de outro não pobre, sendo pobre quem tem renda abaixo
do nível estabelecido. Isto posto, surge o problema da definição da linha de pobreza. No
Brasil, não há uma medida oficial, o que torna difícil a quantificação da pobreza no país.
As linhas de pobreza mais utilizadas são aquelas definidas pelo Banco Mundial,
adequadas para comparações internacionais e algumas linhas para acesso aos programas
de transferência de renda.
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Programa que substituiu o Programa Bolsa Família temporariamente entre o final de 2021 e o ano de
2022. Em 2023, o programa foi retomado.
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No entanto, é importante mencionar que se reconhece que a pobreza vai muito além da renda baixa. A
pobreza é multidimensional e pode ser caracterizada pela baixa renda associada a problemas de desnutrição,
saúde, acesso a saneamento básico, entre outros elementos que fornecem bem-estar aos indivíduos.
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Tabela 1 – Linhas de pobreza monetária com respectivos usos, valores nominais mensais per capita, total
e proporção, de pessoas consideradas pobres – Brasil – 2022
Valor
nominal Pobres
Linhas de pobreza Referências/Usos mensal per Total
Proporção
capita em (1000
(%)
2022 (R$) pessoas)
Extrema pobreza
Linha para concessão do benefício
Auxílio Brasil (EP) básico do programa Auxílio Brasil 105 5 941 2,8
Linha do Banco Mundial para países
US$ 2,15 PPC 2017/dia (1) de renda baixa 200 12 653 5,9
1⁄4 salário mínimo Linha de concessão do BPC 303 23 193 10,8
Pobreza
Auxílio Brasil Linha de elegibilidade ao programa
Auxílio Brasil 210 13 877 6,5
US$ 3,65 PPC 2017/dia (1) Linha do Banco Mundial para países
de renda média-baixa 339 26 763 12,4
50% da mediana Medida de pobreza relativa utilizada
pela OCDE (3) 499 47 646 22,3
1⁄2 salário mínimo Cadastro Único do Governo Federal 606 63 443 29,5
Linha do Banco Mundial para países
US$ 6,85 PPC 2017/dia (1) de renda média-alta 637 67 758 31,6
Fonte: IBGE (2023, p. 72).
(1) Taxa de conversão da paridade de poder de compra (PPC) para consumo privado, R$ 2,33 para US$
1,00 PPC 2017, valores diários tornados mensais e inflacionados pelo IPCA para anos recentes.
Tendo como base a linha de pobreza de ½ salário mínimo de renda domiciliar per
capita, o Gráfico 1 apresenta a proporção de pobres nas unidades da federação (UF´s)
brasileira em 2012 e em 2022. Nota-se que a maioria delas apresentaram redução na
proporção de pessoas em situação de pobreza no período, com destaque para o Tocantins,
cuja taxa caiu de 47,36% em 2012 para 32,86% em 2022. Apesar da queda, estados do
Nordeste e do Norte permaneceram com altas proporções de pobreza em ambos os anos.
Em 2022, as taxas superavam 40%, exceto no Tocantins. Em contrapartida, nos estados
do Sudeste, Sul e Centro Oeste, as taxas ficaram, na maioria das UF´s, abaixo de 20%.
Destaca-se o estado de Santa Catarina, com a menor proporção de pobres em 2022
(8,89%), enquanto a maior foi verificada no Maranhão (53,29%).
A literatura aponta diversos fatores socioeconômicos que estão relacionados à
pobreza, tais como educação, problemas do mercado de trabalho (informalidade,
desemprego, empregos precários, por exemplo), atributos natos dos indivíduos (cor,
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Gráfico 1 – Proporção de pobres por unidade da federação brasileira – 2012 e 2022 (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
RO AC AM RR PA AP TO MA PI CE RN PB PE AL SE BA MG ES RJ SP PR SC RS MS MT GO DF
2012 2022
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PNADC (2012 e 2022).
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Uma das medidas mais utilizadas para medir a desigualdade de renda é o índice
de Gini, que varia de 0 a 1 e quanto mais perto de 1, maior a desigualdade. No Brasil este
indicador passou de 0,540 em 2012 para 0,518 em 2022 (PNADC). O Gráfico 2 desagrega
esse indicador para as unidades da federação brasileira e mostra que apesar da tendência
geral de queda, em algumas UF’s houve elevação da desigualdade, indicando alguma
piora das disparidades de renda.
Gráfico 2 – Índice de Gini por unidade da federação brasileira – 2012 e 2022 (%)
0,700
0,600
0,500
0,400
0,300
0,200
0,100
0,000
RO AC AM RR PA AP TO MA PI CE RN PB PE AL SE BA MG ES RJ SP PR SC RS MS MT GO DF
2012 2022
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PNADC (2012 e 2022).
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Gráfico 3: Nível de ocupação por unidade da federação brasileira – 2012 e 2022 (%)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
RO AC AM RR PA AP TO MA PI CE RN PB PE AL SE BA MG ES RJ SP PR SC RS MS MT GO DF
2012 2022
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PNADC (2012 e 2022).
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O Bolsa Escola foi implantado em 1995 e tinha como alvo as famílias pobres com
crianças em idade escolar (de 6 a 15 anos), tendo como limite três benefícios. Quando o
programa foi instituído, apenas 88% das crianças em idade escolar frequentavam a escola
e, na zona rural, esse percentual era ainda mais baixo (78%). O programa tinha como
objetivo tanto amenizar a pobreza imediata, como também combater a perpetuação da
pobreza, pois havia obrigatoriedade das crianças frequentarem a escola, atacando uma
das causas da pobreza e da desigualdade de renda que é a baixa escolaridade. Assim, por
meio da educação, esperava-se que fosse possível quebrar a transmissão intergeracional
da pobreza (Brasil, 2008; Rocha, 2013)
Em 2001 foi implementado o Bolsa Alimentação, um programa de
responsabilidade do Ministério da Saúde, cujos beneficiários eram os mesmos do Bolsa
Escola. O Bolsa Alimentação visava combater a desnutrição e a mortalidade infantil, além
de melhorar a saúde dos beneficiários, constituído por famílias com crianças de até sete
anos de idade, gestantes e lactantes. O programa também visava reduzir a pobreza
imediata, mas procurava contribuir para melhorias nas condições de saúde da população
atendida, exigindo a vacinação das crianças atualizada e consultas médicas periódicas
para acompanhamento da saúde e desenvolvimento dos filhos.
No ano de 2002 foi criado o Auxílio Gás, um programa que subsidiava o preço do
gás de cozinha, sendo direcionado à população de baixa renda, especificamente às
famílias que recebiam até ½ salário mínimo de renda per capita (Brasil, 2008). O Auxílio
Gás foi o primeiro programa que objetivava atender a todos os pobres tendo como base
somente o critério da renda, não exigindo condicionalidades e não havia nenhum tipo de
restrição sobre a composição da família.
Em 2003 houve a criação do Programa Cartão Alimentação (PCA) do Fome Zero,
que assistia famílias com renda per capita de até ½ salário mínimo mensal, que recebiam
uma ajuda de R$ 50,00 mensais, para a compra de alimentos, visando o combate à fome
(Brasil, 2008). Em 2003 também surge o Programa Bolsa Família (PBF), que unificou os
programas Bolsa Escola, Auxílio-Gás e Bolsa Alimentação, todos criados no período de
2001-2003. O PBF é um programa mais abrangente, mas que tem como foco a
transferência de renda para as famílias mais vulneráveis; possui critérios de elegibilidade
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foi mantida pelo seu sucessor em 2023, concedendo ainda um adicional de R$ 150,00 por
criança de até 6 anos de idade.
4.1 METODOLOGIA
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O modelo de dados empilhados não considera a heterogeneidade entre as unidades de observação; já os
modelos de efeitos fixos e aleatórios captam a heterogeneidade entre as unidades de corte por meio dos
interceptos e termos de erros específicos de cada unidade de corte, respectivamente (Wooldridge, 2018).
4
O teste de Chow permite escolher entre os modelos de efeitos aleatórios e o de dados empilhados enquanto
o teste de Hausman indica qual modelo é o melhor, se o de efeitos fixos ou aleatórios (Wooldridge, 2018).
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Foram especificadas duas equações, uma para medir o efeito das transferências do
BPC sobre a pobreza (Equação 1) e outra para medir o efeito das transferências do PBF
sobre a pobreza (Equação 2). Em ambas foram incluídas como variáveis explicativas de
controle, o nível de ocupação e o índice de Gini. As equações estimadas foram:
Em que
P = proporção de pobres; gini= índice de Gini da renda domiciliar per capita; ocup = nível de ocupação;
bpc = valor total repassado pelo BPC; bf = valor total das transferências do PBF; i = unidades da federação;
t = série temporal de 2012 a 2022; os betas são os coeficientes do modelo e ln = logaritmo natural na base
e. Destaca-se que todas as variáveis foram logaritimizadas a fim de estimar a elasticidade da pobreza dada
uma mudança percentual nos regressores.
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significância de 1% o modelo de efeitos fixos é o mais adequado. Isto posto, foram feitos
os testes que detectaram autocorrelação e heterocedasticidade. Não foi constado problema
de multicolinearidade entre as variáveis explicativas do modelo. Para corrigir a
heterocedasticidade e a autocorrelação dos resíduos foi estimada a regressão Prais-
Winsten e, para reforçar a robustez dos resultados, apresentou-se também os resultados
obtidos pela regressão corrigida via Método de Mínimos Quadrados Generalizados
(MQG), conforme pode ser visto na Tabela 2.
Todos os coeficientes estimados tiveram sinais esperados e foram significativos a
1%, estando de acordo com a relação esperada da resposta da varável dependente em
função das mudanças nas variáveis explicativas. Assim, tanto o aumento na ocupação
como nas transferências do BPC, tudo o mais constante, reduzem a pobreza. Já o índice
de Gini indica que seu aumento contribui para elevar a pobreza, tudo o mais constante. O
poder de explicação da regressão Prais-Winsten é de 82,69%. Em ambos os modelos
corrigidos o teste de Wald mostra que o modelo em termos geral possui significância de
1%, isto é, rejeita-se a hipótese nula de que todos os coeficientes angulares são
simultaneamente iguais a zero.
Tabela 2 - Regressão de Prais-Winsten e Mínimo Quadrados Generalizados para efeitos fixos (proporção
de pobres como variável dependente)
Prais-Winsten MQG
Índice de Gini 1.672002*** 2.194253***
-0.2953369 -0.2841422
Ocupação -0.7410244*** -1.892865***
-0.175869 -0.1759597
Repasses BPC -0.116543*** -0.1193877***
-0.0266502 -0.0208758
Constante 6.579984*** 6.279548)***
-0.5407235 -0.4668147
R² = 0.8269
Wald chi2(3) = 88.08 Wald chi2(3)= 343.73
Prob > chi2= 0.0000 Prob > chi2 = 0.0000
Fonte: Elaboração própria com base nos dados pesquisados.
Nota: *** significativo a 1% ** significativo a 5% e * significativo a 10%.
Entre parênteses: erro padrão.
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efeito do BPC sobre a pobreza. Após a estimação dos modelos de dados empilhados,
efeitos fixos e aleatórios e da realização dos testes, constatou-se que o melhor modelo é
o de efeitos fixos e que o modelo não tem problemas de multicolinearidade. Detectou-se
heterocedasticidade e autocorrelação, os quais foram corrigidos pelas estimações das
regressões Prais-Winsten e MQG, conforme Tabela 3.
Todos os coeficientes foram significativos a 1% e seus sinais estão de acordo com
o esperado. O coeficiente de determinação de 93,30% da regressão Prais-Winsten indica
um alto poder de explicação do modelo. O nível de significância geral de ambos os
modelos é alto.
De acordo com os resultados da regressão Prais-Winsten, avaliando cada
coeficiente parcialmente e mantendo tudo o mais constante, nota-se que um aumento no
índice de Gini de 1% está associado a um aumento de 2,14 % na proporção de pobres;
um aumento de 1% no nível de ocupação leva a uma queda de 1,55% na proporção de
pobres; e, por fim, um aumento de 1% no valor total do PBF gera uma redução na pobreza
de apenas 0,03%. No modelo de MQG, os impactos do índice de Gini e do nível de
ocupação são 2,03% e 2,08%, respectivamente. Já o efeito dos repasses transferidos pelo
PBF foram praticamente os mesmos obtidos com a regressão Prais-Winsten (0,05%). Este
efeito muito limitado está fortemente relacionado com os baixos valores que são
transferidos pelo PBF, mais baixos ainda do que os do BPC. Assim, embora o programa
contribua para amenizar a pobreza imediata de uma família beneficiária, ele não tem
poder para tirar essa família da condição de pobreza.
A renda do PBF pode complementar a renda da família, de modo que a memsa
supere a linha de pobreza, porém alguns reais a mais não vai mudar substancialmente o
bem estar das pessoas. É importante mencionar que as transferências de recursos do PBF
contribuem para que as famílias atendam suas necessidades mais vitais como a de
alimentação no curto prazo. Porém, o grande destaque é que as exigibilidades do
programa em termos de saúde e de educação, podem favorecer os filhos das famílias
pobres, dando-lhes um mínimo de condições para que não reproduzam a pobreza dos seus
pais. O que se espera é que ele contribua para a redução da pobreza no futuro.
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Comparando os resultados estimados dos modelos para o BPC e PBF, nota-se que
os coeficientes das variáveis índice de Gini e nível de ocupação são relativamente altos.
No entanto, a magnitude dos coeficientes estimados para o BPC (cerca de 0,12%) e PBF
(0,03% e 0,05%) são muito baixos.
Sobre a diferença de impacto entre tais programas, é possível que o maior impacto
do BPC se deva ao valor transferido que é de um salário mínimo por beneficiário. Já o
repasse do PBF, historicamente sempre foi muito baixo. Apenas após o ano de 2020,
devido à necessidade de transferir recursos monetários para a população que perdeu
emprego e renda durante o período da pandemia, quando o governo passou a pagar o
Auxílio Emergencial, os beneficiários do PBF também receberam um valor maior. No
final de 2021, o governo federal substituiu o PBF pelo Programa Auxílio Brasil, que
durou até o final de 2022. No entanto, os repasses ainda assim eram menores do que
aqueles obtidos pelos beneficiários do BPC.
Após analisar o valor de todos os coeficientes encontrados nos modelos, fica
evidente que a redução da desigualdade de renda no Brasil desempenha um papel
fundamental como principal redutor da pobreza. A grande desigualdade que caracteriza a
distribuição da renda no Brasil, representada pelo índice de Gini, é um grande obstáculo
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como objetivo avaliar os efeitos das transferências de renda
realizadas pelo BPC e pelo PBF sobre a redução da pobreza no Brasil no período que
compreende os anos de 2012 a 2022. Considerou-se a heterogeneidade existente no país,
visto que a pobreza é uma variável que se distribui de forma assimétrica entre as unidades
da federação brasileira e por isso mesmo foi utilizado como método de estimação o
modelo de dados em painel. Além do BPC e PBF foram incluídas como variáveis de
controle o índice de Gini e o nível de ocupação.
Observou-se que nas unidades da federação brasileira, entre 2012 e 2022 houve,
de modo geral, redução da pobreza e da desigualdade de renda, dois fatos positivos. No
entanto, o nível de ocupação também sofreu diminuição, indicando aumento das
dificuldades de obtenção da renda via mercado de trabalho.
Os resultados das estimações mostram que o BPC, embora contribua para reduzir
a pobreza, tem um impacto menor relativamente ao nível de ocupação e à desigualdade
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de renda. O PBF também segue a mesma tendência, porém seu impacto é ainda menor do
que o do BPC. Provavelmente a resposta da pobreza é pequena porque os valores
repassados por estes programas são baixos, sobretudo os do PBF.
Sendo assim, as políticas voltadas para diminuir a alta concentração da renda
seriam mais eficazes no combate à pobreza. Da mesma forma, políticas que ampliem a
oferta de empregos, sobretudo de empregos de qualidade, também teriam maiores
impactos para o enfrentamento da pobreza de forma mais permanente. No entanto, tais
políticas levam mais tempo para surtirem efeitos.
Conclui-se que mesmo com um baixo nível na capacidade de redução da pobreza,
as políticas de transferência de renda são importantes, pois elas são capazes de aliviar os
problemas imediatos causados pela pobreza, embora não consigam combatê-la ou
erradicá-la por completo.
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REFERÊNCIAS
IBGE. Síntese de Indicadores Sociais. Uma análise das condições de vida da população
brasileira – 2023. Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv102052.pdf. Acesso em 28 jan. 2024.
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PNADC. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Microdados dos anos
de 2012 a 2022. Rio de Janeiro: IBGE. Disponível em:
https://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_D
omicilios_continua/Anual/Microdados/Visita/. Acesso em 22 nov. 2023.
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quinze anos. Brasília, IPEA, 2019. (Texto para Discussão n. 2499) Disponível em:
https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/9356/1/td_2499.pdf Acesso em: 06 jan.
2024.
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